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Conceito:
“O ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas
internacionais.”
• ACORDO Entende-se por acordo, os atos bilaterais ou multilaterais com reduzido número
de participantes e importância relativa, de natureza política, econômica, comercial, cultural,
científica e técnica.
• PROTOCOLO É um termo que tem sido usado nas mais diversas acepções, tanto para
acordos bilaterais, quanto para multilaterais. Aparece designando acordos menos formais
que os tratados, ou acordos complementares ou interpretativos de tratados ou convenções
anteriores. É utilizado ainda para designar a ata final de uma conferência internacional. Tem
sido usado, na prática diplomática brasileira, preferivelmente sob a forma de "protocolo de
intenções".
• PROTOCOLO DE INTENÇÕES É um ato de menor hierarquia que não encerra um
acordo de vontades, mas apenas um início de compromisso.
- Condições Intrínsecas:
Habilitação dos Agentes Signatários - É feita pelos “plenos poderes”: que dão aos negociadores “
poderes de negociar e concluir tratados”.
São os plenipotenciários. Surgiu pela impossibilidade dos Chefes de Estado estarem em todos os
tratados. Outra razão: a assinatura do Chefe de Estado dispensa a ratificação. Tal documento é
dispensado aos Chefes de Estado e de Governo, Ministro das Relações Exteriores, Chefes de
Missões Diplomáticas junto ao Estado em que estão acreditados.
Nos T. bilaterais: Trocados pelos negociadores.
Nos T. multilaterais: A verificação por uma Comissão ou pelo Secretariado e ali são depositados
nos arquivos da reunião.
Objeto Lícito e Possível
É nulo o tratados que viola uma norma imperativa do D.I. ex. Carta da O.N.U. ou o jus cogens.
Efeitos: normalmente, limitam-se às partes contratantes. “Um Tratado não cria nem obrigação nem
direito para um terceiro Estado sem o seu consentimento.” (Art. 34 da C.V) Não tem efeito
retroativo.
Redação (ou composição)
Duas partes- Preâmbulo e Parte Dispositiva.
Preâmbulo: Enunciado das finalidades do Tratado e a enumeração das partes.
Parte Dispositiva: É redigida sob a forma de artigos, sendo nela que estão fixados os direitos e
deveres das partes contratantes. Lugar, data e assinatura.
O idioma é escolhido livremente pelas partes e é escrito.
Fases:
- Tratado em sentido estrito (conclusão mediata) : negociação, assinatura, ratificação, promulgação,
registro e publicação. Há uma unidade de instrumentos jurídicos. São aqueles submetidos à
ratificação, após terem sido aprovados pelo Poder Legislativo.
- O poder para firmar a ratificação é fixado livremente pelo Direito Constitucional de cada Estado.
É a confirmação do tratado pelo Chefe de Estado.
- A ratificação é um ato discricionário do Chefe de Estado, não tem efeito retroativo, não tem prazo
para ser efetuada e deve ser sempre expressa.
Em geral, ocorre por Carta de Ratificação. Pode haver recusa de ratificar.
Tratados bilaterais, há troca de ratificação.
Multilaterais: depósito.
Publicação e Registro: Todo Tratado internacional deverá, logo que possível, ser registrado no
Secretariado e por ele publicado (Art. 102 Carta da ONU).
Nenhuma parte num Tratado não registrado poderá invocá-lo perante qualquer órgão da ONU.
Reservas: Através da reserva possibilita-se uma maior participação dos Estados nos atos
multilaterais, pois se permite a uma Parte deixar de consentir relativamente a uma ou algumas de
suas disposições. Deve, entretanto, a reserva ser compatível com a finalidade e o objeto do ato.
Ultimamente, os atos multilaterais vem regulamentando a possibilidade ou não da reserva, bem
como o seu alcance. Fenômeno recente, são reservas meramente interpretativas, cujo objetivo é,
simplesmente, estabelecer um entendimento. A reserva pode ser formulada no momento da
assinatura, da ratificação ou da adesão.
- ENTRADA EM VIGOR
- DURAÇÃO
A vigência pode ser:
• ilimitada: o tratado exige um ato de denúncia;
• por prazo fixo: o tratado extingue-se por decurso de prazo, podendo ser, normalmente, renovável
por acordo das partes;
• por prazo determinado, com prorrogação automática por iguais períodos. Nesse caso, possibilita-
se a denúncia às partes que não desejem a sua renovação.
- PRAZOS
Os prazos variam de caso a caso. Nos tratados de duração determinada, com prorrogação
automática, eles são, geralmente, de três a cinco anos.
- EMENDAS
É recomendável que o ato estabeleça, entre as cláusulas processualísticas, dispositivo
prevendo alterações através de emendas. Sugere-se a entrada em vigor das mesmas por troca de
notificações, o que permite atender aos requisitos da aprovação congressual.
É importante notar que, à semelhança do que sucede com o ato original, deve ser igualmente
estabelecido o mecanismo de entrada em vigor da emenda, que deve obedecer aos mesmos
requisitos legais do ato original. É preferível usar a entrada em vigor da emenda por troca de
notificações, que permite atender a quaisquer requisitos de aprovação interna.
OBS - A denúncia é efetuada, normalmente, por nota diplomática passada pela Parte denunciante.
É conveniente a fixação de prazo para a efetivação da mesma - em geral de três a seis meses,
podendo chegar no máximo a um ano -, bem como de previsão de que os projetos em curso não
serão afetados.
Sujeito do DIP é toda a entidade jurídica que goza de direitos e deveres internacionais e que
possua capacidade de exercê-los.
Sujeitos:
1) o Estado;
2) a Santa Sé
3) os organismos internacionais;
4) Soberana Ordem de Malta;
5) os Insurretos;
6) Cruz Vermelha Internacional;
7) as empresas multinacionais de caráter público;
8) o indivíduo.
* Todo e qualquer Estado é um sujeito (uma pessoa) de DIP.
1- O estado como sujeito do direito internacional público - Antigamente o DIP só considerava
os Estados. Após sobreveio o entendimento de que o Vaticano, ainda que um Estado anômalo.
Após estendeu-se às personalidades das Nações Unidas e de algumas Organismos Internacionais.
- classificação: O D.I. se interessa por sua personalidade internacional, ou seja, sua capacidade de
exercer os direitos e as obrigações por ele enunciados.
- estado simples: Plenamente soberanos em relação aos negócios externos e sem divisões de
autonomias no tocante aos internos. Representam um todo homogêneo e indivisível. Trata-se da
forma mais comum de Estado, sendo o tipo existente na maioria dos Estados latino-americanos.
Ex. Portugal, França, Uruguai, Chile e Peru , Japão e Turquia
- estado federal ou federação de estados: É a união permanente de dois ou mais Estados no qual
cada um deles conserva apenas a sua autonomia interna, sendo a soberania externa exercida por um
organismo central, isto é, o Governo Federal plenamente soberano nas suas atribuições, entre as
quais se salientam a de representar os Estados nas relações internacionais e de assegurar a defesa
externa.
Ex: Eua, Suíça, México, Brasil
- micro-estados ou estados exíguos: Não se nega, em princípio, que sejam soberanos; dispõem de
um Território, ainda que exíguos (ex - Liechtenstein, São Marinho, Mônaco); possuem uma
população; suas instituições políticas são estáveis e seus regimes corretamente estruturados, ainda
que, vez por outra, originais. O Estado exerce, sem concorrência, sua Jurisdição Territorial e faz
uso de todas as competências possíveis na órbita do Direito público. Entretanto, em razão de sua
exigüidade e hipossuficiência, partes expressivas de sua competência são confiadas a outrem,
normalmente a um Estado vizinho (ex. Mônaco à França).
As demais soberanias vêem com reticências a personalidade internacional dos Micro-Estados pelas
naturais conseqüências negativas do vínculo a que são forçados a manter com certos Estados de
maior vulto. Exemplos: Os Micro-Estados admitidos em certos foros internacionais: significa peso
à voz e voto daquele país que divide com cada um deles um acervo de competências. Por longo
tempo, houve a restrição de sua aceitação nas Organizações de caráter político.
- reconhecimento de estado
Reunidos os elementos que constituem um Estado, o governo da nova entidade buscará o seu
reconhecimento pelos demais membros da comunidade internacional.
O Reconhecimento é uma decisão do governo de um Estado existente de aceitar outra entidade
como Estado. Já foi um ato político-jurídico mais importante.
O reconhecimento de Governo não importa no reconhecimento de sua legitimidade, mas significa
apenas que este possui, de fato, o poder de dirigir o Estado e o de o representar internacionalmente.
O reconhecimento do Estado comporta automaticamente o do governo que está no poder. Se a
forma do governo muda, isto não altera o reconhecimento do Estado. Só o novo governo terá
necessidade de novo reconhecimento.
- RECONHECIMENTO DA INSURREIÇÃO
A Insurreição, com fins puramente políticos, deixando de ter caráter de motim e passa a guerra civil
(sem contudo se poder reconhecer o caráter jurídico deste), considera-se que existe uma situação de
fato que, não podendo ser qualificada de beligerância, não deve ser qualificada como situação de
pura violência ou banditismo. A este estado de fato dá-se o nome de insurgência. Efeitos: a) não
podem ser tratados como piratas ou bandidos pelos governos que os reconheçam; b) se
reconhecidos pela pátriamãe ou pelo governo legal, deverão ser tratados como prisioneiros de
guerra.Os atos dos insurretos não comprometem a Pátria-mãe ou o governo legal.
Atos de autoridade (jure imperii): pessoa pública ou no exercício do direito de soberania. Isento da
competência de qualquer tribunal.
Atos de simples gestão (jure gestionis): Executa como pessoa privada
a) o dever da não-intervenção
Intervenção é a ingerência de um Estado nos negócios peculiares, internos ou externos, de outro
Estado soberano com o fim de impor a este a sua vontade.
Características da intervenção:
a)A Imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica;
b) a existência de dois ou mais Estados soberanos;
c) Ato abusivo, isto é, não baseado em compromisso internacional.
CASOS DE INTERVENÇÃO
1) EM NOME DO DIREITO DE DEFESA E INTERVENÇÃO - Todo Estado tem o direito de
tomar todas as medidas visando sua defesa e conservação, dentro dos limites estabelecidos pelo
D.I. e pela Carta das Nações Unidas.
3) PARA A PROTEÇÃO DOS INTERESSES DOS SEUS NACIONAIS - Todo Estado tem o
direito e o dever de proteger os seus nacionais no exterior. Esse direito é reconhecido
tradicionalmente e Codificado na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961. Seu
exercício é realizado através de missão diplomática. (ex - a prática americana, tradicionalmente,
reserva a prática de intervir, geralmente na América Central e no Caribe, onde a vida e a
propriedade de seus nacionais sejam ameaçadas)
IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO
Chama-se também de (teoria da ficção da) extraterritorialidade pelo costume, contudo não é aceita
hoje.
Imunidade jurisdicional dos funcionários diplomáticos reconhecida por todos os Estados e
codificada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.
Gozam de imunidade de jurisdição ou extraterritorialidade:
- Os Chefes de Estado e Governo;
- os Agentes Diplomáticos;
- determinadas categorias de cônsules;
- tropas estrangeiras devidamente autorizadas a atravessar o território de um Estado ou de ele se
instalar temporariamente;
- os oficiais e tripulantes de navios de Guerra de um Estado aceitos em águas territoriais de outro;
- Os oficiais e tripulantes de aeronaves militar autorizada a pousar em território estrangeiro.
2) A SANTA SÉ
É o menor Estado soberano do mundo.
A Santa Sé é a cúpula governativa da Igreja Católica, instalada na cidade de Roma.
Chefe de Estado: É o Papa.
Não lhe faltam os elementos conformadores da qualidade Estatal (ainda que de forma peculiar): A
Santa Sé não possui nacionais (mantém os laços patriais). O vínculo dessas pessoas lembra o
vínculo funcional das Organizações Internacionais e seu pessoal administrativo, pois não é um
vínculo nacional. Tem personalidade de Direito Internacional por legado histórico. Visto como um
caso único de personalidade internacional anômala.
3) Organismos Internacionais
De Caráter geral: aquele tipo de organismo internacional que trata sobre qualquer assunto.
- âmbito universal – ONU
- âmbito regional – OIT, OEA, OUA (Organização da Unidade Africana)
De Caráter específico: aquele tipo de organismo internacional que trata de um assunto
determinado.
- âmbito universal – FIFA, FMI, OMS, OIT
- âmbito regional – BIRD, UPS (União Panamericana de Saúde).
5) Insurretos
É o grupo rebelde reconhecido, aquele que, comprovando certos requisitos – que podem
sobreviver só; que colocam em risco outro Estado; têm um chefe por eles reconhecido; têm um
exército organizado – pode assistir reuniões da ONU. Deixam de ser rebeldes, passando a
insurretos e, mais tarde, podem formar o se Estado. Hoje só existe a OLP.
Criada por Henry Dunant (Suíço) em 1863, com a finalidade de auxiliar os feridos em combate.
É o único organismo internacional não criado por um Estado. Em 1864, por intermédio de uma
convenção ocorrida em Genebra, é reconhecida. Em 1928, passa a ser considerada sujeito de DIP.
8) Indivíduo
Há três correntes:
- sim: por extensão ao Direito Civil – sendo reconhecido o direito do indivíduo, por extensão
deverá ser também internacionalmente.
- não: porque não assina tratados – condição básica para ser pessoa de DIP – é do DIP privado.
- às vezes: quando utiliza-se de um instituto.
Toda negociação de ato internacional deve ser acompanhada por funcionário diplomático.
Terminada a negociação de um ato bilateral, o projeto, vai à apreciação das autoridades dos
respectivos países.
A assinatura é uma fase necessária da processualística dos atos internacionais, pois é com
ela que se encerram as negociações e se expressa o consentimento de cada parte contratante.
Segundo o artigo 7º da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a adoção ou autenticação
de texto de tratado, bem como a expressão de consentimento em obrigar-se pelo mesmo, deve ser
efetuado por pessoa detentora de plenos poderes. Exclui-se de tal regra para os tratados em geral, os
Chefes de Estado, Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores. Portanto, a
capacidade de os outros Ministros assinarem quaisquer atos internacionais deriva de plenos poderes
específicos para cada caso.
Qualquer autoridade pode assinar um ato internacional, desde que possua Carta de Plenos
Poderes, firmada pelo Presidente da República e referendada pelo Ministro das Relações
Exteriores.
A única exceção à regra geral da obrigatória apresentação dos plenos poderes é a que se
refere aos atos bilaterais ou multilaterais firmados pelos Embaixadores Plenipotenciários
acreditados.
Não é condição indispensável a aprovação pelo quorum qualificado, mas requisito para que
esses tratados ou convenções possam ingressar no ordenamento jurídico em posição hierárquica
semelhante à das emendas constitucionais. Assim, caso não seja obtida a votação em dois turnos,
em cada casa, por três quintos de seus membros, o tratado poderá ser aprovado, porém, sem a
prerrogativa da natureza constitucional de suas disposições.
Já os demais tratados que não versarem sobre direitos humanos sempre serão incorporados
como norma infraconstitucional, ainda que eventualmente aprovados pelo procedimento das
emendas. Aliás, não existindo a possibilidade de serem elevados ao patamar da Constituição sob o
aspecto material, não há necessidade de subsunção ao procedimento legislativo especial, devendo
ser submetidos à apreciação em sessão conjunta do Congresso com aprovação por maioria simples.
Quanto aos tratados relativos à direitos humanos que já estavam em vigor antes do advento
da Emenda 45/04, há entendimento de que somente poderão ser alçados ao nível constitucional os
tratados e convenções precedentes que vierem a ser submetidos e aprovados pelo procedimento
legislativo especial das emendas (Pedro Lenza), vale dizer, entende-se que o Congresso Nacional
poderá (e, querendo atribuir natureza constitucional, deverá) confirmar os tratados sobre
direitos humanos pelo quorum qualificado das emendas e, somente se observada esta
formalidade, e desde que respeitados os limites do poder de reforma das emendas, é que se
poderá falar em tratado internacional de ‘natureza constitucional’, ampliando os direitos e
garantias individuais do art. 5º da Constituição.