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Fórmula de Taylor
O estudo sobre diferenciais foi suficiente para mostrar que em aproximações desse
tipo bons resultados são encontrados quando são utilizados valores pequenos para |∆𝑥|.
No entanto, àquela oportunidade não tínhamos um instrumento para medir qual a
diferença entre o valor exato e a aproximação obtida. O objetivo principal deste capítulo
é mostrar que, tendo-se uma função diferenciável numa vizinhança de um ponto,
podemos construir polinômios que se aproximam dessa função e, além disso, determinar
qual o erro que se comete nessas aproximações.
13.1 Aproximações
Quando queremos encontrar uma reta que mais se aproxima do gráfico de 𝑦 =
𝑓(𝑥), numa vizinhança de 𝑥0 , pensamos logo na reta tangente à função dada no ponto 𝑥0 .
A reta tangente constitui-se na melhor aproximação linear da função 𝑦 = 𝑓(𝑥) e sua
equação é:
A igualdade dada pelo primeiro fato significa que quando 𝑥 aproxima-se de 𝑥0 , 𝑔(𝑥)
e 𝑓(𝑥) ficam próximas. A segunda igualdade significa que 𝑔(𝑥) aproxima-se de 𝑓(𝑥) mais
rapidamente do que 𝑥 de 𝑥0 . Ou seja, quando 𝑥 → 𝑥0 , |𝑔(𝑥) − 𝑓(𝑥)| é menor do que
|𝑥 − 𝑥0 |. Na linguagem de infinitésimos, diz-se que |𝑔(𝑥) − 𝑓(𝑥)| é um infinitésimo de
ordem superior a |𝑥 − 𝑥0 |.
A função dada 𝑦 = 𝑓(𝑥) pode ser aproximada por funções não lineares. Uma função
polinomial do segundo grau, por exemplo, pode ser encontrada de forma a constituir-se
numa aproximação de 𝑦 = 𝑓(𝑥) com resultados, muitas vezes, melhores do que aqueles
obtidos pela função linear. Evidentemente, algumas exigências são necessárias para se
obter uma função quadrática da forma desejada.
2𝑎(𝑥0 − 𝑥0 ) + 𝑏 = 𝑓′(𝑥0 )
𝑓′′(𝑥0 )
𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + 𝑓′(𝑥0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + (𝑥 − 𝑥0 )2
2
Esta parábola é uma aproximação de 𝑦 = 𝑓(𝑥), quando 𝑥 → 𝑥0 , pois,
𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)
lim =0
𝑥→𝑥0 𝑥 − 𝑥0
pois,
𝑓′′(𝑥0 )
𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥0 ) − 𝑓 ′(𝑥0 )(𝑥−𝑥0 ) − (𝑥 − 𝑥0 )2
lim [ 2 ]=
𝑥→𝑥0 𝑥 − 𝑥0
′ (𝑥
𝑓 ′′ (𝑥0 ) 𝑓′′′(𝑥0 )
𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + 𝑓 − 𝑥0 ) + (𝑥 − 𝑥0 )2 + (𝑥 − 𝑥0 )3
2 6
com
𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)
lim = 0.
𝑥→𝑥0 𝑥 − 𝑥0
Fórmula de Taylor Cálculo Diferencial e Integral
Exercício 13.1
1) Faça os cálculos para verificar que o polinômio de 3º grau que satisfaz as seguintes
propriedades: 𝑔(𝑥0 ) = 𝑓(𝑥0 ), 𝑔′(𝑥0 ) = 𝑓′(𝑥0 ), 𝑔′′(𝑥0 ) = 𝑓′′(𝑥0 ) e 𝑔′′′(𝑥0 ) = 𝑓′′′(𝑥0 ) é
realmente aquele apresentado anteriormente. Encontre, também, o polinômio do 4º grau,
sob condições semelhantes às anteriores.
′
𝑓 ′′ (𝑥0 ) 2
𝑓 (𝑛) (𝑥0 )
𝑔(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + 𝑓 (𝑥0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + (𝑥 − 𝑥0 ) + ⋯ + (𝑥 − 𝑥0 )𝑛
2! 𝑛!
O teorema seguinte além de formalizar este fato, exibirá qual o erro que se comete
nessa aproximação.
onde
𝑥
𝑓 (𝑛+1) (𝑡)(𝑥 − 𝑡)𝑛
𝑅𝑛+1 = ∫ 𝑑𝑡.
𝑥0 𝑛!
Demonstração:
e, daí
𝑥
𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑥0 ) + ∫ 𝑓 ′ (𝑡) 𝑑𝑡 (1)
𝑥0
ou
𝑥 𝑥
∫ 𝑓 ′ (𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑓 ′ (𝑥0 )(𝑥 − 𝑥0 ) + ∫ 𝑓 ′′ (𝑡)(𝑥 − 𝑡) 𝑑𝑡 (2)
𝑥0 𝑥0
onde
(𝑥 − 𝑡)𝑛−1 (𝑥 − 𝑡)𝑛
𝑢 = 𝑓 (𝑛) (𝑡) e 𝑑𝑣 = 𝑑𝑡, tem-se 𝑑𝑢 = 𝑓 (𝑛+1) (𝑡)𝑑𝑡 e 𝑣=− ,
(𝑛 − 1)! 𝑛!
ou
Exemplo 13.2
𝑓 ′ (𝑥) = 𝑐𝑜𝑠𝑥, 𝑓 ′′ (𝑥) = −𝑠𝑒𝑛𝑥, 𝑓 ′′′ (𝑥) = −𝑐𝑜𝑠𝑥, 𝑓 (4) (𝑥) = 𝑠𝑒𝑛𝑥, 𝑓 (5) (𝑥) = 𝑐𝑜𝑠𝑥
𝑥3 𝑥5 𝑥7
𝑠𝑒𝑛𝑥 = 𝑥 − + − + ⋯ + 𝑅𝑛+1
3! 5! 7!
com
𝑥
𝑓 (𝑛+1) (𝑡)(𝑥 − 𝑡)𝑛
𝑅𝑛+1 = ∫ 𝑑𝑡
0 𝑛!
onde
Seja 𝑦 = 𝑓(𝑥) uma função com derivadas contínuas até a ordem (𝑛 + 1) em [𝑥0 , 𝑥].
O resto da Fórmula de Taylor, neste caso denominado Resto de Lagrange, pode ser escrito
da seguinte forma:
Demonstração:
Como 𝑓 (𝑛+1) (𝑡) é contínua em [𝑥0 , 𝑥], existem c e d, neste intervalo, onde essa
função assume máximo e mínimo absolutos. Consideremos 𝑀 = 𝑓 (𝑛+1) (𝑑) e 𝑚 =
𝑓 (𝑛+1) (𝑐), respectivamente, os valores máximo e mínimo absolutos de 𝑓 (𝑛+1) (𝑡) no
intervalo [𝑥0 , 𝑥]. Assim,
e, portanto,
2 Joseph-Louis Lagrange (1736 – 1813) foi um matemático italiano, nascido em Turim. Segundo Howard Eves in
Introdução à História da Matemática, p.483, Lagrange e Leonhard Euler (1707 – 1783), são considerados “ os dois
maiores matemáticos do século XVIII”.
Fórmula de Taylor Cálculo Diferencial e Integral
Daí,
A função
ou seja,
Vejamos agora alguns exemplos de como o resto, colocado nessa forma, permite-
nos aplicações interessantes no cálculo da medida do erro cometido nas aproximações de
valores de funções e até de integrais definidas.
Cálculo Diferencial e Integral Fórmula de Taylor
Exemplo 13.3
𝑥3 𝑥5 𝑥7
𝑠𝑒𝑛𝑥 = 𝑥 − + − + ⋯ + 𝑅𝑛+1
3! 5! 7!
Pelo Teorema do Resto, podemos escrever:
Vamos usar esta limitação para calcular o valor de 𝑠𝑒𝑛(0,1), com erro inferior a
−8
10 . Neste caso, devemos ter então
10−6 1
|𝑅6 | ≤ = ∙ 10−8 < 10−8 .
720 7,2
Exemplo 13.4
𝑥
𝑥2 𝑥3 𝑥𝑛
𝑒 = 1 + 𝑥 + + + ⋯+ + 𝑅𝑛+1
2! 3! 𝑛!
e
𝑒 𝑎 |𝑥|𝑛+1
|𝑅𝑛+1 | = , 𝑎 ∈ [0. 𝑥].
(𝑛 + 1)!
Assim, para 0 ≤ 𝑎 ≤ 1⁄2 teremos que 𝑒 𝑎 ≥ 1 (por quê?) e, ainda, 𝑒 1⁄2 < 𝑒 < 3
(veja Cap. 10, Seção 4). Daí, teremos:
Fórmula de Taylor Cálculo Diferencial e Integral
1 𝑛+1
3 |2|
|𝑅𝑛+1 | ≤ < 10−4 .
(𝑛 + 1)!
1 1 1 1 1 6331
√𝑒 = 1 + + + + + = ≈ 1,6487.
2 8 48 384 3840 3840
Exemplo 13.5
𝑙𝑛(1 + 𝑥)
𝑓(𝑥) = ∙
𝑥
1
𝑔′ (𝑥) = 𝑔′ (0) = 1
1+𝑥
1
𝑔′′ (𝑥) = − 𝑔′′ (0) = −1
(1 + 𝑥)2
2
𝑔′′′ (𝑥) = 𝑔′′′ (0) = 2
(1 + 𝑥)3
6
𝑔(4) (𝑥) = − 𝑔(4) (0) = −6
(1 + 𝑥)4
⋮ ⋮
Cálculo Diferencial e Integral Fórmula de Taylor
(𝑛 − 1)!
𝑔(𝑛) (𝑥) = (−1)𝑛−1 ∙ 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 ≥ 1.
(1 + 𝑥)𝑛
Logo,
𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥𝑛
𝑙𝑛(1 + 𝑥) = 𝑥 − + − + ⋯ + (−1)𝑛−1 + 𝑅𝑛+1 (1)
2 3 4 𝑛
onde
1 𝑥 𝑛+1
𝑅𝑛+1 = (−1)𝑛 ∙ , 𝑐𝑜𝑚 0 ≤ 𝑎 ≤ 𝑥.
(1 + 𝑎)𝑛+1 𝑛 + 1
|𝑥|𝑛+1 |𝑥|𝑛+1
|𝑅𝑛+1 | = ≤ ∙
(𝑛 + 1)(1 + 𝑎)𝑛+1 𝑛
Para obter-se a função integranda dada, basta dividirmos (1) por 𝑥, como fazemos
a seguir:
𝑙𝑛(1 + 𝑥) 𝑥 𝑥2 𝑥3 𝑅𝑛+1
=1− + − +⋯+
𝑥 2 3 4 𝑥
Como queremos que o erro seja inferior a 10−3, teremos de exigir que, para algum
n, tenhamos
0,2
𝑅𝑛+1
|∫ 𝑑𝑥| < 10−3 .
0,1 𝑥
Como
0,2 0,2 0,2 |𝑥|𝑛+1
𝑅𝑛+1 𝑅𝑛+1
|∫ 𝑑𝑥| ≤ ∫ | | 𝑑𝑥 ≤ ∫ 𝑑𝑥
0,1 𝑥 0,1 𝑥 0,1 𝑛|𝑥|
e
0,2 |𝑥|𝑛+1 0,2
𝑥𝑛 𝑥 𝑛+1 0,2 (0,2)𝑛+1 − (0,1)𝑛+1
∫ 𝑑𝑥 = ∫ 𝑑𝑥 = | = (2)
0,1 𝑛|𝑥| 0,1 𝑛 (𝑛 + 1)𝑛 0,1 𝑛2 + 𝑛
Fórmula de Taylor Cálculo Diferencial e Integral
(0,2)𝑛+1 − (0,1)𝑛+1
𝑇(𝑛) =
𝑛2 + 𝑛
daí
Assim,
0,2
𝑅3+1
|∫ 𝑑𝑥| ≤ 10−3
0,1 𝑥
e, portanto,
0,2 0,2
𝑙𝑛(1 + 𝑥) 𝑥 𝑥2
∫ 𝑑𝑥 ≈ ∫ (1 − + ) 𝑑𝑥 = 0,09328.
0,1 𝑥 0,1 2 3
Exemplo 13.6
𝑓(𝑥) 𝑓 ′ (𝑥)
lim = lim ′ ∙
𝑥→0 𝑔(𝑥) 𝑥→0 𝑔 (𝑥)
𝑓 ′′ (𝑐)𝑥 2
𝑓(𝑥) = 𝑓(0) + 𝑓 ′ (0)𝑥 + , 𝑐𝑜𝑚 𝑐 ∈ ]0, 𝑥[
2
e
3 L’Hospital, G.F.A. (1661 – 1704), matemático francês, personagem de um feito bastante interessante, relatado por Eves,
H., in Introdução à História da Matemática, p.444, que afirma: “O primeiro texto de cálculo foi publicado em 1696; seu
autor, o marquês de L’Hospital, por um acordo singular, publicou as lições que recebeu do seu professor particular,
Johann Bernoulli. Nesse livro encontra-se a chamada regra de L’Hospital...”
Cálculo Diferencial e Integral Fórmula de Taylor
𝑔′′ (𝑑)𝑥 2
𝑔(𝑥) = 𝑔(0) + 𝑔′ (0)𝑥 + , 𝑐𝑜𝑚 𝑑 ∈ ]0, 𝑥[ ∙
2
Como f e g são contínuas temos que:
Logo,
𝑓 ′′ (𝑐)𝑥 2 𝑓 ′′ (𝑐)𝑥
𝑓(𝑥) 𝑓 ′ (0)𝑥 + 𝑓 ′ (0)
+ 𝑓 ′ (0)
lim = lim [ 2 ] = lim [ 2 ]= ′ ∙
𝑥→0 𝑔(𝑥) 𝑥→0 𝑔′′ (𝑑)𝑥 2 𝑥→0 ′ 𝑔′′ (𝑑)𝑥 𝑔 (0)
𝑔 ′ (0)𝑥 + 𝑔 (0) +
2 2
Como
3
3
2) Mostre que: (1 + 𝑥)2 ≈ 1 + 𝑥
2
3) Mostre que:
𝑥2 𝑥4 1 1 1
𝑐𝑜𝑠𝑥 = 1 − + + 𝑅(𝑥), − ≤ 𝑥 ≤ , 𝑜𝑛𝑑𝑒 |𝑅(𝑥)| ≤
2 4! 2 2 46080
4) Calcule as integrais a seguir, com erro inferior a 10−3:
1 0,2 0,5
2 𝑠𝑒𝑛𝑥 𝑐𝑜𝑠𝑥 − 1
a) ∫ 𝑒 −𝑥 𝑑𝑥 b) ∫ 𝑑𝑥 c) ∫ 𝑑𝑥
0 0.1 𝑥 0 𝑥
𝑠𝑒𝑛𝑥 𝑐𝑜𝑠𝑥 − 1
a) lim b) lim
𝑥→0 𝑥 𝑥→0 𝑠𝑒𝑛𝑥
𝑠𝑒𝑛𝑥 − 𝑥 ln(1 + 𝑥)
c) lim d) lim
𝑥→0 𝑡𝑔𝑥 − 𝑥 𝑥→0 1 − 𝑒 𝑥