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Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – 2019, ano 14 | nº 73

ESPECIAL
CONAHP 2019
SAÚDE BASEADA NA ENTREGA
DE VALOR: O PAPEL DO HOSPITAL
COMO INTEGRADOR DO SISTEMA

CONTEÚDOS
DEBATIDOS
NA EDIÇÃO

VENCEDORES DA
SESSÃO PÔSTER
E STARTUPS

PUBLICAÇÕES
LANÇADAS NO
CONGRESSO
ÍNDICE CLICÁVEL
Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – novembro | dezembro 2019 - Ano 14 nº 73

03
editorial
38
eixo experiência
62
experiências
A era do valor
do paciente A iniciativa, parte da programação
do Conahp 2019, promoveu visitas
A compreensão do conceito de
monitoradas em hospitais de
experiência do paciente para mudanças

04
excelência de São Paulo
na saúde foi o alicerce dos debates

expediente
48 64
jantar
06
abertura
publicações
Lançados durante o congresso, os
manuais inéditos abordaram temas
pertinentes para o setor: LGPD e o
Mais de 350 convidados marcaram
presença na noite de confraternização
do congresso
Em 2019, o congresso cresceu, relacionamento com fornecedores
reunindo mais de 4 mil pessoas e
cerca de 100 palestrantes nacionais e
internacionais

50 66
conahp 2020

12 eixo informação A próxima edição do Conahp levantará


a discussão sobre como deve ser a
e tecnologia próxima década da saúde no Brasil
Como as transformações digitais
destaques podem ajudar a agilizar processos,
Modelos de saúde baseados na

68
modernizar estruturas e promover
entrega de valor, experiência do
atendimento mais humanizado foram
paciente e o impacto de tecnologias
temas das palestras
no setor marcaram os debates
perfil
A humanização do ambiente

26 58
cursos conahp
hospitalar é explorada em entrevista
com Gabriel Paiva, head de Estratégia
e Marketing da Sodexo
startups Com participação do ICHOM, IHI
Startups Anahp apresentou as
e Cleveland Clinic, Cursos Conahp
dez melhores soluções voltadas
abordaram desfechos clínicos, ciência
para a saúde
da melhoria e experiência do paciente

28
eixo modelo assistencial Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – 2019, ano 14 | nº 73

Modelos que priorizem a entrega de


ESPECIAL

capa
valor para o paciente, levando em
CONAHP 2019
conta a sua experiência e a redução SAÚDE BASEADA NA ENTREGA
DE VALOR: O PAPEL DO HOSPITAL
de custos, permearam as discussões
Especial Conahp 2019
COMO INTEGRADOR DO SISTEMA

CONTEÚDOS

Confira a cobertura completa


DEBATIDOS
NA EDIÇÃO

36
sessão pôster
VENCEDORES DA
SESSÃO PÔSTER
E STARTUPS

PUBLICAÇÕES
LANÇADAS NO
CONGRESSO
do maior congresso do setor de
saúde do país

Foram cerca de 380 inscritos e mais


de 120 trabalhos científicos expostos
durante o congresso

Siga a Anahp nas redes sociais: Anahp @anahp.br @AnahpBrasil anahp.com.br


A ERA DO VALOR

A última revista Panorama do longo do evento, compartilhan-


ano é especial, pois trata-se de do as melhores práticas e cases
uma edição que traz a cobertura de instituições de todo o país.
completa do maior congresso do Já o Startups Anahp, levou ao
setor de saúde no país, o Con- congresso as dez melhores so-
gresso Nacional de Hospitais Pri- luções voltadas para a área de
vados – Conahp, que foi realiza- saúde, em um espaço exclusivo
do em São Paulo, entre 26 e 28 de inovação.
de novembro. Além de todo este conteúdo, o
O evento, com duração de três Conahp contou ainda com mais
dias, teve como tema central a duas iniciativas. Uma delas, os
saúde baseada na entrega de Cursos Conahp, que acontece-
valor, apresentando o hospital ram um dia antes do congresso
como integrador do sistema. O ter início (25), para aquecer as
congresso trouxe palestrantes discussões sobre desfechos clí-
internacionais para discutir e nicos, experiência do paciente e
compartilhar as experiências de ciência da melhoria – todos com
outros países, além de iniciativas a participação de instituições
nacionais, que dividiram as me- que são referência para o setor.
lhores práticas que estão sendo Já o programa Experiências
adotadas pelo Brasil. proporcionou uma série de vi-
As apresentações também le- sitas monitoradas em alguns
vantaram importantes discussões hospitais de excelência de São
para o setor, como um estudo Paulo, para que apresentassem
dos custos da saúde suplemen- estruturas, tecnologias e mode-
tar no Brasil e o lançamento de los assistenciais.
duas publicações inéditas, com
recomendações da Anahp sobre
a Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD) e sobre o relacionamento
com fornecedores, enriquecen- Tenham todos uma ótima e
do ainda mais o repertório dos prazerosa leitura!
congressistas presentes.
Outro destaque do Conahp
2019 foi a Sessão Pôster, que Eduardo Amaro
nesta edição exibiu mais de Presidente do Conselho
120 trabalhos científicos ao de Administração

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O INÍCIO
Panorama Anahp DIAMOND

Conselho de Administração
Presidente: Eduardo Amaro | H. e Maternidade Santa Joana – SP
Vice-presidente: Henrique Neves | H. Israelita Albert Einstein – SP

Bernardete Weber | H. do Coração (HCor) – SP


Délcio Rodrigues Pereira | H. Anchieta – DF
Paulo Chapchap | H. Sírio-Libanês – SP
Francisco Balestrin | H. Vita Curitiba – PR
Henrique Salvador | Rede Mater Dei de Saúde – MG
Paulo Azevedo Barreto l H. São Lucas – SE
Paulo Junqueira Moll l Hospital Barra D'Or – RJ

GOLD

Expediente
Panorama é uma publicação trimestral da
Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados.

Redação
Ana Paula Machado
Gabriela Nunes
Helena Capraro
Lucas Pereira

SILVER
Direção de Arte
Luis Henrique Lopes

Fotos
Anderson Timoteo
Fernanda Barros
Gustavo Rampini
Shutterstock

Tiragem
3000 exemplares
APOIO
Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados
Rua Cincinato Braga, 37 – 3º andar – São Paulo – SP
www.anahp.com.br – 11 3178.7444 Mobiliário para a Saúde

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O INÍCIO
6
ABERTURA

CONAHP 2019:
O INÍCIO
DA MUDANÇA
Maior e de casa nova, o congresso neste ano explorou a entrega de valor
na saúde e levou o debate a representantes do setor no Brasil e no mundo

Foi realizada entre os dias 26 reuniu cerca de 4 mil participan- Este ano, com expectativa de
e 28 de novembro a edição 2019 tes, entre líderes de instituições público maior do que na últi-
do Conahp - Congresso Nacio- de saúde, representantes da in- ma edição, o congresso acon-
nal de Hospitais Privados, que dústria, operadoras e outros. teceu no Transamerica Expo

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PANORAMA ANAHP Edição 73 - Ano 14
O INÍCIO
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ABERTURA
Center, em São Paulo, e con- ma”, dividido entre os eixos: sobre a crise financeira da qual
tou com novos espaços, como Modelo assistencial, Experiên- o Brasil está começando a se
uma área de relacionamento cia do paciente, e Tecnologia e desvencilhar e os desafios na
para reuniões entre os congres- informação. área de saúde. “O Brasil se re-
sistas, além de pontos de café Na cerimônia de abertura, cupera de uma fase dramática.
espalhados pelo evento. Outro Eduardo Amaro, presidente do Na saúde, os hospitais federais
destaque do Conahp foram as Conselho de Administração da encontram dificuldades, com a
cerca de 100 empresas exposi- Anahp enfatizou que o tema falta de equipamentos e pro-
toras de diferentes segmentos, “valor em saúde” tem estado fissionais. O Japão se tornou
como indústria farmacêutica, no centro dos debates dos prin- uma grande potência pela efi-
serviços, equipamentos, tecno- cipais eventos nacionais e in- ciência, disciplina e organiza-
logia, consultoria, laboratórios, ternacionais do setor. “Estamos ção, temos que retomar esta
financeiro, hospitais, engenha- todos atuando nessa equação crença no Brasil, montar um
ria, entre outros. de valor para, unidos, conse- projeto de governança para a
Promovido pela Anahp - As- guirmos alcançar um modelo saúde brasileira.”
sociação Nacional de Hospitais sustentável na saúde. A progra- O ministro colocou o TCU à
Privados, o congresso teve por mação intensa do Conahp 2019 disposição para fortalecer tra-
volta de 100 palestrantes, na- permitirá a todos nós grande balhos de prevenção. “O inves-
cionais e internacionais, que aprendizado e será estímulo timento em prevenção é neces-
compartilharam experiências para ações futuras.” sário para dar continuidade ao
e convidaram os congressistas A abertura também foi pres- processo de recuperação que
a discutir o tema central do tigiada por importantes au- o país está passando. Estamos
evento: “Saúde baseada na en- toridades. Augusto Nardes, fazendo auditorias para avaliar
trega de valor: o papel do hos- Ministro do TCU (Tribunal de esta questão da sustentabilida-
pital como integrador do siste- Contas da União), comentou de. O TCU está preparado, te-

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Associação Nacional de Hospitais Privados PANORAMA ANAHP
O INÍCIO
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ABERTURA

des nomes da saúde, pessoas


que são geradoras de desen-
volvimento, renda e inovação
tecnológica. É justamente com
esse olhar que nossa equipe
tem conduzido os projetos em
nossa gestão. Alguns projetos,
como o Corujão da Saúde, são
realizados em parceria com im-
portantes hospitais aqui presen-
tes, que participam do dia a dia
do SUS. A população do estado
de São Paulo agradece e o êxito
nos credencia a continuar nessa
parceria”, expôs.
Erno Harzheim, secretário de
Atenção Primária à Saúde, re-
presentando o Ministro da Saú-
de, Luiz Henrique Mandetta,
defendeu a importância da con-
vergência com foco nas pesso-
as. “Temos, no atual governo
Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Anahp, fez a abertura do evento federal, a capacidade técnica
e a coragem de fazer todas as
reformas que o sistema de saú-
mos secretarias para assessorar O secretário Estadual da Saú- de pública precisa e é muito
em todas as áreas, temos con- de em São Paulo, José Henrique importante que uma instituição
dições de mostrar caminhos. Germann, participou represen- como a Anahp esteja pronta
Não podemos perder a espe- tando o governador João Dória. para discutir um sistema centra-
rança na nação.” “Reunimos neste evento gran- do realmente nas pessoas.”

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O INÍCIO
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ABERTURA
José Henrique Germann, Mohamed Parrini, Augusto Nardes, Eduardo Amaro, Antonio Brito, Erno Harzheim e Marco Aurélio Ferreira

O deputado federal e presi- tradores hospitalares, como eu setor de saúde brasileiro. “Esta-
dente da CSSF (Comissão de fui, e outros profissionais rela- mos aqui para ensinar, aprender
Seguridade Social e Família), cionados ao setor discutindo a e doar. Somente com esses prin-
Antonio Brito, apontou a im- otimização de resultados.” cípios faremos um sistema de
portância do encontro para Mohamed Parrini, presidente saúde sustentável, colocando o
prestigiar o setor hospitalar da Comissão Científica do Co- paciente no centro de todas as
brasileiro. “Buscamos a saúde nahp 2019 e CEO do Hospital decisões”, frisou.
baseada em valor tendo o hos- Moinhos de Vento, disse que a O diretor-executivo da
pital como centro, para isso é missão do evento é provocar re- Anahp, Marco Aurélio Ferrei-
indispensável termos adminis- flexões, inspirar e desenvolver o ra, enfatizou a importância da

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O INÍCIO
10
ABERTURA

císio Perondi (MDB/RS), Hiran


Gonçalves (PP/RR) e Laercio
Oliveira (PP/SE).
Já a curadoria do conteúdo
abordado no congresso ficou
a cargo da Comissão Científi-
ca, composta por: presidente
Mohamed Parrini, Hospital Moi-
nhos de Vento; vice-presidente
José Mauro Vieira, Hospital Sí-
rio-Libanês; César Abicalaffe,
Instituto Brasileiro de Valor em
Saúde; Evandro Tinoco, Hos-
pital Pró-Cardíaco; Florentino
Cardoso, Hospital Care; Geor-
gia Antony, Confederação Na-
cional da Indústria (CNI); José
Henrique Salvador, Hospital
Mater Dei; Leandro Fonseca,
Agência Nacional de Saúde Su-
Mohamed Parrini, presidente da Comissão Científica desta edição do Conahp plementar (ANS); Leandro Reis
Tavares, Red D'Or São Luiz;
Mara Nasrala, Hospital Santa
convergência e união entre os maior ferramenta para isso.” Rosa; Martha Oliveira, Qualire-
hospitais associados, e finalizou Também estavam presentes de; Naiara Porto, Hospital An-
dizendo que a saúde brasileira na cerimônia de abertura os chieta; Roberto de Sá Menezes,
deve muito aos parlamentares e deputados federais Ronaldo Hospital Santa Izabel; Salvador
profissionais presentes no even- Santini (PTB/RS), Dr. Luiz Anto- Gullo, Dr. Rafael - Patient Safety
to. “Teremos um mercado me- nio Teixeira Jr. (PP/RJ), Pedro Advisor; Sérgio Baldisserotto,
lhor se construirmos o diálogo, Westphalen (PP/RS), Carmen Santa Casa de Misericórdia de
e é o que eu vejo hoje, pessoas Zanotto, também presidente Porto Alegre; Thatiane Ticom,
dispostas a transformar a saú- da Frente Parlamentar Mista da Hospital Márcio Cunha; Victor
de brasileira. O diálogo é nossa Saúde (CIDADANIA/SC), Dar- Grabois, Fiocruz.

Ronaldo Santini, José Henrique Germann, Mohamed Parrini, Luiz Antonio Teixeira Jr., Pedro Westphalen, Eduardo Amaro, Antonio Brito, Carmen
Zanotto, Erno Harzheim, Darcísio Perondi, Hiran Gonçalves, Marco Aurélio Ferreira e Laercio Oliveira

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O INÍCIO
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DESTAQUES

EXPERIÊNCIAS
BEM-SUCEDIDAS
DE VBHC AO REDOR
DO MUNDO
Como tradicionalmente ocor- portância dos sistemas de saúde ciente. Já o vice-chanceler ad-
re no Conahp, o congresso con- em reajustar o foco, colocar as junto e professor no Karolinska
tou com a presença dos maiores necessidades da população em Institute, Martin Ingvar, ressaltou
especialistas internacionais de primeiro lugar, empoderar pa- a importância em medir e compa-
renomadas instituições, para de- cientes e promover a saúde. rar os resultados clínicos de ma-
bater o tema central do evento: Neste sentido, Anthony War- neira adequada, com o paciente
a saúde baseada no valor, ou muth, diretor-executivo de qua- no centro do cuidado, para que
Value-Based Healthcare (VBHC). lidade e segurança da Cleve- haja um benchmarking interna-
Um dos palestrantes, o presi- land Clinic, contou a história da cional de valor.
dente emérito e membro sênior transformação que houve em sua Outro case de sucesso interna-
do Institute for Healthcare Im- instituição, que hoje é referência cional apresentado no congresso
provement (IHI), Don Berwick, quando o assunto é promover foi o da Erasmus University Medi-
abordou em sua plenária a im- a melhor experiência para o pa- cal Center. O CEO da organiza-

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O INÍCIO
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DESTAQUES
ção, Ernst Kuipers, descreveu al- O bem-estar foi um dos temas Trazendo a pauta para o pano-
gumas iniciativas da instituição e citados entre os palestrantes, que rama da saúde suplementar no
contou sobre o sistema de saúde foram unânimes ao dizer que a Brasil e seus desafios, a Associa-
holandês, que tem como base do qualidade de vida precisa ser um ção Nacional de Hospitais Privados
cuidado a atenção primária. dos pontos focais, tanto do pa- (Anahp) apresentou um estudo
Para apresentar algumas ten- ciente, quanto dos profissionais para ajudar a esclarecer os fatores
dências e desafios da tecnologia que trabalham no setor. Diante que impactam os custos da saúde
e da inovação nos sistemas de desse cenário, Shawn Achor, pes- suplementar no País. E, para encer-
saúde, a fim de entregar cada vez quisador da ciência da felicidade rar a programação, o ministro da
mais valor para o paciente, Daniel e autor do livro “O Jeito Harvard Saúde, Luiz Henrique Mandetta,
Kraft - fundador e presidente de de ser Feliz”, contou aos con- abordou as perspectivas para o sis-
Medicina Exponencial da Faculty gressistas que é possível treinar a tema de saúde brasileiro, falando
Chair for Medicine, da Singularity mente para promover pensamen- sobre a ampliação do Sistema Úni-
University – mostrou uma série de tos mais felizes, o que passa por co de Saúde (SUS) e a garantia de
dispositivos que prometem revo- mudança de hábitos e processos cobertura a toda a população. Leia
lucionar o futuro da saúde. de conexões sociais. mais sobre cada plenária a seguir!

A NOVA
ERA DA SAÚDE
Os sistemas de saúde precisam centro do cuidado, tratamentos tantes apontaram a enorme lacu-
ser redesenhados radicalmente. oportunos, eficiência e igualdade na que ainda existe na qualidade
É isto que defende Don Berwick, no acesso à saúde passaram a re- do cuidado médico no mundo in-
presidente emérito e membro ceber mais atenção e se tornaram teiro, especialmente em países de
sênior do Institute for Healthcare objetos de melhoria. “Naquele renda mais baixa”, explicou Berwi-
Improvement (IHI). Sob o tema momento foi identificado o que ck. “De 5 a 7 milhões de pessoas
“Saúde baseada na entrega de chamamos de ‘abismo de qualida- ainda morrem por ano por erros
valor: o papel do hospital como de’, que só em 2018 ganhou mais médicos. Se não trabalharmos
integrador do sistema”, o médico atenção, quando relatórios impor- com segurança e eficácia, ao invés
falou sobre reajustar o foco, co-
locar as necessidades da popula-
ção em primeiro lugar, empode-
rar pacientes e promover saúde
– não apenas tratar doenças.
Berwick definiu as duas primei-
ras eras que a medicina já atra-
vessou. Na Era 1, segundo ele, o
que prevalecia era a confiança no
médico, que não era questionado
e vivia uma relação hierárquica
com o paciente. Na Era 2, o mé-
dico passou a viver o conflito de
ter que deixar para trás a figura
de herói e passar a prestar contas,
enquanto o sistema de saúde co-
meçou a ser testado. Um relatório
chamado “To err is human” (errar
é humano), publicado em 1999,
mostrou que por ano, nos Estados
Unidos, entre 44 e 98 mil pessoas
morriam por causa de erros no tra-
tamento e não pela doença.
Foi aí que questões como se- Don Berwick, presidente emérito e membro sênior do IHI abordou a saúde baseada na
gurança, efetividade, paciente no entrega de valor

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DESTAQUES

Paulo Chapchap, conselheiro da Anahp e CEO do Hospital Sírio-Libanês, moderou a plenária de Berwick

de cuidar das pessoas vamos aca- mover o bem-estar antes da cura; mentar exponencialmente a área
bar com a vida delas.” ter satisfação e alegria no traba- de alcance dos atendimentos, e
Como um caminho para melho- lho novamente; descomplicar o Peek que, por causa da teleme-
rar este cenário, a sugestão é que processos; aproveitar a tecnolo- dicina e da ajuda de professores,
ambientes hospitalares trabalhem gia e torná-la útil para as pesso- já consegue examinar “10 mil
com base em um objetivo triplo: as; colaborar e cooperar; assumir crianças por semana no Quênia”.
promover melhorias na saúde da a abundância utilizando todos os O programa Nuka, aplicado no
população, na experiência do pa- recursos disponíveis para traba- Alaska (EUA), realiza atendimen-
ciente e no custo per capita com lhar nas comunidades e aumen- tos de atenção primária de forma
saúde. Um ponto que parece ser tar a efetividade; gastar bem os multidisciplinar e conseguiu redu-
crucial nesta nova era é que o recursos financeiros e devolver o zir em 40% as entradas no pronto
hospital precisa se reinventar e que se economizou com saúde atendimento do sistema local, se-
entender que já não deve mais es- para outros setores; “mover o gundo Berwick.
tar no centro de todo o cuidado. conhecimento, não as pessoas”, No Brasil algumas medidas tam-
“O sistema pode funcionar mara- ou seja, explorar a capacidade de bém já começaram a ser tomadas
vilhosamente bem, com tecnolo- atendimentos digitais e avaliar a e uma delas foi destacada durante
gia avançada e capacidade para possibilidade de visitas e estadias a palestra: o programa colaborati-
fazer os exames mais modernos. na comunidade. vo “Saúde em nossas mãos”, em
Mas hoje o trabalho precisa acon- “Na nova era, o leito vazio vai que hospitais privados estão uni-
tecer na comunidade, precisamos ter mais valor do que o ocupado, dos em projetos de melhoria em
olhar para as necessidades da po- a telemedicina vai ser usada em benefício do Sistema Único de
pulação, não só do paciente, e as escala, vamos usar o celular para Saúde (SUS). O objetivo é reduzir
pessoas precisam de prevenção, promover cuidado. A fidelidade o número de infecções nas UTIs
cuidados mentais, emocionais e da imagem de um smartphone já de 119 hospitais públicos, o que já
justiça social”, declarou. é melhor do que a de aparelhos começou a acontecer. De janeiro
Para alcançar esses objetivos, que usamos nos consultórios”, de 2018 a outubro de 2019, mais
será necessário o exercício de re- disse Don Berwick. Segundo ele, de 4 mil episódios infecciosos já
pensar todo o sistema de saúde, as pessoas já têm autonomia para foram evitados e mais de mil vidas
levando em conta as característi- fazer por elas o que antes só o foram salvas.
cas de um “cidadão do futuro”. médico podia fazer. “Algumas te- “Vejo todas essas iniciativas
Berwick apresentou alguns prin- rapias podem ser feitas com muito como um movimento social e
cípios fundamentais para esse mais eficiência na casa das pesso- todos esses resultados mostram
“redesign radical”: reequilibrar as e por elas mesmas, o que já é que é possível alcançar esse obje-
o poder para que pacientes, fa- realidade em casos de tratamen- tivo triplo. Eu acredito que a cha-
miliares e comunidade ocupem tos da doença e Crohn e até mes- ve para a mudança seja se desen-
o posto de parceiro do médico; mo hemodiálises.” volver, ir além do tratamento de
padronizar o serviço para ganhar Como exemplo de iniciativas saúde, sermos responsáveis pela
agilidade e economizar; customi- que aplicam esses princípios, o melhoria contínua da qualidade e
zar o atendimento perguntando médico citou projetos como o considerarmos as responsabilida-
ao paciente o que é importante Echo, no Novo México (EUA), que des sociais da nossa profissão”,
para ele naquele momento; pro- usa um sistema virtual para au- finalizou Berwick.

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DESTAQUES
O IMPACTO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS PARA A SAÚDE

Para apresentar algumas ten- notecnologia, big


dências e desafios da tecnologia data e blockchain,
e da inovação nos sistemas de por exemplo, são
saúde, a fim de entregar cada tecnologias que já
vez mais valor para o paciente, estão disponíveis
o fundador e presidente de Me- e precisa existir
dicina Exponencial da Faculty convergência en-
Chair for Medicine, da Singulari- tre elas. Sei que o
ty University, Daniel Kraft, pales- grande problema
trou no primeiro dia do Conahp. na saúde pública
Segundo Kraft, estamos viven- brasileira é o tem-
do a 4º revolução industrial, uma po de espera, de-
mudança de paradigma que está mora-se muito para
transformando a forma como con- conseguir uma con-
sumimos e nos relacionamos. As sulta. A tecnologia
experiências digitais e o acesso virá para podermos
a aplicativos mudam as expecta- trabalhar questões
tivas e necessidades do público. como essa”, disse.
Agora as informações e decisões Contudo, na opi-
estão nas mãos dos pacientes, nião de Kraft, quan-
onde e quando eles precisam. do se fala em saú-
“As organizações de saúde de baseada em Daniel Kraft, da Singularity University, falou sobre como as
inovações irão revolucionar a saúde
precisam acompanhar esta trans- valor, a tecnologia
formação, é preciso inovar para é uma das peças,
entregar valor ao paciente”, afir- mas mais importante são os in- componentes relacionados à
mou. Para o especialista, os pa- centivos. “Parte do incentivo é saúde, mas que questões sociais
cientes estão mais empoderados tirar essa questão do cuidado de como região onde mora e dieta
e há maior compartilhamento de dentro do hospital e levar para a alimentar são questões mais de-
dados, mas é preciso trabalhar clínica, consultório, ou até mes- terminantes que o próprio códi-
com todas essas informações dis- mo para o domicílio”, disse, co- go genético do indivíduo.
poníveis para que sejam úteis e mentando que a tecnologia só O especialista lembrou ainda
plenamente aproveitadas. “Na- representa de 20% a 30% dos que só inovar não basta, é pre-
ciso acompanhar
os movimentos do
mercado. “A Kodak
criou a fotografia
digital, mas entrou
em falência justa-
mente em decor-
rência disso. Você
tem que ser a pes-
soa que vai fazer a
disrupção e não a
que vai sofrer pela
mudança do mer-
cado”, explicou.
Kraft apre-
sentou diversos
exemplos do uso
da Internet das
Coisas (IoT) que
impactam a área
da saúde. “Hoje
já é possível moni-
Mohamed Parrini, presidente da Comissão Científica do Conahp 2019, foi o moderador da plenária de Kraft torar por pulseira

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DESTAQUES

com mecanismo de GPS pesso- Outro uso da tecnologia na te receberá determinado tipo
as doentes para saber se estão saúde comentado pelo pales- de informação. “Uma nova so-
conseguindo se locomover. Há trante é para otimizar alguns lução pode não funcionar para
dispositivos que podem medir processos que os profissionais todo mundo”, disse.
a pressão arterial em tempo precisam realizar. “Médicos e en- Para encerrar sua apresenta-
real e passar informações ime- fermeiros estão sobrecarregados ção, ele questionou: “O que va-
diatamente, ajudando a cuidar de digitar prontuários médicos, mos fazer com tanta informação?
de muitas doenças. Existem até ou seja, a tecnologia vem para Não precisamos somente de in-
mesmo dispositivos que podem melhorar também a experiência teligência artificial, mas de inves-
ficar embaixo de uma lente de do clínico”, afirmou. timento em biotecnologia para
contato e medir índices de po- No entanto, o especialista inteligência aumentada. O futu-
tássio, de açúcar. É a saúde da Singularity University alertou ro da medicina não é uma única
quantificada”, contou, comple- que, para aplicar os diversos tecnologia, mas trabalhar com
mentando que, no futuro, todo dispositivos, é importante en- todas e combiná-las de forma in-
cuidado de saúde será baseado tender as diferentes gerações teligente”, ressaltou, concluindo
na capacidade de medir dados para definir uma abordagem que “a melhor forma de prever o
do corpo humano. equilibrada e saber qual pacien- futuro é criá-lo.”

FELICIDADE COMO
GATILHO PARA O SUCESSO

A felicidade é fator fundamen- um estado determinado apenas tir de suas atitudes. Reservar dois
tal para que o ser humano alcan- por genes, personalidade e o minutos diários para listar moti-
ce seus objetivos. E a boa notí- ambiente em que crescemos e vos de gratidão ou simplesmen-
cia é que ela está ao alcance de vivemos, mas, ao sair da inércia, te agradecer outras pessoas por
qualquer pessoa. Ser feliz não é é possível conquistar essa tal fe- algo que fizeram seria o suficiente
licidade mudando para gerar uma carga de dopa-
hábitos e estabele- mina e ajudar o cérebro a ‘esca-
cendo conexões so- near’ o mundo com otimismo”,
ciais. Esta é a teoria disse Achor. Para ele, não importa
estudada por Shawn o motivo da gratidão, mas sim o
Achor, pesquisador exercício que o cérebro faz para
da ciência da felici- procurar esses motivos.
dade e autor do livro É a partir da mudança de ótica
“O Jeito Harvard de que os níveis de otimismo e po-
ser Feliz”, que fe- sitividade crescem e a felicidade
chou o primeiro dia passa a servir como um combus-
de palestras no Co- tível para as nossas ações. O es-
nahp 2019. pecialista acredita que é a partir
Segundo o pes- daí que o sucesso começa. “Tudo
quisador, o cérebro se transforma quando o cérebro
humano é treinado humano tem esse ‘input’ positivo.
para procurar pro- A felicidade nos impulsiona, au-
blemas e é isto que menta nossa memória, nossos ní-
impede o processa- veis de aprendizagem e até con-
mento de alegria, tagia outras pessoas”, explicou.
gratidão e olhar ao Para exemplificar, o palestrante
redor com propósi- fez um teste com a plateia. Sepa-
to. “Promover uma rou o público em duplas e sugeriu
mudança na rotina que uma das pessoas olhasse para
do pessimismo é a outra com a mente vazia, sem
mais eficiente do expressões faciais, e que permane-
Shawn Achor contou que é possível conquistar a felicidade que buscar ser feliz cesse assim enquanto a outra sorria
mudando hábitos e estabelecendo conexões sociais
o tempo todo a par- genuinamente. O resultado foi o

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DESTAQUES
mesmo de outras ocasiões em que
Achor aplicou o teste: 99% da pla-
teia não conseguiu manter a indi-
ferença e reagiu sorrindo de volta.
O pesquisador explicou que isto
acontece porque ao ver alguém
sorrir, o cérebro ativa as mesmas
partes de quando você sorri.
Esta técnica pode ser aplicada
inclusive com as equipes hospita-
lares e render resultados valiosos
para as instituições. “Em um hos-
pital metade da equipe foi ins-
truída a sorrir para os outros nos
corredores, mesmo sem motivo.
Após seis meses, o número de pa-
cientes diminuiu e os diagnósticos
ficaram 90% mais rápidos”, con-
tou o especialista. Para ele, essa Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Anahp participou como
é uma prova de que a felicidade moderador durante a apresentação de Achor
pode ser contagiante, assim como
são a negatividade, o estresse a mos para uma montanha junto de fundar vínculos sociais e falar
ansiedade e a insegurança. alguém, ela vai parecer menor, faz de gratidão nos hospitais para
Essas conexões humanas são mudar nossa perspectiva. O con- termos equipes coesas, que se
parte fundamental do processo da trário acontece se olharmos sozi- sentem seguras e conseguem se
felicidade, e este é um dos pontos nhos”. Portanto, a taxa de sucesso expressar. Só assim teremos uma
centrais da pesquisa. Shawn Achor tende a aumentar quando os tra- alta performance”, afirmou o
explicou que as mentes humanas balhos são realizados em equipe. norte-americano. “Se mudarmos
parecem estar conectadas através “Se tentarmos mudar uma es- nossa ótica, nosso nível de gra-
de sistemas refletivos. O especialis- trutura hospitalar sozinhos, nada tidão e positividade, vamos ter
ta usou como exemplo: “se olhar- vai acontecer. Precisamos apro- ainda mais sucesso.”

CLEVELAND CLINIC:
MODELO PARA ENTREGA DE VALOR

A excelência técnica da rede nária que abriu o segundo dia do cuidadores, sendo 4.200 médicos
Cleveland Clinic, nos Estados Conahp. Com o tema “Uma dé- e cientistas, que atendem quase
Unidos, nunca foi questionada. cada de experiência do cliente na seis mil leitos e 210 unidades am-
Sua reputação nessa área era no- Cleveland Clinic: novos desafios e bulatoriais. Todos esses números
tória e sustentada pelo seu aten- oportunidades a partir de agora”, tornam o desafio da entrega de
dimento, entretanto, pacientes Warmuth explorou os princípios valor parecer ainda maior.
classificavam a instituição como aplicados no dia a dia dos hospi- Porém, Warmuth comparti-
fria e robótica e apontavam fal- tais e compartilhou algumas medi- lhou medidas simples para co-
ta de empatia no atendimento. das e seus resultados. meçar. Ele conta que o primeiro
Foi a partir dessa percepção que A Cleveland Clinic tem hospitais passo foi reconhecer todos da
tudo começou a mudar e o novo espalhados pelos Estados Unidos, equipe como cuidadores. “Não
sistema se tornou referência sendo que só no estado de Ohio há funcionários, colaboradores
quando o assunto é saúde base- são 13 unidades e cinco ficam na ou empregados, não usamos
ada na entrega de valor. Flórida. Também está presente no esses termos. Todos cuidamos
Essa história foi contada por Canadá, em Londres, em Xangai e da saúde das pessoas”, disse.
Anthony Warmuth, diretor-execu- em Abu Dabi, onde está prestes a Outro ponto fundamental: os
tivo de qualidade e segurança da abrir duas unidades. Hoje, a orga- pacientes passaram a ser trata-
Cleveland Clinic, durante a ple- nização conta com mais de 65 mil dos como família. “Hoje eles se

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Bernardete Weber, conselheira da Anahp e superintendente de Responsabilidade Social do Hospital do Coração - HCor, foi a moderadora
da plenária de Anthony Warmuth, da Cleveland Clinic

sentem cuidados, física e emo- “Tem quem acredite que traba- Entender o paciente e o con-
cionalmente, e não apenas tra- lhar com qualidade vai custar mais texto onde ele está inserido é
tados. Incluímos na nossa cul- caro, mas eu acredito que esse parte importante deste proces-
tura o conceito de que eles são adicional vai trazer um retorno so e vai refletir diretamente na
nossa família e de que o hospital muito sólido. Você pode investir aderência aos tratamentos e efi-
é uma extensão da nossa casa. em tratamentos e insumos, mas ciência do cuidado. E isso pas-
Essa é a base dos nossos valores quanto vai economizar evitando sa também por conceitos como
e é nisso que pensamos na hora uma infecção?”, questionou o es- empatia e inclusão. Como exem-
de tomar decisões.” pecialista. plo, o diretor contou sobre uma
A partir dessas ideias, o con- Medidas simples podem ser a das clínicas da rede que resolveu
ceito de cuidado passou a con- solução para entregar valor e evi- abrir a cozinha e ensinar diabéti-
templar quatro frentes, que são tar danos. Abertura para reportar cos a cozinharem de acordo com
o cuidado com o paciente, com erros, orientação da equipe e for- suas necessidades de saúde. O
os colegas, com a comunidade necedores sobre medidas de segu- trabalho realizado em uma co-
e também com a instituição. O rança, envolvimento da liderança munidade também levou à aber-
foco é o paciente, mas o hospital nos processos, discussão dos pla- tura de um mercado de agricul-
também precisa ser reconhecido nos de cuidado com o paciente e tores locais, dando acesso a uma
como o melhor lugar para se tra- parar para ouvir os funcionários são alimentação mais saudável para
balhar. “A experiência clínica co- algumas delas. “Tudo bem trazer a população local.
meça a mudar depois de organi- estatísticas e números para melho- Nada disso seria possível sem
zarmos a qualidade e a segurança. rias, mas contar as histórias pode uma equipe coesa, preparada e
Esses dois pilares devem estar em ser muito mais importante. Se con- bem capacitada, mas que tam-
todas as reuniões porque isso pro- tamos 14 infecções no trimestre bém é ouvida pelos seus líderes.
move confiança na organização. estamos contando pessoas. Mas Uma das medidas adotadas na
Mas temos também que gerar se contamos 0,2 não estamos mais Cleveland Clinic neste sentido
respeito e inclusão, fazer com que falando de pessoas”, exemplificou foi bastante simples: passaram a
a diversidade de pacientes esteja Warmuth. “Não podemos mais perguntar aos funcionários o que
refletida no corpo clínico, valorizar olhar para o paciente como mais mais atrapalhava seu trabalho.
líderes e premiar comportamentos uma doença ou um conjunto de “Uma das pessoas da recepção
organizacionais que contribuem dólares que está chegando. Será disse que estava cansada de ter
para uma boa cultura de traba- que estamos olhando de verdade que pedir desculpas aos pacien-
lho”, declarou Warmuth. para as pessoas, tendo contato vi- tes quando eles faziam alguma
No entanto, o primeiro receio sual, que nem família? Precisamos reclamação. Pedimos que ela
que surge entre administradores parar de mandar formulários e co- anotasse por alguns dias todos
de hospitais quando se fala em meçar a conversar para realmente os motivos e descobrimos que o
tudo isso é o aumento de custo. nos conectarmos.” problema estava na demora da

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entrega de exames. Então con- saber que serão co-
seguimos chegar até os respon- bradas por isso.”
sáveis e resolvemos o problema”, Para o executivo,
contou Warmuth. há uma conexão
Este preparo dos cuidadores co- bastante estreita
meça já na seleção de funcionários. entre a experiên-
As entrevistas são baseadas em cia do paciente, o
comportamento e não em conhe- engajamento dos
cimento científico. “Eu já sei onde funcionários, a cul-
essa pessoa se formou e as práticas tura de segurança e
que ela domina, então tento avaliar o desfecho clínico.
como ela se comportaria em situa- “Todos esses con-
ções específicas e como ela enxer- ceitos devem ser
ga o paciente”, disse o palestrante. promovidos o tem-
“É fácil treinar pessoas em habili- po todo e ao mes-
dades associadas às práticas, mas mo tempo. Criar
não é simples mudar a personali- esse modelo não
dade. Há pessoas que só querem significa trabalhar
o salário, mas não o engajamento, mais, mas sim da Warmuth explicou como medidas simples podem ajudar na
e na Cleveland Clinic elas devem forma correta.” entrega de valor

GASTOS DA SAÚDE SUPLEMENTAR SUBIRAM


R$ 83,6 BILHÕES EM CINCO ANOS

Para ajudar a esclarecer os sistema teve um aumento de R$ totais do sistema de saúde su-
fatores que impactam os cus- 83,6 bilhões entre 2013 e 2018, plementar foi a frequência de
tos da saúde suplementar no um crescimento de 12,1% ao uso, que passou de 22,8 para
País, a Associação Nacional de ano. O estudo mostrou o efeito 29,6 eventos por beneficiário
Hospitais Privados (Anahp) en- combinado da variação da base por ano, o que representa um
comendou um estudo técnico de beneficiários, o aumento de crescimento de 5,4% ao ano.
e aprofundado sobre o tema. frequência de uso de serviços A maior utilização se concen-
O levantamento foi apresenta- de saúde, somados ao impacto tra nas categorias de exames e
do no segundo dia do Conahp da margem de contribuição das terapias, seguidos por outros
2019 pela executiva da Com- operadoras no período. atendimentos ambulatoriais. Em
pass Consultoria, Laura Porro, O fator que mais contribuiu consultas e internações a varia-
e apontou que o gasto total do para o crescimento dos gastos ção foi marginal.

Ary Ribeiro, CEO do Hospital Infantil Sabará; Mohamed Parrini, presidente da Comissão Científica do Conahp 2019; Henrique Neves, vice-
-presidente do Conselho de Administração da Anahp; e Laura Porro, executiva da Compass Consultoria

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VARIAÇÃO DO NÚMERO DE EVENTOS DAS CATEGORIAS DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR BENEFICIÁRIO

Crescimento no período
Categorias de serviços Número de eventos por
beneficiário por ano Eventos/
%
Beneficiário

Consultas 5,4
1,3% 0,35 6,5%
médicas 5,7

Outros atendimentos 2,5


6,8 0,98 39,3%
ambulatoriais 3,5

Exames 13,7
5,9% 4,54 33,1%
complementares 18,3

1 15,0% 0,93 88,6%


Terapias
2

0,16
Internações 0,8% 0,1 4,2%
0,17

22,8
Total 5,4% 6,80 29,8%
29,6

Base: 2013 a 2018


Fonte: SIP, Análises Compass Consultoria 2013 2018

Segundo o estudo, os custos em linha com a inflação do perí- que se referem à variação dos
unitários de prestação de serviços odo (5,9%) e inferior aos demais gastos totais e não aos custos uni-
cresceram a taxas de 6,7% ao ano, indicadores divulgados no setor, tários de serviços do sistema.

COMPARAÇÃO DOS INDICADORES DO SETOR


(CAGH % - 2013 a 2018)

IPCA

Geral= 5,9%
Indicadores de variação de gastos totais Serviços= 6,1%

17,6%
Indicadores de variação de
custos unitários
11,6% 11,2%

6,1% 6,7%
6,0%

VCMH Índice Prisma IPCA Índice ANAHP Índice ANAHP


Indicadores do IESS ANS/RPC ANS (*) serviços médicos custos custos
hospitalares de saúde hospitalares
Múltiplo

IPCA geral 2,94 1,94 1,74 1,02 1,12 1,01


IPCA serviços 2,87 1,89 1,54 1,00 1,09 0,98

Base: 2013 a 2018


Nota: (*) 2013 a 2017
Fonte: ANS, IBGE, Banco Central, IESS, Análises Compass Consultoria Apuração ANAHP

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De acordo com Henrique Ne- belecer uma agenda positiva para no Brasil. “A Anahp consolida,
ves, vice-presidente do Conselho que o setor busque alternativas assim, sua posição de entidade
de Administração da Anahp e di- para a sustentabilidade da saú- geradora de dados, análises e co-
retor geral do Hospital Israelita de suplementar no País”, avaliou nhecimento”, afirmou.
Albert Einstein, o propósito do o executivo, destacando que a Já o CEO do Hospital Sabará,
estudo não é apontar responsá- Anahp vai repetir o estudo anu- Ary Ribeiro, destacou que os da-
veis pelo aumento dos gastos, almente, oferecendo ao mercado dos apresentados pela Associação
uma vez que todos os elos da dados consistentes sobre o setor. oferecem uma visão autêntica dos
cadeia têm responsabilidade de Neste sentido, o presidente da reais ofensores das despesas da
promover a eficiência e a melhor Comissão Científica do Conahp saúde suplementar, representan-
alocação de recursos no siste- 2019 e CEO do Hospital Moinhos do uma contribuição importante
ma, e cada um deles pode tomar de Vento, Mohamed Parrini, res- para o setor. “Está claro que a
ações para melhorar a atenção saltou que o novo índice amplia questão não são os custos unitá-
prestada à população. ainda mais o papel da Anahp na rios, mas há outros fatores, como
“Nossa prioridade é identificar divulgação de conteúdos que o aumento da frequência, que
e quantificar as determinantes, contribuam com uma visão mais agora poderão ser mais bem ava-
um passo fundamental para esta- completa da saúde suplementar liados”, concluiu.

ATENÇÃO PRIMÁRIA É ESSENCIAL


NO SISTEMA DE SAÚDE HOLANDÊS

Trazendo um case de suces- da Erasmus University Medical O palestrante afirmou que,


so internacional para a última Center, apresentou o sistema de mesmo com o aumento da lon-
plenária do segundo dia do Co- saúde holandês e algumas ini- gevidade humana, ainda há mui-
nahp 2019, Ernst Kuipers, CEO ciativas da instituição onde atua. to o que ser feito para melhorar
a expectativa de vida, que de
1990 a 2013 aumentou 6,3 anos
(média global). “Não há nada
de tão inovador. A maioria das
drogas que temos disponíveis
contribuem para melhorar a ex-
pectativa de vida em um mês,
algumas em apenas minutos,
horas. Temos muito o que fazer
em termos de melhoria nesse
aspecto, já vimos avanços, mas
gostaríamos de continuar evo-
luindo, há muitos desafios co-
muns a todos nós.”
Ainda neste sentido, Kuipers
comentou que dependendo da
área geográfica onde a pes-
soa vive, a expectativa de vida
é diferente. E lembrou que “a
Holanda tem a extensão e po-
pulação que deve representar
apenas um bairro de São Pau-
lo”, por isso é importante in-
vestir em modelos sustentáveis.
Outro desafio apontado pelo
CEO é em relação ao custo da
saúde. “Todos os países estão
Ernst Kuipers, da Erasmus University, compartilhou experiências de sua instituição gastando muito em saúde e ob-

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Miguel Cendoroglo, diretor superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein, moderou o painel de Kuipers

tendo resultados que nem sem- mudanças, sem esperar por polí- rio, na verdade, causa dano em
pre são os melhores, a despesa ticos ou pelo governo. Está claro vez de melhorar. A prescrição
sempre aumenta mais em saúde em toda parte que os pacientes para criança leva a problemas.”
do que aumenta o PIB, há uma preferem estar em casa com suas Para Kuipers, se o setor se
discrepância”, disse, comentan- famílias, e não em hospitais.” concentrar na meta de fornecer
do que o avanço produz equipa- Na Holanda, o foco agora é cuidado à saúde e prevenção
mentos tecnológicos sofistica- um programa nacional que visa para todos os cidadãos, não
dos, que encarecem mais ainda garantir a saúde de crianças e precisará se concentrar no pa-
a medicina. jovens. “Queremos, por exem- ciente que vai voltar para a UTI
O palestrante explicou que os plo, garantir que as crianças ou na taxa de hospitalização. “É
hospitais holandeses estão cada não fumem. Requer muito es- importante comparar as iniciati-
vez mais empenhados em não forço criar uma geração sem vas dos países e isso vai mostrar
apenas cuidar do paciente, mas tabaco. Em relação ao tabagis- que os pacientes não têm os
em mantê-los longe do local de mo, me centrei na prevenção mesmos sintomas nem as mes-
tratamento. “Temos programas ao câncer, e estamos lideran- mas expectativas dos funcioná-
de prevenção e cuidados com a do essas ações na Europa. Em rios, dos médicos, não têm os
comunidade, utilizando big data nossos programas, temos uma mesmos sentimentos em rela-
para trabalhar com as pessoas. pontuação muito alta, o foco é ção a resultados. E por isso eu
Na Holanda existe um sistema trabalhar juntos para liderar es- trouxe o exemplo do que faze-
nacional em que cada pessoa é sas organizações complexas in- mos na Erasmus University Me-
identificada, recebe um pedido de dicando determinada direção. dical Center, temos uma equi-
exame, e a partir daí verificamos Sabemos que é um desafio, pe especializada no cuidado à
se ela deve participar de nossos mas é possível, e pode ser fei- saúde com base em valor, muito
programas de saúde e conecta- to através de guias, aderência a apoiada pelos profissionais de
mos aos laboratórios”, disse. diretrizes e prevenção.” tecnologia da informação. Essas
Segundo Kuipers, a atenção Outra ação busca reduzir a ações são inteligentes e ajudam
primária é uma barreira bastante utilização de antibióticos. “Sa- a direcionar investimentos para
eficiente, sendo impossível aces- bemos quais antibióticos os mé- outras áreas”, afirmou.
sar um especialista sem passar dicos de família prescreveram, O palestrante finalizou sua
pelo médico de família. Ele reve- nós temos guias e recomen- apresentação comentando que
lou que o número de hospitais no dações quando são prescritos, a Erasmus trabalha com qua-
país caiu de 261, em 1970, para nosso trabalho tem compensa- tro princípios norteadores que
91 em 2018. Houve queda tam- do porque registramos menos parecem simples, mas não são:
bém de 6 para 2,4 leitos por mil uso desse tipo de medicamento centralização no paciente, manu-
habitantes no mesmo período. na Europa. Em muitos casos, o tenção de um ambiente de cura,
“Como gestores hospitalares, uso de antibióticos nos primei- conectividade com foco no mun-
nós mesmos devemos fazer as ros anos de vida não é necessá- do externo e flexibilidade.

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DADOS BEM ESTRUTURADOS SÃO O MAIOR
DESAFIO PARA BENCHMARKING

No terceiro e último dia des- uma análise profunda, para De acordo com o palestran-
ta edição do Conahp, os con- elaborar um plano de cuidado te, o primeiro passo é definir
gressistas acompanharam a robusto. Para o colaborador o nível operacional em que
palestra “A construção de um compartilhar informações com os dados vão ser coletados e
benchmarking global para men- a equipe é necessário estruturar tratados. Depois, deve haver
suração de desfechos”, apresen- estes dados, e não apenas for- uma padronização dos termos,
tada pelo vice-chanceler adjunto necer o documento, pois pode para que seja possível a com-
e professor no Karolinska Institu- haver uma desconexão entre as paração, mas sem restringir a
tet, Martin Ingvar, e moderada partes pela interpretação dife- adequação da individualidade
pelo CEO do Hospital Infantil rente dos dados. Este é o gran- de cada paciente. Em seguida,
Sabará Ary Ribeiro, que ressaltou de desafio, conseguir alcançar deve ser mapeado e estrutura-
a importância de medir e compa- a interoperabilidade, a comuni- do todo o fluxo e, por fim, de-
rar os resultados clínicos de ma- cação transparente no sistema finidas as etapas com a área de
neira adequada, com o paciente como um todo”, afirmou. tecnologia da informação para
no centro do cuidado. “O hospi-
tal precisa ser um ente que está
integrado no cuidado e trabalha
proativamente nesse sentido.
Nessa jornada, o fundamental é
medir o que se entrega ao pa-
ciente, usando padrões que pos-
sam ser reproduzidos e compara-
dos", afirmou Ribeiro.
Em sua apresentação, Ingvar
afirmou que o papel do médico
está fragmentado. “Hoje todo
mundo tem acesso ao 'dr. Goo-
gle'. De certa forma, à medida
em que o médico acaba sendo
contestado, coloca em questão
o papel do profissional”, disse.
Para ele, é necessário guiar o
paciente e não ordenar o seu
fluxo de atividades e cuidados.
“O especialista deve ser centra-
do na pessoa, mas é necessário
aconselhar além do problema fí-
sico em questão. É preciso olhar
o aspecto social auxiliando em
mudanças de estilo de vida que
podem afetar o bem-estar, pro-
porcionando ações de preven-
ção e de cuidados sociais.”
Para que isto se torne possí-
vel, é preciso ter um feedback
com a informação correta e em
tempo real, com dados bem es-
truturados em nível individual,
possibilitando que haja a com-
paração em níveis de grupos e
entre os hospitais. Como exem-
plo, o professor mencionou os
prontuários dos pacientes. “Em Martin Ingvar, do Karolinska Institutet, abordou a importância da comparação dos
muitos casos, os dados regis- dados de saúde
trados não são o suficiente para

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DESTAQUES

tiprofissional em tempo real, é


possível um cuidado contínuo
do paciente através de interven-
ções rápidas e medidas preven-
tivas”, explicou, comentando
que hoje o maior desafio é que
os dados não estão estruturados
e são coletados de forma manu-
al, com uma grande fragmenta-
ção dos setores.
Para Ingvar, os hospitais ain-
da estão presos na década de
90 e é preciso organizá-los.
“As instituições têm uma mas-
sa crítica de conhecimento que
precisa ser compartilhada ao
longo da jornada do paciente”.
Ele mencionou como exemplo
a situação de um paciente que
Ary Ribeiro, CEO do Hospital Infantil Sabará, moderou a palestra de Ingvar passa por diferentes médicos e
tem que repetir a mesma his-
a implementação ou desenvol- ria do paciente para diminuir as tória a cada consulta. “É frus-
vimento de um sistema. barreiras de interoperabilidade. trante. A informação sem es-
“Os colaboradores e os sis- Organizando os dados existen- trutura, sem coordenação em
temas de informação devem tes e disseminando o plano de diferentes unidades é desper-
estar alinhados com a trajetó- cuidados com uma equipe mul- dício”, concluiu.

DESAFIOS DA SAÚDE NO BRASIL

Para fechar a programação do (SUS) e a garantia de cobertura a no Brasil, o ministro reconheceu


Conahp, o ministro da Saúde, toda a população. No entanto, foi o SUS como o maior sistema de
Luiz Henrique Mandetta, subiu enfático em alertar que “não dá saúde do mundo e disse que
ao palco da última plenária do para o sistema atender tudo em agora estamos diante de um de-
congresso e defendeu a amplia- todos os municípios”. Ao fazer safio: “o que temos como possi-
ção do Sistema Único de Saúde uma análise da história da saúde bilidade versus a inventividade e

José Mauro Vieira, vice-presidente da Comissão Científica do Conahp 2019; Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde; Eduardo
Amaro, presidente do Conselho de Administração da Anahp; e Mohamed Parrini, presidente da Comissão Científica do Conahp 2019

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DESTAQUES
tégicos para unidades
hospitalares e, principal-
mente, como tratar de
uma população que em
breve será composta por
mais idosos do que crian-
ças. “As doenças dege-
nerativas serão o grande
vilão”, afirmou.
Mandetta também cha-
mou atenção para o des-
fecho clínico. “O sistema
não pode mais fechar os
olhos para isso, não é
mais entendido que as
unidades de tratamento
intensivo no Brasil se-
jam basicamente locais
para pessoas de 80 ou
90 anos. É preciso abrir
oportunidades de trata-
mento dentro do que é
ético e fazer bom uso da
tecnologia que temos”,
declarou. Para ele, os
hospitais que apresen-
Mandetta apontou os próximos desafios do setor, que incluem atenção primária e modelo de tam bons resultados de-
remuneração vem ser valorizados. “Um
hospital que interna, faz
como trazer isso para dar escala. disso será possível se não partir- cirurgia dentro do tempo correto
A escala é a filha querida do siste- mos da atenção primária”, disse e manda menos pacientes para
ma de saúde.” Mandetta, reforçando que o ano o CTI tem que ser reconhecido,
Mandetta ressaltou que, ao de 2019 no Ministério da Saúde e esse é mais um desafio que
promulgar a Constituição de foi dedicado à atenção primária. temos que enfrentar. Torturar nú-
1988, o Brasil tomou uma decisão O ministro relembrou as ações meros não é o melhor caminho
como povo. “Rompemos com que foram prioridade neste ano para um país que quer ter um sis-
quase 500 anos de um modelo e algumas que ainda devem ser tema de saúde eficiente.”
de saúde e ali nasceu o maior concluídas. Um dos destaques é Ao citar o desafio da década
desafio, que é dar acesso equâni- o início do modelo de pagamento lançado pela ONU junto com o
me para todos”, declarou. “Esta- por indicadores. “Sem métrica não G20, de criar sistemas de saúde
mos todos no mesmo barco que há gestão e é preciso reconhecer universais, Mandetta disse acredi-
navega por linhas muitas vezes o mérito de quem faz bem pagan- tar que o Brasil está no caminho
confusas e que escreveram que o do melhor”, declarou. Também certo, considerando que o SUS
nosso sistema deve ser primeiro explicou que agentes técnicos de é o maior do mundo. “O mundo
público, filantrópico e, por últi- saúde devem ser capacitados pela está voltando os olhos para saber
mo, privado. E isso fez com que o enfermagem para que possam fa- como um país subdesenvolvido,
privado se distanciasse.” zer pequenos testes e adiantar os com indicadores frágeis, cons-
Para o ministro, a reorganiza- diagnósticos. Além disso, desta- truiu um sistema forte assim.”
ção do modelo deve passar pelo cou o projeto de informatização O ministro ressaltou a importân-
debate no Congresso Nacional do sistema que estará em curso cia do Conahp para o setor e disse
para que alcance a população pelos próximos três anos e a extin- que “congressos como esse aju-
como um todo. “Precisamos pen- ção do Cartão Nacional de Saúde dam a suprir a carência de informa-
sar em como o sistema pode coe- para a adoção do CPF como do- ções que há no setor”. Ele afirmou
xistir e se autorregular a ponto de cumento obrigatório. ainda que a mostra de novas tec-
termos acesso, qualidade e esca- Em 2020, o Ministério da Saú- nologias e as experiências exitosas
la, além de avaliar o que vamos de deve focar em medicina es- em território nacional e internacio-
disponibilizar para as pessoas en- pecializada, segundo o ministro. nal são essenciais para que haja di-
tre tudo o que tem e ainda vai ter Será preciso repensar a forma de fusão do conhecimento em prol da
de bom em tecnologia. Mas nada fazer diagnósticos, lugares estra- melhoria da saúde no Brasil.

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STARTUPS

STARTUPS LEVAM
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
PARA O CONGRESSO
Durante o evento, as empresas finalistas puderam apresentar suas
soluções aos participantes

O Conahp 2019 sediou a para a empresa apresentar seus o Conahp dá ao seu produto é
segunda edição do Startups produtos no Conahp 2020. extremamente importante para
Anahp, que neste ano levou aos Renato Abe, diretor de Marke- a disseminação da utilização da
congressistas as dez melhores ting da Brain4care, contou que a tecnologia para trazer soluções
soluções inovadoras para a saú- descoberta do método foi feita ao setor. “Somos uma empresa
de, dentre as 77 empresas que pelo físico-químico Sérgio Mas- de ciência para vivenciar histórias
se inscreveram para participar carenhas, e com base nesse tra- de felicidade. O Conahp é um
da iniciativa. balho a empresa foi fundada em evento que a gente sempre quis
A grande vencedora foi a 2014. A startup atua na área da participar e o acesso ao estande
Brain4care, que trouxe para o ciência e se dedica na realização é difícil para nós dentro da nossa
mercado o primeiro método do de soluções e aplicações em di- realidade de startup”, declarou.
mundo não invasivo para acesso versas áreas da medicina como O contato de empresas de tec-
da morfologia do pulso da pres- neurologia, cardiologia, hepato- nologias e soluções com os prin-
são intracraniana. O prêmio con- logia, nefrologia, entre outras. cipais players do setor é visto pelo
cedido foi um espaço exclusivo Para Abe, a visibilidade que diretor como o ponto de partida

Renato Abe, diretor de Marketing da Brain4care, representou a startup na entrega do prêmio

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STARTUPS
Representantes das startups finalistas do Conahp 2019

para mudanças que tragam efi- tphone e tablet. O médico realiza


ciência para a saúde no país. “A 10 FINALISTAS o atendimento via desktop ou
gente acredita que passar uma notebook, com possibilidade de
mensagem de solução, de tra- 3 Wings Inteligência e Ges- emissão de receitas, atestado, re-
zer novas possibilidades para os tão LTDA – Soluções de software latórios e solicitações de exames,
tomadores de decisão na cadeia e consultoria para automação e com certificado digital.
de saúde e hospitais privados é ganho de controle, qualidade e
o primeiro passo para impor uma produtividade (redução de tem- DrChat – Vinculada à Medici-
transformação na realidade clíni- po e custos) em processos opera- nia, trata-se de uma plataforma
ca do Brasil”, concluiu. cionais de hospitais. white label para que hospitais
A cerimônia de premiação do possam oferecer atendimento re-
Startups Anahp foi realizada no Anestech Tecnologia da Infor- moto aos seus pacientes utilizan-
segundo dia do congresso (27), e mação LTDA – Plataforma mobile do seus próprios médicos.
o prêmio foi entregue por Moha- que traz um suporte ao anestesis-
med Parrini, presidente da Comis- ta promovendo a gestão de riscos PBSF – Protecting Brains & Sa-
são Científica do Conahp 2019; e controle de eventos adversos ving Futures – Telemedicina focada
José Mauro Vieira, vice-presiden- em momentos onde é necessária na prevenção de lesões cerebrais
te da Comissão Científica; e José tomada de decisão imediata. em recém-nascidos de alto risco.
Henrique Salvador, diretor de
Operações do Hospital Mater Dei. Brain4care (Braincare Desen- Promptly Health – Voltada ao
volvimento e Inovação Tecnoló- paciente, a plataforma realiza co-
gica S.A.) – Primeiro método no leta e análise de dados padroni-
mundo para acesso não invasivo zados e cientificamente validados
COMISSÃO à ICP waveform (curva da pressão sobre desfechos clínicos, promo-
AVALIADORA intracraniana), viabilizando um vendo um melhor gerenciamento
novo sinal vital. próprio da saúde.

A banca responsável pela se- CUCO Health – Acompanha- UpFlux – Plataforma de inteligên-
leção das finalistas foi composta mento do paciente durante seu cia de processos hospitalares, para
por Marco Bissi, costumer suc- tratamento, com o objetivo de melhorar a eficiência nas linhas de
cess da Associação Brasileira aumentar a adesão e educação cuidados e adesão aos protocolos.
de Startups, Rafael Barbosa, da sobre a patologia e gerar feedback
Bionexo, Mara Nasrala, superin- para a equipe multidisciplinar en- Vivax Serviços EPP Ltda –
tendente executiva do Hospital volvida no cuidado. Desenvolvedora de robô portátil
Santa Rosa, e José Henrique Sal- para reabilitação neurológica e
vador, diretor de Operações do Doc Line Medicina e Tecnolo- ortopédica dos membros supe-
Hospital Mater Dei, além da di- gia LTDA – Realização de atendi- riores, voltado às vítimas de Aci-
retoria e especialistas da Anahp. mento médico através de smar- dente Vascular Cerebral (AVC).

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O INÍCIO
28
MODELO ASSISTENCIAL

MODELO
ASSISTENCIAL
A fim de conhecer e discutir já praticadas no país e com o
modelos que priorizem a entre- benchmarking internacional, o
ga de valor para o paciente, le- Conahp 2019 apresentou como
vando em conta a sua experiên- um dos três eixos que orientam
cia e a redução de custos para o congresso o tema “Modelo
o setor, por meio de iniciativas assistencial”.

ALÉM DO PROCESSO,
ANALISAR E MEDIR O
DESFECHO É
FUNDAMENTAL

A primeira plenária sobre o as- de, utilizando medidas para otimi-


sunto levou aos congressistas a zar e diminuir os desperdícios e a
experiência do ICHOM (Interna- variabilidade de desfechos - que é
cional Consortium for Health Ou- uma fonte de ineficiência dentro
tcomes Mesurement). De acordo de todos os sistemas de saúde”,
com Martin Ingvar, um dos funda- disse Ingvar.
dores e membro do conselho do A metodologia proposta pelo
consórcio, o ICHOM surgiu com o ICHOM permite mais transparên-
objetivo de melhorar os sistemas cia e padronização das informa-
de saúde com o paciente no cen- ções, possibilitando a comparação
tro do cuidado. entre instituições. Dessa forma, as
O aumento crescente dos cus- fontes pagadoras podem pagar
tos em saúde, problemas de qua- de maneira mais assertiva, base-
lidade ao longo da trajetória do ando-se na entrega de resultado
paciente e a variabilidade de des- e valor ao paciente e estimulando
fechos entregues também foram a competitividade amparada pela
fatores que contribuíram para a qualidade. “Podemos gerar esta-
criação da organização, em 2012. tísticas a nível de grupo e não ape-
“A ideia é analisar e monitorar os nas individual. Com isso é possível
desfechos e não somente o pro- analisar se o hospital é bom com-
cesso em si. Além de reduzir os parado com outro hospital, ou de
custos trabalhando o valor em saú- outra cidade. Se entendermos es-

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O INÍCIO
29

MODELO ASSISTENCIAL
ses fluxos, teremos um feedback comunidade global de cuidados
mais acurado entre os stakehol- com a saúde”, revelou. Para Su-
ders para poder melhorar o servi- zanne Gaunt, chefe de Staff do
ço que é oferecido ao paciente no consórcio que participou do de-
final da conta”, contou. bate após a apresentação, é preci-
O especialista, que também é so disponibilizar os standards sets.
vice-chanceler adjunto e professor “Temos que trabalhar juntos, fazer
no Karolinska Institutet, explicou sugestões e entender o que está
que para avaliar e medir o desem- sendo oferecido. Tem que haver
penho são usados alguns stan- uma colaboração entre nós, para
dards sets, que são medidas pa- possibilitar uma melhor experiên-
dronizadas que abordam diversos cia e engajamento”, complemen-
indicadores específicos para cada tou Suzanne.
patologia. Cada um é construído Os próximos passos da organi-
em conjunto com os pacientes e zação, segundo Ingvar, incluem:
demais partes interessadas em um melhorar, atualizar e facilitar a im-
processo de consenso, tendo va- plementação dos standards sets
lidação científica posteriormente. existentes; trabalhar com parceiros
Atualmente o ICHOM possui 28 de outros programas para fazer
standards sets, como câncer de comparações mundiais de desfe-
próstata, de mama e de pulmão, chos; possibilitar medir resultados
hipertensão, diabetes, insuficiên- de indivíduos multimórbidos usan-
cia cardíaca, catarata, entre outros. do medição composta; e adotar
“Queremos atuar como um padrões de dados de medição que
catalisador para a mudança do incorporem os melhores protoco-
sistema de saúde. O ICHOM está los de informática para aprimorar
crescendo rapidamente e criando a interoperabilidade entre sistemas
desafios para responder à deman- de Tecnologia da Informação (TI) e
da e atender às necessidades da facilitar sua integração.

Suzanne Gaunt e Martin Ingvar, do ICHOM, e Antônio Bastos, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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30
MODELO ASSISTENCIAL

SEGURANÇA DO PACIENTE:
UMA MUDANÇA CULTURAL

A segunda palestra do eixo, Conahp 2019 e diretor de Qua- rio “To Err ir Human”, chamado
ainda no primeiro dia do con- lidade e Segurança do Hospital “The Free From Harm Report”.
gresso, abordou a evolução da Sírio-Libanês. De acordo com o especialis-
segurança do paciente após a Delgado apresentou uma ta do instituto, houve avanço
publicação do relatório “To err linha do tempo com os princi- em relação à segurança nos
is human: building a safer health pais marcos desde 1984, e res- hospitais, mas ainda há muito a
system”, e o impacto na entrega saltou a importância da insti- fazer. “Olhando para os últimos
de valor. O painel foi comandado tuição do World Patient Safety 50 anos vemos muito progres-
por Pedro Delgado, líder na Eu- Day, em 2019, como uma data so, muita iniciativa científica,
ropa e América Latina do Institute de conscientização para os ser- trabalho colaborativo, trabalho
for Healthcare Improvement (IHI), viços e profissionais de saúde. da família, mas ainda há mui-
e contou com a participação dos Nos últimos anos, houve um to a ser feito. Precisamos nos
debatedores Rafael Mendonça, crescente desenvolvimento de dedicar a construir uma cultu-
coordenador geral de Atenção pesquisas sobre eventos ad- ra de justiça, de equidade, de
Hospitalar e Domiciliar do Minis- versos (erros de medicação, in- contrapartida, de forma que
tério da Saúde; Salomão Ferreira, fecções, erros de diagnóstico, as pessoas aprendam, saibam
diretor presidente executivo do erros cirúrgicos, etc.), estraté- fazer, mas que também sejam
Hospital Márcio Cunha; e Ernandi gias de prevenção e desenvol- responsabilizadas.”
Palmeira, superintendente assis- vimento de aspectos de cultu- O avanço da segurança do pa-
tencial do Hospital Santa Catarina ra organizacional, trabalho em ciente requer uma mudança de
de Blumenau; além do modera- equipe e comunicação adequa- intervenções reativas fragmenta-
dor José Mauro Vieira, vice-presi- da. Além disso, foi realizada das, para uma abordagem total
dente da Comissão Científica do pelo IHI uma revisão do relató- dos sistemas, segundo Delgado.

Vieira, Hospital Sírio-Libanês; Palmeira, Hospital Santa Catarina Blumenau; Ferreira, Hospital Márcio Cunha; Mendonça, Ministério da Saú-
de; e Delgado, IHI

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O INÍCIO
31

MODELO ASSISTENCIAL
Para ele, as etapas para o pro- possam se empoderar e ter do paciente é crescente e o po-
gresso da segurança do pacien- uma segurança imediata.” der de intervenção também é
te podem ser divididas em três Durante os debates, Vieira re- crescente”, disse, complemen-
ações: macro (liderança sênior), velou preocupação com a partici- tando que é preciso aprender
meso (departamentos do servi- pação do paciente nas ações de com a ciência do “quase erro”
ço) e micro (onde os cuidados segurança. “Quando entro em para tratar proativamente.
acontecem). um avião não quero estar preo- “Daqui algum tempo a seguran-
“Os líderes precisam dedicar cupado com a segurança, se as ça do paciente será determinante
uma porção do tempo para tra- turbinas estão funcionando. Da para a segurança de um hospital,
balhar diretamente com segu- mesma forma, será que temos sem ela não vamos conseguir evo-
rança. Essa área será desafiada que pressionar nossos pacientes luir para o modelo centrado no
o tempo todo, pois inspeção para que eles sejam parte do cui- paciente. Sabemos que o desafio
em si não funciona, precisa- dado a este ponto? Eles esperam é grande, mas estamos andando
mos de um aprendizado contí- que os profissionais já estejam to- cada vez mais”, afirmou Mendon-
nuo”, afirmou. De acordo com mando medidas de segurança.” ça. Por fim, Palmeira apontou a
Delgado, é necessário buscar Já Salomão Ferreira defen- tecnologia como auxiliar no pro-
não somente a segurança do deu que o paciente pode, sim, cesso de desenvolvimento, mas
paciente, mas a segurança do contribuir com a melhoria da destacou que ela exige ainda mais
funcionário. “Esse aspecto segurança. “Se não empode- esforços para atualização. “A for-
também teve uma evolução rarmos o paciente para ajudar ma como a tecnologia está evo-
fantástica, importantes inves- a cuidar da segurança, haverá luindo nos ajuda, no entanto faz
timentos para melhorias cons- prejuízo em algum momento.” com que precisemos correr muito
tantes para que os funcionários Para ele, “a expectativa de vida atrás das inovações”, finalizou.

REESTRUTURAÇÃO DO
SISTEMA, COM FOCO EM
ATENÇÃO PRIMÁRIA

No segundo dia do Conahp Faculdade de Saúde Pública da neste novo momento da medicina
2019, a primeira palestra do eixo USP; Giovanni Cerri, vice-presi- baseada em valor. “Debatemos
“Modelo assistencial” discutiu dente do Instituto Coalizão Saú- não somente porque achamos que
o papel dos hospitais nas redes de (ICOS); e Renato Tasca, coor- o modelo de saúde tem de mudar,
de Atenção Primária à Saúde e a denador da Unidade de Saúde mas porque há uma pressão eco-
integração do sistema. O debate de Sistemas e Serviços de Saúde nômica envolvida”, afirmou.
reuniu os especialistas Gonzalo da OPAS. A moderação foi de Tasca comentou que o princí-
Vecina, professor assistente da Claudio Lottenberg, presidente pio de saúde universal é consen-
do Conselho Deliberativo da So- so em todos os fóruns e eventos
ciedade Beneficente Israelita Bra- internacionais do setor. “Preci-
sileira Albert Einstein. samos de uma agenda política
Segundo Lottenberg, é impor- para garantir a saúde universal.
tante discutir o papel dos hospitais Algumas estratégias têm se de-
para ter um protagonismo positivo monstrado fundamentais para
que o acesso seja ampliado a
toda a população, como o mé-
dico de família e o atendimento
primário”, avaliou.

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32
MODELO ASSISTENCIAL

Tasca, OPAS; Lottenberg, Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Cerri, Instituto Coalizão Saúde (ICOS); e Vecina, Facul-
dade de Saúde Pública da USP

De acordo com o executivo da nos dos hospitais, deixando-os modelo de atenção está baseado
OPAS, a rede de atenção à saú- para seu papel de última etapa em atender a doença, não falamos
de é estratégia unânime entre os na cadeia da atenção”, enfatizou. em proteção, começamos agora a
profissionais da área porque re- “Também é fundamental ter falar de eventos adversos, de fazer
presenta o avanço de um modelo acesso a cuidados na área ambu- uma medicina mais segura. Temos
piramidal em que o hospital era o latorial e a medicamentos para que repensar o modelo de aten-
ápice desse triângulo e a popula- evitar que o paciente recorra ção, que é muito relevante como
ção ficava na base. “Não tem mais ao hospital. Muitos hospitais do o modelo de valor. Não dá para
hierarquia, toda parte do proces- país são de pequeno porte, têm ter um modelo de atenção que
so é importante. Hoje, os pontos menos de 50 leitos, não aten- não seja focado na população”.
têm que ficar muito próximos e dem à população. A melhoria Segundo o professor, o Brasil de-
se comunicar ao máximo. Quan- desses hospitais também passa morou muito tempo para acordar
to melhor for a atenção básica, pela construção de uma rede para essa realidade.
os níveis de intermediários con- mais eficiente”, afirmou o vice- Lottenberg lembrou ainda que
seguirão ser bons para transferir -presidente do ICOS. os médicos são treinados a traba-
somente a demanda importante Já Vecina acredita que o mer- lhar em ambiente hospitalar. “A
para os hospitais e, com isso, va- cado se depara com complexi- formação dos nossos profissio-
mos ganhar eficiência”, disse, co- dades. “A primeira é trabalhar nais é uma grande inconsistência
mentando que uma atenção pri- esta questão do valor, que está do sistema, se não mudarmos
mária que funciona bem turbinará no início. Ainda não temos uma vamos continuar incorrendo num
a rede toda, porque o tratamento dedicação adequada sobre o que modelo inapropriado. Temos que
só baseado no especialista tem fazer para ter valor, como fazer o trazer o paciente para se enga-
risco de excesso de custos. certo. De qualquer forma temos jar e participar do processo, se-
Na opinião de Cerri, o hospital que perseguir essa transforma- não teremos sempre o modelo
sempre vai ter um papel funda- ção no sistema de saúde, sair ‘hospitalocêntrico’. Hoje, 90%
mental por existirem condições dos sistemas tradicionais de re- das pessoas procuram hospitais
que vão necessitar atenção hos- muneração de serviços e passar não por emergências, mas por
pitalar, mas o problema é pensar para esse outro modelo de valo- questões de orientação, e se ini-
somente neste caminho. “Em res, entregas, seja para o cliente ciarmos efetivamente em teleme-
nossa cultura ainda predomina o operadora, o cliente contratante dicina, quem sabe teremos uma
hospital, pois se valoriza muito a e o cliente de serviços. O médico mudança no modelo. Porém, en-
doença e pouco a saúde. E por tem que ser parte dessa equação quanto persistir o modelo de re-
isso os pacientes são levados ao para ser parte da solução e não muneração que nós temos hoje,
hospital, acham que lá vão resol- do problema”, apontou. o interesse dos médicos em tirar
ver sua doença, mas o que temos “A outra complexidade é colo- as pessoas do hospital será nulo,
que fazer é trabalhar para que ele car o hospital como parte da rede é preciso mexer em toda essa es-
não adoeça, para depender me- e não como cabeça da rede. Nosso trutura”, concluiu.

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O INÍCIO
33

MODELO ASSISTENCIAL
LONGEVIDADE DA
POPULAÇÃO IMPACTA O
SISTEMA DE SAÚDE JAPONÊS

Na sequência dos debates, os Em relação à longevidade da um intervalo de mais ou menos


congressistas puderam acompa- população, o executivo apresentou 10 anos em que as pessoas vivem
nhar os desafios do modelo de uma previsão de como seria a ex- com uma qualidade de vida ruim,
atenção à saúde no Japão. Para pectativa de vida em 2050 de todos e atualmente existe um esforço
abordar o tema, Akihisa Mitake, os países do G7. O Japão aparece para combater e reduzir isso.”
vice-presidente da CMIC Holdin- na liderança, com 97 anos, sendo a O executivo explicou ainda que
gs, explorou quatro pontos cen- maior do mundo. De acordo com o sistema de saúde do Japão é
trais: situação atual da saúde no Mitake, os esforços para aumentar dividido em diferentes partes (por
Japão, a alta longevidade da po- cada vez mais essa expectativa de idade), sendo que cada uma tem
pulação, os desafios enfrentados vida se devem a ações que foram uma coparticipação específica. Até
pela medicina nos dias de hoje e tomadas ao longo da história, como a escola primária é 20%, da escola
as perspectivas para o futuro. nos anos 50-60, quando houve um primária até 69 anos é 30%, dos 70
Atualmente, diversas cidades do esforço no combate às doenças in- aos 74 anos é 20%, e acima de 75
país são frequentemente afetadas fecciosas e a implementação de um anos é 10% de coparticipação.
por desastres naturais, como ter- sistema de seguro de saúde univer- Para Mitake, o sistema de saúde
remotos, tufões e grande volume sal, em 1961, presente em qualquer do país deve ser aprimorado tan-
de chuva. “Nesses momentos, pre- lugar no território, além do incenti- to no aspecto de medicamentos
cisamos pensar como continuar o vo à checkups regulares. e dispositivos, quanto em relação
fornecimento de remédio ou qual- Mitake revelou que a popula- aos hobbies e conexões sociais.
quer assistência para os japoneses ção economicamente ativa e o “Existe um termo no Japão deno-
que ficam nessas áreas impacta- número de jovens no país vêm minado ‘ikigai’, que significa pro-
das”, explicou. Outra questão atu- caindo drasticamente, enquanto pósito de vida. Isso tem sido muito
al é referente às mudanças da in- o número de idosos tende a subir discutido, com foco na população
dústria farmacêutica do país, que, de 20% para 40%. “A expectativa idosa e também nos jovens, pois
segundo Mitake, é modelo de ne- de vida média para os homens é quando uma pessoa tem um ob-
gócios falido, já que a taxa de lucro de 80,9 anos, e para as mulheres jetivo de vida, isso faz com que
e o crescimento estão em declínio, é de 87,1. Porém a expectativa aumente sua expectativa de vida”,
se comparado com a indústria far- de vida saudável do homem é de detalhou o vice-presidente.
macêutica norte-americana. 72,1 e da mulher de 74,7. Existe Por fim, outro ponto aborda-
do pelo palestrante foi a questão
da produtividade, que precisa ser
mantida mesmo com uma popula-
ção menor. De acordo com o exe-
cutivo, em 2004 o país apresentou
o ápice de número de habitantes
(127 milhões) e, a partir daí, houve
um declínio importante da popula-
ção, tendo como estimativa para
2100 uma população de 47 mi-
lhões. “É preciso organizar a socie-
dade de uma forma que aumente a
produtividade, usando, por exem-
plo, robôs, inteligência artificial,
automação, pra dar conta de tudo
que precisa ser feito, com menos
pessoas. O país tem se dedicado
Ricardo Santana, secretário executivo da CMED que moderou a plenária; e Akihisa Mitake,
cada vez mais nesse ponto”, con-
vice-presidente da CMIC Holdings
cluiu.

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34
MODELO ASSISTENCIAL

A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO
MODELO COM TODOS OS
ATORES DA CADEIA

Para concluir o segundo dia


de palestras do eixo, foi discu-
tido como propor modelos as-
sistenciais baseados em valor,
com gatilhos e incentivos para
convergir os interesses entre os
players do setor. “O valor é uma
questão interessante para todos
nós. Seja fonte pagadora, hos-
pital, médico, principalmente se
for paciente, precisamos falar de
valor. Temos que compartilhar
experiências internacionais para
entregar os melhores serviços em
todo o planeta, pois todo mundo
vai ficar doente uma hora ou ou-
tra”, disse Jason Arora, diretor de
Saúde Baseada em Valor na Med-
tronic da América Latina, no início
de sua apresentação.
“Deveríamos ter um alinha- Torelly, Hospital do Coração - HCor; Waldemar, Hospital Mãe de Deus; Fonseca, ANS;
Alessandra, Anvisa; Salvador, Hospital Mater Dei; Arora, Medtronic da América Latina
mento entre aquilo que estamos
oferecendo como tecnologia e as
demandas de quem as utiliza, o implantar isso operacionalmente para a discussão da construção
hospital, por exemplo. Os recur- em nossos hospitais. Se não es- de normas os players que são
sos são limitados, mas podem ser tivermos engajados nesse con- interessados no assunto. Quan-
melhorados se tiverem desfechos ceito, provavelmente, a jornada do eu falo de medicamentos
mais críticos. Uma fonte pagado- do paciente vai ser revertida para tem, sim, a ver com o trabalho
ra pode pagar mais se começar a um caminho que não é o ideal e de vocês. Legislar para o setor
perceber mais valor na prestação vamos perder a oportunidade de produtivo que vai atendê-los é
do serviço”, ponderou. interferir na vida dessas pessoas.” complexo.”
Um dos pontos abordados por O diretor médico do Hospital Leandro Fonseca, diretor-pre-
Arora foi o monitoramento de pa- Mãe de Deus, Fernando Walde- sidente da Agência Nacional de
cientes por dados originados de mar, completou lembrando que Saúde Suplementar (ANS), defen-
tecnologias e dispositivos móveis, o setor tem falado muito em es- deu que estabelecer um diálogo
contribuindo para a evolução da cutar o cliente. “É importante tra- colaborativo entre empresas con-
medicina e o tratamento persona- zer uma visão de diretor médico tratantes de planos e operadoras,
lizado para cada paciente. “Para que tem esse desafio de construir e criar uma visão de futuro com-
avançarmos precisamos gerar da- com seu corpo clínico este novo partilhada estão entre as metas
dos de valor que sejam padroni- cenário, agregar resultados com de sua gestão na agência. “Os
zados e transparentes”, ressaltou. foco no paciente.” contratantes são os verdadeiros
Participando do debate poste- Já Alessandra Bastos Soares, pagantes desse sistema. Qual-
rior à apresentação, José Henrique diretora da segunda diretoria da quer que seja o modelo assisten-
Salvador, diretor de Operações do Anvisa, apontou a necessidade cial, esse ator é relevante em um
Hospital Mater Dei, frisou que é da união do setor para esse novo processo de mudança para um
importante trabalhar para não dei- momento. “Precisamos que vo- modelo mais sustentável e mais
xar que o conceito de valor caia cês nos ajudem a construir esse engajado em prol do paciente”,
no senso comum. “Temos que novo modelo. Temos convidado complementou.

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O INÍCIO
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MODELO ASSISTENCIAL
A IMPLEMENTAÇÃO DA SAÚDE
BASEADA EM VALOR NO HOSPITAL

Já no terceiro dia do congresso, que responderam ainda olham fermeiro, fisioterapeuta, etc. Há
a última plenária do eixo discutiu a para o VBHC como um conceito dois anos iniciamos um projeto de
transformação na cultura organiza- alinhado apenas com os gestores estruturação de um núcleo de re-
cional a partir da implementação hospitalares, como se não fossem lacionamento com o corpo clínico,
de novos modelos assistenciais parte disso”, revelou Sabrina. que irá analisar o engajamento do
baseados em valor, abordando “O tema traz uma provocação profissional para, então, começar
viabilidade, sustentabilidade e re- importante de qual é o papel, de a mensurar isso”, comentou.
sultados. fato, dos hospitais nesse processo Representando a Agência Na-
Para abrir o debate da mesa, de transformação. No Brasil vive- cional de Saúde Suplementar
Sabrina Bernardez, coordenadora mos um modelo de saúde suple- (ANS), o diretor de Desenvolvi-
médica do Escritório de Valor e mentar que é arcaico e tem seus mento Setorial Rodrigo Aguiar
Protocolos Gerenciados do Hospi- dias contados”, afirmou Luiz Hen- discorreu sobre o processo de ela-
tal do Coração – HCor, apresentou rique Mota, diretor do Hospital boração e implementação de um
uma pesquisa recente realizada Alemão Oswaldo Cruz - Unidade manual de remuneração desenvol-
pela instituição onde atua sobre o Vergueiro, contando que a insti- vido pela agência e seus impactos
modelo de remuneração baseado tuição que dirige foi criada a par- dentro do ambiente empresarial.
em entrega de valor (Value Based tir do conceito de valor. “Quan- “Produzimos um guia prático
Healthcare – VBHC). Foram abor- do montamos a proposta para a para a implementação da saúde
dadas perguntas relacionadas a Unidade Vergueiro fomos buscar baseada em valor. Ele é volta-
este modelo para uma amostra- profissionais que tinham vontade do à superação dos desafios que
gem com aproximadamente 160 de aderir a essa proposta. Mas foi podem se apresentar, como por
profissionais do corpo clínico. preciso que esses médicos tives- exemplo, não impactar diretamen-
Ao questionar sobre o nível de sem uma nova forma de pensar, te a remuneração do profissional,
conhecimento acerca do VBHC, entendendo o processo de cons- promover o risco compartilhado,
mais de 60% dos médicos respon- trução”, disse. como evitar que um dos elos se
deram ter conhecimento (parcial Já Ricardo Madureira, diretor aproprie de toda eficiência que
ou total) sobre saúde baseada em técnico assistencial do Hospital essas mudanças podem produzir,
valor. Já em relação ao maior be- Santa Isabel, na Bahia, explicou etc”, detalhou Aguiar, contando
nefício, 50% respondeu “cuidado que em sua instituição os profis- que foram mapeadas as eventuais
certo, melhores desfechos”, cerca sionais estão se adaptando a essa dificuldades, alcançando como re-
de 25% respondeu ser a redução transformação. “Estamos tentan- sultado do projeto 61 experiências
dos custos e 14% falou sobre a do envolver os atores, os times, a serem avaliadas e acompanhadas
satisfação do paciente. “Mesmo na gestão da organização como em 2019, para verificar se estão
assim, grande parte dos médicos um todo, trazendo o médico, en- sendo transformadas de fato.

Tinoco, Hospital Pró-Cardíaco; Aguiar, ANS; Mota, Hospital Alemão Oswaldo Cruz - Unidade Vergueiro; Madureira, Hospital Santa Isabel; e
Sabrina, Hospital do Coração - HCor

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SESSÃO PÔSTER

PÔSTERES PREMIADOS
Ambiente de simulação pós-operatório, conselho consultivo de pacientes e
aleitamento lean foram os temas dos trabalhos vencedores da Sessão Pôster 2019

zada desde a primeira edição


do congresso, neste ano, foram
inscritos mais de 380 projetos,
dos quais 136 foram aprovados
e ficaram em exibição durante
os três dias do evento.
Os pôsteres obrigatoriamente
se relacionavam ao tema desta
edição do Conahp “Saúde ba-
seada na entrega de valor: o pa-
pel do hospital como integrador
do sistema”, a partir de três ei-
xos temáticos: Modelo assisten-
cial, Experiência do paciente, e
Informação e tecnologia.
Para selecionar os trabalhos que
mais contribuíram com as insti-
tuições hospitalares em termos
de conhecimento científico, foi
formada uma Comissão Ava-
Com o objetivo de disseminar o mercado, o Conahp reuniu liadora, composta por Evandro
melhores práticas e casos de uma série de trabalhos cientí- Tinoco, Hospital Pró-Cardíaco;
sucesso do setor de saúde para ficos na Sessão Pôster. Reali- Lucia Milito, Hospital São Ca-

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O INÍCIO
37

SESSÃO PÔSTER
José Mauro Vieira e Mohamed Parrini, vice-presidente e presidente da Comissão Científica do Conahp 2019; Jonathan de Carvalho, Maternidade
Perinatal; Celina Dias, Hospital Sírio-Libanês; Luciana Barbosa, AACD; José Henrique Salvador, Hospital Mater Dei; e Antonio Mendes Freitas,
Sociedade Beneficente São Camilo

milo; José Mauro Vieira, Hospi- vencedores desta edição, parti-


tal Sírio-Libanês; Mara Nasrala,
Hospital Santa Rosa; Salvador
cipando da premiação no palco
do congresso. O primeiro lugar VENCEDORES
Gullo, Dr. Rafael - Patient Safe- recebeu um prêmio correspon-
ty Advisor; e Fausto Demarchi, dente ao valor de um notebook,
Hospital São Camilo. o segundo lugar, corresponden-
Entre os pôsteres selecionados, te a um smartphone, e o tercei- 1º lugar
três consagraram-se como os ro, a um tablet.
Uso de ambiente de simulação
como forma de educação
pós-operatória na experiência
do paciente
Autores: Luciana Gardin Barbosa,
Conheça todos os trabalhos Andrea Dias Lamas Mafra, Cinthya
da Silva Frazão e Danilo Marque
selecionados em conahp.org.br AACD

2º lugar
Conselho Consultivo de
Pacientes e Familiares: Uma
estratégia de engajamento em
projetos de melhoria
Autores: Ariadne Porto Dias, Celina
Dias, Marcelo Alves Alvarenga
e William Roberto Pereira
Hospital Sírio-Libanês

3º lugar
Aleitamento Lean
Autores: Jonathan de Carvalho,
Mariane Dias Barbeitas, Inácio
Araripe e Graziela Abdalla
Maternidade Perinatal

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O INÍCIO
38
EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

EXPERIÊNCIA
DO PACIENTE
Entender o que significa expe- precisa levar em consideração
riência do paciente é um passo- as preferências de cada um, as
-chave no processo de mudança necessidades e os valores indi-
de direção do sistema de saúde. viduais. O tema “Experiência
Para estar alinhado a esta nova do paciente” guiou as palestras
proposta global de entrega de e debates de um dos eixos que
valor, o cuidado com as pessoas compuseram o Conahp 2019.

TECNOLOGIA DEVE SER A


GRANDE ALIADA DA SAÚDE
PARA A ENTREGA DE VALOR

“Vocês que estão investindo


em tecnologia, vocês são o futu-
ro!” Foi assim que o médico Sha-
fiq Rab, vice-diretor geral e diretor
de informações do centro médico
da Rush University, nos Estados
Unidos, deu início a sua fala du-
rante a primeira palestra do eixo
Experiência do Paciente. O tema
abordado pelo médico foi “Como
a tecnologia tem sido utilizada no
mundo para melhorar o engaja-
mento e a experiência do pacien-
te”. Para ele, a tecnologia tem
papel fundamental na transição
de tratamentos pontuais de saú-
de para um sistema que prioriza a
promoção do bem-estar.
O trio “conectividade, inteli-
gência artificial e machine lear-
ning” apareceu como ponto cha-
Conectividade foi a palavra que Shafiq Rab, da Rush University, elegeu como chave para a ve para que sistemas de saúde
entrada do setor hospitalar na nova era da saúde adotem de vez a tecnologia como

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O INÍCIO
39

EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
Francisco Balestrin, conselheiro da Anahp e presidente da International Hospital Federation (IHF) foi o moderador do painel apre-
sentado por Rab

aliada em seus processos. São es- e consegue por meio dessa co- No Brasil, segundo o médico,
sas inovações que já possibilitam nexão enviar alertas de nível de o único impeditivo é temporário.
ações como a monitoração de pa- glicemia ou da obstrução de uma Para que o sistema funcione, há
cientes em tempo real, ainda que artéria com um potencial de in- a necessidade de conexões rá-
eles estejam em casa ou a cami- farto, por exemplo, antes até que pidas para o envio de exames e
nho do hospital, receber e enviar o paciente tenha algum sintoma. dados em tempo real, além da
dados, diagnosticar antes mesmo “Esse sistema, que é simples e adaptação de equipamentos de
de um doente chegar à porta do utiliza um celular, uma câmera, a exames para a conectividade
pronto-socorro. Segundo Rab, conectividade entre os equipa- (IoT). A previsão é que o sistema
este cenário que parece futurista mentos de monitoramento e o de 5G para celulares esteja im-
já está gerando redução de custos aplicativo fornecido pelo hospi- plantado no país em cerca de seis
de atendimentos e aumentando o tal, reduziu significativamente o meses. “Com o 5G, conseguimos
valor de entrega aos pacientes. “A acesso ao nosso pronto-socorro” enviar ressonâncias magnéticas,
integração entre os equipamentos contou o médico. “Conseguimos por exemplo, de um médico para
médicos e a conectividade da in- reduzir o índice de ataques car- outro em segundos, eliminando
ternet é essencial para saúde fi- díacos em 35% entre nossos pa- a necessidade de pedidos des-
nanceira das instituições e a saúde cientes monitorados.” necessários de exames. Todo o
do paciente”, afirmou o médico, Outro exemplo de aplicação histórico do paciente está inte-
que foi enfático ao dizer que a tec- do sistema vem de uma comu- grado. O que precisamos, além
nologia é a única salvação finan- nidade mais pobre da cidade de da tecnologia, é o engajamento
ceira e operacional do sistema de Chicago, na região sul da cidade. colaborativo entre instituições
saúde privado. A implantação de monitoramento governamentais, hospitais, mé-
O que no Brasil ainda parece de pacientes em suas casas dimi- dicos e pacientes, para que isso
uma realidade distante, já acon- nuiu em 40% o atendimento no funcione”, disse.
tece no centro médico dirigi- hospital, reduzindo também os
do por Rab. “O que fizemos foi custos desse atendimento. “Mas
usar a inteligência artificial para o melhor resultado foi engajar a
alimentar nossos sistemas com comunidade e ganhar sua con-
dados dos pacientes. A partir da fiança. O resultado foi tão posi-
Internet das Coisas (IoT) aliada ao tivo que houve um movimento
machine learning, conseguimos multiplicador, gerando novas
ter uma previsibilidade enorme iniciativas populares na criação
sobre nossos pacientes antes de associações que contribuíram
mesmo deles apresentarem qual- com a alimentação de dados do
quer doença”, disse. nosso sistema e grupos de ajuda
O sistema de inteligência arti- mútua na prevenção de proble-
ficial cruza todas as informações mas de saúde.”

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40
EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

ENGAJAMENTO DA EQUIPE
HOSPITALAR COMO BASE PARA
A MUDANÇA ACONTECER
A plenária “A experiência Para o especialista, antes de perspectivas é que vão determi-
do paciente na construção de começar qualquer mudança, nar o que é valor dentro da insti-
valor: como engajar, medir e é preciso entender quem são tuição. “Não devemos pensar no
gerar resultado” promoveu um os pacientes, mas também as valor como estratégia comercial,
debate sobre a vantagem do pessoas que compõe a equi- mas sim como a atividade chave
trabalho de uma equipe inte- pe. “Precisamos responder per- para entrega ao paciente.”
grada e incluindo o paciente guntas como: o que você pode Com o tema aberto para deba-
nos processos. O expositor, só- fazer como organização? Qual te, a diretora corporativa de Qua-
cio da consultoria global Korn é o impacto desejado? Quais lidade e Segurança do Paciente
Ferry, empresa especializada são as suas perspectivas? Por- do Hospital Santa Catarina, Cami-
em implantação de estratégias que, quando pensamos em pa- la Sardenberg, acrescentou que
de alta performance, foi Chris- cientes, as respostas vão variar para entrar na nova era é necessá-
topher Rowe, que falou sobre de um indivíduo para o outro”, rio que os hospitais assumam uma
as dificuldades de transição disse Rowe. Segundo ele, todas postura mais ativa pensando em
do modelo atual de gestão de as suas reuniões começam com promoção de saúde. “Os casos
saúde para um modelo basea- perguntas como essas e a visão mais graves ainda vão chegar até
do em valor. de cada pessoa da equipe e suas o hospital, mas, com o cuidado

Luiz Antônio Nasi, Hospital Moinhos de Vento; Camila Sardenberg, Hospital Santa Catarina; Álvaro Nonato, Hospital Aliança; Naiara Porto,
Hospital Anchieta; e Christopher Rowe, Korn Ferry

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41

EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
primário, a ideia é evitar doenças Álvaro Nonato, diretor do
para podermos viver a saúde. Os Hospital Aliança, concorda: “Eu
hospitais estão muito passivos, entendo que o primeiro passo
só esperando as pessoas chega- para engajar o corpo clínico nes-
rem, enquanto que, na realidade, ta aproximação com o paciente
deveríamos nos integrar à cadeia é alinhar o propósito com a equi-
de serviços pensando no paciente pe, que precisa ser auxiliada e ter
antes e depois do atendimento as ferramentas disponíveis para
médico”, afirmou. se adequar. E precisamos expli-
Neste processo, questões car o porquê dessa mudança e
como segurança e qualidade não deixar claro que todos ganham
podem ser deixadas de lado, mas neste novo acordo”, declarou.
também é fundamental olhar para Christopher Rowe finalizou
a equipe e saber como envolver amarrando toda a questão ao
todas as partes neste processo. dizer que, a consequência de
Para Naiara Porto, diretora de No- uma equipe engajada na entre-
vos Negócios do Hospital Anchie- ga de valor é conseguir manter
ta, esse engajamento só vai existir aberto um canal de confiança e
se a experiência de todos os en- transparência entre equipe mé-
volvidos for positiva. “O paciente dica e paciente. “Os pacientes
de hoje tem mais informação, vive devem poder compartilhar suas
a nova velocidade do mundo e já experiências de maneira sincera
dita um modelo diferente. Para e esses relatos devem também
atendê-lo é necessário que to- chegar até a direção das institui-
dos mudem de mentalidade, a ções, que mais do que qualquer
começar por nós, que somos lí- outra parte, precisa caminhar
deres”, disse a executiva. bem próxima de toda mudança.”

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42
EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

O HOSPITAL PRECISA
ENTREGAR O QUE PROMETE
Em meio a uma mudança radi- gredientes” como programas de ciente. “Quando existe consistên-
cal no setor da saúde, o papel do acreditação, segurança, empatia, cia entre a promessa e a entrega,
hospital começa a ser redesenha- e amor pelo serviço. sua marca está fazendo certo.”
do. Se antes sua função parecia “Não é só uma questão de mo- Como uma das debatedoras
única – tratar doentes –, hoje sua delos, mas de como você mistura do painel, Mara Narsala, que é
área de atuação deve ser muito os ingredientes. Para ser original superintendente do Hospital San-
mais ampla, com atitude ativa em não podemos seguir uma receita ta Rosa, aponta alguns grandes
direção às comunidades. Entre- pronta, mas devemos saber como desafios para que o hospital en-
tanto, também é preciso arrumar montamos o nosso prato”, exem- contre seu lugar neste novo sis-
a casa para que a experiência do plificou Llinas. Segundo o diretor tema de saúde. Entre eles está a
paciente seja prioridade e a en- médico, neste contexto, é neces- adesão dos profissionais ao novo
trega de valor seja completa. Foi sário não apenas fazer o trabalho, propósito da profissão, a com-
sobre isso que o diretor médico mas fazer bem feito e ao menos preensão por parte do paciente
da Fundación Santa Fé de Bogo- tentar fazer mais. “Além de aplicar deste novo relacionamento com
tá, Adolfo Llinas, falou ao com- este modelo em que o paciente os serviços de saúde, a evolução
partilhar sua experiência no pai- está no centro, queremos tam- do sistema regulatório e o alinha-
nel “O hospital como integrador bém poder dar continuidade no mento de tudo isso com as fon-
da experiência do paciente intra cuidado. Mais do que fazer um tes pagadoras. “Falamos muito
e extra hospitalar”. bom transplante de fígado, temos em colocar o paciente no centro
Para o médico, a missão do hos- que querer fazer um trabalho de e, quando olhamos para as ins-
pital deve ser “conduzir e influen- prevenção ao alcoolismo”, disse. tituições, ainda estamos dentro
ciar positivamente o setor de cui- Llinas acrescentou ainda que, de quadrados. É um desafio essa
dado com a saúde, contribuir com quando se trata de organizações nova proposta de levar o nosso
o bem-estar dos indivíduos e da privadas, é sempre importante conhecimento até os pacientes e
comunidade”, sendo que seu foco considerar que estamos falando não esperar que eles venham até
deve ser sempre o paciente, numa de uma marca e, como qualquer nós”, disse.
busca incansável em exceder suas outra, ela tem uma promessa a Miguel Cendoroglo, diretor
expectativas. A receita para che- cumprir. No caso de hospitais, superintendente do Hospital Isra-
gar nisso é saber como investir em essa promessa é a proposta de elita Albert Einstein, acrescenta a
melhoria contínua misturando “in- valor oferecida e entregue ao pa- “humildade” como desafio. “Ain-

Denise Santos, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Carlos Baia, Hospital 9 de Julho; Mara Nasrala, Hospital Santa Rosa; Miguel
Cendoroglo, Hospital Israelita Albert Einstein; e Adolfo Llinas, Fundación Santa Fé de Bogotá

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EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
da estamos muito longe do que Já o diretor técnico do Hos- po, nossas estruturas foram se
queremos ser em termos de pro- pital 9 de Julho, Carlos Baia, formando para o atendimento
pósito. Para que o sistema seja destacou como um grande pa- da saúde individual, mas quan-
completamente redesenhado radigma a ser quebrado o jei- do começarmos a considerar as
precisamos aprender uns com os to de pensar tanto dos profis- pessoas, como saúde coletiva,
outros, seja com as operadoras, sionais quanto das instituições isso vai fazer com que o modelo
com os fornecedores, com a in- hospitalares. Ao invés de pensar funcione bem. Isso é fundamen-
dústria, além dos nossos pares”, em paciente, é preciso pensar tal para a sobrevivência do pró-
declarou o executivo. em pessoas. “Ao longo do tem- prio sistema.”

DESAFIOS E RAZÕES
PARA ADERIR AO VBHC
Se adequar a um modelo de
saúde baseado em valor significa
ter de encarar desafios que pas-
sam pelas diversas instâncias do
setor – desde a gestão hospitalar,
que envolve questões como efi-
ciência, qualidade, remuneração,
engajamento, tecnologia e regu-
lamentações, até temas sociais,
como a cobertura universal de
saúde. No Conahp 2019, André
Medici, economista sênior de
saúde do The World Bank, falou
sobre esses desafios e as razões
para propor a mudança da saúde
para um modelo de Value-Based
Healthcare (VBHC).
Segundo Medici, os gastos
com saúde estão aumentando no Délcio Pereira, conselheiro da Anahp e diretor presidente do Hospital Anchieta, foi o
mundo inteiro. A tendência é que, moderador da palestra apresentada por André Medici, do The World Bank
entre 2018 e 2022 o crescimento
da taxa anual seja de 5,45%, en-
quanto entre o período de 2013 globais já entenderam e hoje são samos buscar dados, analisar varia-
e 2017 este aumento foi de 2,9%. geridos por este novo modelo. ções, melhores práticas, eficiência
Os motivos são vários: envelheci- “Para barrar esse aumento é neces- e consolidar inovações.”
mento da população, expansão sário que a saúde passe a ser tra- Mas quais devem ser os pri-
da assistência médica em países balhada com base na remuneração meiros passos para que a teoria
em desenvolvimento, novos tipos por valor, com o cuidado centrado seja colocada em prática? O tra-
de tratamentos e tecnologias, no paciente, foco em qualidade, balho deve ser resultado de um
aumento dos custos de mão de melhorando a saúde da popula- conjunto de fatores e Medici
obra e o fortalecimento do dólar ção e diminuindo custo”, afirmou. aponta o investimento em quatro
em relação a outras moedas. Para ele, o caminho daqui para a pilares como ponto de partida
A solução parece estar direta- frente é ter como meta resultados para o sucesso: criar um contex-
mente ligada ao VBHC e, segundo para conseguir estabelecer um ci- to, medir resultados, integrar o
o especialista, 15% dos serviços clo contínuo de melhorias. “Preci- cuidado e alinhar incentivos. Para

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44
EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

começar a atender a estes quesi- que recompensa a qualidade do tanto técnica quanto emocional,
tos é necessário que hospitais e serviço tende a significar risco uso de unidades ambulatoriais
sistemas conquistem suporte dos financeiro compartilhado com o desconcentradas, garantir aces-
governos e do mercado, saibam pagador, mas foco total na recu- sibilidade, minimizar traslados e
trabalhar com big data por meio peração do paciente. facilitar a comunicação.
de registros eletrônicos e come- Neste novo modelo, a “desos- A integração da tecnologia da
cem a aplicar novos conceitos de pitalização” passa a ser requeri- informação nos processos da saú-
gestão, como reinventar proces- mento fundamental e isto exige de aparece como um ponto de
sos e a forma de mensurar custos. reposicionamento do hospital. destaque. “Essa é uma peça fun-
“Precisamos gerar uma ‘re-en- Para Medici, essa mudança de damental”, declarou Medici. “Este
genharia’ dos processos em saú- posição e comportamento das é o pilar do que vai ser um sistema
de associados ao ciclo completo instituições é o que deve man- de saúde baseado em valor. Pre-
de cuidado, não pode mais ter tê-las como centro em um mo- cisamos garantir a administração
essa desintegração”, disse o exe- delo VBHC. “Existem algumas e agregação de dados em uma
cutivo. “Os cuidados precisam pré-condições para que os hos- única plataforma, integrar essa
ser integrados de forma a medir pitais sejam o centro de uma ca- base dentro dos hospitais e com
resultados e custos por paciente, deia de valor e a primeira coisa é a rede, ter acesso a métricas de
por isso o sistema de pagamento promover um desfecho seguro”, performance e resultado, sistemas
tem que se orientar pelos resul- afirmou Medici. Depois disso, en- integrados para gestão clínica e
tados e não mais por volume.” tram na lista questões como a ex- tudo isso para dar um suporte gi-
Nestes casos, a remuneração periência oferecida ao paciente – gantesco ao paciente”, concluiu.

PACIENTE 4.0: UMA NOVA DEMANDA


PARA O SISTEMA DE SAÚDE
Um dos grandes desafios dos novo paciente e quais são as suas de experiências fantásticas de ou-
hospitais atualmente é conse- necessidades e desejos. Basta tras indústrias, por que não ter o
guir promover a integração do olharmos para nós mesmos. “Fa- mesmo nível de serviço oferecido
paciente no cuidado. E para que lamos que o paciente demanda pela saúde?”, declarou Santos.
isso seja possível, o primeiro as- atendimento personalizado e Para ele, este é o momento de
pecto a ser esclarecido é quem é tecnologia, e nós é que somos repensar a jornada de cada pa-
este paciente que está “ditando assim. É o nosso perfil que deve ciente empregando uma visão
as regras” deste novo modelo de ser atendido. E essa resposta fica mais moderna.
saúde. Conhecido como “pacien- ainda mais clara se considerar- Alguns hospitais no Brasil já
te 4.0”, ele aparece como alguém mos a inversão da pirâmide etária estão trabalhando para se ade-
mais esclarecido sob sua condi- no nosso país, que mostra a lon- quarem tecnologicamente à
ção e tem em suas mãos uma fer- gevidade das pessoas.” nova demanda e esses investi-
ramenta indispensável: a tecnolo- Mais do que uma simples fer- mentos passam a ser encarados
gia. Foi em torno desse assunto ramenta, a tecnologia aparece como um meio de tornar o aten-
que girou o debate “O paciente como a grande viabilizadora do dimento ainda mais personaliza-
4.0: estamos preparados para acesso aos pacientes, que já vi- do. “Na área oncológica, há pou-
atendê-lo?”, sob a mediação de vem experiências inovadoras em co tempo o que determinava a
Diogo Dias, Chief Medical Officer outros setores e buscam cada terapia era a experiência pessoal
do Hospital Porto Dias. vez mais por inovação. “Muitas e depois a medicina baseada em
Para Rodrigo Felicio dos San- vezes, ao olhar para os hospitais, evidência. Agora vamos para a
tos, que é arquiteto de Negócio vemos um grande gap em rela- bioinformática, que transforma
e Tecnologia da Oracle, é bastan- ção à tecnologia, com sistemas dados em valor e nos possibilita
te simples entender quem é este ultrapassados. Se o paciente vem encontrar novas formas para en-

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EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
tregar o serviço”,
explicou a supe-
rintendente geral
do A.C.Camargo
Cancer Center, Vi-
vien Rosso. E são
esses dados que
devem orientar o
tratamento: “Pode
ser que pacientes
com o mesmo sítio
tumoral sejam trata-
dos de maneira di-
ferente e esse pode
ser o ganho da so-
brevida e da cura,
muitas vezes.”
Adotar a tec-
nologia também
pode ser sinônimo
de investimento
Diogo Dias, Hospital Porto Dias; Vivien Rosso, A.C. Camargo Cancer Center; Marlene Oliveira, Instituto
na humanização Lado a Lado pela Vida; André Teixeira, Hospital Pequeno Príncipe; e Rodrigo Felicio dos Santos, Oracle
da profissão. E nis-
to está embutido
qualquer maneira de aproxima- nização. Temos alguns pilotos profissional que vai precisar sen-
ção dos profissionais da saúde e neste momento para promover tar na frente de um computador
seus pacientes. Marlene Oliveira, uma segunda opinião qualificada e preencher um documento ele-
presidente do Instituto Lado a na pediatria”, contou. trônico, ela precisa ser encarada
Lado pela Vida, destaca a facili- Teixeira reforça a importância como um facilitador do trabalho.
dade de comunicação como um de ter uma equipe engajada para No nosso hospital temos pesso-
dos grandes benefícios neste que todas as novas tecnologias as voltadas completamente para
processo. “Quando falamos em sejam implantadas e tragam re- a capacitação dos colaborado-
paciente 4.0 temos que falar em sultados efetivos. “A tecnologia res, especialmente em tecnolo-
empoderar os pacientes com in- não pode ser um martírio para o gia”, finalizou.
formação de qualidade”, disse
a executiva. “Usamos as métri-
cas para medir qual método de
comunicação tem mais efeito na
aderência aos tratamentos, e te-
mos como aliadas as mídias so-
ciais para chamar a atenção para
algumas ações. Se as pessoas
estão nesse ambiente é lá que
devemos estar também.”
No que diz respeito a aproxi-
mação de médicos e pacientes,
e também sobre levar conheci-
mento até as pessoas, a teleme-
dicina aparece como tendência
mundial. No Hospital Pequeno
Príncipe, segundo o diretor ad-
ministrativo financeiro da ins-
tituição, André Teixeira, esta
ferramenta começa a ser uma
realidade. “Somos compradores
de telemedicina há um ano e isso
agregou muito do ponto de vista
assistencial e também da huma-

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EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

EXPERIÊNCIA MAIS
COMPLETA E POSITIVA
O conceito da experiência do isso é fundamental entendermos tos e deveres, não deixar que eles
paciente vai além do que en- o que é importante para ele e saiam das consultas com dúvidas,
tendemos por cuidado humani- para a família em cada etapa do ouvi-los e sempre ter boas infor-
zado e também da hotelaria. A processo”, afirmou. Para Andra- mações e bons dados para com-
resposta é mais ampla e integra de, sem engajamento e propósi- partilhar”, disse. Para o diretor, é
questões como qualidade, segu- to, não é possível proporcionar preciso agregar valor por meio da
rança, desfecho clínico e custos. experiência positiva, assim como segurança, qualidade com custos
Além disso, está diretamente segurança e a presença de pro- controláveis, melhores desfechos
ligado a fatores como engaja- fissionais com habilidades inter- clínicos, transparência e empatia.
mentos das equipes e a visão pessoais é fundamental. Para Vânia Rohsig, que é su-
do paciente como um parceiro. Já para Claudia Cohn, mem- perintendente Assistencial do
Essa discussão fez parte do de- bro do conselho da Abramed, Hospital Moinhos de Vento, é
bate “Experiência do paciente: é importante dividir a experiên- preciso trabalhar para avançar,
muito além do cuidado humani- cia do paciente em ambulatorial da satisfação do paciente para
zado e da hotelaria, as diferen- e hospitalar. “Temos que ter a uma experiência personaliza-
tes dimensões de atuação para consciência de que o diagnós- da. E para que isso seja possí-
a geração de valor aos pacien- tico interfere na experiência. E vel, o engajamento da equipe
tes” conduzido por Marcelo Al- quando o paciente está no hos- é indispensável, principalmen-
varenga, chief experience office pital ou no ambulatório, todos os te de quem está na ponta. “O
do Hospital Sírio-Libanês. pontos de contato são diferen- colaborador precisa ser cuida-
Na busca por definições, Lu- tes, por isso precisamos pensar do para que possa promover
cas Andrade, CEO da Clínica efetivamente de forma multidis- o melhor cuidado, e quem vai
Florence, lembrou que o pacien- ciplinar”, declarou. entregar são as pessoas que es-
te pode ter expectativas diferen- No debate, a educação foi tão na ponta do processo. Pre-
te ao longo de uma jornada de apontada por Florentino Cardo- cisamos nos esforçar para que
cuidado devido às mudanças de so, diretor-executivo Médico do elas entendam o conceito e se
fase de algumas doenças e isso Hospital Care, como parte impor- engajem genuinamente, mas
precisa ser levado em considera- tante dessa experiência. “Preci- ainda temos um longo caminho
ção. “A experiência do paciente samos falar em tratamento, mas de desenvolvimento de líderes
tem que estar integrada inclusive também sobre promoção da saú- para que eles se aproximem
com a nossa missão. E o motivo de. E nisto está embutido instruir dos que estão entregando cui-
de existirmos é o paciente, por nossos pacientes sobre seus direi- dado”, declarou.

Marcelo Alvarenga, Hospital Sírio-Libanês; Vania Rohsig, Hospital Moinhos de Vento; Florentino Cardoso, Hospital Care; Claudia
Cohn, Abramed; e Lucas Andrade, Clínica Florence

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EXPERIÊNCIA DO PACIENTE
48
PUBLICAÇÕES

Anahp lança publicações exclusivas


O Conahp foi o palco de lança- dações com o intuito de contribuir caibam na conta do hospital e do
mento de duas novas publicações com os processos de parceiros convênio”, disse Leonisa.
da Anahp, produzidas a partir das e associados. A coordenadora A publicação reforça a rele-
pesquisas realizadas por grupos de da publicação é a gerente de su- vância do relacionamento com
trabalho da Associação. Os manu- primentos do Hospital Alemão fornecedores para que o pla-
ais foram apresentados ao público Oswaldo Cruz, Leonisa Obrusnik, nejamento seja efetivo, o fluxo
do congresso com exclusividade que explicou que o material foi esteja em constante melhora e
como parte do propósito do even- uma demanda do grupo de traba- para viabilizar ações de sustenta-
to de gerar e compartilhar conteú- lho para alinhar processos. bilidade ambiental. Outro tema
do relevante e de qualidade com “Durante os encontros prioriza- que ganha destaque no material
os profissionais do setor. mos a troca de experiências, com é compliance, reforçando o valor
No primeiro dia do Conahp, a o objetivo principal de auxiliar na de processos éticos.
Anahp apresentou a publicação logística de cada instituição e ga- Você também pode ter acesso
“Relacionamento com Fornecedo- rantir a quantidade adequada de a este conteúdo. Basta usar o QR
res e Melhores Práticas em Planeja- medicamentos e insumos, levan- Code abaixo para fazer o download
mento”. O material traz recomen- do em consideração custos que do material completo.

Leonisa Obrusnik, coordenadora do manual “Relacionamento com Fornecedores e Melhores Práticas em Planejamento”

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PUBLICAÇÕES
Rogéria Leoni, coordenadora do manual "Lei Geral de Proteção de Dados"

A Lei Geral de Proteção de ção para o tema, que é tão re- dados, a publicação conta com
Dados (LGPD) é o tema do se- levante para o setor. “Buscamos materiais sobre agentes de tra-
gundo manual lançado pela despertar a consciência de cada tamento, compartilhamento de
Anahp durante o congresso. A instituição e, ao mesmo tempo, dados, obrigações e responsabili-
nova publicação foi criada com organizar conceitos e fortalecer dades, além de explorar as opor-
o objetivo de instruir as institui- a discussão”, afirmou. “Perante tunidades e desafios para o setor
ções hospitalares a se adequa- a diversidade socioeconômica a partir do vigor do texto legal.
rem à lei que entra em vigor em e cultural que observamos no Entre as dicas para adequação às
agosto de 2020. Brasil, esse não será um proces- novas regras estão treinamentos,
Rogéria Leoni, diretora jurídica so simples, mas trata-se de uma avaliações sistemáticas dos im-
do Hospital Albert Einstein, foi a mudança necessária para garan- pactos e riscos LGPD e mecanis-
responsável pela coordenação tir segurança jurídica no trata- mos de supervisão.
do material e contou que a ideia mento de dados no país.” Acesse o QR Code abaixo e
da publicação surgiu a partir da Além do conceito geral so- tenha acesso ao conteúdo com-
necessidade de chamar a aten- bre segurança e privacidade de pleto.

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INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA

INFORMAÇÃO
E TECNOLOGIA
As inovações tecnológicas estruturas físicas, e principal-
estão cada vez mais presentes mente auxiliar no atendimento
no cotidiano das empresas nos mais humanizado e personaliza-
últimos anos, e na saúde não do ao paciente. A temática "In-
é diferente. As transformações formação e Tecnologia" foi um
digitais têm ajudado as insti- dos eixos do Conahp 2019 para
tuições do setor a simplificar e mostrar o papel dos mecanis-
agilizar processos, modernizar mos digitais na área da saúde.

ATENDIMENTO
INTEGRADO E TELEMEDICINA

Para falar aos congressistas bre inovações tecnológicas inse- meio da telemedicina, que é de-
sobre o atendimento à saúde ridas na cadeia de saúde. Paulo safio atual para o setor da saúde
integrado e a aplicação da tec- Barreto, conselheiro da Anahp e no mundo todo. De acordo com
nologia neste processo, Antonio CEO do Hospital São Lucas (SE), ele, para atingir esse objetivo, é
Marttos, diretor de Telemedicina foi o moderador. fundamental que as instituições
do Trauma no Ryder Trauma Cen- Marttos iniciou falando sobre de saúde pratiquem e estimulem
ter, nos Estados Unidos, pales- com a importância de prestar o a educação e o ganho de conhe-
trou no primeiro dia do Conahp melhor, mais completo e inte- cimento em práticas médicas à
2019. A apresentação tratou so- grado atendimento possível por distância de forma contínua por
parte dos profissionais. “Todo ano
o hospital tem dois treinamentos
que são simulados para atender
diversas vítimas com múltiplas
casualidades e acontecimentos
através de atendimentos em te-
lesaúde. Testamos todos os tipos
de traumas possíveis e suas com-
plexidades”, explicou.
A telemedicina foi abordada
por Marttos na palestra como
uma relevante ferramenta para

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INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA
o atendimento aos pacientes no durante os Jogos Pan-america- saúde para não saírem mais e
Ryder Trauma Center, inclusive nos de 2011, em Guadalajara, a telemedicina é algo que vem
para a educação dos profissionais no México, Marttos contou que para mudar a maneira como se
que prestam o cuidado, por meio auxiliou no atendimento realiza- proporciona saúde à população,
de treinamentos por videocon- do à jogadora Jaqueline Carva- de acordo com Marttos. É um
ferência, discussões de casos de lho da seleção brasileira de vôlei, mecanismo que tem rompido
trauma e simulação de ocorrên- quando a atleta sofreu fraturas barreiras, eliminado distâncias
cias de catástrofes, como quedas nas vértebras C5 e C6 após uma geográficas e conectado espe-
de avião. “Mesmo nas maiores queda durante uma partida. Foi cialistas a outros profissionais
emergências médicas de traumas realizada uma consulta através de de saúde, administradores de
nós conseguimos passar orienta- teleconferência entre a equipe unidades de saúde e pacientes.
ções via telemedicina. O médico médica em solo mexicano e um “Minha visão do futuro é cada
remotamente pode instruir quem especialista no Brasil para auxiliar vez mais existir prontuário ele-
está no local do atendimento e os na conduta médica da atleta e trônico, teleconsultas e especia-
resultados são efetivos”, afirmou. seu tratamento. listas interagindo remotamente
Integrante da equipe de mé- As inovações tecnológicas com pacientes e médicos lo-
dicos da delegação brasileira estão entrando na cadeia de cais”, concluiu.

Paulo Barreto, Hospital São Lucas (SE) e Antonio Marttos, Ryder Trauma Center

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INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA

SAÚDE 4.0 PARA REVOLUCIONAR


O CUIDADO AO PACIENTE

Salvador Gullo, Dr. Rafael - Patient Safety Advisor; Chao Lung Wen, FMUSP; Zahava Uddin, GE Healthcare; Sidney Klajner, Hospital
Israelita Albert Einstein

No Conahp 2019, a Saúde 4.0 fluxos de trabalhos, analisando da disciplina de Telemedicina da


como revolução nos cuidados e simulando os possíveis garga- FMUSP, Chao Lung Wen, alertou
com o paciente foi um dos te- los e melhorias no cuidado com para o processo de evolução tec-
mas-chave. Sidney Klajner, presi- o paciente, sendo os desfechos nológica pela qual a sociedade
dente do Hospital Israelita Albert clínicos os norteadores dessa está passando e com reflexos na
Einstein, abordou o assunto sob experiência. Para Zahava, um saúde. “Empresas de tecnologia
a perspectiva das inovações tec- hospital que disponibiliza ser- que estão inseridas no nosso dia
nológicas aplicadas no setor. viços e recursos tendo em vista a dia estimularão a progressão
O conceito de Saúde 4.0 surge o relacionamento humano, ga- tecnológica na cadeia de saúde.
com o objetivo de oferecer recur- rante efetividade operacional e Precisamos levar o estilo de vida
sos médicos de alta capacidade amplia sua relação de confiança da pessoa para o ambiente hos-
aos pacientes e profissionais do com o paciente. pitalar e o desenvolvimento con-
setor com o intuito de prevenção “Temos que entender que os tínuo da interconectividade de
a doenças, além da promoção pacientes ficam muito tempo em processos e ações em cuidados.
do bem-estar físico e mental do filas, e precisamos ter profissio- A Google, Amazon e Microsoft
usuário do sistema de saúde. Se- nais capacitados para compre- vão mudar o conceito de tecno-
gundo Klajner, “o termo também ender que a eficiência de um logia na saúde, todo o sistema
está relacionado à valorização do hospital acontece também pela tem que modernizar sua forma
empoderamento e cuidado do geração de novos leitos de uma de assistência”, finalizou.
paciente junto às inovações di- forma mais ágil. Escutar o ponto
gitais, e não apenas ao uso dos de vista do paciente serve para
dispositivos”, explicou. ver o que pode ser aprimora-
A managing director da GE do, não tem como falar em uma
Healthcare Command Centers, iniciativa para vários pacientes,
Zahava Uddin, também partici- mas várias iniciativas para todos
pou da palestra e contou que os pacientes”, ela opinou.
trabalha com organização de O professor associado e chefe

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OPERACIONALIZAÇÃO DA
COLETA DE DADOS E A LGPD

Todos os cidadãos têm direito Mariana Jorge, Data Protection Of- Outro ponto citado foi a ne-
à privacidade e proteção de seus ficer (DPO) do José de Mello Saú- cessidade de uma abordagem
dados, porém, após a entrada de - ACE, empresa prestadora de individualizada e centrada no
em vigor da nova Lei Geral de serviços em saúde em Portugal. O paciente, considerando o fato
Proteção de Dados (LGPD), pre- país passou recentemente por mu- de que cada pessoa tem suas
vista para agosto de 2020, serão danças com a implementação de particularidades e contextos di-
estabelecidas regras mais rígidas uma lei também mais restritiva em ferentes em que está inserido.
sobre a coleta, armazenamento, relação ao tratamento de dados e “A abordagem personalizada
tratamento e compartilhamento essa experiência foi compartilhada deve garantir a confiança no
de dados pessoais. com o público presente no segun- relacionamento humano, in-
Os desafios para a área da saú- do dia do evento. formar ao paciente aquilo que
de são grandes, já que se trata De acordo com a avaliação de está sendo feito em relação ao
de um setor que trabalha com Mariana, um hospital deve adotar seu tratamento e de seus dados
muitos dados sensíveis. Por isso, medidas técnicas que permitam é muito importante”, comparti-
operacionalizar a coleta de infor- alcançar a operacionalização do lhou a executiva.
mações de maneira assertiva e se- tráfego de dados na instituição, Já que toda a cadeia deve se
gura em redes de atendimento à como a “disponibilidade de sis- adequar à nova realidade que
saúde foram assuntos abordados temas que se auto organizem virá, a executiva fez um alerta
na palestra “A saúde diante da diante de situações complexas, para a necessidade de revisão
Lei Geral de Proteção de Dados, prevendo falhas operacionais, o de contratos com fornecedores
como operacionalizar os desafios controle de acesso aos sistemas, e empresas parceiras, revisão de
nas instituições e gerar valor para integridade dos dados, além de locais destinados ao armazena-
o paciente”. evitar que aconteçam perdas de mento dessas informações (físi-
Para falar sobre o tema, o Co- dados, cyber ataques e quebra cos ou digitais), além da criação
nahp trouxe para sua programação de confiabilidade.” de grupos de trabalho que po-

Charles Souleymann, Centro de Treinamento Edson Bueno UnitedHealth Group; José Mariano Soares de Moraes, Hospital Monte
Sinai; Lucas Oliveira, Serasa Experian; Lucas Magalhães, Machado Nunes; Mariana Jorge, José de Mello Saúde - ACE

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INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA

dem reportar soluções e apontar estão atentos para a questão e Dados também foi abordada du-
problemas. teremos grandes mudanças”, rante o debate por José Mariano
Para falar sobre os impactos afirmou Magalhães. Soares de Moraes, diretor supe-
que deverão acontecer no Bra- O gerente de Proteção de Da- rintendente do Hospital Monte
sil, Lucas Magalhães, advogado dos na Serasa Experian, Lucas Sinai. O executivo lembrou que
do escritório Machado Nunes, Oliveira, indicou na palestra que informações de saúde e biomé-
comentou que o consumidor, as redes hospitalares possuem tricas dos pacientes, utilizadas
de um modo geral, está enten- muitas oportunidades para cole- no contexto da telemedicina, são
dendo a necessidade de manter tar os mais diferentes dados pos- classificadas como dados sensí-
suas informações protegidas e, síveis de pacientes e criar meca- veis de acordo com a lei, sendo
para acompanhar essa evolução, nismos de classificação desses necessários mecanismos de aces-
as empresas devem buscar co- dados é fundamental para a so e proteção diferenciados, pois
nhecimento tecnológico e práti- segurança e acesso correto das a exposição equivocada desses
co para preservarem adequada- informações. “Existem diversas dados pode gerar quebra de con-
mente os dados do seu público. portas de entrada para os dados fiança no serviço prestado ao pa-
“Desde que aqueceram os de- sobre os pacientes, é importante ciente. “A telemedicina está sen-
bates sobre o tratamento de da- catalogar e criar inventários para do implementada já no contexto
dos, as pessoas passaram a se o acesso às informações. Não da proteção de dados, e a LGPD
informar mais sobre como pro- tem como falar da proteção de tem gerado uma expectativa
teger melhor informações pes- dados sem falar de transparên- muito positiva para o setor, por-
soais. No Brasil, as instituições cia e garantia de que o que está que trabalhará pela integridade e
precisam correr para se preparar sendo coletado possui uma fina- preservação de dados sensíveis,
para a implementação da LGPD lidade correta”, explicou. só podendo acessá-los aquelas
em 2020, órgãos que trabalham A relação entre a telemedici- pessoas que foram determinadas
com direito do consumidor já na e a Lei Geral de Proteção de para isso”, esclareceu.

TECNOLOGIA PARA
TRANSFORMAR A SAÚDE

Na saúde, a transformação di-


gital é algo que veio para ficar,
para tornar mais ágeis e simplifi-
cados os processos e atividades
das redes de atendimento, além
de fornecer melhor experiência ao
paciente dentro de um hospital,
clínica ou laboratório de exame.
Para detalhar melhor esse
cenário, os congressistas acom-
panharam a palestra de Regia-
ne Relva, assessora especial do
Ministério da Ciência, Tecnolo-
gia, Inovações e Comunicação
(MCTIC). A moderação ficou a
cargo de Henrique Salvador,
Henrique Salvador, Rede Mater Dei de Saúde; Regiane Relva, Ministério da Ciência, conselheiro da Anahp e pre-
Tecnologia, Inovações e Comunicação sidente da Rede Mater Dei de

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Saúde, que compreende a tec- também possibilita ao paciente
nologia no setor como “força saber informações relevantes so-
motriz para mudanças que tra- bre seu tratamento, tornando-o
gam humanização no atendi- mais participativo em seu pró-
mento hospitalar e informação prio processo de cuidado. “As
a um clique de distância”. pessoas estão ficando mais em-
A inovação na saúde permitirá poderadas sobre os seus trata-
cada vez mais eficiência para a mentos, os medicamentos e dis-
gestão de procedimentos e sis- cutindo com os médicos sobre
temas quando utilizada de forma quais serão os procedimentos a
assertiva, de acordo com Regia- serem realizados. A tecnologia
ne. Para a assessora, a utilização deve ser disruptiva para dar uma
de algumas ferramentas é fun- experiência diferenciada ao usu-
damental para o sucesso de ins- ário do sistema de saúde”, afir- Falando de Brasil, o Ministério
tituições hospitalares nos dias de mou Regiane. da Ciência, Tecnologia, Inovações
hoje: “mecanismos de tecnologia A especialista também trouxe e Comunicação tem trabalhado
facial, de capturas de dados e in- cases inovadores na saúde que em algumas iniciativas impor-
formações, aparelhos robóticos, fazem uso da tecnologia para re- tantes como o Plano Nacional
inteligência artificial, sistemas de alizar consultas à distância, como de Internet das Coisas, que visa
big data, blockchain para segu- as cabines de atendimento médi- incrementar a troca de informa-
rança da informação, Internet das co na China. O equipamento fun- ções, eficiência, produtividade e
Coisas (IoT), além de Instrumen- ciona através de uma plataforma competitividade entre empresas
tos de reprodução 3D.” de inteligência artificial, onde o de ambientes urbanos e rurais,
A palestrante elencou alguns paciente expõe seus sintomas a desenvolver soluções de IoT que
dos objetivos mais importantes um médico virtual denominado ampliem a qualidade de serviços
da tecnologia do ponto de vista Cloud Doctor, que avalia o históri- em saúde, principalmente em lo-
da eficiência operacional. “É pre- co de saúde do usuário e oferece cais remotos, e potencializar a
ciso entender para onde a tec- um diagnóstico para aprovação produção da indústria brasileira
nologia vai. Ela precisa cuidar do de um médico humano. O apare- de maneira geral perante ao cená-
funcionário, reduzir atrasos e filas lho também possui um serviço de rio internacional.
para o paciente, mitigar falhas disponibilidade de medicações De acordo com Regiane, o
de comunicação, suprir a falta de em tempo real às consultas. “As mundo como conhecemos está
materiais e humanizar o atendi- cabines de atendimento médico se tornando “virtualizado”, e a
mento à saúde”, afirmou. na China estão sendo desenvolvi- internet das coisas “é onde tudo
Ao passo que as inovações das para dizer tudo a respeito da conversa com tudo, é um meca-
tecnológicas podem facilitar a sua condição clínica, a ideia é le- nismo de gerar dados, informa-
vida dos hospitais do ponto de var acesso à saúde a pessoas que ções e conhecimentos para trazer
vista do seu funcionamento, ela não têm condições”, comentou. benefícios às vidas das pessoas.”

A INTEROPERABILIDADE NA SAÚDE
Em uma empresa que pro- das palestras do eixo informa- realizada por Raul Sturari, CEO
cura estabelecer seus servi- ção e tecnologia, que discutiu do Grupo Santa de Brasília.
ços, processos e atividades de as inovações tecnológicas apli- O termo interoperabilidade
maneira alinhada e integrada cadas ao setor de saúde, a in- corresponde à capacidade de um
às novas tecnologias, é funda- teroperabilidade. George Ma- sistema (informatizado ou não) pra-
mental saber se comunicar com thew, chief medical officer da ticar comunicação de maneira clara
outras empresas no mercado. DXC Technology, foi quem co- e transparente com outro sistema
Durante o Conahp 2019, um mandou a exposição da temáti- (seja semelhante ou não). Para Ma-
termo foi explorado em uma ca na palestra, com moderação thew, esta prática deve pensar num

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INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA

pe médica a alcançar os resulta- inteligentes, mas ainda nem dis-


dos esperados no tratamento. “É ponibilizaram recursos digitais.
uma oportunidade para estabele- Na saúde, o primeiro passo é uti-
cer confiança com o paciente, de lizar o prontuário eletrônico para
estabelecer rotinas de cuidados os dados dos pacientes”, opinou.
personalizados a cada pessoa, é O processo de interoperabilida-
uma mudança em direção ao cui- de de um hospital também deve
dado preventivo ao invés de fazer envolver o paciente, de acordo
gestão de doenças crônicas”, de- com Lilian Quintal Hoffmann, di-
clarou Mathew. retora-executiva de Tecnologia e
As principais dificuldades para Operações da BP - A Beneficência
implementar a cultura de intero- Portuguesa de São Paulo e outra
perar na área da saúde são a falta participante da palestra. Para ela,
de discussão e diálogo entre os “a cultura de interoperar precisa
diferentes provedores de sistemas acontecer com outras organiza-
do setor. Ainda não existe o hábi- ções, com o governo, entidades
to da interoperabilidade interna do setor, mas principalmente com
sistema de aprendizagem contínua nas organizações de uma forma sistemas que se conversem inter-
com troca de informações entre geral no Brasil, e para que exista namente na instituição e com o
empresas de saúde para que pa- essa cultura é necessário o estabe- paciente, que é o principal usuário
cientes tenham um cuidado me- lecimento de padrões nacionais, do sistema de saúde."
lhor, e que permita a existência de quando informatizados, que favo- A secretária de Desenvolvi-
maior suporte para as tomadas de reça a troca de informações. mento Econômico do Estado de
decisão dos profissionais. "Com O diretor do Departamento de São Paulo, Patrícia Ellen da Silva,
isso, é possível identificar lacunas Informática do Sistema Único de expôs durante a palestra que o
no cuidado para suprir problemas Saúde (DATASUS), Jacson Barros, país precisa trabalhar de maneira
com custos e trazer eficiência ope- que também participou da pales- rápida para reduzir os problemas
racional”, afirmou. tra, acredita que as instituições de conexão em locais de difí-
Uma das principais vantagens brasileiras, sejam elas de saúde cil acesso. “O nosso sistema de
em relação à presença de ferra- ou não, devem num primeiro ce- saúde tem realidades diferentes
mentas que trocam informações nário buscar mecanismos para dentro do mesmo sistema. Pre-
dentro de um sistema de saúde se tornarem informatizadas, com cisamos de padrões de conecti-
é permitir a abordagem de forma processos e atividades voltadas vidade e de infraestrutura para a
personalizada ao paciente. Me- ao ambiente digital, para então integração de serviços em saúde
canismos informatizados podem iniciarem suas discussões sobre em áreas remotas. É preciso en-
melhorar o manuseio dos dados sistemas que se comuniquem. tender que a conexão através da
do paciente no momento da “Muitos estabelecimentos que- internet das coisas gera valor para
hospitalização e auxiliar a equi- rem falar de plataformas digitais a economia do país”, afirmou.

Raul Sturari, Grupo Santa de Brasília; Jacson Barros, DATASUS; Lilian Quintal Hoffmann, BP – A Beneficência Portuguesa de São Pau-
lo; Patrícia Ellen da Silva, Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo; George Mathew, DXC Technology

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ANÁLISE DE DADOS PARA
A GESTÃO DO SETOR

As equipes gestoras nas insti-


tuições médicas todos os dias se
deparam com diversos desafios
para a administração de seus res-
pectivos hospitais. Um deles, bas-
tante recorrente nos últimos anos
é a coleta, tratamento, utilização
e análise de dados para a gestão
das organizações. Para falar sobre
este tema, a última plenária do
congresso contou com a presença
de Juliana Bersani, co-founder &
COO da Outcomes Based Health- Leandro Tavares, Rede D’Or; Ailton Brandão, Hospital Sírio-Libanês; Rodrigo Lopes,
care (OBH), empresa britânica de Grupo Leforte; Edson Amaro, Hospital Israelita Albert Einstein; Juliana Bersani, Outco-
consultoria em assistência médica mes Based Healthcare
baseada em valor. A moderação
ficou a cargo de Leandro Tavares, de Saúde), órgão que realiza a nistrativa dos hospitais.
vice-presidente médico e de Ser- coleta, processamento e disse- Outra contribuição dada na
viços Externos da Rede D’Or. minação de informações sobre palestra foi feita por Rodrigo
Juliana explicou que o OBH saúde, se caracteriza por ser uma Lopes, CEO do Grupo Leforte.
é prestador de serviços de con- boa fonte de conteúdos sobre o O executivo acredita que esta-
sultoria médica para o National setor, no entanto, necessita de belecer a cultura do registro de
Health Service (NHS), serviço ajustes no sentido de trabalhar dados na saúde deve ser encara-
nacional de saúde do Reino Uni- dados de maneira integrada. “O da como algo urgente, para que
do, e que a realização da análise DATASUS apresenta aproxima- haja maior sustentabilidade do
dos dados tem como objetivo damente 600 bases de dados, setor. “É importante entender as
constituir diferentes repositórios com riqueza de informações so- origens para se buscar soluções
(softwares de armazenamento de bre saúde da população e tendo eficientes de modelos de remu-
informações) para cada nível de como desafio a integração des- neração e criar uma cadeia de
atendimento realizado. ses dados”, afirmou. saúde de valor. Há a necessidade
Segundo a especialista, a inte- A necessidade do país de se de termos inputs corretos de da-
gração de dados ocorre através modernizar e evoluir no âmbito dos, e uma estrutura educacional
de um número identificador que do tratamento, coleta e integra- com sensibilidade para saber uti-
cada cidadão possui, permitin- ção de dados também foi enfati- lizar os dados e não gerar custos
do realizar a busca de diferentes zada por Edson Amaro, superin- desnecessários”, declarou.
serviços em saúde. “É realizada tendente de Analytics e Ciência Diretor de Tecnologia da In-
uma segmentação populacional de Dados do Hospital Israelita formação do Hospital Sírio-Liba-
para então medir os desfechos Albert Einstein, que também nês, Ailton Brandão, reforçou a
clínicos. Conseguimos classificar participou da palestra. Segundo importância da capacitação dos
toda população em segmentos ele, “o DATASUS está se estru- profissionais em gestão de da-
específicos e o tamanho destes, turando e se modificando, e é dos, bem como estruturas físicas
bem como mensurar a utilização interessante que o Brasil possa adequadas que possam auxiliar
dos serviços pelos cidadãos de ouvir experiências construídas as equipes gestoras nesse pro-
forma individual, verificar a ida- em diferentes sistemas de go- cesso. “Dados ajudam os gesto-
de média em que as pessoas vernos já estruturados com dife- res nas tomadas de decisão base-
apresentam algum problema de rentes contextos”. Para Amaro, adas em informações, e projetos
saúde e as doenças mais com- a cultura do registro de dados de treinamento e formação em
prometedoras”, explicou. deve ser pensada para atingir informática médica favorecem
Juliana destacou que no Bra- também o melhor desfecho clí- o entendimento de se analisar e
sil o DATASUS (Departamento nico para o paciente, além da gerir dados em uma instituição
de Informática do Sistema Único eficiência operacional e admi- hospitalar”, opinou.

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CURSOS CONAHP

Cursos Conahp aquecem


os debates um dia antes
do congresso
Pelo segundo ano, o Conahp experiência do paciente, a me- simultaneamente, reunindo insti-
contou com uma programa- dição de desfechos clínicos e a tuições que são referências para
ção de cursos que antecedem ciência da melhoria. a saúde mundial: International
o congresso, para promover Realizados no dia 25 de no- Consortium for Health Outcomes
trocas de experiências e atuali- vembro, no Maksoud Plaza Hotel, Measurement (ICHOM), Institute
zação em relação a temas que na capital paulista, os três cursos for Healthcare Improvement (IHI)
estão em alta no setor, como a desta edição foram ministrados e Cleveland Clinic.

DESFECHOS CLÍNICOS

mento de dados, não apenas


para que sejam armazenados
ou guardados pelas instituições
médicas, mas para que haja
uma troca de informações com
a ideia de se atingir os melhores
processos trabalhando de ma-
neira simples e eficaz. “O ob-
jetivo final é ter um modelo de
dados consistentes que possam
ser compartilhados e compara-
dos entre as organizações”, afir-
mou a executiva.
Seguindo com a programa-
ção, Evelyn Tiburzio, diretora
técnica da Anahp, palestrou
acerca do Programa de Des-
fechos Clínicos Anahp, que a
Associação vem desenvolven-
do junto ao ICHOM no Brasil.
Para mostrar como o ICHOM São 16 hospitais participantes
se tornou uma referência mun- forçou que o consórcio trabalha do programa, que buscam tra-
dial em medição de desfechos para implementar cada vez mais balhar o conceito de valor com
clínicos, Suzanne Gaunt, chefe a prática de medir desfechos em foco no resultado para o pa-
de Staff do ICHOM, compar- instituições que fornecem aten- ciente, envolvendo a qualidade
tilhou com o público como é a dimento de saúde. do serviço e estudando formas
atuação da organização. Duran- Segundo Suzanne, o maior de redução de custos. “A nossa
te a palestra, a especialista re- intuito do ICHOM é o agrupa- principal bandeira é trabalhar a

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59

CURSOS CONAHP
qualidade e segurança nas ins- dados cases e desafios do tema ted Health Group (UHG); Vanes-
tituições, com o objetivo de ter por Sabrina Bernardez, do Hos- sa Teich, do Hospital Israelita
futuramente um benchmarking pital do Coração – HCor; Carla Albert Einstein; Ary Ribeiro, do
global de desfechos clínicos”, Ledo, do Hospital Sírio-Libanês; Hospital Infantil Sabará; e César
ressaltou a diretora. Danielle Salaorni, do Hospital Abicalaffe, do Instituto Brasileiro
Ao longo do dia, foram abor- Vera Cruz; Ana Sogayar, da Uni- de Valor em Saúde.

CIÊNCIA DA MELHORIA

Com a proposta de levar uma cesso de evolução e reconheci- ótica dos processos de melho-
versão adaptada do progra- mento dos hospitais como algo ria deve, sobretudo, enxergar
ma de Ciência da Melhoria do que passa de forma determi- o paciente como ator principal
Institute for Healthcare Impro- nante pela maneira de se traba- do sistema de saúde, e como
vement (IHI), o curso mostrou lhar a gestão de melhoria nas as mudanças positivas podem
aos participantes que é possível empresas. “A beleza do poder exercer influência em sua vida.
planejar e executar projetos de de melhoria torna forte o po- “Se estamos fazendo um pro-
melhoria, definir e aplicar um der de acreditação pelas insti- jeto de melhoria que impacta
conjunto de medidas que anali- tuições. É essencial a aplicação na vida do paciente, precisa-
sem e avaliem o sucesso do pro- de dados para melhoria dos mos, necessariamente, conver-
jeto, além de utilizar o modelo processos ao longo do tempo sar com ele”, afirmou Capone.
de melhoria do IHI para desen- com uma visão dinâmica do sis- Também estavam presentes e
volver medidas assertivas. tema”, explicou Borem. ministraram palestras os espe-
O diretor sênior de Projetos Antônio Capone, membro cialistas do IHI: Daniel Peres,
do IHI para a América Latina, do corpo docente do IHI da Ademir Petenate, Thaís Buha-
Paulo Borem, se referiu ao pro- América Latina, explicou que a tem e Wania Baia.

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CURSOS CONAHP

EXPERIÊNCIA DO PACIENTE

Referência no mundo quando paciente. “Na Cleveland Cli- inovação e tecnológica, visi-
se fala em experiência do pa- nic trabalhamos para construir bilidade de problemas e solu-
ciente, a Cleveland Clinic abor- uma ponte entre os pacientes ções e consistência.
dou como a organização alcan- e os funcionários, pensamos a A programação contou ainda
çou a excelência neste tema, participação e envolvimento com apresentações de Ana Ma-
mencionando fatores referen- dos funcionários nos cuidados lik, da Fundação Getúlio Var-
tes à cultura organizacional de dos pacientes para que sejam gas; Kátia Weber, da SulAméri-
empresas do setor de saúde, compatíveis com o que está ca; Luciana Berlofi, do Hospital
envolvimento de funcionários nos propósitos e missões da Alemão Oswaldo Cruz; Daniella
e pacientes, engajamento do empresa”, disse. Kerbauy, do Grupo Fleury; Da-
corpo clínico, comunicação O executivo também mos- niel do Espírito Santo do Gru-
com familiares e humanização trou aos participantes alguns po Oncoclinicas; Vania Rohsig,
no ambiente hospitalar. preceitos fundamentais para o do Hospital Moinhos de Vento;
Anthony Warmuth, diretor- sucesso da Cleveland Clinic, Claudia Laselva, do Hospital Is-
-executivo de Qualidade e como o envolvimento da lide- raelita Albert Einstein; Andrea
Segurança da instituição, ex- rança, dedicação e foco das Basgal, da AACD; Fernanda
planou sobre como a empre- equipes multidisciplinares no Pascoal , do Hospital Infantil
sa observa a importância do cuidado dos pacientes, men- Sabará; e Daniela Camarinha,
relacionamento colaborador/ suração de desfechos clínicos, da YouCare.

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O INÍCIO
 As tecnologias mais avançadas + de 40 clientes Gocil no segmento da saúde
 A mão de obra mais bem treinada + de 7,5 milhões de pessoas impactadas mensalmente

CURSOS CONAHP
 98% dos clientes satisfeitos pelos serviços da Gocil nesse setor
Cada detalhe do dia a dia de sua instituição de saúde
não passa despercebido pela Gocil.

#somosEXCELÊNCIA #somosINOVAÇÃO
somosINOVAÇÃO

GOCIL
#somosGOCIL

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62
EXPERIÊNCIAS

Instituições de excelência
promovem visitas monitoradas
O programa Experiências, parte do Conahp 2019, promoveu visitas monitoradas em hospitais de São Paulo

Pelo segundo ano, o Conahp Cruz (HAOC), um dos temas abor- No Hospital Sírio-Libanês, os
organizou uma série de visitas dados durante a experiência foi a participantes conheceram a área
monitoradas em dez hospitais de Unidade de Avaliação de Tecno- de Experiência do Paciente, seus
excelência de São Paulo, por meio logias em Saúde (UATS), em que principais processos e iniciativas
do programa Experiências, realiza- foram apresentadas as atividades implementadas na busca do cres-
do nos dias 25 e 28 de novembro. que vêm sendo desenvolvidas no cente protagonismo dos pacientes
A iniciativa tem como objetivo setor e que também contribuem em suas jornadas e contatos com a
apresentar soluções, modelos e para o desenvolvimento institu- instituição. A visita também explo-
produtos inovadores das institui- cional do Sistema Único de Saúde rou a área de Gerenciamento de
ções, compartilhando experiên- (SUS). Outro ponto apresentado Risco, de Desfechos Clínicos e de
cias e melhores práticas. foi o modelo assistencial da insti- Qualidade e Segurança do hospital.
Uma das atividades foi realiza- tuição, que, sob coordenação da Já a outra visita promovida pelo
da no Centro de Reabilitação da Superintendência Assistencial, um Sírio-Libanês mostrou projetos e
AACD – Associação de Assistên- grupo multidisciplinar realiza dis- soluções em saúde, discutindo
cia à Criança Deficiente, em que cussões periódicas sobre como os motivos e fatores identificados
foram apresentados os modelos este modelo deve ser replicado para a criação do Serviço de Saú-
de linha de cuidado e a atuação para os diversos pontos de conta- de Corporativa da instituição. Fo-
da equipe interdisciplinar da insti- to com o paciente e seu familiar. ram abordados ainda os resulta-
tuição. Já o A.C.Camargo Cancer O HAOC também levou os dos da Experiência Lean na saúde,
Center promoveu uma visita ao participantes para conhecerem o além de terem sido apresentadas
Centro de Imunoterapia, passan- modelo de negócio da unidade as experiências de apoio à gestão
do pela unidade Pires da Mota, referenciada Oswaldo Cruz Ver- de instituições públicas e a experi-
pelo Centro Internacional de Pes- gueiro. Inaugurada em 2017, a ência colaborativa Proadi-SUS.
quisa (CIPE), e pelo laboratório de nova unidade tem como objetivo O Hospital Israelita Albert Eins-
Imuno Oncologia. atender às necessidades das ope- tein apresentou aos seus visitantes
O Hospital São Luiz – Unidade radoras não verticalizadas, ten- a experiência e gestão do fluxo do
Itaim apresentou aos participantes do com principais características: paciente, detalhando a estrutura
o Centro de Especialidades Médi- foco em qualidade, segurança e de trabalho em forma de Progra-
cas para continuidade do cuidado custo competitivo; corpo clínico mas Aceleradores para gestão de
em regime ambulatorial, o Centro restrito; pacotes padronizados, processos e resultados.
de Parto Natural e Cuidados As- entre outras. No Hospital Edmundo Vas-
sistenciais, o Programa de Educa- Conhecer os processos, estru- concelos, a proposta foi conhe-
ção Continuada e ainda realizou tura e tecnologia - incluindo as sa- cer a avaliação e tecnologia em
uma visita ao Hospital Vila Nova las híbridas Cardiovascular e Brain saúde e o modelo assistencial da
Star, inaugurado recentemente Suite - Neurocirúrgica - do Hospital instituição. Os visitantes passa-
pela Rede D’Or. do Coração – HCor foi a proposta ram pela Unidade de Internação,
Por meio de uma visita no Cen- da visita na instituição. Os partici- Pronto-Socorro, Centro Médico
tro Cirúrgico e Sala de Treinamen- pantes também foram apresenta- de Especialidades e pela área de
to do Hospital Santa Catrina, a ins- dos ao fluxo operacional, áreas de Inovação. Já no Hospital e Ma-
tituição mostrou aos participantes apoio, sistema de automação de ternidade Sepaco, a experiência
a tecnologia robótica e o parque medicamentos e materiais, bem apresentou a linha de cuidado
tecnológico. O hospital também como sistema de integração de materno infantil (Maternidade,
promoveu uma visita geral, pas- imagens. O HCor abordou ainda Pediatria, UTI adulto, UTI Neo-
sando pelas áreas onde são reali- seu modelo assistencial, que conta natal), com exposição da orga-
zados exames e estruturas de in- com um Escritório de Valor HCor, nização estrutural, operacional
ternação do Santa Catarina. visando a coleta padronizada de (fluxos e processos) e indicado-
No Hospital Alemão Oswaldo desfechos clínicos em saúde. res monitorados.

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O INÍCIO
INOVANDO COM

EXPERIÊNCIAS
FOCO EM
PACIENTES,
MÉDICOS E
HOSPITAIS
Ajudar os pacientes a ter saúde,
sentir-se melhor, viver mais. Tudo isso
faz parte de um dia de trabalho na
Medtronic. Ajudar os sistemas de saúde
a serem mais eficientes também.

Saiba mais sobre como juntos


estamos levando a saúde além em
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O INÍCIO Juntos, além
64
JANTAR

NOITE DE
CONFRATERNIZAÇÃO
O tradicional Jantar de Con- banda Trinca Acústica, que in- nacionais e internacionais, de
fraternização do Conahp nesta terpretou e traduziu para uma estilos variados, como rock,
edição contou com cerca de 350 versão mais intimista músicas pop, reggae e MPB.
pessoas, entre associados, par-
ceiros e patrocinadores do even-
to. Como ocorre em todos os
anos, o evento foi realizado após
o segundo dia do congresso, no
Hotel Transamerica.
Na ocasião, a Anahp prestou
uma homenagem ao Antônio
Carlos Kfouri, por sua importân-
cia e influência para o setor da
saúde. A dedicação de Kfouri
ajudou a Associação a construir
uma trajetória de sucesso, e o
tornou uma inspiração para os
executivos do setor.
Essa edição do jantar foi
marcada pela apresentação da

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O INÍCIO
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CONAHP

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Associação Nacional de Hospitais Privados PANORAMA ANAHP
O INÍCIO
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CONAHP 2020

BRASIL SAÚDE 2030:


UM NOVO OLHAR PARA
O SISTEMA BRASILEIRO
DE SAÚDE
Conahp 2020 levanta discussão sobre como
deve ser a próxima década da saúde no Brasil

“Valor em saúde deve deixar artificial, a mudança de perfil dos


de ser um jargão para ser a pró- profissionais do setor e, até mes-
pria descrição da nossa profis- mo, as alterações climáticas, que
são.” É com essa afirmação que devem influenciar diretamente a
o presidente da Comissão Cientí- vida e a saúde das pessoas.
fica do Conahp 2020 e diretor do "Questões como essas vão pre-
Instituto de Qualidade e Segu- cisar de uma abordagem mais ra-
rança do Hospital Sírio-Libanês, zoável, corajosa e prática”, afirma
José Mauro Vieira, deve estabe- Vieira. Para ele, este movimento
lecer as temáticas dos debates é parte importante do papel que
promovidos no próximo congres- a Anahp e o congresso exercem
so, que leva o tema “Brasil saúde na sociedade: “podemos e deve-
2030: um novo olhar para o sis- mos provocar a discussão ampla e
tema brasileiro de saúde”. Para o nacional sobre qual saúde quere-
presidente, a nova década deve mos para 2030. O Conahp pode
ser marcada por barreiras e dis- ser um ponto de partida para um
cussões mais profundas que dire- fórum que influencie as políticas
cionarão a saúde com respostas públicas e a regulação do sistema
mais céleres e resolutivas. suplementar, com ações de ga-
Nesse contexto, novos desa- nha-ganha, em que o maior bene-
fios devem ganhar protagonismo ficiário é a sociedade.”
e será necessário encontrar cami- Com isso, o presidente dá a dica
nhos que sejam mais rápidos e do que se pode esperar dos eixos
disruptivos e com o cidadão no que pautarão o evento. Um deles
centro do cuidado. Os debates estará focado em pessoas e abor-
devem estar centralizados em te- dará estratégias criativas e exitosas
mas como a transformação digital que não apenas são capazes de
a partir do big data e inteligência engajar pacientes, mas de manter

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O INÍCIO
67

CONAHP 2020
colaboradores saudáveis. Outro às outras]. Dimensões como aces-
tema em destaque estará voltado so e inequidade estão longe de se-
para as soluções tecnológicas com rem resolvidas”, afirma Vieira.
potencial para redesenhar o siste- Na opinião de Salvador, os
ma e a medicina de precisão, que hospitais começarão a ter uma
ainda representa um “custo altíssi- função que vai além das portas
mo para a sociedade”. da instituição. “Entendemos que
Para José Henrique Salvador, devemos ter um papel mais pro-
vice-presidente da Comissão positivo em termos de coordena-
Científica do Conahp 2020 e di- ção de cuidados, se quisermos
retor de Operações do Hospital efetivamente interferir na susten-
Mater Dei, nesta área de tecno- tabilidade do nosso sistema de
logia, são dois os investimentos saúde. Além de curar doenças,
primordiais: na telemedicina/ podemos atuar para promover
telemonitoramento e na análise a saúde. Portanto, conceitos de
de dados. “Se queremos promo- saúde preventiva, de promoção
ver saúde, estar no dia a dia das de hábitos saudáveis, de elabora-
pessoas, monitorando sinais de ção e promoção de linhas de cui-
suas saúdes e propondo melho- dado, são temas que estão cada
res hábitos, torna-se fundamen- vez mais nas nossas pautas, e que
tal. Além disso, essas tecnologias compõe com mais intensidade as
nos ajudarão a atuar mais rapi- estratégias futuras das nossas ins-
damente, sempre que necessá- tituições”, explica.
rio. Muitos dados serão gerados Para o presidente do Conahp,
nesse processo, por isso teremos é imprescindível abrir o diálogo
a necessidade de caminhar para para que todos os atores do sis-
o um investimento em análise de tema se aperfeiçoem, principal-
dados e informação.” mente porque “a promoção da
Entretanto, apesar do Co- saúde com intervenções socio-
nahp 2020 abrir espaço para ambientais e no comportamento
uma nova fase das discussões, aparecem como soluções mais
as conversas sobre a implanta- custo-efetivas”. Neste grupo de-
ção de modelos assistenciais vem estar inclusos a indústria,
baseados em valor devem con- fornecedores, a academia e ou-
tinuar para que este processo tros níveis do cuidado além da
seja concluído com eficiência. atenção primária, como centros
“Ainda estamos aprendendo a de especialidades, reabilitação e
construir soluções para cenários hospices. “O hospital do futuro
específicos, mas certamente será um hub, uma força motriz de
ainda não fizemos uma transição alinhamento dos entes da cadeia
para modelos assistenciais e de para interferirem na vida das pes-
remuneração que sejam mais soas e torná-las mais saudáveis”,
valiosos para a sociedade”, de- complementa Salvador.
clarou Vieira. Para ele, é indis- “Imagino que esta edição
pensável insistir na “pertinência do Conahp tem a oportunida-
de procedimentos de saúde, da de ímpar de, não só fomentar o
entrega de bons desfechos que debate, mas também antecipar
sejam valiosos para os pacientes soluções e consolidar posições
e como evitar o desperdício”. propositivas e de consenso no
“Não acho que resolveremos setor”, finaliza Vieira.
essas questões tão rapidamente. O Conahp 2020 acontece no
O Institute of Medicine (EUA) defi- Transamerica Expo Center nos dias
ne qualidade em seis dimensões e, 17, 18 e 19 de novembro. Acom-
talvez, algumas delas como segu- panhe o site www.conahp.org.br
rança e efetividade sejam as mais e fique por dentro dos detalhes do
fáceis de resolver [se comparadas congresso.

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Associação Nacional de Hospitais Privados PANORAMA ANAHP
O INÍCIO
68
PERFIL

Humanização do
ambiente hospitalar
A qualidade de vida e o bem-estar das pessoas são os principais fatores
para a existência de um hospital com ambiente humanizado
Referência em fornecimento de instituições. Para saber mais sobre pacientes e bem-estar de fami-
serviços que promovem qualidade esta relação e a importância da nu- liares e acompanhantes. Para a
de vida, a Sodexo é conhecida por trição no cuidado com as pessoas, equipe médica, o ideal é um es-
desenvolver ações que visam efici- a revista Panorama conversou com paço tranquilo que proporcione
ência e bem-estar dentro das em- o head de Estratégia e Marketing segurança, proximidade, flexibi-
presas parceiras. Na área da saúde, do segmento de Saúde da Sodexo lidade e conforto.
o objetivo é contribuir para a hu- On-site Brasil, Gabriel Paiva. Essa preocupação envolve
manização do ambiente hospitalar não apenas um local limpo e se-
e, para isso, oferece soluções inte- Em linhas gerais, do que se guro, mas também uma alimen-
gradas para tornar o espaço mais trata a humanização do ambien- tação adequada para todos os
amigável, agradável e funcional, te hospitalar? E quais medidas públicos que convivem em um
tornando a experiência do pacien- um hospital precisa tomar para hospital. Nosso cuidado afeta os
te ainda mais satisfatória. tornar seu ambiente humaniza- pacientes, com soluções de nu-
Entre tantos atores, a alimenta- do tanto para pacientes quanto trição clínica que levam em con-
ção também é parte importante para funcionários? ta as reais necessidades de cada
no processo de humanização das Gabriel Paiva: A humanização um, mas também visitantes e
no ambiente hos- colaboradores, nos espaços com
pitalar consiste opções de cardápios.
em proporcionar
uma atmosfera Como a Sodexo estrutura as
de acolhimento equipes que desenvolvem os
e respeito para o trabalhos de humanização do
paciente, de for- ambiente hospitalar?
ma que a expe- Paiva: Nossos colaboradores
riência seja em são preparados para exercer as
todas as áreas do atividades com excelência, por
hospital, desde meio de treinamentos constan-
a recepção, pas- tes e capacitação. Nosso foco
sando pelo pron- é proporcionar soluções inte-
to atendimento, gradas que contribuam para o
até a internação bem-estar de pacientes, acom-
e os serviços panhantes e maior conforto e
oferecidos. Isso eficiência para o corpo médico
porque, dentro e colaboradores.
do contexto hos-
pitalar, o local Quais são os principais bene-
físico se torna fícios para os hospitais que hu-
um fator deter- manizam seu ambiente?
Head de Estratégia e Marketing do segmento de Saú- minante para a Paiva: O tratamento humani-
de da Sodexo, Gabriel Paiva recuperação de zado, com foco nas reais neces-

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O INÍCIO
PERFIL

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O INÍCIO
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PERFIL

sidades do paciente, é determi-


nante para acelerar o processo "Pacientes que são atendidos de maneira
de cura devido à influência psi-
cológica que existe em uma si- humanizada têm mais confiança na equipe
tuação delicada. Pacientes que
são atendidos de maneira hu- e nos tratamentos, além de responderem
manizada têm mais confiança na
equipe e nos tratamentos, além melhor aos recursos clínicos."
de responderem melhor aos re-
cursos clínicos.
Além disso, quando um pa- ternea, que leva uma experiên- ma ao alimento estimulando o
ciente é bem atendido e alcança cia ainda mais especial com ser- apetite, facilitando a degluti-
satisfação em sua necessidade, viço dedicado e individualizado, ção e aumentando a aceitação
a chance de retorno no futuro é levando pequenos mimos para e ingestão calórica do paciente.
muito maior. No caso de outra celebrar a maternidade, que é Portanto, contribui para a recu-
demanda por atendimento, o tão especial, e oferecendo uma peração e bem-estar, além de
primeiro lugar que ele vai procu- alimentação à la carte, com pra- diminuir o tempo de desmame
rar é a instituição que o atendeu tos saborosos, nutricionalmente de sondas.
bem. Isso gera bons resultados equilibrados e apresentação di-
para o hospital, aumentando a ferenciada. Quais são os principais de-
satisfação do paciente e o volu- Para as crianças também safios e obstáculos para se tra-
me de indicações. desenvolvemos um módulo balhar com nutrição clínica?
especial, com pratos lúdicos Paiva: A compreensão e acei-
De que maneira a alimenta- montados no formato de per- tação do paciente diante das
ção pode contribuir para este sonagens infantis. O Kids foi restrições alimentares estabele-
tipo de ambiente? Qual é a im- pensado para criar uma cone- cidas durante o seu tratamento
portância da prescrição espe- xão com o pequeno paciente é encarada como um dos prin-
cífica de alimentos para cada contribuindo para uma melhor cipais desafios pelas equipes
grupo de pacientes? experiência, qualidade de vida médicas. Neste contexto, atu-
Paiva: A nutrição é um as- e para facilitar a aceitação do amos com alternativas diferen-
pecto fundamental para a re- alimento oferecido. ciadas no mercado, que seguem
cuperação dos pacientes, pois Para pacientes cardiopatas, a prescrição dietética indicada
quando bem nutridos, com temos o Cuore, com opções e mantêm o sabor em cada re-
opções que atendem suas ne- de molhos especiais para pro- feição servida, conforme citado
cessidades e de acordo com o porcionar sabor e aroma, ervas anteriormente.
quadro clínico, as pessoas pas- frescas para minimizar a ausên- Além disso, a partir da efe-
sam a responder melhor ao tra- cia de sal e azeites aromáticos, tivação do sistema SoHeal-
tamento, garantindo uma recu- que enobrecem o sabor das th – uma solução de sistemas
peração mais rápida. Sabendo preparações. É um benefício integrados que oferece mais
dessa importância, a Sodexo também para o profissional de agilidade e eficiência para as
desenvolveu soluções de nutri- saúde, que ficará mais segu- equipes – pudemos evidenciar
ção clínica, que levam em con- ro ao focar em um tratamento uma evolução na assistência
ta essas reais necessidades do clínico podendo contar com hospitalar, de forma que o con-
paciente proporcionando mais um cardápio diversificado, com forto e flexibilização tornam o
qualidade de vida. ingredientes funcionais e com momento ainda mais agradável
baixo teor de gordura. e promovem uma experiência
Quais são as soluções que a O Budines é uma solução de- diferenciada.
Sodexo desenvolve junto aos senvolvida para pacientes com
hospitais neste sentido? disfagia e de geriatria, já que
Paiva: Nossas ofertas con- propicia ao paciente a retoma-
templam cardápios que aten- da do prazer em se alimentar.
dem desde a pediatria até a As receitas são criadas por equi-
oncologia. Temos, por exemplo, pes multidisciplinares de saúde
um módulo para as mães: o Ma- que garantem cor, sabor e aro-

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anahp
associação nacional
de hospitais privados

Instituições Membros
Associados Titulares
A.C. Camargo Cancer Center Hospital Nossa Senhora das Graças
AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente Hospital Nossa Senhora das Neves
BP Mirante Hospital Oeste D'Or
Casa de Saúde São José Hospital Pequeno Príncipe
Clínica São Vicente Hospital Pilar
Complexo Hospitalar de Niterói Hospital Pompéia
Hospital 9 de Julho Hospital Porto Dias
Hospital Adventista de Belém Hospital Português
Hospital Albert Sabin (MG) Hospital Primavera
Hospital Alemão Oswaldo Cruz Hospital Pró-Cardíaco
Hospital Aliança Hospital Quinta D'Or
Hospital Anchieta Hospital Rios D'Or
Hospital Assunção Hospital Samaritano
Hospital Barra D'Or Hospital Santa Catarina
Hospital BP Hospital Santa Catarina Blumenau
Hospital Brasília Hospital Santa Clara (MG)
Hospital Cárdio Pulmonar Hospital Santa Cruz (PR)
Hospital Cardiológico Costantini Hospital Santa Izabel
Hospital Copa D'Or Hospital Santa Joana Recife
Hospital Daher Lago Sul Hospital Santa Lúcia
Hospital das Nações Hospital Santa Luzia
Hospital do Coração - HCor Hospital Santa Marta
Hospital do Coração do Brasil Hospital Santa Paula
Hospital Dona Helena Hospital Santa Rosa
Hospital e Maternidade Brasil Hospital São Camilo Pompeia
Hospital e Maternidade Santa Joana Hospital São Lucas (SE)
Hospital e Maternidade São Luiz - Unidade Anália Franco Hospital São Lucas (SP)
Hospital e Maternidade São Luiz - Unidade Itaim Hospital São Lucas Copacabana
Hospital Edmundo Vasconcelos Hospital São Lucas da PUCRS
Hospital Esperança Hospital São Luiz - Unidade Morumbi
Hospital Esperança Olinda Hospital São Marcos
Hospital Evangélico de Londrina Hospital São Mateus
Hospital Icaraí Hospital São Rafael
Hospital Infantil Sabará Hospital São Vicente de Paulo (RJ)
Hospital Israelita Albert Einstein Hospital Saúde da Mulher
Hospital Leforte Liberdade Hospital Sepaco
Hospital Madre Teresa Hospital Sírio-Libanês
Hospital Mãe de Deus Hospital Vera Cruz
Hospital Marcelino Champagnat Hospital Vita Batel
Hospital Márcio Cunha Hospital Vita Curitiba
Hospital Mater Dei Hospital ViValle
Hospital Mater Dei Contorno Laranjeiras Clínica Perinatal
Hospital Memorial São José Pro Matre Paulista
Hospital Meridional Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco
Hospital Metropolitano Santa Casa de Misericórdia de Maceió
Hospital Ministro Costa Cavalcanti Santa Genoveva Complexo Hospitalar
Hospital Moinhos de Vento UDI Hospital
Hospital Monte Sinai Vitória Apart Hospital
Hospital Nipo-Brasileiro
Associados
Hospital Albert Sabin (SP) Hospital Santa Cruz (SP)
Hospital Baia Sul Hospital Santa Isabel (SP)
Hospital de Caridade de Ijuí Hospital Santa Lucia (RS)
Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo Hospital Santa Virgínia
Hospital do Coração Anis Rassi Hospital Santo Amaro
Hospital Ernesto Dornelles Hospital São Vicente
Hospital Especializado de Ribeirão Preto Hospital São Vicente de Paulo (RS)
Hospital IPO Hospital Tacchini
Hospital Memorial São Francisco IBR Hospital
Hospital Novo Atibaia Oncobio
Hospital Policlínica Cascavel Santa Casa de Maringá
Hospital Ribeirânia Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Afiliados
Pronep Lar SOS Vida

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