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Para a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, nos termos do art. 1º da Lei nº
8.884/94, foi criado o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC, formado pela Secretaria de
Defesa Econômica – SDE, pela Secretaria de Acompanhamento Econômico – Seae e pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica – Cade.
Dentro deste Sistema compete à SDE receber denúncias de suposta prática de infrações contra a ordem
econômica, nos termos do art. 14 da Lei nº 8.884/94.
O combate a cartéis passou a ser o foco do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência desde 2003 por ser a
conduta anticompetitiva que mais danos diretos traz ao consumidor. Atualmente, há aproximadamente 300
investigações de cartel em curso na SDE. A SDE, via Advocacia-Geral da União, vem obtendo autorização
judicial para conduzir operações de busca e apreensão para obter provas diretas em cartel. De 2003 a 2005,
foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, em 2006, 19 mandados foram cumpridos e em 2007, um
total de 84 mandados foram cumpridos.
No âmbito administrativo, empresa condenada pelo CADE por prática de cartel poderá pagar multa de 1 a 30%
de seu faturamento bruto no ano anterior ao início do processo administrativo que apurou a prática. Por sua vez,
os administradores da empresa direta ou indiretamente envolvidos com o ilícito podem ser condenados a pagar
uma multa entre 10 a 50% daquela aplicada à empresa. Outras penas acessórias podem ser impostas como,
por exemplo, a proibição de contratar com instituições financeiras oficiais e de parcelar débitos fiscais, bem
como de participar de licitações promovidas pela Administração Pública Federal, Estadual e Municipal por prazo
não inferior a cinco anos.
Cartel, além de ser um ilícito administrativo, é crime punível com pena de 2 a 5 anos de reclusão ou multa, nos
termos da Lei nº. 8.137/90. Para garantir que diretores e administradores sejam punidos criminalmente, a SDE
vem incrementando de forma significativa a cooperação com a Polícia Federal, Polícias Civis e Ministérios
Públicos Federal e Estaduais. Por exemplo, da cooperação resultante entre a SDE e o Ministério Público do
Estado de São Paulo, número significativo de indivíduos enfrentam ou enfrentaram processo penal por crime de
cartel. Em 2005, 2 pessoas foram temporariamente detidas por crime de cartel e em 2007 esse número chegou
a 30 indivíduos. Hoje há pelo menos 100 administradores no Brasil que enfrentam processos criminais por
prática de cartel. Em 2006 foi emitida a primeira sentença condenando três executivos por prática de cartel a
penas de reclusão que variaram de três e nove meses a cinco anos e três meses (a pena superou os cinco anos
previstos na Lei n. 8.137 porque foi aplicada agravante do Código Penal). Ainda, em 2007, foi emitido acórdão
do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenando sete executivos por prática de cartel a penas de
reclusão que variaram de dois anos a dois anos e seis meses.
Papel do Cade
O Cade é a última instância, na esfera administrativa, responsável pela decisão final sobre a matéria
concorrencial. Assim, após receber os pareceres das duas secretarias (Seae e SDE) o Cade tem a tarefa de
julgar os processos. O órgão desempenha, a princípio, três papéis:
2. Repressivo: Corresponde à análise das condutas anticoncorrenciais. Essas condutas estão previstas nos
artigos 20 e seguintes da Lei nº 8.884/94 e no Regimento Interno do Conselho aprovado pela Resolução 45 do
Cade, de forma mais detalhada e didática. Neste caso, cabe ao Cade reprimir práticas infrativas à ordem
econômica, como: cartéis, vendas casadas, preços predatórios, acordos de exclusividade, dentre outras.
3. Educativo: Está presente no artigo 7º, XVIII, da Lei nº 8.884/94. Para o cumprimento deste papel é essencial
a parceria com instituições, tais como universidades, institutos de pesquisa, associações e órgãos do governo.
O Cade desenvolve este papel através da realização de seminários, cursos, palestras, PinCade (Programa de
Intercâmbio do Cade), da edição da Revista de Direito da Concorrência, do Relatório Anual e de Cartilhas.
Horário de funcionamento
O Atendimento ao Público no Protocolo e na Secretaria Processual, para andamentos, pedidos de vista de
processos, protocolo e solicitação de cópias acontece de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Licitações
O processo de licitação do Cade é exposto ao público por meio do seu sítio na Internet. Para maiores
informações, acesse o link:
http://www.cade.gov.br/licitacao/licitacoes.asp
Taxas e Multas
Portaria Conjunta Cade/SDE/SEAE nº 26 de 22 de dezembro de 2004.
Disciplina a forma de recolhimento e rateio da Taxa Processual destinada ao Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e à Secretaria de Acompanhamento
Econômico do Ministério da Fazenda, em razão da apresentação de atos de concentração.
O CADE e a Justiça
O CADE foi criado em 1962 e assumiu a forma de autarquia, com suas feições e atribuições
atuais em 1994, com a Lei 8884. Constitui-se de um colegiado, com poderes decisórios,
integrado por seis Conselheiros e um Presidente. As decisões do CADE são o fecho de
processos que se iniciam na Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça,
onde começa a instrução, depois completada pela Secretaria de Acompanhamento
Econômico (SEAE), do Ministério da Fazenda. O conjunto desses três órgãos forma o
chamado Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC).
A defesa da concorrência é direito difuso (“a coletividade é a titular dos bens jurídicos
protegidos por esta Lei”, parágrafo único do artigo 1o. da Lei 8884/94), fundado no artigo
170, IV, da Constituição Federal de 1988. Em nome dele, o Estado, por suas autoridades
administrativas, interfere sobre a liberdade econômica privada de cidadãos e empresas. Faz
isso, seja fiscalizando condutas anticoncorrenciais ? cujo exemplo mais visível é o cartel?,
seja controlando as estruturas de mercado, visando impedir a formação de concentrações
econômicas dominantes.
A atuação não apenas do CADE, mas do SBDC, como não poderia deixar de ser, é pautada
pelo princípio da legalidade. A Lei 8884/94 e as normas regulamentares prevêem os
procedimentos, multas e sanções aplicados pelo Sistema.
A discussão, em Juízo, das decisões administrativas do CADE, não é alta nem significa que
seus processos sejam errados ou imperfeitos. Já é hora de nos acostumarmos com o fato de
que o recurso ao Poder Judiciário é um atributo inerente a qualquer democracia. Aliás, é um
dos três pilares da noção de Estado de Direito, ao lado dos direitos e garantias e do princípio
da legalidade. Os Estados que convivem com essa noção basilar têm fortalecida a cidadania
nas suas fronteiras.
Quanto ao conflito de competência com o Banco Central, o único processo judicial em que
isso foi discutido, ainda pendente de recurso, deu ganho parcial à impetrante, para
suspender a multa, embora reconhecendo, na mesma linha do Ministério Público, que “não
há motivo para privilegiar o setor financeiro, que necessita sim de um órgão autônomo e
imparcial para o seu controle e julgamento no que diz respeito ao abuso de poder
econômico. Note-se que o BACEN não tem atribuição nem estrutura para realizar
julgamentos sobre a matéria. A propósito, nos parece muito oportuno submeter as
operações envolvendo instituições financeiras ao CADE, já que, como órgão colegiado de
julgamento, sujeita-se menos às pressões externas e não é responsável por política
econômico-financeira).” (Mandado de segurança no. 2002.14981-0, 3a. Vara Cível da Justiça
Federal no DF, fls. 371).
Finalmente, alguns números falam por si sobre a legitimidade da atuação do CADE. Do total
das multas aplicadas em 2001, 71,4% foram pagos administrativamente (R$ 3.800.000,00).
Em 2002, 62% das multas foram pagas sem a mediação do Poder Judiciário (R$
5.400.000,00). Os valores dessas multas têm sido a principal fonte de recursos do Fundo de
Direitos Difusos, respondendo por 95% do total apurado pelo Fundo em 2001 (R$ 6 milhões
e 600 mil).