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1. Introdução
A seleção destes novos obreiros dava-se por meio de análise de seus méritos,
qualidades, inteligência e iniciativa na vida profana. Os noviços, apesar de não
comungarem do conhecimento dos rituais, sinais e símbolos, já sabiam desde
o momento de sua seleção e iniciação o que os esperava dali para frente:
tornarem-se sacerdotes, conhecedores da astronomia, da medicina, da
matemática, da geometria e tantas outras ciências daqueles tempos.
Chegamos à sala dos fundos de uma taverna, igual a muitas outras na Londres
entre os anos 1600 e 1700, a guilda ou corporação dos pedreiros estava
reunida. Ao fundo, uma grande mesa era ocupada pelo Mestre daqueles
maçons-livres, como se auto denominavam. Junto às paredes laterais, os
bancos ocupados pelos outros obreiros da guilda formavam um “U” com a
grande mesa. No outro extremo, a pesada porta, sempre guardada por um dos
obreiros, estava entreaberta neste momento, dando passagem a três jovens
com o dorso nu, vendados e atados entre si que caminhavam em direção à
grande mesa. Era o momento de sua Iniciação naquela guilda. Haviam sido
recomendados pelos outros membros como candidatos a Aprendizes. Nenhum
dos três conseguia decifrar os sons, as palavras e os objetos daquele
ambiente. Porém todos sabiam que, a partir daquele momento, iniciariam uma
nova vida, aprendendo os segredos da construção, trabalhando com um
mesmo objetivo e auxiliando-se mutuamente nas diversas funções do canteiro
de obras.
Não vamos, aqui neste espaço, polemizar a respeito das origens do Misticismo
e Simbolismo Maçônicos, se são encontradas ou não entre as Escolas
Iniciáticas do antigo Egito, da Caldéia ou até mesmo dentro da Ordem
Templária.
Várias outras Lojas foram fundadas no mundo todo por homens cujos objetivos
eram não somente nobres, mas principalmente comuns, visíveis e claros a
todos eles, fossem iniciados ou iniciantes.
Os futuros iniciados destas Lojas mesmo ignorantes a respeito do Simbolismo
Maçônico, já sabiam de antemão que trabalho iriam realizar. Quando
perguntados: “Para que nos reunimos aqui” – sabiam que ali estavam para
contribuir ativamente no desenvolvimento intelectual, moral, político e social de
sua comunidade, de seu país e, por consequência, da humanidade.
Por muitas vezes, nos colocamos a pensar: qual o por quê das Lojas de
antigamente parecerem ser mais produtivas? Qual o por quê da Maçonaria de
outrora parecer mais unida?
Qual o por quê dos maçons de outros tempos parecerem tão melhores do que
nós?
Daí podemos perceber a força que emanava de uma Egrégora formada por
mentes realmente afins, focadas num objetivo comum, onde todos sabiam o
que iriam fazer ali reunidos. O resultado pode ser visto até hoje, através dos
tempos.
É muito improdutivo fazer algo para o qual não se vê utilidade ou, de outra
forma, não sentir-se útil no desempenho de alguma atividade. É como ser
contratado para enxugar pedras de gelo. O que falar então dos novos
membros! A quase totalidade dos candidatos, quando convidados a ingressar
na Ordem não pergunta o que se faz aqui dentro.
O que dizer de indivíduos que não sabem a finalidade de suas tarefas? O que
dizer de uma Loja que não sabe para o que serve?
O que dizer de um edifício cujos tijolos estão dispersos, cuja argamassa não
une, porém escorre e se esvai? Suas paredes não se sustentam. Suas colunas
não têm força para suportar o esforço. Seu destino é o colapso da estrutura, de
dentro para fora.
Porém, tudo muda se a Loja define qual a sua vocação, qual a sua identidade!
Alguns ainda pensam que uma Loja somente pode ser útil se for dedicada a
alguma obra de grande vulto: uma creche, um asilo, uma escola ou um
orfanato. Outros pensam que basta a simples doação de algo para um vivente
mais necessitado para que esteja cumprida uma missão filantrópica. Permitam-
me discordar de um e de outro. A verdadeira ação filantrópica não necessita
ser dispendiosa e tampouco uma mera atitude pontual. Nem tanto ao céu nem
tanto à terra.
Nunca é demais reforçar o bem que isso faria para a freqüência da Loja. Como
seria salutar para o convidado a ser iniciado saber exatamente o que viria fazer
aqui. Automaticamente se resolveria a questão da continuidade social e
financeira da Loja.
Que bem enorme isso faria para a Maçonaria, pois cada Loja tendo sua
vocação, objetivo e identidade, da união de seus esforços e trabalho seriam
alcançados o cumprimento dos objetivos genéricos que ela mesma nos propõe,
ao mesmo tempo em que se resolveria a questão do inchaço de Lojas sem
objetivos, sem vocação, sem identidade e, por conseqüência, sem obras; como
assistimos nos dias de hoje.
O quão diferente seria se, ao convidarmos alguém para a nossa Loja, fosse
esta pessoa não somente livre e de bons costumes o que é necessário, mas ao
mesmo tempo muito genérico, se essa pessoa também estivesse conforme
com nossa identidade. Quão bom seria se essa pessoa comungasse conosco
de um mesmo objetivo, ou melhor, que fosse informada de nossa vocação e
quisesse se juntar a ela. Quão produtivo seria se, trabalhando por esta vocação
e objetivos comuns de nossa guilda, tivéssemos uma diversidade de
profissões, credos, pensamentos e opiniões dentro da mesma Loja. Afinal não
é este um de nossos preceitos?
Imaginemos que poderosa Egrégora seria formada pela afinidade dos obreiros
de uma Loja perfeitamente ciente de sua identidade, aptidão e vocação!
Passaria a ser estimulante encontrar os IIr.´. traçar metas, fazer o balanço dos
objetivos alcançados, comemorar os êxitos e aprender com os fracassos.
Nunca é demais citar uma verdade filosófica a qual diz que tudo começa do
menor para o maior. Da semente até a árvore. Do micro para o macro. O
homem deve saber o que faz e dedicar-se ao seu trabalho, pois o trabalho é o
que provê ao homem respeito, primeiro por si próprio e depois o respeito dos
outros. A Loja é formada por homens, se os homens souberem por que
trabalham, dedicar-se-ão mais ao trabalho e, desta dedicação advirá o respeito
pela Loja e o maior respeito que nossa união provocará nos outros ao nosso
redor.
Dentro desta verdade filosófica, que tudo começa do menor para o maior,
deveria ser estimulado dentro da Maçonaria, que as Lojas fizessem um esforço
para descobrir qual a sua vocação, qual a sua identidade.
Hoje, porém, por falta de identidade de suas Lojas, por falta de afinidade
Maçônica entre os indivíduos que formam seu alicerce celular, a Maçonaria
vem sofrendo um processo de Metástase, crescendo desordenadamente,
inchando de maneira desorganizada até que um dia, os tumores matarão o
corpo inteiro.
Faz-se urgente que nossa Potência não somente incentive, mas também
estabeleça critérios e metas de modo que todas as Lojas definam sua
identidade, seus objetivos, suas metas e resultados.
Fonte:
http://www.formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&
id=25772:maconaria-consideracoes-sobre-o-ritual-para-que-nos-reunimos-aqui-crise-
de-identidade&catid=66:templo&Itemid=136