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21/03/2016
O petismo e as Falácias
Argumentativas
Olá, tudo bem?
Talvez você já ouviu alguém dizendo (ou você já disse) coisas do tipo:
“Não entendo porque você critica tanto o PT. É como se no PSDB só tivesse
santo…”
ou
“Os grampos no Lula foram claramente ilegais. O famoso jurista XXX disse
isso claramente em uma entrevista na TV!”
Antes que alguém pergunte: sim, todos os exemplos que eu vou usar neste
artigo referem-se ao petismo. Poderia ter escolhido outro tipo de fanatismo,
mas o fato é que, no momento atual, a defesa cega do PT é um fenômeno
extremamente presente em todos os ambientes que nós convivemos.
Quero começar por esta pois este é o caso mais comum. Aqui o autor do
argumento quer rebater pessoas que criticam o PT, e ele embasa sua
argumentação no fato de que o PSDB não é formado por políticos 100%
honestos. Qual é a falha argumentativa aqui? Estamos diante da falácia da
Falsa Dicotomia, ou Falso Dilema. Esta falácia ocorre quando o interlocutor
procura reduzir uma situação complexa, que possui múltiplos caminhos e
soluções, a apenas duas possibilidades (neste caso, PT ou PSDB). Ora, o fato
de alguém criticar o PT não implica que esta pessoa defenda o PSDB. Não
exitem apenas “dois lados”, PT ou PSDB. Não significa também que esta
pessoa acredite que Eduardo Cunha é um político idôneo, ou qualquer coisa
do gênero. Reduzir a discussão a apenas duas opções é uma falha grave! Outra
frase comum é algo como:
Continuando, veja agora esta frase que eu li em um blog petista nos últimos
dias:
“Está vendo no que dá realizarem uma operação como essa Lava Jato? A
Petrobrás e as grandes empreiteiras do país já precisaram demitir milhares de
pessoas! Vá em Macaé e constate o quanto a economia da cidade foi abalada!”
Vamos prosseguir? Veja este argumento abaixo, que também costumo ler nas
redes sociais:
Veja ainda esta frase, outra coisa muito dita por aí:
“Não faz sentido você querer tirar o PT do poder. Você prefere que o nosso
país seja governado por um representante da elite capitalista neoliberal?”
Aqui estamos diante de uma coisa chamada Apelo Popular. Por quê “apelo”?
Porque este tipo de argumento busca apelar para a emoção das pessoas, pois
uma vez que a emoção nos domina é normal que o nosso senso crítico fique
prejudicado. Neste tipo específico (Apelo Popular), o autor busca usar termos
vagos (“elite capitalista neoliberal”), que não necessariamente se referem a
coisas ruins, mas que possuem conotação negativa para boa parte das pessoas
em nossa sociedade. Em uma análise mais racional, ser governado por alguém
da “elite” não é necessariamente ruim. O mesmo vale para a expressão
completa (“elite capitalista neoliberal”). O mero fato de um futuro líder ser
oriundo deste “grupo” não é ruim. E, mais do que isso, a maioria das pessoas
sequer consegue precisar o que seria um membro da “elite capitalista
neoliberal”. Mas o fato é que este termo “soa mal” para muita gente, e faz
com que as pessoas “comprem” a ideia de que não deve ser bom ser
governado por alguém da elite capitalista neoliberal – e, portanto, talvez seja
melhor deixar o governo como está mesmo.
“Os grampos no Lula foram claramente ilegais. O famoso jurista XXX disse
isso claramente em uma entrevista na TV!”
Veja que o autor do argumento pretende defender que as decisões do juiz são
equivocadas, mas ao invés de usar argumentos jurídicos para apoiar este ponto
de vista, ele prefere atacar a reputação do juiz, tentando reduzi-lo a apenas um
“juiz de primeira instância” e citando ainda uma informação sobre o pai dele,
novamente com objetivo de desvirtuar a discussão, fugindo do mérito…
Para finalizar, você já ouviu falar da Falácia do escocês de verdade? Para
compreendê-la bem, veja se você nunca presenciou um diálogo assim:
Você: ora, mas eu estava na manifestação e estou longe de ser “elite”, ganho
apenas um salário mínimo para sustentar toda minha família.
Petista: ah, mas você não é um verdadeiro representante das pessoas que
estavam nas ruas…
Vale dizer que este tema (“falácias argumentativas”) faz parte da Lógica de
Argumentação, mais precisamente do ramo da Argumentação Indutiva,
Raciocínio Crítico ou Raciocínio Analítico, tema cobrado nas últimas provas
do ICMS/SP, TCU e FUNPRESP! Sim, as falácias são úteis no dia-a-dia, mas
também têm sido cada vez mais presentes nas provas de concursos!