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CONDUTAS DO INCA/MS / INCA/MS – PROCEDURES

Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas*


Cancer palliative care in oncology symptom control

INTRODUÇÃO ESCALA DE CAPACIDADE


FUNCIONAL
O otimismo sobre o controle das doenças
não parece ser fiel, visto o crescente de doenças Tabela 1. Performance status (PS)
crônicas que temos vivenciado, talvez em
Escala de Zubrod (ECOG) Escala de Karnofsky (%)
muito devido ao envelhecimento da PS 0 - Atividade normal 100 - nenhuma queixa: ausência de
população. evidência da doença
90 - capaz de levar vida normal; sinais
Cientes de nossa limitação como menores ou sintoma da doença
PS 1 - Sintomas da doença, mas deambula 80 - alguns sinais ou sintomas da doença
profissionais da saúde, devemos deixar de e leva seu dia a dia normal com o esforço
70 - capaz de cuidar de si mesmo; incapaz
pensar a finitude ou a doença crônica como de levar suas atividades normais ou exercer
um fracasso da medicina, visto ser o alívio trabalho ativo
PS 2 - Fora do leito mais de 50% do tempo 60 - necessita de assistência ocasional,
da dor e do sofrimento uma das metas da mas ainda é capaz de prover a maioria
de suas atividades
medicina. 50 - requer assistência considerável e
cuidados médicos freqüentes
A finitude digna pode ser definida como PS 3 - No leito mais de 50% do tempo, carente 40 - incapaz; requer cuidados especiais e
aquela sem dor e com sofrimento minimizado de cuidados mais intensivos assistência
30 - muito incapaz; indicada hospitalização,
mediante os cuidados paliativos adequados, apesar da morte não ser iminente
PS 4 - Preso ao leito 20 - muito debilitado; hospitalização necessária;
onde cabe equilibrar as necessidades do necessitando de tratamento de apoio ativo
10 - moribundo, processos letais progredindo
paciente e a integridade médica. rapidamente
Nesta habilidade pressuposta da medicina
estão inclusos os cuidados paliativos. Obs.: otimizar e revisar sempre a
Cuidados totais prestados ao paciente e à sua medicação prescrita. Avaliar o benefício
família, os quais se iniciam quando a almejado.
terapêutica específica curativa deixa de ser o
objetivo. PRINCIPAIS SINTOMAS E
A terapêutica paliativa é voltada ao controle
MEDIDAS TERAPÊUTICAS
sintomático e preservação da qualidade de vida
para o paciente, sem função curativa, de
prolongamento ou de abreviação da sobrevida.
AGITAÇÃO PSICOMOTORA / CONFUSÃO MENTAL
A empatia, bom humor e compreensão são Estado confusional resultante da queda da
integrantes fundamentais da terapêutica. A função mental em curto espaço de tempo.
abordagem é multidisciplinar, contando com Pode ser caracterizado por distúrbio da
médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes consciência, alteração da cognição ou ter
sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e etiologia orgânica.
voluntários. · Evitar opiáceos;
Certamente o fracasso na remissão de · Observar corticoterapia (Tabela 2). O
sintomas ocorrem, em muitas vezes, pela não corticóide geralmente favorece uma sensação
abordagem do paciente como um todo, de bem estar, porém pode causar insônia,
envolvido em seu contexto social. psicose, agitação e depressão. Não tem estes
Acompanhamos a evolução clínica através efeitos dependentes da dose, porém é mais
da escala de capacidade funcional perfomance comum quando o uso é crônico e em dose
status (Tabela 1), o que nos permite definir as alta, tendo ocorrido alteração abrupta da
condutas a seguir relacionadas. dosagem;

* Esta é uma edição atualizada e ampliada do Controle de sintomas e cuidados paliativos de criança: condutas do INCA.
Publicada na Revista Brasileira de Cancerologia 2000;v.46,n.2,p.137-45; e do Controle de sintomas do câncer avançado em
adulto: normas e recomendações do INCA/MS. Publicada na Revista Brasileira de Cancerologia 2000;v.46,n.3,p.243-56,
coordenada pela Doutora Claudia Burlá.

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· Buscar causas desencadeantes, geralmente hiperglicemia. Além do controle específico
multifatorial: para diabetes, uma hidratação adequada deve
- hemorragia, metástase cerebral, interação ser observada de forma criteriosa;
de medicamentos, infecção, alterações · Dor: o corticóide aumenta a osteoporose.
metabólicas e nutricionais (hipoglicemia, Sua contribuição para o aumento da do óssea
hipercalcemia, hipocalemia, hiponatremia), metastática é incerta, mas sabe-se que podem
impactação fecal, retenção urinária, induzir a necrose asséptica da cabeça do
hipoxemia, dor, hospitalização, doença e idade fêmur, além de mialgias a artralgias quando
avançadas. da redução da dosagem;
· Queimação perineal: só ocorre quando
Conduta: fazemos infusão rápida de dexametasona, em
· Corrigir alterações desencadeantes na dose de 20 a 100 mg. Este sintoma é de caráter
medida do possível; transitório;
· Avaliar e suspender drogas possíveis e reduzir · Pseudoreumatismo: síndrome álgica que
as que não podem ser suspensas. Se em uso afeta músculos e articulações, associada a
de opióide, promover rodízio do mesmo; se redução rápida ou lenta de corticóides, após
com suspensão abrupta do corticóide, retornar períodos longos ou curtos de tratamento. Seu
à dose prévia; tratamento consiste em retornar a dose mais
· Proceder orientação do paciente e cuidador elevada do que estava sendo usada, seguido
e tranqüilizar o ambiente. Prevenir acidentes. de uma lenta retirada;
· Pacientes de risco: os que recebem o
Medicações: equivalente a 20 mg/dia ou menos de
· haldol - casos leves: 1mg 3x dia VO; prednisolona tem baixo risco de desenvolver
· casos severos - 2,5 a 5mg SC ou IM ou 1 a as complicações descritas. A miopatia ocorre
10 mg; mais freqüentemente com o uso da
· diluídos em 10ml ABD IV até 3x dia; dexametasona, betametasona e triamcinolona.
· clorpromazina 25 a 75mg/dia; Assim, pacientes que necessitam de
· midazolam até 30mg/dia (infusão EV ou SC tratamento a longo prazo devemos dar
em casos graves); preferência a prednisolona, reduzindo a dose
· dexametasona - 16 a 36mg /dia VO (se com o mais breve possível. O uso em dias alternos
metástase cerebral). também reduz a incidência de efeitos
adversos.
CORTICÓIDE / EFEITOS ADVERSOS
· Neuropsiquiátricos: alucinações, paranóia, Tabela 2. Equivalência de doses
delírio, depressão e ansiedade; Cortisona 25mg Triancinolona 4mg
· Úlcera péptica: o risco aumenta na Hidrocortisona 20mg Fluocortolona 5mg
associação com anta inflamatórios não Prednisona 5mg Metilenoprednisolona 6mg
hormonais; Prednisolona 5mg Parametasona 2mg
Metilprednisolona 4mg Betametasona 0,75mg
· Miopatia: uso crônico pode levar a miopatia Dexametasona 0,75mg
proximal, especialmente nas pernas.
Eventualmente podem afetar a musculatura
respiratória; ALTERAÇÕES DA MUCOSA ORAL
· Hiperglicemia: o aumento da glicemia se Comum após radio e quimioterapia.
dá por aumentar a resistência à insulina e por Acarreta perda da ingestão oral, aumenta
afetar o transporte muscular de glicose não doença periodontal, causa desconforto social
insulino dependente. Paciente com diabetes e predispõe a infeções.
induzido por uso de corticóides aumentam Ocorre devido a debilidade orgânica,
muito o risco de desenvolver comorbidades, diminuição da ingesta oral, uso de drogas,
como infeções, e agravar seu estado com um ansiedade, respiração oral e tumoração local.
quadro severo de hiperglicemia. O
acompanhamento regular de pacientes de Conduta:
risco deve reduzir as complicações por · Aumentar ingesta hídrica;

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· Manter a boca sempre úmida; - 0,5mg/Kg/dose IM ou IV em 30 minutos


· Higiene bucal com escovação de dentes e ou a cada 8-12 horas VO.
língua. Usar colutório freqüentes;
· Evitar alimentos ácidos; ANOREXIA
· Evitar jejum prolongado; Perda do apetite é o 2º sintoma mais
· Controle da dor. comum em pacientes com câncer avançado,
presente em 65% - 85% dos casos.
Medicações: Estudos demonstram que o apetite e a
· Úlcera infectada - metronidazol 250mg 8/ habilidade de comer são mais importantes do
8h VO mucosite - nistatina 5 a 10ml com que a força física e habilidade de trabalhar.
(Padilla, 1986).
5ml de lidocaína gel em 10 ml de água (diluir,
Apetite e ingesta alimentar são fatores
bochechar e engolir 4 x dia);
importantes na qualidade de vida para o
· Candidíase - nistatina 3 conta-gotas 4 a 5 x
paciente.
dia VT ou fluconazol 150 mg dose única VO;
· Descartar candidíase oral, dor, impactação
· Herpes Zoster e Simples - acyclovir 200 mg
fecal, náuseas, uso de fármacos e
5 x dia por 5 dias; estomatite aftosa - hipercalcemia.
corticóide tópico.
Conduta:
DESCONFORTO BUCAL NA CRIANÇA · Permitir a ingestão em pequenas quantidades
Candidíase bucal, úlceras aftosas, herpes e a intervalos regulares de alimentos de seu
e outras infecções acometem a criança agrado. Incentivar as refeições junto à família.
submetida a tratamento oncológico, e sob
cuidados paliativos na fase avançada da Medicação:
doença, provocando desconforto bucal. · dexametasona 6mg/dia ou prednisona 5 a
15mg/dia - ação por curto prazo (cerca de 1
Tratamento: mês);
· Higiene bucal com solução bicarbonatada a · metoclopramida 10mg VO antes das
1%; refeições (favorece o esvaziamento gástrico)
· Solução de xilocaína viscosa a 2% diluída megestrol 160mg/dia.
em água. Não ultrapassar 3mg/Kg/dose e não
repetir antes de 2 horas; Anorexia é normal nos últimos dias de
· Morfina em infusão endovenosa contínua vida e é necessário que a família do paciente
pode ser utilizada em caso de dor forte,em aceite essa limitação.
dose baixa;
· Morfina 0,03mg/Kg/h - IV. ORIENTAÇÃO DE ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA
A alimentação é orientada após avaliação
AGRESSIVIDADE NA CRIANÇA do estado nutricional e das condições clínicas
Pode ser de intensidade variada e muitas do paciente. Com o objetivo de evitar
vezes é decorrente de alterações metabólicas broncoaspiração, deve ser oferecida
e neurodegenerativas. Deve-se atentar para o posicionando-se o paciente em 30 graus, com
risco de auto-agressão e de agressão a o pescoço flexionado para frente. Em casos
terceiros, e também para o impacto que causa de distúrbios da deglutição, pode ser utilizada
aos familiares. sonda naso-enteral, sendo a gastrostomia
outra opção para casos selecionados.
Conduta: Em pacientes terminais, a alimentação
· Suporte emocional para a criança e seus está indicada para todos que tenham fome e
familiares e cuidadores; algum grau de consciência. Pacientes
· Haloperidol 0,25mg duas vezes ao dia, comatosos, em geral, não requerem
podendo aumentar até 5mg; alimentação. Entretanto, mesmo sabendo que
· Prometazina para prevenir os efeitos a criança não sente fome ou do real perigo de
colaterais decorrentes do uso do haloperidol pneumonite por aspiração, os pais ou

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responsáveis podem querer alimentar a xilocaína a 1 ou 2 % sem adrenalina;
criança, o que deve ser considerado e agulha 40x 12; 25x 8 e 13x 4,5;
discutido. seringa de 10ml;
A anorexia pode derivar de desconforto esparadrapo;
bucal, náuseas, dificuldade de deglutir, gorro e máscara.
constipação, dor, doença avançada,
depressão, uso de fármacos ou disfunção · Técnica:
neurológica irreversível. Se possível, deve-se paciente em decúbito dorsal;
tratar a causa. local de punção mais seguro: quadrante
· Aconselhar aos pais oferecer à criança inferior esquerdo;
pequenas quantidades dos alimentos preparar a pele com anti-séptico;
preferidos, independentemente dos valores usar luvas estéreis;
nutricionais. anestesiar a pele e os tecidos mais
· Metoclopramida 0,1a 0,2mg/Kg, pode ser profundos;
utilizada em alguns casos, antes das refeições aplicar o cateter perpendicularmente a
para melhorar a motilidade gástrica. Dose parede abdominal, percebendo
máxima de 0,8mg/Kg/24 horas. a passagem para cavidade peritoneal;
retirar a agulha mantendo fixo o cateter;
ASCITE conectar o cateter ao equipo e este ao
Efusão líquida ou quilosa na cavidade peri-
coletor (que deve ser fixado abaixo do
toneal. Acarreta desconforto abdominal,
nível de punção);
aumento do volume abdominal, ortopnéia,
após drenagem desejada, retirar o cateter
náuseas e vômitos.
e proceder ao curativo.
Consideramos ascite pequena /média a
que necessita drenagem a cada 15 dias ou
Obs.: descrever no prontuário o volume
mais; e ascite volumosa: é a que necessita
e o aspecto do líquido retirado.
drenagem com intervalo menor do que 15
dias.
· Terapêutica: clínica sugerida pelo serviço.
Ascite pequena/média: é a que necessita
Conduta:
· Paracentese - é o método de retirar líquido drenagem a cada 15 dias ou mais. Avaliação
da cavidade abdominal; quinzenal;
· No procedimento deve-se evitar aderências, Ascite volumosa: é a que necessita drenagem
órgãos parenquimatosos ou massas, alças com intervalo a menor que 15 dias. Avaliação
intestinais distendidas e bexiga. semanal.
· Indicações - ascite com desconforto abdomi-
nal ou respiratório; Aos intervalos determinados:
· Contra-indicações - distensão importante de 1ª etapa: espironolactona 200mg +
alças; diátese hemorrágica; parede abdomi- furosemida 40mg
nal com celulite ou furunculose; falta de 2ª etapa: espironolactona 400mg +
colaboração do paciente. furosemida 80mg

Obs.: explicar o procedimento ao paciente Obs.: observar o aumento da ingesta ou


e ao familiar. reposição de cloreto de potássio.

· Pessoal e material: CONSTIPAÇÃO INTESTINAL


profissional de saúde treinado; Evacuação em intervalo menor que 3 dias,
equipo de soro e coletor de drenagem; ou menos freqüente que o habitual para o
cateter venoso tipo jelco 14 ou 12; paciente.
solução anti-séptica (álcool a 70%); Este sintoma muito comum, debilitante
gazes estéreis; está presente em aproximadamente 40% dos
luva estéril; casos de câncer avançado, sendo prevalente

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Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

em 90% dos pacientes usando opióide. dividido em 2 a 4 vezes ao dia.


Fatores de risco: imobilidade, baixa in- 12 a 15 anos = 45ml/dia dividido em 1 a
gesta hídrica, dieta com pouca fibra, 3x ao dia.
hipocalemia, hipercalcemia, uso de opiáceos,
uso de antidepressivos tricíclicos, uso de · Deve ser sempre utilizado para pacientes
hioscina, uso de clorpromazina. em uso de opiáceos: 5-10ml/dose - VO 1-4
Pode ser causado por compressão tumoral vezes ao dia;
do intestino ou invasão do plexo. · Aumento da ingestão de fibras na dieta e
Desconforto familiar e falta de privacidade aumento da ingestão de líquidos;
também podem ser agentes causadores. · Fibras, supositórios e enemas: são contra-
indicados em pacientes neutropênicos e
Usualmente pode ser identificado por
plaquetopênicos.
queixa de anorexia, náuseas, vômitos, dor
abdominal, diarréia paradoxal e incontinência
Causas neuro-musculares não melhoram com
urinária, tenesmo, obstrução intestinal delírio
laxativos osmóticos (óleo mineral) e estes ainda
em idosos.
aumentam a incontinência fecal. Nestes casos,
Conduta: usar mais fibras na dieta e supositórios para
· Prevenir sempre; estimular a defecação. Casos individualizados,
· Orientação nutricional; em pacientes não neutropênicos e não
· Proceder ao toque retal, palpação e ausculta plaquetopênicos, após discussão com a equipe,
abdominal. Desimpactação e retirada digital pode ser utilizada a estimulação por enema.
de fecaloma se necessário;
· Hidratação. CONVULSÃO
Causas mais comuns: tumor, acidente vas-
Medicação: cular encefálico, doença pré existente.
· laxativos - priorizar quando em uso de Causas menos comuns: hipóxia, metabólica
opióides; (uremia, hipoglicemia, hiponatremia, sepse), uso
· óleo mineral 20 a 40ml 1 a 3x dia; de drogas ou álcool.
· supositório de glicerina 2/2 dias - Metástase cerebral não seu tratamento
principalmente em pacientes paraplégicos; profilático (exceto quanto o primário é mela-
· clister glicerinado - quando as medidas noma).
anteriores não surtirem o efeito desejado ou Tratamento deve ser iniciado quanto e se
como medida inicial para esvaziamento do ocorrer crise convulsiva.
cólon.
Medicação:
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL NA CRIANÇA · fenitoína 100mg 3x dia VO;
Imobilidade, disfunção muscular,
· carbamazepina 100 a 200mg 2x dia VO -
síndormes pseudo-obstrutivas, estenose anal
convulsão focal;
adquirida, distúrbios metabólicos e
· dexametasona 16 a 24mg/dia VO se com
medicamentos podem causar constipação in-
hipertensão intracraniana.
testinal.
Considerar se há distúrbio metabólico
reversível; caso não haja, estão indicados Quando grave, em coma profundo a
lubrificantes e laxativos. medicação é suspensa. Se com sobrevida de
· Óleo mineral - deve-se ter cuidados especiais dias, havendo necessidade, usar fenobarbital
com pacientes neurológicos pelo risco de 100 a 200mg IM/dia ou 200 a 300mg/dia
borncoaspiração. Nestes casos pode-se usar SC.
supositórios ou enemas.
CONVULSÃO NA CRIANÇA
Dose de ataque: Ocorre por progressão de doença
5 a 11 anos = 30ml para cada 10Kg, neurológica ou alteração metabólica.

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Conduta: - como tem efeito sedativo, a maior fração
· Diazepam - 0,2mg/Kg/dose, até 3 doses. da dosagem deve ser feita à noite
Seguido de: fenitoína; · imipramina 25 a 150mg / dia em 3 tomadas
Dose de ataque: 15mg/Kg/dose - bons resultados na incontinência urinária
Dose de manutenção: 5 a 7mg/Kg/dia
dividido em 2-3 doses. * inibidores da recaptação de serotonina
· Caso não cessem, associar: (menos efeitos colaterais);
- Fenobarbital sertralina 25 a 200mg/dia;
Dose de ataque: 10-20mg/Kg/dose citalopram 20 a 60mg/dia.
Dose de manutenção: 3-5mg/Kg/dia As drogas antidepressivas tem efeito
dividido em 1-2 doses. iniciado a partir da 2° semana de uso e os
· Caso a criança já faça uso prévio de um dos efeitos colaterais precedem os terapêuticos.
anticonvulsivantes:
- Carbamazepina Obs.: evitar com anorexia, cefaléia, náusea
Dose de ataque: 10mg/Kg/dose via retal, e insônia (usar preferencialmente).
nasogástrica ou nasoduodenal
Dose de manutenção: 10-40mg/Kg/dia DEPRESSÃO NA CRIANÇA
dividida em 8/8 ou 6/6 hora. A observação de seu comportamento e de
suas reações é particularmente importante.
D EPRESSÃO Quando a psicoterapia não for suficiente,
Sintoma muito comum em pacientes com deve-se usar medicação antidepressiva.
câncer. Pode mimetizar outras doenças.
Deve ser tratado mesmo em fase avançada Conduta:
da doença se houver perspectiva de melhora · Suporte emocional à criança e a seus
da qualidade de vida do paciente. familiares e cuidadores;
Fatores de risco: câncer avançado; dor; · Amitriptilina ou Imipramina - iniciar com
história prévia de depressão ou alcoolismo; 10 mg/dia, aumentando para 20 mg/dia para
uso de corticóides, bloqueadores H2, crianças entre 5 e 8 anos; para até 50mg para
benzodiazepínico, neurolépticos, levodopa, crianças de 9 a 14 anos; e para maiores até
desordens endócrinas, doenças neurológicas 75 mg/dia;
como AVE e Parkinson; deficiência nutricional · Citalopram - 20mg/dia somente para
(folato, B12). pacientes acima de 15 anos. Provoca menos
Dos critérios de avaliação de depressão, efeitos colaterais.
os somáticos (anorexia, perda de peso, fadiga,
insônia, constipação e perda da libido) são D ERRAME PLEURAL
menos importantes no câncer avançado, Volume anormal de líquido na cavidade
quando priorizamos os sintomas psicológicos: pleural.
- sensação de perda; A toracocentese é o método de aspiração
- sentimento de culpa; de líquido pleural, através de uma agulha ou
- diminuição do prazer; cateter, introduzido através da pele e parede
- pensamento suicida. torácica.
Indicação terapêutica: alterações da
Conduta: função respiratória devido ao derrame pleu-
· Abordagem médica e psicológica ao paciente
ral volumoso, com conseqüente colapso
e família.
pulmonar e disfunção respiratória.
Medicação: Contra indicações: diátese hemorrágica
· *tricíclicos (podem causar boca seca, incorrigível ou terapêutica anticoagulante.
constipação intestinal, retenção urinária, Avaliação e preparo do paciente: obter
hipotensão postural, sedação, taquicardia, exame radiológico do tórax póstero anterior,
dentre outros) perfil e decúbito lateral (Laurel) quando
· amitriptilina 75 a 150mg / dia em 3 tomadas possível.

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Obs.: explicar o procedimento ao paciente de manter o cateter com seu orifício tampado
e familiar. para evitar a formação de pneumotórax.

· Pessoal e material: Cuidados no procedimento:


Profissional de saúde treinado; - Drenagem lenta;
Equipo de soro, cateter 14 ou 18, solução - Deve-se interromper ou diminuir a
anti-séptica, gazes estéreis, luvas estéreis, drenagem temporariamente quando
xilocaína a 1% ou a 2% sem adrenalina, apresentar tosse ou desconforto, devido ao
agulhas nº 25 ou 23, seringas de 5 e 10ml, risco de desenvolvimento de um quadro de
esparadrapo, gorro e máscara. edema agudo de pulmão após uma rápida
expansão do parênquima pulmonar;
· Técnica:
- Percutir e auscultar hemitórax,
Colocar o paciente sentado, com as costas
verificando se existe pneumotórax;
retas e os braços apoiados em uma mesa a
- Obter um exame radiológico do tórax,
sua frente, no encosto de sua cadeira ou nos
expirado póstero anterior, para verificar se
joelhos;
existe pneumotórax (se possível).
Localizar o derrame através de exame
físico e identificar a margem superior da
macicez; Complicações:
Deverá ser introduzida a agulha a dois - Pneumotórax: por entrada de ar externo
espaços intercostais abaixo da margem supe- pelo cateter ou lesão do parênquima pulmonar
rior da macicez na região posterolateral do pela agulha;
tórax. Guiar sempre a agulha sobre a borda - Hemotórax por lesão de artéria inter-
superior da costela inferior. O ponto escolhido costal;
para punção deve ser marcado por pressão - Hipoxemia, ocorre após toracocentese,
com a unha ou outro objeto que marque a mais pode ser evitado pela administração
pele sem ser removido pelo anti-séptico; temporária de oxigênio.
Luvas estéreis; A pleurodese é um procedimento
Preparar a pele com anti-séptico; cirúrgico no qual se introduz no espaço pleu-
Anestesiar a pele e os tecidos mais ral substâncias irritantes químicas, que levam
profundos no local desejado e marcado a forte aderência entre as pleuras viscerais
anteriormente até a pleura parietal (aspirar a (pulmão) e parietais (superfície interna da
seringa antes de cada injeção, para certificar- cavidade torácica).
se de que o anestésico não está sendo
injetado diretamente em um vaso; Indicações:
Se alcançar o periósteo da costela, PS até 3;
anestesiá-lo. Em seguida dirigir a agulha para Efusão pleural que reacumule rapidamente
cima da costela, avançando-a, aspirando e ou repetidamente após três toracocenteses;
anestesiando o trajeto, até que ocorra refluxo Expectativa de vida > 1 mês;
de líquido pleural para dentro da seringa. Se Derrame pleural livre (não septado) e
não conseguir obter líquido pleural, tentar periférico (decorrente da inflamação da
fazer com que o paciente se incline para trás superfície pleural com aumento da
em direção à agulha; permeabilidade capilar e transudação de
Retirar a agulha e aplicar o cateter na líquido no espaço pleural).
mesma direção e profundidade da agulha até
a saída do líquido pleural; · Técnica (profissional de saúde médico):
Conectar o equipo a extremidade do Paciente em decúbito dorsal ou lateral;
cateter; Assepsia e anti-sepsia. Anestesia local com
Abrir o equipo e abaixar para um depósito lidocaína a 2% sem adrenalina;
coletor; Colocação de dreno de tórax (28 ou 32
Após retirar o líquido desejado, retirar o F), em linha axilar média, no 6º ou 7º espaço
cateter e fazer um curativo, tomando cuidado intercostal, em selo d'água (pressão negativa

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de 15 a 20cm H²O); · Descartar concomitância de Diabetes mel-
Permanecer drenado por 2 a 3 dias, litus, colite ulcerativa ou doença de Crohn.
buscando o contato entre a superfície pleural · Rever dieta inadequada ou alimentação
parietal e visceral e com drenagem < 200ml / através de cateter nasoentérico ou
24 horas; gastrostomia, presença de tumor no intestino,
RX de tórax para certificar de que todo o fístula gastrocólica ou enterorretal,
líquido foi evacuado; insuficiência do sistema nervoso autônomo;
Analgesia central; · Hidratação, seja pelo tubo gastrointestinal,
venosa ou subcutânea. Avaliar necessidade de
· Instilação de solução esclerosante repor potássio;
através do dreno de tórax: · Se após radioterapia, indicado uso de
Tetraciclina 2g diluído em 80ml de solução antiinflamatório não hormonal;
salina + 20ml lidocaína 1% sem adrenalina. · Síndrome carcinóide - indicado bloqueador
Deixar dreno fechado por 6 horas; H2 - 150 a 300mg/dia;
Mobilizar o paciente a cada 2 horas para · Alça cega com crescimento bacteriano-
"distribuir" o agente esclerosante; metronidazol 1,5g/dia por 2 a 4 semanas;
Abrir o clampe do dreno após as 6 horas · Sangramento tumoral por lesão baixa (reto)
e deixá-lo em selo d'água (15cm H²O) por 48 - acido épsilon aminocapróico 100 a 200mg/
horas; kg 3 a 4x dia;
Retirar o tubo. · Se infecciosa - tratar causa base.

Complicações: DIARRÉIA NA CRIANÇA


A não re-expansão completa do pulmão é Pode ocorrer por alteração da reabsorção
uma complicação que pode dificultar futuras de líquidos, por alteração da mucosa intesti-
tentativas de pleurodese devido a aderência nal (desnutrição), hipersecreção de líquidos
irregular provocada, o que permite a para a luz do intestino, por endotoxina
formação de um novo derrame pleural desta bacteriana, secreção de peptídeo intestinal
vez possivelmente septado; vasoativo (em casos de neuroblastoma),
A infecção da cavidade pode propiciar a hipermotilidade ou hiperosmolaridade do
formação de um empiema pleural e até o inestino (laxativos). Pode também ocorrer por
encarceramento pulmonar, o que provoca o infecção patológica da flora intestinal normal
agravamento do quadro clínico do doente; e infecções oportunísticas, como por
A dor é um sintoma comum, mas é de Cryptosporydium e Isospora beli. Outros agentes
fácil controle com o uso de opiáceos nos pós causadores de diarréia são os protozoários
operatório imediato. Giárdia lamblia e Entamoeba histolytica,
bactérias como a Salmonela, vírus como os
D IARRÉIA Rotavírus e Citamegalovírus e fungos,
Evacuação líquida de 3 ou mais episódios particularmente a Candida albicans.
ao dia. Ocorre em 5% a 10% dos pacientes - Manter a alimentação com dieta branda.
com câncer avançado. - Evitar alimentos ácidos, gordurosos e
Excluir a falsa diarréia causada por condimentados.
fecaloma, obstrução intestinal parcial,
intolerância alimentar, cólon irritável, Conduta:
ansiedade ou medo. · Tratar a causa, sempre que possível;
· Suspender laxativos e rever a medicação.
Conduta:
· Se pós gastrectomia, orientar ingestão de Terapia de reidratação oral (TRO):
pequenos volumes de alimento. Pode prevenir e tratar alguns casos de
· Excluir uso de: antiinflamatório não hor- desidratação.
monal, diuréticos, antiácido com magnésio, · Solução de reidratação oral: fórmula da
beta-bloqueadoras, laxativos, reposição de OMS/UNICEF, produzida pelo Ministério da
ferro e antibioticoterapia. Saúde (MS).

198 Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211


Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

Diarréias sem sinais de definido como o hipóxia em ar ambiente


desidratação: com PaO2 < 85mmHg;
· Ensinar parentes e cuidadores a reconhecer - A administração de O2 é feita sob cateter
sinais de desidratação: boca seca, pouca urina, naso faringe.
muita sede;
· Aumento da ingestão de líquidos; Condições associadas à indicação e suas
· Oferecer TRO após cada evacuação: conseqüências:
< 12 meses - 50 a 100ml; · Associada ao diagnóstico de hipóxia por
> 12 meses - 100 a 200ml. gasometria arterial, são adotados os seguintes
critérios clínicos:
Diarréias com sinais de Lesões pulmonares múltiplas ou extensas,
desidratação: primárias ou secundárias aqui incluída
· Instituir TRO - 50 a 100ml/Kg no período linfangite carcinomatosa.
de 4 a 6 horas; Obstrução de vias aéreas extrínsecas ou
· Com vômitos reduzir o volume administrado intrínsecas.
e aumentar a freqüência de administração;
· Com dificuldade de ingerir o soro, vômitos Contra-indicações:
persistentes ou distensão abdominal: Anemia, asma, doença pulmonar obstrutiva
reposição venosa conforme necessidades crônica, corpo estranho, infeções, insuficiência
individuais. cardíaca congestiva, entre outras causas agudas
que possam acarretar hipoxemia, deverão ser
DISPNÉIA tratadas primariamente a causa base.
O grau da dispnéia pode não estar
diretamente relacionado a severidade do Coleta de sangue para gasometria arterial:
quadro clínico, visto ser um sintoma · Puncionar preferencialmente da artéria ra-
subjetivo. dial e manter comprimido pós punção por
Avaliar sempre a causa base. 10 minutos;
Ocorre em aproximadamente 60 a 70% · Usar sempre luva de procedimento;
dos pacientes com câncer avançado. · Colher em seringa de 5ml descartável
previamente heparinizada;
Conduta: · Vedar a agulha com rolha de borracha;
· Na dispnéia do câncer avançado é · Manter refrigerado em caixa de isopor com
preconizado o uso de nebulização com gelo - separar a seringa do contato direto do
morfina; gelo;
· Usar morfina 2,5mg associado a · Entregar direto no laboratório.
dexametasona 2mg (a dose da morfina pode
ser aumentada até 50mg) diluído em 2,5ml Descartar possibilidade de embolia
de SF 0,9% para evitar o causado pela ABD; pulmonar, quando é indicado heparinização
· Associar fenoterol se houver ausculta com plena (1000UI/h) e controlar o Tempo de
broncoespasmo não aliviado pelo corticóide; Coagulação em 2 a 3x o normal. Proteger
· Quando sem resposta à morfina tentar mucosa gástrica.
nebulização com furosemida 20mg.
· Manter a cabeceira elevada, preferencial- · Se obstrutiva, desobstruir vias aéreas
mente o paciente sentado e o ambiente bem superiores e avaliar necessidade e indicação
ventilado; de traqueostomia (critério de PS até 3 e
· Se com hipoxemia, indicar oxigenioterapia: avaliação clínica);
- A indicação é definida pela coleta de · Checar possibilidade de síndrome de veia
amostra de sangue arterial, com o paciente cava superior - é recomendado o uso de
em ar ambiente, para a realização de dexametasona 24mg IV + 8 a 12mg/dia ou
gasometria; prednisona 1mg/kg/dia - avaliar RXT (vide
- critério único para indicação da protocolo anexo);
necessidade de oxigenioterapia foi · Soluço - indicado uso de clorpromazina 25

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211 199


mg 4/4h VO ou 12,5 mg IV 4/4 horas ou 6/ dificuldade respiratória é muito importante
6 horas; metoclopramida 10mg 8/8 horas; a confiança na equipe terapêutica
midazolam 2 a 10mg IV/dia;
· Broncoespasmo - aminofilina 6mg/kg em Pode-se utilizar:
200ml de SG 5% em 30 minutos + - Oxigênio;
manutenção 0,25 a 0,75mg/kg/h; - Cabeceira elevada;
Associar hidrocortisona 300 a 500mg IV. - Opiáceos (morfina);
Após crise aminofilina 100 mg 3 X dia VO. - Benzodiazepínicos:
· Checar necessidade de punção aliviadora Midazolan - 0,1-1mcg/Kg/hora.
para ascite ou derrame pleural - vide capítulo; Associada à morfina quando houver
· Insuficiência cardíaca congestiva - indicado taquipnéia, com fáceis de sofrimento e
o uso de furosemida 20 a 80mg IV ou VO + uso dos músculos acessórios da
inibidor da enzima de conversão da respiração.
angiotensina em dose baixa (6,25 a 12mg 2 x - Punção aliviadora ou drenagem pleural
dia); fechada e pleurodese em caso de derrame pleu-
· Tosse - indicado codeína suspensão aquosa ral;
30 a 60mg / dia - manter por cerca de 1 - Transfusão de concentrado de hemácias
semana após remissão de sintomas. Não
em caso de anemia;
associar morfina;
- Punção aliviadora ou paracentese em
Associar broncodilatador e manter paciente
caso de distensão abdominal por ascite;
hidratado (avaliação clínica).
- Dimeticona VO e sonda de alívio, em
· Afastar possibilidade insuficiência cardíaca
caso de deglutição de ar e estase gástrica;
congestiva e efeito colateral do inibidor da
- Radioterapia paliativa em caso de
enzima de conversão da angiotensina.
síndrome de compressão medular de veia cava
· Excesso de secreção brônquica - indicado
superior;
mucolítico 3 a 4 x dia e nebulização com
- Traqueostomia em caso de obstrução de
salina com ou sem fenoterol;
· Rever se há anemia severa - indicado vias aéreas superiores por tumor.
hemotransfusão se Hb < 7 e com sangramento
controlável; DISTÚRBIO DO SONO
· Ansiedade crônica - indicado uso de É comum a inversão do ciclo sono-vigília.
benzodiazepínico 5mg IV ou 10mg VO; A insônia ocorre em 29% a 59% dos pacientes
· Dor; com câncer avançado.
· Obstrução tumoral: Rever causa base (dor, náusea, dispnéia,
- Rever RXT; medo ou ansiedade, medicação - corticóide,
- Dexametasona 8 a 12mg - evoluindo para teofilina, diuréticos, propranolol e metildopa,
4mg/dia pela manhã após melhora dos sedação diurna uso de álcool, cafeína e
sintomas. cigarro).
· Linfangite - dexametasona 4 a 12mg/dia.
Rever associação com diurético devido a Conduta:
retenção fluida. Considerar uso de opióides · Tentar eliminar causas desencadeantes;
e ansiolíticos; · Promover tranqüilidade no ambiente.
· Dispnéia persistente - iniciar morfina 5 a
10mg 4/4 horas; Medicações:
· Pneumonia - vide protocolo de uso de · Benzodiazepínico 10mg;
antibióticos. · Associar opióide noturno se com dor;
· Associar antidepressivo se com dor
DISPNÉIA NA CRIANÇA (amitriptilina 25mg 2h antes de deitar);
Sintomas de insuficiência respiratória · Haldol 0,5 a 2mg a noite se com delírio.
incluem irritabilidade, medo de dormir,
sonolência diurna, cefaléia matutina, Obs.: se usar corticóide ou diurético, fazer
palpitações e náuseas. Na angústia da dose única pela manhã.

200 Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211


Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

DISTÚRBIO DO SONO NA CRIANÇA hipopotassemia, hipercalcemia, insuficiência


Este tipo de distúrbio pode ter causas hepática ou renal, distúrbios tireoidianos),
variadas, como depressão, alterações sangramento, sedação, sepse, depressão,
metabólicas ou uso de alguns medicamentos. deficiência nutricional, medicamentos, dentre
A insônia pode causar ansiedade e outros.
irritabilidade na criança, e muitas vezes
também desestabilizar o familiar ou cuidador Conduta:
uma vez que seu sono fica comprometido. · Embora fadiga seja o sintoma mais comum
em pacientes com câncer avançado, é o
Conduta: sintoma para o qual temos as soluções menos
· Suporte emocional à criança e aos familiares satisfatórias;
cuidadores; · Identificar e reverter, se possível, a causa
· Benzodiazepínico - 0,12- 0,8/Kg/24h base;
dividido em 6/6 horas ou 8/8 horas. · Quando a fadiga ainda é leve, estimular
pequenas atividades físicas para preservar
ANSIEDADE NA CRIANÇA força muscular;
Pode ser manifetada pela criança de · Ajudar o paciente a estabelecer prioridades.
diversas formas como inquietude,
irritabilidade, agitação e angústia, sendo que F RATURA PATOLÓGICA
essa é muitas vezes verbalizada pela criança. Ocorre mais comumente em câncer de
É necessário que a criança esteja mama (53%), de rim (11%), pulmão (8%) e
acompanhada por alguém que seja tireóide (5%).
afetivamente significativo para ela e que sinta- Comum em região cervical, fêmur e
se acolhida pela equipe. O uso de corticóides úmero.
por períodos prolongados pode causar O paciente apresenta dor, deformidade no
sintomas psicóticos, que geralmente vêm membro acometido com, por vezes,
acompanhados de intensa ansiedade. Quando equimose.
necessário pode ser introduzida medicação Os objetivos são: aliviar a dor, preservar
anti-ansiolítica. mobilidade quanto possível e facilitar o
cuidado ao paciente.
Conduta:
· Suporte emocional à criança e a seus Conduta:
familiares cuidadores; · Analgesia apropriada;
· Benzodiazepínico: 0,12 - 0,8/Kg/24h · Fixação interna e radioterapia paliativa.
dividido em 6/6 ou 8/8 horas;
· Haloperidol: 0,01 - 0,1mg/Kg/dose a cada Na impossibilidade de outra conduta,
8-12 horas VO. Somente em casos de prover calha gessada anti rotatória na fratura
sintomas psicóticos como delírio e de fêmur ou tipóia canadense para dar maior
alucinações; conforto ao paciente.
· Prometazina para prevenir efeitos colaterais
decorrentes do uso de haloperidol - 0,5mg/ · Bi fosfonatos podem reduzir eventos no
Kg/dose - IM ou IV em 30 minutos ou a cada esqueleto, sendo indicado para progressão das
8-12 horas VO. metástases ósseas e fraturas patológicas, (dose
= 60 a 90mg diluídos em 500ml de solução
FADIGA salina, infundida em 4 - 12 horas).
É a sensação de cansaço extremo devido
a combinação de sintomas físicos e mentais. H IPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
Praticamente universal nos estágios finais da Avaliada por níveis tensóricos não
doença. ocasionais acima de 150 x 90mmHg.
Fatores desencadeantes: pós quimio e Sintoma pouco freqüente.
radioterapia, uso de corticóides, distúrbios Avaliar presença de ansiedade, dor ou
metabólicos (por exemplo: hipoglicemia, qualquer desconforto do paciente, quando é

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211 201


necessário minimizar a causa base. 10 a 15 mg/dia a cada 8 horas;
dose máxima: uso individualizado;
Medicação: 2 a 7 anos = 40 mg/dia;
· hidroclorotiazida 25 a 50 mg/dia; maiores de 8 anos = 60 mg/dia.
· bloqueador - propranolol 80 a 240 mg /dia; · Clonidina: uso individualizado.
· atenolol 50 a 100 mg/dia; dose inicial de 0,05mg/dose à noite e
· evitar no broncoespasmo, ICC, bloqueio aumentar para 0,05mg em 24 horas, com
átrio ventricular, bradicardia, sangramento, intervalo de 1 semana;
diabetes mellitus; dose máxima de 0,3 a 0,4 mg/dia.
· IECA - captopril 25 a 50 mg 2 a 3xdia;
Retirada gradual em 4 dias.
· pode ocorrer rash cutâneo, tosse irritativa,
angioedema, proteinúria, leucopenia;
· bloqueador do canal de cálcio - nifedipina
H IPERCALCEMIA
É a emergência metabólica mais comum
10 a 30 mg 3 a 4x dia;
· não associar a bloqueadores. Pode causar em oncologia ocorrendo em 10% a 20% de
edema de MMII. todas as neoplasias.
Definido pelo cálcio sérico corrigido >
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA NA CRIANÇA 11mg/dl.
Ocorre em pacientes terminais com Sinais e sintomas: desidratação, anorexia,
tumores de sistema nervoso central. fadiga, dor, prurido, apatia, irritabilidade,
hiporreflexia, dentre outros.
Conduta: Mais freqüente: mieloma múltiplo, câncer
· Dexametasona brônquico, metáteses ósseas, câncer de mama,
dose de ataque: 1mg/Kg/dose VO ou IV; tumor de células escamosas de cabeça e
dose de manutenção: 1mg/Kg/24h dividida pescoço e câncer de tireóide.
em 4/4 ou 6/6 horas. Imobilidade, uso de diuréticos tiazídicos
· Manitol e desidratação podem contribuir para esta
0,25g/Kg/dose IV em 20-30 minutos e, se ocorrência.
preciso, aumentar até 1g/Kg/dose.
· Furosemida Conduta:
1mg/Kg junto ou 5 minutos antes do · Hidratação - 2 a 3 lSF 0,9%/24 horas -
manitol. respeitando a avaliação clínica do paciente -
· Em caso de hidorcefalia
pode ser suficiente para pacientes
· Acetazolamida - 25 mg/Kg/dia VO, dividido
assintomáticos com cálcio sérico corrigido em
em e doses. Máximo de 100 mg/Kg/dia. Uso
até 12mg/dl;
individualizado.
· Repor potássio se necessário;
· Em caso de cefaléia intensa em pacientes
não terminais, enquanto se aguarda o efeito · Pamidroato - iniciar após hidratação e
das medidas antihipertensivas, opta-se pela adequado débito urinário (se cálcio corrigido
analgesia com cloridrato de tramadol para >12mg/dl) 15 a 90mg IV em 500ml SF 0,9%
evitar alteração do sensório. por 4 horas - efeito em 4 a 5 dias.
Acetaminofen 500mg para prevenir febre após
ESPASTICIDADE NA CRIANÇA infusão do pamidroato.
Pode estar associada a tumores do sistema
nervoso central. cálcio corrigido = cálcio mg/dl+ 0,8 (4-
albumina sérica)
Conduta:
· Diazepam DOSE RECOMENDADA
0,12 a 0,8mg/Kg/dia, dividido em 6/6 ou Cálcio sérico até 13 mg/dl 15 a 30mg
8/8 horas, VO; 13 a 15mg/dl 30 a 60mg
dose sedativa e miorelaxante.
· Baclofeno
> 15mg/dl 60 a 90mg

202 Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211


Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

· Na hipercalcemia crônica: Ao término do sexto dia, somar as unidades


incentivar deambulação, se possível de insulina regular necessárias nesta segunda
aumentar a ingesta hídrica; etapa, dividir por 3 e acrescentar 1/3 a 1/2 das
evitar diuréticos tiazídicos,bloqueador H2 unidades calculadas de insulina NPH ao
e preparações que contenham cálcio; primeiro cálculo.
corticóide - prednisona 20 a 40 mg /dia se
diagnóstico de mieloma ou linfoma; LINFEDEMA
clodronato 1600 mg/dia. A ocorrência nos MMSS está em 40%
dos casos relacionada a linfadenectomia axilar
HIPERGLICEMIA e RXT; nos MMII geralmente decorre de
A intolerância à glicose é uma das tumoração pélvica.
primeiras anormalidades metabólicas descritas Na indisponibilidade de realizar color
em pacientes com câncer avançado. Ocorre doppler e outros complementares, devemos
antes mesmo da perda de peso e da caquexia. excluir tumoração, cisto, ascite, trombose
Com a progressão do câncer, piora a venosa profunda, insuficiência cardíaca
resistência periférica à insulina, determinando congestiva e baixa acentuada da dosagem
dificuldades no controle glicêmico. sérica de albumina.

Conduta: Conduta:
· Duas ou mais dosagens da glicemia de jejum · Observar se há queixa do paciente;
>110mg/dl; · Observando a função renal, aumentar, se
· Observar corticoterapia crônica; possível, a ingesta protéica;
· Orientar dieta; · Antibióticos (critérios já estabelecidos) -
· Hipoglicemiante oral - clorpropamida 125 devemos dar ênfase em prevenir (por ex. com
a 1000mg /dia dividido em até 3 tomadas uso de penicilina V - 0,5 a 1 g a cada 6 ou 8
(observar menor concentração da divisão da h). Para tratamento usamos por 14 dias
dose na possibilidade de hipoglicemia conforme sensibilidade apresentada.
noturna); · Drenagem postural:
· Insulina NPH - indicada se não houver Compressão - visa manter diminuído o vol
controle com hipoglicemiante oral. ume do membro;
Suporte - quando a diminuição do membro
Obs.: após titulação da dose de insulina não é prevista ou é desnecessária;
regular de acordo com a glicemia capilar pré Exercício - visando preservar o movimento
prandial 4x dia. do membro acometido;
Se linfedema de MMII - compressão, se
Aplicar insulina regular SC de acordo com MMSS - compressão e suporte;
o intervalo de variação da glicemia capilar Higiene - sugerimos uso de permanganato
(atenção aos diferentes valores orientados de potássio.
pelas diversas marcas de fita). · Uso de diurético: furosemida 40 a 80mg/
Em geral: dia associado a espironolactona 200 a 400mg/
até 180mg % não fazer; dia no caso de edema generalizado;
81 a 240mg % 2 a 4UI; · Se sem sucesso após 2 a 3 dias o uso de
241 a 300mg % 3 a 6UI; diuréticos, iniciar dexametasona 16mg/dia
301 a 400mg % 4 a 8UI; (caso de compressão linfática);
acima de 400mg % 6 a 10UI. · Quando com comprometimento venoso
Cálculo de NPH: somar o total de associado (tumor ou trombose), acrescentar
unidades usadas de insulina regular/dia corticóide ao diurético. Usar anticoagulante
administrada em 3 dias consecutivos e dividir (cumarínico ou Acido acetil salicilico). Não
por 3. Do quarto ao sexto dias aplicar 1/3 a esquecer do bloqueador H²;
½ da dose da insulina NPH calculada antes · Infiltração tumoral - suporte;
do desjejum e manter o mesmo esquema de · Pele frágil - suporte e compressão;
controle com a insulina regular. · Linforréia - rever perda da continuidade.

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211 203


Fazer compressão por cerca de 48h (aplicando gordurosos e condimentados.
vaselina). Prevenir infecção;
· Por tumor abdominal ou pélvico - usar Tratamento:
corticóide (dexametasona 16 mg) e diurético · Metoclopramida - 0,1 a 0,2mg/Kg/dose -IV
(furosemida 40 a 80 mg + aldactone 200 e ou IM ou Vo de 8/8 horas;
400 mg). · Ondansetrona - 5mg/m2/dose - IV ou VO a
cada 8 horas. É altamente ativo para o
NÁUSEA E VÔMITOS tratamento da náusea e do vômito induzido
Ocorrem em 60% dos pacientes com por QT, mas experiências sugerem ser menos
câncer avançado. efetivo para estes sintomas, quando não
Particularmente prevalecente em tumor de devidos à quimioterapia;
mama, estômago ou tumores ginecológicos. · Dexametasona:
Sessenta por cento dos pacientes dose inicial: 10mg m2/dose - IV (máximo
recebendo opióides, especialmente no início de 20 mg);
da terapêutica apresentam esses sintomas que doses subsequentes: 5mg/m2/dose - IV de
desaparecem em poucos dias. 6/6 horas.
Quando possível reverter a causa base · Prometazina - 0,25 a 0,5 mg/Kg/dose - IV
(fármacos, constipação ou obstrução intesti- ou VO a cada 4- 6 horas;
nal, alteração metabólica, tosse, uremia, · Haloperidol - 0,01 a 0,1 mg/Kg/dose -VO a
molinhasse oral, quimio e radioterapia, medo cada 8-12 horas.
ou ansiedade, dentre outras).
Obstrução intestinal
Conduta: Situação na qual o trânsito através do trato
· Aconselhamento nutricional. gastro intestinal é retardado ou obstruído.
· Maior causa é carcinomatose peritoneal -
Medicação: mais freqüente no tumor de ovário - 40%,
· 1º metoclopramida 10 a 20mg 3 a 4x dia IV seguida de tu de cólon e retal - 20%, e
ou SC - acelerar o esvaziamento gástrico; pâncreas, estômago e colo de útero;
· 2º haldol 0,5 a 2mg 4x dia IM ou 5 a 15 · 30% dos pacientes tem patologia obstrutiva
mg/dia SC - casos com uremia e benigna;
hipercalcemia;
· 3º prometazina 25mg 2 a 3x dia - ação cen- Sintomas:
tral e de receptores colinérgicos periféricos; - vômitos;
· 4º dexametasona 4mg/dia. Caso com - dor;
hipertensão intracraniana - 16 a 36 mg /dia; - distensão abdominal;
· 5º ondansetron 8mg IV ou VO 2 a 3x dia - - peristalse aumentada;
principalmente após radioterapia. - parada de eliminação de gases e fezes.
Exame físico: inclui toque vaginal e retal,
Obs.: plenitude pós prandial - bromoprida rotina de abdome agudo e exames
20 a 60 mg/dia; laboratoriais (rever distúrbios metabólicos, a
ex.: potássio e cálcio).
Rever: necessidade de CNG (se + de 2
episódios de vômitos a cada 6 horas); Conduta:
GTO descompressiva - o procedimento · Diferenciar entre abdome agudo clínico e
tem como critérios: PS até 3, avaliação clínica e cirúrgico.
ausência de insuficiência renal).
Clínico:
NÁUSEA E VÔMITOS NA CRIANÇA · Dieta zero;
A causa deve ser determinada e tratada. · CNG em sifonagem se ocorrerem mais de
· Oferecer alimentos em quantidade reduzida 3 episódios em 6 horas (avaliar a vontade do
e em menor intervalo. paciente);
· Evitar alimentos de odor forte, salgados,ácidos, · HV (40 a 50ml/kg/dia) + reposição

204 Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211


Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

eletrolítica; travascular disseminada, plaquetopenia etc.


· Observar indicação do haloperidol 0,5mg
3x dia, como tratamento sintomático. Conduta:
· Sedação se necessário com benzodiazepínico
Cirúrgico: 5 a 20 mg IV ou - midazolam 5 mg IM ou IV.
· PS até 3 (correção de prolapso - PS até 2);
· Metástase hepática, ascite ou insuficiência Medicação:
renal contra-indicam o procedimento · reposição com SF 0,9%;
cirúrgico; · TGI - suspender AINH e corticóide. Caso
· Dieta zero; de vômito, iniciar antiemético:
· CNG - conforme já descrito; · usar ranitidina 300mg 12/12 horas;
· HV - conforme já descrito; · considerar uso de acido épsilon
· Anti-espasmódico - hioscina até 240mg / aminocaproico.
dia IV; · transvaginal - avaliar uso tampão vaginal;
· Bloqueador H² - ranitidina 50mg IV 8/8 · iniciar acido épsilon aminocapróico 100 a
horas; 200mg/kg 3 a 4x dia (IV diluir em 250 a
· Metoclopramida - 1 ampola IV até 6/6 horas; 500ml de SF 0,9% ou SG 5%);
· Transfusão de hemáceas se necessário - · hemoptise severa - ácido épsilon
manter Hb > 7mg %; aminocapróico (dose descrita acima);
· Demais sintomáticos. · hemoptise discreta - iniciar codeína;
· epistaxe - tamponamento nasal anterior e
Obs.: PS até 3, sem indicação de gelo local;
colostômia, rever benefício de GTO · sangramento oral - soro gelado;
descompressiva (considerar se com uso · considerar acido épsilon aminocapróico;
permanente do CNG após 2 semanas). · sangramento do estoma - compressão local;
· transretal - avaliar uso de acido épsilon
Tabela 3. Obstrução intestinal maligna - (não cirúrgica) aminocapróico 100 a 200mg/kg 3 a 4x dia
INDICAÇÕES DOSE SC OU IV (IV diluir em 250 a 500ml de SF 0,9% ou
Metoclopramida 10mg - 6/6 h SG 5%);
Brometo de N. Butil Escopolamina 20mg até 4/4 h · hematúria - irrigação com cateter de triplo
Haloperidol 5mg - 2x dia lúmen;
Octreotide 150 a 300mg/infusão contínua
· Compressão local e curativo compressivo;
· RXT - vide protocolo;
OBSTRUÇÕES MECÂNICAS PARCIAIS NA · Ligadura de carótida externa - procedimento
CRIANÇA de urgência realizado em pacientes que
Causadas por tumores e aderências ou, possam se beneficiar. Evitar lesão cervico oral
por refluxo gastrintestinal. Freqüente em extensa e congelamento cervical;
pacientes neuropatas. · Em cuidados paliativos, entendemos que o
procedimento de transfusão deva ser avaliado
Tratamento: com critério, tendo definido quando o
· Metoclopramida para aumentar o paciente estiver severamente sintomático,
esvaziamento gástrico, 0,1 a 0,2mg/Kg/dose podendo se beneficiar do procedimento.
- (IV ou IM ou VO) de 8/8 horas;
· Hidróxido de alumínio com magnésio - 5- Anemia e astenia são sintomas comuns
15ml VO a cada 3 - 6 horas; em pacientes com câncer avançado.
· Ranitidina 1 - 2mg/Kg/dia, dividido em 3 É questionada a relação entre a diminuição
doses IV ou 2 - 4mg/Kg/dia dividido em 2 dos níveis de Hb e a fadiga.
doses VO.
Hemotransfusão:
SANGRAMENTO · dispnéia: pacientes alertas Hb < 7,0 mg %;
Excluir trauma, coagulopatia, fármacos, · sangramento TGI, TGU, CP: sintomas
insuficiência hepática grave, coagulação in- severos decorrentes da perda sangüínea,

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quando esta pode ser controlada. Conduta:
· Codeína - 1 - 1,5mg/Kg/24h dividido em
Obs.: o ácido épsilon aminocapróico é um 4/4 ou 6/6 horas.
poderoso inibidor da fibrinólise. Trombos Dose antitussígena.
formados durante seu uso não sofrem lise. · Nebulização com broncodilatadores:
Fenoterol - 1 gota/3Kg.
Vitamina K tem seu uso ligado a tendência
· Corticosteróides:
de sangramento associada à sua deficiência
Prednisona - 1mg/Kg dividido em 12/12
(alimentar, má absorção, obstrução do trato
horas VO.
biliar intra ou extra - hepático, uso de drogas).
Dose 10 a 20mg, IM, obtendo resposta em Secreções:
cerca de 24 horas. Acometimento neurológico grave implica
em dificuldade de deglutir saliva. Isso leva a
SANGRAMENTO NA CRIANÇA desconforto por acúmulo de secreções
Constitui situação estressante para a salivares. Medicações anticolinérgicas podem
criança e para a família. ser usadas.
· Hioscina - 0,06125 a 0,250mg VO de 4/4
Conduta: horas; ou
Em caso de sangramentos externos · Atropina - 0,01mg/Kg/dose SC ou VO.
· Transfusão de concentrado de plaquetas - se
há trombocitopenia; NOTA FINAL
· Transfusão de concentrado de hemácias -
em caso de anemia aguda; Para o INCA, qualquer conduta aplicada
· Ácido épsilon-aminocapróico - em caso de em suas unidades hospitalares que se encontre
sangramento de mucosa bucal; fora das aqui especificadas é considerada ex-
· Vitamina K e plasma fresco - em caso de perimental ou irregular.
insuficiência hepática.
· Ranitidina - em caso de sangramento SIGLAS ADOTADAS
digestivo.
ABD - água bidestilada
AVE - acidente vascular encefálico
SÍNDROME DE COMPRESSÃO MEDULAR AINH - anti-inflamatório não hormonal
Quadro com início de dor, seguido de CNE - cateter naso-entérico
alteração sensorial, fraqueza muscular e, CNG - cateter naso-gástrico
evolutivamente, disfunção esfincteriana. CP - cabeça e pescoço
dl - decilitro
Conduta: g - gramo
· Controlar a dor; gt- gota
· Dexametasona 24mg IV em dose de ataque, GTO - gastrostomia
seguida de 18mg/dia por 3 semanas; H - hora
· Rever protocolo de radioterapia; Hb - hemoglobina
HV - hidratação venosa
· Cirurgia para descompressão (corporectomia),
IECA - inibidor da enzima de conversão
em cuidados paliativos, é reservada a pacientes
da angiotensina
com compressão medular sem diagnóstico de
IM - intramuscular
câncer; tumor primário controlado; metástase IV - intra-venoso
de vértebra sem paraplégica e PS até 2. Kg - kilograma
mg - miligrama
TOSSE E SECREÇÕES NA CRIANÇA ml - mililitro
Tosse: o tratamento da tosse cuja causa MMII - membros inferiores
não pode ser combatida é controverso e MMSS - membros superiores
baseia-se em experiências com adultos. MRSA - S. aureus multi-resistente

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Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

PS - "performance status" (capacidade metrorragia, hematúria, sangramento retal e


funcional) sangramento de estoma.
RXT - radioterapia
SC - subcutâneo ANEXO 2
SF - soro fisiológico
SG - soro glicosado ANTIBIOTICOTERAPIA
SMT - sulfametoxazol trimetropim
Estas são sugestões de antibioticoterapia
SMZ - sulfametoxazol
quando para início empírico, nos casos em
TGI - trato gastro-intestinal
TGU - trato genito-urinário que a evidencia da literatura tradicional já
TRO - terapia de reidratação oral denota o germe provável. Noutro sim, é
UI - unidade internacional preferencial haver coleta de culturas para
VO - via oral tratamento específico e discernimento do
VT - via tópica valor quantitativo de colônias bacterianas.

A avaliação da eficácia do tratamento


ANEXO 1 proposto advém da resposta clínica e labora-
torial específica.
R ADIOTERAPIA PALIATIVA Alertamos para as correções que se façam
Priorizar pacientes com PS até 3. necessárias com relação a função renal ou
Metástase óssea: 80% dos pacientes
hepática
respondem em 1 a 2 semanas, independente
Erros passíveis de ocorrerem:
da radio sensibilidade. Também melhora a dor
da fratura patológica. · seleção inapropriada da droga ou via de
Maior benefício nos tumores de mama, administração;
próstata, tireóide e pulmão. · drenagem incorreta de abscesso;
Toxicidade varia com o sítio e extensão · superinfecção;
irradiada. Geralmente com duração curta e · resistência à droga estabelecida;
auto - limitada (se estômago e fígado no · associação não identificada de 2 ou mais
campo - náusea e vômitos; se intestino delgado agentes etiológicos;
- cólica e diarréia). · imunodeficiência do paciente;
Caso necessário radiação do hemicorpo, usar · causas não infecciosas.
pré tratamento: hidrocortisona 100 mg +
metroclopramida 10 a 20 mg + hidratação.
Em alguns casos, a infecção é parte natu-
Metástase cerebral: alívio da cefaléia em
70% dos casos. Confusão, déficit motor e ral do processo de morte e o uso de
sensitivo respondem em > 50% casos. antibióticos não altera o prognóstico.
Após radiação, desmamar corticoterapia. O uso de antibióticos está associada a
Obstrução brônquica: tosse e hemoptise reações adversas sérias. Com isso, a decisão
- casos persistentes ou que piorem a despeito do uso deve ser baseada na evidência da
do tratamento conservador. presença de uma infecção tratável.
Dispnéia: responde em 90% dos casos.
Compressão de medula: sem instabilidade · Bacteriúria é comum em pacientes com
da coluna. Necessário diagnóstico e conduta câncer avançado e universal em pacientes
nas primeiras 72 horas do início dos sintomas.
cateterizados, com isso devem ser tratados se
Síndrome de veia cava superior: após
houver sintomas de infecção do trato urinário
tratamento conservador. Manter corticóide
após RXT. (febre e disúria).
Tumores exofíticos: visa controle do · Grande desvio para esquerda no diferencial
crescimento tumoral, do exsudato e do de células brancas só nos autoriza a iniciar
sangramento. antibioticoterapia se o paciente estiver
Hemorragia: casos de hemoptise, sintomático e for se beneficiar do procedimento.

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211 207


1. Pneumonia:
comunitária cefalexina (0,5 a 1g 6-8h) ou cefalotina (1 a 2g 6/6h)
hospitalizado ceftriaxona (1 a 2g /dia IM ou IV)
amicacina (15mg/kg/dia) + ceftazidime (1 a 2g 8-
12h) com infiltrado localizado (associar vancomicina -
paciente neutropênico 30 a 50mg/kg/dia em 2 doses IV em 250ml SG 5%
ou SF 0,9 % /125 a 500mg
6/6h VO - se história de MRSA) considerar fungos
paciente neutropênico com associar SMT (SMZ =100mg/kg/ dia IV 4/4h)
infiltrado bilateral difuso considerar tuberculose
paciente neutropênico
infiltrado focal ou difuso considerar fungo;
tardio
ciprofloxacina (250 a 750mg 12/12h VO – 200 a
broncoaspiração 400mg 8-12h IV) + ampicilina (0,5 a 1g a cada 6-
8h).

2. Infecção urinária:
comunitária SMT (2 cp 12-12h VO)
hospitalizado ampicilina + amicacina.

3. Ulcera de decúbito:
ampicilina + amicacina +metronidazol (250 a 750mg
12h
8-12h VO ou IV)

4. Colangite colecistite:
ampicilina + amicacina

5. Diarréia:
com febre, hemorragia, SMT (sem antibiótico prévio)
desidratação metronidazol (com antibiótico prévio)

6. Diverticulite:
sem perfuração ceftriaxona + metronidazol
Abscesso Periretal

7. Celulite erisipela:
não complicada cefalotina
complicada ciprofloxacina + metronidazol
pen. Benzatina
recorrente com linfedema (1,200.000 a 2,400.000UI IM
2-3 semanas)

8. Vascular:
tromboflebite séptica oxacilina ( 0,5 a 1g, 4 - 6 h ) + amicacina

9. Ouvido:
polimixina B + neomicina + Hidrocortisona (gts 4x
otite externa
dia)
otite ciprofloxacina
mastoidite cefalotina

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Cuidados Paliativos Oncológicos - Controle de Sintomas

10. Boca:
celulite ceftriaxona
estomatite herpética acycovir (100 a 200mg 6/6h VO)

11. Sinusite:
SMT

12. Candidíase:
sistêmica com metástase fluconazol (50 a 800mg/d VO ou VI)
mucocutâneo cetoconazol (200 a 400mg/d VO)
oral fluconazol
urinária fluconazol
vaginal fluconazol + tópico

13. Tumor exsudativo:


pomada de metronidazol a 0,8%

Obs.: pirazinamida 2g/dia.


Tuberculose: - 4 meses:rifampicina 600mg/dia;
- 2 meses:rifampicina 600mg/dia; isoniazida 400mg/dia.
isoniazida 400mg/dia; - se extra-torácica: + 6 meses de isoniazida.

ANTIBIOTICOTERAPIA NA CRIANÇA
Infecções
Sintomas Tratamento Observações
Infecções específicas
Nistatina –
Alteração do paladar,
200.000 – 500.000U
Dor, inflamação da
em bochecho,
mucosa e
gargarejo e deglutido
sangramento bucal
4x/dia

Candidíase A candidíase Observar a


eesofageana está interação
associada à esofagite, Cetoconazol – medicamentosa do
dor retroesternal ou 5 a 10mg/Kg/dia em cetoconazol e
sensação de dose única fluconazol com
obstrução na cisaprida, pelo risco
deglutição de arritmia cardíaca
Aciclovir –
750mg/m2/dia – IV de
Herpes oral
8/8h ou 200mg/dose
5x/dia VO
Metronidazol –
Infecção por
7,5mg/Kg/dose de
anaeróbio
6/6h
Dependendo da
Antibiótico, oxigênio,
condição clínica da
broncodilatadores, e
Pneumonia criança, prover
morfina ou sedação
apenas tratamento
para aliviar a dispnéia
sintomático

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 191-211 209


Profilaxia Antimicrobiana em Cirurgias BIBLIOGRAFIA
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ser precedida de limpeza mecânica utilizando- 3rd ed. St. Louis: Mosby-Year Book.
se soro fisiológico. O antibiótico a ser Bennett, Plum. Cecil textbook of medicine. 20th
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utilizado no pré-operatório deve ser iniciado
Collins JJ, Bred CB. Management of cancer pain in
de acordo com o antibiograma e mantido em
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doses elevadas durante o ato cirúrgico, afim of pediatric oncology. 3rd ed. Philadelphia:
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rante o manuseio cirúrgico. Qualquer mate- Dickerson, Duke. The 20 essential drugs in pallia-
rial, de aspecto purulento ou não, encontrado tive care. Eur J Palliat Care 1999;6(4).
durante o ato operatório deve ser Doyle D, Hanks G, Mac Donald N. Textbook of
encaminhado para cultura e antibiograma. A palliative care. 2nd ed. Oxford University Press;
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operatório deve ser discutido. Gibbon, David C, Sabiston Jr, Spencer FC. Sur-
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Obs.: a 600mg pri2gm 600mg e 400mg em: ccih@inca.org.br.
ira dose deve ser feita na indução Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Orientações
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anestésica,caso a intervenção seja longa
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(acima de 2 horas) ou existir perda de sangue
International Commitee of Medical Jornal Editors.
maior que 1 litro, administrar a 2ª dose in- Uniform requirements for manuscripts submitted
tra-operatória (1g de cefazolina 2g). Se to biomedical journals. Ann Int Med 1982;96(Pt
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A associação com metronidazol é indicada Komurcu S, Nelson KA, Walsh D, Donnelly SM,
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grande parte da flora residente. A presença vanced cancer. Semin Oncol 2000;27(1):24-33.
de drenos não justifica,normalmente, a Levetown M. Treatment of symptoms other than
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operatório (contaminação grosseiramente management of bone. Oxford University Press;
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considerar o processo cirúrgico como drome. Semin Oncol 2000; 27(1):64-8.
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