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Como se escrever uma historia brasileira: Analise de algumas

propostas contidas nas páginas da primeira Revista do IHGB.

Raphael Gustavo Ladeira Moreno1

RESUMO: Este artigo procura demonstrar algumas das mudanças ocorridas na historiografia brasileira do
século XIX, inicialmente com uma breve analise dos textos produzidos na época colonial e posteriormente as
mudanças ocorridas com a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838, analisando o
primeiro exemplar de sua revista produzida em 1839. PALAVRAS- CHAVES: historiografia brasileira do
século XIX, IHGB, revista do IHGB.

ABSTRACT: This article wants to show some changes which occurred in brazilian historiography in the XIX
century. First, with a brief analysis about the texts produced in the colonial period and, at last, subsequent
changes to the establishment of the Historic and Geographic Brazilian Institute in 1838, analyzing the first
exemple of your magazine, produced in 1839. KEY-WORDS: brazilian historiography in the XIX century, IHGB,
IHGB magazine.

O legado colonial: fragmentação e uma identidade portuguesa.

As fontes coloniais expressam os interesses vinculados à organização das relações


sociais baseadas na vida européia, e a expansão dessas relações para a Colônia.
O período quinhentista foi caracterizado por muitas obras, que não tiveram muito
labor historiográfico, se tratando de crônicas descritivas referentes a nova terra, das quais
eram produzidas pelas concepções de vida de seus autores, que não tiveram a preocupação em
construir um conhecimento histórico daquele momento vivido. A principal característica dos
primeiros escritos sobre o Brasil é a informação sobre a grandeza da terra fértil e a natureza
do homem nativo.
Em sua obra Pero Gândavo, História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente
chamamos de Brasil, pode ser considerada uma grande propagada para atrair imigrantes, com
seu conjunto de informações sobre o Brasil nos seus aspectos botânicos, zoológicos e
etnológicos, seguindo as escrita da época.
È necessário levar em consideração que se tratavam de portugueses que já tinham sua
nação estabelecida, portanto descreviam o espaço que “pertencia” a Portugal.
Mais tarde é que se apresentará obras específicas sobre como e o que produzir ou
reproduzir por aqui. Já no inicio dos setecentos, pode-se constatar a primeira História do
Brasil escrita por um brasileiro, à obra de Frei Vicente do Salvador, concluída em 1627, que
1
Graduando do Curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora.
se destaca por fazer criticas ao colonizador, mais ainda sob a forma de narração, podendo ser
considerado como uma semente do nacionalismo no Brasil.
Em suma, nos escritos antecedentes as mudanças ocorridas na produção do
conhecimento histórico do século XIX, a maior parte dos autores transcrevia documentos ou
narravam certas trajetórias, com uma visão desarticulada do processo natural. Autores com
pouca expressão historiográfica, desempenhavam mais o papel de cronistas do que de
historiadores.
Talvez por isso Todorov tenha enfatizado tanto que o maior desafio do nosso tempo
seja este mesmo, o de ultrapassar as barreiras que nos separam do outro. “Pois o outro deve
ser descoberto” (1996, p.243).

Produção intelectual do século XIX:

A historiografia surge enquanto ciência apenas no século XIX, com a ramificação das
ciências sugerida pelo positivismo. É nesse momento que se estabelecerá a forma e as técnicas
de analisar documentos considerados importantes para reconstituição da “história da Nação”.
Este acontecimento chega ao Brasil com o processo de Independência (1822), quando
nota-se um crescente sentimento nacionalista e buscando no passado fatos para exacerbar a
grandeza da Pátria.
Podemos dizer que o grande representante histórico desse momento foi o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro do Rio de Janeiro.

Criação do IHGB e sua missão de inventar a narrativa nacional

Os componentes do Império observavam cada vez mais a necessidade de se criar um


sentimento de nacionalidade, de patriotismo e para isso era necessário ter uma história, uma
memória nacional e claro, uma história contada de acordo com os interesses do Imperador. D.
Pedro preocupava-se dessa maneira, não só com o registro e perpetuação da sua memória,
como com a consolidação do projeto de cultura nacional.
E com esse desígnio, foi fundado outubro de 1938, o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, diferentemente da crônica histórica característica dos séculos anteriores, agora
num esforço de costurar uma imagem para fora e dentro do país, promovendo o
reconhecimento do governo central dentro de uma nação tão heterogênea e consolidar a nossa
jovem nação diante do quadro geral das nações.
O IHGB, assume o papel de única e legítima instância para escrever a história do Brasil, a luz
do que é ser brasileiro.
Neste contexto, o Instituto se dispôs a produzir uma historia geral do Brasil sem
rupturas, conservadora e de caráter político monárquico: através de um discurso
homogeneizador fazendo necessário justificar a permanência e legitimidade de uma
monarquia; conciliar um passado escravista com a crença num tempo de civilização e, por
fim, fazia-se necessário desvincular a imagem de ex-colônia projetando a o progresso
desencadeado pela independência.
Com bases positivistas o IHGB pretendia fazer uma historia que tivesse uma função
pedagógica e que orientasse as novas gerações para o patriotismo com base no modelo dos
antepassados. (Fato que pode ser facilmente identificado no discurso de Januario Barbosa).
E também de caráter explicativo, ou seja, seguindo a forma tradicional, dando grande
importância à pesquisa e a documentações.
Com a introdução feita, farei uso da primeira revista publicada pelo IHGB em 1839,
usando como fonte primaria a sua terceira edição de 1908, gozando de seu caráter pedagógico
e explicativo, para justificar os conceitos acima citados.

O IHGB: do seu nascimento como uma filial da Sociedade Auxiliadora da


Indústria Nacional (SAIN).
“A Sociedade Auxiliadora, como mai do Instituto Histórico e Geographico, facilitará
todos os meios a seu alcance de que possa precisar esta filha, que tambem da sua
parte concorrerá com todas as suas faculdades para sua maior gloria e prosperidade;
ficando por isso em commum os archivos e bibliothecas, tanto de uma como de outra
sociedade.”2

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi fundado em 21 de


outubro de 1838 na cidade do Rio de Janeiro, onde funciona até nossos
dias. A proposta para a sua criação foi realizada pelo cônego Januário da
Cunha Barbosa e pelo marechal de campo Raimundo José da Cunha Matos
em agosto do mesmo ano perante a SAIN, da qual eram membros.

As letras para firmar o alicerce dessa nação recém formada:

A proposta e a efetiva criação do IHGB são mostras de que o campo


letrado começa a se especializar no país. A sua fundação pode ser vista
2
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908 p. 6-7.
como importante marco na progressiva estruturação deste campo na
medida em que contribui decisivamente para a autonomização da
Geografia e da História no Brasil.
“Sendo innegavel que as lettras, alem de concorrerem para o adorno da sociedade,
influem poderosamente na firmeza de seus alicerces, ou seja o esclarecimento de
seus membros, ou pelo adoçamento dos costumes públicos, é evidente que em uma
monarchia constitucional, onde o mérito e os talentos devem abrir as portas aos
empregos, e em que a maior somma de luzes deve formar o maior grão de felicidade
publica, são as lettras de uma absoluta e indispensável necessidade, principalmente
aquellas que, versando sobre a historia e geographia do paiz, devem ministrar
grandes auxílios a publica administração e ao esclarecimento de todos os
Brazileiros.”3

Havia também preocupação em montar uma biblioteca pela anexação de biblioteca da


SAIN, pelas inúmeras doações de livros feitas pelos sócios relatadas com freqüência na em
sua revista e pelo pedido transcrito na pagina 46, RIHGB de 1839 onde se faz um pedido ao
governo imperial: um exemplar de qualquer obra impressa na tipografia nacional que possa
interessar a historia e geografia do Brasil, na terceira sessão do Instituto, feita em 19 de
janeiro de 1938.

O “discurso” de Januário da Cunha Barbosa

"Procura ressuscitar tambem as memorias da patria da indigna obscuridade em que


jazião até agora".4
O discurso de Januário da Cunha Barbosa sintetiza uma série de variantes que se
tornam temas do IHGB, e, portanto, da historiografia brasileira, ao longo do século XIX.
O Cônego, na realidade, apenas sugere traços que são reforçados ao longo do século,
sobretudo, a valorização e a hierarquização das fontes, a imparcialidade do historiador e o
trabalho de equipe. Ele propõe também temas de pesquisa, como a biografia, e ensaia a
fixação de uma periodização para a história brasileira.

A principal proposta apresentada por Januario Barbosa é a escrita dos grandes homens,
dando à história um caráter exemplar.

Se alguém no Brasil praticou um ato digno de ser escrito, os historiadores do IHGB


estão, a partir de agora, em prontidão para registrá-lo.

3
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908 p. 5
4
idem, p. 9-18
Logo, Barbosa explicita o sentido da afirmação do exemplo: Sua base estava em um
modelo tradicional de história como mestra da vida, onde o trabalho dos historiadores devia,
antes de tudo, servir à nação, a partir da exibição – ou ressurreição – de figuras exemplares.
Finalmente, o projeto prevê que a história de nossos grandes homens seja escrita por
nossos historiadores nacionais.
O primeiro secretário do IHGB estava lançando a pedra fundamental o culto à nação
estava por ser instaurado. Cabendo ao IHGB a responsabilidade de organizar uma galeria
homens ilustres. Tal projeto pode ser verificado já na primeira RIHGB, logo na página 117, é
escrita a biografia dos brasileiros ilustres pelas ciências, letras, armas e virtudes, neste caso a
de José Basílio da Gama.
O IHGB desejava criar a História do Brasil destacando suas grandes personagens e
heróis, trazendo "à luz o verdadeiro caráter da Nação brasileira".

Cronologia para a escrita da historia da nação

Desde as primeiras sessões do IHGB, a preocupação de se estabelecer uma


periodização da história brasileira está presente.
A proposição de Januario Barbosa quer fazer do tempo, da cronologia, uma condição
para a escrita da história.
Sobre a cronologia “A nossa historia, dividindo-se em antiga e moderna, deve ser
ainda subdividida em vários ramos e épocas, cujo conhecimento se torne de maior interesse
aos sábios investigadores da marcha de nossa civilisação.”5
No entanto, Barbosa propõe numerosas alternativas, apresentadas àqueles que têm por
desígnio demonstrar as origens temporais do Brasil, constituem-se em "um thesouro
inexgotavel de honrosa recordação, e de interessantes idéas, que se deve manifestar ao
mundo, em sua verdadeira luz".6
O Cônego alerta ainda para a dificuldade em se escrever um História Geral, devido ao
grande numero de histórias particulares das províncias dispersas, em meio ao extenso
território nacional e a "a ignorancia ou descuido de seus herdeiros as entrega logo à voragem
dos annos; seus nomes vagueão por alguns tempo sobre as suas campas, até que de todo se
esvaecem".7

5
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908, p. 12
6
idem, p. 13
7
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908, p. 12.
Januário lembra ainda o fato de que, durante mais de três séculos, a metrópole não
autorizou a instalação de tipografias em solo colonial. Os escritores do país dependiam de
uma permissão de Portugal, circunstância que limitava consideravelmente a produção e a
divulgação de suas obras.
Fato ratificado na primeira sessão do dia 1 de dezembro de 1838, onde Januario
discursa:
“Proponho que na próxima sessão entre já em discussão o ponto seguinte: - Determinar-se as
verdadeiras épocas da historia do Brazil, e se esta se deve dividir em antiga e moderna, ou
quaes devem ser suas divisões.”8

Assim, em uma nova fase de sua história, na qual o Brasil é independente de Portugal,
o brasileiros estão, finalmente, capacitados a empreender a recuperação de seu passado.
Porém, a boa execução dessa manobra intelectual depende de uma cronologia que tenha por
fonte, justamente, esses primeiros escritos. Nesse sentido a tarefa inicial do IHGB é
reafirmada:
“O Instituto Histórico e Geographico Brazileiro tem por fim colligir, methodizar, publicar ou
achivar os documentos necessários para a historia e geographia do Império do Brazil ... logo
que o seu cofre proporcione esta despeza.”9

Da proteção do imperador e seu importante apoio financeiro:

Na primeira sessão do IHGB, em dezembro de 1838, o cônego


Januário Barbosa expõe o que seria o primeiro passo na aproximação com
D. Pedro II: propôs “que o Instituto peça á S. M. I. que acceite o titulo de
seu protector.”10 A proposta é levada adiante e em 19 de março de 1839 o
Imperador D. Pedro II, recebeu uma comissão composta por alguns
membros do Instituto Histórico exatamente com a finalidade de solicitar a
sua proteção imperial.
Em sessão extraordinária a 23 de março, o presidente do Instituto,
Visconde de São Leopoldo, comunica o ocorrido da seguinte maneira:
“Tomando depois a palavra o Ex.mo Sr. presidente deu conta ao
Instituto da commissão que tinha ido ao paço imperial, lendo o
seguinte: “No dia 19 de Março, á hora aprazada das 10 da manhã,
apresentou-se a deputação no paço da quinta da Boa-Vista; e
admittida á presença de S. M. I., recitou o presidente do Instituto,
que tambem era da deputação, o seguinte discurso: - O Instituto
Historico e Geographico Brazileiro nos envia em deputação para
8
idem, p.45.
9
idem, p.18.
10
idem, p.45.
render mui respeitosamente a V. M. I. os fóros do seu amor e da
sua lealdade; apresentar-lhe os estatutos que o regem nas suas
tarefas, e este o primeiro, ainda que mal sazonado fructo. Tambem
nos incumbiu de rogar humildemente a V. M. I. a graça vivificante
do titulo de protector do seu Instituto. A protecção ás lettras é o
mais valioso attributo e a joia mais preciosa da corôa dos principes;
por ella se fizeram grandes Luiz XIV em França, e os Medicis na
Italia, quando acolhiam as sciencias e artes, que escapavam das
ruinas do imperio grego: mas, sem necessidade de mendigar
modelos estranhos, bastará o do augusto pai de V. M. I., que
dignando-se acceitar a presidencia da Academia Real das Sciencias
de Lisboa, para que nem esse benefico predicado lhe faltasse, ia a
este santuario da sabedoria repousar dos penosos cuidados da
regencia, e das fadigas da guerra; de sorte que, si outro Ferreira alli
vivesse, dissera delle o que cantou de um dos mais famosos avós
de V. M. I., o Senhor D. Diniz, paz de reis, amor das gentes:

Edificou, venceu, poetou, leu.

S. M. I. se dignou responder – que agradecia e acceitava o titulo de


protector do Instituto Historico e Geographico Brazileiro. – Depois, a
deputação á sala em que se achavam SS. AA. as Princezas
Imperiaes, e offerecendo-lhes o presidente do Instituto iguaes
impressos, responderam SS. AA. II. Que certificasse ao Instituto que
agradeciam a offerta.” O que tudo o Instituto ouviu com muita
attenção, e recebeu com especial agrado.” 11

Este episódio é emblemático da relação entre o poder imperial e o


IHGB. Uma deputação de letrados vai até o Imperador para comunicar-lhe
pessoalmente a fundação do IHGB e solicitar a sua proteção imperial. Este
ato, que o registra o Visconde de São Leopoldo, traz à tona uma
característica constante deste do Instituto: a submissão ao monarca a
postura adotada pelo IHGB frente ao imperador: a constante apologia ao
governante, assim como os contínuos pedidos de favores imperiais.
Em seu breve discurso frente a um imperador, o presidente do IHGB,
defende os interesses de sua instituição com a argumentação de que: a
“protecção ás lettras é o mais valioso attributo e a joia mais preciosa da
corôa dos príncipes.”12
Novamente é Januário quem a 4 de maio de 1839 propõe:
“que se peça ao corpo legislativo um subsídio qualquer, dado em loteria, ou por
outro meio qualquer, para ajuda das grandes despesas, que o instituto tem a
fazer, afim de poder melhor preencher os importantes deveres que tem a
cumprir.”13

11
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908. p.52.
12
idem.
13
idem p.113.
É montada uma comissão para esse fim e ao final do ano é aprovado pela câmara –
onde figuravam alguns dos membros do Instituto – um subsídio no valor de um conto de réis.
Esse subsídio foi fundamental para as finanças do Instituto, que de acordo com
GUIMARÃES (1988, p.9), cinco anos após a sua fundação, as verbas do estado imperial
constituía cerca de 75% do orçamento do IHGB.

A relação do índio com o negro: e a questão do atraso do processo civilizatório.

“Se a introducção dos escravos africanos no Brazil embaraço a civilisação dos nosso
indígenas, dispensando-se-lhes o trabalho, que todo foi confiado a escravos negros. Neste
caso qual é o prejuízo que soffre a lavoura Brazileira?”14

Januario Barbosa deixa claro que é contra a escravidão tanto de negros quanto de
índios, pelo simples fato de se desenvolver a pratica do trafico que cobriria terra e o mar de
salteadores, segundo ele “Em qualquer parte em que o homem for reduzido a uma mercadoria,
não haverá crime, que a cobiça não cometta, para augmentar sua fortuna.”15
Aponta como principal causa do retardamento de nossa civilização, a “barbara
cobiça”, dos portugueses ao escravizar os índios.
Tal cobiça serio causa de toda destruição e miséria, que se encontram a sociedade
indígena. Contudo:
“O padre Vieira usou, nesta informação a El-Rei, de toda a eloqüência e força de
raciocinio, que lhe era mui própria, para defender a liberdade dos índios, ou reviver a
execução de leis anteriores a este respeito. Mas foi tal o seu zelo nesta parto, que
esquecido de que a escravidão obstava a civilização dos indígenas, foi de parecer,
que o governo introduzisse, nos Estados do Grão- Pará e Maranhão, escravos negros
que se occupassem dos trabalhos da lavoura e outras fabricas, para os quaes já
faltavam índios.”16

Assim o misionario, ofereceu o embaraço a civilização viabilizar a introdução dos


“bárbaros africanos” a fim de sanar a “cubiça dos desalamados portuguezes” 17 de usa-los
como mão-de-obra.
Não aceita o presuposto de que o índio é preguiçoso, pois “... os Paulistas geralmente
se servem dos ditos índios de pela manhã até noite, como o fazem os negros do Brazil ...”18

14
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908 p.123.
15
idem, p.123.
16
idem, p.124-125.
17
idem, p.125.
18
idem, p.126.
Portanto, os portugueses não podendo mais fazer uso dos índios, voltaram ao trafico
dos “míseros africanos” tratados com a mesma barbaridade que era dispensada aos índios.
Januario Barbosa, usa do testemunho do padre Viera, para introduzir o problema da
falta de cumprimento de promessas - índios somente fugiram da catequese e se embrenharam
no sertão, devida ao medo, pois nas missão dos jesuítas, através da catequese era lhe
prometido paz e civilização, no entanto os portugueses viam e os arrancavam de lá e os
punham a ferros – devido a sua cobiça. Aponta que a continuação da catequese empregada
pelos jesuítas traria progresso a civilização brasileira:
“Como somos da opinião que só a catechese se podem desentrar os indígenas de sua mattas, e
trazê-los aos primeiros caminhos da civilização, cremos, por isso mesmo, que a introdução
dos índios é um grande obstáculo a nossa empreza.[plano civilizatório]”19
Com isso os portugueses desejosos de mão-de-obra, trataram de transportar africanos e
esqueceu-se da civilização indígena. Assim o Cônego levanta a seguinte tese:

“A experiência nos mostra, que os índios são aptos para todos os trabalhos, a que
appliquem, ou em terra, ou nos rios e mares. O que hoje fazem os negros, elles o
faziam, posto que violentados, e por isso mesmo sem proveito de seu adiantamento.
Parece que o primeiro cuidado, que deveríamos ter para os fazer passar do estado
nômade, em que vivem quasi todos, para o de pastor e agricultor, deveria ser
converte-los a religião christãa, e crear nelles certas necessidades, que os obrigassem
a pequenos trabalhos, com que houvesse os objectos então necessários. Este
comercio seria de certo um de seus mais fortes vínculos sociaes; e ainda que seja mui
difficil crear novos hábitos em homens totalmente filhos da natureza, todavia esses
hábitos iriam nascendo em seus filhos, aperfeiçoando-se pela nossa communicação,
e averiguando-se pelo correr dos tempos.”20

Portanto, afirma se tivéssemos continuado com a pratica da catequese dos jesuítas, não
alimentando entres os índios o sentimento de horror e desconfiança do colonizador - os
civilizariamos aos poucos e com isso não se extinguiriam como aconteceu.
Assim agora com o passar das gerações, não mais habituados a vida nômade, os filhos
e netos desde índios apresentado a luz da catequese e da civilização seriam uma classe
trabalhadora, que faria por dispensar o uso dos africanos. A necessidade de mão-de-obra
obrigaria os fazendeiros a serem mais dóceis e a cumprir as convenções, se não fosse tão
facilitado a possibilidade de adquirir escravos negros.
Neste caso qual é o prejuízo que sofre a lavoura brasileira?

19
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908, p.127.
20
idem, p.127.
“... é fácil conjecturar-se pela pouca perfeição e adiantamento, que sempre se encontra
em trabalhos forçados.” 21
Januario, parte para uma analise mais universal e trata da sociedade européia e os
avanças na agricultura alcançados ao passo que estas sociedades abdicaram do uso do
escravo. Fica claro aqui a relação que o IHGB, na figura de seu secretario perpetuo, faz entre
o escravismo e atraso em que se encontra a nação diante das sociedades européias.

Das viagens e expedições cientificas, empreendidas pelo IHGB, de relatórios


inconclusivos a verdadeiras caças ao tesouro e o seu efetivo emprego para o
conhecimento etnográfico e territorial da nação.

As viagens cientificas, integraram com efeito, as primeiras propostas metodológicas


do IHGB, sendo importantes por três razões.
Em primeiro lugar, permitiriam a construção de um saber sobre a heterogeneidade
nacional, a fim de se evitar a divisão do Império. Em segundo lugar, possibilitariam a coleta
de novas fontes para a escrita da história do Brasil, dos vestígios de civilização e monumentos
históricos, capazes tanto de fixar as fronteiras nacionais, como de traçar uma genealogia da
Nação. Por fim, as viagens arqueológicas, em seu percurso errante, esquadrinhariam a
geografia e as populações indígenas das províncias visitadas..
O relatório sobre a Inscripção da Gavia22, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
tomou a decisão de analisar detalhadamente no local, as inscrições encontradas. A expedição
organizada para esse fim, teve a participação de Januario Barbosa. No trabalho apresentado
descreveram a Pedra da Gávea e suas inscrições com caracteres fenícios, já há muito
destruídos pelo tempo e que revelam grande Antigüidade.
No entanto, esse relatório entra em contradições, ao fazer várias comparações que
incluíam Pitágoras, e outros filósofos. Numa primeira análise, "viu as inscrições e também
algumas depressões feitas pela natureza". Perante tais fatos, o resultado da expedição do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro acabou por transmitir a idéia de que os caracteres
eram maravilhas da natureza, resultado da erosão.
A partir da pagina 150 a 155, o cônego Januario Barbosa torna publico um manuscrito
que trata da história de uma cidade abandonada no sertão da Bahia: o relato histórico sobre
uma grande, antiga e secreta cidade, sem quaisquer habitantes.

21
Idem, p.128.
22
Revista do IHGB, 3 ed. tomo 1, 1908, p.77-80.
O manuscrito, parcialmente devorado pelos cupins — e, por isso, ocultando o nome do
autor —, começa falando de uma expedição de bandeirantes que percorria o interior do Brasil
e encontraram uma cidade sem habitantes com entrada formada por três arcos de grande altura
com inscrições antigas, com relatos de casas, praças e de uma estatua.
Após tomar ciência de tal relato, o cônego Benigno Jose de Carvalho e Cunha,
comprometeu-se a localizar a “cidade antiga”, dirigiu uma petição diretamente ao imperador,
a fim de captar recursos, argumentando que o apoio a tal empresa reforçaria para gerações
futuras a imagem de um monarca amigo “das ciências e letras”. Porem, mesmo após V. M. I.
lhe conceder apoio, tal cidade nunca fora encontrada.
Apesar de ter relatado estas duas empresas mal sucedidas, tal pratica era adotada com
freqüência, coerente com o objetivo a que se propôs, de esboçar o quadro na nação, o IHGB.
Era apresentada ao Estado (principal investidor) a natureza pratica dessas expedições,
sobretudo, a questão econômica que iam desde a viabilidade de integração de novas terras
para o cultivo agrícola e a descoberta de eventuais riquezas minerais; politicamente, tal
projeto poderia contribuir para a interiorização da civilização e reconhecimento das fronteiras
ocidentais do Império como forma de melhor protegê-las. Fazendo uma demarcação das
fronteiras por meio da argumentação histórica.
Em suma, o IHGB daria à monarquia brasileira uma nova história, uma iconografia
original e uma literatura épica. Neste local, enquanto o passado era relembrado de forma
enaltecedora, a partir de uma natureza grandiosa e de indígenas envoltos em cenários
românticos, já a realeza surgia como um governo acima de qualquer instituição e a escravidão
era literalmente esquecida.

Referências Bibliográficas:

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maio 2009.
GUIMARÃES, Manoel L. S. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e
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