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Introdução à Linguística
Coordenador da Disciplina
6ª Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.
Coordenação
Coordenador UAB
Prof. Mauro Pequeno
Coordenador Adjunto UAB
Prof. Henrique Pequeno
Coordenador do Curso
Prof.ª Maria Claudete Lima
Coordenador de Tutoria
Profª. Pollyanne Bicalho Ribeiro
Coordenador da Disciplina
Profª. Maria Silvana Militão de Alencar
Conteúdo
Autor da Disciplina
Prof.ª Maria Silvana Militão de Alencar
Coordenador do Setor
Prof. Henrique Sergio Lima Pequeno
Publicação
João Ciro Saraiva
Gerentes
Audiovisual: Andréa Pinheiro
Desenvolvimento: Wellington Wagner Sarmento
Suporte: Paulo de Tarso Cavalcante
Sumário
VERSÃO TEXTUAL
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
João 1:1
Fonte [2]
1
E é Jeová quem habilita ao homem à fala, quando o coloca no Jardim do
Éden e ordena a Adão que nomeie aquilo que ele criara – ou seja, numa visão
judaico-cristã, a linguagem é uma dádiva divina:
FÓRUM 1
Este tema de nosso fórum parece simples, mas não o é. Procure basear sua
discussão no artigo disponível no seguinte link [4] (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.) e em outros que tratem da mesma
temática.
2
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 01: LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM
VERSÃO TEXTUAL
3
ou linguagem" recebe um enfoque: na comparação de línguas (Linguística
comparativa), na formalização (Linguística formal), na fenomenização
(Linguística funcional), na discursivização (Linguística discursiva) etc;
somando a isso tudo a relação da Linguística com outras áreas:
Sociolinguística, Linguística antropológica, Linguística computacional,
Linguística matemática, Neurolinguística, Psicolinguística, Linguística
Cognitiva, Ecolinguística, Geografia Linguística (Dialetologia) etc; além das
subáreas da própria Linguística: Fonética/Fonologia, Morfologia,
Morfossintaxe, Sintaxe, Semântica, Estilística, Linguística aplicada,
Linguística histórica, Aquisição e desenvolvimento da linguagem, Linguística
de corpus, Lexicologia, Lexicografia, Terminologia, Paremiologia,
Fraseologia etc; e, por fim, as áreas limítrofes da Linguística: Análise do
Discurso, Análise Crítica do Discurso, Análise da Conversação, Pragmática,
Psicanálise etc.
4
FONTE: WEEDWOOD, Barbara. História concisa da Linguística. SP:
Parábola, 2002. P.11
5
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 01: LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM
Vem do vocábulo lenguatge (< lingua, - ae), oriundo de uma língua neolatina
chamada língua provençal, falada ao sul da França, que, por volta do século
IX, iniciaram as primeiras grafações neste idioma e, com o tempo, tomou
relevo pela Europa latina por sua forte produção poética. Sendo dados às
artes, os provençais sentiram necessidade de distinguir a língua utilizada no
dia a dia, da língua mais geral, mais artística. Assim podemos definir
linguagem, como:
6
Se linguagem liga-se ao geral, e a língua, ao mais específico, fica até mais
fácil exemplificar: língua portuguesa, inglesa (ambas línguas alfabéticas);
japonesa, chinesa (ideográficas); árabe, hebraico (aramaicas); Libras (língua
de sinais) etc. Veja que a definição dada se harmoniza com os exemplos, pois
língua é o lado social da linguagem, não pode ser modificada pelo falante e
obedece às leis de contrato social estabelecido pelos membros da
comunidade (PETTER, 2002, p. 14).
Outra definição que veremos nas próximas aulas é língua como sistema
de signos – conjunto de unidades (significante versus significado) que se
articulam.
Também não é uma diferença individual da fala, uma vez que todos os
falantes nativos do Cariri pronunciam o T da mesma forma. Fenômeno
semelhante pode ser observado em Fortaleza. Então, em que consiste a
diferença? A pronúncia do T nessas duas regiões do Ceará é uma diferença de
NORMA; podendo caracterizar o falar de uma região: na norma de Fortaleza,
7
o t será pronunciado alveolar (chiado), enquanto que, na norma do Cariri,
ocorrerá como uma consoante dental.
VERSÃO TEXTUAL
8
CONTRIBUIÇÃO
9
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 01: LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM
GRÉCIA
Nossa trajetória inicia com os filósofos gregos, pois todos eles
discutiram de alguma forma tópicos de língua, não propriamente a língua.
Assim podemos citar alguns nomes, como: Heráclito – afirmante de que a
palavra (logos) era a expressão do pensamento, Parmênides (e a Escola
Eleática), Demócrito, Epicuro etc. Porém os mais importantes são Platão
(429-347 A.C.) e Aristóteles (384-322 A.C.).
EXEMPLO
Vejamos este exemplo da fala de Sócrates:
"Se o 'l', por exemplo, representa 'deslizar' ou" 'resvalar', podemos esperar
que as palavras que contêm este som tenham algum elemento de
10
'deslizamento' em seu significado, e este é o caso de liparón ('liso'), glyký
('doce'), glyskheron ('viscoso')". (WEEDWOOD, 2002, p. 26).
VERSÃO TEXTUAL
A Poética, cap. XX
Embora haja quem não aceite a inclusão desses nomes no rol dos
estudos linguísticos, vemos que ambos tentaram adotar um critério científico
para suas análises. Veja que Aristóteles usa a noção de composição e
categorias de tempo e aspecto. Assim são considerados estudos para-
linguísticos.
11
(ars – técnica; grammata – letra "técnica da letra, da escrita"). Em suma:
surge a GRAMÁTICA, com o objetivo de descrever a língua literária, tida
como modelo linguístico correto.
Principais Gramáticos:
ROMA
12
Ou seja, o desejo latino era fazer uma mesma descrição de sua língua,
assim como a que foi feita na língua grega, que incluíram mais uma classe
gramatical, a interjeição, para manter o mesmo padrão grego. Daí que,
diferentemente das outras classes gramaticais, é a interjeição a única classe
de palavra que não pode ser descrita pelos critérios: morfológico, sintático e
semântico.
autor de Institutio oratoria, obra que trata de Retórica, mas na qual ele
discorre sobre fonologia e morfologia; e define gramática com base em
Varrão: "recte loquendi scientiam et poetarum enarrationem" (I, IV, 1, apud
idem).[tradução: Arte de falar corretamente e de narrar os poetas.]. O
destaque merece Quintiliano, pois não apenas se preocupou em descrever a
língua latina, com vistas ao ensino, mas também aponta que o uso gramatical
deve ter uma funcionalidade, principalmente na constituição de um discurso.
Observe trechos de sua obra.
Mas não basta ler os poetas: todo tipo de escritores deve ser
estudado, não apenas pelo conteúdo de suas obras como pelas suas
palavras, que amiúde recebem o aval dos que as empregam. Além disso,
a Gramática não se pode considerar perfeita prescindindo da Música,
pois o gramático deve trazer de metros e ritmos, e, se ignorar a
Astronomia, não compreenderá os poetas, os quais – deixando de lado
outras coisas – servem-se tantas vezes do nascimento e do ocaso dos
astros para veicular a ideia de tempo. Não pode a Gramática,
igualmente, ignorar a Filosofia, tendo em vista que numerosas
passagens de muitos poemas se baseiam na mais profunda sutileza da
Filosofia Natural. De mais, entre os gregos temos, por exemplo,
Empédocles, e entre os latinos Varrão e Lucrécio, que transmitiram
preceitos filosóficos em versos (idem)
Não basta ser um pouco eloquente para, de cada uma das coisas
que expusemos, falar de modo apropriado e abundante. Por isso, são
menos toleráveis os que zombam da Gramática, considerando-a árida e
13
de pouca importância: se ela não estabelecer alicerces seguros para o
futuro orador, tudo o que se tiver edificado irá por terra, necessária
como é aos pequenos, agradável aos velhos, doce companheira dos
retiros; a única talvez que, dentre todos os tipos de estudos, prima pelo
trabalho mais que pela aparência (ibidem). (QUINTILIANUS apud
PEREIRA, 2002, p. 62).
autor de Arte Menor (gramática latina) que serviu de modelo por toda a
Idade Média.
OLHANDO DE PERTO
Consulte o texto original, disponível no site da Biblioteca da
Universidade de Técnica de Darmstadt, na Alemanhahttp://tudigit.ulb.tu-
darmstadt.de/show/inc-v-1 [2]
IDADE MÉDIA
Neste período há uma manutenção cultural dos valores romanos. O que
se fazia de estudo linguístico era basicamente o ensino de gramática latina.
Exemplo maior é a gramática de Alexandre de Villedieu (1175-1240), escrita
toda já nos fins do medievo, ressurge a preocupação de explicar a gramática
latina não apenas descritiva, mas filosoficamente. Com uma abordagem
universal a partir de estruturas canônicas do latim, apareceram as
gramáticas especulativas – Gramática Especulativa, de Tomás de Erfurt.
RESNACIMENTO/PERÍODO MODERNO
Duas características marcaram este período. O estudo de línguas até
Fonte [4] então "desconhecidas" (etíope, sírio, árabe, basco, ameríndias etc.) e estudo
das línguas nacionais. As longas datas de estudo do latim, fizeram com que
surgissem nos teóricos da época um interesse por algo novo, que foi
preenchido pelo conhecimento das línguas dadas ao esquecimento. Como
uma das consequências, houve um empenho de descrever as línguas
nacionais com o intuito de lhes dar status tal qual tinham o latim, o grego e o
hebraico (as três línguas sagradas dignas de serem inscritas na cruz de Cristo
– INRI).
14
A primeira gramática de uma língua "vulgar" é de Ælfric de Eynsham,
que traduziu uma gramática latina para o inglês antigo.
Com esses novos rumos dados aos estudos de língua, viram que muitas
línguas compartilhavam traços estruturais, constituindo verdadeiras famílias
Linguísticas, surgindo o que chamamos de Linguística comparativa, Método
Fonte [5] comparativo, Linguística histórica, que se preocupava mais em encontrar
traços de semelhanças formais entre as diversas línguas, fossem elas latinas,
germânicas etc. A culminância foi com as leis de Grimm e o modelo arbóreo
da genealogia das línguas, numa tentativa de encontrar uma possível língua-
mãe para as línguas indo-europeias.
Observe as ilustrações:
PORTFÓLIO
Questão 01 - Pesquise o conceito de três tipos de gramática. Faça uma
vasta pesquisa, mas sua conceituação não deve ultrapassar o máximo de
três linhas para cada conceito.
FÓRUM
15
Com base no artigo Por que (não) estudar latim hoje no
link [6]da revista Língua Portuguesa/UOL, discuta a seguinte questão: é
o latim uma língua morta? Não se esqueça de utilizar exemplos para
ilustrar seu comentário.
CONTRIBUIÇÃO
Contribuição do Método Comparativo para a Determinação da
Existência do Indo-Europeu: [7]
16
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 01: LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM
• A língua muda com o tempo. (As línguas não são estáticas. As mudanças
ocorrem ao longo do tempo.)
LEITURA COMPLEMENTAR
Para saber sobre os estudos da Linguística do século XIX, leia mais no
seguinte link:http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%
ADstica_comparativa [1]
17
Schleicher propõe uma tipologia das línguas e uma "árvore genealógica" das
línguas indo-europeias.
Fonte [2]
OS NEOGRAMÁTICOS
O movimento dos neogramáticos surge em oposição à concepção
naturalista da língua. Os autores que se destacam nesse movimento são
Hemann Osthof (1847-1909) e Karl Bromam (1849 – 1919). Para eles, o
objetivo principal do pesquisador não era a busca da língua original indo-
europeia. Essa seria uma hipótese muito geral sobre as línguas, devendo-se,
portanto, estudar as línguas vivas atuais e apreender a natureza da mudança
linguística.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para aprofundamento sobre os neogramáticos, indicamos a leitura
deste texto sobre August Schleicher:
http://pt.scribd.com/doc/41890797/August-Schleicher [3], um dos
principais pensadores na área dos estudos linguísticos do século XIX.
REFERÊNCIAS
18
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. História da Linguística.
Tradução de Maria do Amparo Barbosa de Azevedo. 6. ed.
Petrópolis: Vozes, 2006.
19
WEEDWOOD, Barbara. Historia Concisa da Linguística.
Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2002.
20
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 02: O FORMALISMO
VERSÃO TEXTUAL
O ESTRUTURALISMO
O ESTRUTURALISMO compreende um campo de estudos que abrange a
Antropologia, a Sociologia, a Psicologia, a Literatura, entre outras áreas das
Ciências Humanas, inclusive a Linguística, esse campo de estudos reflete o
pensamento que permeou o século XX. No que se refere especificamente à
linguística, as escolas consideradas como estruturalistas apresentam em
comum concepções e métodos que implicam o reconhecimento de que a
língua é uma ESTRUTURA ou SISTEMA e que é tarefa do linguista descrever e
analisar a organização e o funcionamento de seus elementos constituintes.O
termo estrutura compreende as relações entre os elementos linguísticos
ocorridas no interior da língua ( a língua é entendida como sistema de signos
convencionados em uma comunidade linguística) Dessa forma, conforme
nos explica Hjelmslev (1971 apud LOPES, 1976, p. 39):
21
análise dessa entidade permite constantemente isolar partes que se
condicionam reciprocamente, cada uma delas dependendo de algumas
outras, sendo inconcebível e indefinível sem essas outras partes.
a. Círculo de Genebra
b. Círculo de Praga
i. Louis Hjelmslev
i. Franz Boas
DICA
Para saber mais sobre a repercussão da corrente estruturalista nas
Ciências Humanas, acesse o link:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estruturalismo [2] .
22
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 02: O FORMALISMO
DICOTOMIAS
2.1 Langue (língua) x Parole (fala)
Social Individual
Abstrata Concreta
Homogênea Heterogênea
Sistemática Assistemática
23
Por SOCIAL, Saussure concebe que a língua existe na coletividade, isto é,
ela preexiste e subsiste a cada um de seus falantes. Assim sendo, cada falante
já encontra, ao nascer, a língua, que irá falar, em pleno funcionamento.
Fonte [2]
Desse modo, a imagem acústica não é o som material, mas a impressão
psíquica desse som, aquilo que nos evoca um conceito (LOPES, 1976, p. 82).
REFLEXÃO
Para entendermos o caráter psíquico do signo, vamos fazer um
pequeno teste. Pense na sua música preferida ou em um poema que você
saiba decorado. Você é capaz de cantar ou recitar silenciosamente, não é?
Isso se deve ao fato de não precisarmos materializar os signos linguísticos
através da fala, pois tanto conceito, quanto imagem acústica estão
presentes em nosso cérebro.
24
O signo linguístico, segundo Saussure, apresenta duas características
principais: a arbitrariedade e a linearidade. Esses conceitos serão
apresentados a seguir.
SIGNIFICADO SIGNIFICANTES
Ing. /oks/ ox
DICA
E as onomatopeias? Elas ferem o princípio da arbitrariedade?
Voz do cuco: port. Cuco; fr. Coucou; lat. Cuculus; ing. Cuckoo; al.
Kuckuck.
Voz do cão: port. Au au; esp. Guau guau; fr. Ouaoua; al. Wauwau
(LOPES, 1976, p. 84).
25
SEGUNDO PRINCÍPIO: A LINEARIDADE DO SIGNIFICANTE
O significante, sendo de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo,
unicamente, e tem características que toma do tempo:
• Arbitrário
• Signos verbais só
Signo linguístico
traduzíveis por outros signos
verbais.
• Signos não-linguísticos
• Representam as noções
Símbolo abstratas
• Convencionados e
parcialmente motivados
• Sinais não-sígnicos
• Motivado
Ícone
• São, pura e simplesmente,
imagens
DESAFIO
A Linguística estuda os signos verbais. Pesquise se há outra(s) ciência
(s) que tenha(m) como objeto de estudo símbolos e/ou ícones.
26
RELAÇÕES SINTAGMÁTICAS X RELAÇÕES ASSOCIATIVAS
Antes de apresentarmos a dicotomia sintagma x paradigma,
precisamos compreender a noção de VALOR LINGUÍSTICO. Para Saussure, a
língua é um sistema de valores, no qual cada elemento se define em relação a
outros elementos.
MeninO x MeninA
MestrE x MestrA
Guri x GuriA
SINTAGMA
Ao definir a linearidade como característica essencial do signo, Saussure
observa que esses signos ocorrem formando uma cadeia de elementos,
através de combinações que se apoiam na extensão, podendo ser chamados
de SINTAGMAS.
27
nominal – sujeito – e um sintagma verbal – predicado – no nível sintático.
Desse modo, dizemos que as relações sintagmáticas ocorrem in praesentia
(em presença), isto é, segundo Saussure (1975, p. 143), ";repousa em dois ou
mais termos igualmente presente numa série efetiva".
PARADIGMA
As relações associativas da língua não têm por base a extensão, mas são
formadas por associações mentais. Tendo isso em vista, pode-se falar em
CORRELAÇÕES PARADIGMÁTICAS para explicar esse conceito. Correlação é
a função existente entre os termos de um paradigma, esse, por sua vez, pode
ser definido como uma classe de elementos que podem ser colocados no
mesmo ponto de uma cadeia.
PRETÉRITO PRETÉRITO
PRESENTE
PERFEITO IMPERFEITO
28
SINCRONIA X DIACRONIA
Uma das dicotomias propostas por Saussure é a que envolve as noções
de Linguística estática e Linguística evolutiva, também denominada de
Linguística sincrônica e Linguística diacrônica, respectivamente.
PARADA OBRIGATÓRIA
Para explorar melhor os conhecimentos dessa aula, consulte o Curso
de linguística geral disponível em:http://books.google.com.br/books?
hl=pt-BR&lr=&id=Nsd0kiUfrlgC&oi=fnd&pg=PR11&dq=a+import%
E2ncia+de+saussure&ots=lYptEeY-
wf&sig=_hv6NtiN5r7mDPzie28Cy0UHhUM#v=onepage&q=a%
20import%C3%A2ncia%20de%20saussure&f=false [5]
FÓRUM
Leia o artigo da Revista da Língua Portuguesa (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.), sobre críticas e polêmicas que
giram em torno de Ferdinand de Saussure. Em seguida, discuta com seus
colegas os pontos que você julga merecer destaque no texto.
29
2. http://www.unescnet.br/NIP/Edicao_Anterior/Revista_Eletronica2/A
RTIGOS/TEXTOS.asp
3. http://vidaamoresonhos-krika.blogspot.com/
4. http://salcedoadvocacia.blogspot.com/2011/01/sobre-data-venia-e-
datissima-venia.html
5. http://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=Nsd0kiUfrlgC&oi=fnd&pg=PR11&dq=a+import%
E2ncia+de+saussure&ots=lYptEeY-
wf&sig=_hv6NtiN5r7mDPzie28Cy0UHhUM#v=onepage&q=a%20import%
C3%A2ncia%20de%20saussure&f=false
30
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 02: O FORMALISMO
1- O do locutor 5- O da mensagem
2- O do ouvinte 6- O do contexto
3- O do canal
4- O do código
31
de um código, em nosso caso específico a Língua Portuguesa, para expressar
uma mensagem, aludindo a um contexto e passando através de um canal
físico.
Fonte [1]
EXERCITANDO
Você consegue identificar, na figura acima, os seis elementos da
comunicação?
EDWARD SAPIR
Fonte [2]
VERSÃO TEXTUAL
32
LEONARD BLOOMFIELD
S–R–S–R
Fonte [4]
Dessa forma, um estímulo externo (S) leva alguém a falar (r),
provocando no ouvinte um estímulo também linguístico (s) que provoca
uma resposta prática (R).
33
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 02: O FORMALISMO
Para isso,
devemos compreender o conceito de GRAMÁTICA
INTERNALIZADA adotado pelo modelo gerativista. Este conceito NÃO
compreende gramática como um livro cheio de regras que nos ensina o que
é certo e o que é errado na língua (conceito de gramática prescritiva).
34
ninguém nos ter ensinado, pertence ao conjunto de regras que compõe a
nossa GRAMÁTICA INTERNALIZADA.
MULTIMÍDIA
Observemos no vídeo, a seguir, uma entrevista com o Chomsky sobre
a linguagem humana. http://www.youtube.com/watch?v=sGatWSnvKCQ
[1]
Temos nesse caso, uma estrutura ambígua, pois a frase pode ser
interpretada de duas maneiras distintas: (a) a delegacia estava em chamas e
o bombeiro presenciava o incêndio e (b) da delegacia, o bombeiro assistia a
um prédio qualquer pegar fogo. Notemos, assim, que da delegacia é o
sintagma causador da ambiguidade, pois, ora ele tem sentido do local
incendiado, ora do local de onde se assistia ao incêndio.
Clique aqui:
35
Ao analisarmos o esquema arbóreo de representação da sentença, ficam
claras as duas interpretações possíveis do exemplo em (3). Notemos que a
parte destacada, da delegacia, representa em (a) um adjunto adnominal do
SN “o incêndio”. Já em (b), esse SPrep, da delegacia, é um adjunto adverbial
do verbo assistir.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre os principais pontos de divergências entre as
grandes correntes da Linguística do século XX, leia o artigo Gerativismo e
Funcionalismo: encontros de divergências de Ana Fernandes Aguiar
Gonçalves Cardoso. Disponível
emhttp://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao11/artigo08.pdf [2]
(Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
36
com os trechos destacados. Para isso, escolha um dos pares da
dicotomia abordado na pesquisa e justifique a sua escolha.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
37
Ambas referem-se a um dos princípios do signo linguístico e o
conceito de valor linguístico. Identifique esse princípio, explique-o e
relacione-o ao conceito de valor.
REFERÊNCIAS
38
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 03: FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO
VERSÃO TEXTUAL
39
(1985), apresentando um quadro conceitual da gramática funcional (estuda
como a língua é usada) apresenta três instâncias de análise:
Fonte [2]
NÍVEL TEXTUAL:
A charge é um gênero textual que se caracteriza por uma leitura rápida,
estrutura linguística simples, tamanho reduzido, reunião de elementos
verbais e não verbais principalmente icônicos; de teor crítico, pendendo
quase sempre ao jocoso. Sabemos que nem sempre para esse tipo de texto
era possível sua vinculação pública. Ainda hoje, em países de regime político
fechado, sua publicação é proibida. Mesmo no Brasil, alguns políticos
conseguiram judicialmente que não se relacione sua imagem ou nome à
charge, dado que sempre são ironizados, criticados.
40
Neste nível, focaremos a partícula ONDE, que na gramática é
preestabelecido como advérbio ou pronome relativo. Contudo, pela
gramática funcional, um elemento linguístico ganha funções e é classificado
de acordo com seu uso, sua posição (o chamado aspecto tático (Táctico, ca:
do gr. τακτικός, der. de τάσσειν, por em ordem.)
KADAFI
41
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 03: FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO
OS CÍRCULOS LINGUÍSTICOS
O Círculo Linguístico de
Moscou (CLM) nasce em 1915, por
iniciativa de Roman Jakobson, ao
reunir os formalistas russos. Tinha
como objetivo estudar
cientificamente a língua e as leis de
produção poética. Os estudiosos
denominados "formalistas"
buscavam desenvolver uma prática
de análise despojada de
Fonte [1]
subjetividade e abstração. O
formalismo em excesso culminou
com a extinção deste círculo.
42
Além do CLM, Jakobson participou, também, como fundador do
CÍRCULO LINGUÍSTICO DE PRAGA (CLP) ou Escola de Praga, juntamente
com os russos Nicolai Trubetzkoy e Serge Karcevsky, com um manifesto
apresentado durante o Primeiro Congresso Internacional de Linguística de
Haia (1928). Na realidade, o Círculo Linguístico de Praga foi fundado por
Mathesius, em 1926, ao reunir pesquisadores tchecos e linguistas
estrangeiros, como o alemão Bühler, os franceses Benveniste, Tesnière,
Vendryès e Martinet. A linguística oriunda deste círculo estabeleceu como
ponto primordial a dimensão sincrônica.
43
c) E função estética da linguagem e seu papel na literatura e nas
outras artes verbais. Note que há uma forte ênfase na literatura, isso
porque eles estudavam a língua em sua manifestação literária. É bom saber
que até hoje esta escola desenvolve suas investigações
http://www.praguelinguistics.org/ [2]
44
REFLEXÃO
Pense em quantas formas de saudações podemos usar para
cumprimentar uma pessoa:
Oi!; olá!; e aí?; bom dia!; boa tarde!; boa noite!; dia!; tarde!; e aí, sô!;
e aí, mano!; e aí, velho!; tudo na paz?; tudo beleza! Etc
45
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 03: FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO
ICONICIDADE
Há uma relação entre expressão e conteúdo, dado que a língua reflete as
experiências humanas. Não quer dizer isso que há uma relação entre língua e
mundo exterior, mas que o conhecimento adquirido pelo uso dos sentidos
influência na configuração do sistema linguístico. Por isso que, por exemplo,
as línguas naturais apresentam estruturas distintas, mas também comuns.
GRAMATICALIZAÇÃO
46
Iniciemos com a definição de gramaticalização: ocorre quando um
vocábulo ou uma expressão linguística passa a exercer, em certos contextos,
uma nova função como item gramatical; ou quando já gramaticalizados,
gramaticalizam-se mais ainda, podendo mudar de categoria sintática, atuar
com outras propriedades na sentença, passar por alterações semânticas e
fonológicas etc. Abaixo exemplificamos:
Dado que essa locução verbal, além de indicar desejo, também indica
algo que ocorrerá no futuro, foi pouco a pouco substituindo a forma sintética
do latim clássico (amabo) no latim vulgar. Podemos indicar essa mudança
na seguinte sequência:
47
lado, e itens gramaticais, signos linguísticos “vazios”, classes fechadas de
palavras, lexemas abstratos, palavras acessórias, do outro;
PORTFÓLIO
Busque um texto curto, que reúna pelo menos dois tipos de
linguagens (verbal e não verbal) e efetue uma análise semelhante a que foi
feita com a charge. Lembre-se de ressaltar não apenas os valores textuais,
mas também formais e sua relação com a expressão de sentido.
FÓRUM
Busque mais informações sobre gramaticalização e discuta no fórum.
Use exemplos para ilustrar sua explicação e procure desenvolver
comentários consistentes.
REFERÊNCIAS
48
GIVÓN, Talmy. Historical Sintax na Synchronic Morfology: an
Archaelogist’s. Field Trip. Papers from the 7th.Regional Meeting.
Chicago: Chicago Linguist Society, 1971.
49
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 04: LINGUÍSTICA DE TEXTO / PSICOLINGUÍSTICA
50
Segundo Koch (2004, p. 4), "o texto era concebido como uma 'frase
complexa', 'signo linguístico primário', (apud HARTMANN, 1968), 'cadeia de
pronominalizações ininterruptas' (apud HARWEG, 1968), 'sequência
coerente de enunciados' (apud ISENBERG, 1971), ' cadeia de
pressuposições' (apud BELLERT,1970).
(4) Era um belo povoado. A igreja ficava numa colina. (VATER, 1979
apud KOCH, 2004).
a) Verificar o que faz com que um texto seja um texto, ou seja, determinar
seus princípios de construção, os fatores responsáveis pela coerência, as
condições em que fatores responsáveis pela coerência, as condições em que
se manifesta a textualidade.
A ideia que veio atrelada a essas gramáticas foi a de que havia uma
competência textual à semelhança da competência linguística, defendida por
Chomshy. Isso significava que todo falante poderia distinguir um texto
coerente de um não coerente, a partir de suas propriedades linguísticas.
51
O texto passou a ser “considerado o signo linguístico primário,
atribuindo-se aos seus componentes o estatuto de signos
parciais.” (HARTMANN, 1968, apud KOCH, 2004, p. 6). Assim, o texto
passou a ser visto como uma unidade hierarquicamente mais elevada, haja
vista ter suas estruturas determinadas pelas regras de uma gramática textual.
VERSÃO TEXTUAL
52
interação humana, que surge dos contratos enunciativos, das intenções
comunicativas das pessoas que interagem com o fim de produzir
comunicação. Segundo Koch ( 2004, p. 14):
VERSÃO TEXTUAL
53
parciais. Estabelece-se, por uma hierarquia entre os atos de fala de um
texto dos mais gerais aos mais particulares. Ao interlocutor cabe, no
momento da compreensão, reconstruir essa hieraquia.
Por fim, podemos afirmar que, nessa fase, o conceito de coerência toma
nova dimensão: “ passa a incorporar, ao lado dos fatores sintático-
semânticos, uma série de fatores de ordem pragmática e
contextual.” ( kOCH, 2004, p. 19-20).
Koch (2004) cita também Heinemann; Viehweger (1991) para dizer que,
nesta vertente, existem vários tipos de conhecimentos: o linguístico, o
enciclopédico, o interacional e o referente a modelos textuais globais.
Todavia, vale a pena lembrar que esses tipos de conhecimentos agem
cognitivamente para a obtenção dos significados. O processamento cognitivo
ocorre pela junção, atenção, combinação, de todos esses conhecimentos
simultaneamente. O cognitivo ativa-os para que a mente processe as reações
cognitivas.
54
ou unidades globais que distinguem os vários tipos de textos, sobre a sua
ordenação ou sequenciação (Superestruturas textuais), bem como sobre a
conexão entre objetivos, bases textuais e estruturas textuais globais. Segundo
Heinemann e Viejweger (1991), seriam ainda precárias, na época da
publicação de sua obra, as respostas à questão de saber quais os
conhecimentos específicos que estariam aí incluídos. Contudo, parece
possível apontar algumas aproximações, por exemplo, de modelos cognitivos
contextuais, de Van Dijk (1994/1997), os “tipos de atividades”, sugeridos por
Levinson (1979) e outros, que, evidentemente, variam conforme a
perspectiva dos diversos estudiosos. Parece-me, contudo, que a aproximação
mais produtiva poderia ser feita com a noção de gênero, que hoje volta a
ocupar posição central nos estudos sobre texto/ discurso.
55
interacionais à compreensão do processamento cognitivo baseia-se no
fato de que existem muitos processos cognitivos que acontecem na
sociedade e não exclusivamente nos indivíduos. Essa visão,
efetivamente, tem se mostrado necessária para explicar tanto
fenômenos cognitivos quanto culturais.
Isto quer dizer que muito da cognição acontece fora das mentes e
não somente dentro delas: a cognição é um fenômeno situado, ou seja,
não é simples traçar o ponto exato em que a cognição está dentro ou
fora das mentes, pois o que existe aí é uma inter-relação complexa.
Volta-se exclusivamente para dentro da mente à procura da explicação
para os comportamentos inteligentes e para as estratégias de
construção do conhecimento podem levar a sérios equívocos.
56
Dentro desta perspectiva, as ações verbais são ações conjuntas, já
que usar a linguagem é sempre engajar-se em alguma ação em que ela
é o próprio lugar onde a ação acontece, necessariamente em
coordenação com os outros. Essas ações não são simples realizações
autônomas de sujeitos livres e iguais. São ações que se desenrolam em
contextos sociais, com finalidades sociais e com papéis distribuídos
socialmente. Os rituais, os gêneros e as formas verbais disponíveis não
são em nada neutros quanto a este contexto social e histórico.
57
Em consequência do grande interesse pela dimensão
sociointeracional da linguagem e processos afeitos a ela, surge (ou
ressurge) uma série de questões pertinentes para a “agenda de estudos
da linguagem”, entre as quais as diversas formas de progressão textual
(referenciação, progressão referencial, formas de articulação textual,
progressão temática, progressão tópica), a dêixis textual, o
processamento sociocognitivo do texto, os gêneros, inclusive da mídia
eletrônica, questões ligadas ao hipertexto, a intertextualidade, entre
várias outras.
PARADA OBRIGATÓRIA
Linguística Textual – uma entrevista com Ingedore Villaça Koch
Leia o texto com a entrevista completa no link:
http://www.revel.inf.br/site2007/_pdf/1/entrevistas/revel_1_entrevista_ingedore_koch.
[3] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
FÓRUM
Considerando que a Linguística Textual passou por três momentos
históricos e que esses momentos não são estanques, discuta com seus
colegas cada um desses momentos, destacando as características de cada
um e, simultaneamente, evidenciando a inter-relação entre eles.
58
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 04: LINGUÍSTICA DE TEXTO / PSICOLINGUÍSTICA
Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que
tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!
LEITURA COMPLEMENTAR
Para esclarecer sobre cada um desses mecanismos sugerimos a leitura
do artigo A CONSTRUÇÃO DO TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA
TEXTUAIS CONCEITO DE TÓPICO, de Maria Lúcia Mexias Simon, que se
encontra no link:
http://www.filologia.org.br/revista/40suple/a_construcao_de_texto.pdf
[2] (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)que, com
muita propriedade e poder de síntese, explicita cada um desses
mecanismos.
REFERÊNCIAS
59
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 04: LINGUÍSTICA DE TEXTO / PSICOLINGUÍSTICA
Sobre a Arte de ler, disse uma vez [Quintana]: “O leitor que mais admiro
é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu
a leitura e está continuando a viagem por conta própria.” E eu também...
assim sigo a minha, para onde vai a sua?
(Vinícius Masutti)
REFERENCIAÇÃO ANAFÓRICA
Assim como o processo de referenciação, a anáfora constitui uma
estratégia de textualização bastante presente nos gêneros textuais, de modo
geral. Koch (2002, p. 85), ao falar em progressão referencial, menciona os
principais tipos de estratégias de progressão referencial: “a) uso de
pronomes ou elipses; b) usos de expressões nominais definidas; c) uso de
expressões nominais indefinidas”. O uso dessas estratégias é responsável
pela construção dos referentes discursivos, pois, além de proporcionar uma
organização estrutural, desenvolve também a temática do texto.
Vejamos um exemplo:
a) por hiperonímia;
b) por expressão definida;
c) por nome genérico;
d) por pronome. Vejamos mais um exemplo ilustrativo do subtipo b.
61
“Essa é a radicalidade do consumismo. Viver é satisfazer imediatamente
os desejos. Suzane Richthofen disse que, ajudada pelo namorado, matou por
amor. O pai, um engenheiro, e a mãe, uma psiquiatra, não gostavam do
namorado e estariam inviabilizando a relação. Como não conseguiu a
autorização para manter o relacionamento e não queria fugir de casa - até
porque não sabia como iria assegurar o padrão de vida-, optou pelo
assassinato.” (Artigo de opinião – Gilberto Dimenstein).
LEITURA COMPLEMENTAR
Para maior aprofundamento no assunto, leia o artigo REFERIR E
ARGUMENTAR: DUAS FUNÇÕES DOS PROCESSOS DE
REFERENCIAÇÃO INDIRETA NO TWITTER, de Jaqueline Barreto
Lé, disponível no site: http://www.hipertextus.net/volume5/Jaqueline-
Barreto-Le.pdf [2] (Visite a aula online para realizar download deste
arquivo.)
A DÊIXIS
A dêixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões
dêiticas) que têm como função ‘apontar’ para o contexto situacional ou
textual. Deste modo, essas palavras ou expressões, ao serem utilizadas num
discurso, adquirem um novo significado, uma vez que o seu referente
depende do contexto ou do cotexto. Em outras palavras, a dêixis pode ser
definida como o conjunto de processos linguísticos que permitem inscrever
nos enunciados as marcas da sua enunciação, que é única e irrepetível.
Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a quem se dirige
(interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação.
62
Como vimos, há vários tipos de dêixis. Para conhecer mais sobre esses
tipos, vejamos o artigo que se encontra no link: CAVALCANTE, M. M.
Dêiticos discursivos. Disponível em
http://www.revistadeletras.ufc.br/rl22Art06.pdf. [4] (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.) Acesso em 23/10/2011.
REFERÊNCIAS
63
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 04: LINGUÍSTICA DE TEXTO / PSICOLINGUÍSTICA
O PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM
A Psicolinguística é um ramo da Linguística que se interessa em analisar
o processamento da linguagem oral e escrita e os fatores que afetam a
decodificação, isto é, as estruturas psicológicas que nos capacitam a entender
expressões, palavras, orações e textos.
VERSÃO TEXTUAL
64
A descoberta dessas áreas foi, sem dúvida alguma, um grande marco
para os estudos sobre onde ocorrem o processamento e a compreensão da
linguagem. No entanto, sobre o modo como isso ocorre temos várias teorias,
as chamadas teorias de aquisição da linguagem. A seguir, veremos as
principais.
BEHAVIORISMO OU COMPORTAMENTALISMO
Teoria desenvolvida pelo Psicólogo norte-americano B. F. Skinner que
encara o processo de aquisição da linguagem como um acúmulo de
comportamentos verbais. Ou seja, a linguagem seria um tipo de
comportamento adquirido pela experiência, em decorrência da exposição ao
meio e da utilização de mecanismos comportamentais como estímulo,
resposta e reforço.
Estímulo reforço
resposta
Principais objeções:
1. Não explica como as crianças produzem sentenças nunca ouvidas antes;
2. O processo de aquisição ocorre de forma muito rápida.
INATISMO
A proposta inatista, também conhecida como gerativista, surgiu em
1957, com a publicação de um artigo do linguista norte-americano N.
Chomsky, que criticava o modelo behaviorista vigente na época.
65
Principal hipótese: a criança nasce com uma capacidade inata para
a linguagem e esta capacidade é exclusiva do ser humano.
Segundo essa teoria, o ser humano adquire uma língua natural porque
ele vem equipado, no estágio inicial, com uma gramática universal, dotada
de princípiosuniversais pertencentes à faculdade da linguagem e de
parâmetrosfixados pela experiência, ou seja, pelo contato com a língua
materna.
66
Assim, de acordo com Chomsky, a linguagem está atrelada às
características biológicas e cognitivas inerentes à espécie humana, o que
reafirma seu caráter universal.
O CONSTRUTIVISMO COGNITIVISTA
O postulado central das ideias de Piaget sobre aquisição da linguagem é
que o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado
desde o nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de
percepções do meio exterior (empirismo). O conhecimento da criança resulta
das ações e interaçõesdo sujeito com o ambiente onde vive. Para ele, todo
conhecimento se constrói e se elabora desde a infância, por meio de
interações com os objetos que o indivíduo procura conhecer, no ambiente em
que se encontra.
67
interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e
não mais apenas através de situações concretas.
O SÓCIO- INTERACIONISMO
A ideia central de Vygostsky sobre a aquisição da linguagem era que as
questões sociais são muito importantes para o desenvolvimento linguístico
da criança. Assim, enquanto Piaget parte da cognição para a socialização,
Vygostsky, por outro lado, parte da interação social para a
representação mental da linguagem.
68
Principal hipótese: as origens das formas superiores de
comportamento consciente, como a linguagem, o pensamento e a memória
devem ser encontradas nas relações sociais que o homem mantém.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Procure comparar as teorias de aquisição da linguagem apresentadas
nessa aula e justifique, com argumentos, a que você considera mais
plausível.
REFERÊNCIAS
69
SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagemIn:
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Cristina.Introdução à
lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. v.2.
70
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 05: ANÁLISE DO DISCURSO / SOCIOLINGUÍSTICA
TÓPICO 01: ANÁLISE DO DISCURSO – A COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES ENTRE SENTIDO E CONTEXTO
ANÁLISE DO DISCURSO
Os estudos da linguagem realizados hoje são de uma forma ou de outra,
tributários de Ferdinand de Saussure, sejam tomando o linguista suíço como
ponto de partida e assumindo os seus postulados, seja rejeitando esses
postulados. Alguns estudiosos, embora reconhecendo o valor da revolução
linguística empreendida por Saussure, logo questionaram a dicotomia língua
versus fala, na medida em que a exclusão da fala do campo dos estudos
linguísticos suscitava questões que o modelo de análise até então
desenvolvido não dava conta
71
não podendo ser estudada fora da sociedade, uma vez que é constituída por
processos histórico-sociais. A seguir, veremos alguns conceitos de grande
importância para os estudos do discurso.
ENUNCIADO
Compreender um enunciado não é, segundo Dominique Maingueneau
(2008), somente fazer referência a uma gramática e a um dicionário, mas, na
verdade, é mobilizar saberes advindos de fontes diversas, fazer hipóteses,
raciocinar, construindo, assim, um contexto que não é algo preestabelecido e
imutável. Não podemos falar de sentido de um enunciado fora de contexto,
pois, para que uma sequência verbal proferida (seja em modalidade escrita,
seja em modalidade oral) se torne um verdadeiro enunciado, precisamos
entender que ela se constitui em um lugar e um momento específicos, por
um sujeito que se dirige a um ou vários sujeitos.
VERSÃO TEXTUAL
DESAFIO
72
Os enunciados “É proibido fumar” e “Espaço reservado a não
fumantes” parecem ter, a priori, a mesma interpretação, mas, na verdade,
vinculam conteúdos distintos. Analise em que termos se dá essa distinção.
IDEOLOGIA
A ideologia, segundo Brandão (2004), pode ser entendida em duas
perspectivas:
LEITURA COMPLEMENTAR
Para entender melhor como o conceito de Ideologia passa a ter
extrema importância na Análise do Discurso, leia o texto “Análise do
discurso e os pontos de encontro tecidos na convergência das teorias”.
(Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
DIALOGISMO
Considerando o signo linguístico e a enunciação como de ordem social e
história, suas existências se devem justamente pelas necessidades de
interação entre os indivíduos e o modo como eles se relacionam com o
mundo. Nesse sentido, as diferenças de classe, por exemplo, encontram
correspondência com as diferenças de registro linguístico, pois o signo é
também ideológico, seu sentido vai ser estabelecido a partir da interação
social.
VERSÃO TEXTUAL
73
Esse caráter responsivo da linguagem, impregnado da palavra do outro,
constitui o dialogismo na linguagem. O diálogo se torna um eixo importante
das preocupações dos estudos discursivos, porque passa a considerar, então,
a fala como processo de apropriação de sentidos e dizeres de outrem. Uma
vez que as palavras não são neutras e nelas encontramos inscritas as
ideologias, encontramos também as posições dos outros, de modo que a
enunciação de cada falante contém os pontos de vistas de discursos
anteriores e influenciará, por conseqüência, discursos posteriores. Podemos
encontrar, num mesmo discurso, vozes de sujeitos diferentes, explicitadas ou
não.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para aprofundar o entendimento sobre Dialogismo, leia o texto
“Dialogismo e enunciação: elementos para uma epistemologia da
linguística”. (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
INTERDISCURSIVIDADE
Maingueneau afirma que a unidade de análise da Análise do Discurso
não é o discurso, mas o espaço de troca entre vários discursos. Podemos
entender, então, que os discursos teriam a sua identidade estruturada a
partir da relação interdiscursiva e não independentemente uns dos outros
para depois serem colocados em relação.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para compreender a diferença entre Interdiscursividade e
Intertextualidade, leia o texto “Interdiscursividade e Intertextualidade:
Vestígios na Literatura e na Publicidade”. (Visite a aula online para
realizar download deste arquivo.)
DESAFIO
Analise o enunciado “A formação do Planeta Terra se deve ao Big
Bang e não à criação divina” no tocante às relações entre discursos
diversos que são construídas.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
74
Analise o quadrinho a seguir levando em consideração a expressão
linguística e o seu contexto de produção e veiculação, o público a quem se
dirige e a conjuntura sócio-histórica na qual a sua emergência é possível.
REFERÊNCIAS
75
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 05: ANÁLISE DO DISCURSO / SOCIOLINGUÍSTICA
VERSÃO TEXTUAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Para entender a relação entre a definição de sujeito de Lacan e a
Análise do Discurso de linha francesa, leia o texto “Psicanálises e análise
do discurso: interlocuções possíveis e necessárias”. (Visite a aula online
para realizar download deste arquivo.)
76
já que ela passou por várias fases, na medida em que formulava e
reformulava seu procedimento de análise e seu objeto de estudo ao longo do
tempo. As fases podem ser descritas da seguinte forma:
ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO
A Análise da Conversação consiste numa abordagem discursiva que teve
origem na década de 60 (assim como a AD francesa), ligada aos estudos
sociológicos. Segundo Dionísio (2001), a maior preocupação da AC é
compreender o modo pelo qual a linguagem é estruturada para favorecer a
comunicação, reconhecendo que a conversação nos diz algo sobre a natureza
da língua como fonte para se fazer a vida social.
77
Macronível: estuda as fases conversacionais, que são a abertura, o
fechamento e a parte central e o tema central e subtemas da conversação.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para a compreensão de como é feito o tratamento e a análise de
conversações, leia o texto “Análise de conversação em uma entrevista:
interação entre falantes”. (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
Em relação ao Método:
- Atividade de abstração
- Atividade de elucidação
Em relação ao Conhecimento:
78
- Objetivo é procurar saber do que fala a linguagem: qual é o mundo que se
encontra já organizado por trás da linguagem?
- O objetivo é procurar saber como fala a linguagem: como a significação é
significada?
SOCIOCOGNITIVISMO
Promovendo uma ruptura com as ciências cognitivas clássicas, que
trabalham com uma distinção estanque entre os processos cognitivos que
acontecem dentro da mente dos indivíduos e os que acontecem fora da
mente, o Sociocognitivismo parte da compreensão de que existem muitos
processos cognitivos que acontecem na sociedade e não exclusivamente nos
indivíduos (KOCH; CUNHA-LIMA, 2004).
EXEMPLO
Uma criança que trabalha vendendo bombons na rua consegue, com
muita velocidade, realizar cálculos matemáticos relativamente complexos
e não consegue realizar os mesmos cálculos na escola. Como explicar essa
diferença de desempenho?
79
• A comunidade da qual os sujeitos fazem parte;
VERSÃO TEXTUAL
80
transdisciplinaridade é necessária a abordagens que investigam o uso da
linguagem em sociedade, pois não há uma relação externa entre linguagem e
sociedade, mas uma relação interna e, sobretudo, dialética, na medida em
que um constitui o outro. O rompimento das fronteiras disciplinares traria à
Linguística a ancoragem em perspectivas teóricas acerca da estrutura e da
ação sociais, e propiciaria para as Ciências Sociais um arcabouço para análise
textual.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para entender como os estudos do discurso no Brasil têm se
desenvolvido, leia o texto “O quadro atual da Análise de Discurso no
Brasil”. (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
REFERÊNCIAS
81
DIONÍSIO, A. P. Análise da conversação. In: MUSSALIM, F.;
BENTES, A. C. Introdução à linguística: domínios e fronteiras.
v. 2. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 69-100.
82
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 05: ANÁLISE DO DISCURSO / SOCIOLINGUÍSTICA
PRESSUPOSTOS BÁSICOS
A Sociolinguística surge na década de 1960, a partir da proposta de
Weinreich; William Labov; Herzog (1968), com o objetivo de desenvolver
uma teoria que pudesse descrever a língua e seus determinantes sociais e
linguísticos, bem como produzir uma teoria da mudança que acomodasse o
uso variável da língua.
– Fatores sociais que são variáveis relacionadas ao falante como sexo, idade,
grau de escolaridade, classe social, entre outras.
83
contextos linguísticos e/ou sociais são mais relevantes no fenômeno
observado.
FÓRUM
Discuta com seus colegas e com seu (sua) tutor(a) a questão da
variação linguística no português brasileiro.
84
INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA
AULA 05:ANÁLISE DO DISCURSO / SOCIOLINGUÍSTICA
A língua falada dispõe de duas ou mais formas variantes que podem ser
usadas pelo falante sem grandes alterações na mensagem transmitida: Na
fonologia, (Ex.: peixe/pexe; homem/home;menino/minino
(monotongação) ) Na morfologia, (Ex.: pego/pegado (particípios duplos);
umas casinhas bonitinhas/umas casinhaÆ bonitinha Æ (concordância
nominal de número). ) Na sintaxe (Ex.: apareceram três homens/três
homens apareceram (ordem verbo- sujeito ou sujeito-verbo); Ele
chegou/chegou (o uso ou não do pronome sujeito). )
85
“... são tantos os lugare, eu vou dizer...” (EBC, f,s,v).
“... tinha aqueles carros alegóricos ...” (EBC, f,s,v).
“... principalmente a parte física dOs jogadores...” (FP, m,u,j).
PARADA OBRIGATÓRIA
Procure, em dicionários, o significado de língua vernácula.
REFERÊNCIAS
86
LABOV, W. Principles of linguistic change: internal factors. v.
1. Oxford: Blackwell, 1994.
87