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Curso de Extensão

Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Unidade 1: Homeopatia
Curso de Extensão
Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Créditos

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desta publicação foi desenvolvido e aperfeiçoado pela equipe do Canal Minas

Saúde e especialistas do assunto indicados pela área demandante do curso.

Ficha Catalográfica

______________________________________________________________

MINAS GERAIS. Canal Minas Saúde. Secretaria de Estado de Saúde de

Minas Gerais. Curso de Extensão Introdução às Práticas Integrativas e

Complementares. Unidade 1: Homeopatia. Belo Horizonte, Minas Gerais,

março, 2013

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Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Apresentação

Olá! Este é o seu Material de Referência que contempla todo o

conteúdo do Curso de forma mais aprofundada. Nosso intuito é agregar mais

conhecimento à sua aprendizagem, por isso, leia-o com atenção!

Mas, antes de iniciar, conheça os objetivos de aprendizagem previstos

para esta Unidade. Boa leitura!

●● Conhecer os pressupostos básicos

do modelo homeopático e a

concepção homeopática do processo

de adoecimento humano;

●● Refletir sobre a relação entre

Homeopatia e Ciência;

●● Refletir sobre a eficácia terapêutica

através da apresentação de casos

clínicos.

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Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

Conceitos Básicos da Homeopatia

O que você pensa sobre a


Homeopatia?
Vamos entender um pouco
sobre ela?

Muitos buscam conhecer a homeopatia veterinária e farmácia sendo uma das


na intenção de acreditar ou não nela. habilitações da odontologia.
Mas não se trata de uma crença e sim O termo foi criado pelo médico Christian
de conhecer uma terapêutica baseada Friedrich Samuel Hahnemann, nascido em
num corpo de conhecimentos específicos Meissen (atualmente Alemanha) em 1755
com concepção própria e falecido em Paris em 1843,
sobre o adoecimento. Nesta a partir das palavras gregas
Unidade, vamos conhecer os Homoios e Pathos, significando
pressupostos básicos ao modelo “doença semelhante”. Tudo
homeopático, a concepção começou, em 1790, quando
homeopática do processo de Hahnemann fazia a tradução
adoecimento humano e sua de um livro do médico escocês
eficácia terapêutica, além Willian Cullen (1710-1790) sobre
de conceituar medicamento a China officinalis, popularmente
homeopático. Também faremos quina, planta que fornece o
uma reflexão sobre a relação quinino, princípio ativo contra
entre homeopatia e ciência. malária, que na época já era
utilizada empiricamente com esse objetivo
Homeopatia, método terapêutico sem, entretanto, conhecimento de seus
baseado no princípio conhecido como Lei componentes químicos e suas propriedades
dos Semelhantes, é um sistema médico farmacológicas. Cullen atribuía a ação da
complexo, de caráter holístico e vitalista planta contra a febre intermitente à sua
(NOVAES, 2003; PNPIC, 2006) e no Brasil suposta ação tônica sobre o estômago.
se constitui especialidade da medicina, Hahnemann, discordando dessa hipótese,
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resolveu experimentar em si mesmo a cada vez. Em 1796, Hahnemann publicou


quina observando o desenvolvimento de o primeiro artigo com suas descobertas
sintomas muito parecidos com os dos já trazendo esses quatro princípios
doentes (GUIMARÃES E CAVALCANTI, fundamentais:
2011). Lembrando-se dos ensinamentos ●● O uso da experimentação em
de Hipócrates , concluiu que a quina saudáveis para conhecer a ação das
podia curar a malária porque era capaz substâncias;
de suscitar em indivíduos saudáveis os ●● Aplicação da lei dos semelhantes
mesmos sintomas que a doença produzia como princípio terapêutico;
nos doentes (NOVAES, 2003). Após seis ●● Uso de um medicamento de cada vez;
anos experimentando as drogas usualmente ●● Doses dinamizadas.
utilizadas em sua época, Hahnemann passou
a prescrevê-las aos doentes de acordo
com a similitude de sintomas (CORREA
et al., 2006). Para diminuir as agravações
inicialmente observadas nos pacientes,
Leia mais sobre a história da
provocadas pelas drogas, Hahnemann homeopatia:
passou a diminuir as doses e o fez até o <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-
ponto em que precisou utilizar um solvente 59702006000100002>
para ministrá-las e obviamente agitava-as Procure conhecer a história desse
nesse solvente ao promover a sua diluição. médico genial que em contato com
Ele percebeu que esse processo de preparo a medicina de sua época, que não
de seus medicamentos fazia mais do que raramente causava mais mal que
diminuir a dose das drogas, agindo como bem, soube buscar novas bases
que potencializando seus efeitos e por isso terapêuticas através de observação
deu a esse processo farmacotécnico o nome cuidadosa e dedicação aos pacientes.
de dinamização, do grego dynamis que
significa força, potência (NOVAES, 2003).
Durante toda a sua longa vida, Hahnemann Portanto, a homeopatia se caracteriza
experimentou as substâncias em pessoas pelo uso da Lei dos semelhantes e de
saudáveis recolhendo os sintomas Medicamentos dinamizados. Isso a difere
desenvolvidos e assim nos legando vários de outras formas de tratamento como a
medicamentos homeopáticos. Sempre fitoterapia (uso de plantas medicinais) e
experimentava uma droga de cada vez para florais (uso de flores) que seguem outros
conhecer suas propriedades farmacológicas princípios. O medicamento homeopático
e por isso, coerentemente, ao tratar seus é preparado a partir de vegetais, animais,
doentes utilizava também uma droga de minerais, substâncias farmacêuticas,

1
Hipócrates (460 – 350 a.C.), médico grego já havia observado que há três maneiras de promover a cura das
doenças: pela ação da própria natureza, sem uso de drogas, através de bons hábitos de vida; através do uso
de drogas que promoviam sintomas contrários aos do doente, que é o que utilizamos ao usar, por exemplo, um
antitérmico; e por fim, utilizando drogas que tinham o poder de suscitar sintomas semelhantes aos do doente, que
é o princípio homeopático. 5
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biológicas ou de outra natureza, através de Há ainda a escala Cinquenta-milesimal


diluições sucessivas seguidas de agitações (LM) cuja proporção de diluição é de
(processo denominado de dinamização), 1:50.000. Altas diluições podem ser obtidas
que podem ser sucussões (para substâncias por meio de aparelhos específicos nos
líquidas) ou triturações (para os sólidos), Métodos de Fluxo Contínuo e Korsakoviano.
na proporção de 1 para 100 ou para 10 A forma de nomear os medicamentos traz
partes entre soluto e solvente conforme o as informações de como ele foi preparado.
Método Hahnemanniano. Essas proporções
determinam as escalas Centesimal e
Decimal.

dos medicamentos mais utilizados


da homeopatia: a Belladonna. Esse
Por exemplo, um medicamento medicamento é preparado a partir
preparado a partir da China officinalis, da planta Atropa belladonna L., que
tendo sofrido 6 dinamizações na é deixada em contato com uma
escala centesimal será denominado de solução hidroalcoólica para extrair
China 6CH (FHB, 2011). Dizem que o seus princípios ativos antes de iniciar
medicamento homeopático, por ser o processo de dinamização. A dose
muito diluído, se bem não fizer, mal máxima letal para administração de
também não faz. Isso não é verdade, pois uma única vez em adultos é de 1,5 mL
já vimos que somente as substâncias (30 gotas) da solução inicial (Tintura-
que têm a capacidade de provocar mãe -TM), 15 mL se o medicamento
sintomas em indivíduos saudáveis estiver na 1DH e 150 mL se estiver na
estão aptas a se tornarem medicamento 1CH. A dose máxima letal para doses
homeopático. Alguns pacientes podem fracionadas em 24 horas é de 5,0 mL
agravar ou apresentar novos sintomas. (100gotas) para a TM. Considerando
Essas reações podem significar cura ou que esse medicamento é muito utilizado
apenas a agravação do quadro. em crianças como antitérmico, pode-
Mas para deixar isso ainda mais se extrapolar o grau de sua toxicidade
claro, vejamos o exemplo de um nesses casos!

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Segundo a Farmacopeia Homeopática Brasileira, 3ª edição, medicamento homeopático é toda forma farmacêutica
de dispensação ministrada segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou
preventiva. É obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo.
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Etapas de preparo do medicamento homeopático: diluição do soluto no solvente,


agitação no sucussionador e impregnação de glóbulos:

O medicamento homeopático provoca também o papel dos micróbios na causalidade


uma “doença medicamentosa”, ou seja, das doenças infectocontagiosas, não era
retira o organismo de sua natural homeostase conhecido na época de Hahnemann, mas
e assim estimula reações orgânicas que ele percebeu que o organismo era regido
visam restabelecer a saúde. Dessa forma, por uma unidade (composta por corpo,
não é o medicamento homeopático que mente e consciência), que na saúde
promove a cura, sendo somente o estímulo preserva as funções orgânicas em equilíbrio
para que o próprio organismo busque, no harmônico e na perda dessa harmonia, o
retorno à homeostase perdida, a volta da indivíduo se torna doente agindo na doença
saúde. Raciocínio parecido é empregado buscando novo equilíbrio. Ele chamou essa
quando se utilizam as vacinas, preparadas propriedade de princípio, força ou energia
a partir de um agente capaz de produzir vital, que possibilitaria ao organismo o
determinada doença, devidamente diluído estabelecimento de reações aos variados
ou modificado, de modo que ele possa estímulos ambientais (CORREA et al.,
estimular as defesas orgânicas contra a 2006; HAHNEMANN, 2002). Esse conceito
doença em questão. é fundamental na concepção de saúde/
O conceito de homeostase, como doença na homeopatia.

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Além disso, a totalidade sintomática em maior liberdade para se viver a própria


e a unidade do ser3 são considerados vida com mais autonomia e realização e
ao contrário de sua fragmentação. O não somente melhora da queixa clínica.
paciente deve ser avaliado integralmente, Para os homeopatas, a enfermidade é a
em todos os seus aspectos, ou seja, no reação do organismo susceptível ao agente
biológico, psicológico e social, o que patógeno, de maneira peculiar e individual,
leva à individualização do tratamento que utilizando seus mecanismos defensivos
vê a doença como um dos aspectos do e sintomas manifestam esse processo de
ser e um sinal de seu padecimento. Para perda de equilíbrio dinâmico e funcional
uma mesma doença, os vários pacientes próprio do estado de saúde (NOVAES,
receberão medicamentos diferentes, de 2003). Considera-se que temos um terreno
acordo com sua individualidade. Por isso mórbido, ou seja, há uma sintomatologia
se diz que a homeopatia não trata doenças que antecede e acompanha o adoecimento
mas, doentes. Saúde e doença são vistas orgânico e que predispõe o organismo
como um processo complexo e dinâmico a adoecer de forma peculiar a cada ser.
em que interferem vários fatores numa Tratar apenas os sintomas orgânicos
multicausalidade, e a cura é a busca de desconsiderando o terreno é uma cura
um equilíbrio possível do indivíduo em momentânea, pois o indivíduo permanecerá
todas as suas dimensões o que se reflete suscetível de adoecimento.

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Unidade do ser vivo: todos os seres apresentam uma unidade entre suas dimensões biológicas, psicológicas e
sociais de modo que os eventos que acometem uma dessas dimensões repercutem nas demais.
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Dessa forma, valoriza-se a diagnósticos. Partindo do nosológico


sintomatologia do paciente, mas (da doença) e do etiológico (causa
também o contexto que a gerou. imediata da doença) - comuns a
Usando a foto ao lado, trata-se de qualquer médico - ele fará também:
ver a taça e também os rostos. biopatográfico (história pregressa de
doenças e sua evolução), individual
Para prescrever o medicamento (sintomas que individualizam o
que mais se assemelhar à totalidade e paciente), constitucional (constituição física)
individualidade do paciente, o médico e miasmático (avaliação do terreno mórbido
precisa conhecer todos os aspectos dele do paciente) até chegar ao medicamentoso
e é assim que a anamnese homeopática (escolher o medicamento que seja mais
torna-se detalhada, exigindo do médico semelhante à totalidade sintomática). Nessa
capacidade de bem ouvir para melhor etapa, é fundamental o conhecimento
selecionar o que deve ser curado, e do das doenças e suas manifestações como
paciente auto-observação para expor pressuposto para tratá-las e por isso o
aspectos importantes de seu modo de ser tratamento deve ser acompanhado por um
e viver. Isso acarreta uma relação médico- médico homeopata. Para um bom tratamento,
paciente qualificada sendo que a consulta o médico deve fazer também prognóstico,
leva o paciente a tomar contato consigo ou seja, antever o que se espera após o uso
mesmo o que não deixa de ter certo potencial do medicamento e acompanhar de perto a
de cura. O médico deverá fazer vários evolução intervindo sempre que necessário.

Alcances e Possibilidades da Homeopatia


que apresenta, da idade, ou de
outros condicionantes. Como a
homeopatia estimula o organismo
a uma reação curativa, nos
casos em que esse se encontra
debilitado ou impossibilitado de
reagir, não se pode esperar a
cura pela homeopatia, como por
exemplo, nos casos de diabetes
em que há total incapacidade
de produção de insulina pelo
pâncreas. Mas nos casos
A homeopatia pode ser utilizada para em que há alguma possibilidade dessa
qualquer doente, independente da doença produção, o medicamento homeopático
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atuará no sentido de estimular o organismo iniciou-se em 1994, está bem consolidado


a aumentar a produção levando a um ganho e conta com 17 médicos homeopatas na
de qualidade de vida ao paciente, que usará Atenção Primária. Como resultados objetivos
menor quantidade de medicamento ou pode-se apontar que a quantidade de exames
complementares e encaminhamento para
mesmo substituirá a insulina injetável por
especialistas é menor na clínica homeopática
hipoglicemiantes orais. A resposta orgânica
que na médica. Um pequeno caso clínico
do indivíduo ao estímulo medicamentoso publicado4 relata que uma senhora de
é individual e característica do paciente 94 anos, com Alzheimer, foi internada 6
e não da doença em questão ou do meses antes da consulta homeopática,
medicamento homeopático. Pacientes com por ter alucinação com ladrões; gritar por
órgãos lesionados perdem essa capacidade socorro; não querer comer por achar que
curativa e não são casos indicados à vão envenená-la; bater com a bengala para
homeopatia. As doenças funcionais e matar os ladrões; estar inquieta, levantar-se
e deitar-se continuamente; à noite levantar-
as crônicas, assim como os pacientes
se 20 vezes para urinar sem sucesso e urinar
poliqueixosos ou alérgicos, são altamente
dormindo. E não querer tomar remédios. Há 7
indicados ao tratamento homeopático, pois anos, sofre desmaios e convulsões. Intestino
têm pobres resultados com a medicina preso, funciona a cada 4 dias, gelada,
convencional e a homeopatia vai atuar chama os pais continuamente e não aceita
justamente na causalidade profunda dessas que já morreram. Quando contrariada, grita
doenças, atuando de forma psicossomática. chamando a polícia e constrangendo a família.
A homeopatia tem sido utilizada em bebês, Volta à consulta, 45 dias após uso diário de
crianças, adultos, animais de pequeno ou medicamento escolhido na dinamização
15 CH, com melhora substancial: não grita
grande porte.
mais, não chama a polícia, mais calma, não
Veja os relatos de alguns casos
reclama que querem matá-la, não chama
clínicos nas leituras complementares
os pais, sem desmaios e convulsões, mais
propostas.
aquecida, dorme melhor, intestino melhor. Do
No Sistema Único de Saúde – SUS há
relatado, podemos ver como a homeopatia
várias experiências de sucesso de tratamento
atua de forma integral nos sintomas trazendo
homeopático sendo um exemplo o PRHOAMA
melhor qualidade de vida, mesmo nos casos
– Programa de Homeopatia, Acupuntura e
em que a doença é incurável.
Medicina Antroposófica de Belo Horizonte que

4
Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/smsa/prohama/outono2008/boletim_outono.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2013.
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Homeopatia e Ciência
O homem sempre se perguntou o percepção está limitada aos seus sentidos e
que é o real, como acessar a realidade e intelecto e sua mente está presa ao tempo/
como explicá-la. Na Antiguidade, os mitos espaço. Apesar disso, Newton nos legou
cumpriam esse papel, depois, com o um universo desvendado, determinístico
surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, e mecânico, cuja promessa maior estaria
vieram as primeiras tentativas de explicação em resolver todas as questões relativas à
da Natureza. Na Idade Média, a Igreja natureza e ao universo. Entretanto, no campo
buscou explicações que davam sustentação da física em especial, algumas questões
ao Teocentrismo e associado a essa visão permaneciam sem respostas no paradigma
persistiu o modelo geocêntrico. A partir do newtoniano. Com o advento da Física
século XVI, esses sistemas de conhecimento, Quântica e da Teoria da Relatividade, foi
em especial o modelo geocêntrico, foram aberto um novo horizonte de possibilidades
questionados por Copérnico, Giordano para a compreensão do universo e do
Bruno e Galileu. O modelo cartesiano, homem. Trazendo o observador como
que foi desenvolvido a partir do século agente da realidade observada, mostra que
seguinte, foi tomado como o modelo para o objetivismo é apenas um dos aspectos
todo saber que envolvia, especialmente, a ser considerado pela ciência em seus
a fragmentação do conhecimento, a métodos. A dualidade onda/partícula da
separatividade, objetividade e o dualismo luz e dos elétrons nos coloca diante de um
sujeito-objeto. O empirismo constituiu- universo em que a realidade não é mais
se como um modo de conhecimento que feita de certezas, mas de probabilidades
validava exclusivamente a objetividade e o (OLIVEIRA, 2011; CHALMERS, 1993). E
que pode ser provado experimentalmente. assim caminha a ciência, ou seja, o percurso
Estava formado o modelo de ciência que do homem na tentativa de explicar a natureza,
tornou-se referência e com ele iniciou-se a os fatos e fenômenos que observa e o que
fragmentação do ser humano resultando, no é ou não é real. Se buscarmos conhecer
campo da medicina, na visão das partes e essa emocionante história, veremos que
das especialidades. os mesmos fatos receberam diferentes
explicações ao longo dos séculos, e todas
Esse racionalismo nos legou certezas elas foram consideradas, pelos cientistas
também absolutas, não religiosas, de cada época, como legítimas, embora
experimentais, numéricas e traçou métodos algumas jogassem totalmente por terra
capazes de dar conta do determinismo e as anteriores. Veremos também que cada
do objetivismo que imperavam então. No época, com suas limitações específicas,
século XVIII, Kant deixou claro que o homem esbarrou em fenômenos que não conseguia
nunca poderá acessar verdadeiramente o explicar. Algumas vezes, esses fenômenos
conhecimento da natureza, pois toda sua foram excluídos do campo da ciência e
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considerados metafísicos e sem sentido uma nova abordagem farmacológica que


prático. Mais adiante, essas questões consiga explicar o fenômeno observável de
abandonadas eram retomadas diante de sua ação. Essa é constatada em animais,
novos fatos e a partir de novas concepções bebês e plantas, que não estão submetidos
teóricas que davam sustentação àqueles ao efeito placebo nem aos benefícios de
fenômenos. A história da Física Quântica e uma excelente relação médico-paciente.
da Cosmologia são exemplos típicos de que Sendo assim, não basta deixar de lado esse
alguns fenômenos que embora ainda não fenômeno atribuindo-o somente ao efeito
tenham explicação tampouco devem ser placebo.
deixados de lado pela ciência. É o caso da
busca de conhecimento sobre a chamada Alguns acusam a homeopatia de não
“matéria escura” e “energia escura” do ser científica e assim tentam justificar o não
universo, fenômenos dos quais pouco se uso dessa terapêutica, a despeito do bem
sabe atualmente, sendo então um grande que pode trazer aos que dela se beneficiam.
desafio a ser esclarecido pelos cientistas do Antes de mais nada, há que se perguntar de
século XXI. qual ciência estamos falando. Sim, porque
não existe uma única ciência, mas várias.
A homeopatia não deixa de ser, no Pois ciência é um fazer humano que, como
seu campo específico de conhecimento, qualquer outro, parte de pressupostos (nem
um desafio para a ciência do século sempre científicos) e, embora tenha um
XXI. Primeiramente, constata-se que a discurso de validade universal e totalizante,
homeopatia é um fenômeno observável é determinado por contextos (inclusive
e reproduzível, pois caso não o fosse mercadológicos, econômicos, culturais e
já teria sido abandonada como prática políticos) e paradigmas limitantes. Para
médica nesses seus duzentos anos de PELIZZOLI (2011), a ciência verdadeira seria
existência. Entretanto, o que se observa é aquela “que está aberta aos vários modos de
seu uso cada vez maior por profissionais validação, métodos e formas de abordagem
e pacientes, incluindo nesses também do conhecimento da chamada realidade e
os animais e as plantas. Cabe à ciência alteridade, e ao que esta realidade em sua
desvendar seus mistérios e explicar seus alteridade impõe dentro e além do recorte
fenômenos. Para isso, deverá desenvolver reduzido pelo pesquisador ou por uma teoria
métodos adequados ao fenômeno e não dentro de um paradigma”. Nos últimos anos,
querer enquadrar o fenômeno nos métodos tem crescido significativamente o número
clássicos e tradicionais. No caso da física de dissertações e teses, especialmente
subatômica, por exemplo, os métodos e na área veterinária e agronômica e muitos
modelos tradicionais da física clássica artigos têm sido publicados sobre a ação
eram incapazes de explicar determinados dos medicamentos homeopáticos. Muitos
fenômenos. Foi necessária uma mudança estudos têm sido realizados sobre a natureza
paradigmática, no caso a Física Quântica, da água como solvente e sua capacidade
para esse conhecimento evoluir. O estudo de sofrer influências do meio externo seja
do medicamento homeopático requer através de radiações, temperatura ou de
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Introdução às Práticas Integrativas e Complementares

solutos infinitamente diluídos. Espera-se


que os cientistas e as academias de ciência
aceitem, cada vez mais, o desafio e passem
a incluir os fenômenos homeopáticos em
suas linhas de pesquisa. Para conhecer mais a respeito, visite
o site da CAPES (em especial o Banco de
Teses disponível em: <http://www.capes.
gov.br/servicos/banco-de-teses>), o site
do Groupe International de Recherche
sur l’Infinitesimal – GIRI (International
Research Group on Very Low Dose
and High Dilution Effects – disponível
em: <http://www.giriweb.com/>) ou os
periódicos Homeopathy (disponíveis em
<http://www.sciencedirect.com/science/
journal/14754916/102>) e International
Journal of High Dilution Research
(disponível em: <http://www.feg.unesp.
br/~ojs/index.php/ijhdr/issue/archive>)

Conteudista
Thaís Corrêa de Novaes

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Referências Bibliográficas
CHALMERS, A.F. O que é ciência afinal?. Tradução Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense,
1993.

CORREA, A.D. et al. Similia Similibus Curentur: revisitando aspectos históricos da


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PELIZZOLI, M.L. Saúde: entre Ciência, Doença e Mercado: Reflexões epistemológico-críticas.


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