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Direito Financeiro

NOÇÕES GERAIS DE DIREITO FINANCEIRO.

01. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO.

1.1 Necessidades públicas.

O homem, como lembra Edvaldo Brito 1, é um sujeito de necessidades. Sejam


estas necessidades ligadas à sua própria subsistência, como comida, água e
descanso, ou motivadas por condicionamentos sociais, como educação, cultura
e consumo de bens materiais2, o fato é que o ser humano sempre precisa e
deseja, e, por conseqüência, necessita suprir estes anseios.

Estas necessidades do homem, por sua vez, podem ser classificadas em


individuais, comuns ou coletivas, em função do mecanismo de sua satisfação.
As individuais são aquelas que dizem respeito a cada um singularmente,
podendo ser satisfeitas por iniciativa isolada e, muitas vezes, até mesmo
existindo conflito entre o benefício individual e o que seria melhor para a
coletividade3.

As necessidades comuns são aquelas que, em essência, não deixam de se


referir a cada indivíduo isoladamente, mas a coletividade, visando otimizar
esforços e recursos, opta por as satisfazer em regime de cooperação, existindo
“necessidades individuais iguais de pessoas que sentem os mesmos desejos
que se juntam somando seus recursos e seus esforços4”.

Já as necessidades coletivas ou públicas são aquelas que envolvem o interesse


da sociedade como um todo, e, por isso, não podem ser alcançadas por
iniciativa individual ou por agrupamentos determinados. A sua satisfação deve
se dar compulsoriamente em caráter coletivo, sendo um dos fundamentos da
própria organização institucional da sociedade.

Estas necessidades coletivas, no mundo moderno, em função da complexidade


das organizações sociais, adquirem ainda uma enorme dimensão. Tem-se
desde o crescimento da demanda pelas necessidades mais básicas
(fornecimento de energia, de água, segurança pública, vias de circulação,
espaços públicos de lazer e discussão), até o surgimento de novas
necessidades, ligadas ao surgimento da sociedade de risco 5 (proteção
ambiental e assistência social, p.ex.), e ao incremento das pretensões dos
indivíduos (criação de oportunidades econômicas e de trabalho, atividade de
fomento).
1 BRITO, Edvaldo. Reflexos jurídicos da intervenção do Estado no domínio econômico. São Paulo: Saraiva, 1982, pp.03
.
2
O homem deseja e necessita, ao contrário dos demais animais, porque não possui um condicionamento
biológico pleno. Esta “abertura biológica” do homem, que o torna “incompleto” e sujeito de desejos e
anseios, deve ser complementada por um “fechamento sociológico”, pela atuação das instituições sociais
e, mais marcadamente, pela ação estatal (Ver MACHADO, João Baptista. Introdução ao Direito e ao discurso legitimador. 14. reimp. Coimbra:
Almedina, 2004, pp.07-09
).
3
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.58.
4 BRITO, Edvaldo. Reflexos jurídicos da intervenção do Estado no domínio econômico. São Paulo: Saraiva, 1982, pp.05
.
5
Ver, neste aspecto, BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo. Barcelona: Paidós, 1986.

1
O ente responsável pela satisfação destas necessidades, que, como será visto
adiante, em regra é a organização estatal, deve realizar desde atuações que
demandam prestações negativas (garantir o livre exercício da liberdade e da
propriedade, não interferindo nestes direitos e assegurando que outros
igualmente não interfiram6), até aquelas que buscam satisfazer uma
expectativa de ação estatal que propicie aos administrados o acesso a direitos
(direito ao trabalho, saúde, educação, moradia, lazer), por meio das
denominadas políticas públicas7.

Todas essas atribuições, obviamente, compreendem uma série de ações, que,


por sua vez, implicam em uma série de custos e gastos (contratação de
pessoal, aquisição de bens duráveis e produtos de consumo) a serem
realizados pelo ente responsável. As necessidades públicas, assim, são
finalidades que necessitam de meios, materiais, pessoais e financeiros, para
sua realização.

É importante deixar claro, de logo, que a definição do quais sejam estas


necessidades públicas é fruto de uma decisão política contingencial, ou seja,
variável no tempo e no espaço. Trata-se de definição historicamente relativa,
alertando José Souto Maior Borges que “variáveis motivos políticos e que não
podem ser determinados a priori comandam a atuação do Estado no sentido de
promover a satisfação de certas necessidades coletivas”, e por isso o ente de
satisfação exerce “uma série constante de opções das necessidades sociais a
serem satisfeitas pela rede de serviços públicos”8.

A definição das necessidades públicas perseguidas por determinada


comunidade, portanto, dependem de uma opção política, pois, como afirma
Régis Fernandes de Oliveira, “não existem necessidades indefinidas, etéreas e
que ficam ao sabor dos literatos”. É cada organização social, lembra este autor,
que vai fixar, “no texto constitucional e nas leis posteriores, quais as
necessidades que vai encampar como públicas9”.

Analisando a organização social brasileira atual, por exemplo, grande parte


destas opções políticas pode ser aferida diretamente do Texto Constitucional,
como prescrito nos artigos quinto a oitavo (direitos fundamentais e sociais), 21
6
Estas necessidades garantidas prioritariamente por “prestações negativas”, entretanto, na verdade
envolvem igualmente atividades positivas na sua efetivação, sendo também geradoras de altos custos. A
garantia da liberdade, por exemplo, envolve não só a não interferência estatal na liberdade dos
indivíduos, mas, do mesmo modo, a construção de presídios, o policiamento ostensivo e a polícia
investigativa. É por isso que Gustavo Amaral afirma que “os direitos fundamentais investem o indivíduo
em um status jurídico no qual lhe é facultado formular pretensões perante o Estado, pretensões essas
que podem dirigir-se a uma abstenção estatal (pretensão negativa) ou a uma ação do Estado (pretensão
positiva)” (AMARAL, Gustavo. Direito, escassez e escolha. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, pp.101).
7
Políticas públicas, na definição de Fábio Konder Comparato, são essencialmente programas de ação
estatal. Afirma este autor que “a política aparece, antes de tudo, como uma atividade, isto é, um
conjunto organizado de normas e atos tendentes à realização de um objetivo determinado”, ou seja,
“unificados por sua finalidade”, não obstante “os atos, decisões e normas que a compõem, tomados
isoladamente, são de natureza heterogênea e submetem-se a um regime jurídico que lhes é próprio”.
(COMPARATO, Fábio Konder. Ensaio sobre o juízo de constitucionalidade de políticas públicas. In: MELLO,
Celso Antônio Bandeira de (org.). Estudos em homenagem a Geraldo Ataliba, v.2. São Paulo:
Malheiros, 1997, pp.353).
8
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.13-14.
9
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.57-58.

2
(atribuições da União), 23 (atribuições comuns a todos os entes federados), 30
(atribuições dos municípios) e 170 a 181 (ordenação da atividade econômica),
entre outros.

1.2 Funções institucionais do Estado.

O ente responsável pela satisfação destas necessidades coletivas, por sua vez,
é, em regra, o Estado. A organização institucional que representa o todo
coletivo e age para satisfação das suas necessidades, fruto da vida social, é o
Estado, que, hoje, se baseia em dois primados: a busca do bem estar social e a
obtenção do desenvolvimento econômico10.

Este papel do Estado é, ao mesmo tempo, o seu fator de legitimação e de


justificação. A organização estatal foi teoricamente criada para a satisfação das
necessidades públicas (motor de constituição), ou, ao menos, ainda que isto
não seja historicamente verdade, e se trate de mero mecanismo ideológico de
dominação, a continuidade desta sua função é poderoso mecanismo de
legitimação da atividade pública.

O Estado, como ente de satisfação de necessidades, atua tanto de modo direto


(garantia de segurança pública, exercício de jurisdição na solução de conflitos),
como pela promoção de políticas públicas, ou seja, pela adoção de medidas
transformadoras da realidade social que propiciem ou facilitem aos indivíduos
o alcance de determinadas situações de fato (acesso ao trabalho e emprego,
moradia, desenvolvimento econômico, ordenação urbana).

A complexa sociedade moderna, como já exposto, acarreta um crescimento


das necessidades públicas, e, por conseqüência, um aumento das atribuições
do Estado. Régis Fernandes de Oliveira realiza interessante estudo sobre a
diversidade e dimensão da atividade do Estado11, que engloba (a) a
intervenção no domínio econômico, (b) a atividade de fomento, (c) a criação e
manutenção dos entes da administração indireta para consecução de
finalidades específicas, (d) o exercício do poder de polícia administrativa, (e) a
emissão, guarda e registro de documentos relevantes, (f) a sua atividade
instrumental ou “custo burocrático”, e (g) a prestação de serviços públicos.

Todas estas atividades do Estado sem dúvida são geradoras de despesas e


custos. Cada uma delas envolve o “consumo” de recursos humanos e bens
materiais, e tudo isso tem um valor economicamente apreciável. O ente
estatal, especialmente no Estado Capitalista de Direito, não está mais
completamente fora da economia de mercado12. Tudo o que ele realiza gera
custos, e esses custos precisam ser supridos, tais como a remuneração dos
servidores públicos e terceiros prestadores de serviços, a compra, manutenção
ou aluguel de imóveis, a aquisição de suprimentos e material de consumo, a

10 BRITO, Edvaldo. Reflexos jurídicos da intervenção do Estado no domínio econômico. São Paulo: Saraiva, 1982, pp.03
-10.
11
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.38-56.
12
Alerta Sainz de Bujanda que “es lógico que la Administración de un Estado – como la de cualquier otra
entidad pública o privada – tenga que utilizar medios personales, materiales e jurídicos para lograr el
cumplimiento de sus fines” (BUJANDA, Fernando Sainz de. Hacienda Publica, Derecho Financiero y
Derecho Tributario. In Hacienda y Derecho, v.01. Madrid: IEP, 1975, pp.10-11).

3
constituição de entes da Administração Indireta ou a participação econômica
do Estado em outras entidades13.

O Estado, portanto, não pode ser encarado como uma entidade lúdica, e, a
partir do momento em que lhe são conferidas atribuições, devem lhe ser
igualmente conferidos os recursos necessários à realização destas atribuições,
pois “o ideário contido em norma constitucional somente pode se tornar eficaz
diante da disponibilidade de meios aptos a gerir os interesses 14”. Desta
maneira, quem estabelece os fins, deve necessariamente assegurar os meios
necessários à sua consecução, ou seja, “da mesma forma que o Estado tem
finalidades a alcançar, deve ter os meios necessários para satisfazer os
objetivos da comunidade15”.

A obtenção destes “meios necessários”, sejam eles de natureza material,


humana, organizacional ou institucional, pode ser reduzida, ao final, à idéia de
obtenção de recursos pecuniários ou “dinheiro”16, recursos públicos que serão
utilizados diretamente na realização da atividade pública e na consecução das
políticas públicas, ou que financiarão os meios necessários para tanto, como
contratação e pagamento de pessoal e aquisição de bens, equipamentos e
material. Torna-se necessário para a organização estatal, neste ponto, fixar
qual o mecanismo de obtenção deste dinheiro, como ocorrerá a alocação dos
recursos arrecadados em suas múltiplas atividades e qual a disciplina para o
seu dispêndio, o que se denomina, globalmente, atividade financeira do
Estado.

1.3 Atividade Financeira do Estado.

O objetivo da atividade financeira do Estado é determinar como se dará a


obtenção de recursos para fazer frente aos custos da atuação do Estado, bem
como o regramento da realização destes.

Historicamente, em tempos antigos, a obtenção de meios materiais pelo


Estado se dava em regra in natura, fosse por requisição direta aos súditos, pelo
saque e reivindicação dos espólios de guerra, ou pelo simples confisco baseado
no poder de império estatal, como lembram Kiyoshi Harada17, Régis de
Oliveira18, Sainz de Bujanda19 e Celso Ribeiro Bastos20. Os gastos públicos, por

13
Celso Ribeiro Bastos, após lembrar que os fins últimos do Estado “compreendem a segurança pública, a
realização de Direito, a prestação do ensino, da saúde etc.”, ressalta que “esses fins não se cumprem
sem que tenham um suporte financeiro”, e, por isso, é ”indispensável que haja recursos econômicos para
enfrentar o custo da implementação desses objetivos” (BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito
Financeiro e Tributário. 08. ed. São Paulo: Saraiva, 2001, pp.09).
14
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.23.
15
Idem, pp.24.
16
Lembra José Souto Maior Borges que “aspecto característico da finança do Estado Moderno é o seu
conteúdo pecuniário” (BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max
Limonad, 1998, pp.24).
17
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004, 2007,
pp.35-37.
18
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.60-67.
19
BUJANDA, Fernando Sainz de. Organización politica y derecho financiero. In Hacienda y Derecho,
v.01. Madrid: IEP, 1975, pp.119-466.
20
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 08. ed. São Paulo: Saraiva, 2001,
pp.10.

4
sua vez, não possuíam maior disciplina, sendo efetuados de acordo com as
conveniências e interesses dos governantes.

Modernamente, entretanto, a requisição direta de coisas e da força de trabalho


de particulares em favor do Estado tem caráter excepcional, só existindo em
hipóteses específicas, como a ocupação administrativa prevista no inciso XXV
do artigo quinto da CF-88 e atividades como composição de mesas eleitorais e
júri21. O Estado Moderno, ensina Kyoshi Harada, “substitui, acertadamente,
esses processos pelo regime da despesa pública, que consiste no pagamento
em dinheiro dos bens e serviços necessários à realização do bem comum 22”, se
concentrando a obtenção de recursos pelo Estado na arrecadação de
dinheiro23.

Além disso, o modelo organizacional do Estado de Direito 24, que pressupõe a


submissão do ente estatal aos seus próprios comandos normativos, impõe o
regime da legalidade tanto na obtenção quanto no gasto de recursos pelo
Estado. O dinheiro passa a ser requisitado da população mediante um
procedimento formal prévio, para que esta ou seus representantes “autorizem”
sua cobrança e, ao mesmo tempo, tenham mecanismos para identificar e
21
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.24.
22
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004, 2007, pp.36.
23
Ensina Celso Ribeiro Bastos:
Na verdade, a moeda possui características que lhe são muito peculiares. Em primeiro lugar é um bem
que não serve em si mesmo para nada; só se presta a servir de instrumento de trocas. Com o dinheiro
pode-se adquirir todo e qualquer bem, este sim revestido de utilidade. O dinheiro é, em conseqüência,
o meio de troca por excelência. Daí porque a atividade financeira do Estado tem por objeto a obtenção
de recursos monetários. (...) Em conseqüência, o Estado necessita como fonte primordialíssima dos
recursos econômicos para a sua atuação de arrecadar valores na forma de dinheiro, com o qual possa,
também aqui, de forma praticamente generalizada, saldar os seus compromissos. É em dinheiro que os
Estados quitam seus débitos. (BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 08.
ed. São Paulo: Saraiva, 2001, pp.10)
24
O Estado de Direito é um modelo de organização estatal instrumento da delimitação precisa das
esferas pública e privada, pela existência de comandos normativos (jurídicos) prescrevendo padrões e
possibilidades de comportamento tanto dos particulares submetidos ao império do Estado quanto do
próprio órgão de poder. Tem-se como exemplo de definições neste mesmo sentido: CARRAZZA, Roque
Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2000, pp.272-273;
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 06. ed. Coimbra:
Almedina, 2002, pp.243-254; BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. São Paulo:
Saraiva, 1963, pp.186-195; ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: RT, 1985, pp.93-
96.
O Estado, nesta concepção, age segundo um quadro de possibilidades pré-fixado pelas normas jurídicas,
atuando segundo o “marco normativo” previamente traçado, que funciona como um modelo para suas
ações futuras, que define suas possibilidades e finalidades de ação. Além disso, o Estado de Direito, como
garantia de manutenção da delimitação entre as esferas pública e privada e da submissão da atividade
do Estado a este “marco normativo”, prevê mecanismos de fiscalização e controle da própria atividade
estatal, em regra mediante a partição dos poderes públicos de forma harmônica e independente, e a
atribuição a um dos poderes do exercício da fiscalização dos demais.
O Estado de Direito, portanto, visa “conformar as estruturas do poder político e a organização da
sociedade segundo a medida do direito” (CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 06. ed. Coimbra: Almedina, 2002, pp.243), como afirma Canotilho, o que resulta na idéia,
expressa nas palavras de Lourival Vilanova, de que “só há Estado de Direito ali onde são postos direitos
individuais e garantias e os órgãos de poder se movem dentro de competências prefixadas
normativamente” (VILANOVA, Lourival. Fundamentos do Estado de Direito. Escritos jurídicos e
filosóficos, v.1. São Paulo: Axis Mundi/ IBET, 2004, pp.421). Estas competências pré-fixadas,
naturalmente, também se aplicam à disciplina jurídica da atividade financeira do Estado, alterando sua
conformação prévia e fixando as bases da responsabilidade na gestão fiscal.

5
“fiscalizar” o seu gasto e sua alocação. O Estado de Direito, deste modo, traz a
idéia de responsabilidade na gestão da coisa pública, inclusive (e
principalmente) do dinheiro público.

A Atividade Financeira do Estado pode ser assim definida como a atividade da


Administração Pública para obtenção, criação, gestão e dispêndio de recursos
públicos. Aliomar Baleeiro, de modo semelhante, afirma que a atividade
financeira estatal consiste em “obter, gerar, criar, gerir e despender o dinheiro
indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu
àqueloutras pessoas de direito público25”. Diversos autores trazem ainda outras
definições que, não obstante apresentem divergências pontuais, convergem
quanto ao seu núcleo essencial26.

Podemos, ao analisar o conceito proposto, assim o segmentar para uma análise


mais detalhada:

OBTENCÃO

CRIACÃO
ATIVIDADE RECURSOS
ADMINISTRATIVA PÚBLICOS
GESTÃO

DISPÊNDIO

1) ATIVIDADE ADMINISTRATIVA  Conduta estatal submetida ao regime jurídico-


administrativo, que, como sintetizado por Celso Antônio Bandeira de Mello,
possui dois postulados fundamentais, que são: a supremacia do interesse
público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público 27.
Isto significa dizer que, como será mais detalhadamente exposto a seguir, a
atividade financeira do Estado, como atividade estatal típica, se sujeita a todos
25
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à Ciência das Finanças. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003,
pp.04.
26
Régis Fernandes de Oliveira define a atividade financeira do Estado como “a arrecadação de receitas,
sua gestão e a realização do gasto, a fim de atender às necessidades públicas” ( OLIVEIRA, Régis
Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.59). Sainz de Bujanda, por
sua vez, a conceitua como “la acción administrativa del Estado, dirigida a la obtención e inversión de los
medios económicos destinados al sostenimiento de los servicios públicos” (BUJANDA, Fernando Sainz
de. Hacienda Publica, Derecho Financiero y Derecho Tributario. In Hacienda y Derecho, v.01.
Madrid: IEP, 1975, pp.28). José Souto Maior Borges afirma que a atividade financeira “se desenvolve,
basicamente, no campo da receita e despesa, ou seja, de gestão do patrimônio estatal” ( BORGES, José
Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998, pp.20),
enquanto Kiyoshi Harada a define como “a atuação estatal voltada para obter, gerir e aplicar os recursos
financeiros necessários à consecução das finalidades do Estado que, em última análise, se resumem na
realização do bem comum” (HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 13. ed. 16. ed.
São Paulo: Atlas, 2004, 2007, pp.36).
27
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 21 ed. São Paulo: Malheiros,
2006, pp.66-83.

6
os princípios de regência da administração pública (legalidade, moralidade,
eficiência, impessoalidade, publicidade, razoabilidade, proporcionalidade,
motivação), bem como às formalidades a esta inerentes.

2) OBTENÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS  Aspecto da atividade financeira que busca


conseguir recursos para o Estado mediante a realização de operações de
crédito ou de captação de poupança. Trata-se do Crédito Público.

3) CRIAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS  Arrecadação de recursos para o Estado por


mecanismos tributários e não tributários. É a Receita Pública.

4) GESTÃO DE RECURSOS PÚBLICOS  É o Orçamento Público, o mecanismo de alocação


e controle dos recursos obtidos dentre as múltiplas destinações, objetivos e
custos da ação estatal.

5) DISPÊNDIO DE RECURSOS PÚBLICOS  É o efetivo gasto dos recursos no curso da


atuação estatal. Denomina-se Despesa Pública, e hoje, com a necessidade de
responsabilidade na gestão fiscal e rígido equilíbrio entre receita e despesa,
existe uma enorme preocupação com sua limitação e controle.

6) RECURSOS PÚBLICOS  Meios para a realização das finalidades institucionais do


Estado, para a consecução dos fins que lhe são constitucionalmente atribuídos.

02. DIREITO FINANCEIRO.

2.1 Atividade Financeira do Estado e Direito Financeiro.

A atividade financeira do Estado, no Estado de Direito, como visto, se submete


ao regime jurídico-administrativo, e, especialmente, ao princípio da legalidade.
Isto significa dizer que toda a atividade de obtenção de receita ou crédito,
geração de despesa ou elaboração e execução de orçamento deve obedecer
ao regramento material e formal previamente estabelecido por normas
jurídicas editadas pela própria organização estatal. No Estado de Direito,
portanto, “o poder financeiro está sujeito ao ordenamento jurídico e seu
exercício não é arbitrário, mas limita-se ao âmbito do direito positivo 28”, tendo
o fenômeno financeiro nítido perfil jurídico.

Ressalte-se que não se quer com isso dizer que a atividade financeira do
Estado se resume a este perfil jurídico. Sainz de Bujanda29 e Souto Maior
Borges30, com clareza, apontam que possui o fenômeno financeiro um aspecto
político, um aspecto econômico, um aspecto técnico e um aspecto sociológico.
Trata-se, portanto, apenas de uma opção de enfoque na análise do fenômeno
financeiro, adequada aos objetivos do seu estudo por técnicos ligados ao
Direito; sendo o objetivo a determinação das conseqüências jurídicas da
atividade financeira, o foco de estudo deve ser obrigatoriamente o seu aspecto

28
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.35.
29
BUJANDA, Fernando Sainz de. Hacienda Publica, Derecho Financiero y Derecho Tributario. In Hacienda
y Derecho, v.01. Madrid: IEP, 1975, pp.13-23.
30
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.82-90.

7
jurídico, composto pela conexão da ação administrativa às normas jurídicas
que a regulam.

O Direito Financeiro, nestes termos, é exatamente o estudo da atividade


financeira do Estado por uma perspectiva jurídica. É composto, portanto, pela
disciplina jurídica da atividade financeira do Estado. Ricardo Lobo Torres o
define como “o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade
financeira”, sendo sua função “disciplinar a constituição e a gestão da Fazenda
Pública, estabelecendo as regras e procedimentos para a obtenção da receita
pública e a realização dos gastos necessários à consecução dos objetivos do
Estado31”.

Sainz de Bujanda, do mesmo modo, afirma se tratar da “disciplina jurídica que


regula la gestión de los medios económicos que el Estado utiliza para el
cumplimiento de sus fines32”. Souto Maior Borges, por fim, o concebe como a
“parte do Direito Público que tem por objeto a ordenação das atividades
financeiras33”.

Seja qual for a definição adotada, o importante é se ter em mente que o Direito
Financeiro se concentra na análise jurídica da atividade financeira do Estado,
não obstante, neste estudo, se valha de elementos, conceitos e conclusões
derivados das análises política, econômica, técnica, e sociológica, em uma
constante simbiose.

2.2 Competência no Direito Financeiro.

As competências constitucionalmente conferidas aos entes federativos pela


Constituição Federal de 1988 envolvem a atribuição de determinado poder a
cada ente, representando uma “faculdade juridicamente atribuída a uma
entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões 34”.
Estas competências constitucionais podem atribuir poder de cunho normativo,
para a edição de normas jurídicas sobre determinada matéria (artigo 22 da CF-
88, p.ex.) ou de cunho material, estabelecendo a titularidade de determinado
ente para a prática de determinado ato (artigo 21 da CF-88, p.ex.).

As competências constitucionais, ainda, classificadas de acordo com o grau de


participação de uma ou de mais entidades na fixação da disciplina normativa
ou no exercício do poder material, podem ser (a) exclusivas (artigo 21 da CF-
88), (b) privativas (artigo 22 da CF-88), admitindo delegação, (c) comuns
(artigo 23 da CF-88), (d) concorrentes (artigo 24 da CF-88), ou (e)
suplementares (parágrafos primeiro a quarto do artigo 24 e inciso segundo do
artigo 30 da CF-88)35.

31
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 07. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
pp.12.
32
BUJANDA, Fernando Sainz de. Hacienda Publica, Derecho Financiero y Derecho Tributario. In Hacienda
y Derecho, v.01. Madrid: IEP, 1975, pp.33.
33
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.91.
34
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 26. ed. São Paulo: Malheiros,
2006, pp.479.
35
Idem, pp.481.

8
A competência para tratar de Direito Financeiro é, claramente, de natureza
legislativa, ou seja, confere aos entes federativos o poder, dentro dos limites
formais e materiais fixados na própria regra constitucional, de editar comando
jurídico de disciplina da atividade financeira do Estado.

Esta competência legislativa, pelo regime da CF-88, é concorrente entre União,


Estados e Distrito Federal (inciso I do artigo 24 da CF-88), cabendo ainda aos
municípios suplementar, no que couber, esta disciplina (inciso II do artigo 30 da
CF-88).

Isto significa que, em matéria de Direito Financeiro, a União irá estabelecer


normas gerais (parágrafo primeiro do artigo 24 da CF-88), que deverão ainda
ser veiculadas por lei complementar (artigo 163 da CF-88)36. Fixadas as normas
gerais pela União, com caráter nacional, ou seja, obrigando a todos, poderão os
demais entes federativos, dentro das suas respectivas esferas de interesse
predominante, exercitar a sua competência suplementar (parágrafo segundo
do artigo 24 e inciso II do artigo 30 da CF-88).

Deve-se ainda lembrar que, tratando-se de competência concorrente,


conforme os parágrafos terceiro e quarto do artigo 24 da CF-88, enquanto não
existir lei federal de normas gerais sobre determinado ponto, poderão os
demais entes exercer competência legislativa plena sobre este, obviamente
com eficácia limitada ao seu próprio âmbito material e espacial. Sobrevindo, no
entanto, lei federal de normas gerais, ficará suspensa a eficácia da lei estadual
no que esta lhe for contrária.

Neste último ponto, é importante a advertência feita por Pedro Lenza, que
alerta “se tratar de suspensão da eficácia e não revogação”, com a
conseqüência de que, “caso a norma geral federal que suspendeu a eficácia da
norma geral estadual seja revogada por outra norma geral federal, que, por
seu turno, não contrarie a norma geral feita pelo Estado, esta última voltará a
produzir efeitos”37.

Conclui-se, por fim, que todos os entes federados (União, Estados, Municípios e
Distrito Federal) possuem competência para legislar, em maior ou menor grau,
sobre Direito Financeiro. Não poderia, aliás, ser diferente, já que, como visto, a
atividade financeira do Estado é essencial à consecução das finalidades de
qualquer destes entes, e, portanto, cada um deles necessita, dentro de suas
peculiaridades, de uma disciplina jurídica mais ou menos específica.

2.3 Veículos normativos do Direito Financeiro.

Os veículos normativos, como ensina Paulo de Barros Carvalho, são “normas


jurídicas que introduzam no ordenamento outras normas, gerais e abstratas,
gerais e concretas, individuais e abstratas ou individuais e concretas38”, ou
seja, os continentes que possuem por conteúdo as normas jurídicas. O Direito
36
As normas gerais de Direito Financeiro, assim, devem ser veiculadas por lei complementar, como é o
caso da lei complementar 101/2000 (lei de responsabilidade fiscal) e da lei 4.320/64 (lei geral de
orçamento), recepcionada pelo atual regime constitucional com status de lei complementar.
37
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11. ed. São Paulo: Método, 2007, pp.288.
38
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, pp.47-
48)

9
Financeiro, como parte do Direito Público e da disciplina da atividade básica da
Administração Pública, começa a ser disciplinado no Texto Constitucional,
passando pelas leis complementares de normas gerais, resoluções do Senado
Federal, leis ordinárias (as leis orçamentárias, p.ex.) e chegando aos veículos
normativos infralegais de regulamentação39, como regulamentos, instruções
normativas e portarias.

Traça-se, a seguir, o perfil fundamental dos principais veículos normativos do


Direito Financeiro.

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – O Texto Constitucional, como veículo normativo


que traz a estruturação fundamental dos entes estatais, prescreve tanto as
finalidades a estes atribuídas (artigos 21, 24 e 30, p.ex.), como a previsão de
“estruturas e meios para que estas entidades prestem tais atividades”40.

Diversos dispositivos constitucionais se relacionam, com maior ou menor


intensidade, à disciplina do Direito Financeiro, mas podemos identificar três
blocos que tratam mais diretamente do tema:

a. Disciplina das finanças públicas (artigos 163 a 169)  Traz as regras


fundamentais do Direito Financeiro, como o procedimento de elaboração e
conteúdo das leis orçamentárias.

b. Disciplina do Sistema Tributário Nacional (artigos 145 a 162)  Trata da


principal receita pública no moderno Estado Capitalista de Direito, o tributo,
objeto de estudo do Direito Tributário. Prevê ainda as regras de repartição de
receitas tributárias entre os entes federativos, disciplinando as chamadas
“transferências constitucionais tributárias”.

c. Disciplina constitucional do controle interno e externo do Poder Público


(artigos 70 a 75)  Fixa o regramento básico do funcionamento dos
mecanismos de controle público, que, em grande parte, exercem o controle
das Finanças Públicas, por intermédio do Poder Legislativo e dos Tribunais de
Contas.

2. LEI COMPLEMENTAR  Diploma legislativo com função precípua de expansão do


Texto Constitucional, tendo por “objetivo (conteúdo) a complementação da
Constituição, quer ajuntando-lhe normatividade, quer operacionalizando-lhe os
comandos41”. Materialmente, a lei complementar deve obrigatoriamente ser o
veículo normativo utilizado para o desdobramento de determinadas matérias,
por imposição constitucional (artigos 146, 161 e 163 da CF-88, p.ex.), sendo
controversa a sua superioridade hierárquica sobre a lei ordinária na disciplina
de outras questões além daquelas que lhe são expressamente reservadas pelo
Texto Constitucional42.

39
Paulo de Barros Carvalho os denomina veículos secundários, que possuem como característica uniforme
o fato de não apresentarem “por si só, a força vinculante que é capaz de alterar as estruturas do mundo
jurídico-positivo” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, pp.57).
40
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.88.
41
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 08. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2005, pp.102.

10
Formalmente, a lei complementar se caracteriza pela exigência de um quorum
privilegiado de votação para sua aprovação, que é da maioria absoluta dos
parlamentares (artigo 69 da CF-88), ao contrário da lei ordinária, aprovada por
simples maioria relativa dos presentes à sessão de votação.

Outro traço característico da lei complementar é que, na maior parte dos


casos, esta, não obstante processada no Congresso Nacional e editada pela
União, possui caráter nacional. Ter caráter nacional significa que determinadas
leis complementares, “expedidas pelo Congresso Nacional, valem para todo o
território nacional, alcançando todas as pessoas que nele estejam e que são de
cumprimento obrigatório pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e
Territórios43”.

Este caráter nacional se revela de modo mais claro quando a lei complementar
possui a função de veicular normas gerais sobre determinada disciplina
jurídica, ou seja, fixar o padrão uniforme dos principais institutos da matéria,
garantindo “uma mesma disciplina normativa, em termos conceituais, evitando
o caos e a desarmonia44”. É exatamente este o caso do Direito Financeiro,
tanto por se tratar de matéria sujeita à competência legislativa concorrente
(inciso I e parágrafo primeiro do artigo 23 da CF-88), quanto por específica
disposição constitucional (artigo 16345 e parágrafo nono do artigo 16546 da CF-
88).

As leis de normas gerais de Direito Financeiro, portanto, devem ser leis


complementares. As principais em matéria financeira são:

a. LEI FEDERAL 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964. É a “Lei geral de Orçamento


(LGO)”, que traz normas gerais de Direito Financeiro para “elaboração e
42
Alexandre de Moraes faz um compêndio das posições favoráveis e contrárias à superioridade
hierárquica da lei complementar sobre a lei ordinária ainda quando não existente reserva constitucional
de determinada matéria (MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação
constitucional. São Paulo: Atlas, 2002, pp.1170-1176). É importante lembrar, neste ponto, para fins de
concurso, que o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, expresso no julgamento da ADC 01/DF, de
01.02.1993, é que “só se exige lei complementar para as matérias para cuja disciplina a Constituição
expressamente faz tal exigência, e, se porventura a matéria, disciplinada por lei cujo processo legislativo
observado tenha sido o da lei complementar, não seja daquelas para que a Carta Magna exige essa
modalidade legislativa, os dispositivos que tratam dela se têm como dispositivos de lei ordinária”.
43
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: RT, 2006, pp.82-83.
44
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 08. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2005, pp.122.
45
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas
pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
46
§ 9º - Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano
plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como
condições para a instituição e funcionamento de fundos.

11
controle dos orçamentos e balanços”. Traça a disciplina fundamental dos
orçamentos, receitas, despesas e da execução orçamentária. Formalmente, é
lei ordinária, mas sofreu recepção com alteração de status material pelos
Textos Constitucionais subseqüentes à sua edição, sendo, no regime
constitucional de 1988, materialmente lei complementar.

b. LEI COMPLEMENTAR 101, DE 04 DE MAIO DE 2000, também chamada de “Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF)”. Fixa regras fundamentais para a
“responsabilidade na gestão fiscal”, como limites de despesas e a imposição
de uma série de requisitos para renúncias de receitas e realização de
operações de crédito. Diploma legal verdadeiramente revolucionário, que
busca “impor novo padrão de conduta fiscal aos gestores 47”, a LRF “configura
um sistema de planejamento, de execução orçamentária e de disciplina
fiscal48”, visando a estabilidade fiscal pelo equilíbrio receita-despesa e pela
contenção da dívida pública.

c. LEIS DE REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS. São as leis complementares que


fixam a disciplina geral das transferências constitucionais tributárias entre os
entes federativos (artigos 157 a 159 da CF-88), conforme prevê o artigo 161 da
CF-8849. Um exemplo é a lei complementar 91/97, que fixa, em seu artigo
primeiro, os critérios para participação dos municípios no fundo instituído pela
alínea b do inciso I do artigo 159 da CF-8850, elegendo como parâmetro o
número de habitantes do município.

Outro papel fundamental da lei complementar no Direito Financeiro é a fixação


do exercício financeiro a ser observado na organização das finanças públicas,
bem como, de modo correlato, os prazos de vigência das leis orçamentárias
(inciso I do parágrafo nono do artigo 165 da CF-88).

O exercício financeiro no Brasil hoje é disciplinado pelos artigos 34 e 35 da lei


4.320/64, a lei geral de orçamento. Coincide com o ano-calendário, indo de
01.º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, não obstante o artigo 34 da lei
4.320/64 defina impropriamente este período como ano civil. É importante,
como lembra Kiyoshi Harada, não confundir ano civil com ano-calendário, pois
ano civil, de acordo com o artigo primeiro da lei 810/49, é qualquer “período
corrido de 365 dias51”, seja qual for a data de início e/ou fim, enquanto que
47
FIGUEIREDO, Carlos Maurício; NÓBREGA, Marcos. Lei de Responsabilidade Fiscal. 04. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, pp.01.
48
PERIN, Jair José. A lei de responsabilidade fiscal. Revista Tributária e de Finanças Públicas, n.59.
São Paulo: RT, 2004, pp.134.
49
Art. 161. Cabe à lei complementar:
I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente sobre os
critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o equilíbrio sócio-
econômico entre Estados e entre Municípios;
III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação das
participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.
50
Art. 159. A União entregará:
I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre
produtos industrializados, quarenta e sete por cento na seguinte forma:
(...)
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios;
(...)
51
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004, 2007, pp.97.

12
ano-calendário é o ano civil que obrigatoriamente começa em 01.º de janeiro e
termina em 31 de dezembro.

ANO CIVIL  365 DIAS, QUALQUER DATA DE INÍCIO E/OU FIM.


ANO-CALENDÁRIO  ANO CIVIL (365 DIAS) INICIADO EM 01.º DE JANEIRO E
COM FIM EM 31 DE DEZEMBRO.
EXERCÍCIO FINANCEIRO  ANO-CALENDÁRIO (01.º/01-31/12)

A Lei Geral de Orçamento estabelece ainda que pertencem ao exercício as


despesas nele empenhadas e as receitas nele arrecadadas, ou seja, fixa para
as despesas o regime de competência (accrual basis) e para as receitas regime
de caixa (cash basis).

Observando-se também o artigo 164 da CF-8852, percebe-se que a definição


constitucional de “normas gerais de finanças públicas” (seção I do capítulo II
do Título VI) engloba, ao lado da disciplina jurídica da atividade financeira do
Estado, também questões de natureza monetária e ligadas ao mercado
financeiro.

Metodologicamente, não obstante a disciplina constitucional assim disponha, é


preciso distinguir o Direito Financeiro, que se refere à atividade financeira do
Estado, de Direito do Mercado Financeiro ou Direito Monetário. Lembra Souto
Maior Borges que “é errôneo, entretanto, atribuir-se a denominação Direito
Financeiro a matérias vinculadas com as finanças privadas, especialmente os
bancos, sociedades anônimas, consórcios internacionais etc.53”. Nosso objeto
de estudo, portanto, “relaciona-se exclusivamente com as finanças públicas54”.

3. RESOLUÇÕES DO SENADO FEDERAL  São muito importantes na disciplina da dívida


pública. O texto constitucional, nos incisos V a IX do artigo 52, fixa como
competência do Senado Federal, a ser exercitada por meio de resolução55:

a) Autorização aos entes federativos para realização de operação financeira


externa.

b) Fixação do montante global da dívida consolidada56 dos entes


federativos, a partir de proposta do Presidente da República.
52
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco central.
§ 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e
a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º - O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo
de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
53
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998,
pp.107.
54
Idem, pp.107.
55
Pedro Lenza registra que as matérias de competência privativa do Senado Federal, como no presente
caso, “são materializadas através de resoluções”, cuja elaboração está disciplinada no Regimento
Interno do Senado Federal. Após discussão na forma do regimento, a espécie normativa é aprovada por
maioria simples e promulgada pelo Presidente do Senado Federal, não havendo “manifestação
presidencial, sancionando ou vetando o projeto de resolução” (LENZA, Pedro. Direito Constitucional
Esquematizado. 11. ed. São Paulo: Método, 2007, pp.340; 435).

13
c) Fixação dos limites globais e condições para realização de operações de
crédito, externas ou internas, não só pelos entes federativos, mas pela
Administração Pública em geral (autarquias e demais entidades controladas
pelo Poder Público Federal).

d) Fixação de limites e condições para que a União preste garantia, em


operações de crédito externas ou internas, realizadas por terceiros.

e) Fixação de limites globais e condições da dívida mobiliária57 dos Estados,


Distrito Federal e Municípios (a dívida mobiliária da União tem o seu limite
fixado por lei federal, a partir de proposta enviada pelo Presidente da
República ao Congresso Nacional – inciso II do artigo 30 da LRF).

A justificativa para tal atribuição ao Senado Federal, exercendo competência


normativa própria, é o papel desta Casa Legislativa como representativa das
unidades federadas junto ao governo central. Sendo a dívida pública matéria
atinente a cada um dos entes federativos, afetando diretamente sua
autonomia, entendeu por bem a CF-88 deixar grande parte da sua disciplina a
cargo do Senado Federal, para lhes assegurar maior representatividade no
trato da questão.

Kyioshi Harada58 informa que, atualmente, as resoluções vigentes sobre o tema


são a resolução 23/96 (autorização de operações externas), a resolução 40/01
(limites e condições para a dívida consolidada) e a resolução 43/01 (limites e
condições para operações de crédito).

4. LEIS ORDINÁRIAS DE CADA ENTE FEDERATIVO  São as leis específicas sobre o tema,
como é o caso das próprias leis orçamentárias anuais, leis de diretrizes
orçamentárias e planos plurianuais.

2.4 Âmbito subjetivo de aplicação.

O âmbito subjetivo de aplicação do Direito Financeiro define quais são os


sujeitos de direito (pessoas físicas e jurídicas), que, no exercício de sua
atividade financeira, ficam submetidos ao seu regime59. É muito importante
delimitar este campo subjetivo de abrangência do Direito Financeiro, pois se
trata de definir quem sofrerá um controle mais rígido no trato dos recursos
pecuniários aos quais tem acesso, sendo exigida extrema responsabilidade e
probidade de todos aqueles que lidam com dinheiro público.

Exatamente em função desta necessidade de proteção aos recursos


pecuniários públicos, pode-se dizer que o Direito Financeiro se aplica a todos
aqueles que lidam com dinheiro público. Estão compreendidos aqui os entes

56
O conceito de dívida consolidada está no inciso I do artigo 29 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e
engloba toda a dívida contraída a longo prazo pelo ente público, além de algumas de curto prazo.
57
O conceito de dívida mobiliária está no inciso II do artigo 29 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e
compreende a dívida pública derivada da emissão de títulos.
58
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2007, pp.154.
59
É claro que não é só o Poder Público que realiza atividade financeira, em sentido lato. Uma empresa,
por exemplo, possui sua própria atividade financeira, ou seja, as suas receitas, os seus custos e despesas
e a ordenação destas; apenas, quanto às pessoas que lidam com dinheiro público, esta atividade
financeira possui regramento legal específico e rígido, que é o Direito Financeiro.

14
públicos em geral, as entidades da Administração Indireta e os terceiros em
colaboração com o Estado, de modo bem abrangente.

Vejamos, a seguir, a disciplina positiva prevista em relação a diversos pontos


do Direito Financeiro.

a) CONTROLE EXTERNO PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS  Os sujeitos submetidos ao


controle orçamentário e financeiro pelos Tribunais de Contas estão previstos
pelo parágrafo único do artigo 70 e pelos incisos II e V do artigo 71 da CF-88.
Sujeitam-se ao controle externo:

I. Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que, de


qualquer modo (utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre), lide com
dinheiro, bens e valores públicos ou de responsabilidade do Poder Público.

II. Qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que


assuma obrigação de natureza pecuniária em nome do Poder Público.

III. Administradores e demais responsáveis pelo dinheiro, bens e


valores públicos, na administração pública direta, indireta ou fundacional, bem
como nas sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público.

IV. Pessoas físicas ou jurídicas que derem causa à perda, extravio


ou outra irregularidade de que resulta prejuízo ao erário público.

V. Empresas supranacionais de cujo capital social a União


participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo.

Recentemente, a lei federal 11.107/2005 disciplinou a formação de consórcios


públicos pelos entes federativos para gestão associada de serviços públicos e
realização de objetivos de interesse comum. Estes consórcios, que adotam
forma de Direito Público ou de Direito Privado (parágrafo primeiro do artigo
primeiro da lei 11.107/2005), podem receber recursos dos entes consorciados
mediante contrato de rateio (artigo 08.º), bem como se submetem, na
execução de suas receitas e despesas, às normas de direito financeiro
aplicáveis às entidades públicas (artigo 09.º).

Os consórcios públicos, por conseqüência, estão sujeitos ao controle externo


exercido pelos Tribunais de Contas. A solução da questão relativa a qual
Tribunal de Contas irá exercitar este controle, já que tem-se aqui múltiplos
entes federativos envolvidos, é dada pelo parágrafo único do artigo nono da lei
11.107/2005.

Prescreve este dispositivo legal que o Tribunal de Contas competente é aquele


que tem competência para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo que
é representante legal do consórcio, na forma do inciso VIII do artigo quarto da
lei 11.107/2005. Esclarecem Odete Medauar e Gustavo Justino de Oliveira que
“mudando a representação legal do consórcio, também poderá ocorrer

15
alteração do Tribunal de Contas a que o consórcio deva encaminhar sua
prestação de contas60”.

Este controle específico sobre o consórcio, entretanto, não exclui o controle


externo dos entes consorciados em relação aos recursos que estes aportam
mediante contrato de rateio, a ser exercido, obviamente, pelos respectivos
Tribunais de Contas aos quais estão normalmente submetidos.

CONSÓRCIO PÚBLICO
FISCALIZAÇÃO DO CONSÓRCIO  TRIBUNAL DE CONTAS QUE FISCALIZA O CHEFE DO PODER
EXECUTIVO QUE REPRESENTA O CONSÓRCIO PÚBLICO.
FISCALIZAÇÃO DOS RECURSOS APORTADOS PELOS ENTES CONSORCIADOS 
TRIBUNAL DE CONTAS QUE FISCALIZA CADA UM DOS ENTES, DENTRO DO PROCEDIMENTO NORMAL DE
FISCALIZAÇÃO.

b) SUBMISSÃO ÀS REGRAS GERAIS DE GESTÃO ORÇAMENTÁRIA  LEI GERAL DE ORÇAMENTO 


ARTIGO 1º E 4º.

c) INCIDÊNCIA DAS REGRAS DE RESPONSABILIDADE NA GESTÃO FISCAL  LEI DE RESPONSABILIDADE


FISCAL  ARTIGO 1º, §§ 2º E 3º; ARTIGO 2º, INCISO III. QUESTÃO RELEVANTE NESTE ASPECTO É O
CONCEITO DE EMPRESA ESTATAL DEPENDENTE, O QUE MOSTRA QUE NEM TODA EMPRESA ESTATAL SE SUBMETE À
LRF (E, POR EXTENSÃO, À LGO), MAS APENAS AQUELAS COM SUBSISTÊNCIA ATRELADA AO REPASSE DE
RECURSOS PELO ENTE PÚBLICO CENTRAL.

1. Conceitos básicos:

• Estado: Tem soberania, o que lhe dá duas características: o Estado tem


poderes e deveres. Ele só tem poder para realizar determinadas coisas. O
Estado que exerce função é hoje, no Brasil, um Estado de Direito, isto é, é
uma organização ou órgão que tem poder, mas este poder é subordinado à
regras pré-determinadas. O Brasil é um Estado Constitucional de Direito, ou
seja, ele só age de acordo com o regramento jurídico, que deriva da própria
Constituição. O Estado presta diversas funções além das básicas
(legislativas, executivas e judiciárias), ele presta serviços de saúde,
educação, coleta de lixo, fiscalização (poder de polícia), fomenta atividade
econômica, etc.

• República: A idéia de que o Estado é coisa pública.

• Democracia: O Brasil também é uma democracia, devendo buscar o


maior grau possível de participação de todos na gestão da coisa pública.

• Administração Pública: conjunto de pessoas, órgãos e agentes que tem


o dever de realizar direta e imediatamente os fins constitucionalmente
atribuídos ao Estado.

60
MEDAUAR, Odete; OLIVEIRA, Gustavo Justino. Consórcios públicos: comentários à Lei 11.107/2005.
São Paulo: RT, 2006, pp.94.

16
• Recursos Econômicos: A economia analisa tudo o que tem valor, tudo o
que é avaliado e que tenha poder de troca ou valor referencial.

• Bens ou meios imediatos: são aqueles que efetivamente se precisa


para realizar sua finalidade, seu fim.

• Bens ou meios mediatos: são aqueles que se usa para adquirir os bens
ou meios imediatos. O meio mediato por excelência hoje, é a moeda.

• Diferença entre a ordem social e a ordem jurídica: plano fático e o


plano normativo. O plano fático se refere a uma análise física ou
sociológica do plano do ser (plano ôntico - como as coisas acontecem).
Plano normativo (do direito) surge na tentativa de regular, de impor
padrão a esse mundo do ser (o plano deôntico do dever ser); o que é feito
sob a ameaça de sanção.

• Atividade financeira do Estado: é o comportamento do Estado gerando


recursos públicos, alocando, arrecadando os mesmos.

• Direito Financeiro: é a disciplina jurídica da atividade financeira do


Estado, dizendo como este deverá gerir os recursos econômicos.

2. Atividade Financeira do Estado : O Direito Financeiro serve para


gerenciar a função do Estado. O homem é um sujeito de necessidades, precisa
sempre de algo, pois não é plenamente condicionado biologicamente. Sendo o
homem um sujeito de necessidades, possui três tipos básicos de necessidades:

• Necessidades Individuais: São aquelas que se referem ao individuo


isoladamente. Diz respeito tanto à satisfação quanto à realização. Ex:
Alimentação, vestuário, etc.
• Necessidades Comuns: São aquelas que até poderiam ser satisfeitas
de forma individual, porém para melhorar a satisfação o faz de modo
comum, que beneficia a todos. Poderiam ser individuais, mas são
resolvidas de modo coletivo. Ex: Canalização de água.

• Necessidades Coletivas: São aquelas necessidades relativas à


coletividade como um todo, aquelas onde é impossível fracionar, separar
a parcela de cada um. Ex: Meio ambiente que proporcione uma boa
condição de vida, Segurança Pública

As necessidades comuns e coletivas são aquelas que denominamos de


necessidades públicas. São as necessidades da coletividade e para a
coletividade. Regis de Oliveira diz que as necessidades públicas que
interessam ao direito são aquelas definidas em LEI, são as necessidades
públicas previamente fixadas pela legislação. São necessidades que são função
do Estado, porque as pessoas precisam destas necessidades.

Há no mundo moderno, uma enorme expansão das necessidades. Coisas que


antes não eram necessidades públicas passaram a ser. Tem-se assim uma
expansão tanto quantitativa quanto qualitativa das necessidades públicas.

17
Expansão Quantitativa – Significa que a demanda por aquelas necessidades
é maior porque há mais gente.

Expansão Qualitativa – surgem novas necessidades que antes não existiam.


Ex: Proteção ao meio ambiente.

Houve uma necessidade de estruturação e centralização da satisfação dessas


necessidades, resultando na criação do Estado. O Estado surge como o agente
de satisfação das necessidades públicas. O Estado como agente de satisfação
dessas necessidade públicas terá que realizar uma série de atuações, atos, que
podem ser tanto Positivas quanto Negativas. Essas atuações poder se dar
tanto por um ato de fazer (AÇÕES POSITIVAS. Ex: Construir presídios, gastar
dinheiro para colocar a polícia na rua), como por não fazer (AÇÕES
NEGATIVAS. Ex: garantia do direito da livre iniciativa econômica).

Para a satisfação dessas necessidades públicas, o Estado tem um custo, terá


que despender recursos.

Os MEIOS que o estado precisa para satisfazer as suas necessidades podem


ser:

● Meios imediatos ► São os bens que precisa para realizar os fins, podem ser
tanto materiais quanto imateriais.

● Meios Mediatos ►Moeda ou recurso pecuniário. A moeda (dinheiro) é o


meio mediato que o Estado obtém para realizar a sua finalidade que é o
meio imediato.

A atividade financeira do Estado é a gestão dos recursos financeiros. É a


atividade vinculada a obtenção de recursos (moeda) para a satisfação das
necessidades públicas.

2. Atividade Financeira do Estado: A Atividade Financeira é atuação estatal


voltada para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à
satisfação das necessidades públicas, ou seja, o bem comum. É a atividade que
envolve a criação, obtenção, gestão e dispêndio de recursos públicos. É a
atividade administrativa vinculada que envolve a criação, a obtenção, a gestão
e o dispêndio de recursos públicos.

2.1 Elementos do conceito:

• Atividade Administrativa: é ação, atuação, da administração pública


como atividade típica da administração pública. O regime jurídico
administrativo tem 3 elementos como fundamentos básicos:

a) Supremacia do Interesse Público: o interesse coletivo prevalece


sobre o individual.

18
b) indisponibilidade do Interesse Público: o gestor público não é
senhor, ele é administrador da coisa pública, deve agir não no interesse da
máquina administrativa, mas no interesse da coletividade.

c) Legalidade Qualificada: submissão da administração pública, dentre


outros, aos princípios: da Legalidade; Moralidade e da Finalidade Pública.

A atividade financeira do Estado consiste na atividade administrativa que


vai se ocupar da criação, obtenção, gestão dos recursos públicos.

• Atividade de criação de recursos públicos: é a atividade originária da


obtenção destes recursos, a RECEITA PÚBLICA – obtenção DIRETA de
recursos públicos através de um procedimento legal.

• Atividade de obtenção de recursos públicos: diz respeito àquela


atividade de como o estado obtém recursos para fazer face às suas despesas,
através da contratação de empréstimos – OPERAÇÕES DE CRÉDITO,
compreende a chamada DÍVIDA PÚBLICA. É atividade de endividamento do
Estado. Só é válida de acordo com as condições legalmente especificadas.

• Atividade administrativa de gestão dos recursos públicos: é a


atividade de gerir os gastos públicos, que envolve o estudo do ORÇAMENTO.
É o ato de decisão de como gastar os recursos públicos. A elaboração do
orçamento obedece ao que chamamos de Princípio Programático do
Orçamento, que vem da CF/88, é desdobrado pelo Plano Plurianual seguido
da Lei de Diretrizes Orçamentárias e pelo Orçamento Anual, que deve estar
perfeitamente amarrado dentro de um projeto de Estado e finalmente na
execução do Orçamento.

• Atividade de dispêndio de recursos: é o que se chama de DESPESA


PÙBLICA.

O controle dos gastos públicos é feito através de órgãos internos e


externos. O controle interno é feito através de órgãos de controles internos de
cada órgão público (Controladorias) e o controle externo é feito através dos
Tribunais de Contas, que controla, além do dinheiro do Estado, também o seu
patrimônio.

A atividade financeira é plenamente regulada por normas jurídica.

2.2 Atividade Financeira do Estado X Direito Financeiro

DIREITO FINANCEIRO é o regramento jurídico da atividade financeira do


Estado, é como a Lei determina que a atividade financeira do Estado deve ser
feita.

2.2.1 Competência do Direito Financeiro : Como o direito regula, controla


e fixa mecanismos para a realização da atividade financeira do Estado no
Brasil. Partindo do pressuposto que o Direito Financeiro se baseia em normas
editadas para regular a atividade financeira do Estado, é necessário saber

19
quem irá editar essas normas, ou seja, de onde deverão ser editadas as
normas que estabelecem essa disciplina jurídica da atividade financeira do
Estado, de que modo elas devem ser editadas, que conteúdo devem ter essas
normas, qual deve ser a forma adotada para veicular essas normas. Tem que
estar na Constituição? Tem que ser por lei complementar? Por lei ordinária?
Cada ente federativo regula suas finanças públicas do modo que melhor
entender?

Competência em matéria jurídica é outorga, concessão de poder à


determinada entidade dentro dos limites dessa outorga.

Pode ser:

• Legislativa ou normativa: é a competência que é conferida a determinado


ente para a edição de normas jurídicas sobre determinada matéria. Ex: a
Constituição diz que compete à União legislar sobre Direito do Trabalho. Se
um Estado ou Município editar uma norma trabalhista, essa é inconstitucional.
(Art. 22, CF/88).

• Material: competência para a prática de um ato, aquela que é outorgada a


um ente para realizar determinada atividade. Ex: Art. 21, CF/88 - Compete à
União assegurar a defesa Nacional.

A competência Material também pode ser:

• Exclusiva: Art. 21, CF/88. É de competência apenas da União.

• Comuns: aquelas que são exercitadas por todos os entes federativos de


um modo comum. Art. 23, CF/88.

A competência no Direito Financeiro é uma competência legislativa, ou seja,


está-se determinando quem tem competência para editar normas sobre Direito
Financeiro, quem tem competência para legislar sobre a disciplina jurídica da
atividade financeira do Estado.

Essa competência pode ainda ser:

• Privativa: são aquelas que em regra, prioritariamente, são exercidas por um


único ente federativo. (Art. 22, CF/88 - compete privativamente à União
legislar sobre: Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, serviço postal,
populações indígenas, seguridade social, registros públicos, sistemas de
poupança, atividades nucleares de qualquer natureza).

• Concorrentes: previstas no Art. 24, I, CF/88 - Compete à União, aos Estados


e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre...). A competência no
Direito Financeiro é concorrente.

• Suplementar: prevista em dois dispositivos, Art. 24 §§ 1ºa 4º, Art.30, II,


CF/88.

20
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.

Art. 30. Compete aos Municípios:


II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
É o poder legislativo “secundário”, vem “fechar os buracos”, cobrir as brechas
de uma legislação geral.

A competência suplementar vem junto com uma competência concorrente


(normas gerais por uma lei federal, e Estados, Municípios e Distrito Federal
suplementando no que sobrar) ou se tem a competência suplementar dos
Municípios para os assuntos de interesse local.

- Como funciona a competência concorrente:

• A União editará normas gerais de Direito financeiro.

• O que são normas gerais: fixação dos institutos padrões, principais, de


disciplina de Direito Financeiro. Garantir que a base, o Direito Financeiro, seja
uniforme em todo o país, seja para União, para os estados, para os
municípios. Visa garantir uma uniformidade dos institutos fundamentais.

- Competência para edição de normas gerais em Direito Financeiro:


Art. 24, I, exige que as normas gerais sejam editadas pela União, mas não diz
como. Analisando apenas o art. 24, I, a União poderia editar normas gerais por
lei ordinária, medida provisória, por qualquer instrumento normativo por força
de lei. No caso específico do Direito Financeiro, os Arts. 163 e 165, § 9º, CF/88,
exigem que as normas gerais de Direito Financeiro sejam editadas por lei
complementar.

- Como fica a competência em matéria de Direito Financeiro: Tem-se


uma lei complementar federal da União traçando as normas gerais de Direito
Financeiro e ao lado dessa disciplina geral, uniforme, têm-se normas
complementares, normas dos estados, Distrito Federal e municípios,
suplementando no que couber essas normas gerais, preenchendo os
‘’buracos’’, de acordo com as peculiaridades de cada um desses entes.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:

21
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.

• Não tendo a lei federal de normas gerais sobre, por exemplo, orçamento, o
estado vem e edita uma lei Estadual disciplinando como deve ser o
orçamento. Posteriormente à lei Estadual a União edita uma lei complementar
dizendo como deve ser o orçamento, de modo contrário a lei Estadual. Uma
lei Estadual só pode ser revogada por outra lei estadual. A lei federal nova
suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário, a lei estadual não
é revogada, continua existindo. Enquanto continuar existindo essa lei federal,
a lei estadual deixa de produzir efeitos, suspensa a sua eficácia. Caso a lei
federal seja revogada, a lei estadual volta a produzir efeitos, a ter eficácia
plena.

2.3 Fontes do Direito Financeiro (veículos normativos): Continentes que


trazem como conteúdo as normas jurídicas, instrumentos que trazem as
normas jurídicas.

• Constituição: Se a Constituição existe, principalmente, para estruturar o


Estado, é de se entender que dentro dessa estruturação do Estado deva estar
também a estruturação da atividade financeira (Disciplina das finanças
públicas - Art. 163 a 169, CF/88; sistema tributário Nacional - Art. 145 a 162,
CF/88; fiscalização orçamentária, contábil, patrimonial e financeira - Art . 70 a
75, CF/88).

• Leis Complementares:

Conceito material: instrumento de expansão do texto constitucional,


veiculo normativo que desdobra aspectos da Constituição, esmiuçando-a.

Conceito formal: sua aprovação por um quorum privilegiado (maioria


absoluta dos parlamentares), Art. 69 CF/88. Lei ordinária é por maioria
relativa.

A lei complementar tem que ser proposta como um projeto de lei


complementar. Se uma lei ordinária é votada e ganha por unanimidade, não
pode se tornar lei complementar. É uma espécie de ‘’ritual’’ legislativo.

Lei Complementar tem caráter Nacional: É uma lei editada pela união,
mas não é simplesmente uma lei federal, ela é uma lei nacional. A lei
federal é aquela que vale no âmbito da União, a lei nacional é aquela que
vale no âmbito do Estado Brasileiro, ou seja, a lei federal obriga a União
Federal e a administração pública federal. A lei nacional obriga as
administrações públicas federais, municipais, estaduais e distrital, ainda que
a lei seja editada pelo Congresso Nacional. Exemplo: a Lei de
Responsabilidade Fiscal é uma lei complementar editada pelo Congresso
Nacional, só que ela não cria normas de Responsabilidade Fiscal apenas
para a União, mas sim também para estados, municípios e Distrito Federal.
Nem toda lei complementar é nacional.

22
No Direito Financeiro a lei complementar tem a função de veicular as
normas gerais de Direito Financeiro.

Lei geral de Orçamento (LGO), Lei 4320/1964: Traz normas gerais para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços, também traz regras
relativas à elaboração do orçamento, regras relativas às despesas públicas,
mecanismos de identificação das fontes de despesas, fixação do exercício
financeiro, diversas previsões de natureza contábil. Traz a estrutura básica
da disciplina de Direito Financeiro.

As normas gerais de Direito Financeiro devem ser apresentadas por lei


complementar. A LGO é uma lei ordinária. Em 1964, quando foi editada a
Lei 4320, não se exigia lei complementar para tratar desse tema. Em
1967/1969 a CF passou a exigir que as normas gerais de Direito Financeiro
fossem tratadas por lei complementar. A CF de 1988 repetiu essa exigência.

Existe um instituto em Direito Constitucional denominado de recepção que é


aplicado quando um novo texto Constitucional entra em vigor e existia uma
ordem jurídica prévia à essa Constituição. Analisa-se a compatibilidade da
ordem jurídica prévia com o novo texto Constitucional, o que for adequado
fica, o que for inadequado sai. Na recepção a Constituição não revoga o
texto anterior, ela apenas não recepciona. Essa compatibilidade se dá em
dois níveis, tanto formal quanto material.

A Lei 4320/64, em tese, admitiria recepção material (materialmente em seu


total, salvo alguns dispositivos não aceitos, não traz dispositivos
incompatíveis). Do ponto de visto formal ela seria incompatível por ser lei
ordinária e a Constituição exigir lei complementar, só que no momento da
edição da lei 4320/64 não existia essa exigência, logo sua edição foi
formalmente válida. Isso autoriza ao novo texto constitucional efetuar a
recepção e adequar formalmente essa lei anterior à nova ordem
Constitucional, ou seja, ocorre a recepção com a alteração de status formal,
é formalmente lei ordinária, mas tem eficácia de lei complementar. A lei
4320/64 tem status de lei complementar desde 69.

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - Lei Complementar 101/2000:


Não é só uma mudança legislativa, mas uma mudança de paradigma no
controle de responsabilização da gestão pública. Foi um importante passo
para a responsabilização do gestor público. Traz normas gerais de Direito
Financeiro, fixando regras e focando, principalmente, para a
responsabilidade na gestão fiscal.

• Resoluções do Senado Federal: é um ato normativo com força de lei que


materializa, documenta, registra, o exercício da competência privativa do
Senado Federal. Todas as matérias que estão sujeitas a competência do
senado são exercitadas pelo senado pela edição de resoluções, atos
normativos, denominados de resoluções. Art. 52, V a IX, CF/88.

• Leis Ordinárias: São veículos por excelência de duas coisas (exercício da


competência suplementar em Direito Financeiro, ou seja, a União edita, por

23
lei complementar, as normas gerais e os demais entes federativos, por lei
ordinária, podem editar nas brechas que as normas gerais deixarem, irá
suplementar; as leis ordinárias servem para edição das leis orçamentárias).
Não se pode confundir lei do Direito Financeiro com leis orçamentárias. As
leis de Direito Financeiro são as que trazem normas gerais e abstratas sobre
a disciplina do Direito Financeiro e sobre elaboração orçamentária, ou seja,
como o orçamento deve ser, o que deve conter, que anexos deve trazer.
Leis orçamentárias são as que trazem o orçamento público (veiculado por
lei), são leis concretas. São leis específicas que veicula o orçamento para
aquele período, são leis com vigência determinada. Muito embora
formalmente sejam leis, não tem conteúdo típico de lei, tem conteúdo de
ato administrativo.

Não pode ser argüida por ADIN ou ADC. Cabe argüição de descumprimento
de preceito fundamental.

2.4 Fixação do Exercício Financeiro: Art. 165, 9º, I, CF/88. Fundamental


para os ciclos orçamentários (período que tem que fixar para organizar as
finanças públicas). É preciso que se tenha uma noção de ciclo, um período
dentro do qual funcione o ciclo orçamentário. Hoje o dispositivo de lei
complementar que fixa esse exercício é o Art. 34 da LGO, Lei 4320/64, diz
que o exercício financeiro coincidirá com o ano civil

Ano Civil: qualquer período de 365 dias.

O exercício financeiro no Brasil não é qualquer período de 365 dias. O ano


civil não traduz com fidelidade o que seja exercício financeiro, pois o exercício
financeiro não é qualquer período de 365 dias, mas sim o período de 365 dias
que começa em 1º de janeiro e acaba em 31 de dezembro, é um tipo
específico de ano civil, isso o Direito chama de ano calendário. Onde está
escrito no Art. 34 ano civil leia-se ano calendário.

2.5 Responsabilidade Fiscal:

O objetivo da atividade financeira do Estado é, justamente, munir o Estado dos


recursos necessários para a realização de suas necessidades. O Direito
Financeiro é a regulação jurídica da atividade financeira do Estado.

As finanças públicas até 1988 eram feitas sem previsibilidade, de forma


arbitrária. Gastava-se sem preocupação com o fluxo de arrecadação e das
despesas, nem com o equilíbrio receita x despesa. Era a irresponsabilidade
financeira na gestão fiscal.

A Constituição/88 direcionou a atividade financeira do Estado com uma série


de medidas que buscam implementar o comportamento do gestor, colocando
alguns freios na irresponsabilidade. Algumas emendas, também, foram feitas
firmando o controle e os limites. A Lei 101/2000 fixou, ainda mais, essa
responsabilidade, foi o elemento fundamental (Lei de Responsabilidade Fiscal).

24
Surge o equilíbrio na gestão fiscal e a necessidade de controle. Só se deve
gastar o que se pode arrecadar. Passa-se a ter mecanismos de acesso das
pessoas a essas finanças (transparência) e o controle sobre essa gestão.

A Lei de Responsabilidade Fiscal sofre 3 influências basilares:

1. A lei de responsabilização norte americana – o “accountability” e algumas


técnicas de controle de despesas como o “pay as you go” (pague enquanto
você anda) como medidas de compensação (se quer criar alguma despesa,
deve abrir mão de uma outra). No Brasil isso está no Art. 13 da LRF. Pode-se
citar as Controladorias como controle interno, o Tribunal de Contas e Judicial
como controle externo e, ainda, o controle popular. Outra herança é o regime
de “Sequestration” que é a limitação de empenhos ou contingenciamento de
despesas (adaptando as despesas previstas se o valor arrecadado foi menor
que o previsto, limitando as despesas porque o arrecadado foi abaixo do
esperado).

2. A legislação da comunidade européia – “a imposição de limites”. A LRF limita


os gastos a todos os entes federativos.

3. A legislação da Nova Zelândia, Ato de Responsabilidade Fiscal. A inspiração


no Brasil são os elementos de transparência fiscal. Não bastam regras que
controlam o equilíbrio, mas é preciso sejam fiscalizados pelo povo, seja por
publicação, por relatórios, on line (portal transparência), dando publicidade aos
custos.

Os três objetivos da responsabilidade fiscal são o equilíbrio das contas


públicas (equilíbrio receita x despesa,); a gestão responsável dos recursos
(limites legais e repercussões das conseqüências dos gastos da função);
mecanismos de transparência e controle (a possibilidade de se conhecer e de
se impugnar a tais recursos, seja pela Controladoria, pelo Tribunal de Contas
ou pelo Judiciário).

Estão submetidos às aplicações da Regras de Responsabilidade Fiscal, Art. 1º,


§§ 2º e 3º, LRF e Art. 2º, III, LRF, União, Estados, Municípios e Distrito Federal -
Poder Executivo, Legislativo (com Tribunais de Contas, que se comporta como
independente, mas legalmente é vinculado ao legislativo), Judiciário, Ministério
Público (embora alguns o considerem interligados ao executivo, assim como a
Defensoria Pública, outros o consideram como o quarto poder), os fundos, as
autarquias e fundações e as chamadas empresas estatais dependentes (são
pessoas jurídicas de Direito Privado, que estão sobre o controle do Estado,
podendo ser limitadas ou sociedades anônimas). Só as empresas estatais
dependentes são submetidas (Art. 2º, III, LRF) ao Estado, são aquelas que são
controladas pelo poder publico e recebem, por esse, recurso para custeio em
geral e pagamento de pessoal.

2.5.1 Mecanismos básicos que a lei de responsabilidade usufrui:

1. Estipulação de limitação de gastos: subsunção da receita para as despesas


de forma responsável.

25
2. Condição para geração de despesa com requisitos formalizados.

3. Adoção de Medidas de Contemplação: gastos dentro da realidade


econômica.

4. Rígido controle com os gastos com pessoal.

5. Mecanismos de Transparência.

3. Orçamento Público

3.1 Conceito: o orçamento público é o instrumento básico de gestão das


finanças públicas, na medida em que integra o planejamento das atividades a
serem executadas pelo Estado, as formas de obtenção dos recursos
necessários à execução dessas atividades e os meios pelos quais esses
recursos serão gastos. É uma lei de iniciativa do Poder Executivo (tem efeitos
concretos) e aprovada pelo Poder Legislativo, que descrimina a receita e fixa a
despesa da administração governamental

O orçamento público apóia-se no seguinte tripé:

• Receita Pública: representa o ingresso de recursos que entrarão para os


cofres públicos, servindo para financiar as atividades estatais.

• Despesa Pública: representa a aplicação desses recursos, ou seja, de que


forma o Estado irá gastar os recursos arrecadados, obtidos junto á
sociedade, quando estiver executando suas ações.

• Dívida Pública: representa os compromissos assumidos pelo Estado no


passado, perante a sociedade e que deverão ser, de alguma forma,
financiados pela obtenção de novos recursos no futuro.

3.2 Natureza: O orçamento é uma lei ordinária de efeito concreto, com prazo
de vigência determinado, estimando as receitas e fixando as despesas,
necessárias à execução da política governamental. Formalmente o orçamento
é uma lei ordinária, materialmente é um ato administrativo concreto e
específico.

Não se pode confundir leis do orçamento (ordinárias) com leis sobre o


orçamento (em geral complementares).

3.3 Função: a função do orçamento deve ser analisada em duas etapas. A


concepção clássica enxerga o orçamento como uma operacionalização das
finanças públicas. É uma peça neutra, não teria uma vinculação a um objetivo.
Na concepção moderna ele passa a ser instrumental, passa a ser parte do
programa de governo.

Desvios:

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• Superestimativa de receitas e contingenciamento de despesas (limitação
de empenho).

• Instituição de fundos (afetações de recursos para finalidades específicas,


fica mais difícil a fiscalização).

• Cauda Orçamentária : coloca-se matérias que não são do orçamento.

3.4 Princípios: fornecem os parâmetros do controle do orçamento. Devem ser


obrigatoriamente seguidos na elaboração do orçamento.

1. Princípio da Universalidade: Art.165 § 5º e Art. 167, II CF/88. Diz que


todas as receitas e todas as despesas devem ser incluídas no orçamento,
sem exceção. Também é decorrência desse princípio que os valores que
estão na lei orçamentária devem estar de forma bruta, sem deduções
(Lei 4320/64, Art. 6º).

Existem exceções a esse princípio: receitas orçamentárias ou posteriores


(Súmula 66 do STF); leis de créditos adicionais (possibilidade de realizar gastos
sem previsão, prevista nos Arts. 40 a 46, LGO).

2. Exclusividade: Art. 165 § 8º CF/88. Determina que a lei do orçamento


não deve conter matéria estranha à previsão da receita e a fixação da
despesa, evitando inclusão de assuntos não pertinentes. É exceção a
essa proibição, conforme a lei, a abertura de créditos suplementares e a
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita orçamentária (ARO), devendo estas exceções estar autorizadas
antecipadamente na LOA.

3. Unidade: sob perspectiva formal, o orçamento público está previsto em


apenas uma lei (não existe no Brasil). Sob a perspectiva da unidade por
área, no Brasil também não vale. A única perspectiva que vale para o
Brasil é o da orientação política. É sinônimo do princípio da programação.

4. Programação: Art. 165 §§ 2º ,4º ,7º e Art. 166, § 4º. As leis


orçamentárias são complementares entre si, ou seja, P.P.A. / L.D.O. /
L.O.A. são harmônicas e complementares. O orçamento em seu conteúdo
deve refletir uma programação, evidenciando de forma clara os
programas de cada órgão do setor público.

5. Legalidade: Art 167, V, VI, VII e IX CF/88. Toda atividade orçamentária


está prevista em lei.

6. Não-afetação ou da não-vinculação: Art. 167, IV CF/88. Exclusivo dos


impostos. A receita de impostos não pode ter prévia afetação a fundo,
órgão ou despesa. Só vale para os impostos e não para outras
contribuições. Este princípio, também, tem exceções que são a
repartição do produto da arrecadação dos impostos, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da

27
administração tributária e a prestação de garantias às operações de
crédito por antecipação de receita.

7. Publicidade ou Transparência: o conteúdo do orçamento deve ser


divulgado por veículos oficiais de comunicação para conhecimentos da
sociedade e para eficácia de sua validade. Envolve também as suas fases
de elaboração, discussão legislativa, execução e controle, utilizando
meios e linguagem que facilitem a participação da sociedade.

8. Anualidade ou Periodicidade: o orçamento deve ser fechado por


períodos. Só pode funcionar dentro de determinada periodicidade (ciclo
orçamentário - período de desenvolvimento de determinado orçamento).
No Brasil, o ciclo orçamentário mais importante (ciclo orçamentário de
execução) coincide com o exercício financeiro. Uma das leis
orçamentária (P.P.A.) não é anual, ela vale por 4 anos.

“ORÇAMENTO DEVERÁ FIXAR TODA DESPESA E PREVER TODA


RECEITAS E NÃO DEVERÁ FAZER NADA ALÉM DISTO.”

4. Processo Legislativo:

Processo Legislativo é um conjunto de atos interligados destinados a alcançar


um determinado fim. No caso, a edição das Leis Orçamentárias:

• Trâmite: não varia muito do trâmite do processo legislativo para edição das
Leis Ordinárias. Remetida á Casa Legislativa → passa pelas comissões →
destaques → emendas → plenário → rejeição ou aprovação → depois
encaminhado ao Presidente da República para sanção ou veto →
Promulgação → Publicação. Nos casos dos órgãos e entidades que possuem
autonomia orçamentária, como o Judiciário, Ministério Público, Defensoria
Pública, Tribunal de Contas, cada um destes órgãos elabora a sua proposta
orçamentária e remete ao chefe do Poder Executivo que vai consolidar em
um só Projeto de Lei. O chefe do Poder Executivo não poderá alterar as
propostas dos órgãos autônomos, salvo se estas forem contrárias à Lei, para
ajustá-las à Lei.

• Iniciativa: no processo legislativo da Lei Orçamentária a iniciativa é apenas


do chefe do Poder Executivo.

4.1 Comissão de Orçamento ou Comissão Parlamentar: são subdivisões


das casas legislativas que vão analisar questões específicas. Elas podem ser
temporárias (CPI´s) ou permanentes (existem durante toda a existência da
Casa Legislativa. No Congresso Nacional esta comissão é mista, composta por
deputados federais e senadores. Ex.: Comissão de Constituição e Justiça;
Comissão de Educação, Comissão de Orçamento, dentre outras). As Comissões
Permanentes de Orçamento existem em todas as esferas da Federação (União,
Estados e Municípios).

4.1.1 Atribuições básicas da Comissão de Orçamento:

1. Parecer prévio quanto às Leis Orçamentárias;

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2. A comissão não se ocupa apenas do processo de elaboração das Leis
Orçamentárias, é vinculada ao controle externo da Administração
Pública. Pode solicitar ao Tribunal de Contas que apure determinadas
situações, que julguem necessárias.
A cada 4 meses o gestor fazendário é obrigado a ir à Comissão de Orçamento
explicar como foi a gestão daquele período.

4.1.2 Emendas: Normalmente, todas as leis de iniciativa privativa do


Executivo não podem ser modificadas pelo Legislativo, ou aprova ou rejeita,
exceto nos casos das Leis Orçamentárias, para as quais cabem Emendas (Art.
63, I, CF/88).

As Emendas precisam obedecer a determinados requisitos previstos na CF/88


Art. 166, §§ 3º e 4º.

• Devem ser compatíveis com o P.P.A. e a L.D.O. → Princípio da Programação


do Orçamento que diz: que o PPA , a LDO e LOA precisam ser harmônicos
entre si, precisam apontar na mesma direção.

No caso de emendas do projeto da Lei Orçamentária, devem ser indicados


os recursos necessários, que vão suprir (naquelas emendas) as novas
despesas. Admitindo apenas os provenientes da Anulação de Outras
Despesas, ou seja, indicar de onde vai ser tirado o dinheiro para fazer face
àquela nova despesa. Ao criar uma nova despesa terá que compensar,
através da anulação de uma despesa já existente no projeto de orçamento
original.

Essa anulação de despesa não pode incluir as seguintes categorias de


despesas (vedação de anulação): despesas com pessoal e encargos
(contribuição previdenciária); serviços da dívida (dinheiro reservado no
Orçamento ao pagamento de juros da dívida pública); transferências
tributárias constitucionais (repartição das receitas tributárias entre a União,
estados e municípios).

• Emendas para correção de erros, omissões ou texto, emendas de caráter


formal. Os erros formais não mudam o conteúdo das leis Orçamentárias
(Art. 166, § 4º, CF/88).

4.2 Formas de Alterar o Orçamento: é possível a modificação do


Orçamento através de emendas (pelos parlamentares e ou comissão),
modificação (pelo próprio Executivo).

• Emendas: para que se possa emendar a LDO, deve-se verificar ao disposto


no Art. 166, § 4º, CF/88, que reza sobre a consonância entre o PPA, a LDO e a
LOA.

• Modificação do Projeto: Art. 166 § 5º, CF/88. O Executivo pode executar


dentro de um limite temporal, até antes do início de votação na Comissão

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Orçamentária da parte cuja alteração é proposta. Ainda que não tenha ido a
plenário, se já votou na comissão não pode mais alterar.

O Orçamento é votado através de destaques – em bloco.

• Orçamento Participativo: Idéia da aplicação da Democratização Direta no


Processo Legislativo Orçamentário. Consulta direta à sociedade organizada
quanto aos temas de seu interesse no projeto de orçamento. Ouvindo as
pessoas quanto à elaboração do orçamento (Lei 10.257/01 exige que os
orçamentos municipais devem ser apreciados pela população antes de levar à
votação as Leis Orçamentárias, através de audiências públicas, sessões e
debates).

4.2.1 Omissão:.

Omissão do envio do projeto: Se no prazo legal o Executivo não mandar o


projeto de orçamento, o Legislativo pode trabalhar em cima do projeto vigente
(do ano anterior), como se o Executivo tivesse enviado o mesmo projeto do
ano anterior (Art. 32, LGO, Lei 4320/64).

Omissão na Aprovação da lei:

1. Se o Orçamento não é votado até o final do exercício, é autorizado 1/12


do antigo orçamento, ou seja, repetiria o Orçamento do ano anterior em
cotas mensais. (A LDO pode prevê este sistema);

2. Considerar aprovado o projeto do orçamento como ele chegou ao


Legislativo (não tem base porque parte-se do principio de que não houve
nenhuma emenda. Não tem previsão Legal);

3. Não tendo Orçamento o Estado fica sem poder gastar. Configura-se a


situação de calamidade, podendo o Presidente da República, através de
Medida Provisória, abrir Créditos Extraordinários Em situações de
calamidade pública o Presidente da República pode abrir Créditos
Extraordinários através de Medida Provisória, os Governadores e
Prefeitos através de Decreto (Art. 166, CF/88).

4.3 Leis Orçamentárias:

São três as Leis Orçamentárias que buscam existir em equilíbrio e harmonia.

• PLANO PLURIANUAL (PPA)


• LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)
• LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

Essas Leis, em conjunto em uma interação programática desdobram as


funções e subfunções da programação orçamentária.

PPA: (Art. 165 § 1º, CF/88). Tem um traço diferencial das outras Leis
Orçamentárias, pois ele é quadrienal, coincidindo com o mandato eletivo.

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Sendo quadrienal, a proposta tem que ser remetida ao Legislativo até 31/08 do
primeiro ano de mandato do Executivo. A aprovação tem que ser até o final da
sessão Legislativa (22/12).

Função básica do PPA: fixar as diretrizes Gerais das políticas públicas.

O PPA é um Orçamento um pouco mais abstrato, faz a ligação entre os valores


orçamentários e as diretrizes gerais das receitas públicas. Trata das áreas em
que deve gastar os recursos públicos. É uma ponte entre a abstração daquilo
que o Estado deve fazer e os recursos do orçamento anual. Trata das funções e
subfunções dos gastos públicos. Fixa diretrizes mais amplas das políticas
públicas Deve trazer as diretrizes, objetivas e metas relativas à Despesas de
capital e Programas de Duração Continuada.

• DESPESAS DE CAPITAL – são aquelas relacionadas aos investimentos.


Algo não tão imediato (LDO). São projeções orçamentárias mais amplas,
macros, a longo prazo.

• DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS – quanto aos Programas de Duração


Continuada – São as linhas de ação que o Estado deve ter. Cada tipo de
atuação do Estado é um programa, um projeto.

• PROGRAMAS DE DURAÇÃO CONTINUADA – são programas que duram


mais que um exercício financeiro. (Art. 167 § 1º da CF/88). Caso o programa
dure mais que um exercício financeiro e não conste no PPA, deve ser
editada uma lei emendando o PPA, sob pena de crime de responsabilidade.

O PPA valerá do 2º ano de mandato até o 1º ano do outro mandato. (31/8).

LDO: é anual , tem o período igual à Lei de Orçamento – LOA. Na União, o


projeto da LDO deve ser feito até 15/04 e a sua aprovação até 31/07. Nos
Estados e Municípios este prazo pode variar em função das Constituições
Estaduais e das leis Orgânicas.

A função da LDO é trazer as diretrizes para o próprio orçamento. É um


parâmetro para a elaboração da LOA. Com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC
101/00), hoje, é mais correto afirmar que a LDO traz as diretrizes da atividade
financeira do Estado além das Diretrizes do Direito Financeiro como um todo.
Não se resume mais simplesmente, a trazer as diretrizes para a elaboração do
próprio orçamento. Traz, por exemplo, os critérios de formação da Reserva de
Contingência pelo ente Público, para se aparecer uma despesa extraordinária;
traz as regas de autorização para contratação de servidor público; traz os
anexos de estudos quanto às projeções orçamentárias. A Lei de Diretrizes
Orçamentárias tem inúmeras funções. Não é só,uma Lei de Diretrizes
Orçamentárias, além disto, ela é uma Lei de Diretrizes do próprio Direito
Financeiro como um todo.

A LDO de 2008 traz as metas para 2009. É uma Lei que se coloca sempre
pensando no próximo exercício, o próximo orçamento.

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Elementos essenciais da LDO (Art. 165, § 2º, CF/88): metas e prioridades para o
próximo exercício; orientação para a elaboração da próxima LOA; regras da
política de fomento econômica (atividade do Estado de estimular a economia).

Além destes dispositivos Constitucionais a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal)


(LC 101/00) estabelece uma série de regras para a LDO:

Art. 4º, LRF:


• regras de equilíbrio nas contas públicas;
• estabelece os critérios de Limitação de Empenho, a fim de manter o
equilíbrio entre a recita e despesa pública;
• regras para o controle dos Programas Públicos, levando em conta a
questão do custo benefício, tanto para se apurar quanto para constatar
se está valendo a pena ou não;
• requisitos para que se possa fazer a Transferência Voluntária de
Recursos, sem que seja decorrente de uma imposição da Lei;

Art. 5º, LRF:


• critérios para a formação da Reserva de Contingência (Capital de
Reserva).
• Índices de atualização da Dívida Mobiliária (resultante da emissão de
títulos)

Art. 14, LRF:


• A LDO deve trazer as condições para a renúncia de receitas.

Art. 16, LRF:


• A LDO deve trazer a definição do que são despesas irrelevantes.

LFR diz que a LDO deve trazer dois anexos que são estudos técnicos:

1 – AMF – Anexo de Metas Fiscais (Art. 4º, §§ 1º e 2º, LRF). O anexo de


metas vai trazer uma série de projeções dos gastos e receitas públicas, para
os (próximos) 3 anos anteriores e 2 anos seguintes, e fixar metas que
devem ser razoáveis. Uma espécie de Balanço, dá uma idéia de
Planejamento e Programação do Orçamento;
2- ARF – Anexo de Riscos Fiscais (Art. 4º, § 3º, LFR). Estudo de possíveis
despesas que poderão surgir e que gerarão impacto no curso do exercício
(Passivo Contingente – Não é certo, mas é possível). Serão avaliados os
Passivos Contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
informando as providências a serem tomadas caso se concretize.

LOA: periodicidade: anual. Envio do projeto até 31/08 e aprovação ou votação


até 22/12

Função básica da LOA é o Orçamento de execução. É aquela que,


efetivamente, chega no nível concreto. Traz a projeção das Receitas e fixação
das Despesas a serem executadas. Com base no orçamento é que se ganha e
se gasta.

32
Elementos essenciais da LOA

O Art. 165, § 5º, CF/88 diz que: Orçamento anual é dividido em três:

• Orçamento Fiscal: Fixa despesas e projeta receitas. É o Orçamento


propriamente dito. A Lei deve demonstrar sua compatibilidade com o
Anexo de Metas Fiscais, fixados no anexo da LDO, ou seja, o Orçamento
Fiscal, no caso de fixar aumento de despesa, deve prever medidas de
compensação (Art. 5º, I, LRF);

• Orçamento de Investimento nas Empresas Públicas: Orçamento


das Empresas Públicas nas quais os entes Federativos têm participação
com direito a voto. A parte do dinheiro que estes entes têm direito (Art.
165, § 5º, II, CF/88);

• Orçamento da Seguridade Social: Orçamento próprio, distinto para a


Seguridade (Art. 165, § 5º,III, CF/88).

Art. 5º, II, LRF: o Orçamento Fiscal deverá adotar medidas de compensação
necessária. Se a LDO traz os critérios para Reserva de Contingência, o
orçamento anual (LOA) fará a Reserva de Contingência prevista na LDO.

Art. 165, § 6º, CF/88: demonstrar em cada região o impacto que uma renúncia
de receita irá acarretar, mostrando em que irá beneficiar ou prejudicar cada
região, ou seja, em caso de renúncia de receita, deverá ser demonstrada a
forma como os recursos renunciados serão afetados nas respectivas despesas.

4.3.1 Formação do Orçamento:

PPA é o instrumento de planejamento. Quadrienal, traz metas e projetos de


longo prazo. Vai planejar como o Estado vai agir dentro das áreas de atuação
(legislativo, educação, saúde, agricultura, judiciário, etc.). Funções (segurança
pública).

LDO é o instrumento de ligação. Anual, traz as diretrizes da atividade


financeira. Áreas de atuação do Estado (segurança pública). Subfunções
(policiamento, defesa civil, informação e inteligência).

LOA é o instrumento de operacionalização. Anual, traz o orçamento de


execução (projeta receitas e fixa despesas). Programas (conjunto de
programas para os quais a lei orçamentária deve trazer recursos para
implementar). Projetos (tem duração determinada e serve para a
implementação ou o aperfeiçoamento de uma atuação estatal – obra pública,
programas de capacitação, reforma de uma escola). Atividades (é algo
contínuo e permanente, são as grandes linhas de ação do Estado – saúde,
educação, segurança), operações especiais (tudo que não é projeto e nem
atividade – precatórios, pagamentos de indenização). Qualquer programa que
dure mais de 1 ano tem que estar no PPA ou ser inserido por lei complementar.

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Essas leis orçamentárias obedecem ao princípio da programação ou princípio
da unidade programática. Devem guardar uma complementação mútua,
coerente e harmônica entre elas. Art 165, §4º, CF/88 traz, exatamente, a
necessidade da obediência ao princípio da programação.

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