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PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL: A LEGITIMIDADE DO

PROJETO PROFISSIONAL CRÍTICO

Fernanda Soares César


UFCG, nfernandasoares@gmail.com
Raênia Thaís Virginio de Sousa
UFCG, raenia.t@gmail.com
Flávia Lina de Sá Mendes
FAFIC, flavialina1@hotmail.com

RESUMO: O presente resumo trata sobre a legitimidade do Projeto Ético-Político do Serviço


Social evidenciando o processo pelo qual deu início à renovação da profissão a partir dos anos
60. Para tanto, discutimos esse processo nos debruçando sobre as três vertentes que o compõe,
dando ênfase a sua terceira vertente, a Intenção de Ruptura. O desvelamento do tema recorreu
a alguns procedimentos metodológicos como a realização de um amplo levantamento
bibliográfico no intuito de levantar dados que indicassem subsídios para a sua compreensão.
Ademais, contamos com a incorporação do método crítico e dialético de Marx por fornecer o
aporte crítico necessário às reflexões e possibilitar o desvendamento da realidade e seus
determinantes sócio-históricos. No contexto dos anos 1960, diante da expansão do
capitalismo mundial e, com isso, as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais dando
novos contornos à questão social, o Serviço Social adentra em um processo, também, de
mudanças, onde será questionado o Serviço Social Tradicional1, impondo a necessidade da
construção de um novo projeto profissional, dessa vez, comprometido com as demandas da
classe trabalhadora, enquanto parte subalternizada da sociedade (YAZBEK, 2009). Em
conformidade com a realidade de cada país, esse processo de renovação do Serviço Social
encontrará diversas vertentes: à nível de América Latina denomina-se Movimento de
Reconceituação. No caso do Brasil, esse movimento se dará em tempos de ditadura militar, o
que implicará particularidades. Em face às peculiaridades desse processo entre nós, Netto
(2011), numa tentativa pedagógica de melhor elucidá-lo, divide-o em três direções, quais
sejam: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção de ruptura. O
primeiro momento constituinte desse processo, “perspectiva modernizadora”, datada da

1
O Serviço Social Tradicional refere-se às formas pelas quais o fazer profissional se desenvolveu no início da
profissão no Brasil na década de 1930 pautada nas ações de caridade e benemerência baseadas nos princípios da
Igreja Católica.
segunda metade dos anos de 1960, com seu caráter conservador e sustentado pela teoria social
positivista se coloca frente ao Serviço Social brasileiro na perspectiva de avançar com seus
referenciais técnicos. Essa teoria conforma para a profissão uma apreensão manipuladora do
ser social, voltada para a conservação da ordem estabelecida. O segundo momento do
processo de renovação se deu por meio da incorporação da fenomenologia como matriz
teórica, priorizando a concepção de pessoa, diálogo e transformação social dos sujeitos e não
da estrutura social em vigência. Essa vertente é denominada por Netto de “reatualização do
conservadorismo” e beneficiada de “todo um acúmulo ainda vigente de expectativas,
historicamente respaldadas no desempenho tradicional dos assistentes sociais, referentes ao
exercício do Serviço Social fundado no circuito da ajuda psicossocial” (2011, p. 158, grifos
do autor). Para Silva (2013), nessas duas tendências, haverá um ponto em comum que
denomina como fundamental: “não teceram quaisquer críticas de ordem estrutural ou de
qualquer espécie, direta ou indiretamente, à ordem monopólica e sua face totalitária no
Brasil. Ao contrário: afirmaram-na por caminhos diferentes” (idem, p. 91-92, grifos do
autor). Sobretudo, nessas duas tendências o conservadorismo profissional se fará presente no
processo de renovação, ainda que diferentes em relação aos caminhos adotados por ambas.
Em contraposição, a última vertente do processo de renovação do Serviço Social denominada
“intenção de ruptura” (NETTO, 2011) significou a intenção de romper com o tradicionalismo
da profissão. Emergindo em meados dos anos de 1970, ela iniciou-se no interior do quadro
universitário brasileiro, se restringindo a este âmbito até os anos de 1980, quando, finalmente,
atravessa esse espaço e avança pela categoria profissional. A intenção de ruptura surge através
do conhecido “Método Belo Horizonte” formulado na Escola de Serviço Social da
Universidade Católica de Minas Gerais, tido como marco contributivo para a história de
ruptura com o conservadorismo da profissão. Dentre as diferentes vertentes, a Intenção de
Ruptura propôs-se a construir uma nova programática para o Serviço Social, radicalmente
distinta dos seus preceitos tradicionais. Com o advento da crise da ditadura e o florescer da
redemocratização da sociedade brasileira, essa mesma vertente vem promovendo para a
profissão uma nova base de legitimação, para além do Estado e do patronato, pautada no
compromisso com a classe trabalhadora. Orientada pela teoria social de Marx, essa ultima
vertente possibilitou subsídios para o avanço no direcionamento das dimensões teórico-
metodológica e técnico-operativa da profissão, imprimindo, segundo Yazbek (2009), um
quadro de maturação profissional de ruptura com o seu lastro conservador, embora isso não
indique que o conservadorismo tenha sido superado no interior da categoria, pois permanece
presente, mesmo que se atualizando. O protagonismo dessa mesma vertente proporcionou ao
Serviço Social dos anos de 1990 o aprimoramento de conquistas dos anos anteriores em
diversos campos da profissão: da ética, da formação e da fiscalização do exercício
profissional. Além disso, conforme Santos (2007, p. 55), esse foi o momento de “descoberta
mesma do conservadorismo, apontando para a possibilidade de construir a profissão sob uma
outra base de legitimidade, conferida pelos usuários dos serviços”. Assim, o marxismo
fundamentou a construção do Projeto Ético-Político Profissional do Serviço Social (PEPSS),
representando algo inovador e crítico para a profissão e se materializando através do Código
de Ética do Assistente Social de 1993, da Lei de Regulamentação da Profissão (8.662),
também de 1993, e das Diretrizes Curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa
em Serviço Social (ABEPSS) norteadoras da formação acadêmica do/a assistente social,
datadas do ano de 1996. Com os redimensionamentos do novo projeto, o Serviço Social atual
teve um “alargamento da sua prática profissional” que, segundo Netto (1999), fez emergir
novas áreas de intervenção, novos campos de atuação, bem como o surgimento de novas
demandas profissionais. Em poucas palavras, traçou-se um novo perfil profissional legitimado
pela crescente produção de conhecimentos e pelo reconhecimento do seu exercício por parte
dos/as seus/suas usuários/as. É inconteste que nos últimos anos o Serviço Social vem
processando uma nova base de reconhecimento da profissão, aquela vinculada a defesa dos
direitos sociais da classe trabalhadora e defendida explicitamente no seu projeto profissional a
partir dos anos 1990. O histórico reconhecimento da profissão como uma forma de ajuda,
através de mulheres bondosas aptas a exercer a sua caridade perante os problemas da
sociedade, não mais existe no novo perfil da profissão presente no projeto profissional.
Porém, entre muitos, incluindo os seus próprios usuários e profissionais de outras áreas, ainda
permanece essa forte tensão entre o profissional que ajuda e o que defende direitos, cujos
impactos refletem intensamente na efetivação da intervenção desse/a profissional frente às
suas demandas. Diante do exposto, observamos que, apesar da vertente Intenção de Ruptura
ter proposto a construção de uma nova programática para o Serviço Social, buscando
distanciá-lo dos seus preceitos tradicionais, promovendo uma nova base de legitimação, para
além do Estado e do patronato, e pautando-o no compromisso com a classe trabalhadora;
alguns processos (que não conseguimos aqui abordar neste momento) a sucederam - como o
neoconservadorismo - que repercutiram e repercutem no interior da profissão como um
reforço ao clássico conservadorismo. Com efeito, o neoconservadorismo é uma tendência
contemporânea que rebate na legitimidade do Serviço Social como uma forma de resistência à
vertente teórica de Marx enquanto orientadora da direção social construída pela profissão e
defendida pelo Projeto Ético-Político do Serviço Social desde os anos de 1990, cujos reflexos
impõem limites e desafios à sua materialização no cotidiano da prática profissional. Isso
convoca aos/as assistentes sociais, no exercício de suas atividades, a afirmarem rigorosamente
o seu projeto profissional, sobretudo, no que diz respeito à defesa dos interesses dos/as
trabalhadores/as em geral, a construção de uma nova ordem social e a superação da
sociabilidade capitalista.

PALAVRAS CHAVES: Projeto Ético-Político. Serviço Social. Intenção de Ruptura.

REFERÊNCIAS

NETTO, José Paulo. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no Brasil pós-
64. São Paulo: Cortez, 2011.

________. A construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. In: Capacitação em


Serviço Social e Política Social. Módulo 1. Brasília: CFESS/ABEPSS/ CEAD/UnB, 1999.

SANTOS, Josiane Soares. Neoconservadorismo pós-moderno e Serviço Social brasileiro.


São Paulo: Cortez, 2007.

SILVA, José Fernando Siqueira da. Serviço Social: Resistência e emancipação? São Paulo:
Cortez, 2013.

YAZBEK, Maria Carmelita. Fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço


Social brasileiro na contemporaneidade. In: Serviço Social: Direitos Sociais e
Competências Profissionais. Brasília: CFESS, 2009.

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