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Língua Portuguesa 4

Romantismo e Realismo

Capítulo 1
01. 03. FMU-SP
Das características relacionadas a seguir, destaque O homem de todas as épocas se preocupa com a
as românticas (R) e as árcades (A). natureza. Cada período a vê de modo particular. No
Romantismo, a natureza aparece como:
a) ( ) Fuga da realidade para um mundo imaginário,
criado a partir de sonhos e emoções. a) um cenário cientificamente estudado pelo homem;
a natureza é mais importante que o elemento
b) ( ) Identificação da arte com a natureza, resultan- humano.
do uma poesia bucólica e até mesmo ingênua.
b) um cenário estático, indiferente; só o homem se
c) ( ) Volta ao passado, sobretudo para a época projeta em busca de sua realização.
medieval. c) um cenário sem importância nenhuma; é apenas
d) ( ) Busca por um mundo perfeito e ideal, onde pano de fundo para as emoções humanas.
houvesse compensação para os sofrimentos d) confidente do poeta, que compartilha seus senti-
terrenos. mentos com a paisagem; a natureza se modifica
e) ( ) Reação contra o desequilíbrio emocional do de acordo com o estado emocional do poeta.
estilo barroco. e) um cenário idealizado, onde todos são felizes e os
f) ( ) Predomínio da razão, esquecendo-se da fé e poetas são pastores.
da religião.
04. Mackenzie-SP
g) ( ) A natureza compartilha com os sentimentos
do poeta, modifica-se de acordo com o seu estado A afirmação: “Enquanto, na Europa, os escritores vol-
emocional. tavam-se para os tempos da Idade Média, valorizando
os heróis que ajudaram a libertar e a construir suas
h) ( ) Idealização da mulher, figura sempre inaces-
nações, no Brasil desenvolveu-se o indianismo”, é uma
sível.
das formas significativas assumidas pelo:
i) ( ) Infância, morte, loucura como formas de fugir a) nacionalismo realista.
da realidade opressora.
b) nacionalismo romântico.
j) ( ) Volta à simplicidade dos modelos greco-roma- c) sentimentalismo romântico.
nos.
d) sentimentalismo realista.
02. UFV-MG e) realismo naturalista.
Assinale a alternativa falsa. 05.
a) O Romantismo, como estilo, não é modelado
pela individualidade do autor; a forma predomina Sobre o Romantismo, podemos afirmar que o tédio e
a frustração do poeta decorrem:
sempre sobre o conteúdo.
b) O Romantismo é um movimento de expressão a) do choque entre a realidade e a sua visão de um
universal, inspirado nos modelos medievais e uni- mundo ideal.
ficado pela prevalência de características comuns b) da busca pelo carpe diem e pela religiosidade
a todos os escritores da época. pagã.
c) O Romantismo, como estilo de época, consistiu, c) do encontro entre o teocentrismo e o antropocen-
basicamente, num fenômeno estético-literário, trismo.
desenvolvido em oposição ao intelectualismo e à d) da tentativa de promover uma visão objetiva da
tradição racionalista e clássica do século XVIII. realidade.
d) O Romantismo, ou melhor, o espírito romântico, e) do desencanto sobre a possibilidade de a Razão,
pode ser sintetizado numa única qualidade: a sua grande aliada, dar conta da realidade.
imaginação. Pode-se creditar à imaginação a ca-
pacidade extraordinária dos românticos de criarem 06. UCP-RJ
mundos imaginários. O público gostava de obras que lhe permitissem auto-
e) O Romantismo caracterizou-se por um complexo identificar-se com as personagens, que lhe forneces-
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de características como o subjetivismo, o ilogismo, sem meios de esquecer, com a leitura, a monotonia da
o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza vida regulada pelos estreitos horizontes burgueses.
e o escapismo. O texto acima faz referência à estética:

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a) barroca. 10. Fuvest-SP
b) simbolista. I. Ah! Enquanto os destinos impiedosos
c) modernista. Não voltam contra nós a face irada,
d) romântica. Façamos, sim façamos, doce amada,
e) parnasiana. Os nossos breves dias mais ditosos,

07. FCC-BA
II. É a vaidade, Fábio, nesta vida,
É bela a noite, quando grave estende Rosa, que da manhã lisonjeada,
Sobre a terra dormente o negro manto
Púrpuras mil, com ambição dourada,
De brilhantes estrelas recamado;
Airosa rompe, arrasta presumida.
Mas nessa escuridão, nesse silêncio
Que ele consigo traz, há um quê de horrível
Que espanta e desespera e geme n’alma; III. E quando eu durmo, e o coração ainda
Um quê de triste que nos lembra a morte! Procura na ilusão tua lembrança,
Anjo da vida, passa nos meus sonhos,
Os versos acima:
a) ilustram a característica romântica da projeção E meus lábios orvalha de esperança!
do estado de espírito do poeta nos elementos da
Assinale os trechos acima com os respectivos movi-
natureza.
mentos literários, cujas características estão enun-
b) exemplificam a característica romântica do pes- ciadas abaixo.
simismo, mal do século, que vê na natureza algo Romantismo: evasão e devaneio na realização de um
nefando, capaz de matar o poeta. erotismo difuso.
c) exploram a característica romântica do sentimen- Arcadismo: aproveitamento do momento presente
talismo amoroso, que vê em tudo a tragédia do (carpe diem).
amor não correspondido. Barroco: efemeridade da beleza física, brevidade
enganosa da vida.
d) apontam a característica romântica do nacionalis-
a) I – Romantismo; II – Arcadismo; III – Barroco
mo, que valoriza a paisagem de nossa terra.
b) I – Barroco; II – Arcadismo; III – Romantismo
e) apresenta a característica romântica do descriti- c) I – Arcadismo; II – Romantismo; III – Barroco
vismo, capaz de valorização exagerada da natu- d) I – Arcadismo; II – Barroco; III – Romantismo
reza.
e) I – Barroco; II – Romantismo; III – Arcadismo
08. FEI-SP
11. UFES
Assinale o item que contém somente características
O fragmento que apresenta característica da estética
românticas.
romântica é:
a) Subjetivismo, bucolismo, sentimentalismo.
a) “Aqueles cabelos castanhos encaracolados, aque-
b) Subjetivismo, nacionalismo, pastoralismo. le pescoço enrolado no pisca-pisca embriagante
c) Culto à natureza, nacionalismo, culto ao contraste. das contas vermelhas.” (B. L.)
d) Conceitismo, liberdade de formas, cultismo. b) “Viu ainda dois olhos enormes, redondos, saltados
e) Nacionalismo, culto à natureza, liberdade de for- e interrogativos, distúrbio talvez de tireóide, olhos
mas. que perguntavam.” (C. L.)
c) “Bonita, não, eu sabia que não, com seu progna-
09. Unifesp tismo e seu cabelo a esposa bonita não era não.”
Em 2004, Ronald Golias e Hebe Camargo protagoniza- (R. S. N.)
ram na TV uma versão humorística da obra Romeu e d) “Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita
Julieta, de William Shakespeare. Na história do poeta e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde
e dramaturgo inglês, Romeu e Julieta são dois jovens os pés à cabeça.” (M. A.)
apaixonados, cujo amor é impedido de se concretizar e) “Mais rápida que a ema selvagem, a morena
pelo fato de pertencerem a famílias inimigas. Impos- virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
sibilitados de viver o amor, morrem ambos. campeava sua guerreira tribo.” (J. A.)
Tema bastante recorrente nas literaturas românticas
12. UEL-PR
portuguesa e brasileira, o amor impossível aparece
em personagens que encarnam o modelo romântico, Assinale a alternativa que completa adequadamente
a asserção.
cujas características são:
O Romantismo, graças à ideologia dominante e a um
a) o sentimentalismo e a idealização do amor. complexo conteúdo artístico, social e político, carac-
b) os jogos de interesses e a racionalidade. teriza-se como uma época propícia ao aparecimento
c) o subjetivismo e o nacionalismo. de naturezas humanas marcadas por:
d) o egocentrismo e o amor subordinado a interesses a) teocentrismo, hipersensibilidade, alegria, otimismo
sociais. e crença.
e) a introspecção psicológica e a idealização da b) etnocentrismo, insensibilidade, descontração,
mulher. otimismo e crença na sociedade.

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c) egocentrismo, hipersensibilidade, melancolia, a) Predomínio da razão, perfeição da forma, imitação
pessimismo, angústia e desespero. dos antigos gregos e romanos.
d) teocentrismo, insensibilidade, descontração, an- b) Reação anticlássica, busca de temas nacionais,
gústia e desesperança. sentimentalismo e imaginação.
e) egocentrismo, hipersensibilidade, alegria, descon- c) Anseio de liberdade criadora, busca de verdades
tração e crença no futuro. absolutas e universais, arte pela arte.
d) Desejo de expressar a realidade objetiva, erotismo,
13. FAU-SP visão materialista do universo.
O indianismo de nossos poetas românticos é: e) Preferência por temas medievais, rebuscamento
a) uma forma de apresentar o índio em toda a sua de conteúdo e de forma, tentativa de expressar a
realidade objetiva; o índio como elemento étnico realidade inconsciente.
da futura raça brasileira.
b) um meio de reconstruir o grave perigo que o índio 18. UFV-MG
representava durante a instalação da capitania de A ficção romântica é repleta de sentimentalismos,
São Vicente. inquietações, amor como única possibilidade de
c) um modelo francês seguido no Brasil; uma neces- realização, personagens burgueses idealizados,
sidade de exotismo que em nada difere do modelo culminando sempre com o habitual “...e foram felizes
europeu. para sempre”.
d) um meio de eternizar liricamente a aceitação, pelo Assinale a alternativa que não corresponde à afirma-
índio, da nova civilização que se instalava. ção acima.
e) uma forma de apresentar o índio como motivo a) O amor constitui o objetivo fundamental da exis-
estético; idealização com simpatia e piedade; tência e o casamento, o fim último da vida.
exaltação da bravura, do heroísmo e de todas as
b) Não há defesa intransigente do casamento e da
qualidades morais superiores.
continência sexual anterior a ele.
14. FEI-SP c) A frustração amorosa leva, incondicionalmente, à
morte.
Quais as características românticas que se opõem,
respectivamente, às seguintes características clássi- d) Os protagonistas são retratados como persona-
cas: objetivismo, linguagem erudita, paganismo, uso gens belos, puros, corajosos.
da razão? e) A economia burguesa determina os gostos e a
maneira de ver o mundo ficcional romântico.
15. Fuvest-SP
A identificação da natureza com o sofrimento humano, 19. UFRGS-RS
a tragédia perene do amante rejeitado, o jovem andari- Considere as seguintes afirmações.
lho condenado à vida errante em sua curta eternidade, I. Pode-se afirmar que o Romantismo brasileiro foi
a solidão do artista. E, enfim, a resignação e a recon- a manifestação artística que mais bem expressou
ciliação – ressentidas um pouco, por certo. o sentimento nacionalista desenvolvido com a
O texto acima enumera preferências temáticas e con- Independência do país.
cepções existenciais dos poetas:
II. Os romancistas românticos, preocupados com a
a) barrocos.
formação de uma literatura que expressasse a cor
b) arcádicos. local, criaram romances considerados regionais,
c) românticos. mais pela temática do que pela linguagem.
d) simbolistas. III. A tendência indianista do Romantismo brasileiro
e) parnasianos. tinha por objetivo a desmistificação do papel do
índio na história do Brasil desde a colonização.
16. Quais estão corretas?
Assinale a alternativa correta. a) Apenas I.
a) O Romantismo começou na Inglaterra e na Ale- b) Apenas II.
manha, na segunda metade do século XIX.
c) Apenas I e II.
b) A Revolução Francesa não teve influência sobre
d) Apenas I e III.
o Romantismo em Portugal.
c) O Romantismo inspira-se, principalmente, nas e) I, II e III.
sugestões do Arcadismo.
20.
d) Todos os escritores românticos foram absolutamente
anticlássicos. Assinale a alternativa correta.
e) O Romantismo valorizou sobretudo a imaginação a) O romance histórico procurou principalmente mos-
e a subjetividade. trar as condições de vida na época romântica.
b) Não foi importante, no início do Romantismo
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17. F. M. ABC-SP português, o contato e a experiência com outras


Assinale a alternativa em que se encontram três carac- literaturas.
terísticas do movimento literário ao qual se dá o nome c) Há em alguns romances românticos uma tendência à
de Romantismo. compreensão do homem na sociedade capitalista.
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d) O Romantismo não se preocupa com personagens 8 Que em sonhos se banhava e se esquecia!
que exprimam homens reais, mas puramente
ideais. 9 Era a mais bela! O seio palpitando...
e) Não houve no Romantismo nenhuma forma de 10 Negros olhos as pálpebras abrindo...
influência histórica que não fosse a do século 11 Formas nuas no leito resvalando...
XIX.
12 Não te rias de mim, meu anjo lindo!
21. 13 Por ti – as noites eu velei chorando,
Romantismo 14 Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
Quem tivesse um amor, nesta noite de lua, (Álvares de Azevedo)
para pensar um belo pensamento
23. UFSM-RS
e pousá-lo no vento!
Considere as seguintes afirmativas a respeito do
soneto:
Quem tivesse um amor – longe, certo e
I. O fato de que, no poema, afetividade e natureza
[impossível – se relacionam situa-o claramente como produção
para se ver chorando, e gostar de chorar, barroca.
e adormecer de lágrimas e luar! II. As palavras virgem (v.5) e anjo (v.7 e v.12) indi-
cam que a mulher observada se caracteriza pela
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as pureza.
[estrelas, III. A alusão à morte, encontrada no verso 14, é um
partisse por nuvens, dormente e acordado, traço freqüente na produção poética de Álvares de
levitando apenas, pelo amor levado... Azevedo.
Está(ão) correta(s):
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem a) apenas a afirmativa I.
[mácula, b) apenas a afirmativa III.
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
c) apenas as afirmativas I e III.
Ah! quem tivesse... (Mas, quem teve? quem
d) apenas as afirmativas II e III.
[teria?)
Cecília Meireles. Mar absoluto.
e) as afirmativas I, II e III.
Justifique o título do poema com base em elemen-
24. UFSM-RS
tos característicos do estilo romântico presentes no
A respeito do soneto, é incorreto afirmar que:
texto.
a) as palavras finais dos versos são oxítonas, sendo
22. UFPA esse um recurso para regularizar o ritmo do poe-
A liberdade de inspiração pregada pelos românticos ma.
correspondia, também, à liberdade formal – esta pe- b) o poema contém elementos que constituem opo-
culiaridade possibilitou a mistura dos gêneros literários sições no plano do significado: luz e sombria (v.1),
e o conseqüente abandono da hierarquia clássica que chorando (v.13) e sorrindo (v.14).
os presidia. Como conseqüência, no Brasil: c) as marcas de pontuação contribuem para repre-
a) observa-se um detrimento da poesia em favor da sentar a situação emocional do sujeito lírico.
prosa. d) o verso 1 e o verso 2 se caracterizam pela recor-
b) registra-se o abandono total do soneto. rência do som /l/, e o verso 8 se caracteriza pela
repetição do som /s/.
c) verifica-se a interpenetração dos gêneros, o que
muito enriqueceu os já existentes, possibilitando e) se encontram, na última estrofe, identificando o
o aparecimento de novos. sujeito lírico, três pronomes de primeira pessoa,
não havendo esse recurso nas outras estrofes.
d) ampliou-se o alcance da poesia, o que já não se
pode dizer quanto ao romance e ao teatro. 25.
e) usou-se, quase abusivamente, o verso livre, o que Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada
muito contribuiu para o desenvolvimento de nossa Em meio dos desertos desgarrada,
poesia. Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente!
As questões 23 e 24 referem-se ao poema Talvez... pra que meu pranto, ó Deus clemente!
a seguir. Não descubras no chão!...
E nem tenho uma sombra de floresta...
1 Pálida, à luz da lâmpada sombria, Pra cobrir-me nem um templo resta
2 Sobre o leito de flores reclinada, No solo abrasador...
3 Como a lua por noite embalsamada, Quando subo às pirâmides do Egito,
4 Entre as nuvens do amor ela dormia! Embalde aos quatro céus chorando grito:
“Abriga-me, Senhor!(...)”
5 Era a virgem do mar! na escuma fria No texto, extraído de Vozes da África, de Castro Alves,
6 Pela maré das águas embalada! a África fala e lamenta a sua sorte. Tal circunstância
7 Era um anjo entre as nuvens d’alvorada denota uma figura de estilo chamada:
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a) anacoluto. 28. PUC-SP
b) sinédoque. Aponte a alternativa cujo enunciado, integralmente,
c) prosopopéia. justifica o Romantismo enquanto desenvolvimento
d) comparação. temático e tratamento estilístico.
e) assíndeto. a) Grande valor dado à natureza, como base da
harmonia e da sabedoria; apreço pela convenção
26. UFF-RJ pastoril, pelos gêneros bucólicos; simplicidade
Na literatura, a visão romântica representativa da mu- formal, clareza e eficácia das idéias.
lher é a de uma figura idealizada, frágil e inatingível. b) Realidade vista através de uma ótica unidimensio-
Assinale a opção em que a visão da mulher não se nal que só admite a direção intimista apoiada no
enquadra nesta característica. culto do eu; amplificação do vocabulário, liberdade
a) Ah! Vem, pálida virgem, se tens pena métrica, originalidade na invenção das imagens.
De quem morre por ti, e morre amando. c) Observação da realidade, marcada pelo senso
Dá vida em teu alento à minha vida, quase fatalista das forças naturais e sociais pe-
Une nos lábios meus minha alma à tua! sando sobre o homem; estilo nervoso, capaz de
Álvares de Azevedo reproduzir o relevo das coisas e sublinhar a ação
b) Anjos longiformes dos homens.
De faces rosadas d) Apreensão descritiva da realidade, com preferência
E pernas enormes pela história antiga, cenas históricas, paisagens,
Quem vos acompanha? gosto do exótico e do diferente; cuidado formal,
Vinícius de Moraes vocabulário precioso, efeitos plásticos e sonoros.
c) Anjo no nome, Angélica na cara! e) Criação de uma realidade abstrata e inatingível,
Isso é flor, e anjo juntamente: presa aos temas da morte e das paisagens vagas,
Ser Angélica flor, e anjo florente, impregnada de misticismo e espiritualidade; ritmos
Em quem, senão em vós se uniformara. mais musicais, aliterativos e sinestésicos.
Gregório de Matos
d) Minha mãe cozinhava exatamente: 29. FMU-SP
arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas. Quanto a diferentes conceitos da relação homem/
Mas cantava. mundo, expressos pela arte e literatura, pode-se
Adélia Prado afirmar que:
e) Baixas do céu num vôo harmonioso! I. no Barroco, essa relação se mostra emocional,
Quem és tu, bela e branca desposada? pode-se dizer dramática.
Da laranjeira em flor a flor nevada II. no Romantismo, essa relação se mostra pessimis-
Cerca-te a fronte, ó ser misterioso!... ta, procurando na natureza um lugar de refúgio
Castro Alves
idealizado.
III. no Barroco, essa relação se mostra equilibrada,
27. liberta de forças contrárias.
Um dos maiores artistas do Romantismo francês foi IV. no Neoclassicismo/Arcadismo, essa relação se
o escritor Victor Hugo. No “prefácio” que escreveu mostra orientada por critérios racionais e intelec-
para sua peça Cromwell, ele desenvolveu alguns dos tuais.
aspectos de seu pensamento artístico. V. no Romantismo, essa relação se mostra mediada
Leia atentamente um trecho desse “Prefácio”. pela visão e interpretação científica da realidade.
(...) seria estranho que nesta época a liberdade, como Assinale a opção correta.
a luz, penetrasse por toda a parte, exceto no que há
de mais nativamente livre no mundo, nas coisas do a) Se todas as alternativas estão corretas.
pensamento. Destruamos as teorias, as poéticas e os b) Se apenas as alternativas I, II e III estão certas.
sistemas. Derrubemos este velho gesso que mascara a c) Se apenas as alternativas I, IV e V estão certas.
fachada da arte! Não há regras nem modelos; ou antes, d) Se apenas as alternativas I, II e IV estão certas.
não há outras regras senão as leis gerais da natureza
e) Se apenas as alternativas II, III e V estão certas.
que plainam sobre toda a arte, e as leis especiais que,
para cada composição, resultam das condições de
30. UniCOC-SP
existência próprias para cada assunto.
Analise a tira apresentada para responder à questão
a) Qual o acontecimento que permite ao escritor afir-
a seguir.
mar que vive em uma época em que a liberdade
se impõe às “coisas do pensamento”?
b) Contra que tipo de arte se coloca o escritor nesse
trecho?
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c) Apesar de defender a total liberdade de expressão,


na frase final, o escritor defende a adoção de algu-
mas regras. Qual a diferença entre as regras que
ele se permite adotar e aquelas que ele ataca? Allan Sieber. Folha de S. Paulo. 25/09/05

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A referência ao escritor maldito, presente no último qua- b) As ações e expressão do homem deveriam ser di-
drinho, pode ser relacionada a um período literário que, rigidas sobretudo pela razão, sem deixar a emoção
da Alemanha e da França, no século XIX, espalhou-se transbordar.
por todo o ocidente, tendo representado no Brasil o c) Partindo de uma concepção de vida como algo
fim da literatura colonial e o início do período nacional simples, sem ambições de glória ou fortuna, elege
da nossa literatura. Assinale a alternativa em que se a vida pastoril como modelo de existência.
encontram os nomes desse estilo de época e de um
d) A razão fica em segundo plano. Sua maneira
de seus mais significativos autores no Brasil.
de analisar e expressar a realidade obedece ao
a) Barroco, levando-se em conta, principalmente, os sentimento, considerado como o grande valor da
textos conceptistas do Padre Antônio Vieira.
vida do indivíduo.
b) Romantismo, sobretudo se forem considerados os
e) O homem é apenas uma peça na engrenagem do
autores da poesia do mal do século, por exemplo,
mundo, com funções semelhantes às das demais
Álvares de Azevedo.
peças pertencentes ao reino animal ou vegetal.
c) Naturalismo, na medida em que se considera o
uso, na Literatura, do determinismo ambiental para 33.
caracterizar ambientes decadentes descritos nas
“O Romantismo, costumeiramente tão mal definido, é
obras de autores como Aluísio Azevedo.
o ________ na literatura.” Assinale a alternativa que
d) Parnasianismo, pois foi um movimento rechaçado
preencha corretamente o que está faltando nessa frase
pelos modernistas que o consideravam alienado e
de Victor Hugo.
por demais preso aos rigores técnicos da poesia
clássica. a) iluminismo.
e) Modernismo, movimento que rompia com o b) liberalismo.
passado artístico e pregava a liberdade total de c) objetivismo.
expressão, como se pode observar na obra de d) racionalismo.
Oswald de Andrade. e) artificialismo.
31. ITA-SP 34.
Observe as afirmações abaixo. O trecho a seguir pertence ao romance A pata da ga-
I. O “eu” romântico, objetivamente incapaz de re- zela, de José de Alencar, um dos maiores escritores
solver os conflitos com a sociedade, lança-se à do Romantismo brasileiro. Trata-se de uma reflexão
evasão. No tempo, recriando a Idade Média Gótica de Horácio, um dos personagens do romance. Leia-o
e embruxada. No espaço, fugindo para ermas para responder o que vem a seguir.
paragens ou para o Oriente exótico. A mulher era para ele a obra suprema, o verbo
II. A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da da criação. Toda a religião como toda a felicidade, toda
natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela. ciência, como toda poesia, Deus a tinha encarnado
Prefere-se a noite ao dia, pois sob a luz do sol o nesse misto incompreensível do sublime e do torpe,
real impõe-se ao indivíduo, mas é na treva que do celeste e do satânico: amálgamas de luz e cinzas,
latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, de lodo e néctar.
a imaginação. — Amar é adorar a Deus na sua ara mais santa,
a mulher. Amar é estudar a lei da criação em seu mais
III. No romantismo, a epopéia, expressão heróica já
profundo mistério, a mulher. Amar é admirar o belo
em crise no séc. XVIII, é substituída pelo poema
em sua mais esplêndida revelação; é fazer poemas e
político e pelo romance histórico, livre das peias estátuas como nunca as realizou o gênio humano.
de organização interna que marcavam a narrativa Mas o que sentia Horácio era apenas o culto da
em verso. Renascem, por outro lado, formas me- forma, o fanatismo do prazer. O amor, o verdadeiro
dievais de estrofação e dá-se o máximo relevo aos amor consiste na possessão mútua de duas almas; e
metros livres, de cadência popular, às redondilhas essa, pode o homem iludir-se alguma vez, mas quando
maiores e menores, que passam a competir com se realiza, é indissolúvel.
o nobre decassílabo. Quais as características românticas presentes no
Estão corretas: trecho?
a) todas.
b) apenas a I. 35. Vunesp
c) apenas a I e a II. Estranha forma de vida
d) apenas a II e a III. Foi por vontade de Deus
e) apenas a I e a III. Que eu vivo nesta ansiedade,
32. Unimep-SP Que todos os ais são meus
Que é toda minha saudade,
Assinale o trecho que pode ser considerado caracte-
Foi por vontade de Deus.
rizador da época romântica.
a) Os homens não são feitos de uma só peça, como Que estranha forma de vida
os anjos e os brutos. Os anjos e os brutos (para Tem este meu coração;
que nos expliquemos assim) são inteiriços; o anjo, Vive de vida perdida
porque é todo espírito; o bruto, porque todo é cor- Quem lhe daria o condão,
po. O homem não. É feito de duas peças – alma Que estranha forma de vida!
e corpo.
118
38. UFPA
Coração independente Na época da independência do Brasil, quando nosso
Coração que não comando, país precisava auto-afirmar-se como nação, entrou em
Vives perdido entre a gente vigência entre nós um estilo de época que, pelos ideais
Teimosamente sangrando de liberdade que professava através de sua ideologia,
Coração independente! se prestava admiravelmente a expressar esses anseios
nacionalistas. Tal estilo foi:
Eu não te acompanho mais. a) o Romantismo.
Pára, deixa de bater.
b) o Barroco.
Se não sabes aonde vais,
Por que teimas em correr? c) o Realismo/Naturalismo.
Eu não te acompanho mais! d) o Modernismo.
e) o Neoclassicismo.
Se não sabes aonde vais,
Pára, deixa de bater. 39.
Eu não te acompanho mais! Assinale a opção em que o autor se mantém dentro
Amália Rodrigues / Alfredo Duarte dos preceitos mais conhecidos da escola romântica,
Embora tenha se originado no Brasil, de onde desapa- tais como a glorificação do ideal e do sublime e do
receu, o fado é a poesia-canção portuguesa e repre- desapego ao mundo material.
senta uma das mais fortes expressões de identidade a) “Dos prazeres do amor as primícias,/De meu pai
nacional. Do ponto de vista literário, identifica-se em entre os braços gozei;/E de amor as extremas de-
muito com o ideário poético do Romantismo, como, de lícias /Deu-me um filho, que dele gerei.” (Bernardo
resto, também acontece com significativa parcela de Guimarães)
gêneros da chamada música popular brasileira. Tendo b) “Como dormia! Que profundo sono!.../Tinha na mão
em vista estas observações, releia a letra do fado que o ferro do engomado.../Como roncava maviosa e
lhe apresentamos e responda ao que se pede. pura!.../Quase caí na rua desmaiado! “(Álvares de
a) Identifique duas características da poética român- Azevedo)
tica. c) “(Damas da nobreza:) – Não precisa aprendê/
Quem tem pretos p’herdá/e escravidão p’escrevê;/
b) Comprove sua resposta com elementos extraídos
Basta tê/ Burra d’ouro e casá.”(Sousândrade)
do texto.
d) “Porque Deus pôs em meu peito/Um tesouro de
36. Ceeteps-SP harmonia:/Deu-me a sina de seus anjos,/Deu-me
O indianismo dos românticos [...] denota tendência o dom da poesia.” (Junqueira Freire)
para particularizar os grandes temas, as grandes atitu- e) “Nem há de negá-lo – não há doce lira/Nem sangue
des de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as de poeta ou alma virgem/Que valha o talismã que
na realidade local, tratando-as como próprias de uma no oiro vibra!” (Álvares de Azevedo)
tradição brasileira. (Antonio Candido, Formação da
40.
Literatura Brasileira)
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
A partir do texto dado, o que se pode afirmar sobre o
Campeia a lua com sinistra luz;
indianismo na literatura romântica brasileira?
O vento geme no feral cipreste,
37. Mackenzie-SP O mocho pia na marmórea luz.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, Nessa estrofe de Soares de Passos percebemos uma
Já solta o bogari mais doce aroma! das maiores linhas de força do Romantismo. Qual é?
Como prece de amor, como estas preces, Texto para as questões 41 e 42.
No silêncio da noite o bosque exala.
Gonçalves Dias. Seja qual for o lugar em que se ache o poeta,
Obs.: tamarindo = árvore frutífera; o fruto dessa mes- ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua bela,
ma planta; bogari = arbusto de flores brancas embalado pelos prazeres; no cárcere, como no palácio;
na paz, como sobre o campo de batalha; se ele é verda-
A natureza, nessa estrofe, deiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua missão, e
a) é concebida como uma força indomável que acha sempre o segredo de encantar os sentidos, vibrar
submete o eu lírico a uma experiência erótica as cordas do coração, elevar o pensamento nas asas
instintiva. da harmonia até as idéias arquétipas.
b) expressa sentimentos amorosos.
41. Vunesp
c) é representada por divindade mítica da tradição
clássica. O trecho citado foi extraído da “Advertência” ao leitor
feita por Domingos José Gonçalves de Magalhães
d) funciona apenas como quadro cenográfico para o
PV2D-07-POR-44

nas páginas iniciais de seu livro Suspiros poéticos e


idílio amoroso. saudades.
e) é recriada objetivamente, com base em elementos Que representa esta obra na história da Literatura
da fauna e da flora nacionais. Brasileira?

119
42. Vunesp Dois ou três filhos de dezenove a trinta anos,
A leitura do trecho citado nos permite identificar o Um criado velho,
período literário a que pertence a obra. Comente duas Um monstro, encarregado de fazer as malda-
passagens desse trecho que revelem características des,
da literatura do período em questão. Vários tratantes, e algumas pessoas capazes
para intermédios.
43. Unicamp-SP Ora bem; vai-se aos figurinos franceses de
No prefácio da quinta edição portuguesa do romance Dumas, de Eugênio Sue, de Vitor Hugo, e recorta a
Amor de perdição, Camilo Castelo Branco afirmava gente, de cada um deles, as figuras que precisa, gruda-
ironicamente: as sobre uma folha de papel da cor da moda, verde,
Eu não cessarei de dizer mal desta novela pardo, azul – como fazem as raparigas inglesas aos
que tem a boçal inocência de não devassar alcovas, seus álbuns e scrap-books; forma com elas os grupos e
a fim de que as senhoras a possam ler nas salas, situações que lhe parece; não importa que sejam mais
em presença de suas filhas ou de suas mães, e não ou menos disparatados. Depois vai-se às crônicas,
precisem de esconder-se com o livro no seu quarto de tiram-se uns poucos de nomes e palavrões velhos; com
banho. Dizem, porém, que o Amor de perdição fez os nomes crismam-se os figurões; com os palavrões
chorar. Mau foi isso. Mas agora, como indenização, faz iluminam-se… (estilo de pintor pinta-monos). – E aqui
rir: tornou-se cômico pela seriedade antiga (..) E por está como nós fazemos a nossa literatura original.
isso mesmo se reimprime. O bom senso público relê Cap. V – fragmento, in Garrett, Almeida. Obra completa – I.
Porto: Lello & Irmãos, 1963, pp. 27-28.
isso, compara com aquilo, e vinga-se barrufando com
frouxos de riso realista as páginas que há dez anos
Almeida Garrett (1799-1854), que pertenceu à primeira
aljofarava com lágrimas românticas.
fase do romantismo português, é poeta, prosador e
Vocabulário: barrufando = borrifando, molhando dramaturgo dos mais importantes da Literatura Portu-
aljofarava = orvalhava, molhava guesa. Em Viagens na minha terra (1846), mistura, em
Como se pode notar, o autor faz referência a duas prosa rica, variada e espirituosa, o relato jornalístico,
escolas literárias para explicar como Amor de perdição a literatura de viagens, as divagações sobre temas da
produziria no público leitor, por ocasião sua reimpres- época e os comentários críticos, muitas vezes mor-
são, uma reação completamente diferente daquela dazes, sobre a literatura em voga, no período. Releia
produzida ao ser publicado pela primeira vez. Consi- o texto que lhe apresentamos e, a seguir, responda
derando tal afirmação, responda às questões abaixo. às questões a seguir.
a) Cite um episódio do romance que poderia provocar a) A que gêneros literários se refere Almeida Gar-
lágrimas nos leitores da primeira edição e ataques rett?
de “riso realista” nos leitores da quinta edição. b) Quais os principais defeitos, segundo Garrett, dos
b) Como se explica uma reação tão diferente por parte escritores que elaboravam obras de tais gêne-
dos leitores dessas duas edições? ros?
44. 46.
Um dos maiores artistas do Romantismo francês foi Na obra Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano,
o escritor Victor Hugo. No “prefácio” que escreveu Eurico é protagonista de um drama-tragédia. Junto com
para sua peça Cromwell, ele desenvolveu alguns dos sua amada, Hermengarda, forma um par cujo destino
aspectos de seu pensamento artístico. será marcado pela negação da realização amorosa.
Leia atentamente um trecho desse “Prefácio”. Há na obra a morte do coração, a morte física e a
(...) seria estranho que nesta época a liberdade, como morte psíquica. Explique essas três mortes de acordo
a luz, penetrasse por toda a parte, exceto no que há com o enredo.
de mais nativamente livre no mundo, nas coisas do
pensamento. Destruamos as teorias, as poéticas e os 47.
sistemas. Derrubemos este velho gesso que mascara a Cansados do longo combater, reduzidos a menos de
fachada da arte! Não há regras nem modelos; ou antes, metade em número e cobertos de feridas, os cava-
não há outras regras senão as leis gerais da natureza leiros de Cristo invocaram o seu nome e fizeram o
que plainam sobre toda a arte, e as leis especiais que, sinal-da-cruz. O Lidador perguntou com voz fraca a
para cada composição, resultam das condições de um pajem que estava ao pé das damas, que nova
existência próprias para cada assunto. revolta era aquela.
Explique a última frase do texto. Alexandre Herculano, A morte do Lidador,
in: Lendas e narrativas.
45.
Desenhar caracteres e situações do vivo da natureza, O traço romântico mais evidente nesta passagem
colori-los das cores verdadeiras da História… isso é está no:
trabalho difícil, longo, delicado; exige um estudo, um
a) uso do contexto heróico medieval.
talento, e sobretudo um tacto!… Não, senhor; a coisa
faz-se muito mais facilmente. Eu lhe explico. b) combate do Lidador contra os seus inimigos.
c) encontro entre duas facções cristãs rivais entre si.
Todo o drama e todo o romance precisa de:
Uma ou duas damas, d) imaginário exagerado.
Um pai, e) contraste entre o religioso e o profano.
120
48. Mackenzie-SP 52.
A tragédia _________ , de _________, é considerada Assinale a alternativa que apresenta informação incor-
pelos críticos uma das obras-primas do Romantismo reta sobre a obra produzida por Almeida Garrett.
português. a) Camões, poema “fundador” do Romantismo em
O drama inspira-se num episódio matrimonial, vivido no Portugal.
final do século XVI por Madalena de Vilhena, viúva de b) Viagens na minha terra, prosa.
D. João de Portugal – desaparecido com D. Sebastião, c) Frei Luís de Souza, teatro.
na batalha de Alcácer-Quibir–, e por D. Manuel de d) O Bobo, romance histórico.
Sousa Coutinho. Os dois se casam e têm uma filha,
Maria. Passam-se os anos. Eis que, um dia, D. João 53.
de Portugal regressa, disfarçado de romeiro. Complete:
Assinale a alternativa que preenche corretamente as “Gonçalves Dias está para o Romantismo brasileiro
lacunas do texto anterior. assim como ___________ está para o Romantismo
a) Eurico, o presbítero (Alexandre Herculano) português”.
b) As pupilas do senhor reitor (Júlio Dinis)
Texto para as questões de 54 a 56.
c) Frei Luís de Sousa (Almeida Garrett)
d) Amor de perdição (Camilo Castelo Branco) O pacto feito por ele com os árabes não tardou a ser
por mil modos violado, e o ilustre guerreiro teve de se
e) A ilustre casa de Ramires (Eça de Queirós) arrepender, mas já debalde, por haver deposto a espa-
da aos pés dos infiéis, em vez de pelejar até a morte
49. pela liberdade. Fora isso o que Pelágio preferira, e a
Um outro conviva se levantou. vitória coroou o seu confiar no esforço dos verdadeiros
Era uma cabeça ruiva, uma tez branca, uma daquelas godos e na piedade de Deus.
criaturas fleugmáticas que não hesitariam ao tropeçar
num cadáver para ter mão de um fim. 54. Fuvest-SP
Esvaziou o copo de vinho, e com a barba nas mãos alvas, Indique o nome da obra e o autor.
com os olhos de verde-mar fixos, falou:
— Sabeis, uma mulher levou-me à perdição. Foi ela 55. Fuvest-SP
quem me queimou a fronte nas orgias, e desbotou-me Cite a principal característica presente no texto
os lábios no ardor dos vinhos e na moleza de seus beijos: dado.
quem me fez devassar pálido as longas noites de insônia
nas mesas do jogo, e na doidice dos abraços convulsos 56. Fuvest-SP
com que ela me apertava o seio! Foi ela, vós o sabeis, Quem é Pelágio?
quem fez-me num dia ter duelos com meus três melhores
amigos, abrir três túmulos àqueles que mais me amavam 57.
na vida – e depois, depois sentir-me só e abandonado Na obra Viagens na minha terra, de Almeida Garrett,
no mundo, como a infanticida que matou o seu filho, ou está inserida uma história de amor. Cite o par amoroso
aquele Mouro infeliz junto à sua Desdêmona pálida! dessa história.
No texto anterior, sucedem-se imagens do “fogo”e da
“brancura”. 58.
a) Cite algumas expressões do texto que nos remetem Em Eurico, o presbítero, temos vários ambientes que
a essas duas imagens. remetem ao chamado locus horrendus (cavernas,
b) O que essas imagens representam no contexto cenas noturnas, mosteiros, escuros etc.).
ultra-romântico? a) Faça a oposição entre locus horrendus e locus
amoenus do Neoclassicismo.
50. b) Em que medida o locus horrendus reforça o sen-
timento romântico?
Leia o seguinte trecho poético de Almeida Garrett.
(…) — Eu caminhava
Textos para as questões de 59 a 61.
Só, triste, só, sem luz e sem destino,
A vista esmorecida Eurico, o presbítero
A alma gasta, apagada, e ao desatino,
Os raios derradeiros do sol desapareceram o
No deserto da vida.
clarão avermelhado da tarde vai quase vencido pelo
Relacione o excerto às características do Roman- grande vulto da noite, que se alevanta do lado de Sep-
tismo. tum. Nesse chão tenebroso do oriente a tua imagem
serena e luminosa surge a meus olhos, ó Hermengar-
51. da, semelhante à aparição do anjo da esperança nas
A obra mais conhecida de Júlio Dinis é: trevas do condenado.
E essa imagem é pura e sorri; orna-lhe a fronte
a) O cortiço
a cora das virgens; sobe-lhe ao rosto a vermelhidão do
PV2D-07-POR-44

b) Senhora pudor; o amículo alvíssimo da inocência, flutuando-lhe


c) Amor de salvação em volta dos membros, esconde-lhe as formas divinas,
d) A pata da gazela fazendo-as, porventura, suspeitar menos belas que a
e) As pupilas do senhor reitor realidade.
121
É assim que eu te vejo em meus sonhos de noi- rudimentar, sem moral, sem educação... vivendo no
tes de atroz saudade: mas, em sonhos ou desenhada meio da mais completa liberdade de costumes, sem
no vapor do crepúsculo, tu não és para mim mais do a coação da opinião pública, sem a disciplina duma
que uma imagem celestial; uma recordação indecifrá- autoridade espiritual fortemente constituída... sem
vel; um consolo e ao mesmo tempo um martírio. estímulo e sem apoio... devia cair na regra geral dos
Não eras tu emanação e reflexo do céu? Por seus colegas de sacerdócio, sob a influência enervante
que não ousaste, pois, volver os olhos para o fundo e corruptora do isolamento, e entregara-se ao vício e à
abismo do meu amor? Verias que esse amor do poeta depravação, perdendo o senso moral e rebaixando-se
é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, ao nível dos indivíduos que fora chamado a dirigir.
como o ideal, que ele compreende; eterno, como o seu Esquecera o seu caráter sacerdotal, a sua mis-
nome, que nunca perece. são e a reputação do seu nome, para mergulhar-se
Hermengarda, Hermengarda, eu amava-te nas ardentes sensualidades dum amor físico, porque
muito! Adorava-te só no santuário do meu coração, a formosa Clarinha não podia oferecer-lhe outros atra-
enquanto precisava de ajoelhar ante os altares para tivos além dos seus frescos lábios vermelhos, tentação
orar ao Senhor. Qual era o melhor dos dois templos? demoníaca, das suas formas esculturais, assombro
Foi depois que o teu desabou, que eu me acolhi dos sertões de Guaranatuba.
ao outro para sempre. Sousa, Inglês de. O missionário.
Por que vens, pois, pedir-me adoração quando São Paulo: Ática, 1987, p. 198.
entre mim e ti está a Cruz ensangüentada do Calvá-
rio; quando a mão inexorável do sacerdócio soldou a 59.
cadeia da minha vida às lájeas frias da igreja; quando A visão que o amante tem de sua amada constitui um
o primeiro passo além do limiar desta será a perdição dos temas eternos da Literatura. Uma leitura compara-
eterna? tiva dos dois fragmentos apresentados, que exploram
Mas, ai de mim! essa imagem que parece sorrir- tal tema, nos revela dois perfis bastante distintos de
me nas solidões do espaço está estampada unicamen- mulher. Considerando esta informação:
te na minha alma e reflete-se no céu do oriente através a) aponte a diferença que há entre Hermengarda e
destes olhos perturbados pela febre da loucura, que Clarinha, no que diz respeito ao predomínio dos
lhes queimou as lágrimas.
traços físicos sobre os espirituais, ou vice-versa,
Herculano, Alexandre. Eurico, o presbítero. segundo as visões de seus respectivos amantes;
Edição crítica, dirigida e p. 42-43. b) justifique as diferenças com base nos fundamen-
tos do estilo de época em que se enquadra cada
O Missionário romance.
Entregara-se, corpo e alma, à sedução da linda
60.
rapariga que lhe ocupara o coração. A sua natureza
ardente e apaixonada, extremamente sensual, mal Em cada fragmento apresentado, encontramos o pro-
contida até então pela disciplina do Seminário e pelo tagonista envolvido por fortes sentimentos de amor e
ascetismo que lhe dera a crença na sua predestinação, de fé religiosa. Com base nesta observação:
quisera saciar-se do gozo por muito tempo desejado, a) descreva o que há de comum nas reações dos dois
e sempre impedido. Não seria filho de Pedro Ribeiro religiosos ao viverem tais sentimentos;
de Morais, o devasso fazendeiro do Igarapé-mirim, b) explique as razões pelas quais, no quinto parágrafo
se o seu cérebro não fosse dominado por instintos do texto de Herculano, a personagem se refere a
egoísticos, que a privação de prazeres açulava e que dois templos.
uma educação superficial não soubera subjugar. E
como os senhores padres do Seminário haviam pre- 61.
tendido destruir ou, ao menos, regular e conter a ação A leitura dos dois textos detecta a presença de certos
determinante da hereditariedade psicofisiológica sobre recursos estilísticos, como por exemplo o da anáfora,
o cérebro do seminarista? Dando-lhe uma grande que consiste na repetição de um mesmo vocábulo ou
cultura de espírito, mas sob um ponto de vista aca- locução no início de duas ou mais orações ou frases
nhado e restrito, que lhe excitara o instinto da própria seguidas. Releia ambos os textos e, a seguir:
conservação, o interesse individual, pondo-lhe diante a) apresente um exemplo, extraído de qualquer
dos olhos, como supremo bem, a salvação da alma, e dos dois textos, em que se revele o recurso da
como meio único, o cuidado dessa mesma salvação. anáfora;
Que acontecera? No momento dado, impotente o freio b) aponte o efeito expressivo mais relevante, patente
moral para conter a rebelião dos apetites, o instinto nesse exemplo, do emprego da anáfora.
mais forte, o menos nobre, assenhoreara-se daquele
temperamento de matuto, disfarçado em padre de S. 62.
Sulpício. Em outras circunstâncias, colocado em meio Não pertence à bibliografia de Alexandre Herculano:
diverso, talvez que padre Antônio de Morais viesse a a) O Monge de Cister.
ser um santo, no sentido puramente católico da pala-
b) O Bobo.
vra, talvez que viesse a realizar a aspiração da sua
mocidade, deslumbrado o mundo com o fulgor das c) Lendas e Narrativas.
suas virtudes ascéticas e dos seus sacrifícios inauditos. d) Histórias de Portugal.
Mas nos sertões do Amazonas, numa sociedade quase e) Viagens na Minha Terra.
122
c) Almeida Garrett
Texto para as questões 63 e 64. d) Camilo Castelo Branco
e) Júlio Dinis
Simão, meu esposo. Sei tudo... Está conosco a morte.
Olha que te escrevo sem lágrimas. A minha agonia 67. UFPI
começou há sete meses. Deus é bom, que me poupou Assinale a alternativa que não se relaciona com as
ao crime. Ouvi a notícia da tua próxima morte, e então personagens de Amor de perdição.
compreendi por que estou morrendo hora a hora. Aqui
a) Personagens ricas e pobres convivem lado a
está o nosso fim, Simão!... Olha as nossas esperanças!
lado.
Quando tu me dizias os teus sonhos de felicidade,
e eu te dizia os meus!... Que mal fariam a Deus os b) As ações das personagens são marcadas pela
nossos inocentes desejos?!... Por que não merecemos contenção dos sentimentos e emoções.
nós o que tanta gente tem? ... Assim acabaria tudo, c) Simão é caracterizado através de atributos anta-
Simão? Não posso crê-lo! A eternidade apresenta- gônicos.
se-me tenebrosa, porque a esperança era a luz que d) Teresa representa a mulher burguesa subjugada
me guiava de ti para a fé. Mas não pode findar assim pela prepotência dos pais.
o nosso destino. Vê se podes segurar o último fio da e) Mariana é a imagem da mulher do povo: franca,
tua vida a uma esperança qualquer. Ver-nos-emos rude e generosa.
num outro mundo, Simão? Terei eu merecido a Deus
contemplar-te? Eu rezo, suplico, mas desfaleço na fé 68. Unifesp
quando me lembram as últimas agonias do teu martírio. Em 2004, Ronald Golias e Hebe Camargo protagoniza-
As minhas são suaves, quase que as não sinto. Não ram na TV uma versão humorística da obra Romeu e
deve custar a morte a quem tiver o coração tranqüilo. Julieta, de William Shakespeare. Na história do poeta
O pior é a saudade, saudade daquelas esperanças e dramaturgo inglês, Romeu e Julieta são dois jovens
que tu achavas no meu coração, adivinhando as tuas. apaixonados, cujo amor é impedido de se concretizar
Não importa, se nada há além desta vida. Ao menos, pelo fato de pertencerem a famílias inimigas. Impos-
morrer é esquecer. sibilitados de viver o amor, morrem ambos.

Na literatura romântica, as personagens que vivem


63. história semelhante à das personagens de Shakes-
Quais são os pontos românticos do texto? peare são:
a) Joaninha e Carlos, em Viagens na minha terra, de
64. Almeida Garrett.
Quem é a personagem que redige o texto anterior? b) Iracema e Martim, em Iracema, de José de Alen-
Como seu teor prenuncia o fim dado a esta persona- car.
gem no romance? c) Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, em Amor
de perdição, de Camilo Castelo Branco.
65. Unicamp-SP
d) Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça, em Memó-
Leia com atenção o trecho abaixo, extraído do último
rias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio
capítulo de Amor de perdição, de Camilo Castelo de Almeida.
Branco.
e) Eurico e Hermengarda, em Eurico, o presbítero,
Viram-na, um momento, bracejar, não para resis-
de Alexandre Herculano.
tir à morte, mas para abraçar-se ao cadáver de Simão,
que uma onda lhe atirou aos braços. O comandante 69. Mackenzie-SP
olhou para o sítio donde Mariana se atirara, e viu, en-
É uma característica da obra de Camilo Castelo
leado no cordame, o avental, e à flor da água, um rolo
Branco:
de papéis, que os marujos recolheram na lancha.
a) a influência rica, em sua poesia, de símbolos,
a) Que relação há, em Amor de perdição, entre as
imagens alegóricas e construções.
personagens Simão e Mariana?
b) a oscilação entre o lirismo e o sarcasmo, deixando
b) No trecho citado, o narrador menciona um “rolo de páginas de autêntica dramaticidade, vibrando com
papéis”. Que papéis são esses? personagens que comumente intervêm no enredo,
c) Considerando as respostas dadas aos itens a e b, tecendo comentários piedosos, indignados ou
analise a função desempenhada pela personagem sarcásticos.
Mariana na estrutura do romance. c) a busca de uma forma adequada para conter o
sentimentalismo do passado e das formas român-
66. Fuvest-SP ticas.
Autor de novelas satíricas, escreveu também novelas d) o fato de deixar ao mundo um alerta sobre o mal-
passionais cujas personagens se entregam aos ex- estar trazido pela civilização moderna e industria-
tremos do amor e que, por isso mesmo, são levadas lizada.
PV2D-07-POR-44

à destruição. e) o apego ao conto como principal realização literá-


a) Eça de Queirós ria, através do qual se tornou um dos autores mais
b) Alexandre Herculano respeitados na literatura portuguesa.

123
70. Fuvest-SP resa, se é possível assim pensá-lo. Vê-la-ia porventura
a) Situe Camilo Castelo Branco no tempo e no es- como um anjo redimido em serena contemplação do
paço. seu criador; e veria Mariana como o símbolo da tortura,
morrer a pedaços, sem instantes de amor remunerado
b) Qual o desfecho característico de suas novelas
que lhe dessem a glória do martírio. Uma, morrendo
passionais?
amada; outra, agonizando, sem ter ouvido a palavra
71. “amor” dos lábios que escassamente balbuciavam frias
palavras de gratidão.
Assinale a alternativa correta sobre a obra Amor de
E chorou então aquele homem de ferro. Chorou
perdição.
lágrimas que valiam bem as amarguras de Mariana.
a) Mariana é passional porque não pode cumprir
tarefas contra si própria. Identificada a obra de que se extraiu o trecho acima,
b) Simão é o tipo do fidalgo que explora Mariana para informe como terminavam nessa história as persona-
conseguir encontrar-se com Baltasar Coutinho. gens Mariana e Teresa.
c) Baltasar Coutinho sabe da chegada de Simão e o
espera de tocaia. 74. Unicamp-SP
d) João da Cruz é o homem do povo que se comporta a) Quem é a chamada “brasileira de prazins”?
como vassalo voluntário e fiel do herói do roman- b) Qual a relação entre Marta e José Dias quando
ce. ela se confessa ao missionário?
e) Teresa não deseja ver Simão por perto, porque c) Padre Osório e Frei João, o missionário confessor,
deseja ganhar tempo e se decidir entre Simão e tinham explicações diferentes para o fato de Marta
Baltasar. ter um “espírito dementado”. Quais são elas e o
que indicam sobre o pensamento da época?
72.
Simão, meu esposo. Sei tudo... Está conosco a morte. Texto para as questões de 75 a 77.
Olha que te escrevo sem lágrimas. A minha agonia
começou há sete meses. Deus é bom, que me poupou Mariana, durante a veloz caminhada, foi repe-
ao crime. Ouvi a notícia da tua próxima morte, e então tindo o recado da fidalga: e, se alguma vez se distraía
compreendi por que estou morrendo hora a hora. Aqui deste exercício de memória, era para pensar nas
está o nosso fim, Simão... feições da amada do seu hóspede, e dizer, como em
segredo, ao seu coração: “Não lhe bastava ser fidalga
Neste romance, espécie de Romeu e Julieta português, e rica: é, além de tudo, linda como nunca vi outra!”
Simão Botelho apaixonou-se por Teresa de Albuquer- E o coração de pobre moça, avergando1 ao que a
que, sua vizinha. Os jovens são filhos de famílias consciência lhe ia dizendo, chorava.
fidalgas e inimigas. A paixão aumenta e a obra culmina Simão, de uma fresta do postigo2 do seu quarto,
com a morte dos apaixonados. Trata-se de: espreitava ao longo do caminho, ou escutava a estro-
a) O Cortiço – Álvares de Azevedo – romance de peada3 da cavalgadura.
tese. Ao descobrir Mariana, desceu ao quinteiro 4
b) Amor de perdição – Camilo Castelo Branco – ro- desprezando cautelas e esquecido já do ferimento,
mance satírico. cuja crise de perigo piorava naquele dia, que era o
c) Amor de perdição – Camilo Castelo Branco – no- oitavo depois do tiro.
vela passional. A filha do ferrador 5 deu o recado, e sem alte-
d) Senhora – Júlio Dinis – romance social. ração de palavra. Simão escutara-a placidamente até
e) Senhora – José de Alencar – romance de tese. ao ponto em que lhe ela disse que o primo Baltasar a
acompanhava ao Porto.
— O primo Baltasar!... murmurou ele com um
73. sorriso sinistro. – Sempre este primo Baltasar cavando
Tão desassombrado ia o espírito de Simão, que a sua sepultura e a minha!...
algumas vezes lhe esvoaçou dos lábios um sorriso, — A sua, fidalgo! — exclamou João da Cruz.
desafiado pela filosofia do povo, acerca da forca. — Morra ele, que o levem trinta milhões de diabos!
Recolhido ao seu quarto, foi intimado para apelar Mas vossa senhoria há de viver enquanto eu for João.
dentro do prazo legal. Respondeu que não apelava, Deixe-a ir para o Porto, que não tem perigo no conven-
que estava contente da sua sorte, e de boas avenças to. De hora a hora Deus melhora. O senhor doutor vai
com a justiça. para Coimbra, está por lá algum tempo, e às duas por
Perguntou por Mariana, e o carcereiro lhe disse três, quando o velho mal se precatar 6, a fidalguinha
que a mandava chamar. Veio João da Cruz, e a chorar engrampa-o7 e é sua tão certo como esta luz que nos
se lastimou de perder a filha, porque a via delirante a alumia.
falar em forca, e a pedir que a matassem primeiro. Agu- — Eu hei de vê-la antes de partir para Coimbra
díssima foi então a dor do acadêmico ao compreender, — disse Simão.
como se instantaneamente lhe fulgurasse a verdade,
— Olhe que ela recomendou-me muito que não
que Mariana o amava até o extremo de morrer. Por
fosse lá — acudiu Mariana.
momento, se lhe esvaiu do coração a imagem de Te-
124
Vocabulário: e) A reiteração das rimas em i, mais a repetição da
1 inclinando-se, obedecendo. figura das selvas ajudam a criar, nesse contexto,
2 pequena porta, portinhola. o efeito de uma fala marcada pelo ritmo solene.
3 estrondo, estrépito, tropel.
4 pequeno quintal ou horta próxima da casa. 80. UEL-PR
5 aquele que ferra as cavalgaduras. A questão refere-se ao poema a seguir:
6 prevenir.
Leito de folhas verdes
7 engana-o.
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
75. À voz do meu amor moves teus passos?
Indique o nome da obra e o autor. Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
76.
Aponte os dois triângulos amorosos dessa obra.
Eu sob a copa da mangueira altiva
77. Nosso leito gentil cobri zelosa
Explique a razão da revolta de Simão ao ouvir o nome Com mimoso tapiz de folhas brandas,
de Baltasar. Onde o frouxo luar brinca entre flores.
78. Unifesp
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Este inferno de amar Já solta o bogari mais doce aroma!
Este inferno de amar – como eu amo! Como prece de amor, como estas preces,
Quem mo pôs aqui n’alma... quem foi? No silêncio da noite o bosque exala.
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida – e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear, Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Quando – ai quando se há-de ela apagar? Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Nos versos de Garrett, predomina a função:
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
a) metalingüística da linguagem, com extrema valo-
rização da subjetividade no jogo entre o espiritual
e o profano. A flor que desabrocha ao romper d’alva
b) apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo Um só giro do sol, não mais, vegeta:
qual o poeta transmite uma forma idealizada de Eu sou aquela flor que espera ainda
amor. Doce raio do sol que me dê vida.
c) referencial da linguagem, privilegiando-se a ex-
pressão de forma racional. Sejam vales ou montes, lagos ou terra,
d) emotiva da linguagem, marcada pela não contenção
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
dos sentimentos, dando vazão ao subjetivismo.
Vai seguindo após ti meu pensamento;
e) fática da linguagem, utilizada para expressar as
idéias de forma evasiva, como sugestões. Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

79. Mackenzie-SP Meus olhos outros olhos nunca viram,


Meu canto de morte, Não sentiram meus lábios outros lábios,
Guerreiros, ouvi: Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
Sou filho das selvas,
A arazóia na cinta me apertam.
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Gonçalves Dias Já solta o bogari mais doce aroma;
Aponte a alternativa incorreta sobre o texto citado. Também meu coração, como estas flores,
a) Todos os versos em redondilha menor recriam, por Melhor perfume ao pé da noite exala!
meio do ritmo, o canto de guerra.
b) Ao interlocutor é dado um tratamento respeitoso, Não me escutas, Jatir! Nem tardo acodes
não só pelo vocativo guerreiros, mas também por À voz do meu amor, que em vão te chama!
vós, sujeito implícito na forma verbal ouvi.
Tupã! Lá rompe o sol! Do leito inútil
c) O primeiro verso, constituindo o objeto direto de
ouvi, tem a sua definição detalhada nos versos 3, A brisa da manhã sacuda as folhas!
PV2D-07-POR-44

DIAS, Antônio G. Poesias completas. Rio de Janeiro: Saraiva, 1957.


4, 5 e 6.
pp. 505 – 506
d) Trata-se de um grito heróico do eu, sem relação
Sobre o poema anterior, considere as afirmativas a
com o outro, o que está expresso nos verbos, todos
em primeira pessoa do singular. seguir.
125
I. As marcas românticas do poema ficam evidentes A meiguice, a leveza, a ingenuidade e nostalgia carac-
na exaltação da atitude heróica do índio, sempre terizam esta Canção do exílio de:
disposto a partir para as batalhas grandiosas, a) Gonçalves Dias.
ainda que tenha que ficar longe da amada.
b) Casimiro de Abreu.
II. Apresenta traços em comum com as cantigas de
c) Álvares de Azevedo.
amigo trovadorescas, a saber: o sujeito lírico é
feminino e canta a ausência do amado, que está d) Fagundes Varela.
distante. e) Castro Alves.
III. Em todo o poema a transformação da natureza
revela a passagem das horas, marcando com Texto para as questões 83 e 84.
isso a angústia do sujeito lírico pela espera de seu
amado, a exemplo do que ocorre com os versos Canção do Exílio
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco” e “Do Minha terra tem palmeiras,
tamarindo a flor jaz entreaberta”. Onde canta o Sabiá;
IV. É possível observar, no poema, a ocorrência de As aves, que aqui gorjeiam,
momentos marcados pela ilusão da chegada do Não gorjeiam como lá.
amado, como em “Eu sob a copa da mangueira
altiva/ Nosso leito gentil cobre zelosa”; e, por fim, Nosso céu tem mais estrelas,
um momento de clara desilusão: “Tupã! Lá rompe Nossas várzeas têm mais flores,
o sol! Do leito inútil / A brisa da manhã sacuda as Nossos bosques têm mais vida,
folhas!”. Nossa vida mais amores.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II. Em cismar, sozinho, à noite,
b) I e III. Mais prazer encontro eu lá;
c) II e IV. Minha terra tem palmeiras,
d) I, III e IV Onde canta o Sabiá.
e) II, III e IV
Minha terra tem primores,
81. PUCCamp–SP Que tais não encontro eu cá;
Cantor das selvas, entre bravas matas Em cismar – sozinho, à noite –
Áspero tronco da palmeira escolho. Mais prazer encontro eu lá;
Unido a ele soltarei meu canto, Minha terra tem palmeiras,
Enquanto o vento nos palmares zune, Onde canta o Sabiá.
Rugindo os longos, encontrados leques.
Não permita Deus que eu morra,
Os versos acima, de Os timbiras, de Gonçalves Dias, Sem que eu volte para lá;
apresentam características da primeira geração
Sem que eu desfrute os primores
romântica:
Que não encontro por cá;
a) apego ao equilíbrio na forma de expressão; pre- Sem qu’inda aviste as palmeiras,
sença do nacionalismo, pela temática indianista e
Onde canta o Sabiá.
pela valorização da natureza brasileira.
b) resistência aos exageros sentimentais e à forma
83. PUC-RS
de expressão subordinada às emoções; visão
da poesia a serviço de causas sociais, como a Para responder à questão, analisar as afirmativas que
escravidão. se seguem, sobre o texto.
c) expressão preocupada com o senso da medida; “mal I. Através do texto, o poeta realiza uma viagem
do século”; natureza como amiga e confidente. introspectiva a sua terra natal – idéia reforçada
d) transbordamento na forma de expressão; valo- pelo emprego do verbo “cismar”.
rização do índio como típico homem nacional; II. A exaltação à pátria perdida se dá pela referência
apresentação da natureza como refúgio dos males a elementos culturais.
do coração.
III. “Cá” e “lá” expressam o local do exílio e o Brasil,
e) expressão a serviço da manifestação dos estados
respectivamente.
de espírito mais exagerados; sentimento profundo
da solidão. IV. O pessimismo do poeta, característica determinan-
te do Romantismo, expressa-se pela saudade da
82. PUC-RS sua terra.
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão
Meu Deus! não seja já; corretas:
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, a) a I e a II, apenas.
Cantar o sabiá!
b) a I e a III, apenas.
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar; c) a II e a IV, apenas.
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo d) a III e a IV, apenas.
Os gozos do meu lar! e) a I, a II, a III e a IV.
126
84. PUC-RS 88. PUC-RS
O poema em questão foi revisto pelos ________, por Já de morte o palor me cobre o rosto
meio de releituras que ________ sua forma e sua Nos lábios meus o alento desfalece.
concepção ________ de nação. Surda agonia o coração fenece
a) parnasianos – refutam – romântica E devora meu ser mortal desgosto!
b) simbolistas – enaltecem – idealista Do leito embalde no macio encosto
c) modernistas – satirizam – idealista Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
d) simbolistas – reforçam – crítica
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
e) modernistas – exaltam – impressionista
A relação mórbida com a morte demonstra que parte
85. UFPE
da poesia de Álvares de Azevedo prende-se ao:
A respeito de I-Juca Pirama, o belo poema de Gonçal-
ves Dias, podemos afirmar que: a) idealismo amoroso.
a) se trata de um poema lírico, em que não se per- b) saudosismo inconformado.
cebem momentos de intensa dramaticidade. c) misticismo religioso.
b) não há multiplicidade de ritmos e metros, caracte- d) negativismo filosófico.
rizando sua monotonia formal. e) mal do século.
c) se trata de um poema intensamente autobiográ-
fico. 89. Vunesp
d) desenvolve o forte amor platônico de Lindóia. Leia atentamente os versos seguintes:
e) se trata de um poema épico, onde o indianismo é Eu deixo a vida como deixa o tédio
exaltado. Do deserto o poento caminheiro
— Como as horas de um longo pesadelo
86. Mackenzie-SP Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Assinale a alternativa incorreta a respeito de Fagun-
des Varela. Esses versos de Álvares de Azevedo significam a:
a) É um poeta de transição entre a segunda e a a) revolta diante da morte.
terceira geração romântica. b) aceitação da vida como um longo pesadelo.
b) Cantos meridionais são poesias de cunho lírico, c) aceitação da morte como a solução.
associados aos panoramas tropicais.
d) tristeza pelas condições de vida.
c) Cântico do calvário é uma elegia escrita em me-
mória do filho. e) alegria pela vida longa que teve.
d) A religiosidade é um tema presente em parte de
90. UFPE
sua obra.
e) É na poesia indianista que atinge o ponto mais Utilize os códigos:
elevado de sua produção poética. a) se apenas a informação I for correta;
b) se apenas a II for correta;
87. Unicamp-SP c) se apenas a I e a II forem corretas;
Casimiro de Abreu é um poeta romântico e Cacaso é d) se apenas a II e a III forem corretas;
um poeta contemporâneo. “E com vocês a Moderni- e) se todas estiverem corretas.
dade”, de Cacaso, remete-nos ao poema “Meus oito
anos”, de Casimiro de Abreu. Leia, com atenção, os No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudan-
dois textos a seguir transcritos e, aproximando seus tes, quase todos falecidos na segunda adolescência,
elementos comuns e distinguindo os elementos di- membros de rodas boêmias, dilacerados entre um
vergentes, explique como o poema contemporâneo erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que
dialoga com a tradição romântica. dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os
fracassos profissionais e os rasgos da instabilidade,
Oh! que saudades que tenho
confirmando a índole desajustada desses “poetas da
Da aurora da minha vida,
dúvida”, a que faltam por completo a afirmatividade
Da minha infância querida,
dos românticos indianistas e a combatividade dos
Que os anos não trazem mais!
condoreiros…(José Guilherme Merquior)
Que amor, que sonhos, que flores I. O autor faz referência ao “mal do século”.
Naquelas tardes fagueiras II. Os ultra-românticos formam a segunda geração
À sombra das bananeiras da poesia romântica no Brasil.
Debaixo dos laranjais!
III. Os poetas indianistas representam a primeira ge-
Casimiro de Abreu, Meus oito anos.
ração romântica e a terceira é representada pelos
Meu verso é profundamente romântico. condoreiros.
Choram cavaquinhos luares se derramam e vai
por aí a longa sombra de rumores e ciganos. 91. FESP
As poesias de Álvares de Azevedo desenvolvem
PV2D-07-POR-44

Ai que saudade que tenho de meus negros verdes atmosferas variadas que vão do lirismo mais ingênuo
anos! ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria,
Cacaso, E com vocês a Modernidade, sensualidade, tédio e humor. Essas características
poema de Beijo na boca, 1975. demonstram:
127
a) carga de brasilidade do seu autor. d) ternura sonhadora.
b) a preocupação do autor com os destinos do e) timidez amorosa.
país.
c) os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos 95.
versos desse autor. Leia o seguinte excerto do poema, O conde Lopo de
d) o ultra-romantismo, marcante nesse autor. Álvares de Azevedo. A seguir, assinale a alternativa
e) o aspecto social de seus versos. incorreta.

92. UFU-MG Frouxo o verso talvez, pálida a rima


Por estes meus delírios cambeteia.
Sobre o movimento romântico brasileiro, é incorreto
Porém odeio o pó que deixa a lima.
afirmar que:
E o entendioso emendar que gela a veia!
a) Gonçalves Dias foi um dos fundadores da revista Quanto a mim é o fogo quem me anima
Guanabara, que, juntamente com Niterói, teve De uma estância o calor: quando formei-a
papel importante na divulgação e consolidação das Se a estátua não saiu como pretendo
primeiras manifestações românticas no Brasil. Quebro-a – mas nunca seu metal emendo.
b) em termos de história da literatura brasileira, poe- a) Nesse trecho o poeta defende uma “poética do
mas como Os timbiras e romances como Iracema desleixo”, típica do Romantismo.
são obras pioneiras quanto ao fato de abordarem b) O autor defende a liberdade, que a figura do gênio,
o índio como figura temática. animado pelo “furor poético”, instaura na poesia
c) As sextilhas de frei Antão, de Gonçalves Dias, romântica.
retomam a temática medieval, inserindo-se numa c) A forma só terá importância na medida em que não
das vertentes do movimento romântico. signifique artificialismo frio e racional.
d) em relação ao Arcadismo, a produção poética d) Álvares de Azevedo prefere a liberdade na
romântica é marcada por maior liberdade rítmica, apresentação de uma realidade disforme à falsa
como se nota em I-Juca Pirama, de Gonçalves perfeição encoberta por artifícios mecânicos.
Dias.
e) o gênero épico, anteriormente trabalhado por Ba- 96. Ceeteps-SP
sílio da Gama e Santa Rita Durão, sobrevive no O indianismo dos românticos [...] denota tendência
Romantismo fortemente associado ao sentimento para particularizar os grandes temas, as grandes atitu-
nacionalista. des de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-os
na realidade local, tratando-os como próprios de uma
93. tradição brasileira.
Antonio Candido. Formação da Literatura Brasileira.
Meus oito anos
Oh! Souvenirs! Printemps! Aurores! Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o
V. Hugo indianismo, na literatura romântica brasileira:
Oh! que saudades que tenho a) procurou ser uma cópia dos modelos europeus.
Da aurora da minha vida, b) adaptou a realidade brasileira aos modelos euro-
Da minha infância querida peus.
Que os anos não trazem mais! c) ignorou a literatura ocidental para valorizar a tra-
Que amor, que sonhos, que flores, dição brasileira.
Naquelas tardes fagueiras d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à
À sombra das bananeiras, literatura ocidental.
Debaixo dos laranjais! e) procurou adaptar os modelos europeus à realidade
Casimiro de Abreu local.
Dado o texto, responda às questões abaixo.
a) A que tipo de evasão o poeta se refere? 97. UERJ
b) Cite outras formas de evasão romântica. A lagartixa
A lagartixa ao sol ardente vive
94. PUC-RS E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Sou como a pomba e como as vozes dela
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
É triste o meu cantar;
— Flor dos trópicos – cá na Europa fria
Amo-te como o vinho e como o sono,
Eu definho chorando noite e dia
Tu és meu copo e amoroso leito...
Saudades do meu lar.
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.
A estrofe acima salienta uma das linhas da reduzida
temática da poesia de Casimiro de Abreu que é a:
Posso agora viver: para coroas
a) vida familiar. Não preciso no prado colher flores;
b) paisagem nativa. EngrinaIdo melhor a minha fronte
c) saudade da pátria. Nas rosas mais gentis de teus amores.
128
Vale todo um harém a minha bela, As dores
Em fazer-me ditoso ela capricha... De amores
Vivo ao sol de seus olhos namorados, Que louco
Como ao sol de verão a lagartixa. Senti!
Quem dera
AZEVEDO. Álvares de. Poesias completas (ed. crítica de Péricles Eu- Que sintas
gênio da Silva Ramos/ org. lumna Maria Simon). Campinas: Unicamp. – Não negues,
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002.
Não mintas...
Eu vi!
A poética da segunda geração romântica é freqüen-
temente associada ao melancólico, ao sombrio, ao a) Qual a métrica utilizada?
fúnebre; a lírica amorosa, por sua vez, costuma ser b) Relacione tal escolha com a rigidez formal do
caracterizada como lamentação de amores perdidos Arcadismo, escola anterior ao Romantismo.
ou frustrados.
Relacione essas duas afirmativas ao texto, no que se 100. ESPM-SP
refere à seleção vocabular relativa aos amantes e a Dos versos abaixo, de Álvares de Azevedo, assinale
seu tratamento poético. o exemplo que foge aos padrões românticos, sobre-
tudo ao que é comumente atribuído à 2ª geração
98. UFU-MG byroniana:
Inspirado pelo ultra-romantismo, Gilberto Mendonça a) “Se eu morresse amanhã, viria ao menos / Fechar
Teles escreveu: meus olhos minha triste irmã; / Minha mãe de
Vejam também minha linguagem saudade morreria /Se eu morresse amanhã.”
Cheia de mins, de meus e de somos. b) “É ela! é ela! — murmurei tremendo, / E o eco ao
Vejam e me digam se eu não sou mesmo longe murmurou ‘é ela!...’ / Eu a vi…minha fada
Um sujeito romântico que contraiu o mal do século. aérea e pura, / A minha lavadeira na janela!”
Todas as alternativas abaixo caracterizam o poeta c) “Parece-me que vou perdendo o gosto, / Vou fi-
romântico, vitimado pelo “mal do século”, exceto: cando blasé, passeio os dias / Pelo meu corredor,
a) Assume uma postura inconformista e uma inadap- sem companheiro, / Sem ler, sem poetar. Vivo
tação ao mundo burguês. fumando.”
b) Prefere viver harmoniosamente e medianamente, d) “Eu deixo a vida como deixa o tédio / Do deserto,
sem cometer excessos. o poento caminheiro / — Como as horas de um
c) Oculta-se no mundo passando a ser ele mesmo o longo pesadelo / Que se desfaz ao dobre de um
seu mundo. sineiro.”
d) Opta pela fantasia ao invés da realidade. e) “Descansem o meu leito solitário / Na floresta dos ho-
e) Prega a liberdade de manifestação e subjetividade mens esquecida, / À sombra de uma cruz, e escrevam
da emoção. nela: / —Foi poeta — sonhou — e amou na vida.”

101. Mackenzie-SP
99.
Cantei o monge, porque ele é escravo, não da luz, mas
Leia a seguir um trecho de um poema de Casimiro de
do arbítrio de outro homem. Cantei o monge, porque
Abreu. A seguir, responda ao que se pede. não há ninguém que se ocupe de cantá-lo.
A valsa É por isso que cantei o monge, cantei também a
Tu, ontem morte. É ela o epílogo mais belo de sua vida: e seu
Na dança único triunfo.
Que cansa,
Voavas O autor do trecho acima é um poeta da segunda
C’o as faces geração romântica brasileira. Pelo fato de não utilizar
Em rosas freqüentemente um tipo de linguagem própria da ge-
Formosas ração em que se encaixa, oscila, muitas vezes, entre
De vivo, a tradição clássica e o pessimismo.
Lascivo Trata-se de:
Carmim; a) Castro Alves.
Na valsa b) Casimiro de abreu.
Tão falsa, c) Junqueira Freire
Corrias, d) Gonçalves de Magalhães.
Fugias, e) Gonçalves Dias.
Ardente,
Contente, 102. PUC-PR
Tranqüila, Nas horas mortas da noite
Serena, Como é doce o meditar
PV2D-07-POR-44

Sem pena Quando as estrelas cintilam


De mim! Nas ondas quietas do mar!
Quem dera Quando a lua majestosa
Que sintas Surgindo linda e formosa,
129
Como donzela vaidosa Rolai das imensidades!
Nas águas se vai mirar! Varrei os mares, tufão!...
Castro Alves
A primeira estrofe do poema Saudades, de Casimiro de Aponte a alternativa incorreta sobre o texto.
Abreu, bem demonstra a tendência do autor de: a) Os versos 3 e 4 constituem o objeto direto do verbo
a) utilizar uma linguagem rebuscada, complexa. dizer e, pela antítese, expressam o desespero do
b) refletir sobre a natureza, sem estabelecer juízos poeta.
de valor. b) O vocativo do verso 1 é retomado em toda a
c) tratar de temas comuns à subjetividade humana. estrofe, por meio de outros vocativos, no mesmo
d) extravasar sentimentos de profunda tristeza. tom de protesto grandiloqüente.
e) analisar o tema saudade, expressando exacerbada c) Ao lado de Deus, na seqüência dos vocativos,
sensualidade. estão as forças grandiosas da natureza, como o
mar, os astros, a noite, as tempestades e, num
103. desespero crescente do poeta, o tufão.
No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudan- d) Este borrão, objeto direto do verbo apagar, consti-
tes, quase todos falecidos na segunda adolescência, tui uma metáfora de algo vergonhoso que recupera
membros de rodas boêmias, dilacerados entre um e aprofunda o horror do verso 4.
erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que e) No apelo desesperado do poeta, as grandiosas for-
dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os ças da natureza não são personificadas, mas, sim,
fracassos profissionais e os rasgos de instabilidade, coisificadas nos vocativos que as representam.
confirmando a índole desajustada desses ‘poetas da
dúvida’, a que faltam por completo a afirmatividade 106. UFPA
dos românticos indianistas e a combatividade dos Castro Alves, uma das figuras que melhor interpretou
condoreiros... e expressou o lirismo do povo brasileiro, defendeu,
José Guilherme Merquior através de suas poesias, principalmente:
A partir do texto dado, responda às questões abaixo. a) as excelências da vida campestre em contraposi-
a) Qual o contraste que o crítico faz entre os poetas ção à vida urbana.
do “mal do século” e os das outras gerações ro- b) a necessidade econômica do trabalho escravo.
mânticas? c) o direito de liberdade para o negro.
b) Cite o principal autor de cada geração. d) a independência do Brasil.
e) a necessidade de domar a inspiração.
104. UFV-MG
Era um sonho dantesco... O tombadilho 107.
Que das luzernas avermelha o brilho, Tanto a poesia como a pintura apresentam, freqüen-
Em sangue a se banhar. temente, preocupação com a realidade social de seu
Tinir de ferros... estalar do açoite... tempo. Como exemplo disso, houve um poeta que
Legiões de homens negros como a noite, defendeu, em sua obra, os ideais abolicionistas e
Horrendos a dançar... republicanos. Sua poesia é chamada de “poesia con-
Castro Alves
doreira”, influenciada por Victor Hugo, e tem como
símbolo o condor dos Andes, o albatroz e a águia.
Aponte a alternativa que não se aplica ao texto:
Debret, pintor francês, também abordou a escravidão
a) O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe- em seus quadros. O pintor, em sua vinda ao Brasil no
se de figuras humanas, os escravos. século XIX, logo após a chegada da família real,
b) Sonho dantesco remete às cenas horríveis do procurou mostrar a formação do Brasil, especial-
“Inferno”, descritas na Divina Comédia, de Dante mente no sentido cultural de povo e de nação. Suas
Alighieri. telas enfatizam os indígenas e suas relações com o
c) O sonho dantesco expressa a indignação do eu- homem branco, as atividades econômicas, as insti-
lírico diante do desajuste opressor/oprimido da tuições políticas e religiosas e, por fim, a presença
sociedade brasileira do século XIX. marcante da mão-de-obra escrava.
d) A expressão sonho dantesco conota a recusa em Observe o quadro e leia a poesia a seguir, ambos sobre
admitir que o que se via era real. a escravidão no Brasil.
e) O sonho dantesco é o resultado da inadaptação
do poeta ao mundo, devido a seus conflitos exclu-
sivamente interiores.

105. Umesp
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! Por que não apagas
Co´a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! Noite! Tempestades! DEBRET, Jean Baptiste.
130
O vidente 3. O poeta vê a leitura como um instrumento de
Enfim a terra é livre! Enfim lá do Calvário libertação.
A águia da liberdade, no imenso itinerário, 4. A poesia de Castro Alves pertence ao Realismo,
Voa do Calpe brusco às cordilheiras grandes, e não ao Romantismo.
Das cristas do Himalaia aos píncaros dos Andes!
109.
Quebraram-se as cadeias, é livre a terra inteira, Castro Alves, assim como _______ e ______ são con-
A humanidade marcha com a Bíblia por bandeira; siderados poetas _______, embora possuam caracte-
São livres os escravos...quero empunhar a lira, rísticas bem distintas entre si, quais sejam, respectiva-
Quero que est’alma ardente com canto audaz mente: a denúncia de injustiças sociais, a valorização
[desfira, da natureza e o sentimentalismo pungente.
Quero enlaçar meu hino aos murmúrios dos a) Gonçalves Dias – Álvares de Azevedo – Român-
[ventos, ticos
As harpas das estrelas, ao mar, aos elementos! b) Alphonsus de Guimaraens – Gonçalves Dias
– Simbolistas
(...) c) Fagundes Varela – Cruz e Souza – Simbolistas
d) Álvares de Azevedo – Casimiro de Abreu – Parna-
Mas, ai! Longos gemidos de míseros cativos,
sianos
Tinidos de mil ferros, soluços convulsivos,
Vêm-me bradar nas sombras, como fatal vedeta: e) Casimiro de Abreu – Cruz e Souza – Românticos
“Que pensas, moço triste? Que sonhas tu, poeta?
110. Unama-PA
(...)
Texto 1
Indique a alternativa em que estão presentes o poeta Era um sonho dantesco... o tombadilho
e o período literário a que pertence o fragmento do Que das luzernas avermelha o brilho.
texto apresentado. Em sangue a se banhar.
a) Castro Alves – 3a geração romântica Tinir de ferros... estalar de açoite...
b) Álvares de Azevedo – 2a geração romântica Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
c) Gonçalves Dias – 1a geração romântica
Negras mulheres, suspendendo às tetas
d) Tomás Antônio Gonzaga – Arcadismo Magras crianças, cujas bocas pretas
e) Gregório de Matos – Barroco Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
108. UFPE No turbilhão de espectros arrastadas,
O Romantismo foi um movimento marcado pelo indivi- Em ânsia e mágoa vãs! [...]
dualismo e pelo egocentrismo. Com freqüência, o des- Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
tino da grandeza individual dos escritores românticos Que impudente na gávea tripudia?
era o distanciamento pessoal da vida em sociedade, Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
através da solidão voluntária. Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Considerando esse aspecto, leia o poema de Castro Auriverde pendão de minha terra,
Alves e analise as questões a seguir. Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
O livro e a América
Tu que, da liberdade após a guerra,
Oh! Bendito o que semeia
Foste hasteado dos heróis na lança
Livros, livros à mão cheia...
Antes te houvessem roto na batalha,
E manda o povo pensar...
Que servires a um povo de mortalha!...
O livro caindo n’alma
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
É germe – que faz a palma,
Extingue nesta hora o brigue imundo
É chuva – que faz o mar.
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Castro Alves
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
0. Castro Alves supera o extremo individualismo Andrada! arranca esse pendão dos ares!
dos poetas anteriores de sua geração, dando ao Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Romantismo um sentido social e revolucionário. Navio Negreiro, 1868.
1. Através do isolamento e da fuga à realidade, Castro
Alves traduz o desinteresse dos poetas românticos
pelo público leitor. Texto 2
[...]
2. Castro Alves não apenas realizou uma poesia
PV2D-07-POR-44

Sudorâncias bunduns mesclam-se intoxicantes


humanitária, participando de toda a propaganda no fartum dos suarentos corpos lisos lustrosos.
abolicionista e republicana, como celebrou a ins- Ventres empinam-se no arrojo da umbigada,
trução. as palmas batem o compasso da toada.
131
[...] d) intimista – apaixonado – impossível – distancia
Ó princesa lzabel! Patrocínio! Nabuco! e) sentimental – retórico – possível – diferencia
Visconde do Rio Branco!
Euzébio de Queiroz! 112. Fatec-SP
E o batuque batendo e a cantiga cantando Ontem plena liberdade...
lembram na noite morna a tragédia da raça! A vontade por poder...
Mãe Preta deu sangue branco a muito “Sinhô Hoje cúm’lo de maldade!
moço”... Nem são livres pra... morrer!
Publicado no livro Batuque: poemas (1939) Prende-os a mesma corrente
Embora separados pelo tempo, o poema de Bruno Férrea, lúgubre serpente
de Menezes se assemelha ao de Castro Alves, prin- Nas roscas da escravidão...
cipalmente no que se refere a um dos aspectos do
Sobre esse texto não é correto afirmar que:
Romantismo, que é o (a):
a) mostra o traço romântico do inconformismo.
a) condoreirismo, presente no tom hiperbólico e
b) dá tratamento eloqüente à linguagem para tratar
eloqüente que objetiva chamar a atenção do seu
do tema da escravidão.
interlocutor para a questão social por meio de uma
poesia de tom declamatório, mais para ser ouvida c) pode ser identificado com a poesia abolicionista
do que lida. de Castro Alves.
b) lirismo inflamado com predominância de elementos d) pelo tema que explora, classifica-se na corrente
que sugerem a sexualidade da figura feminina social da poesia romântica.
concreta, próxima, conquistada. e) traduz o pessimismo e o egocentrismo do poeta
c) poesia épica retratando a miséria humana ao romântico diante da impossibilidade de mudar o
lado de certa “morbidez byroniana” e por meio do mundo.
efeito de hipérboles, da adjetivação, da escolha
de termos grandiloqüentes, das enumerações, da 113. PUCCamp-SP
conclamação de “heróis”. Um juízo crítico que define o estilo de umas das linhas
d) problemática da poesia centrada no “eu”, individu- mestras da poesia de Castro Alves é:
alista, já que a função da linguagem predominante a) “Notemos que esse poeta sem requinte foi, do
no texto é a função emotiva ou expressiva. grupo em estudo, o mais preocupado com a ex-
perimentação métrica, revelando o senso exato da
111. PUC-RS adequação do ritmo à psicologia.”
Tirania b) “Da presença da história decorre um compromisso
1. Minha Maria é bonita, com a eloqüência: a poesia, como força históri-
Tão bonita assim não há; ca, se aproxima automaticamente do discurso,
O beija-flor quando passa incorporando a ênfase oratória à sua magia, que
Julga ver o manacá. se restringe por isso mesmo ante esta invasão
imperiosa.”
2. Minha Maria é morena, c) “Os seus momentos mais felizes estão nalgumas
Como as tardes de verão; redondilhas delicadas ou em composições de
Tem as tranças da palmeira vôo amplo, lançadas no declive da reflexão e da
Quando sopra a viração. meditação.”
d) “Quando amplia o âmbito de visão, é ainda ma-
3. Companheiros! O meu peito tizando de moderada beleza os aspectos ordina-
Era um ninho sem senhor; riamente exaltantes da paisagem. O fato de essa
Hoje tem passarinho natureza existir denota o caráter concreto de sua
P’ra cantar o seu amor. poesia, que, apesar de intensamente subjetiva, se
alia à realidade de uma paisagem despojada de
4. Trovadores da floresta! qualquer hipertrofia, em benefício da atmosfera
Não digam a ninguém, não!... tênue dos tons menores.”
Que Maria é a baunilha e) “Esta tendência para volatizar e nebulizar a pai-
Que prende meu coração. sagem completa-se por outra, de aproximá-la da
vida pelo mesmo sistema de imagens.”
5. Quando eu morrer só me enterrem
Junto às palmeiras do val, 114. FCC-SP
Para eu pensar que é Maria
O condoreirismo (“Andrada! Arranca esse pendão dos
Que geme no taquaral...
ares! Colombo! Fecha a porta de teus mares!”) e o
O tom ________ e ________ do poema de Castro byronismo (“Eu deixo a vida como deixa o tédio / Do
Alves sugere uma idéia de amor ________ – elemento deserto, o poento caminheiro”) são aspectos particula-
que o __________ dos poetas de seu tempo. res de uma mesma corrente literária – a corrente:
a) otimista – apaixonado – possível – diferencia a) barroca. d) parnasiana.
b) otimista – sensível – possível – aproxima b) arcádica. e) simbolista.
c) alegórico – sensível – impossível – aproxima c) romântica.
132
115. Mackenzie-SP d) epopéia romântica da corrente indianista.
Assinale a alternativa em que se encontra o nome de e) romantismo nacionalista, repassado da saudade
um poema, dividido em seis partes, e que, na última, que atormenta o poeta no exílio.
após referir-se com revolta à Bandeira Nacional, cla-
ma pela intervenção daqueles que o autor chama de 119. Fuvest-SP
“heróis do Novo Mundo” Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias,
a) Navio negreiro Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que,
no Brasil, a poesia romântica:
b) Círculo vicioso
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, conso-
c) Canção do exílio lidando de forma homogênea a inclinação senti-
d) Violões que choram mental e o anseio nacionalista dos escritores da
e) Congresso internacional do medo época.
b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores
116. PUC-RS e tonalidades da literatura européia: a dignidade
Sobre Castro Alves, é correto afirmar que: do homem natural, a exacerbação das paixões e
a) se ateve à temática amorosa. a crença em lutas libertárias.
b) produziu poesia de tom ingênuo. c) constituiu um painel de estilos diversificados, cada
um dos poetas criando livremente sua linguagem,
c) rejeitou a poesia engajada.
mas preocupados todos com a afirmação dos
d) retratou a realidade de forma sutil. ideais abolicionistas e republicanos.
e) produziu poesia de denúncia. d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de
alguns poetas europeus, evitando ocupar-se com
117. UniCOC-SP temas sociais e históricos, tidos como prosaicos.
Um dos mais significativos poemas da terceira geração e) cultuou sobretudo o satanismo, inspirado no poeta
romântica brasileira é Navio negreiro, de Castro Alves. inglês Byron, e a memória nostálgica das civiliza-
Nele há o tom revolucionário e libertador. ções da Antigüidade clássica, representadas por
suas ruínas.
... Auriverde pendão de minha terra
Que a brisa do Brasil beija e balança, 120. FCC-SP
Estandarte que a luz do sol encerra A palavra de Castro Alves seria, no contexto em que
E as promessas divinas da esperança... se inseriu, uma palavra aberta à realidade da nação,
Tu que, da liberdade após a guerra, indignando-se o poeta com o problema do escravo e
Foste hasteado dos heróis na lança, entusiasmando-se com o progresso e a técnica que
Antes te houvessem roto na batalha, já atingiam o meio rural. Esse último aspecto permite
Que servires a um povo de mortalha! afirmar que Castro Alves:
a) identifica-se com os poetas da segunda geração
A partir das informações dadas e do trecho anterior,
romântica no que se refere à concepção da natu-
podemos reconhecer: reza como refúgio.
a) um sentimento ufanista do poeta em relação à b) afasta-se, nesse sentido, de outros poetas, como
fortaleza do Brasil. Fagundes Varela, que consideram o campo um
b) um sentimento de derrota após uma guerra perdida. antídoto para os males da cidade.
c) um hino de amor à pátria. c) trata a natureza da mesma forma que o poeta
d) um sentimento de indignação profunda diante da árcade que o antecedeu.
escravidão vigente no Brasil. d) antecipa o comportamento do poeta parnasiano
que se entusiasma com a realidade exterior.
e) um hino de amor à bandeira brasileira.
e) idealiza a natureza da pátria, buscando preservar
118. PUC-SP a sua simplicidade e pureza, tal como Gonçalves
Dias.
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrelas tu t’escondes
Embuçado nos céus? Texto para as questões 121 e 122.
Há dois mil anos te mandei meu grito,
V
Que embalde desde então corre o infinito…
Onde estás, Senhor Deus?… Senhor Deus dos desgraçados
Essa é a primeira estrofe de um poema que é exem- Dizei-me vós, Senhor Deus!
plo de: Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
a) lirismo subjetivo, marcado pelo desespero do
Ó mar, por que não apagas
pecador arrependido.
Co’a esponja de tuas vagas
b) lirismo religioso, exprimindo o anseio da alma
PV2D-07-POR-44

De teu manto este borrão?…


humana à procura da divindade. Astros! noites! tempestades!
c) lirismo romântico do tema político-social, exprimin- Rolai das imensidades!
do o anseio do homem pela liberdade. Varrei os mares, tufão!

133
Quem são estes desgraçados c) Mocidade e morte − sete − passividade − prisão
Que não encontram em vós d) Cachoeira de Paulo Afonso − dez − caçada −
Mais que o rir calmo da turba luta
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala 124.
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa…
Adormecida
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!… Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
São os filhos do deserto, Quase aberto o roupão... solto o cabelo
Onde a terra esposa a luz. E o pé descalço do tapete rente.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus… ‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
São os guerreiros ousados Exalavam as silvas da campina...
Que com os tigres mosqueados E ao longe, num pedaço do horizonte,
Combatem na solidão.
Via-se a noite plácida e divina.
Ontem simples, fortes, bravos…
Hoje míseros escravos.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Sem luz, sem ar, sem razão…
Indiscretos entravam pela sala,
……………………………………
E de leve oscilando ao tom das auras,
Castro Alves. Navio negreiro.
Iam na face trêmulos – beijá-la.
121. Cesgranrio-RJ Era um quadro celeste!... A cada afago
As indagações na 1a e 2a estrofes indicam: Mesmo em sonhos a moça estremecia...
a) dúvida. Quando ela serenava... a flor beijava-a...
b) perplexidade. Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
c) hesitação. Dir-se-ia que naquele doce instante
d) negatividade. Brincavam duas cândidas crianças...
e) surpresa. A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
122. Cesgranrio-RJ
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
A musa a que o poeta se refere é: Mas quando a via despeitada a meio,
a) a natureza em geral. P’ra não zangá-la... sacudia alegre
b) a inspiração poética. Uma chuva de pétalas no seio...
c) a estrela.
Eu, fitando esta cena, repetia
d) a sua amada. Naquela noite lânguida e sentida:
e) a figura divina. “Ó flor! – tu és a virgem das Campinas!
“Virgem! – tu és a flor de minha vida!...”
123. UFRGS-RS
Ontem a Serra Leoa, Castro Alves. Espumas flutuantes.

A Guerra, a caça ao leão, Em relação ao texto apresentado, responda às ques-


O sono dormido à toa tões.
Sob as tendas da amplidão... a) O que está sendo descrito metaforicamente?
Hoje... o porão negro, o fundo b) Contraste tal postura do poeta com a das outras
Infecto, apertado, imundo, gerações românticas no que se refere à mulher.
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado 125. ITA-SP
Pelo arranco de um finado, Marque a opção que identifica autor, obra e escola a
E a baque de um corpo ao mar... que pertence o seguinte excerto:
Nesta estrofe de _________________, de Castro São mulheres desgraçadas
Alves, os versos de _________________ sílabas mé- Como Agar o foi também,
tricas evocam, num primeiro momento, a __________ Que sedentas, alquebradas,
_______ dos negros em sua terra natal, contrastando, De longe… bem longe vêm…
na segunda parte, com imagens que indicam os rigores Trazendo com tíbios passos,
da _________________. Filhos e algemas nos braços,
Assinale a alternativa que completa corretamente as Nalma – lágrimas e fel.
lacunas do texto acima.
a) Fagundes Varela – Vozes da América – Roman-
a) Vozes d’ África − dez − luta − partida tismo
b) Canção do exílio − sete − tranqüilidade − solidão b) Basílio da Gama – O Uraguai – Neoclassicismo

134
c) Castro Alves – Navio negreiro – Romantismo c) sentimento indianista do autor.
d) Jorge de Lima – Poemas negros – Modernismo d) preocupação em exaltar a natureza.
e) Manuel Bandeira – Cinza das horas – Modernis- e) descrição materialista e carnal do amor.
mo
129. UFPE
126. UFPR Assim como as novelas de televisão da atualidade,
Qual das informações sobre José de Alencar é cor- os romances românticos foram inicialmente editados
reta? em capítulos nos jornais, aumentando extraordina-
a) Alencar inaugurou a ficção brasileira com a publi- riamente a tiragem dos periódicos. Esses “folhetins”
cação de sua obra Cinco minutos. caíram no gosto do público burguês, e para atender a
essa demanda, os escritores precisavam satisfazer as
b) Alencar foi um romancista que soube conciliar um
expectativas e os valores ideológicos desses leitores.
romantismo exacerbado com certas reminiscên-
Nessa perspectiva, leia os trechos abaixo e analise as
cias do Arcadismo, manifestas, principalmente,
proposições que vêm a seguir.
na linguagem clássica.
c) Alencar, apesar de todo o idealismo romântico, — Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto,
conseguiu, nas obras Lucíola e Senhora, captar e porém, dê-me este breve! A menina, com efeito, entre-
denunciar certos aspectos profundos, recalcados, gou o breve ao estudante, que começou a descosê-lo
da realidade social e individual, em que podemos precipitadamente. Aquela relíquia era sua última es-
detectar um pré-realismo ainda inseguro. perança. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la
d) A obra de Alencar, objetivando atingir a História do que cede e se descose...salta uma pedra... e Augusto,
Brasil e a síntese de suas origens, volta-se exclusi- entusiasmado, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
vamente para assuntos indígenas e regionalistas, — O meu camafeu! O meu camafeu! A sra D. Ana e
sem incursões pelo romance urbano. o pai de Augusto entraram nesse instante na gruta e
e) O indianismo de José de Alencar baseou-se em encontraram o feliz e fervoroso amante de joelhos e a
dados reais e pesquisa antropológica, apresentan- dar mil beijos nos pés da linda menina, que também
do, por isso, uma imagem do índio brasileiro sem chorava de prazer.
Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha.
deformação ou idealismo.

127. — O que é isto, Aurélia? — Meu testamento. Ela


despedaçou o lacre e deu a ler a Seixas o papel. Era
Leia com atenção o trecho apresentado, retirado da
efetivamente um testamento em que ela confessava
obra Lucíola:
o imenso amor que tinha ao marido e o instituía seu
Terminei ontem este manuscrito, que lhe envio
herdeiro universal. — Essa riqueza causa-te horror?
ainda úmido de minhas lágrimas.
Pois faz-me viver, meu Fernando. É o meio de a repe-
Relendo-o, admirei como tivera coragem de
lires. Se não for bastante, eu a dissiparei.
alguma vez, no correr desta história, deixar a minha
As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acari-
pena rir e brincar, quando o meu coração estava ainda
ciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso
cheio de saudade, que sepultou-se nele para sempre.
do santo amor conjugal.
(Cap. XXI)
José de Alencar, Senhora.
Com base nesse texto, assinale a alternativa correta.
0. Os finais felizes, com a resolução dos conflitos
a) Esse trecho revela que o romance é uma aventura
que quebraram, por instantes, a harmonia da
vivida pelo próprio José de Alencar, que se oculta
ordenação social burguesa, são característicos
sob o nome de Paulo.
do gênero folhetinesco.
b) Por esse trecho, você pode perceber que a ação 1. Os folhetins, assim como as novelas, trabalham
do romance está sendo narrada ao mesmo tempo com a estratégia do suspense, interrompendo a
que vai acontecendo e que é o próprio Alencar narrativa num ponto culminante, de modo a pren-
contando um episódio de sua vida. der o leitor/telespectador até o capítulo seguinte.
c) O romancista está tão comovido ao terminar o 2. Ao submeter-se às exigências do público e dos
romance que chora ao enviá-lo a um amigo. diretores de jornais, o escritor romântico não podia
d) O narrador ouviu essa história de um amigo; agora, criticar os valores da época, criando uma arte de
terminando de escrevê-la a pedido do amigo, está evasão e alienação da realidade.
comovido e chora. 3. O gênero folhetinesco pretendia atender às neces-
e) O narrador viveu a história que contou; ele está sidades de lazer e distração do público leitor.
comovido ao terminar de escrevê-la porque atra- 4. O gênero folhetinesco pretendia formar um público
vés dela tornou-se mais presente a lembrança da exigente e crítico, capaz de mudar os rumos de
mulher que ele amou e que morreu. sua história.
128. UFES 130. PUC-SP
PV2D-07-POR-44

A leitura de Lucíola, de José de Alencar, revela a(o): Nos romances Senhora e Lucíola, José de Alencar dá
a) preferência pelo uso de regionalismos. um passo em relação à crítica dos valores da sociedade
b) visão idealizada da mulher, mesmo em seus as- burguesa, na medida em que coloca como protagonistas
pectos negativos. personagens que se deixam corromper por dinheiro.
135
Entretanto, essa crítica se dilui e ele se reafirma como o estremecimento que ambos sofreram ao mútuo
escritor romântico, nessas obras, porque: contacto (...).
a) pune os protagonistas no final, levando-os a um As senhoras não gostam da valsa, senão pelo prazer
casamento infeliz. de sentirem-se arrebatadas no turbilhão.(...) Mas é
b) justifica o conflito dos protagonistas com a socieda- justamente aí que está o perigo. Esse enlevo inocente
de pela diferença de raça: uns, índios idealizados; da dança entrega a mulher palpitante, inebriada,
outros, brasileiros com maneiras européias. às tentações do cavalheiro, delicado embora, mas
c) confirma os valores burgueses, condenando os homem, que ela sem querer está provocando com o
protagonistas à morte. casto requebro de seu talhe e traspassando com as
d) resolve a contradição entre o dinheiro e valores mo- tépidas emanações de seu corpo.
rais tornando os protagonistas ricos e poderosos. José de Alencar

e) permite aos protagonistas recuperarem sua digni- No fragmento transcrito, de Senhora:


dade pela força do amor. a) confronta-se a atitude feminina, atrevida, com a
atitude masculina, sincera e respeitosa, traço de
131. Unifesp composição que justifica a inclusão da obra entre
Machado de Assis guarda com Alencar uma relação de os romances realistas do autor.
continuidade e, ao mesmo tempo, de descontinuidade; b) o leitor é informado não só sobre a ação e as
esta última relação é chave em seu método. Para Alen- sensações das personagens, mas também “es-
car, a sociedade é uma extensão da natureza, e ambas cuta” o que pensa uma delas acerca da prática
constituem um continuum em que o que possa ocorrer da valsa.
no social contrário à natureza (entendida a natureza
c) a linguagem narrativa sofre a interferência do
como aquilo que a ideologia diz que ela é, quer dizer,
discurso dissertativo, com o qual o narrador, a
a qualidade natural dos valores, das relações e cará-
ter das pessoas, segundo o modelo vigente em certa partir de uma dada situação, tece comentários
ordem social) será sempre “injusto” e “antinatural”. acerca do comportamento retratado.
De modo que o enredo romanesco em Alencar dá os d) descreve-se um hábito da sociedade brasileira do
saltos necessários para aquela adequação, a fim de século XIX, focalizado como típico de ambientes
que a distância seja superada e o que é socialmente pouco refinados, afastados dos costumes da
bom, segundo certa ética e certa moral, o seja com a Corte.
aprovação da “verdade natural”. Isto é, Alencar não e) a referência ao prazer do arrebatamento, ao re-
sai do âmbito da ideologia, e seu texto está sempre a quebro, às tépidas emanações do corpo evidencia
autorizá-la e a escamotear suas fissuras. que o romance analisa as personagens segundo
Alfredo Bosi e outros. Machado de Assis. os princípios do Naturalismo.
De acordo com o texto, a idéia de verdade natural de
José de Alencar consiste em: 133. UFU-MG
a) usar a literatura como forma de denunciar o ver-
Considere o trecho a seguir.
dadeiro cenário social em que as pessoas vivem,
atitude própria dos escritores realistas. O conhecimento da língua indígena é o melhor critério
para a nacionalidade da literatura. Ele nos dá não só o ver-
b) mascarar a realidade, criando pela literatura um
dadeiro estilo, como as imagens poéticas dos selvagens,
cenário social que, na verdade, é contrário à natu- os modos de seu pensamento, as tendências de seu
reza ditada pela ideologia vigente, o que é próprio espírito, e até as menores particularidades de sua vida.
dos românticos. É nessa fonte que deve beber o poeta brasileiro. (...) Este
c) disseminar, de forma sutil, os valores injustos e livro é pois um ensaio ou antes mostra. Verá realizadas
antinaturais que ultrajam o sistema social, defi- nele minhas idéias a respeito da literatura nacional.
nindo, assim, os valores da literatura romântica José de Alencar, “Carta ao Dr.Jaguaribe”, da primeira edição de
condoreira. Iracema.
d) explicitar, pela literatura realista-naturalista, a
hipocrisia representada socialmente pela falta de Escolha a alternativa que não expressa a preocupação
ética e de moral. de Alencar.
e) transpor para a literatura os valores que legitimam a) “Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por
determinada ordem social, conforme a ideologia entre as vagas revoltas, e te poje nalguma enseada
vigente na sociedade, atitude própria de idealiza- amiga. Soprem para ti as brandas auras;(...)”
ção sugerida pelo autor. b) “O irmão de Iracema tem o ouvido sutil que pres-
sente a boicininga entre os rumores da mata; e o
132. Mackenzie-SP olhar do oitibó que vê melhor nas trevas.”
Aurélia pousara a mão no ombro do marido (...) co- c) “Então o chefe pitiguara entoou o canto da morte;
locou-se diante de seu cavalheiro e entregou-lhe a e foi à cabana buscar o camucim que transbordava
cintura mimosa. com as castanhas do caju.”
Era a primeira vez, e já tinham mais de seis meses d) “A ata é doce e saborosa; mas, quando a machu-
de casados; era a primeria vez que o braço de Sei- cam, azeda. Tua esposa quer que seu amor encha
xas enlaçava a cintura de Aurélia. Explica-se pois teu coração das doçuras do mel.”

136
134. UFBA ter ciúmes, é porque o considera como sua pro-
Aurélia revoltava-se contra si mesma, por cau- priedade.
sa daquele momento de fragilidade. Como é que ela 16. A personagem Aurélia é movida por sentimentos
depois de haver arrebatado à sua rival o homem a apaixonados, mas justifica suas ações através de
quem amava, e de haver desdenhado esse triunfo, por uma argumentação racional.
indigno de sua alma nobre, dava a essa rival o prazer 32. O fragmento põe às claras o materialismo de
de recear-se de suas seduções? Seixas e a religiosidade de Aurélia.
Descontente, contrariada, cogitava uma vindita
Some as proposições corretas.
desse eclipse de seu orgulho.
— O que é o ciúme? disse de repente sem olhar 135. UFPE
o marido, e com um tom incisivo.
O indianismo foi uma corrente literária que envolveu
Seixas compreendeu que aí vinha a refega e
prosa e poesia e fortificou-se após a Independência
preparou-se, chamando a si toda a calculada resig-
do Brasil. Sobre esse tema, analise as afirmações a
nação de que se costumava revestir.
seguir.
— Exige uma definição fisiológica, ou a pergunta
é apenas mote para conversa? 0. A literatura indianista cumpriu um claro projeto de
— Acredita na fisiologia do coração? Não lhe pa- fornecer aos leitores um passado histórico, quando
rece um disparate esta ciência pretensiosa que se mete possível, verdadeiro, se não, inventado.
a explicar e definir o incompreensível, aquilo que não 1. Os dois autores que mais se empenharam no proje-
entende o próprio que o sente, e que se sente, sem ter to de criação de um passado heróico foram José de
muitas vezes a consciência desse fenômeno moral? Só Alencar, na prosa, e Gonçalves Dias, na poesia.
há um fisiologista, mas esse não define, julga. É Deus, 2. Gonçalves Dias, da primeira geração de românti-
que formando sua criatura do limo da terra, como ensina cos, escreveu I - Juca Pirama, Os timbiras, Canto
a Escritura, deixou-lhe ao lado esquerdo, por amassar, do Piaga. Com eles, construiu a imagem heróica
uma porção de caos de que a tirou. Quanto ao ciúme, e idealizada do índio brasileiro.
todos nós sabemos mais ou menos a significação da 3. Indianismo não significava simplesmente tomar
palavra. O que eu desejava era saber sua opinião sobre como tema o índio; significava a construção de um
este ponto: se o ciúme é produzido pelo amor? novo conceito que, embora idealizado, expressava
— Assim pensam geralmente. menos que uma realidade racial; expressava uma
— E o senhor?
realidade ética e cultural, distinta da européia.
— Como nunca o senti, não posso ter opinião
minha. 4. José de Alencar, em seus romances, sobretudo
em Iracema e em O guarani, se encarregou de
— Pois tenho-a eu, e por experiência. O ciúme
construir o mito do herói indianista. De grande
não nasce do amor, e sim do orgulho. O que dói neste
importância para isto, foi a preocupação com a
sentimento, creia-me, não é a privação do prazer que
vertente brasileira do português, pois Alencar pro-
outrem goza, quando também nós podemos gozá-lo e
curava moldar a língua nacional aos personagens
mais. É unicamente o desgosto de ver o rival possuir indígenas que a falavam.
um bem que nos pertence ou cobiçamos, ao qual nos
julgamos com direito exclusivo, e em que não admiti- 136. Fuvest-SP
mos partilha. Há mais ardente ciúme do que o do avaro O índio, em alguns romances de José de Alencar, como
por seu ouro, do ministro por sua pasta, do ambicioso Iracema e Ubirajara, é:
por sua glória? Pode-se ter ciúme de um amigo, como a) retratado com objetividade, numa perspectiva
de um traste de estimação, ou de um animal favorito. rigorosa e científica.
Eu quando era criança tinha–o de minhas bonecas.
b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da
ALENCAR, José de. Romance urbano: Senhora. In: COUTINHO,
qual é o herói épico.
Afrânio et al. (Org.). José de Alencar: ficção completa e outros
c) pretexto episódico para a descrição da natureza.
escritos. 3. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. p. 803-804.
d) visto com o desprezo do branco preconceituoso,
que o considera inferior.
O fragmento transcrito e a leitura do romance permi- e) representado como um primitivo feroz e de maus
tem afirmar: instintos.
01. O orgulho é apresentado como um sentimento
nobre, que dignifica o ser humano. 137. UFG-GO
02. O diálogo revela não só o esforço de Aurélia para Ubirajara, de José de Alencar, é uma narrativa que
dissimular sua indignação diante do marido, como enaltece o heroísmo do índio pré-cabralino. Para atingir
também a aparente indiferença de Seixas em tal nível formativo, o protagonista está envolvido pelas
relação aos sentimentos da esposa. índias Araci e Jandira, cujo interesse é:
04. Demonstrar ciúmes do marido era inadmissível a) auxiliar Ubirajara a conseguir meios de dominar o
para Aurélia, pois isso lhe revelaria sua vulnerabi- terrível jaguar.
PV2D-07-POR-44

lidade. b) tramar formas de conquistar o coração do bravo


08. Aurélia, ao discorrer sobre o ciúme, busca uma índio protagonista.
explicação lógica para tal sentimento, ao tempo c) cumprir as regras de hospitalidade para assegurar
em que sinaliza para Seixas que, se lhe pareceu os costumes indígenas.
137
d) trabalhar em conjunto para a unificação das tribos quilômetros de calçadão que compõem o Parque.
Araguaia e Tocantins. Até a entrada da cidade, pela BR 116, será desviada
e) providenciar armas e alimentos para a longa jor- para passar em frente ao empreendimento. Só falta o
nada iniciática do jovem caçador. guerreiro branco ir visitá-lo.

138. IME-RJ Observe: “Só falta o guerreiro branco ir visitá-lo” (úl-


tima linha do texto). A intenção do jornalista, autor da
Ode a Iracema
reportagem, é:
Personagem da obra de José de Alencar inspira
parque cultural em Fortaleza. a) afirmar que a réplica de Iracema é tão perfeita que
o espírito de Martim – herói do romance de José de
A virgem dos lábios de mel banha-se para sempre na Alencar – retornará para visitar sua amada esposa
lagoa de Messejana, em Fortaleza. No romance de morta.
José de Alencar, foi lá onde Iracema, a jovem índia b) através da ironia, criticar a população que não
com os cabelos mais negros que a asa da graúna, valoriza ou até desconhece sua cultura.
permaneceu à espera de Martim, o guerreiro branco c) afirmar que o artista plástico, autor da escultura,
que a “desposou”, a engravidou do filho Moacir e partiu. ainda não a viu no parque.
Fora das páginas dos livros, Messejana é um distrito da d) sugerir que a modelo está à espera de um amor
capital cearense, a 15 quilômetros da costa, que acaba como o da personagem do romance de Alencar.
de virar destino turístico. Os atrativos são uma estátua
de Iracema com 12 metros de altura e um calçadão 139. Fuvest-SP
com dez painéis nos quais é contada a lenda da virgem. Considerando o final de O guarani, de José de Alen-
(...) o Parque Cultural Iracema pretende ser o primeiro car:
passo do Projeto Símbolos do Brasil. “Queremos a) explique sucintamente em que consiste a lenda de
criar parques culturais em todos os Estados, sempre Tamandaré, narrada por Peri nesse momento final
inspirados em um personagem regional. O próximo do romance, indicando também qual é o paralelo
talvez seja o da Iara, no Amazonas”, sugere o arquiteto dessa lenda na cultura judeu-cristã;
carioca e presidente da empresa, Leonardo Fontenele. b) exponha o que você pensa a respeito do destino
Diretor, na América Latina, da Associação Mundial das personagens Peri e Ceci: esse destino é esta-
de Entretenimento Temático, Fontenele lembra, no belecido com clareza, ou, ao contrário, apresenta
entanto, que os personagens deverão ser escolhidos alguma indefinição?
pela população local. Justifique brevemente sua resposta.
Para envolver os moradores da cidade no projeto,
a Imagic! lançou, em parceria com a TV Diário, de 140. Unicamp-SP
Fortaleza, o concurso “Iracema – a Musa do Ceará”. A moça trazia nessa ocasião um roupão de
Quem levasse o título teria seu rosto reproduzido na cetim verde cerrado à cintura por um cordão de fios
estátua da heroína. Durante cinco semanas, o auditó- de ouro. Era o mesmo da noite do casamento, e que
rio do programa Sábado Alegre, transmitido pela TV desde então ela nunca mais usara. Por uma espécie
Diário, aplaudiu algumas das 2.760 garotas inscritas. de superstição lembrara-se de vesti-lo de novo, nessa
A vencedora, a estudante de Direito Natália Nara Ra- hora na qual, a crer em seus pressentimentos, iam
mos, 21 anos, se surpreendeu com o resultado. “Ouvi decidir-se afinal o seu destino e a sua vida. (...)
dizer que teria um prêmio em dinheiro e, como eu já Ergueu-se então, e tirou da gaveta uma chave;
desfilava, resolvi participar. Não tinha idéia da imensi- atravessou a câmara nupcial (...) e abriu afoitamente
dão do projeto e agora vejo que um cheque não seria aquela porta que havia fechado onze meses antes,
nada perto de tudo o que aconteceu comigo”, conta num ímpeto de indignação e horror.
ela, que hoje apresenta dois programas na TV União, No trecho citado, extraído do capítulo final do romance
uma espécie de MTV local. A bela Natália cativou o júri Senhora, de José de Alencar, o narrador faz referência
com sua graciosidade e contou com um trunfo: seus a uma outra cena, passada no mesmo lugar, muito
cabelos escuros e a franja que usa desde pequena importante para o desenrolar do enredo.
evocam a estética indígena. a) Que personagens protagonizam as duas cenas
Para a realização do molde de seu rosto, esculpido em e qual a relação entre essas personagens no
tamanho real pelo artista plástico cearense Alexandre romance?
Rodrigues, a modelo teve de passar 12 horas em
b) O que ocorreu na primeira vez em que essas per-
estúdio. “Ainda bem que me deram comida, sorvete
sonagens se encontraram na câmara nupcial?
e tudo o que eu tinha direito. Ficou perfeita. Tem até
uma covinha igual à minha no queixo”, conta Natália, c) Como a cena descrita no trecho citado relaciona-se
que leu o clássico de José de Alencar aos 17 anos. com a outra, referida pelo narrador, no interior do
Com 12 metros de altura e 16 toneladas, a réplica de romance?
Iracema pode durar até 100 anos. Quem passa pela
141. ITA-SP
região nem se lembra de que a mesma lagoa, pouco
antes, mais parecia um esgoto a céu aberto. Para o O romance Lucíola pertence à chamada fase urbana da
futuro, estão programadas oficinas de artesanato e produção ficcional de José de Alencar. Neste livro:
cursos de capacitação de guias de turismo, além da a) o autor discute a desigualdade social no meio
construção de lojas e restaurantes ao longo dos dois urbano.

138
b) o autor mostra a prostituição como um grave pro- a) É romance urbano, enquadrando-se no grupo
blema social urbano. “perfis de mulher”.
c) não há uma típica narrativa romântica, pois o autor b) O autor faz uma crítica ao casamento por interes-
fala de prostituição, que é um tema naturalista. se.
d) não existe a presença do amor; há apenas promis- c) O livro utiliza alguns procedimentos típicos do
cuidade sexual. Romantismo, como o maniqueísmo, o quadro do
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera herói perfeito, a redenção da personagem, o final
do indivíduo, mostrando a diferença entre o ser e feliz.
o parecer. d) As personagens principais são Aurélia e Fernando
Seixas.
142. e) O romance segue a linha nacionalista romântica,
No romance Iracema, de José de Alencar, podemos de culto a valores pátrios como a natureza e a força
perceber que: política.
1. Ao contrário das personagens românticas, Iracema
145. UFBA
não é idealizada: é um retrato fiel de nossas índias
do século XIX. No geral conceito, esse único filho varão devia ser o
amparo da família, órfã de seu chefe natural. Não o
2. Ao comparar Iracema com elementos da natureza,
entendiam assim aquelas três criaturas, que se des-
José de Alencar ironiza os modelos de beleza da
viviam pelo ente querido. Seu destino resumia-se em
época.
fazê-lo feliz; não que elas pensassem isto, e fossem
3. O nacionalismo é um dos componentes mais im- capaz de o exprimir; mas faziam-no.
portantes do Romantismo brasileiro, apresentado Que um moço tão bonito e prendado como o
no livro. seu Fernandinho se vestisse no rigor da moda e com
4. Inspirado em fatos reais e valendo-se de uma a maior elegância; que em vez de ficar em casa abor-
personagem ambígua, Alencar deu à sua obra recido, procurasse os divertimentos e a convivência
uma função social e política. dos camaradas; que em suma fizesse sempre na
5. Muitos vocábulos do texto são originários do tupi- sociedade a melhor figura, era para aquelas senhoras
guarani, uma das línguas faladas pelos nossos não somente justo e natural, mas indispensável.
indígenas. [...]
Dessa vida faustosa, que ostentava na socieda-
a) apenas 1, 2 e 3 estão corretas.
de, trazia Seixas para a intimidade da família não só as
b) apenas 2, 3 e 4 estão corretas. provas materiais, mas as confidências e seduções. Era
c) apenas 3 e 5 estão corretas. então muito moço; e não pensou no perigo que havia,
d) apenas 4 e 5 estão corretas. de acordar no coração virgem das irmãs desejos, que
e) apenas 1, 4 e 5 estão corretas. podiam supliciá-las. Quando mais tarde a razão devia
adverti-lo, já o doce hábito das confidências a havia
143. Fuvest-SP adormecido.
I. “.............. o recebia cordialmente e o tratava como Felizmente D. Camila tinha dado a suas filhas
amigo; seu caráter nobre simpatizava com aquela a mesma vigorosa educação que recebera; a antiga
natureza inculta.” educação brasileira, já bem rara em nossos dias, que,
se não fazia donzelas românticas, preparava a mulher
II. “Em ..........., o índio fizera a mesma impressão que
para as sublimes abnegações que protegem a família,
lhe causava sempre a presença de um homem
e fazem da humilde casa um santuário.
daquela cor; lembrava-se de sua mãe infeliz, da
Mariquinhas, mais velha que Fernando, vira
raça de que provinha.”
escoarem-se os anos da mocidade, com serena resig-
III. “Quanto a .............., via em Peri um cão fiel que nação. Se alguém se lembrava de que o outono, que
tinha um momento prestado um serviço à família, é a estação nupcial, ia passando sem esperança de
e a quem se pagava com um naco de pão.” casamento, não era ela, mas a mãe, D. Camila, que
sentia apertar-se-lhe o coração, quando lhe notava o
Nesses excertos, registram-se as reações de três desbote da mocidade.
personagens de O guarani à presença de Peri, quan- Também Fernando algumas vezes a acompa-
do este começa a freqüentar a casa de D. Antônio de nhava nessa mágoa; mas nele breve a apagava o
Mariz. Apenas seus nomes foram omitidos. Mantida a bulício do mundo.
ordem da seqüência, essas três personagens são: Nicota, mais moça e também mais linda, ainda
a) D. Antônio; Cecília; Isabel. estava na flor da idade; mas já tocava aos vinte anos,
b) Álvaro; Isabel; Cecília. e com a vida concentrada que tinha a família, não era
c) D. Antônio; Isabel; D. Lauriana. fácil que aparecessem pretendentes à mão de uma
menina pobre e sem proteções. Por isso cresciam as
d) D. Diogo; Cecília; D. Lauriana.
inquietações e tristezas da boa mãe, ao pensar que
e) D. Diogo; Isabel; Cecília. também esta filha estaria condenada à mesquinha
PV2D-07-POR-44

sorte do aleijão social, que se chama celibato.


144.
ALENCAR, José de. Senhora. In: José de Alencar: ficção completa e
Relativamente ao livro Senhora, de José de Alencar,
outros escritos. 3. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965, v. I, pp. 684-685.
marque a informação errada.
(Biblioteca Luso-Brasileira. Série Brasileira).
139
Dentre as idéias focalizadas na obra, têm comprovação d) psicológicos, documentais e folclóricos.
no texto as proposições: e) realistas, impressionistas e românticos.
01. A narrativa apresenta censura à sociedade da
época, por não preparar devidamente a mulher 148. UFPE
para exercer o papel que lhe é reservado. As personagens femininas dominam a cena, em alguns
02. O narrador põe a nu uma visão de mundo patriar- dos romances do romântico José de Alencar e do re-
calista, no que tange aos papéis sociais atribuídos presentante máximo do realismo brasileiro, Machado
ao homem e à mulher. de Assis. Sobre tais personagens nas obras desses
04. A vida que Seixas e sua família levavam obedecia autores, assinale a alternativa correta.
às regras sociais que vigoravam na época. a) Os relatos urbanos de Machado de Assis oscilam
08. A existência de uma oposição entre a vida do lar entre a estrutura de folhetim e a percepção da
e a realidade mundana está evidenciada no frag- realidade brasileira. Com os perfis femininos
mento. (Lucíola, Diva, Senhora, A viuvinha), José de
16. Fernando Seixas é caracterizado como um ser Alencar alcança grande profundidade psicoló-
humano de caráter e de sentimentos nobres, além gica na descrição das personagens centrais.
de generoso com sua família. b) As personagens femininas de Machado de
32. O casamento aparece como um contrato em que o Assis, assim como as de José de Alencar, são
dote da mulher e o prestígio social de sua família seres extraordinários, movidos por uma ética
são pré-requisitos essenciais. heróica, com tendências à aceitação do sofri-
64. O narrador mantém-se impessoal, seguindo os mento.
padrões narrativos então vigentes. c) Tanto em José de Alencar como em Machado de
Some os números dos itens corretos. Assis, as personagens femininas alcançam uma
dimensão idealizada e espiritualizada.
146. d) Machado de Assis descreveu personagens femi-
Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas ninas contraditórias, complexas e dissimuladas,
entranhas; porém logo o choro inundou sua alma de penetrando na consciência de cada uma delas.
júbilo. A jovem mãe, orgulhosa de tanta ventura, tomou Alencar apresentou-as de forma idealizada, sem
o tenro filho nos braços e com ele arrojou-se às águas complexidades psicológicas, com caráter nobre
límpidas do rio. Depois suspendeu-se à teta mimosa; e capazes de renúncia.
seus olhos então o envolviam de tristeza e amor. e) Enquanto José de Alencar caracterizava as per-
— Tu és Moacir, o nascido de meu sofrimento. sonagens femininas pela hipocrisia social e pela
paixão pelo dinheiro, a dissimulação e a vaidade
Considere atentamente as seguintes afirmações, não eram traços marcantes nestas personagens de
só em referência ao texto anterior como ao contexto Machado de Assis.
do romance Iracema.
I. A protagonista divide-se entre a tristeza e a alegria: 149. Fuvest-SP
esta, pelo nascimento do filho mestiço; aquela, por
Sobre o romance indianista de José de Alencar, pode-
sentir que não viverá para vê-lo crescer.
se afirmar que:
II. Um dos procedimentos estilísticos de Alencar em
a) analisa as reações psicológicas da personagem
seu romance está nas sugestivas aproximações
como um efeito das influências sociais.
entre expressões em tupi e o significado em portu-
b) é um composto resultante de formas originais do
guês, como a que se dá na fala da protagonista.
conto.
III. O nascimento de Moacir representa, simboli-
c) dá forma ao herói, amalgamando-o à vida da
camente, a heróica, mas inútil, resistência dos
natureza.
guerreiros tabajaras à colonização do branco
europeu. d) representa contestação política ao domínio portu-
Das afirmações anteriores: guês.
a) apenas II é verdadeira. e) mantém-se preso aos modelos legados pelos
clássicos.
b) apenas III é verdadeira.
c) apenas I e II são verdadeiras.
150. Fatec-SP
d) apenas II e III são verdadeiras.
Em Iracema, de José de Alencar, observa-se que o
e) I, II e III são verdadeiras. autor:
a) procurou ser fiel à tradição histórica, e suas per-
147. Fuvest-SP
sonagens foram participantes de episódios reais
Lucíola e Senhora; O gaúcho, Sertanejo; e O Guarani da colonização brasileira.
e As minas de prata representam na obra de Alencar,
b) procurou basear-se na história da colonização para
de acordo com os seus conteúdos e seus cenários,
recompor, em termos poéticos, as origens do Cea-
romances de tipos, respectivamente:
rá.
a) urbanos, regionalistas e pré-históricos. c) procurou explorar o lado pitoresco e sentimental da
b) documentais, sociais e histórico-indianistas. vida dos índios, na época em que os portugueses
c) europeus, nacionais e indianistas. ainda não haviam chegado.
140
d) procurou enfatizar o problema da destruição da veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez
cultura indígena pelo domínio português. branca não cora o sangue americano; uma criança
e) procurou negar a existência de conflitos culturais e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas,
entre colonizadores e nativos. e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra
selvagem.
151. PUC-SP II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Mar-
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os ca- tim partiu das praias do Ceará, levando no frágil
belos mais negros que a asa da graúna, e mais longos barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar
que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce a terra onde repousava sua amiga e senhora. O
como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da
como seu hálito perfumado ( ... ) Cedendo à meiga terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma
pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, raça?
e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz
Ambos apresentam índices do que poderia ter acon-
( ... ) A fronte reclinara, e a flor do sorriso expandia-se
tecido no enredo do romance, já que constituem o
como o nenúfar ao beijo do sol ( ... ). Em torno carpe
começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo,
a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e
é possível presumir que o enredo apresenta:
lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio
anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os a) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim,
dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir,
até que venha para ela a grande noite. e que alegoriza o processo de conquista e colo-
Os fragmentos acima constroem-se estilisticamente nização do Brasil.
com figuras de linguagem, caracterizadoras do estilo b) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela
poético de Alencar. Apresentam eles, dominantemente, conquista e preservação do território brasileiro
as seguintes figuras: contra o invasor estrangeiro.
a) comparações e antíteses. c) o rapto de Iracema pelo branco português Martim
b) antíteses e inversões. como forma de enfraquecer os adversários e levar
a um pacto entre o branco colonizador e o selva-
c) pleonasmos e hipérboles.
gem dono da terra.
d) metonímias e prosopopéias.
d) a vingança de Martim, desbaratando o povo de
e) comparações e metáforas. Iracema, por ter sido flechado pela índia dos
lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado
152.
prisioneiro de sua tribo.
O romance O guarani, de José de Alencar, tendo como
e) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir,
protagonistas Peri e Cecília, encerra-se com um belo
e enigmático epílogo que evidencia a ação do homem e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na
face às forças da natureza. Tal ação é caracterizada fronde da qual canta ainda a jandaia.
pelo autor como “um espetáculo grandioso, uma
154. Vunesp
sublime loucura”. Indique a alternativa que comprova
essa afirmação. Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava. O
a) Era um vasto deserto de água e céu e Peri, alu- aventureiro daria a vida para gozar; o cavaleiro arrasta-
cinado, lançou-se nas águas para salvar Cecília ria a morte para merecer um olhar; o selvagem se ma-
que era arrastada pela correnteza. taria, se preciso fosse, só para fazer Cecília sorrir.
Trecho de O guarani, de José de Alencar.
b) A inundação crescia sempre e Peri, apesar do
esforço, sucumbiu ao ímpeto da tormenta. Sobre as características da obra de onde se extraiu o
trecho acima, é correto afirmar:
c) O rio, estorcendo-se em convulsões, soltou um ge-
mido profundo e cavernoso; Peri e Cecília apenas a) exalta o índio como se fosse um cavaleiro medie-
contemplavam a fúria da natureza. val.
d) A inundação abria a fauce enorme para tragá-los. b) as personagens são vulgares e mesquinhas.
Peri com esforço desesperado arranca a palmeira, c) procura mostrar as relações entre o homem e a
cuja cúpula, resvalando sobre as águas, levou os natureza de maneira objetiva.
amigos para a linha do horizonte. d) reserva ao índio um papel subserviente, e ao
e) Tudo era água e céu e os dois amigos pediam ao branco o papel de herói.
céu para ambos uma só morte, pois uma só era a e) não exalta a natureza para que esta não se sobre-
sua vida. ponha às personagens.

153. PUC-SP 155. ITA-SP


Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, O romance O guarani, de José de Alencar, publicado em
de José de Alencar. 1857, é um marco da ficção romântica brasileira. Dentre
I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a as características mais evidentes do projeto romântico
costa cearense, aberta ao fresco terral a grande que sustentam a construção dessa obra, destacam-se:
PV2D-07-POR-44

vela? Onde vai como branca alcíone buscando o I. a figura do protagonista, o índio Peri, que é um
rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes típico herói romântico, tanto pela sua força física
respiram sobre o frágil lenho que vai singrando como pelo seu caráter.

141
lI. o amor do índio Peri por Cecília, uma moça branca, d) a união efetiva só se realiza no final da obra, após
sendo que esse amor segue o modelo medieval a recuperação moral de Seixas, que o torna digno
do amor cortês. do amor de Aurélia.
III. o fato de o livro ser ambientado na época da e) o enriquecimento repentino de Aurélia possibilitar
colonização do Brasil pelos portugueses, dada a que ela se case com Seixas, fatos que são expos-
predileção dos românticos por narrativas históri- tos logo no início do livro.
cas.
159. Unicamp-SP
IV. o final do livro marca o retorno a um passado míti-
co, pois Peri e Cecília simbolicamente regressam O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Ele reproduz
à época do dilúvio. a reação e as últimas palavras de Batuiretê antes de
Então, estão corretas: morrer:
O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do
a) I e lI.
neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito
b) I, II e III.
arquejou e os lábios murmuraram:
c) I, II e IV. — Tupã quis que estes olhos vissem antes de se apa-
d) I, III e IV. garem, o gavião branco junto da narceja.
e) todas. O abaeté derrubou a fronte aos peitos, e não falou
mais, nem mais se moveu.
156. PUC-RS José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará.
O projeto nacionalista da literatura brasileira realiza-se, Rio de Janeiro: MEC/INL, 1965, pp. 171-172.
na prosa, pela ____________ nação, principalmente a) Quem é Batuiretê?
na obra de __________, que se constituiu como b) Identifique os personagens a quem ele se dirige e
precursor da possibilidade de ______________ da indique os papéis que desempenham no roman-
brasilidade. ce.
a) idealização da – José de Alencar – expressão c) Explique o sentido da metáfora empregada por
b) exaltação da – Aluísio Azevedo – fundação Batuiretê em sua fala.
c) crítica à – Monteiro Lobato – criação
d) referência à – Joaquim Manuel de Macedo – tra- 160. Fuvest-SP
dução O Pajé falou grave e lento:
e) sátira à – Lima Barreto – simulação – Se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor
de seu corpo, ela morrerá; mas o hóspede de Tupã é
sagrado; ninguém o ofenderá; Araquém o protege.
157. UFES
José de Alencar, Iracema.
Em relação ao romance Lucíola, de José de Alencar,
a) Tendo em vista, no contexto da obra, a lógica que
só não é correto dizer que:
rege o comportamento do Pajé, explique por que,
a) analisa o drama íntimo de uma mulher, dividida para ele, “a virgem” (Iracema) deverá morrer e o
entre o amor conjugal e a riqueza material. “guerreiro branco” (Martim) deverá ser poupado,
b) é escrito em forma de cartas, que serão reunidas caso estes tenham mantido relações sexuais.
e publicadas pela senhora que aparece no texto. b) Considerando, no contexto da obra, a caracteriza-
c) o narrador em 1a pessoa retrata um perfil de mulher ção da personagem Martim, explique por que foi
aparentemente mundana e frívola. apenas quando estava sob o efeito do “vinho de
d) a protagonista relata, através de sua visão român- Tupã” que ele manteve, pela primeira vez, relações
tica, a sina da prostituição de Lúcia. sexuais com Iracema.
e) o autor revela aspectos negativos dos costumes
burgueses do Rio de Janeiro de cem anos atrás. 161. PUC-RS
Então passou-se sobre este vasto deserto d’água e
158. ITA-SP céu uma cena estupenda, heróica, sobre-humana; um
O romance Senhora (1875) é uma das obras mais espetáculo grandioso, uma sublime loucura.
representativas da ficção de José de Alencar. Nesse Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrela-
livro, encontramos a formulação do ideal do amor ro- çavam pelos ramos das árvores já cobertas d’água, e
mântico: o amor verdadeiro e absoluto, quando pode com esforço desesperado cingindo o tronco da palmei-
se realizar, leva ao casamento feliz e indissolúvel. Isso ra nos seus braços hirtos, abalou-o até as raízes.
se confirma, nessa obra, pelo fato de:
a) o par romântico central – Aurélia e Seixas – se O texto exemplifica uma característica romântica de
casam no ínicio do romance, pois se apaixonam José de Alencar, que é a:
assim que se conhecem.
a) imaginação criadora.
b) o amor de Aurélia e Seixas surgir imediatamente
no primeiro encontro e permanecer intenso até o b) consciência da solidão.
fim do livro, quando o casal se une efetivamente. c) ânsia da glória.
c) o casal Aurélia e Seixas precisar vencer os precon- d) idealização da personagem.
ceitos socioeconômicos para se casar, pois ela é e) valorização da natureza.
pobre e ele é rico.

142
162. UFMG D. Antônio de Mariz, fidalgo português cota d’armas e
Todas as passagens de Iracema, de José de Alencar, um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro.
estão corretamente explicadas, exceto:
164.
a) A filha de Araquém escondeu no coração a sua
ventura. O Brasil português revela-se no trecho da obra ______,
de José de Alencar, através da fundação daquela que
Ficou tímida e quieta como a ave que pressente a
se tornaria a sua capital. A personagem referida, ___
borrasca no horizonte. ___ de Cecília, que é a protagonista da obra, ______o
= Iracema entrega-se a Martim. poder e a audácia dos novos habitantes.
b) Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo a) O guarani irmão mitifica
as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos b) Iracema tutor critica
vermelhos e pretos, que ornavam a grande nação c) O guarani pai representa
pitiguara.
d) Iracema tio retrata
= O chefe pinta Martim, preparando-o para o com-
e) Ubirajara progenitor rejeita
bate com os tabajaras.
c) Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou 165.
a margem do rio, onde crescia o coqueiro. A obra em questão _______ o passado histórico por
= Iracema prepara-se para dar à luz Moacir. meio de uma visão _______ da ideologia dominante,
d) O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz como se pode observar, por exemplo, em relação ao
o trouxe aos campos de Ipu, a paz o guarda. processo de _______ à cultura europeizada por que
Quem ofende o estrangeiro ofende o Pajé. passa Peri.
a) rejeita pessimista adaptação
= Iracema protege Martim da fúria de Irapuã.
b) redimensiona inovadora rejeição
e) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.
Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra, c) enaltece ufanista conformação
sua vista perturba-se. d) idealiza conservadora rejeição
= Martim aparece pela primeira vez a Iracema, que e) recupera comprometida adaptação
saía do banho.
166. UFPE
163. UFV-MG A poesia no Brasil desenvolveu-se desde a coloniza-
A respeito de Senhora, romance de José de Alencar, ção. O gênero Romance, no entanto, popularizou-se
todas as alternativas estão corretas, exceto: tardiamente, sobretudo em relação à Europa. Sobre
a) O amor verdadeiro redime a mulher de seu orgulho esse tema, analise as afirmações abaixo.
e o homem de seu interesse. 0. O primeiro romance brasileiro foi A Moreninha,
b) O espaço é o Rio de Janeiro, especificamente o história de amor ingênua, com uma heroína que
Centro, Laranjeiras e Santa Tereza. homenageava o tipo de mulher brasileira. Seu
c) O narrador é onisciente, de terceira pessoa. autor foi Joaquim Manoel de Macedo.
d) O sentimento da natureza, comum aos românticos, 1. Na primeira metade do século XIX, o romance
faltava ao herói. adotou três gêneros: o urbano, retrato da vida na
e) Não se analisa no romance a psicologia da perso- corte, o indianista, resgate dos primitivos habitan-
nagem principal. tes, e o regionalista, que procurava ressaltar o
Brasil rural.
Para responder às questões 164 e 165, leia o texto 2. Entre os romancistas urbanos, estão o já citado
a seguir. Macedo e José de Alencar. A representação dos
costumes da elite brasileira que residia na Corte
(...) florestas virgens se estendiam ao longo (Rio de Janeiro) definiu o projeto literário deste tipo
das margens do rio, que corria no meio das arcarias de romance.
de verdura e dos capitéis formados pelos leques das 3. De Manuel Antônio de Almeida, o romance Me-
palmeiras. mórias de um sargento de milícias aborda uma
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natu- história cujos personagens não são idealizados
reza, sublime artista, tinha decorado para os dramas e pertencem à camada mais baixa da população.
majestosos dos elementos, em que o homem é apenas Na verdade, quase uma comédia de costumes, a
um simples comparsa. obra tem contornos realistas.
No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos
de descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio 4. Romancista da Corte foi também Machado de
de Janeiro tinha-se fundado havia menos de meio Assis, cujos personagens igualmente pertenciam
século, e a civilização não tivera tempo de penetrar o à elite do Rio. No entanto, Machado, iniciando-se
interior. nos padrões do Romantismo, tornou-se depois
PV2D-07-POR-44

Entretanto, via-se à margem direita do rio uma naturalista, escrevendo uma obra em que, com
casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminên- personagens patológicos, segue a doutrina do
cia e protegida de todos os lados por uma muralha de cientificismo e do determinismo (do meio e da
rocha cortada a pique.[...] A habitação [...] pertencia a hereditariedade).

143
167. “Afinal levantaram-se uma gorda e baixa matrona, mu-
No romance Memórias de um sargento de mílicias, de lher de um convidado; uma companheira desta, cuja
Manuel Antônio de Almeida, o personagem central, figura era a mais completa antítese da sua [...].”
Leonardo: Considerando a informação em destaque nessa
passagem, é correto dizer que a companheira era
a) é malvado e aventureiro, quando solteiro, e ordeiro
uma mulher:
e sério, depois de casado.
a) magra, de estatura mediana e simpática.
b) tem um padrinho alfaiate que o protege em todos
os momentos. b) esguia, encorpada e jovem.
c) rechonchuda, de meia estatura e de meia-idade.
c) tenta driblar as condições precárias de sua vida
com lances ousados e cômicos. d) magra, alta e solteira.
d) muda o seu comportamento de criança desordeira, e) delgada, esguia e casada.
depois que se torna ajudante do padre.
170.
e) é promovido a sargento graças ao carinho que ele
Em se tratando do livro Memórias de um sargento de
dedica aos cavalos da mílicia.
milícias, leia o trecho a seguir.
168. FUC-MT Pois a vida de Luisinha, depois de casada, representra-
va com fidelidade a vida do maior número das moças
Considere as seguintes afirmações: que então se casavam: era por isso que as Vidinhas
I. Reconstitui a paisagem urbana do Rio de Janeiro não eram raras, e que poucas famílias havia que não
do começo do século XIX. tivessem a lamentar um desgostinho no gênero do que
II. Suas personagens revelam tradição, cultura e sofreu aquela pobre família, que indo ao Oratório de
sentimentos elevados. Pedra viera dizimada para casa, e cuja história serviu
III. Dá relevância à análise dos conflitos psicológicos de tema às intrigas da comadre, quando quis pôr a
das personagens. José Manuel fora do lance.
Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um sargento milícias.
IV. Substitui a gravidade da narrativa por situações
O trecho refere-se à vida de casados Luisinha e José
humorísticas.
Manuel, e cita uma outra passagem da obra, quando
V. Critica a visão burguesa do casamento como meio uma moça de família foi roubada por seu amado no
de ascensão social. Oratório de Pedra (ocorrência comum na época).
Referências a Manuel Antônio de Almeida aparecem Poderíamos perceber que o narrador mostra-se,
apenas em: nesse trecho:
a) I e II d) II e V a) satisfeito com a situação da Vidinha.
b) II e III e) III e IV b) irônico em relação aos casamentos arranjados da
c) I e IV época.
c) indiferente aos casamentos arranjados.
169. Fatec-SP d) a favor de José Manuel e contra os desejos da
Chegou o dia de batizar-se o rapaz: foi madrinha a par- comadre em casar Leonardo com Luísa.
teira; sobre o padrinho houve suas dúvidas: o Leonardo e) desesperado com a vida infeliz de Luisinha.
queria que fosse o Sr. Juiz; porém teve de ceder às
instâncias da Maria e da comadre, que queriam que 171. ITA-SP
fosse o barbeiro de defronte, que afinal foi adotado. Já Assinale a opção correta em relação à obra Memórias
se sabe que houve nesse dia função: os convidados do de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
dono da casa, que eram todos dalém-mar, cantavam Almeida.
ao desafio, segundo seus costumes; os convidados da a) O livro trata da história de um amor impossível
comadre, que eram todos da terra, dançavam o fado. passada no século XIX.
O compadre trouxe a rabeca, que é, como se sabe, o b) A história é contada numa linguagem popular da
instrumento favorito da gente do ofício. A princípio, o mesma maneira como foram escritas outras obras
Leonardo quis que a festa tivesse ares aristocráticos, e da época.
propôs que se dançasse o minuete da corte. Foi aceita c) O livro trata das peripécias do protagonista, perso-
a idéia, ainda que houvesse dificuldade em encontra- nagem cômico, pobre e sem nobreza e caráter.
rem-se pares. Afinal levantaram-se uma gorda e baixa
d) A história se passa num ambiente rural, tal como
matrona, mulher de um convidado; uma companheira
a história de O sertanejo, de José de Alencar.
desta, cuja figura era a mais completa antítese da sua;
e) A história é contada numa linguagem que segue
um colega do Leonardo, miudinho, pequenino, e com
os padrões clássicos da época.
fumaças de gaiato, e o sacristão da Sé, sujeito alto,
magro e com pretensões de elegante. O compadre 172.
foi quem tocou o minuete na rabeca; e o afilhadinho,
Vejamos, segundo um estudo sociológico, o que com-
deitado no colo da Maria, acompanhava cada arcada
põe o “malandro”:
com um guincho e um esperneio. Isto fez com que o As seqüelas da problemática integração do negro na
compadre perdesse muitas vezes o compasso, e fosse sociedade de classes servem perfeitamente à expli-
obrigado a recomeçar outras tantas. cação das resistências ao trabalho em meio a uma
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. população que não via sua finalidade moral ou prática.

144
No interstício entre o capital e o trabalho surge o es- pode afirmar-se que:
paço do malandro. O compositor popular urbano, ele a) confirma o padrão romântico da descrição da
mesmo localizado neste interstício, capta com intuição personagem feminina, representada nesta obra
a pouca vantagem do trabalho e exalta a malandragem por Luisinha.
como possibilidade de liberdade e prazer. b) exemplifica a afirmação de que o referido romance
Roberto S.C. Moreira. Malandragem e identidade. estava em descompasso com os padrões e o tom
A partir dessas leituras, assinale a alternativa que não do Romantismo.
corresponde a um entendimento possível sobre as c) não fere o estilo romântico de descrever e narrar,
personagens da obra. pois se justifica por seu caráter de transição da
a) Leonardo, um anti-herói, contrasta com os roman- estética romântica para a realista.
ces românticos da época. É uma personagem d) justifica, dentro do Romantismo, a caracterização
complexa que passa por dramas de consciência. sempre idealizada do perfil feminino de suas per-
b) O livro apresenta-nos personagens “tipos”, isto é, sonagens.
estereótipos dos variados componentes da socie- e) insere-se na estética romântica, apesar das
dade do Rio de Janeiro no início do século XIX. características negativas da personagem, que
c) Muitas das personagens são apresentadas ao fazem dela legítima representante da dialética da
leitor através da profissão que exercem: parteira, malandragem.
barbeiro, meirinho.
d) Leonardo é uma personagem simples que não 175. PUC-RS
passa por dramas de consciência. Suas ações são Era esse dia domingo do Espírito Santo. Como todos
tomadas a partir das circunstâncias e dos arranjos sabem, a festa do Espírito Santo é uma das festas
sociais. prediletas do povo fluminense. Hoje mesmo que se vão
e) Poderíamos tomar Leonardo como um exemplo do perdendo certos hábitos, uns bons, outros maus, ainda
malandro da época: um vadio que busca liberdade essa festa é motivo de grande agitação; longe porém
e prazer, vivendo dos “arranjos”sociais. está o que agora se passa daquilo que se passa nos
tempos a que temos feito remontar os leitores. A festa
173. PUC-SP não começava no domingo marcado pela folhinha,
Memórias de um Sargento de Milícias é um romance começava muito antes, nove dias, cremos, para que
escrito por Manuel Antônio de Almeida. Considerando- tivessem lugar as novenas.
o como um todo, indique a alternativa que não confirma Além de ser uma narrativa crítica e irônica da moral
suas características romanescas. da época, Memórias de um sargento de milícias,
a) É um romance folhetim, já que saiu em fascículos como ilustra o texto acima, pode ser visto como um
no suplemento “A Pacotilha”, do jornal Correio romance:
Mercantil, que o publicava semanalmente entre a) histórico. d) moralístico.
1852 e 1853. b) de costumes. e) sentimental.
b) Utiliza a língua falada sem reservas e com toda c) psicológico.
a dignidade e naturalidade, o que confere à obra
um caráter espontâneo e despretensioso. 176. UEL-PR
c) Enquadra-se fundamente na estética realista, Sobre o romance Memórias de um sargento de milí-
opondo-se ao ideário romântico, particularmente cias, de Manuel Antônio de Almeida, é correto afirmar
no que concerne à construção da personagem que:
feminina e ao destaque dado às camadas mais a) o protagonista é um anti-herói desde o nascimento,
populares da sociedade. inscrito num universo ficcional apresentado de
d) Reveste-se de comicidade, na linha do pitoresco, modo irreverente.
e desenvolve sátira saborosa aos costumes da b) é obra que inaugura a ficção romântica no Brasil,
época que atinge todas as camadas sociais. apesar de seu forte apelo realista.
e) Põe em prática a afirmação de que através do riso c) o enredo situa as personagens no Rio de Janeiro
pode-se falar das coisas sérias da vida e instaurar do século XIX, apresentando-as como contempo-
a correção dos costumes. râneas do leitor.
d) a obra não se detém na vida da burguesia, mas
174. PUC-SP no povo, visto de cima e à distância.
Era a sobrinha de Dona Maria já muito desenvolvida, e) pai e filho, ambos de nome Leonardo, pelo amor
porém que, tendo perdido as graças de menina, ainda se redimem de sua condição de pícaros.
não tinha adquirido a beleza de moça: era alta, magra,
pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia 177. USF-SP
as pálpebras sempre baixas, e olhava a furto; tinha os Observe as seguintes proposições, a respeito do
braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe Romantismo no Brasil.
apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e I. José de Alencar procurou documentar a realidade
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trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe nacional dentro de uma visão crítica que antecipa
caía sobre a testa e olhos, como uma viseira. a postura dos primeiros modernistas.
O trecho acima é do romance Memórias de um sar- II. Memórias de um sargento de milícias é um roman-
gento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Dele ce que, por focalizar uma época próxima e por ter
145
um anti-herói como personagem central, antecipa e) imitativa ou de identificação, que suprime a distân-
características do Realismo. cia entre o narrador e o narrado.
III. Os romances de Joaquim Manuel de Macedo
narram histórias fáceis, típicas do gosto romântico- 180.
burguês de sua época. Em poucos dias aprontou-se, e em uma bela manhã
Pode-se afirmar que: saiu de casa vestido com a competente batina e sobre-
a) as proposições I, II e III estão corretas. peliz, e foi tomar posse do emprego. Ao vê-lo passar,
b) somente as proposições I e II estão corretas. a vizinha dos maus agouros soltou uma exclamação
de surpresa a princípio, supondo alguma asneira do
c) somente as proposições II e III estão corretas.
compadre; porém reparando, compreendeu o que era,
d) somente a proposição II está correta. e desatou uma gargalhada.
e) somente a proposição III está correta. — E que tal?!... Deus vos guarde, Sr. cura, disse
fazendo um cumprimento.
178. Fuvest-SP O menino lançou-lhe um olhar de revés, e respondeu
Considere o seguinte fragmento do antepenúltimo entre dentes:
capítulo de Memórias de um sargento de milícias, no — Eu sou cura, e hei de te curar...
qual se narra a visita que D. Maria, Maria Regalada e Era aquilo uma promessa de vingança.
a comadre fizeram ao Major Vidigal, para interceder — Ora dá-se? continuou a vizinha consigo mesma;
por Leonardo (filho): aquilo na igreja é um pecado!!
O major recebeu-as de rodaque de chita e tamancos, Chegou o menino à Sé impando de contente; parecia-lhe
não tendo a princípio suposto o quilate da visita; a batina um manto real. Por fortuna houve logo nesse
apenas porém reconheceu as três, correu apressado dia dois batizados e um casamento, e ele teve assim
à camarinha vizinha, e envergou o mais depressa ocasião de entrar no pleno exercício de suas funções,
que pôde a farda: como o tempo urgia, e era uma em que começou revestindo-se da maior gravidade
incivilidade deixar sós as senhoras, não completou deste mundo. No outro dia porém o negócio começou
o uniforme, e voltou de novo à sala de farda, calças a mudar de figura, e as brejeiradas começaram.
A primeira foi em uma missa cantada. Coube ao
de enfiar, tamancos, e um lenço de Alcobaça sobre o
pequeno o ficar com uma tocha, e ao companheiro o
ombro, segundo seu uso. A comadre, ao vê-lo assim,
turíbulo do pé do altar.
apesar da aflição em que se achava, mal pôde conter
Por infelicidade a vizinha do compadre, a quem o
uma risada que lhe veio aos lábios.
menino prometera curar, sem pensar no que fazia
Rodaque = espécie de casaco.
colocou-se perto do altar junto aos dois. Assim que
Camarinha = quarto.
a avistou, o novo sacristão disse algumas palavras
Calças de enfiar = calças de uso doméstico.
a seu companheiro, dando-lhe de olho para a mulher.
a) Considerando o fragmento no contexto da obra, Daí a pouco, colocaram-se os dois disfarçadamente
interprete o contraste que se verifica entre as peças em distância conveniente, e de maneira tal, que ela
do vestuário com que o major voltou à sala para ficasse pouco mais ou menos com um deles atrás e
conversar com as visitas. outro adiante. Começaram então os dois uma obra
b) Qual a relação entre o referido vestuário do major meritória: enquanto um, tendo enchido o turíbulo de
e a sua decisão de favorecer Leonardo (filho), incenso, e balançando-o convenientemente, fazia
fazendo concessões quanto à aplicação da lei? com que os rolos de fumaça que se desprendiam
fossem bater de cheio na cara da pobre mulher, o
179. Fuvest-SP outro com a tocha despejava-lhe sobre as costas da
Era este homem em proporções infinitésimas, baixinho, mantilha a cada passo plastradas de cera derretida,
magrinho, de carinha estreita e chupada, e excessi- olhando disfarçado para o altar. A pobre mulher exas-
vamente calvo; usava óculos, tinha pretensões de perou-se, e disse-lhes não sabemos o quê.
latinista, e dava bolos nos discípulos por dá cá aquela — Estamos te curando, respondeu o menino tran-
palha. O barbeiro entrou acompanhado pelo afilhado, qüilamente.
Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar
que ficou um pouco escabriado à vista do aspecto da
de lugar e sair, porém o aperto era tão grande que o
escola, que nunca tinha imaginado.
não pôde fazer, e teve que aturar o suplício até o fim.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
Acabada a festa, dirigiu-se ao mestre de cerimônias, e
Observando-se, neste trecho, os elementos descritivos,
fez uma enorme queixa, que custou aos dois uma tre-
o vocabulário e, especialmente, a lógica da exposição, menda sarabanda. Pouco porém se importaram com
verifica-se que a posição do narrador frente aos fatos isso, uma vez que tinham realizado o seu plano.
narrados caracteriza-se pela atitude: Manuel A. de Almeida. Memórias de um sargento de milícias.
a) crítica, em que os costumes são analisados e Como é explorada a imagem do herói em Memórias
submetidos a julgamento. de um sargento de milícias?
b) lírico-satírica, apontando para um juízo moral
pressuposto. 181.
c) cômico-irônica, com abstenção de juízo moral Quais as características do Romantismo presentes em
definitivo. Memórias de um sargento de milícias? A partir delas,
d) analítica, em que o narrador onisciente prioriza seu podemos dizer que se trata de um livro tipicamente
afastamento do narrado. romântico? Justifique sua resposta.
146
182. UFG-GO foi analisado, desde as argolas do caixão até o nú-
Em relação à obra Memórias de um sargento de milí- mero e qualidade dos convidados; e sobre cada um
cias pode-se afirmar que: desses pontos apareceram três ou quatro opiniões
a) o contraste entre o bem e o mal próprios dos ro- diversas.
mances românticos desaparece na figura do ator Naqueles tempos ainda se não usavam os discursos
herói. fúnebres, nem os necrológicos, que hoje andam
tanto em voga; escapamos, pois, de mais essa. José
b) a personagem Leonardo nasce malandro feito,
Manuel dorme em paz no seu derradeiro jazigo.
como em Macunaíma.
c) Leonardo adquire as características da malandra- 184. FEI-SP
gem por força das circunstâncias. a) Por que as lágrimas de Luisinha não eram de
d) o panorama traçado pelo autor é o limitado espaço viúva?
em que as ações se desenvolvem. b) Em que expressão do texto o autor estabelece um
e) o panorama traçado pelo autor é o ampliado es- diálogo com o leitor?
paço em que as ações se desenvolvem. 185. FEI-SP
De que elementos se serviu a vizinhança para avaliar
183. Fuvest-SP
o falecido?
Indique a alternativa que se refere corretamente ao
protagonista de Memórias de um sargento de milícias, 186.
de Manuel Antônio de Almeida. Sobre a novela Memórias de um sargento de milícias,
a) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a responda às questões a seguir.
que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a) Em vários momentos, o narrador utiliza expressões
a seguir, até sua transformação final em símbolo como “no tempo do Rei”, “naquele tempo”, “aben-
sublimado. çoada época”. Situe espacial e historicamente a
ação da obra.
b) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo
b) Por que o meirinho Leonardo recebe epíteto de
matrimonial: mas o sujeito moral sempre emerge,
Pataca?
condenando o próprio cinismo ao inferno da culpa,
do remorso e da expiação. 187.
c) A personalidade assumida de sátiro e a máscara Assinale V (verdadeiro) ou F (falso):
de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a) Memórias de um Sargento de Milícias retrata a
a tese da “bondade natural”, adotada pelo autor. vida da fase de transição Colônia / Nação Inde-
d) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo pendente (1808 – 22), ou seja, o período de D.
nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a João VI.
malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico b) É um romance de costumes que retrata a bur-
que busca ocultar. guesia do Rio colonial, os saraus, os bailes da
e) Nele, como também em personagens menores, há Corte.
o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso c) As personagens são lineares, dividem-se em
das condições adversas e avidez de gozar os heróis e vilões.
intervalos da boa sorte. d) O Realismo de Manoel Antônio de Almeida é
arcaico e espontâneo, aproximando-se mais das
Texto para as questões 184 e 185. novelas picarescas que do Realismo materialista
Luisinha pôs-se a chorar, mas como choraria por e positivista da 2a metade do séc. XIX.
qualquer vivente, porque tinha coração terno. e) O estilo de Bernardo Guimarães vale-se das
Estavam presentes algumas pessoas da vizinhança, tradições orais da região sul de Minas e Goiás,
e uma delas disse baixinho à outra, vendo o pranto utilizando a técnica do contador de casos.
de Luisinha: f) Taunay retratou a região sertaneja e o Pantanal
– Não são lágrimas de viúva... Mato-Grossense, fixando com fidelidade quase
E não eram, nós já o dissemos. O mundo faz disso documental a paisagem e os costumes da re-
as mais das vezes um crime. E os antecedentes? Por gião.
ventura ante seu coração fora José Manoel marido g) Franklin Távora, em O Cabeleira, funda a lite-
de Luisinha? Nunca o fora senão ante as conveni- ratura do Norte, apresentando a paisagem e a
ências, e para as conveniências aquelas lágrimas violência do sertão nordestino.
bastavam. Nem um médico nem D. Maria se haviam h) Franklin Távora atacou duramente José de Alen-
enganado: à noitinha, José Manoel expirou. car, sob o pseudônimo de Semprônio, nas Cartas
No dia seguinte fizeram-se os preparativos para a Cincinato.
o enterro. A comadre, informada de tudo, compa- i) Bernardo Guimarães, Taunay e Franklin Távora
receu pesarosa a prestar seus bons ofícios, suas são considerados autores regionalistas, também
PV2D-07-POR-44

consolações. denominados sertanistas ou campesinos. O


O enterro saiu acompanhado pela gente da ami- regionalismo substitui, no final do Romantismo,
zade: os escravos da casa fizeram uma algazarra o indianismo, dentro do mesmo propósito de
tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janela e tudo afirmação de nacionalidade.
147
Capítulo 2
188. Umesp 192.
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Realismo Assinale a alternativa que apresenta somente obras
em Portugal. do Realismo:
a) Seus seguidores reagiram violentamente contra a) O crime do Padre Amaro; Dom Casmurro e O
tudo que se identificava com o Romantismo. Ateneu.
b) No plano político, o posicionamento dos autores é b) Senhora; Lucíola e Amor de salvação.
monarquista e conservador. c) Memórias sentimentais de João Miramar; Macu-
c) Um de seus principais aspectos é o racionalismo. naíma e São Bernardo.
d) Seus personagens são escolhidos nas várias d) Os Sertões; Canaã e Triste fim de Policarpo Qua-
camadas e nos vários grupos sociais de seu resma.
tempo. e) Clepsidra; Broquéis e Septenário das Dores de
e) Apresenta vários pontos comuns em relação ao Nossa Senhora.
Naturalismo
193.
Com relação à questão anterior, dê o nome dos autores
189. Mackenzie-SP
das obras realistas.
Várias características do Realismo estão intimamente
ligadas ao momento histórico, refletindo, dessa forma, 194. FEI-SP
as posturas: Uma literatura se preocupa com os aspectos socioló-
a) nacionalista e positivista. gicos da obra e faz um romance de tese documental,
b) positivista e evolucionista. e outra se preocupa com os aspectos patológicos da
c) evolucionista e sentimentalista. obra e faz um romance de tese experimental. Aponte,
d) neoclassicista e socialista. respectivamente, o nome dessas estéticas.
e) bucólica e antropocêntrica. 195.
190. Cefet-MG Assinale a alternativa correta.
“O ........ se tingirá de ......., no romance e no conto, A chamada época do Realismo caracterizou-se, na
sempre que fizer personagens e enredos se subme- literatura portuguesa:
terem ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência a) pelo culto da literatura de caráter nacionalista e
da época julgava ter codificado; ou se dirá ......, na individualista.
poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso
b) pelo culto de uma literatura empenhada numa
tecnicamente perfeito.”
revolução política, social, moral e mental que
No texto acima, preenchem-se as lacunas, respecti-
vamente, com: superasse a decadência em que se precipitara
Portugal.
a) Realismo / Naturalismo / Parnasianismo
b) Romantismo / Naturalismo / Parnasianismo c) pelo gosto da literatura inspirada no pitoresco da
paisagem e dos costumes portugueses.
c) Realismo / Naturalismo / Simbolismo
d) Romantismo / Modernismo / Parnasianismo d) pelo culto de uma literatura empenhada na defesa
dos ideais que fizeram a revolução de 1820.
e) Romantismo / Modernismo / Simbolismo
e) pelo culto de uma literatura que idealizasse a
191. FCC-BA sociedade portuguesa, entregue à profunda reli-
Assinale a alternativa onde estão indicados os textos giosidade e nacionalismo.
que analisam corretamente alguns aspectos do ro-
196. EFOA-MG
mance realista.
I. As personagens independem do julgamento do Sonho que sou um cavaleiro andante,
narrador, reagindo cada uma de acordo com sua Por desertos, por sóis, por noite escura,
própria vontade e temperamento. Paladino do amor busco anelante
O palácio encantado da Ventura
II. A linguagem é poeticamente elaborada nos di-
A estrofe acima pertence a um famoso soneto cujo
álogos, mas procura alcançar um tom coloquial,
autor escreveu Odes modernas e Primaveras român-
com traços de oralidade, nas partes narrativas e
ticas. Pertenceu ao mesmo grupo de Teófilo Braga e
descritivas.
Guerra Junqueiro. Trata-se de:
III. Observa-se o predomínio da razão e da observa-
a) Mário de Sá-Carneiro.
ção sobre o sentimento e a imaginação.
b) Antero de Quental.
a) I, II, III d) I e III c) Fernando Pessoa.
b) I e II e) II d) Sá de Miranda.
c) II e III e) Ricardo Reis.
148
197. Cefet-MG b) o narrador, via de regra, preocupa-se com a
O Realismo está caracterizado em: observação de pormenores, com a análise de
personagens, atitudes ou ambientes.
a) Há aspectos descritivos e minuciosos, sempre que
possível, baseados na observação da realidade e c) a análise das personagens ocupa segundo plano,
sobrepujada pela preocupação com problemas
do subjetivismo e sentimentalismo do autor.
metafísicos.
b) Há a preocupação em retratar a realidade como ela
d) a análise psicológica das personagens é o ponto
é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá central do interesse, em detrimento do fator social,
estar baseado na documentação e observação da com que essa corrente não se preocupa.
realidade.
e) a preocupação com a análise psicológica das per-
c) O amor é visto unicamente sob o aspecto da sexu- sonagens, de que só o Modernismo se vai ocupar
alidade e apresentado como uma mera satisfação seriamente, é vaga e diluída.
de instintos animais.
d) Há preocupação em justificar, à luz da razão, as 201. Mackenzie-SP
reações das personagens, seus procedimentos e Assinale a alternativa correta.
os problemas sentimentais e metafísicos apresen- a) A prosa realista, com intuito moralizador, desmasca-
tados. ra o casamento por interesse, tão comum no século
e) Apresenta-se o homem como um ser dominado XIX, para defender uma relação amorosa autêntica,
pelos instintos, pelas taras, pela carga hereditária, segundo princípios filosóficos do platonismo.
em detrimento da razão. b) A prosa romântica analisa mais profundamente
a natureza humana, evitando a apresentação de
198. Cesgranrio-RJ caracteres padronizados em termos de paixões,
Sobre o Realismo, assinale a afirmativa correta. virtudes e defeitos.
a) O romance é visto como distração e não como meio c) A prosa realista põe em cena personagens tipifica-
de crítica às instituições sociais decadentes. dos que, metamorfoseados em heróis valorosos,
correspondem à expressão da consciência e
b) Os escritores realistas procuram ser pessoais e valores coletivos.
objetivos.
d) A prosa realista, apoiando-se em teorias cientificis-
c) O romance sertanejo ou regionalista originou-se tas do século XIX, empreende a análise de institui-
no Realismo. ções burguesas, como o casamento, por exemplo,
d) O Realismo constitui uma oposição ao idealismo denunciando as bases frágeis dessa união.
romântico. e) A prosa romântica recria o passado histórico com
e) O Realismo vê o Homem somente como um pro- o intuito de ironizar os mitos nacionais.
duto biológico.
202. FEI-SP
199. FEI-SP Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contras-
Observe as afirmações abaixo e assinale as alterna- tes da vida íntima; e buscam-se para ambas causas
tivas corretas. naturais (raça, clima, temperamento) ou culturais
(meio e educação), que lhes reduzem de muito a
I. O Realismo teve sua origem na França e foi
área de liberdade. O escritor tomará a sério as suas
apenas uma renovação no campo literário.
personagens e que sentirá no dever de descobrir-lhes
II. O escritor realista deve estudar o exterior dos a verdade, no sentido positivista de dissecar os móveis
indivíduos, interrogá-los, analisar o meio e depois do seu comportamento.
transcrever suas observações, procurando ser, Alfredo Bosi.
rigorosamente, impessoal. O texto refere-se ao:
III. Para o escritor realista, o que importa é o que está a) Romantismo.
fora de nós, o objeto captado pelos sentidos. b) Realismo.
IV. O Realismo é uma obra de ataque à menta- c) Simbolismo.
lidade burguesa, à ordem social, clerical e d) Parnasianismo.
monárquica. e) Modernismo.
A seqüência que contém somente afirmativas cor-
retas é: 203. UCSal-BA
a) I e IV estão corretas. O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca
b) somente IV está correta. tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse
contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes
c) II, III e IV estão corretas. um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por
d) todas estão corretas. que coxa se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha
fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite,
200. FCC-SP sem atinar com a solução do enigma.
A respeito da estrutura narrativa dos romances realis- Assinale a alternativa cujas propostas, preenchendo
PV2D-07-POR-44

tas, pode-se afirmar que: as lacunas da frase abaixo, completariam uma análise
a) o ritmo é acelerado pela sucessão de peripécias e adequada do texto apresentado inicialmente.
lances épicos, que compõem sempre um grande No excerto transcrito, o narrador, que é o protagonista
painel histórico. da história, questiona-se por que se sente dividido: ele

149
percebe o mundo de um modo ..., mas aspiraria a que 207.
ele fosse organizado de acordo com princípios ... Assinale a afirmação que pode ser considerada correta
a) romântico – modernos quanto ao Realismo.
b) realista – modernos a) Apesar das intenções críticas, acabou por fazer a
c) realista – românticos apologia dos valores burgueses e de suas institui-
d) moderno – realistas ções, como o casamento e a Igreja.
e) romântico – realistas b) Desenvolveu principalmente uma literatura volta-
da para os problemas rurais, mostrando como o
204.
progresso das cidades estava corrompendo a vida
O Realismo brasileiro teve início: campestre.
a) em 1881, com O Mulato, de Aluísio Azevedo c) Procurou analisar com objetividade e senso crítico
b) em 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, os problemas sociais, denunciando os vícios e as
de Machado de Assis. corrupções da burguesia.
c) em 1865, com Questão Coimbrã. d) Desenvolveu o romance nacionalista, exaltando
d) em 1902, com Os Sertões, de Euclides da Cunha o modo de vida da nova sociedade brasileira que
e) em 1875, com O Crime do Padre Amaro, de Eça estava surgindo no final do século XIX.
de Queirós.
208. FMU-SP
205. Covest-PE Mais do que a observação da natureza, no Realismo,
Assinale V para verdadeiro e F para falso. encontramos a observação das relações sociais, em
Sobre o Realismo/Naturalismo brasileiro: romances:
( ) pode-se dizer que uma das maiores influências a) de caráter picaresco, na apresentação das aven-
sofridas foi a do Positivismo. turas de um anti-herói.
( ) por razões de dependência cultural, nosso Re- b) que apresentam o caráter experimental de teses
alismo apresenta, de modo geral, as mesmas científicas, geralmente genéticas.
características do Realismo francês.
c) que defendem a tese do primeiro amor e a vitória
( ) uma das principais diferenças entre o Romantismo
do bem sobre o mal.
e o Realismo brasileiros é que o Realismo tem
uma visão idealizada da realidade e o Romantismo d) introspectivos, sugerindo vivências psicológicas e
tenta descrever a realidade tal qual é. existenciais profundas.
( ) os naturalistas mostram, em seus romances, que o e) que documentam a realidade, criticando o clero, a
homem é determinado pelo meio e pelo momento burguesia e o Romantismo.
histórico.
209. PUC-SP
( ) Regionalismo, iniciado com O sertanejo, de José
de Alencar, é um exemplo típico do Naturalismo Qual foi o mais importante romancista do Realismo na
brasileiro. literatura brasileira? Estabeleça pelo menos três distin-
ções entre o romance realista e o romance romântico.
206. UFPR
Eça de Queirós afirmava: O Realismo é a anatomia do 210. UEL-PR
caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a O Realismo na literatura brasileira faz um romance:
nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para a) estritamente regionalista, focalizando tipos huma-
que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para nos.
condenar o que houver de mau na nossa sociedade.
b) geralmente de cunho social e psicológico.
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos
utilizados no discurso realista? c) basicamente de tese experimental, focalizando o
Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a patológico.
alternativa que os contém. d) normalmente documental da exuberância da na-
1. Preocupação revolucionária, atitude de crítica e tureza.
de combate e) primordialmente de costumes, voltado para o
2. Imaginação criadora ambiente rural.
3. Personagens fruto de observação; tipos concretos
e vivos 211. Fuvest-SP
4. Linguagem natural, sem rebuscamentos Não a vi partir; mas à hora marcada senti alguma
5. Preocupação com mensagem que revela concep- cousa que não era dor nem prazer, uma coisa mista,
ção materialista do homem alívio e saudade, tudo misturado em iguais doses. Não
6. Senso de mistério se irrite o leitor com esta confissão. Eu bem sei que,
7. Retorno ao passado para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um
grande desespero, derramar algumas lágrimas, e não
8. Determinismo biológico ou social
almoçar. Seria romanesco; mas não seria biográfico.
a) 1, 2, 3, 5, 7, 8. A realidade pura é que eu almocei, como nos demais
b) 1, 3, 4, 5, 8. dias, acudindo ao coração com as lembranças da
c) 2, 3, 4, 5, 8. minha aventura e ao estômago com os acepipes de
d) 3, 4, 5, 6, 8. M. Prudhon.
e) 2, 3, 4, 5, 7. ... Velhos do meu tempo, acaso vos lembrais desse
150
mestre cozinheiro do Hotel Pharoux?... Os acepipes a) Quais são esses romances?
do mestre eram deliciosos. b) Com que movimento literário eles rompem?
Eram, e naquela manhã parece que o diabo do homem
adivinhara a nossa catástrofe. Jamais o engenho e a 215.
arte lhe foram tão propícios. Que requinte de tempe-
ros! que ternura de carnes! que rebuscado de formas! Quanto aos temas e atitudes do Realismo:
Comia-se com a boca, com os olhos, com o nariz. Não a) a vivência do autor continua a ser o ponto de
guardei a conta desse dia; sei que foi cara. Ai dor! era- partida para as obras.
me preciso enterrar magnificamente os meus amores. b) o anticlericalismo é uma atitude típica deste estilo.
Eles lá iam, mar em fora, no espaço e no tempo e eu c) o amor perde toda a conotação espiritualizante dos
ficava-me ali numa ponta de mesa com os meus qua- românticos.
renta e tantos anos, tão vadios e tão vazios; ficava-me
para os não ver nunca mais, porque ela poderia tornar d) as pesonagens realistas caracterizam-se pela
e tornou, mas o eflúvio da manhã quem é que o pediu degradação.
ao crepúscolo de tarde? e) a figura do sacerdote é vista como exemplo de
a) No texto, à idéia de eflúvio da manhã se opõe hipocrisia e de maldade.
outra. Qual? Explique essa oposição em função
do texto. 216. Vunesp
b) Tome o primeiro parágrafo do texto e diga por que Lá! Mas onde é lá? – Espera,
não pode ser romântico Coração indomado! O Céu, que anseia
A alma fiel, o Céu, o Céu da Idéia,
212. FAAP-SP Em vão o buscas nessa imensa esfera!
Os trechos abaixo revelam características pertencen-
tes a que escola? O espaço é mudo: a imensidade austera
a) Eugênia não compreendeu o que os dous haviam Debalde noite e dia se incendeia…
dito.Voltou os olhos para o piano, com uma expre- Em nenhum astro, em nenhum sol, se alteia
são de saudade. A rosa ideal da eterna Primavera!
Com a mão esquerda, assim mesmo de pé, extraiu
vagamente três ou qatro notas das teclas suas O Paraíso e o templo da Verdade,
amigas. Camargo tornou a fitá-la com desusada Ó mundos, astros, sóis, constelações!
ternura; a fronte sombria pareceu aluminar-se de Nenhum de vós o tem na imensidade…
uma irradiação interior. A moça sentiu-se enlaçada
nos braços dele; deixou-se ir. A Idéia, o sumo bem, o Verbo, e a Essência,
b) Padre futuro, estava assim diante dela como de Só se revela aos homens e às nações
um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra No céu incorruptível da Consciência!
o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a
pátena.
O soneto acima transcrito é da autoria de um dos mais
Faltava dizer a missa nova, por um latim que nin-
importantes intervenientes na Questão Coimbrã, e
guém aprende, e é a língua católica dos homens.
destacado mentor da Geração de 70.
Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota;
a limpeza da intenção lava o que puder haver Assinale a alternativa correta.
menos curial no estilo. a) Antônio Feliciano de Castilho
b) Camilo Castelo Branco
213. UFV-MG c) Guerra Junqueiro
Com relação à prosa de ficção realista-naturalista, não
d) Antero de Quental
se pode afirmar que:
e) Eça de Queirós
a) o romance naturalista aplicou métodos científicos
na transfiguração artística do real.
217.
b) a prosa realista, com vistas ao entretenimento do
leitor, retratou enfaticamente o casamento com Analise as afirmativas a seguir.
suas “verdades” afetivas e morais. I. A primeira fase de sua carreira corresponde a uma
c) os escritores realistas e naturalistas optaram por poesia revolucionária e de entusiasmo juvenil; de-
uma concepção da realidade “tal como é e não pois, passou aos textos de tendência metafísica,
como deve ser”. no sentido de que se dirige a indagações sobre a
d) o mundo humano, na ficção naturalista, apresen- origem e o significado da existência.
tou-se submetido ao mesmo determinismo que o II. Praticou a chamada poesia do cotidiano, que,
resto da natureza. ligada à poesia “realista”, considerava dignos de
e) em oposição à visão romântica de mundo, o nar- atenção aspectos da realidade até então tidos
rador realista foi mais impessoal na descrição da como apoéticos: um passeio pela cidade, uma
realidade. vendedora de verduras etc.
III. Embebido de leituras filosóficas, ofereceu a seus
214. Fuvest-SP
PV2D-07-POR-44

contemporâneos uma temática diferente, brutal,


Em 1881 foram publicados dois romances importantes cheia de termos científicos, em que se observava
no Brasil, com os quais se inicia um novo movimento o sentido da dissolução, da eterna marcha da vida
literário na prosa Brasileira. para a morte.

151
Os enunciados se referem, respectivamente, a: Texto para as questões de 221 a 223.
a) Antero de Quental, Cesário Verde e Augusto dos De tarde*
Anjos. Naquele “pic-nic” de burguesas,
b) Cruz e Sousa, Raimundo Correia e Olavo Bilac. Houve uma coisa simplesmente bela,
c) Alphonsus de Guimaraens, Cesário Verde e Olavo E que, sem ter história nem grandezas,
Bilac. Em todo o caso dava uma aquarela.
d) Cruz e Sousa, Alberto de Oliveira e Augusto dos
Anjos. Foi quando tu, descendo do burrico,
e) Alphonsus de Guimaraens, Raimundo Correia e Foste colher, sem imposturas tolas,
Augusto dos Anjos. A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
218. Fuvest-SP
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Guerra Junqueiro pode ser enquadrado no movimento
estético realista porque: Nós acampamos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
a) voltou-se para a análise das camadas profundas
do inconsciente. E pão-de-ló molhado em malvasia.
b) escreveu poemas de combate social. Mas, todo púrpuro a sair da renda
c) desenvolveu, em seus romances, a crítica social. Dos teus dois seios como duas rolas,
d) buscou revitalizar a musicalidade do verso. Era o supremo encanto da merenda
e) procurou as raízes históricas da nação. O ramalhete rubro das papoulas!

219. Vunesp * O poema acima transcrito é de autoria de Cesário


Ele soube, com efeito, continuando e metodizando o Verde, poeta português cuja obra oscila entre o Par-
trabalho de Garrett, reaproveitar a linguagem corrente, nasianismo e o Realismo.
orientar-se no sentido dos seus ritmos e da sua sintaxe,
tirar partido do seu vocabulário habitual, torná-la apta 221. Vunesp
a exprimir uma intencionalidade ideológica e estética Se tivesse de caracterizar o poema como parnasiano
mais rica do que aquela em que anteriormente fora ou realista, por qual das nomenclaturas optaria?
utilizada.
A apreciação anterior diz respeito ao maior prosador 222. Vunesp
realista da literatura portuguesa. A alternativa que o Ainda que se possa, de fato, optar por uma, e só uma,
indica é: das nomenclaturas, existem no poema características
a) Alexandre Herculano. nitidante parnasianas e segmentos que pertencem à
técnica da poesia realista.
b) Camilo Castelo Branco
Indique sucintamente quais são as características
c) Antero de Quental parnasianas e os elementos da poesia realista que o
d) Eça de Queirós. poema apresenta.
e) Fialho de Almeida.
223. Vunesp
220. Vunesp Que outros autores portugueses parnasianos e rea-
No ano de 1865, em Portugal, se inicia uma grande listas conhece?
polêmica. De um lado, Antônio Feliciano de Castilho
(1800-1875); de outro, Antero Tarqüínio de Quental 224.
(1842-1891). Em posfácio ao livro Poema da Moci- Não é obra de Antero de Quental:
dade, de Pinheiro Chagas, Castilho referiu-se com a) Odes modernas.
pouco caso e algum deboche aos jovens poetas que, b) Raios de extintas luz.
em Coimbra, defendiam idéias novas. Antero, um c) Só.
dos mencionados por Castilho, faz logo publicar uma d) Primaveras românticas.
carta em resposta ao velho mestre, na qual retribui as e) Sonetos completos.
ironias, ao mesmo tempo em que faz ataque cerrado
e contundente a Castilho. Em pouco tempo cada um Texto para as questões de 225 a 228.
ganha adeptos e com isso se produz uma das mais O palácio da ventura
ricas polêmicas da História da literatura portuguesa. Tal
episódio ficou conhecido como a Questão Coimbrã ou Sonho que sou um cavaleiro andante.
também pelo título recebido pela publicação de Antero: Por desertos, por sóis, por noite escura,
“Bom senso e bom gosto”. Com base nestas informa- Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
ções e considerando-se o texto dado, responda:
a) O que representavam Antônio Feliciano de Castilho Mas já desmaio, exausto e vacilante,
e Antero de Quental nessa polêmica? Quebrada a espada já, rota a armadura...
b) O que marca a Questão Coimbrã na história da E eis que súbito, o avisto, fulgurante
literatura portuguesa? Na sua pompa e aérea formosura!

152
Com grandes golpes bato à porta e brado: a obra que contém o trecho, defende a tese de que
Eu sou o vagabundo, o Deserdado... a verdadeira facilidade se encontra nas coisas mais
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais! simples e puras. Assinale a alternativa que identifica
o autor e a obra em questão.
Abrem-se as portas d’ouro, com fragor... a) Antero de Quental, Primaveras românticas.
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
b) Antero de Quental, O príncipe perfeito.
Silêncio e escuridão e nada mais!
Antero de Quental c) Eça de Queirós, A ilustre casa de Ramires.
d) Guerra Junqueira, Os simples.
225.
e) Eça de Queiros, A cidade e as serras.
Que tipo de texto é? Por quê?
232. Fuvest-SP
226.
Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente.
Dê o esquema de rimas do poema. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial,
e dos campos, onde cada folhinha conservava uma
227.
quietação contemplativa, na luz docemente desmaia-
Faça a metrificação da primeira estrofe. da, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago,
228. penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti,
no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
Qual o tema central do poema? Depois, muito gravemente:
229. – Tu dizes que na Natureza não há pensamen-
to...
Coloque Ro para Romantismo e Re para Realismo: – Outra vez! Olha que maçada! Eu...
( ) Idealização dos personagens. – Mas é por estar nela suprimido o pensamento
( ) Culto à natureza. que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados,
( ) Crítica à burguesia. não podemos suprimir o pensamento, mas certamente
( ) Liberdade formal. o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie
( ) Valorização da burguesia.
e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando
( ) Egocentrismo.
gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas
( ) Contemporaneidade.
que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas
( ) Nacionalismo.
( ) Sentimento de religiosidade. colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se
( ) Racionalismo. agita – que viva na paz de um sonho vago e nada
( ) Preocupação formal. apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe
( ) Universalismo. o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor
( ) Volta ao passado. de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir
dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fer-
230. Mackenzie-SP nandes?
– Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro,
Sobre Eça de Queirós, é incorreto afirmar que:
com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e
a) em boa parte de sua obra, tem a intenção de ofe-
quarenta contos de renda e o desplante de certos
recer um variado painel da sociedade portuguesa
Jacintos...
da época.
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
b) seu romance O primo Basílio narra a inquietude de
um personagem que, farto da civilização, resolve Considerado no contexto de A cidade e as serras,
assumir uma vida mais simples. o diálogo presente no excerto revela que, nesse
c) sua evolução como escritor também pode ser pre- romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e
senciada em alguns contos, verdadeiros modelos da vida rural:
do gênero. a) indica que o escritor, em sua última fase, abando-
d) sua prosa coloca-se como uma espécie de divisora nara o Realismo em favor do Naturalismo, privile-
lingüística entre a tradição e a modernidade. giando, de certo modo, a observação da natureza
e) com a publicação de O crime do padre Amaro, em detrimento da crítica social.
inicia-se a segunda fase de sua carreira, na qual b) demonstra que a consciência ecológica do escritor
expõe o ideário da geração de 70. já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejei-
tar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções
231. Vunesp
humanas no meio natural.
Ao fim desse inverno escuro e pessimista, uma manhã
c) guarda aspectos conservadores, predominante-
que eu preguiçava numa cama, sentindo ainda pálido
mente voltados para a estabilidade social, embora
um bafo de primavera ainda tímido – Jacinto assomou o escritor mantenha, em certa medida, a prática
à porta do meu quarto, revestido de flanelas leves, de da ironia que o caracteriza.
uma palavra de açucena.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob
PV2D-07-POR-44

O trecho acima pertence a uma obra do Realismo certos aspectos, os efeitos da revolução industrial
português, cujo autor escreveu também Os Maias, e da urbanização acelerada que se haviam proces-
entre outras. Suas obras costumam ser distribuídas por sado em Portugal nos primeiros anos do Século
três fases distintas. A última fase, na qual se enquadra XIX.
153
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o No texto encontra-se:
escritor simule conservar, até certo ponto, a ve-
a) um narrador de 3a pessoa que, do ponto de vista
neração pela Igreja Católica que manifestara em
da figura feminina, narra as aventuras de um casal
seus primeiros romances.
apaixonado.
233. UEL-PR b) um narrador personagem, identificado como o
marido de Luísa, que enaltece os prazeres do
Sobre a forma encontrada por Eça de Queirós, no
romance O primo Basílio, para criticar a sociedade amor.
burguesa de Lisboa, é correto afirmar: c) um narrador personagem que descreve a mulher
a) A crítica encontra-se espalhada por todo o ro- como uma dona de casa cuidadosa e inteligente,
mance, presente nos comentários do narrador e atributos incomuns na época.
na forma de pensar e agir das personagens. d) um narrador de 1a pessoa que se utiliza do discurso
b) A crítica se faz presente nas reflexões realistas da direto para dar voz ao marido de Luísa.
personagem Luísa sobre o seu casamento e sua e) um narrador onisciente que, por meio do discurso
posição na sociedade. indireto livre, desvenda os pensamentos do marido
c) Juliana é a personagem responsável pela crítica de Luísa.
do escritor à sociedade, ao revelar para Jorge que
sua mulher o traía. 236. Vunesp
d) A crítica aparece nos debates dos grupos políticos Amaro abriu a vidraça. Ao fim da rua um candeeiro
de Lisboa que freqüentam as igrejas protestantes esmorecia. A noite estava muito negra. E havia sobre
da cidade e nos discursos da personagem do a cidade um silêncio côncavo, de abóbada.
Conselheiro Acácio. Depois das cornetas, um rufar lento de tambores afas-
e) Basílio é a personagem que representa a crítica tou-se para o lado do quartel; por baixo da janela um
aos valores burgueses, visto que se posiciona a soldado, que se demorara nalguma viela do castelo,
favor da liberdade amorosa dos casais. passo correndo; e das paredes da Misericórdia saía
constantemente o agudo piar das corujas.
234. — É triste isto – disse Amaro.
Romance que ilustra bem a posição crítica de Eça de Mas o São Joaneira gritou de cima:
Queirós em face da sociedade lisboeta de seu tempo, — Pode subir, senhor cônego! Está o caldo na
O primo Basílio trata de um tema caro ao Realismo: mesa!
o adultério. — Ora vá, vá, que você deve estar a cair de fome, Ama-
Escolha, dentre as alternativas abaixo, a que corres- ro! – disse o cônego, erguendo-se muito pesado.
ponde às características da personagem central, Luísa, E detendo um momento o pároco pela manga do
e seu estilo de vida. casaco:
a) Luísa, levando uma vida de burguesa, cheia de — Vai você ver o que é um caldo de galinha feito cá
tédios, resiste a várias investidas de seu primo, pela senhora! Da gente se babar!...
até descobrir que seu marido a trai. No meio da sala de jantar, forrada de papel escuro, a
claridade da mesa alegrava, com a sua toalha muito
b) Personagem dinâmica, Luísa conduz as ações de
branca, a louça, os copos reluzindo à luz forte dum
acordo com sua vontade.
candeeiro de abat-jour verde. Da terrina subia o vapor
c) Abandonada pelo marido, influenciada por leituras cheiroso do caldo, e na larga travessa a galinha gorda,
românticas, deixa-se levar a aventuras extracon- afogada num arroz úmido e branco, rodeada de nacos
jugais. de bom paio, tinha uma aparência suculenta, de prato
d) Casada com Jorge por capricho ou estouvamento, morgado. No armário envidraçado, um pouco na som-
ociosa e sonhadora, é envolvida pelos galanteios bra, viam-se cores claras de porcelana, a um canto, ao
de Basílio e comete adultério. pé da janela, estava um piano, coberto com uma colcha
e) Fragilizada pelo casamento infeliz, Luísa procura de cetim desbotado. Na cozinha frigia-se; e sentindo o
seu ex-namorado e tenta reconstituir sua vida cheiro fresco que vinha dum tabuleiro de roupa lavada,
amorosa. o pároco esfregou as mãos, regalado.

235. O texto acima transcrito é de autoria de Eça de Queirós.


Mas Luísa, a Luisinha, saiu muito boa dona de casa; Responda à questão a seguir.
tinha cuidados muito simpáticos nos seus arranjos; Sabendo que Eça de Queirós foi o introdutor do Realismo
era asseada, alegre como um passarinho, como um em Portugal, diga por que podemos considerar o texto
passarinho amiga do ninho e das carícias do macho; transcrito como pertencendo a um romance realista.
e aquele serzinho louro e meigo veio dar à sua casa
um encanto sério. (...) 237.
Estavam casados havia três anos. Que bom que tinha
O primo Basílio pertence à fase realista de seu autor,
sido! Ele próprio melhorara; achava-se mais inteligente,
Eça de Queirós. É reconhecido, também, como um
mais alegre ... E recordando aquela existência fácil e
Romance de Tese – tipo de narrativa em que se
doce, soprava o fumo do charuto, a perna traçada, a
alma dilatada, sentindo-se tão bem na vida como no demonstra uma idéia, em geral com intenção crítica
seu jaquetão de flanela! e reformadora. Tendo em vista essas determinações
Eça de Queirós, O primo Basílio.
gerais, é correto afirmar que, nesse romance:

154
a) o foco expressivo se concentra na anterioridade coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguão.
subjetiva das personagens, que se dão a conhecer E por trás de uma portinha, ao lado, sentia-se o ranger
por suas idéias e sentimentos, e não por suas falas de um berço, o chorar doloroso de uma criança.
ou ações.
a) O descritivismo da cena reforça o contraste entre
b) as personagens se afastam de caracterizações a realidade e os sonhos de Luísa provenientes dos
típicas, tornando-se psicologicamente mais com- folhetins românticos que tanto lia.
plexas e individualizadas.
b) Não ocorre a incorporação por parte do autor do
c) a preferência é dada à narração direta, evitando-se
método de observação científica da realidade,
recursos como a ironia, o suspense, o refinamento
mantendo assim a tendência ultra-romântica nos
estilístico de períodos e frases.
momentos descritivos da obra.
d) o interesse pelas relações entre o homem e o meio
amplia o espaço e as funções das descrições, c) Basílio vive entre pretensos negócios e aventuras
tornadas mais minuciosas e significativas. e suas condições financeiras correspondem a seu
e) a narração de ações, a criação de enredos e as discurso, como demonstra o local arranjado para
reflexões do narrador são amplamente substituí- seus encontros vespertinos com Luísa.
das pelo debate ideológico-moral entre Jorge e o d) O trecho acima apresenta a visão romântica de
Conselheiro Acácio. Luísa sobre o local para seus encontros fortuitos
com Basílio, idealização reforçada pelo nome dado
238. ao local – Paraíso.
… Ao criticar O primo Basílio, Machado de Assis afir- e) Pode-se afirmar que a descrição do local reforça
mou: (…) a Luísa é um caráter negativo, e no meio os sentimentos de culpa de Luísa, que, a esta
da ação ideada pelo autor, é antes um títere que uma altura do enredo, se pune por estar apaixonada
pessoa moral.
pelo primo e por ter dado ouvidos a Leopoldina.
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis
controlados por um manipulador. Nesse sentido, as
241.
personagens que, principalmente, manipulam Luísa,
determinando-lhe o modo de agir, são: O Realismo propõe-se a fazer um retrato fiel de sua
época. Eça de Queirós soube catalisar os desejos, as
a) Basílio e Juliana.
práticas e as reações das mulheres do século XIX, pro-
b) Jorge e Justina. piciando uma interpretação satisfatória do estrato da
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana. sociedade portuguesa representado por elas. Todas as
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio. afirmações a seguir sobre as personagens femininas
e) Jorge e Leopoldina. da obra O primo Basílio são corretas, exceto:
a) Leopoldina é uma mulher muito ousada para o
239. Faenquil-SP padrão moral da época do enredo, porque diz
Comparando-se as personagens Luíza, de O primo claramente que gostaria de poder conquistar a imu-
Basílio, e Aurélia, de Senhora, pode-se notar que: nidade no exercício da liberdade, independência e
a) ambas são mulheres da elite de sua época, presas autonomia masculinas, considerando ultrapassado
a banalidades e a interesses materiais. o estatuto estabelecido para a mulher do século
b) ambas são semelhantes, pois estão envolvidas XIX.
em relações adúlteras, a primeira com Basílio, a b) Dona Felicidade de Noronha é de origem fidalga
segunda com Fernando. e pertence àquela geração anterior à de Luísa,
c) são muito diferentes, pois enquanto Luísa se permanecendo solteira não por vocação, mas por
arrepende do adultério que cometeu, Aurélia não falta de oportunidade.
demonstra nenhum arrependimento. c) Tia Vitória Soares, íntima de Juliana e mentora de
seus planos, desempenhava a função de inculca-
d) ambas sofrem por não poderem ficar com o homem
deira: uma mistura de consultoria sentimental e
que realmente amam, pois foram obrigadas por
econômica, de gabinete de empregos e de outros
suas famílias a se casarem por conveniência.
tipos diferentes de assessoria.
e) Luísa é fútil, presa a banalidades, enquanto Aurélia d) É notável que as duas personagens femininas
demonstra integridade e caráter. mais próximas de Luísa, uma representante de sua
geração, outra da geração de sua mãe, são exem-
240. plos negativos do modo feminino que a tradição
Leia o seguinte trecho de O primo Basílio, de Eça de burguesa de Jorge desejava como padrão: uma
Queirós, sobre o chamado Paraíso e, a seguir, assinale por ter amantes e outra por não haver casado.
a afirmação correta. e) Juliana tem a oportunidade de namorar de perto
Logo à entrada, um cheiro mole e salobro enojou-a. os valores burgueses, traduzidos em bens e
A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, comodidades, mas despreza-os e é capaz de
PV2D-07-POR-44

apertada entre paredes onde a cal caía e a umidade ridicularizá-los, o que a aproxima ideologicamente
fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com do Conselheiro Acácio, marcado pela vacuidade e
um gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado, pelo convencionalismo.

155
242. UniCOC-SP a) o acúmulo de pormenores induz a uma percepção
No meio da sala de jantar, forrada de papel impessoal e neutra do real.
escuro, a claridade da mesa alegrava, com a sua b) a descrição assume caráter impressionista, dando
toalha muito branca, a louça, os copos reluzindo à também dimensão subjetiva à percepção do espa-
luz forte dum candeeiro de abat-jour verde. Da terrina ço.
subia o vapor cheiroso do caldo, e na larga travessa c) as descrições veiculam as impressões do narrador,
a galinha gorda, afogada num arroz úmido e branco, e o monólogo interior, as da personagem.
rodeada de nacos de bom paio, tinha uma aparência d) a carência de adjetivos confere caráter objetivo e
de prato morgado. No armário envidraçado, um pouco real à representação do espaço.
na sombra, viam-se cores claras de porcelana, a um e) o predomínio da descrição confere caráter ex-
canto ao pé da janela, estava um piano, coberto com pressionista ao relato, eliminando seus resíduos
uma colcha de cetim desbotado. Na cozinha frigia-se; subjetivos.
e sentindo o cheiro fresco que vinha dum tabuleiro de
roupa lavada, o pároco esfregou as mãos, regalado. 245.
O crime do padre Amaro. Responda às questões.
a) No início do romance O primo Basílio, Jorge assu-
Assinale a alternativa que contém a análise estilística
me uma posição bem definida em relação à mulher
correta desse trecho.
adúltera. Qual era essa posição e que incidente o
a) Trata-se de uma descrição simbolista pelas suges- levou a externá-la?
tões, mais do que pelos traços reais, da comida e b) A posição final de Jorge diante da traição da es-
do ambiente. posa é coerente com seu pronunciamento inicial?
b) Trata-se de uma descrição romântica pelo excesso Comente o comportamento de Jorge.
de adjetivos para exagerar o objeto que se preten-
de retratar. 246.
c) Trata-se de um trecho de uma narração modernista No romance O primo Basílio, de Eça de Queirós,
com a presença de um vocabulário sinestésico Ernestinho é autor de uma peça teatral que tematiza
apropriado à língua oral. o adultério. Aconselhado por seu empresário, decide
d) Trata-se de uma descrição realista com abun- que, na peça, o marido traído deve perdoar a esposa
dância de expressões adequadas para sugerir no final. No trecho a seguir, Ernestinho revela sua
aspectos visuais, olfativos e gustativos. decisão a Luísa:
e) Trata-se de uma narração de estilo pré-modernista
— Ah! esquecia-me de dizer-lhe, sabe que lhe per-
à moda de Euclides da Cunha, repleta de adjetivos doei?
de raro uso na língua. Luísa abriu muito os olhos.
— À condessa, à heroína! Exclamou Ernestinho.
243. Fuvest-SP
— Ah!
Luísa sabia-o. Porque o conselheiro Acácio, nunca — Sim, o marido perdoa-lhe, obtém uma embaixada,
vinha aos chás de D. Luísa, como ele dizia, sem ter e vão viver no estrangeiro. É mais natural.
ido na véspera ao ministério de obras públicas pro-
curar Jorge... A primeira fala de Ernestinho pode ser interpretada
Na passagem acima, aparece uma personagem que de duas maneiras.
se tornou célebre como símbolo de: a) Quais são as duas interpretações?
a) vacuidade e convencionalismo. b) Qual das duas foi a interpretação de Luísa?
b) probidade e originalidade. c) Que fatos da vida de Luísa motivam essa interpre-
tação da fala de Ernestinho?
c) generosidade e simpatia.
d) espontaneidade e franqueza. 247.
e) sagacidade e espírito crítico.
Eça de Queirós, em 1887, escreve o romance A relí-
244. Fuvest-SP quia. Narrado em primeira pessoa, nele o personagem
central conta a sua própria história. O título do livro
A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com revela tratar-se de:
uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole
a) obra religiosa que narra a vida dos cristãos mortos
e salobro enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia
na Terra Santa.
ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía,
e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, b) texto teológico que desenvolve a doutrina do cris-
uma janela com um gradeadozinho de arame, parda tianismo sobre os primeiros mártires da Igreja.
do pó acumulado, coberta de teias de aranha, coava c) obra satírica, espécie de crônica de costume, que cri-
a luz suja do saguão. E por trás de uma portinha, ao tica o comportamento religioso da Igreja Católica.
lado, sentia-se o ranger de um berço, o chorar doloroso d) documento histórico trazido da Terra Santa pelo
de uma criança. narrador para sua tia Patrocínio.
Eça de Queirós, O primo Basílio. e) relato mítico da vida de Santa Maria Madalena
Observando-se os recursos de estilo presentes na de quem o narrador herdara, em Jerusalém, um
composição desse trecho, é correto afirmar que: manto sagrado.
156
248. Fuvest-SP Basílio! Basílio, no fim, o que se tornara para ela? Era
Costuma-se reconhecer que tanto O primo Basílio como um marido pouco amado, que ia amar fora de
quanto as Memórias póstumas de Brás Cubas pos- casa! Mas então, valia a pena?
suem notável conteúdo de crítica social. Apesar das Onde estava o defeito? No amor mesmo talvez!
muitas diferenças que separam os dois romances, em Porque enfim, ela e Basílio estavam nas condições
ambos essa crítica: melhores para obterem uma felicidade excepcional:
a) fundamenta-se em minuciosa análise das relações eram novos, cercava-os o mistério, excitava-os a difi-
sociais e tem como finalidade propor soluções culdade... Por que era então que quase bocejavam? É
construtivas para os problemas detectados. que o amor é essencialmente perecível, e na hora em
b) dá a ver um conjunto de personagens que, com que nasce começa a morrer. Só os começos são bons.
raras exceções, têm como traços mais marcantes Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do
a inconsistência, a pretensão, a veleidade e outras céu. Mas depois!... Seria pois necessário estar sempre
características semelhantes, figurando assim uma a começar, para poder sempre sentir? – E, pela lógica
sociedade globalmente medíocre.
tortuosa dos amores ilegítimos, o seu primeiro amante
c) assume a forma do romance de tese, próprio da fazia-a vagamente pensar no segundo!
estética realista, no qual se procura validar um
conjunto de hipóteses científicas, verificando-se Em “Um beijo de Jorge perturbava-a mais, e viviam
sua pertinência na vida social das personagens. juntos havia três anos!”, percebe-se a presença de
d) visa a demonstrar o prejuízo que o excesso de uma figura de linguagem constante em todo o roman-
leituras romanescas pode trazer à formação moral ce, a saber:
dos indivíduos, em particular quando interfere na a) metáfora.
educação das mulheres, matrizes da família.
b) metonímia.
e) incide principalmente sobre as mazelas sociais
c) ironia.
derivadas da persistência da escravidão em um
contexto já moderno, no qual ela não mais se d) sinestesia.
justifica. e) hipérbole.

249. UFRGS-RS 251.


Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações As personagens Juliana e Basílio são, do ponto de
a seguir, relacionadas a obra O crime do Padre Amaro, vista técnico, as mais interessantes do romance O
de Eça de Queirós. primo Basílio. Aquela por ser esférica e agente, esta
( ) O filho de Amaro e de Amélia morre em circuns- por ser caricata. Justifique essa afirmação.
tâncias obscuras nas mãos de Carlota, contratada
por Amaro. 252. UFBA
( ) Amélia, a exemplo de Luísa, de O Primo Basílio, Savedra e Julião discutiam a imprensa. O
é, sob a ótica realista, uma vítima da sociedade. redator do Século gabava a profissão de jornalista
( ) O romance, dentro dos princípios realistas, estuda quando a gente, já se sabe, tem alguma coisa de seu;
a influência da burguesia na provinciana cidade de mais tarde ou mais cedo apanha-se um nicho, não é
Lisboa. verdade? Depois as entradas nos teatros, a influência
( ) Como a fé é a base da ordem, fica evidente que nas cantoras. Sempre se é um bocado temido...
o clero, representado por Amaro e pelo Cônego E o conselheiro, cortando os ovos queimados,
Dias, é a única saída para um país decrépito e saboreando as alegrias da convivência, dizia a Jorge:
decadente. — Que maior prazer, meu Jorge, que passar
( ) No final do romance, o Conde de Ribamar, sob a assim as horas entre amigos, todos de reconhecida
estátua de Camões, orgulha-se das instituições e ilustração, discutir as questões mais importantes, e
do clero português e do fato de Portugal causar ver travada uma conversação erudita?... Parecem
inveja à Europa. excelentes os ovos.
A seqüência correta de preenchimento dos parêteses, A Sra Filomena, então, com solenidade, veio
de cima para baixo, é: colocar-lhe ao pé uma garrafa de champagne.
a) V – V – F – F – V. O Savedra pediu logo para a abrir, porque o
b) V – F – V – F – F. fazia com muito chic. E apenas a rolha saltou, e, no
silêncio que criou a cerimônia, se encheram os copos,
c) F – V – F – V – V.
o Savedra, que ficara de pé, disse:
d) F – F – V – F – F.
— Conselheiro!
e) F – V – F – V – F. Acácio curvou-se, pálido.
— Conselheiro, é com o maior prazer que bebo,
250. Faenquil-SP
que todos bebemos, à saúde dum homem, que – e
Para responder à questão, leia o trecho seguinte, ex- arremessando o braço, deu um puxão ao punho da
traído de O primo Basílio, de Eça de Queirós. camisa com eloqüência – pela sua respeitabilidade,
Bom Deus, Luiza começava a estar menos a sua posição, os seus vastos conhecimentos, é um
PV2D-07-POR-44

comovida ao pé do seu amante, do que ao pé do dos vultos deste país. À sua saúde, conselheiro!
seu marido! Um beijo de Jorge perturbava-a mais, e — Conselheiro! Conselheiro! Amigo conselheiro!
viviam juntos havia três anos! Nunca se secara ao pé Beberam com ruído. Acácio, depois de limpar os
de Jorge, nunca! E secava-se positivamente ao pé de beiços, passou a mão trêmula pela calva, levantou-se
157
comovido, e começou: a) a ironia.
— Meus bons amigos! Eu não me preparei para b) a universalização.
esta circunstância. Se a soubesse de antemão, teria
c) a introspecção.
tomado algumas notas. Não tenho a verbosidade dos
Rodrigos ou dos Garretts. E sinto que as lágrimas me d) o determinismo.
vão embargar a voz... e) a dissimulação.
Falou então de si, com modéstia [...]
O café foi servido na sala. As velas de estearina 254.
punham uma luz triste naquela habitação fria; o con- Assinale a afirmativa correta sobre Eça de Queirós.
selheiro foi dar corda à caixa de música; e, ao som do a) Fiel aos pressupostos da escola naturalista,
coro nupcial da Lúcia, ofereceu em redor charutos.
adotou postura doutrinária ao dissertar sobre a
— E a Sra Adelaide pode trazer os licores – disse
degeneração do clero, resultante do acelerado
à Filomena.
Viram então aparecer uma bela mulher de trinta progresso industrial das cidades portuguesas.
anos, muito branca, de olhos negros e formas ricas, b) Lançou um olhar crítico sobre a sociedade de seu
com um vestido de merino azul, trazendo numa ban- tempo, procurando analisar e registrar, através do
deja de prata , onde tremelicavam copinhos, a garrafa romance realista, as contradições de um mundo
de cognac e o frasco de curaçau. em transformação.
— Boa moça! – rosnou com o rosto aceso o c) Em pleno apogeu do capitalismo, defendeu a
Alves Coutinho. tese de que os princípios religiosos eram a única
Julião quase lhe tapou a boca com a mão. E fa- forma de salvaguardar a sociedade de valores
lando-lhe ao ouvido, olhando o conselheiro, recitou:
excessivamente materialistas.
Não ouses, temerário, erguer teus olhos
Para a mulher de César! d) Nacionalista convicto, acreditava que a literatura
QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: romântica era instrumento legítimo e eficaz para
FTD, 1994. pp. 317-319. enaltecer e preservar os valores da tradição
Sobre o fragmento e a obra, pode-se afirmar: portuguesa.
01. O narrador, por meio do conselheiro Acácio, evoca e) Serviu-se da ficção para tecer comentários irôni-
um passado heróico de Portugal, descrevendo cos às classes baixas, responsáveis, segundo ele,
determinados comportamentos típicos da história pelo marasmo em que se encontrava Portugal no
européia e dos ambientes sociais nos quais de- século XIX.
corre a intriga.
02. As personagens Julião e Savedra têm em comum 255. UFPI
um comportamento previsível: seus atos ou rea- Um traço estético presente em O primo Basílio, de Eça
ções são recorrentes em toda a trama. de Queirós, é:
04. Savedra é uma personagem de comportamento a) linguagem fortemente descritiva.
dúbio, um tipo humano que se utiliza do poder da
imprensa em benefício próprio. b) linguagem contida, sem detalhes.
08. O conselheiro Acácio destaca-se por sua pretensa c) emprego de recursos gráficos.
erudição, por seu conservadorismo irreprimível, d) linguagem introspectiva.
detentor de um discurso moralizador dos costumes e) linguagem cinematográfica.
de sua época.
16. A presença da Sra Adelaide na cena destacada é 256.
indício de uma moralidade aparente do Conselhei- Sendo uma obra realista, o estudo do espaço em
ro, que não corresponde ao que ele representa na O primo Basílio é fundamental. Com relação a esse
vida pública. aspecto da estrutura da obra, assinale a alternativa
32. Julião exemplifica um tipo humano defensor de incorreta.
uma religiosidade intolerante e da instituição do a) O quarto de Juliana, localizado no sótão da casa
casamento como formas de regenerar moralmente
de Luísa, é uma das causas da revolta da cria-
a sociedade portuguesa.
da.
64. O narrador descreve acontecimentos dos quais
tomou parte, como confidente dos personagens, b) O sofá, um dos móveis da sala, será uma espécie
ouvindo as suas aventuras, as desilusões ou os de cúmplice de Luísa em seu relacionamento com
triunfos. Basílio e será o local em que ela passará boa par-
Some os números dos itens corretos. te do dia de maneira ociosa ou lendo romances.
c) Há um claro contraste entre o quartinho pobre
253. UFRJ que Basílio alugou para se encontrar com Luísa,
Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os o Paraíso, e aquilo que ela imaginava a partir de
santos do céu que eu era obrigado a partir, mas que suas leituras.
não deixava de lhe querer muito; tudo hipérboles frias, d) É na sala, espaço público por excelência de uma
que ela escutou sem dizer nada. casa, palco das representações sociais, que Jor-
A característica do Realismo presente nesse frag- ge enfaticamente se declara, no início da obra,
mento é: pela morte como punição por um adultério.
158
e) As “traseiras”, área da criadagem, não chegam a d) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota
ser demarcadores de papéis sociais na casa, já da província e o celibato clerical e caracteriza a
que surgem apenas como um local de trabalho situação de decadência e alienação de Leiria,
em que cenas irrelevantes acontecem. tomando-a como espelho da marginalização de
todo o país com relação ao contexto europeu.
257. e) se desenvolve em duas linhas de ação: uma mar-
Sobre A cidade e as serras, sabe-se que o autor cada por amores incestuosos; outra voltada para
apresenta um esquema, sob a forma dialética, que se a análise da vida da alta burguesia lisboeta.
configura pelo confronto entre duas idéias: a afirmação
da cidade como espaço do homem moderno (tese) e 260.
a navegação da viabilidade desse espaço, sugerindo Personagem do romance O primo Basílio, de Eça de
a realidade do campo como alternativa aos problemas Queirós, tornou-se tão conhecida por suas interven-
da vida urbana (antítese). ções, que seu nome deu origem a palavras dele deri-
a) Como Eça de Queirós propõe a conciliação (sín- vadas como: acaciano, acacianismo, acaciamento. As-
tese) entre o campo e a cidade, no final do livro? sinale a alternativa que explica o significado atribuído a
b) Em qual fase de Eça de Queirós podemos enqua- estas palavras em função do conselheiro Acácio.
drar o livro acima? a) Inesperadas declarações ou informações que dão
novo rumo à conversa.
258. b) Afirmações irrefutáveis ou solidamente argumen-
Basílio achava–se irresistível: quem diria que tadas.
uma burguesinha podia ter tanto chic, tanta queda? c) Ironias profundas ou sutis ridicularizações impre-
Ajoelhou–se, tomou–lhe os pezinhos entre as mãos, visíveis.
beijou–lhos; depois, dizendo muito mal das ligas “tão d) Trivialidades com feição sentenciosa ou gravemen-
feias, com fechos de metal”, beijou–lhe respeitosa- te ridículas.
mente os joelhos; então fez-lhe baixinho um pedido. e) Argumentação cerrada ou raciocínios cerebrina-
Ela corou, sorriu, dizia: não! não! – e quando saiu do mente elaborados.
seu delírio tapou o rosto com as mãos, toda escarlate;
murmurou repreensivamente: 261. PUC-SP
— Oh Basílio!
Das alternativas a seguir, indique a que não condiz com
Ele torcia o bigode, muito satisfeito. Ensinara-lhe
o romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.
uma sensação nova; tinha-a na mão!
a) É uma obra realista-naturalista e nela o narrador
Sobre o trecho e a obra à qual pertence não se pode aparece como um observador imparcial que vê os
afirmar que: acontecimentos com neutralidade.
a) há exemplos do chamado discurso indireto e do b) Apresenta como tema central o adultério e o autor
discurso direto. explora o erotismo ao detalhar a relação entre os
b) os amantes se encontram num lugar agradável, amantes.
confortável e convidativo chamado Paraíso. c) Mostra-se como uma lente de aumento sobre a
c) ociosidade, caráter débil e excesso de leitura ro- intimidade das famílias e revela criticamente a
mântica são algumas das motivações que levam pequena burguesia do final do século XIX em
Luísa a tal situação. Lisboa.
d) a insinuação sexual é um dos dados que apontam d) Ataca as instituições sociais como a Família, a
para o caráter realista-naturalista da obra. Igreja, a Escola e o Estado, sempre com a preo-
cupação de fazer um vasto inquérito da sociedade
e) “lhos” retoma Luísa e pezinhos.
portuguesa e moralizar os costumes da época.
259. PUC-SP e) Caracteriza-se por ironia fina, caricaturismo e
humor na composição das personagens, entre as
O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós,
quais se destaca o Conselheiro Acácio.
publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto
chamado “Civilização”. Do romance como um todo
262.
pode afirmar-se que:
Relacione as obras às afirmativas.
a) apresenta um narrador que se recorda de uma
a) O crime do padre Amaro
viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente
Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma b) O primo Basílio
relíquia para uma tia velha, beata e rica. c) Os Maias
b) caracteriza uma narrativa em que se analisam os d) A cidade e as serras
mecanismos do casamento e o comportamento da e) A ilustre casa de Ramires
pequena burguesia da cidade de Lisboa. ( ) Quadro da vida da média burguesia lisboeta, em
c) apresenta uma personagem que detesta inicial- que o adultério é a conseqüência trágica da vida
mente a vida do campo, aderindo ao desenvol- limitada e ociosa de uma mulher de formação
romântica.
PV2D-07-POR-44

vimento tecnológico da cidade, mas que ao final


regressa à vida campesina e a transforma com ( ) Quadros da vida vazia e espiritualmente decadente
a aplicação de seus conhecimentos técnicos e de figuras da alta sociedade portuguesa.
científicos. ( ) Quadros da vida provinciana e crítica da hipocrisia

159
moral de uma sociedade paralisada e marcada por 266. UFPE
uma religiosidade imbecil. A estética anti-romântica iniciou-se na segunda metade
( ) A velha nobreza apresentada de forma sério-jo- do século XIX, com o Realismo, e aprofundou-se com
cosa e vista como reserva moral de uma nação o Naturalismo. Sobre esses movimentos, analise as
decadente. proposições abaixo.
( ) Contraposição entre o artificialismo da civilização ( ) As transformações econômicas, científicas e ideoló-
moderna e a naturalidade simples e saudável da gicas possibilitaram a Revolução Industrial, na qual
vida no campo. os valores burgueses e capitalistas suplantaram os
valores românticos: a fantasia e o mito da natureza
263. Unicamp-SP entram, assim, em crise.
a) Em O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, ( ) Surge, na literatura, o Realismo, movimento em
que o artista é, ao mesmo tempo, um participante
a partir de um certo momento da trama, Amaro e
e um observador do mundo. Esse aspecto conduz
Amélia passam a ver-se numa casa estrategica- à representatividade histórico-social e à análise
mente bem situada para seus encontros amorosos. psicológica das personagens, examinadas à luz
Quem são os habitantes dessa casa? Qual desses do racionalismo e da contemporaneidade.
habitantes teria provocado em Amélia o início de ( ) Entre as características do Realismo brasileiro,
seus conflitos morais? estão a objetividade, a impessoalidade e o uso da
b) No final de O crime do padre Amaro, o Cônego linguagem regional.
Dias e Amaro reencontram-se em Lisboa, juntan- ( ) O Naturalismo é um prolongamento do Realismo,
do-se a eles o Conde de Ribamar. Ao referir-se ao pois acrescenta uma visão cientificista da existên-
ambiente daquela cidade (e, conseqüentemente, cia, a qual inclui o determinismo do meio ambiente,
de Portugal) naquele momento, o conde diz: do instinto e da hereditariedade.
— Que paz, que animação, que prosperidade!”. ( ) O Realismo teve sua primeira manifestação impor-
tante com a publicação de Memórias póstumas de
A essa observação, o narrador acrescenta uma Brás Cubas, de Machado de Assis, e o Naturalis-
descrição das ruas modorrentas de Lisboa, que mo, com Dom Casmurro, do mesmo autor, ambos
pode ser resumida no seguinte trecho: “... pelos em 1881.
bancos da praça, gente estirava-se num torpor de
vadiagem; um carro de bois, aos solavancos sobre 267. UFPI
as suas altas rodas, era como o símbolo de agri- Em relação à narrativa O primo Basílio, a correspon-
culturas atrasadas de séculos”. A contraposição dência correta é:
das duas passagens citadas produz efeito irônico. a) Luísa – forte, decidida, independente.
Explique-o. b) Leopoldina – sensual, adepta dos padrões ideais
de uma mulher burguesa.
264. Mackenzie-SP
c) Juliana – solteirona, fiel admiradora das patroas.
Assinale a alternativa incorreta a respeito de Eça de
Queirós. d) Basílio – orgulhoso, aventureiro, conquistador sem
a) Sua obra é considerada o ponto mais alto da prosa escrúpulos.
realista portuguesa. e) Acácio – preocupado com a aparência, simples,
b) Embora tenha militado intensamente na implanta- informal.
ção do Realismo em Portugal, não participou das
Conferências do Cassino Lisbonense. As questões 268 e 269 referem-se ao texto, extraí-
c) Em O crime do padre Amaro, critica a sociedade do do capítulo IX da obra O crime do padre Amaro
burguesa de Portugal e mostra a influência do clero (1980), de Eça de Queirós (1845-1900).
na sociedade provinciana.
d) Em O primo Basílio, temos um romance no qual Então, passeando excitado pelo quarto, levava as
se denuncia a rede de vícios e de adultérios que suas acusações mais longe, contra o Celibato e a
infestava a Lisboa de então. Igreja: por que proibia ela aos seus sacerdotes,
e) Costuma-se dividir sua obra em três fases, sendo homens vivendo entre homens, a satisfação mais
a segunda aquela em que desenvolveu um estilo natural, que até têm os animais? Quem imagina que
realista implacável. desde que um velho bispo diz “serás casto” a um
homem novo e forte, o seu sangue vai subitamente
265. Fuvest-SP
esfriar-se? E que uma palavra latina accedo – dita a
O romance O primo Basílio investe contra a família tremer pelo seminarista assustado, será o bastante
burguesa. Desse modo, na classificação da obra de
para conter para sempre a rebelião formidável do
seu autor, é apontado como pertencente à mesma
fase literária de: corpo? E quem inventou isso? Um concílio de bispos
decrépitos, vindos do fundo dos seus claustros, da
a) A ilustre casa de Ramires e Os Maias.
paz da suas escolas, mirrados como pergaminhos,
b) A ilustre casa de Ramires e O crime do padre
inúteis como eunucos! Que sabiam eles da Natureza
Amaro.
e das suas tentações? Que viessem ali duas, três
c) Os Maias e A correspondência de Fradique Mendes horas para o pé da Ameliazinha, e veriam, sob a
d) O crime do padre Amaro e A cidade e as serras. sua capa de santidade, começar a revoltar-se-lhes
e) O crime do padre Amaro e Os Maias. o desejo! Tudo se ilude e se evita, menos o amor! E

160
se ele é fatal, por que impediram então que o padre e) a promiscuidade das vielas obscenas como o
o sinta, o realize com pureza e com dignidade? É pecado a afligir os padres jovens.
melhor talvez que o vá procurar pelas vielas obsce-
nas! Porque a carne é fraca! 269. UFRGS
QUEIRÓS, E. Obra Completa. 2 vols. Sobre o texto, considere as afirmativas abaixo:
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1970. 1:326. I. Amaro mostra-se indignado com a moral da Igre-
ja.
268. UEL-PR
II. Ameliazinha é mulher santa, desejada por Amaro
Este trecho é o pensamento do Padre Amaro Vieira,
por seus belos pés.
protagonista do romance. É correto afirmar que, no
III. Os bispos são eunucos a impedir o desejo dos
texto acima, o escritor registra:
padres jovens.
a) a burguesia degenerada a conduzir a formação
IV. O desejo carnal é superior aos mandamentos do
dos padres católicos.
seminário.
b) a noção comum de que o pecado da carne é o
único aceitável entre os religiosos. A alternativa que contém todas as afirmativas cor-
c) a percepção científica de que homens e animais retas é:
são diferentes porque educados pela moral reli- a) I e II.
giosa. b) I e IV.
d) o traço determinista do positivismo de Auguste c) II e III.
Comte, admitindo a motivação sexual como algo d) I, III e IV.
comum a todos. e) II, III e IV.

Capítulo 3
Leia o texto a seguir para responder às questões c) Arcadismo, marcado pelo ideário iluminista e pela
270 e 271. retomada dos clássicos.
d) Simbolismo, voltado para a representação subje-
Esta nova edição de Helena sai com várias emendas de
tiva da realidade.
linguagem e outros, que não alteram a feição do livro. Ele
é o mesmo da data em que o compus e imprimi, diverso e) Parnasianismo, geralmente criticado pelo uso de
do que o tempo me fez depois, correspondendo assim à uma linguagem artificial.
história do meu espírito, naquele ano de 1876. 272. Mackenzie-SP
Não me culpeis pelo que lhe achardes romanesco. Dos Assinale a afirmação correta a respeito do autor de
que então fiz, este me era particularmente prezado. Agora Dom Casmurro.
mesmo, que há tanto me fui a outras e diferentes páginas, a) Reconhecido renovador da narrativa literária, não
ouço um eco remoto ao reler estas, eco de mocidade e fé teve igual desempenho no conto, que exige o
ingênua. E claro que, em nehum caso, lhes tiraria a feição espírito de concisão que ele preferiu não cultivar.
passada; cada obra pertence ao seu tempo.
b) Avesso às manifestações excessivas da fantasia
e da imaginação, voltou-se à construção de nar-
270. Faenquil-SP
rativas que comprovam as teorias deterministas e
Desse texto de Machado de Assis, subentende-se evolucionistas do século XIX.
que:
c) Um dos aspectos fundamentais da inovação estéti-
a) um livro deve ser lido apenas na época em que foi ca que realizou foi fazer, no interior das narrativas,
escrito. reflexões sobre a própria linguagem que estava
b) livros escritos por jovens são romanescos e ingê- sendo utilizada nos relatos.
nuos. d) Em sua prosa, que atingiu destacado nível entre
c) cada livro está intimamente ligado ao contexto em as mais valorosas produções literárias, elegeu
que é produzido. tipos humanos que sofreram a decadência dos
d) um autor não deve ser responsabilizado pelo o que engenhos de cana-de-açúcar.
escreveu na juventude. e) A tendência ficcional para o regionalismo originou,
e) as idéias expressas em um livro reproduzem a no conjunto de sua obra, vasto painel de persona-
classe social de seu autor. gens-símbolo das aflições do migrante nordestino,
em variadas manifestações.
271. Faenquil-SP 273. Mackenzie-SP
Ao criticar Helena, o autor deixa implicíta uma crítica ao mo- Assinale a alternativa incorreta sobre o estilo de
vimento literário que o antecede. Esse movimento é o : Machado de Assis.
PV2D-07-POR-44

a) Barroco, caracterizado pelo uso freqüente de a) Sua linguagem irônica e sarcástica está relaciona-
antíteses e sinestesias. da à quebra de valores absolutos.
b) Romantismo, comumente associado a uma emo- b) A linguagem metafórica, usada com freqüência,
tividade exacerbada. concretiza conceitos e juízos de valor.
161
c) Realizou rupturas na organização linear do texto c) se opõem às idealizações românticas e observam
narrativo, impondo outra lógica à seqüência de de modo crítico a sociedade e os interesses indi-
capítulos. viduais.
d) Utilizou-se com freqüência da metalinguagem, d) operam uma crítica cerrada das leituras romanes-
fazendo referências ao próprio ato de narrar. cas, que consideram responsáveis pelas falhas da
e) A ruptura com a tradição literária deu origem a um educação da mulher.
estilo irreverente, afastado da norma culta. e) têm como objetivos principais criticar as mazelas
da sociedade e propor soluções para erradicá-las.
274. Fatec-SP
Assinale a alternativa incorreta. 277. UFAC
a) A obra de Machado de Assis aprofundou a pesqui- Sobre Quincas Borba, de Machado de Assis, pode-se
sa dos principais motivos realistas, especialmente dizer que:
o determinismo, que marca seu romance Memórias a) O romance é narrado no passado, revelando
póstumas de Brás Cubas. recordações da infância do autor.
b) Com Machado de Assis inova-se a técnica do ro- b) A filosofia do “Humanitas” preconiza a paz entre
mance, seja no estilo e na criação das personagens,
os povos.
seja na própria maneira de conceber a vida.
c) Sofia é uma personagem feminina caracterizada-
c) Machado de Assis tem sua obra tradicionalmente
mente machadiana: fria e calculista.
dividida pela crítica em “fase romântica” e “fase
realista”. Na primeira fase, classifica-se Helena; d) Rubião é uma personagem livre da ambição de
na segunda, Esaú e Jacó. dois indivíduos interesseiros.
d) Na obra de Machado de Assis encontram-se conto, e) O romance tem em Capitu sua principal persona-
crônica, romance, crítica, teatro e poesia. gem.
e) Em O alienista, Machado de Assis dedica-se a
questionar os limites entre a loucura e a normali- 278. UFPE
dade, terminando por dar ao conto a característica Sobre Machado de Assis, é correto afirmar que:
de crítica ao cientificismo dominante na época. a) iniciou a escrever sua própria obra dentro dos
padrões do Realismo, tornando-se depois um
275. ESPM-SP seguidor do Naturalismo.
Assinale a opção que contenha trecho com a conhe- b) como poeta, foi influenciado pelo Simbolismo, ma-
cida digressão metalingüística presente na obra de nifestando, em seus versos, o apelo às sensações
Machado de Assis. visuais e auditivas.
a) Ora bem, faz hoje um ano que voltei definitiva- c) sofreu influência, nos seus romances, das idéias de
mente da Europa. O que me lembrou esta data foi, José de Alencar e de Joaquim Manuel de Macedo,
estando a beber café, o pregão de um vendedor sobretudo na caracterização dos personagens.
de vassouras e espanadores: “Vai vassouras! vai
espanadores!”. d) seus personagens são estereotipados e descritos
com superficialidade: seu caráter e suas emoções
b) Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela
não são explorados com profundidade.
morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia.
Viver não é a mesma cousa que morrer (...). e) na trilogia Memórias póstumas de Braz Cubas,
c) Rubião não sabia que dissesse: Sofia, passados Quincas Borba, D. Casmurro, Machado de Assis
os primeiros instantes, readquiriu a posse de si explora o tema do adultério, elaborando uma trama
mesma: respondeu que, em verdade, a noite era que se sustenta na dissimulação feminina.
linda (...).
279. Mackenzie-SP
d) Assim chorem por mim todos os olhos de amigos
e amigas que deixo neste mundo, mas não é Assinale a alternativa correta sobre Machado de
provável. Tenho-me feito esquecer. Assis.
e) Para não ser arrastado, agarrei-me às outras par- a) Embora tenha sido um dos maiores escritores
tes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos brasileiros do século XIX, não conseguiu em vida
espalhados pelos ombros (...). o reconhecimento de sua obra.
b) Uma de suas linhas temáticas está presente na
276. Fuvest-SP valorização do comportamento do homem bur-
Tendo em vista as diferenças entre O primo Basílio guês.
e Memórias póstumas de Brás Cubas, conclui-se
c) Introduziu o Realismo no Brasil em 1881, mas
corretamente que esses romances podem ser classi-
ficados igualmente como realistas apenas na medida enveredou para o estilo naturalista ao tematizar
em que ambos: aspectos patológicos do comportamento.
a) aplicam, na sua elaboração, os princípios teóricos d) Uma das marcas de seu estilo é a linguagem
da Escola Realista, criada na França por Émile crítica, que se apresenta de maneira direta e
Zola. seca.
b) se constituem como romances de tese, procurando e) Vivendo num período de culto ao cientifícismo,
demonstrar cientificamente seus pontos de vista questionou lucidamente o valor absoluto das
sobre a sociedade. verdades científicas.

162
280. Mackenzie-SP a primeira é que eu não sou propriamente um autor
Guiomar amava deveras. Mas até que ponto era invo- defunto, mas um defunto-autor, para quem a campa
luntário aquele sentimento? foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
Era-o até o ponto de lhe não desbotar à nossa heroína mais galante e novo.
a castidade do coração, de lhe não diminuirmos a força Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.
de suas faculdades afetivas. Até aí só; daí por diante
entrava a fria eleição do espírito. Eu não a quero dar 281. Fuvest-SP
como uma alma que a paixão desatina e cega, nem Considerando-se esse fragmento no contexto da obra
fazê-la morrer de um amor silencioso e tímido. Nada a que pertence, é correto afirmar que, nele:
disso era, nem faria. Sua natureza exigia e amava a) o discurso argumentativo, de tipo racional e lógico,
essas flores do coração, mas não havia esperar que apresenta afirmações que ultrapassam a razão e
as fosse colher em sítios agrestes e nus, nem nos ra- o senso comum.
mos do arbusto modesto plantado em frente de janela b) a combinação de hesitações e autocrítica já carac-
rústica. Ela queria-as belas e viçosas. Mas em vaso teriza o tom de arrependimento com que o defunto
de Sèvres, posto sobre móvel raro entre duas janelas autor relatará sua vida improdutiva.
urbanas flanqueado o dito vaso e ditas flores pelas c) hesitações e dúvidas revelam a presença de um
cortinas de cachemira, que deviam arrastar as pontas narrador inseguro, que teme assumir a condução da
na alcatifa do chão. narrativa e a autoridade sobre os fatos narrados.
Obs:. Sèvres – cidade francesa célebre pela manufa- d) as preocupações com questões de método e as
tura de finas porcelanas reflexões de ordem moral mostram um narrador
cachemira – um tipo de tecido alheio às meras questões literárias, tais como estilo
alcatifa – tapete e originalidade.
e) as considerações sobre o método e sobre a lógica
Assinale a alternativa correta sobre o fragmento de da narração configuram o modo característico de
romance transcrito. se iniciar o romance no Realismo.
a) Poderia ser atribuído a Machado de Assis na fase
em que; analisando um perfil feminino, ainda lança 282. Fuvest-SP
mão de metáforas ao gosto do Romantismo, como A metáfora presente em “a campa foi outro berço”
se nota na pintura ornamentada do feitio da mulher baseia-se:
ambiciosa que não se contentaria com uma vida a) na relação abstrato/concreto que há em campa/
modesta. berço.
b) Exemplificaria a narrativa de Lima Barreto em b) no sentido conotativo que assume a palavra
que, preocupado em observar o comportamento campa.
humano com a curiosidade e a frieza, de quem não c) na relação de similaridade estabelecida entre
se espanta com nada, é sóbrio, preciso e neutro campa e berço.
na caracterização, sem julgamentos a cerca dos d) no sentido denotativo que tem a palavra berço.
traços delineados. e) na relação todo/parte que existe em campa/berço.
c) Poderia ser atribuído a um escritor naturalista,
como Aluísio Azevedo, preocupado em explicar a 283. Fuvest-SP
conduta por meio dos fatores externos (de nature-
Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância,
za biológica e sociológica) que condicionam a vida
humana, como pode ser visto no que se refere à nunca em toda a minha vida, achei um menino mais
personagem feminina. gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da
escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com al-
d) Exemplificaria o estilo romântico de Manuel Antô-
guma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado,
nio de Almeida ao aproximar a realidade humana
e os elementos da natureza, como se nota na asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um
caracterização da heroína casta que é movida pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos
exclusivamente pelas razões do coração. de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do
e) Poderia exemplificar narrativa de José de Alencar, Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à
em que o autor, focalizando a figura feminina em toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador!
integração total com a natureza, registra o pito- Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador
resco regional, com o máximo de rigor estético, nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos
apesar do uso da linguagem coloquial. pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro,
general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha
garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas
Texto para as questões 281 e 282.
atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos
Óbito do autor a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias salto a 1822, data da nossa independência política, e
pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro do meu primeiro cativeiro pessoal.
PV2D-07-POR-44

Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.


lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas A busca de “uma supremacia, qualquer que fosse”,
considerações me levaram a adotar diferente método: que neste trecho caracteriza o comportamento de

163
Quincas Borba, tem como equivalente, na trajetória recepção da obra, uma vez que ele mesmo já não
de Brás Cubas: faz parte deste mundo.
a) o projeto de se tornar um grande dramaturgo. 3. O narrador admite fazer uma concessão ao público
b) a idéia fixa da invenção do emplastro. leitor, visando conquistá-lo.
c) a elaboração da filosofia do Humanitismo. 4. Como o Pe. Vieira, que menciona o “rústico” e o
d) a ambição de obter o título de marquês. “matemático” em seu Sermão, o narrador deste
romance também pressupõe a existência de dois
e) a obsessão de conquistar Eugênia.
tipos de público – “o “frívolo” e o “grave” – ; mas
284. UEPG-PR ao contrário de Vieira, já não considera essencial
agradar a todos.
A ironia, apontada como uma das características
marcantes da obra realista de Machado de Assis, tem 286. UniCOC-SP
como fonte:
Alguns críticos afirmam que só é possível compreender
a) a origem humilde do autor, que o leva a satirizar a plenamente Brás Cubas se fizermos um constante
burguesia. contraste entre ele e Quincas Borba, autor da teoria
b) os preconceitos sociais da época, que marginali- do Humanitismo. Leia o trecho da obra Memórias pós-
zaram o autor. tumas de Brás Cubas e a seguir assinale a alternativa
c) uma visão crítica da sociedade, que caracteriza a incorreta com relação à obra.
ficção realista. De resto, nos nossos jogos pueris, ele (Quincas Borba)
escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma
d) as idéias republicanas do autor dentro de uma
supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbos o traqui-
sociedade monarquista.
nas, certa magnificência nas atitudes, nos meneios.
e) o saudosismo do autor em relação à época do a) A busca de “uma supremacia, qualquer que fosse”,
Império. verdadeira ou imaginária não será objetivo central
de Brás Cubas, já que, morto, poderá assumir seus
285. UFPE erros sem se preocupar com a opinião alheia.
Durante o século XIX, crescia no Brasil o número de b) A teoria de Quincas Borba negava a existência da
leitores e verificava-se o surgimento de uma vida cul- dor (“a dor é uma ilusão”), justificando moralmente
tural na Corte brasileira. Esses acontecimentos eram o triunfo do mais forte e mais apto, abolindo o
resultado do gradual desenvolvimento das cidades, remorso, a culpa, a moral e a ética, assim como
em especial a do Rio de Janeiro. Com o surgimento faz Brás Cubas em vários momentos da obra.
do Realismo, a sujeição do escritor ao público burguês c) Quincas Borba será uma espécie de tutor intelec-
é substituída pela ética social. Assim, embora tenha tual e informal de Brás Cubas, especialmente nos
publicado seu romance Memórias póstumas de Brás últimos anos de vida de ambos.
Cubas como um folhetim, Machado de Assis já não d) Quincas Borba é a voz desassombrada que ousa
se comporta como os escritores românticos, daí a dizer e justificar abertamente o que Brás Cubas e
necessidade do prólogo dedicado “Ao Leitor”. A esse sua classe social fazem, mas só dizem por vias
propósito, analise as afirmações seguintes. indiretas ou meias palavras.
e) Várias cenas do livro são recortadas pelas refle-
Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a xões do narrador “dialogando” com o leitor sobre
tinta da melancolia. Acresce que a gente grave achará os acontecimentos narrados, procurando produzir
no livro umas aparências de puro romance, ao passo sentido para eles, algum sentido que remeta a uma
que a gente frívola não achará nele o seu romance superioridade do próprio Brás Cubas em relação
usual: ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do aos outros.
amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas
da opinião. Mas eu ainda espero angariar as simpatias 287. Unifesp
da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo Machado de Assis guarda com Alencar uma relação
explícito e longo. Conseguintemente, evito contar o de continuidade e, ao mesmo tempo, de descontinui-
processo extraordinário que empreguei na composição dade; esta última relação é chave em seu método.
destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. A Para Alencar, a sociedade é uma extensão da nature-
obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, za, e ambas constituem um continuum em que o que
pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com possa ocorrer no social contrário à natureza (enten-
um piparote, e adeus. dida a natureza como aquilo que a ideologia diz que
ela é, quer dizer, a qualidade natural dos valores, das
0. Machado de Assis antecipa-se ao julgamento da
relações e caráter das pessoas, segundo o modelo
crítica, revelando, através deste prólogo, uma
vigente em certa ordem social) será sempre “injusto”
expectativa pouco favorável à recepção de seu
e “antinatural”. De modo que o enredo romanesco
romance.
em Alencar dá os saltos necessários para aquela
1. Em seu prólogo, Machado de Assis mostra ter adequação, a fim de que a distância seja superada e
plena consciência de que a sua obra inauguraria o que é socialmente bom, segundo certa ética e certa
uma nova etapa na literatura brasileira, contra- moral, o seja com a aprovação da “verdade natural”.
riando o público leitor de então, acostumado ao Isto é, Alencar não sai do âmbito da ideologia, e seu
sentimentalismo piegas dos folhetins românticos. texto está sempre a autorizá-la e a escamotear suas
2. Dizendo-se um “finado”, o narrador desmerece o fissuras.
público, e confessa o seu total desinteresse pela Alfredo Bosi e outros. Machado de Assis.

164
Considerando que Machado de Assis guarda com José
Bentinho compara
de Alencar uma relação de descontinuidade, pode-se
os olhos da namo-
afirmar corretamente que:
[Capitu tinha] rada à vaga “que
a) o homem, na sua narrativa, é abstrato, vivendo re- ( ) olhos de ressa- se retira da praia...”,
lações artificiais incapazes de alterar sua essência ca. cuja força arrasta
humana. qualquer um para
b) a obra machadiana é produzida com tema europeu, dentro do mar.
refletindo os padrões idealizados do romance da
burguesia liberal européia. ... os homens va- Os valores sociais
lem por diferentes repousam na men-
c) a narrativa de Machado tornou inviável a análise modos, e (...) o
( ) mais seguro de tira e nas conveni-
da sociedade concreta e do homem real, definido
todos é valer pela ências.
historicamente.
opinião dos outros
d) Machado rompe com a fixidez psicológica das homens.
personagens, comum aos românticos, pois seu
enredo centra-se em níveis impessoais: o grupo 290. ITA-SP
social e o inconsciente. Alguns estudiosos consideram que a publicação, em
e) a obra de Machado apresenta uma assimilação dos 1881, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas,
modelos e valores praticados no país, revelando de Machado de Assis, marca o início do Realismo na
harmonia entre a literatura e a sociedade. literatura brasileira. Contudo, não é difícil perceber que
esse livro já apresenta algumas características que
288. Fuvest-SP serão desenvolvidas pela ficção moderna do século
Leia atentamente as seguintes afirmações: XX, principalmente:
A vida íntima do brasileiro nem é bastante coesa, nem a) a ironia com que o narrador-personagem descreve
bastante disciplinada, para envolver e dominar toda a hipocrisia dos costumes da burguesia brasileira,
a sua personalidade e, assim, integrá-la, como peça que constitui aquilo que se pode chamar de “moral
consciente, no conjunto social. Ele é livre, pois, para de fachada”.
se abandonar a todo repertório de idéias, gestos e b) o caráter reflexivo da narrativa, que sempre pro-
formas que encontre em seu caminho, assimilando-os cura entender o comportamento humano, mesmo
freqüentemente sem maiores dificuldades. naquilo que aparentemente ele tem de mais ba-
Adaptado de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. nal.
As afirmações expostas aplicam-se à personagem c) o recurso a um tipo de ficção que questiona os
Brás Cubas? Justifique sucintamente sua resposta. limites entre o real e o irreal, já que o narrador do
livro de Machado é um homem morto.
289.
d) o humor, que pode ser tanto mais explícito, geran-
No romance machadiano [e nos contos] praticamente do narrativas próximas da comédia, quanto mais
não há frase que não tenha segunda intenção ou sutil, marcando um distanciamento crítico do autor
propósito espirituoso. diante das personagens.
Roberto Schwarz
e) o uso da metalinguagem, ou seja, o fato de o texto
Para responder a esta questão, julgue (V ou F) se a
chamar a atenção para a sua própria construção,
“intenção” da frase de Machado está adequadamente
fazendo comentários acerca de si mesmo.
revelada.
291. PUC-SP
Frase Intenção A estruturação dos capítulos de Memórias póstumas
Marcela amoume O que rege as rela- de Brás Cubas:
durante quinze a) revela a preocupação do narrador em submeter
( ) meses e onze ções humanas é o
interesse. constantemente a matéria narrada ao julgamento
contos de réis... do leitor, de quem espera a absolvição para tanta
Machado era po- desfaçatez.
Não tive filhos, bre; não possuía b) estabelece uma linha cronológica em sentido
não transmiti a herança alguma inverso, adequando-se, assim, à condição de um
( ) nenhuma criatu-
para deixar para os “defunto autor”.
ra o legado da
nossa miséria. filhos, que, aliás, c) revela os movimentos caprichosos de um narrador
não teve. sem obrigações com a cronologia e a forma de
romance convencional.
Na sociedade, de
d) revela descompromisso com a linha temporal e
acordo com os prin-
com a constituição das personagens, cujo caráter
Ao vencedor as cípios da preserva-
( ) batatas. não se define na vertigem das cenas.
ção das espécies,
e) estabelece um padrão próprio, constituindo-se
sobrevivem os mais numa série de divagações sobre a impossibilidade
PV2D-07-POR-44

fortes. de se organizar a narrativa.

165
292. Fuvest-SP d) negação dos procedimentos típicos dos escritores
Um tipo social que recebe destaque tanto nas Me- românticos, que, evitando a observação da reali-
mórias de um sargento de milícias quanto em Dom dade, em nada podiam contribuir para a formação
Casmurro, merecendo, inclusive, em cada uma dessas da consciência da nacionalidade.
obras, um capítulo cujo título o designa, é o: e) elogio ao público pelo reconhecimento do valor do
a) traficante de escravos. escritor português, fiel à descrição e à avaliação da
b) malandro. sociedade burguesa que retrata em suas obras.
c) capoeira. 295. Fatec-SP
d) agregado. Retórica dos namorados, dá-me uma comparação
e) meirinho. exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos
de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem
293. Fuvest-SP quebra da dignidade de estilo, o que eles foram e me
Filosofia dos epitáfios fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que
me dá idéia daquela feição nova.
E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente
O fragmento permite afirmar corretamente que o nar-
civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoís-
rador machadiano:
mo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo
a) procura enriquecer a língua com vocábulos tão
ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a raros e construções tão artificiais, que acaba por
tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos dificultar o entendimzento da frase ou distorcer o
na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima pensamento.
os alcança a eles mesmos. b) tenta alcançar a simplicidade da linguagem,
O fragmento de Memórias póstumas de Brás Cubas abandonando qualquer preocupação com o rigor
exemplifica a seguinte característica de seu autor: no emprego das palavras ou com a utilização de
a) O pessimismo com que trata as personagens figuras de estilo.
que ocupam postos privilegiados na sociedade c) põe a linguagem a serviço da expressão das emo-
burguesa, diferentemente do modo como lida com ções das personagens, carregando-a de imagens
indivíduos socialmente carentes. e comparações, tornando a palavra em si pouco
b) O uso da ironia como arma de combate às ten- significativa.
dências estéticas do Romantismo, de qual nunca d) debruça-se sobre o próprio texto, à medida que
sofreu influência. o elabora, questionando se a linguagem e os
c) A fixação nos problemas sentimentais, entendidos estilos convencionais são capazes de traduzir a
como única causa da conduta humana. experiência.
d) A tendência à idealização das personagens, he- e) busca a elegância e o requinte formal, valorizando
rança do Romantismo. o pormenor, perdendo-se na minúcia descritiva dos
e) A tentativa de compreender a natureza humana objetos e das personagens em busca da “arte pela
naquilo que tem de universal. arte”.
294. Mackenzie-SP 296. Unisinos-RS
Em texto sobre O primo Basílio, de Eça de Queirós, Já conheceis as minhas fantasias (...). A imaginação foi
Machado de Assis afirma: o tom carregado das tintas, a companheira de toda a minha existência, viva, rápida,
que nos assusta, para ele é simplesmente o tom pró- inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as
prio. Assinala que o escritor português já provocara a mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas
admiração dos leitores com O crime do Padre Amaro correndo. Creio haver lido em Tácito que as éguas
e acrescenta: Pois que havia de fazer a maioria, senão iberas concebiam pelo vento (...). Neste particular,
admirar a fidelidade de um autor, que não esquece a minha imaginação era uma grande égua ibera; a
nada, e não oculta nada? Porque a nova poética é isto, menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo
e só chegará à perfeição no dia em que nos disser o de Alexandre; mas deixemos metáforas atrevidas e
número exato dos fios de que se compõe um lenço de impróprias dos meus quinze anos. Digamos o caso
cambraia ou um esfregão de cozinha. Considerados o simplesmente.
Machado de Assis. Dom Casmurro.
estilo de Machado e seu contexto, deve-se compreen-
Considere os seguintes enunciados, observando os
der as palavras acima destacadas como: excertos acima e a obra Dom Casmurro, de Machado
a) elogio a uma prática inovadora que o autor bra- de Assis, no seu todo.
sileiro adotou desde a obra inicial, tornando-se o I. Dom Casmurro é a história da dúvida sobre a
maior representante do Realismo no Brasil. traição. Diante da obra, o leitor deixa-se levar pela
b) recusa do Realismo entendido como reprodução ótica de Bentinho e aceita a traição de Capitu, ou
questiona a confiabilidade do narrador, conside-
fotográfica, que não propicia a escolha dos deta-
rando a hipótese de ser ele um monomaníaco
lhes mais significativos de uma situação ou perfil obsessivo com fantasias geradas pela insegurança
humano. de menino excessivamente protegido.
c) critica à “velha poética”, que, mais sutil, mais su- II. Aos quinze anos, Bentinho se apaixona pela vizi-
geria do que explicitava, negando-se a descrições nha, a única pessoa com quem mantém estreita
detalhadas. relação fora do círculo doméstico. A personalidade
166
forte e marcante, a inteligência vivaz e a extrover- captando os olhares
são da menina são os ingredientes que o atraem nosso totem tabu
e perturbam ao mesmo tempo. a mulher em milhares
III. O uso exagerado de figuras de linguagem, como capitu
hipérboles e metáforas, a exacerbação da fantasia
que dá asas à imaginação são características (...)
machadianas, como exemplifica a obra em foco. Capitu, Luiz Tatit.
Das afirmações acima: Texto 2
a) apenas I está correta. Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas
b) apenas II está correta. me fez esquecer a primeira amada do meu coração?
c) apenas III está correta. Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca,
d) apenas I e II estão corretas. nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não
é este propriamente o resto do livro. O resto é saber
e) apenas I e III estão corretas.
se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de
Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito
297. PUC-PR
de algum caso incidente. (...); se te lembras bem da
Ora, só há um modo de escrever a própria essência, Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava
é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
que me vai lembrando e convido à construção ou re- Dom Casmurro, Machado de Assis.
construção de mim mesmo. Por exemplo, agora que Os dois fragmentos acima transcritos expressam
contei um pecado, diria com muito gosto alguma bela visões diferentes a respeito de Capitu, uma das mais
ação contemporânea, se me lembrasse, mas não me conhecidas personagens da literatura brasileira, re-
lembra; fica transferida a melhor oportunidade. criada em prosa e verso, desde a publicação de Dom
Este fragmento de Dom Casmurro, de Machado de Casmurro, de Machado de Assis.
Assis, confirma um dos aspectos que a crítica apre-
sentou como definidor desse romance. Compare-os e assinale a afirmação incorreta.
a) O narrador objetiva provar a culpa da esposa. a) A figura feminina que surge dos versos de Luiz
b) O narrador pretende contar sua vida, da infância Tatit reúne os mesmos atributos da Capitu, de
à adolescência. Bentinho: astuta, hábil e sedutora; diferente, po-
rém, é a perspectiva do compositor que, próximo e
c) O narrador exerce o relativismo dos valores: o bom cúmplice, afirma, em conclusivo jogo de palavras:
pode conter o ruim e vice-versa. “é só se entregar, é não resistir, é capitular”.
d) O narrador reconstrói a vida ao narrar. b) Traçada pelas palavras incisivas de Bentinho,
e) O narrador é hipócrita e tendencioso ao prometer personagem inteiramente comprometido com a
contar as boas obras, após narrar um de seus história que narra, a Capitu da praia da Glória apa-
pecados a fim de construir uma imagem aceitável rece afinal como imagem congelada, aprisionada
de sua pessoa. desde sempre na Capitu de Matacavalos: menina
e mulher, traiçoeira e ameaçadora.
298. UFU-MG c) Da Capitu de Bentinho sabemos apenas o que
Texto 1 ele nos apresenta, segundo seus sentimentos e
Capitu impressões. No entanto, embora obcecado pela
De um lado vem você com seu jeitinho dúvida, corroído pelo ciúme, supera a si mesmo
hábil, hábil, hábil demonstrando generosidade em relação à mulher,
e pronto! cuja imagem afinal se resgata.
me conquista com seu dom d) É com leveza e graça que as palavras de Luiz
Tatit, livres do peso da suspeita e do preconceito,
De outro esse seu site petulante desenham a imagem dessa Capitu “totem tabu”,
objeto proibido, adorado e cobiçado; não se trata
www
de uma mulher particular mas da “mulher em mi-
ponto
lhares”, mítica e lendária “sereia da terra e do mar”,
poderosa ponto com
eternamente moderna “na tela e no ar”.
É esse o seu modo de ser ambíguo 299. UFSCar-SP
sábio, sábio Em casa, brincava de missa, — um tanto às escon-
e todo encanto didas, porque minha mãe dizia que missa não era
canto, canto cousade brincadeira. Arranjávamos um altar, Capitu
raposa e sereia da terra e do mar e eu. Ela servia de sacristão, e alterávamos o ritual,
na tela e no ar no sentidode dividirmos a hóstia entre nós; a hóstia
(...) era sempre um doce. No tempo em que brincávamos
Um método de agir que é tão astuto assim, eramuito comum ouvir à minha vizinha: “Hoje há
com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo missa?” Eu já sabia o que isto queria dizer, respondia
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é só se entregar, é não resistir, é capitular afirmativamente, e ia pedir hóstia por outro nome.
Capitu Voltava com ela, arranjávamos o altar, engrolávamos
a ressaca dos mares o latim e pre-cipitávamos as cerimônias. Dominus non
a sereia do sul sum dignus…* Isto, que eu devia dizer três vezes,
167
penso que só diziauma, tal era a gulodice do padre dos personagens. Através de um flagrante vital,
e do sacristão. Não bebíamos vinho nem água; não sintético, expressivo, tenta captar a essência de
tínhamos o primeiro, ea segunda viria tirar-nos o gosto um indivíduo, de uma instituição social (...)
do sacrifício. e) A análise temática dos romances de Machado
Machado de Assis, Dom Casmurro, Obra completa. mostra um ponto de encontro entre Brás Cubas
*Trecho da fala do sacerdote, no momento da comu- e Dom Casmurro: o tema clássico do adultério.
nhão, que era proferida em latim, antes do Concílio Em Brás Cubas fala o marido enganado; em Dom
Vaticano II. A fala inteira, que deve ser repetida três Casmurro quem está com a palavra é o adúltero.
vezes, é: Dominus non sum dignus ut intres sub tectum 301. UniCOC-SP
meum, sed tantum dic verbum e sanabitur anima mea,
cuja tradução é: Senhor, não sou digno de que entreis
em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha
alma será salva.

Sobre Machado de Assis, pode dizer-se que


a) pertenceu, inicialmente, ao primeiro momento do
simbolismo brasileiro.
b) seu humor, de origem inglesa, é, também, uma
expressão de ceticismo e pessimismo.
c) seus primeiros romances foram: Ressurreição e
Memorial de Aires.
d) foi, durante seus 50 anos de carreira literária, um “Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui
crítico ferrenho da tradição clássica. particular, mais mulher do que eu era homem. (...)
e) em sua última fase, aderiu aos ideais românticos Era mulher por dentro e por fora, mulher à direita e à
do século XIX. esquerda; mulher por todos os lados, e desde os pés
até a cabeça. (...)”
300. UniCOC-SP Capitu é a protagonista do romance Dom
Casmurro, lançado em 1900 por Machado de Assis
(1839–1908), o maior escritor da prosa realista bra-
sileira. Capitu, apelido de Capitolina, era o centro de
um triângulo amoroso nunca esclarecido. Mulher de
Bentinho, suspeita–se que ele tinha tido um caso de
amor secreto com Escobar, o melhor amigo do marido.
O romance, porém, não dá nenhuma prova decisiva
do adultério de Capitu, embora tudo indique essa
possibilidade, até mesmo seus celebrizados “olhos de
Almoço sobre a relva – Manet ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada.
A obra acima, de Édouard Manet (1832–1883), vin- Revista Única.
cula–se à teoria estética do Realismo, estilo artístico Capitu faz parte de um grupo de personagens femini-
marcado pela objetividade e crítica social. No Brasil, nas machadianas que marcaram a literatura brasileira
seu principal representante é o imortal Machado de de todos os tempos. Assinale a alternativa que registra
Assis. Leia atentamente cada uma das alternativas o nome de outras duas personagens femininas macha-
a seguir e assinale a que for correta em relação à dianas conhecidas e a obra a que pertencem.
produção literária machadiana. a) Sofia – Quincas Borba/ Virgília – Memórias póstu-
a) Palha é a personificação do novo-rico, e Sofia, a mas de Brás Cubas.
da burguesa empafiosa e com fumaças de aristo- b) Cecília – O guarani/ Aurélia – Senhora.
cracia. Machado tem uma finura minudenciosa e c) Ana Terra – O tempo e o vento/ Clarissa – Olhai
paciente no desenho de sua fatuidade. Ela é mais os lírio dos campo.
do que um tipo, é uma personalidade.
d) Gabriela – Gabriela, cravo e canela/ Lívia – Mar
b) No romance machadiano, como esquema psico- Morto.
lógico de composição, predomina a pseudo-auto-
biografia: Brás Cubas, Dom Casmurro, Memorial e) Luísa – O primo Basílio/ Titi – A relíquia.
de Aires pesam mais nos pratos da balança do
que as duas tentativas de feito objetivo: Quincas 302. UFMG
Borba e Esaú e Jacó. Todas as afirmações sobre Dom Casmurro, de Macha-
c) O próprio romancista parece ter procurado dar do de Assis, estão certas, exceto:
uma impressão de si mesmo e de sua arte, quan- a) Discurso em primeira pessoa favorece o clima de
do esclareceu, numa crônica: “Eu gosto de catar dúvida que paira sobre o adultério de Capitu, pois
o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o o que prevalece na narrativa são as impressões
nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita de Bentinho, o narrador.
e aguda que descobre o encoberto.” b) Além da semelhança de Ezequiel com Escobar,
d) Os contos machadianos estão menos voltados outro fator acentua a dúvida de Bentinho, sobre a
para o incidente de uma intriga e mais centraliza- paternidade do filho: a capacidade de dissimulação
dos em torno do comportamento e dos sentimentos de Capitu.
168
c) Adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para b) reconhecer os limites do tipo de narrador adotado,
se discorrer sobre a existência humana, subordi- subordinando-os ao peculiar universo de valores
nada ao poder desintegrador do tempo, que atua do autor.
de forma irreversível sobre todas as coisas. c) aceitar os juízos do velho narrador, por meio de
d) A alegria do tenor italiano, que apresenta a vida como quem se representa a índole confessional de
uma ópera composta por Deus e pelo diabo, projeta- Machado de Assis.
se em todo o romance, mostrando que, na luta entre d) rejeitar as acusações do jovem Bentinho, prefe-
as virtudes e os vícios, o Bem sempre triunfa. rindo-lhes a relativização promovida pelo velho
e) Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em narrador.
que se havia criado na antiga rua de Mata–cavalos, e) relativizar o ponto de vista da narração, cuja
ou ao escrever suas memórias, Dom Casmurro ambigüidade se deve à personalidade oblíqua
tenta reconstruir o passado, logrando invocar–lhe de Capitu.
as imagens e não as sensações.
305. PUC-MG
303. Mackenzie-SP Só não é possível afirmar sobre a personagem Ca-
Capítulo XXXII pitu:
Olhos de ressaca a) José Dias, ao definir os olhos de Capitu como
os “de cigana oblíqua e dissimulada, dá início à
Tudo era matéria às curiosidades de Capitu.
pintura da personagem que será construída pelo
Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou
narrador.
ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o
b) Feminilidade e sagacidade são os componentes
que contarei no outro capítulo. Neste direi somente
da personalidade de Capitu, metaforizados na
que, passados alguns dias do ajuste com o agregado,
expressão olhos de ressaca.
fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D.
Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu c) A falta da manifestação da voz de Capitu é um dos
elementos que contribui para que o enigma sobre
lhe perguntasse pela filha.
o adultério se acentue na narrativa.
— Está na sala penteando o cabelo, disse-me;
vá devagarzinho para lhe pregar um susto. d) A construção dessa personagem mantém, ratifica os
No fragmento acima, de Dom Casmurro: mitos tradicionais sobre o papel social da mulher.
a) o narrador antecipa o que contaria depois sobre 306. Fuvest-SP
Capitu e se põe a contar a visita que fora fazer à A narração dos acontecimentos com que o leitor se
amiga, a terceira personagem do triângulo com- defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de
posto também por ele e Capitu. Assis, se faz em primeira pessoa, portanto do ponto
b) tem-se a evidência de que o relato é feito por de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto
um narrador onisciente, que, pleno conhecedor dizer que ela se apresenta:
dos fatos, os conta respeitando a ordem em que a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realida-
efetivamente ocorreram. de.
c) tem-se a evidência de que o narrador, evitando b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo
narrador.
qualquer referência à metalinguagem, procura
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba
envolver o leitor na ilusão de que está diante dos
por guiar o narrador.
fatos vividos pelas personagens.
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois
d) o narrador brinca com quem lê ao deixar transpa- visa à verdade.
recer que, em terceira pessoa, conta livremente, e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade
sem nenhuma preocupação em sinalizar para o de ordená-los.
leitor os caminhos do relato.
e) o narrador deixa transparecer a relatividade do seu 307.
conhecimento sobre os fatos que relata, dado fun- A personagem José Dias, de Dom Casmurro, é apre-
sentada como um agregado.
damental para a compreensão total do romance.
a) Defina a condição social dessa personagem,
situando-a no meio em que vive.
304.
b) Indique duas características da mesma persona-
Com essa história enjoada de traiu ou não traiu, de gem que se devam a essa sua condição social,
Capitu ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro explicando-as sucintamente.
acaba se esquecendo do fundamental: as memórias
são do velho narrador, não da mulher, e o autor é Ma- 308. Unifesp
chado de Assis, e não um escritor romântico dividido Leia o trecho a seguir, de Machado de Assis.Trata-se
entre mistérios. da parte final do conto “Noite de Almirante”. Deolindo
Aceitas as observações acima, o leitor de Dom Cas- saíra a trabalho em viagem marítima, deixando em
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terra Genoveva. Ambos haviam feito jura de fidelidade.


murro deverá:
Ao voltar, Deolindo encontra sua amada já morando
a) identificar o ponto de vista de Capitu, considerando com outro. Após o momento inicial de ira e desespero,
ainda o universo próprio da ficção naturalista. seus ânimos arrefecem.
169
Deolindo seguiu, praia fora, cabisbaixo e lento, não me que ficava assim de contas saldas (...) Entrando
já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho e na posse da herança, converti-a em títulos e dinheiro.
triste, ou, para usar outra metáfora de marujo, como um Eram então passados muitos meses, e a idéia de distri-
homem “que vai do meio do caminho para terra”. Geno- buí-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou
veva entrou logo depois, alegre e barulhenta. Contou como da primeira vez; achei mesmo que era afetação.
à outra a anedota dos seus amores marítimos, gabou Machado de Assis
muito o gênio do Deolindo e os seus bonitos modos; a 310.
amiga declarou achá-lo grandemente simpático.
Assinale a alternativa que contém constatação correta
— Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o
sobre o fragmento citado, do conto O enfermeiro.
que ele me disse agora?
— Que foi? a) A modéstia do narrador justifica que ele atribua o
— Que vai matar-se. recebimento da herança à obra do acaso.
— Jesus! b) O ódio que o narrador nutria pelo coronel, em
— Qual o quê! Não se mata não. Deolindo é assim vida, irradiava, por isso o narrador também achava
mesmo; diz as cousas, mas não faz. Você verá que “odioso” receber qualquer vintém do tal espólio.
não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são c) O receio de revelar sua ambição fazia com que o
muito engraçados. narrador adiasse a aceitação dos bens do coro-
— Eu aqui ainda não vi destes. nel.
— Nem eu, concordou Genoveva, examinando-os
à luz. Depois guardou-os e convidou a outra a coser. d) Sob o impacto da notícia da herança, o narrador
– Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu planeja agir considerando a opinião alheia e a sua
corpinho azul... consciência moral.
A verdade é que o marinheiro não se matou. No e) Ao pensar em doar a herança, o narrador pretendia
dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no que a sociedade o considerasse livre de sua dívida
ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e moral.
pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bo-
nita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia 311.
a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso No fragmento transcrito, nota-se que o tempo e as
de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que circunstâncias agiram sobre as intenções iniciais
teve vergonha da realidade e preferiu mentir. do enfermeiro. Um dos temas prediletos do autor é
O desfecho do conto retoma um dos grandes temas justamente o processo de transformação vivenciado
machadianos, a saber, a questão:
pela personagem sob a ação dessas forças, o que é
a) da solidão, retratando-a por meio de romances ilustrado, metaforicamente, em passagem de outra
conflituosos e mal resolvidos. narrativa de Machado. Assinale essa passagem.
b) da desilusão amorosa, reafirmando a triste reali- a) “...nem que venham agora contra mim o sol e a
dade daqueles que sofrem por amor. lua, não recuarei de minhas idéias”.
c) do adultério, confirmando que as relações amo- b) “Mas há idéias que são da família das moscas
rosas são instáveis e, por isso, o amor passa por teimosas: por mais que a gente as sacuda, elas
mudanças. tornam e pousam.”
d) da máscara social, revelando o jogo de mentira e c) “Que é a saudade senão uma ironia do tempo e
verdade a que as pessoas estão sujeitas. da fortuna?”
e) do amor, mostrando que as pessoas, mesmo
d) “Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato
após muito tempo, ainda guardam os sentimentos
se acomodasse ao pé, e aí foi ele, estrada fora,
puros.
pisando folgadamente por cima de ervas e pedre-
309. PUC-MG gulhos.”
Todas as alternativas são verdadeiras quanto à cons- e) “Não te irrites se te pagarem mal um benefício: an-
trução do enredo de Dom Casmurro, exceto: tes cair das nuvens, que de um terceiro andar.”
a) ausência de linearidade.
b) composição através de alternância e digressões. O trecho do conto Uns braços, de Machado de
c) condução da narrativa por diálogos. Assis, é base para responder às questões de 312
d) tentativa de dispersão do raciocínio do leitor. a 316.

Texto para as questões 310 e 311. Havia cinco semanas que ali morava, e a vida era
Assim, por uma ironia da sorte, os bens do coronel sempre a mesma, sair de manhã com o Borges, andar
vinham parar às minhas mãos. Cogitei em recusar a por audiências e cartórios, correndo, levando papéis
herança. Parecia-me odioso receber um vintém do ao selo, ao distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de
tal espólio; (...) Pensei nisso três dias, e esbarrava justiça. (...) Cinco semanas de solidão, de trabalho
sempre na consideração de que a recusa podia fazer sem gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas
desconfiar alguma cousa. No fim dos três dias, assentei de silêncio, porque ele só falava uma ou outra vez na
num meio–termo; receberia a herança e dá-la-ia toda, rua; em casa, nada.
aos bocados e às escondidas. (...) era também o modo “Deixe estar, — pensou ele um dia — fujo daqui e
de resgatar o crime por um ato de virtude; pareceu- não volto mais.”

170
Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços 315. Unifesp
de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão No discurso indireto livre, há uma mistura das falas do
frescos. A educação que tivera não lhe permitira en- narrador e da personagem, de tal modo que se torna
cará-los logo abertamente, parece até que a princípio difícil precisar os limites da fala de um e de outro. Esse
afastava os olhos, vexado. Encarou-os pouco a pouco, tipo de discurso ocorre em:
ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim a) “No fim de três semanas eram eles, moralmente
os foi descobrindo, mirando e amando. No fim de três falando, as suas tendas de repouso.”
semanas eram eles, moralmente falando, as suas b) “Voltava à tarde, jantava e recolhia-se ao quarto,
tendas de repouso. Agüentava toda a trabalheira de até a hora da ceia; ceava e ia dormir.”
fora, toda a melancolia da solidão e do silêncio, toda a c) “Deixe estar, – pensou ele um dia – fujo daqui e
grosseria do patrão, pela única paga de ver, três vezes não volto mais.”
por dia, o famoso par de braços. d) “Que admira que começasse a amar? E não era
Naquele dia, enquanto a noite ia caindo e Inácio estira- ela bonita?”
va-se na rede (não tinha ali outra cama), D. Severina, e) “Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos.”
na sala da frente, recapitulava o episódio do jantar e,
pela primeira vez, desconfiou alguma cousa. Rejeitou 316. Unifesp
a idéia logo, uma criança! Mas há idéias que são da Uma das características do Realismo é a introspecção
família das moscas teimosas: por mais que a gente as psicológica. No conto, ela se manifesta, sobretudo,
sacuda, elas tornam e pousam. Criança? Tinha quinze a) no comportamento grosseiro de Borges, que impõe
anos; e ela advertiu que entre o nariz e a boca do rapaz medo a D. Severina e desperta ódio em Inácio.
havia um princípio de rascunho de buço. Que admira b) nas vivências interiores de Inácio e de D. Severina,
que começasse a amar? E não era ela bonita? Esta que revelam seus sentimentos e conflitos.
outra idéia não foi rejeitada, antes afagada e beijada.
c) na forma solitária como Inácio se submete no
E recordou então os modos dele, os esquecimentos,
trabalho com Borges, sem que pudesse estar com
as distrações, e mais um incidente, e mais outro, tudo sua mãe e irmãs.
eram sintomas, e concluiu que sim.
d) nas reflexões de D. Severina, que vê Inácio como
312. Unifesp uma criança que merece carinho e não o silêncio
e a reclusão.
De início, morar na casa de Borges era solitário e tedio-
e) na forma como o contato é estabelecido entre
so, o que levou Inácio a pensar em ir embora. Todavia,
as personagens, já que a falta de diálogo é uma
isso não aconteceu, sobretudo porque o rapaz:
constante em suas vidas.
a) passou a ser mais bem tratado pelo casal após
três semanas. 317. UFMS
b) teve uma educação que não lhe permitiria tal O romance Esaú e Jacó, publicado em 1904, per-
rebeldia. tence à segunda fase da obra de Machado de Assis,
c) se pegou atraído por D. Severina, com o passar demonstrando domínio absoluto dos procedimentos
do tempo. narrativos empregados. Sobre esse romance, é correto
d) gostava, na realidade, do trabalho que realizava afirmar que:
com Borges. 01. Não faz parte do “Memorial”, o diário de lem-
e) sentia que D. Severina se mostrava mais atenciosa branças que o conselheiro [Aires] escrevia desde
com ele. muitos anos, mas é narrado pelo próprio Aires, con-
forme revela a “Advertência” do romance; isso não
313. Unifesp impede, porém, que o conselheiro seja descrito no
Ao conceber-se bonita, D. Severina entendeu que: capítulo XII – “Esse Aires”, como homem virtuoso,
belo e sincero e que contribua com algumas linhas
a) era possível Inácio estar apaixonado por ela.
do próprio “Memorial”, revelando a ironia de sua
b) sua beleza não era para ser desfrutada por uma composição.
criança.
02. Entre os temas explorados no romance, podemos
c) a traição a Borges seria um grande equívoco. citar a felicidade relativa, a vaidade e o desejo
d) Inácio, de fato, desejava vingar-se de Borges. de glória, a transitoriedade dos valores morais e,
e) o marido não a via assim, ao contrário de Inácio. principalmente, o adultério, que marcam a vida de
Natividade e de Flora, as principais personagens
314. Unifesp femininas da história.
Quando se diz, ao final do texto, que D. Severina con- 04. O autor emprega soluções modernas de re-
cluiu que sim, significa que ela reconheceu que: presentação do tempo psicológico, utilizando o
a) deveria contar tudo a Borges. enredo não-linear, fugindo à cronologia histórica,
favorecendo as interferências e as digressões do
b) Inácio era um desastrado, de fato. narrador.
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c) estava enganada sobre o amor de Inácio. 08. O realismo afigura-se não como crônica de época,
d) Inácio deveria ser advertido. com críticas diretas a personagens da História,
e) Inácio começava a amá-la. mas, antes, como leitura dos valores culturais, uma

171
vez que não pretende julgar se o fato ocorrido foi e) “Pareceu-me então (e peço perdão à crítica, se
bom ou mau. este meu juízo for temerário!) pareceu-me que ele
16. Ao utilizar a imagem bíblica dos “irmãos inimigos” tinha medo – não de mim, nem de si, nem do có-
no título do romance, o narrador antecipa a disputa digo, nem da consciência; tinha medo da opinião.
entre os gêmeos, Pedro e Paulo, por Flora, que Supus que esse tribunal anônimo e invisível, em
terminará por escolher e casar–se com Pedro. que cada membro acusa e julga, era o limite posto
Some os números dos itens corretos. à vontade do Lobo Neves.”

318. UFPE 320. UFG-GO


Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o Com relação a Machado de Assis, podem-se fazer as
legado da nossa miséria. seguintes afirmações:
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. a) Literariamente, sua obra inclui contos, poesias e
Machado de Assis escreveu uma vasta e variada obra, romances.
sobre a qual podemos afirmar (V ou F):
b) Os seus romances da fase realista incluem Dom
( ) é permeada pelo pessimismo do autor – evidente Casmurro, Memórias póstumas de Brás Cubas,
na declaração que abre a questão – aliado a uma Helena e Quincas Borba.
fina ironia e a um aguçado senso crítico.
c) Machado de Assis dá muita importância à paisa-
( ) inclui contos, poemas e romances e supera estilos
gem natural da cidade do Rio de Janeiro, onde
e modas, sendo uma literatura com características
suas narrativas transcorrem, descrevendo-a com
próprias e únicas.
colorido e detalhe.
( ) como ficcionista, inicia-se no Romantismo e evolui
para o Realismo; porém ultrapassa as limitações d) Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado
de escolas literárias. o livro-marco na obra machadiana, a partir do qual
inicia sua fase mais profunda e madura.
( ) tem em Memórias póstumas de Brás Cubas seu
livro-marco, a partir do qual se inicia a fase mais e) A visão de mundo de Machado, como se depreen-
profunda e madura do autor. de da leitura de seus romances e contos, é irônica,
( ) seus personagens não são seres extraordinários, pessimista e crítica.
nem procedem de maneira heróica. O autor não se f) Com respeito ao estilo, Machado de Assis introduz
interessa pela descrição do exterior, mas penetra um elemento pouco comum na literatura de sua
nas consciências dos personagens, revelando a época, que é a conversa que o autor/narrador
verdade de cada um deles. mantém a todo momento com o leitor.

319. UFMG 321.PUC-MG


Todos os trechos extraídos de Memórias póstumas Para responder a esta questão, tome como referência
de Brás Cubas expressam a idéia de que o ser hu- a seguinte informação sobre a obra Dom Casmurro,
mano sempre se mira num espelho social, o olhar do de Machado de Assis.
público, exceto: Segundo Roberto Schwarz, “o livro Dom Casmurro
a) “Então, – e vejam até que ponto pode ir a imagina- tem algo da armadilha, com aguda lição crítica se a
ção de um homem, com sono, – então pareceu-me armadilha for percebida como tal. Desde o início há
ouvir de um morcego encarapitado no tejadilho: incongruências, passos obscuros, ênfases desconcer-
Sr. Brás Cubas, a rejuvenescência estava na tantes, que vão formando um enigma.
sala, nos cristais, nas luzes, nas sedas, – enfim, Assinale a alternativa que não contém elemento
nos outros.” constitutivo do enigma, considerando-se o elemento
b) “Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cére- narrador.
bro e muito coração, assaz crédula, sinceramente a) Narrativa em 1a pessoa.
piedosa, – caseira, apesar de bonita, e modesta, b) Autodescrição romântica pelo narrador.
apesar de abastada; temente às trovoadas e ao
c) Narrador com perfil casmurro.
marido. O marido era na Terra o seu deus. Da co-
laboração dessas duas criaturas nasceu a minha d) Voz narrativa em tom irônico.
educação (...)”
322.
c) “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos
interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou
calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os o que as diz de um jeito obscuro e truncado. (...) A
remendos, a não estender ao mundo as revelações obra em si mesmo é tudo: se te agradar, fino leitor,
que faz à consciência; e o melhor da obrigação é pago-me da tarefa; se não te agradar, pago-te com
quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um piparote, e adeus.
um homem a si mesmo...” Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.

d) “O alienista notou então que ele escancarava as Sobre o fragmento acima, e considerando a obra como
janelas todas desde longo tempo, que alçara as um todo, só não se pode afirmar que:
cortinas, que devassara o mais possível a sala, a) o leitor é sempre alvo de humor e ironia por parte
ricamente alfaiada, para que a vissem de fora, e do narrador.
concluiu: — Este seu criado tem a mania do ate- b) ao separar o prólogo da “obra em si mesmo”,
niense: crê que todos os navios são dele; uma hora Machado evita fazer, nessa obra, uso da metalin-
de ilusão que lhe dá a maior felicidade da terra.” guagem.
172
c) no prólogo, o leitor é sutilmente avisado de que é pontas, desenvolve-se o enredo da obra. Assim, in-
preciso ler a obra atentamente. dique abaixo a alternativa cujo conteúdo não condiz
d) a interlocução com o leitor é um elemento funda- com o enredo machadiano.
mental na obra de Machado de Assis. a) A história envolve três personagens, Bentinho,
e) nda. Capitu e Escobar, e três projetos, todos cortados
quando pareciam atingir a realização.
323. UniCOC-SP b) O enredo revela um romance da dúvida, da solidão
Considerando-se o narrador de Memórias póstumas e da incomunicabilidade, na busca do conhecimen-
de Brás Cubas, de Machado de Assis, é incorreto to da verdade interior de cada personagem.
afirmar que ele: c) A narrativa estrutura-se ao redor do sentimento
a) aborda de forma humorística os temas trágicos da de ciúme, numa linha de ascensão de construção
morte e da loucura. de felicidade e de dispersão, com a felicidade
destruída.
b) apresenta, por intermédio de Quincas Borba, o
sistema filosófico denominado Humanitismo. d) A narrativa se marca por digressões que chamam
a atenção para a inevitabilidade do que vai narrar,
c) considera o túmulo como o berço de sua carreira
como o que ocorre na analogia da vida com a
de escritor.
ópera e em que o narrador afirma “cantei um duo
d) despreza os efeitos digressivos e metalingüísticos terníssimo, depois um trio, depois um quattuor...”
em sua narrativa.
e) O enredo envolve um triângulo amoroso após
e) lamenta não ter alcançado a celebridade do em- o casamento e todas as ações levam a crer na
plastro farmacêutico que lhe traria a glória. existência clara de um adultério.
324. 327. Umesp
Do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, escri- Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas,
to por Machado de Assis, é incorreto afirmar-se que: não é correto afirmar que:
a) foi editado em livro, em 1881, e marcou o início do a) é uma obra inovadora do processo narrativo, que
Realismo na literatura brasileira. introduz o Realismo no Brasil.
b) é a autobiografia de Brás Cubas, protagonista b) Brás Cubas atua como defunto-narrador, capaz de
narrador que, depois de morto, resolve escrever alterar a seqüência do tempo cronológico.
suas memórias. c) memorialismo exacerbado acaba por conferir à
c) é obra de finado e o narrador declara, no Prólogo obra um caráter de crônica.
ao Leitor, que a escreveu com a pena da galhofa d) constitui um romance de crítica ao Romantismo,
e a tinta da melancolia. deixando entrever muita ironia em vários momen-
d) apresenta uma estrutura narrativa convencional e, tos da narrativa.
em nenhum momento, altera a seqüência crono- e) revela crítica intensa aos valores da sociedade e
lógica dos fatos. ao próprio público leitor da época.
e) aborda o tema do adultério cujos protagonistas
foram Brás Cubas, Virgília e Lobo Neves. 328. UnB-DF
De Machado de Assis pode-se afirmar que:
325. Fasm-SP a) em sua prosa, o homem quase desaparece e
Memórias póstumas de Brás Cubas é um romance es- sobreleva a descrição das paisagens.
crito por Machado de Assis e integra a segunda fase de b) seu romance Ressurreição, de 1872, inicia a
produção do escritor. Considerando o romance como segunda fase do autor, a qual se caracteriza pela
um todo, é incorreto afirmar-se dele que: dimensão intimista.
a) marcou o início da estética realista na literatura c) na trilogia Memórias póstumas de Brás Cubas,
brasileira e, segundo o narrador, foi escrito com a Quincas Borba e Dom Casmurro, o autor explora o
pena da galhofa e a tinta da melancolia. tema do adultério, elaborando uma teia de suspei-
tas que se sustentam na dissimulação feminina.
b) é a autobiografia de Brás Cubas, protagonista
narrador que, depois de morto, resolve escrever d) como ficcionista, inicia-se como romântico e evolui
suas memórias. para o Realismo.
e) como poeta, seus primeiros poemas são de caráter
c) narra os amores clandestinos de Brás Cubas com
simbolista.
Virgília, esposa de Lobo Neves, o que evidencia
uma relação adulterina na narrativa. f) sua prosa romântica caracteriza-se pelo transbor-
damento sentimental.
d) centraliza o foco narrativo em Quincas Borba,
g) reproduz nos diálogos de suas personagens a
colega de infância do narrador e filósofo criador
linguagem popular.
do Humanitismo.
e) apresenta estrutura narrativa inusitada em que os 329. Facasper-SP
fatos caminham do final para o começo. Assinale a alternativa cujo texto melhor resume o tema
de O alienista, que trata da ambigüidade da vida.
PV2D-07-POR-44

326. PUC-SP a) “Nada tenho que ver com a ciência; mas se tantos
No romance Dom Casmurro, o narrador declara: “O homens em que supomos juízo são reclusos por
meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e dementes, quem nos afirma que o alienado não é
restaurar na velhice a adolescência”. Entre as duas o alienista?”
173
b) “De todas as vilas e arraiais vizinhos afluíam loucos 332. Unama-PA
à Casa Verde. Eram furiosos, eram mansos, mo- A leitura atenta de O Alienista, de Machado de Assis,
nomaníacos, era toda a família dos deserdados do possibilita que o leitor identifique o significado da
espírito. Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde expressão “Casa de Orates”, no texto, e a quem de-
era uma povoação.” seja servir Simão Bacamarte quando constrói a “Casa
c) “As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em Verde” em ltaguaí.
tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. A resposta correta às duas questões está em:
Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o a) “Casa de Detenção”. Supostamente, deseja servir
maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das à polícia. Mas, por trás das atitudes aparentemente
Espanhas.” éticas, a real intenção de Bacamarte era se bene-
d) “Mas a ciência tem o inevitável dom de curar ficiar com um tipo de comércio, uma certa troca
todas as mágoas; o nosso médico mergulhou de favores. É Machado de Assis revelando o lado
inteiramente no estudo e na prática da medicina. podre da humanidade.
Foi então que um dos recantos desta lhe chamou
b) “Casa de Loucos”. Aparentemente, ele deseja
especialmente a atenção, – o recanto psíquico, o
servir à ciência. Porém, por trás dos atos aparente-
exame da patologia cerebral”.
mente bons, surpreende-se a intenção verdadeira
e) “A ciência contentou-se em estender a mão à de Bacamarte: atingir a glória e ser a pessoa mais
teologia – com tal segurança, que a teologia não importante de Itaguaí. É Machado desmascarando
soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí a hipocrisia humana.
e o universo ficavam à beira de uma revolução.”
c) “Casa de Excluídos”. Sutilmente, ele deseja abor-
330. PUC-SP dar questões do preconceito racial. Entretanto, por
trás da máscara da solidariedade, o verdadeiro
A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou
objetivo de Bacamarte era fortalecer as diferen-
alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixona-
ças sociais. É Machado de Assis promovendo a
damente fixa, que não admira lhe saltassem algumas “reflexão imoral”.
lágrimas poucas e caladas...
d) “Casa de Adúlteros”. Friamente ele focaliza ques-
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu
tões delicadas como o casamento. Todavia, por
enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente
trás da máscara da preocupação moral com as
que estava na sala. Redobrou de carícias para a ami-
instituições sociais, percebe-se que a real intenção
ga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a tinha
de Bacamarte é ironizar a fragilidade da mulher
também. Momento houve em que os olhos de Capitu romântica. É Machado de Assis revelando o jogo
fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto de interesses nas relações familiares.
nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a
vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também 333.
o nadador da manhã. Leia o fragmento a seguir, extraído do segundo capí-
O trecho acima, do romance Dom Casmurro, de Ma- tulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis, em que
chado de Assis, autoriza o narrador a caracterizar os Bentinho conta o que o levou a escrever.
olhos da personagem, do ponto de vista metafórico,
como: Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por
a) olhos de viúva oblíqua e dissimulada, apaixonados exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escre-
pelo nadador da manhã. ver um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudi-
b) olhos de ressaca, pela força que arrasta para ram-me, mas não me acudiram as forças necessárias.
dentro. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios,
c) olhos de bacante fria, pela irrecusável sensualida- menos seca que as memórias do padre Luís Gonçalves
de e sedução que provocam. dos Santos, mas exigia documentos e datas, como
d) olhos de primavera, pela cor que emanam e doçura preliminares, tudo árido e longo.
que exalam. Machado de Assis. Dom Casmurro.

e) olhos oceânicos, pelo fluido misterioso e enérgico Assinale a afirmação incorreta a respeito do tipo de
que envolvem. imagem que o narrador Bentinho procura dar de si
mesmo ao leitor neste trecho.
331. ITA-SP
a) Um homem cheio de manha e esperteza, capaz
“Missa do galo” talvez seja o conto mais célebre de de escolher, entre várias tarefas, aquela que con-
Machado de Assis. Esse conto mostra dois dos temas seguirá realizar com maior facilidade.
que o autor salientou em suas obras: a situação social b) Um homem que, desistindo de projetos mais difí-
vivida pelas mulheres no Brasil do século XIX, que ceis, revela uma fragilidade de espírito que o faria
tinham no casamento uma das poucas opções de vida; vulnerável diante de pessoas maliciosas.
e, principalmente, a ambigüidade do comportamento c) Um homem que ocasionalmente decidiu escrever
feminino, mostrada no tema do adultério (recorrente a história de seu relacionamento, desde a infância,
no Realismo). De que forma o conto “Missa do galo” com aquela que seria sua esposa, por ser tarefa
apresenta a duplicidade do comportamento da perso- mais fácil do que as outras idéias que lhe ocorre-
nagem feminina central do texto? ram.

174
d) Um homem de boa origem social, já que tem só- 336. Fuvest-SP
lida formação intelectual que permitiria a ele, se
Capítulo CXLVIII / E bem, e o resto?
quisesse, escrever sobre temas complexos como Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas
jurisprudência, filosofia e política. me fez esquecer a primeira amada do meu coração?
e) Um homem que foi levado a escrever porque Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca
estava entediado, cansado de não fazer nada e nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não
que pensou que escrever um livro seria uma boa é este propriamente o resto do livro. O resto é saber
maneira de se distrair. se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de
Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito
334. Unicamp-SP de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se
Leia a passagem abaixo de Dom Casmurro: soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como
Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não no seu capo IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua
estivesse aqui escrevendo este livro, porque o meu mulher para que ela não se meta a enganar-te com a
malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e
primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei
tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu
a pegar na xícara, mas o pequeno beijava-me a mão,
menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da
como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me
outra, como a fruta dentro da casca.
outro impulso que me custa dizer aqui; mas vá lá, diga-
E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica,
se tudo. Chamem-me embora assassino; não serei eu
e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber,
que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso que a minha primeira amiga e o meu maior amigo,
foi criminoso. Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tão extremosos ambos e tão queridos também, quis
tomara café. o destino que acabassem juntando-se e enganando-
Machado de Assis, Dom Casmurro, em Obra Completa. Vol 1. me... A terra lhes seja leve! Vamos à “História dos
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p.936. Subúrbios”.
a) Explique o “primeiro ímpeto” mencionado pelo Machado de Assis, Dom Casmurro
narrador. Costuma-se reconhecer que o discurso do narrador de
b) Por que o narrador admite que seu “segundo Dom Casmurro apresenta características que remetem
impulso” foi criminoso? às duas formações escolares pelas quais ele passou: a
c) O episódio da xícara de café está diretamente de seminarista e a de bacharel em Direito. No texto:
relacionado com a redação do livro de memórias a) você identifica algum aspecto que se possa atribuir
de Bento Santiago. Por quê? ao ex-seminarista? Explique sucintamente.
b) o modo pelo qual o narrador conduz a argumen-
335. PUC-SP tação revela o bacharel em Direito? Explique
Este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam resumidamente.
à direita e à esquerda, andam e param, resmungam,
urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e
337. Mackenzie-SP
caem...
... isto de método, sendo, como é, uma cousa indis-
Este trecho integra o capítulo “O senão do livro”, do
pensável, todavia é melhor tê-lo sem gravata nem
romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
suspensórios, mas um pouco à fresca e à solta (...) É
Machado de Assis. Dele e do livro como um todo, é
como a eloqüência, que há uma genuína e vibrante, de
possível depreender que: uma arte natural e feiticeira, e outra tesa, engomada
a) se marca pela função metalingüística, já que o e chocha.
narrador autor reflete sobre o próprio ato de es- Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.
crever e analisa criticamente seu estilo irregular e
Assinale a afirmação correta sobre a passagem acima
vagaroso.
transcrita.
b) afirma que o livro “cheira a sepulcro, traz certa
a) Apresenta episódios entrelaçados segundo re-
contração cadavérica”, porque foi escrito do além, lações de causa e efeito, constituindo, portanto,
é uma obra de finado e trata apenas de fatos da exemplo de linguagem narrativa.
eternidade.
b) Constitui fragmento dissertativo, pois o emissor ar-
c) é um capítulo desnecessário e o próprio narrador gumenta para defender um certo ponto de vista.
pensa em suprimi-lo por causa do despropósito c) Exibe traços de subjetividade, pois o emissor ex-
que contém em suas últimas linhas e porque viola pressa seu estado de espírito diante de um fato
a estrutura linear dessa narrativa. que o emocionou.
d) foge do estilo geral do autor, uma vez que interrom- d) Expõe uma teoria mediante discurso tipicamente
pe o fio da narrativa com inserções reflexivas. científico e apresenta fatos da experiência que a
PV2D-07-POR-44

e) julga o leitor, com quem excepcionalmente dialoga, comprovam.


o grande defeito do livro, já que o desconsidera ao e) É exemplo de discurso didático em que o leitor,
longo do romance. explicitamente referido, é chamado a opinar.

175
338. PUCCamp-SP 340.
Como ostentasse certa arrogância não se distinguia Em um episódio de Memórias póstumas de Brás
bem se era uma criança, com fumos de homem, se Cubas, o protagonista pergunta ao “preto que verga-
um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lhava outro na praça”(...) se aquele (...) “era escravo
lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de dele.” A resposta afirmativa evidencia a relatividade
botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias,
das posições que o homem assume diante da vida.
cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o
corcel das antigas baladas, que o Romantismo foi Além da visão do ser humano a partir de sua interio-
buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas ridade – pela análise psicológica das personagens –,
do nosso século. as características que seguem também identificam a
Neste trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas, obra de Machado de Assis, com exceção:
de Machado de Assis, percebe-se que o autor: a) da linearidade da estrutura narrativa.
a) deixou escapar, por vezes, em romances já nitida- b) da denúncia da hipocrisia.
mente realistas, os últimos resquícios de uma filia- c) do tom irônico.
ção romântica, difícil de romper definitivamente.
d) da interferência do narrador.
b) aproveitou-se de recursos estilísticos do Roman-
tismo a que esteve filiado em sua primeira fase e) da perfeição formal.
romanesca, para enriquecer a força expressiva
dos romances da segunda fase. As questões 341 e 342 referem-se ao texto a seguir,
c) conservou a idealização romântica da figura do extraído do sexto capítulo de Quincas Borba (1892),
herói, mesmo em sua fase crítica e de ruptura com de Machado de Assis (1839-1908)
a geração anterior.
d) usou o recurso da paródia para disfarçar, em seus Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famin-
romances realistas, uma simpatia implícita pelos tas. As batatas apenas chegam para alimentar uma
mitos românticos. das tribos, que assim adquire forças para transpor a
e) utilizou-se muitas vezes da sua perspectiva crítica montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em
em relação à geração precedente, para satirizar abundância; mas, se as duas tribos dividem em paz
os mais caros mitos do Romantismo. as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficien-
temente e morrem de inanição. A paz, nesse caso,
339. Vunesp é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das
Saber a matéria em que fala, procurar o espírito de tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a
um livro, escarná-lo, aprofundá-lo, até encontrar-lhe alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas
a alma, indagar constantemente as leis do belo, tudo públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas.
isso com a mão na consciência e a convicção nos Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não
lábios, adotar uma regra definida, a fim de não cair na chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem
contradição, ser franco sem aspereza, independente só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso,
sem injustiça, tarefa nobre é essa que mais de um e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa cano-
talento podia desempenhar, se se quisesse aplicar niza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido,
exclusivamente a ela. No meu entender é mesmo uma ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
obrigação de todo aquele que se sentir com força de ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba.
tentar a grande obra da análise conscienciosa, solícita
e verdadeira. 341. UEL-PR
Machado de Assis. O ideal crítico.
Nessa passagem, quem fala é Quincas Borba, o
Lendo o fragmento textual, extraído do ensaio O ideal
filósofo. Suas palavras são dirigidas a Rubião, ex-pro-
crítico, de Machado de Assis, é correto afirmar que:
fessor, futuro capitalista, mas, no momento, apenas
a) a função do crítico envolve procedimentos muito
enfermeiro de Quincas Borba. É correto afirmar que
sérios, uma vez que as leis do sentimento devem
a maneira como constrói esse discurso revela preo-
sempre superar as leis da razão.
cupação com:
b) saber profundamente o assunto sobre o qual a
obra tenha tratado, bem como buscar a justiça e a) a clareza e a objetividade, uma vez que visa à
a moral são as duas condições mais importantes compreensão de Rubião da filosofia por ele criada,
do trabalho crítico. o Humanismo.
c) o verdadeiro trabalho crítico fundamenta-se, entre b) a emotividade de suas palavras, dado objetivar
outras coisas, na busca da essência de uma obra, despertar em Rubião piedade pelos vencidos e
por um lado; por outro, deve estar munido de um ódio pelos vencedores.
equilíbrio analítico, evitando a arbitrariedade e o c) a informação a ser transmitida, pois Rubião, sen-
logro crítico. do seu herdeiro universal, deverá aperfeiçoar o
d) ser franco sem aspereza, independente sem injus- Humanismo.
tiça, constituem a nobreza do trabalho crítico, pois d) o envolvimento de Rubião com a filosofia por ele
sem esses atributos torna-se impossível atingir a criada, o Humanismo, dada a urgência em arregi-
alma do livro. mentar novos adeptos.
e) no final do texto em questão, o autor praticamente e) o estabelecimento de contato com Rubião, uma
afirma que uma análise conscienciosa, solícita e vez que o mesmo possui carisma para perpetuar
verdadeira torna-se também uma obra de arte. as novas idéias.
176
342. UEL-PR nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas ar-
Com base nas palavras de Quincas Borba, considere rancadas pela dor e pelo desespero.
as afirmativas a seguir. (...)
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém
I. As duas tribos existem separadamente uma da
sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se
outra.
despejavam sobre as chamas.
II. A necessidade de alimentação determina os ter- No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções
mos do relacionamento entre as duas tribos. literárias que configuram imagens plásticas no espírito
III. O relacionamento entre as duas tribos pode ser do leitor, Aluísio Azevedo apresenta características
amistoso (“dividem entre si as batatas”) ou compe- psicológicas de comportamento comunitário. Aponte
titivo (“uma das tribos extermina a outra”). a alternativa que explicita o que os dois trechos têm
IV. O campo de batatas determina a vitória ou a der- em comum.
rota de cada uma das tribos. a) Preocupação de um em relação à tragédia do
Estão corretas apenas as afirmativas: outro, no primeiro trecho, e preocupação de pou-
a) I e IV. cos em relação à tragédia comum, no segundo
b) II e III. trecho.
c) III e IV. b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho,
d) I, II e III. e desprezo de todos por si próprios, no segundo
e) I, II e IV. trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primei-
343. ro trecho, e angústia de não se conhecer o outro,
O romance Quincas Borba foi escrito: por quem se é ajudado, no segundo trecho.
a) na fase romântica de Machado de Assis, pois o d) Desespero que se expressa por murmúrios, no
tema principal é o amor de Rubião e Sofia. primeiro trecho, e desespero que se expressa por
b) no Realismo, período que se preocupava com apatia, no segundo trecho.
outras classes sociais que não a burguesia e e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem
enfocava a alma humana. puder”, no primeiro trecho, e anonimato da coope-
c) no Pré-Modernismo quando os problemas brasi- ração e do “todos por todos”, no segundo trecho.
leiros eram abordados de maneira crítica.
d) no Realismo-Naturalismo, período em que se 346. UEL-PR
explorava o regionalismo. Na obra-prima que é o romance O cortiço:
e) no Realismo, período em que se registravam a) podemos surpreender as características básicas
grandes atos heróicos. da prosa romântica: narrativa passional, tipos
humanos idealizados, disputa entre o interesse
344. UFV-MG
material e os sentimentos mais nobres.
As afirmativas a seguir confirmam algumas tendências
do romance realista-naturalista brasileiro. b) as personagens são apresentadas sob o ponto de
vista psicológico, desnudando-se ante os olhos do
I. Os romances naturalistas, numa atitude reformado-
leitor graças à delicada sutileza com que o autor
ra, denunciam os deslizes da sociedade burguesa
e são ricos em personagens complexas, ambíguas, as analisa e expressa.
de acentuada profundidade psicológica. c) o leitor é transportado ao doloroso universo dos
II. Tanto nos romances realistas quanto nos natura- miseráveis e oprimidos migrantes que, tangidos
listas, encontramos apenas personagens-tipos e pela seca, abrigam-se em acomodações coletivas,
caricaturas, reflexos das mazelas e desregramen- à espera de uma oportunidade.
tos da sociedade aristocrática do Brasil colonial. d) vemos renascer, na década de 30 do nosso século,
III. Os romances realistas criticam as instituições uma prosa viril, de cunho regionalista, atenta às
através da análise psicológica das personagens nossas mazelas sociais e capaz de objetivar em
inseridas em seu meio social, e os romances natu- estilo seco parte de nossa dura realidade.
ralistas denunciam violentamente a marginalidade e) consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada
das camadas mais baixas da população. pela associação direta entre meio e personagens e
Considerando as informações contidas nos textos pelo estilo agressivo que está a serviço das teses
acima, pode-se afirmar que: deterministas da época.
a) são corretas as afirmativas I, II e III.
b) são corretas as afirmativas II e III. 347. Mackenzie-SP
c) é correta apenas a afirmativa III. Alexandre, em casa, à hora de descanso, nos seus
d) é correta apenas a afirmativa II. chinelos e na sua camisa desabotoada, era muito chão
e) é correta apenas a afirmativa I. com os companheiros de estalagem, conversava, ria
e brincava, mas envergando o uniforme, encerando o
PV2D-07-POR-44

345. Unifesp bigode e empunhando a sua chibata com que tinha o


Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção costume de fustigar as calças de brim, ninguém mais
aos dois trechos a seguir. lhe via os dentes e então a todos falava “teso” e por
Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem cima do ombro. A mulher, a quem ele só dava “tu”
177
quando não estava fardado, era de uma honestidade c) Anticlericalismo: desmitificação do clero, mostran-
proverbial no cortiço, honestidade sem mérito, porque do seus erros.
vinha da indolência do seu temperamento e não do d) Racionalismo: preocupação com o racional como
arbítrio do seu caráter. forma de impedir a fantasia.
Aluísio Azevedo e) Amoralismo: descompromisso com qualquer prin-
Assinale a alternativa que apresenta comentário crítico cípio moral.
adequado ao texto.
a) Para o escritor realista, imbuído dos princípios 350. FGV-SP
cientificistas do século XIX, à beleza física dos Uma irresistível necessidade de estar só, completa-
personagens deve necessariamente corresponder mente só, uma aflição de conversar consigo mesma,
a beleza moral. a apartava do seu estreito quarto sufocante, tão tris-
b) A personagem de romance romântico notabiliza-se tonho e tão pouco amigo. Pungia-lhe na brancura da
por um comportamento social agressivo, que con- alma virgem um arrependimento incisivo e negro das
trasta com a afetividade característica do convívio torpezas da antevéspera: mas, lubrificada por essa
familiar. recordação, toda a sua carne ria e rejubilava-se, pres-
sentindo delícias que lhe pareciam reservadas para
c) De acordo com os cânones da estética naturalista,
mais tarde, junto de um homem amado, dentro dela
a indolência típica do comportamento feminino
balbuciavam desejos, até aí mudos e adormecidos; e
torna as mulheres frágeis e volúveis.
mistérios desvendavam-se no segredo do seu corpo,
d) Para o escritor naturalista, os traços instintivos enchendo-a de surpresa e mergulhando-a em fundas
determinam o comportamento das pessoas. concentrações de êxtase. Um inefável quebranto
e) O escritor realista defende a tese de que o auto- afrouxava-lhe a energia e distendia-lhe os músculos
ritarismo é resultado da herança genética, sendo, com uma embriaguez de flores traiçoeiras.
portanto, independente da posição social. Não pôde resistir, assentou-se debaixo das árvores,
um cotovelo em terra, a cabeça reclinada com a palma
348. FCMSC-SP da mão.
A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcu- Aluísio Azevedo. O cortiço.
nha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos Com base no texto, podemos dizer que:
cabeludos e grossos, anca de animal do campo. a) fundiam-se, na personagem, sentimentos contrá-
O texto permite afirmar que: rios: arrependimento, de um lado, e êxtase, de
a) o Naturalismo e o Realismo, a fim de evidenciarem outro.
as mazelas do tempo, deram ênfase à análise do b) para poder pensar, a personagem retirou-se de seu
comportamento psicológico. quarto e foi abrigar-se em outro compartimento
b) a prosa romântica pautou-se por uma visão me- da casa.
canicista do homem e das relações humanas. c) na antevéspera a personagem tinha estado ar-
c) o Realismo caracterizou a realidade por meio rependida de suas torpezas. Depois, no entanto,
da metáfora elegante, da ironia, de um cinismo passou a rejubilar-se dos prazeres recém-des-
penetrante e refinado. cobertos.
d) Romantismo, incorporando elementos populares d) o quarto, apesar de tristonho e sufocante, era
e prosaicos, idealizou a força física e a pujança o único refúgio para a jovem conversar consigo
moral do povo. mesma.
e) a estética naturalista realça certos pormenores do e) os risos da carne são sempre capazes de suplan-
quadro, modificando o equilíbrio entre as partes tar qualquer arrependimento e desanuviar nosso
que o compõem. espírito.

349. 351. UCP-PR


Eixos dramáticos ao redor dos quais se desenvolve
Num só lance de vista, como quem apanha uma
a trama romanesca de O mulato, romance de Aluísio
esfera entre as pontas de um compasso, mediu com
Azevedo.
as antenas da sua perspicácia mulheril toda aquela
esterqueira, onde ela, depois de se arrastar por muito a) A doença sem cura da heroína e a embriaguez.
tempo como larva, um belo dia acordou borboleta à b) A marginalidade do mulato e o anticlericalismo.
luz do sol. E sentiu diante dos olhos aquela massa c) A saúde deficiente e precária do mulato e a deca-
informe de machos e fêmeas, a comichar, a fremir dência da sociedade burguesa.
concupiscente, sufocando-se uns aos outros. d) O comportamento geneticamente desavergonhado
Aluísio Azevedo, O cortiço. do mulato e o fanatismo religioso.
Assinale a alternativa que apresenta característica e) O desprendimento inabalável da heroína e a fide-
naturalista predominante nesse fragmento de O lidade à memória do amado.
cortiço.
Leia o trecho de O cortiço, de Aluísio Azevedo, e
a) Crítica social: posicionamento contra burguesia. responda às questões de 352 a 355.
b) Determinismo: o ambiente determina o comporta- Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de
mento das personagens. roupa e deitou-se na cama de Rita.
178
— Vem pra cá... disse, um pouco rouco. a busca por valores éticos e morais.
— Espera! espera! O café está quase pronto! d) não pôde ser considerado um romance engajado,
E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fume- pois deixou de lado a análise da realidade.
gante da perfumosa bebida que tinha sido a mensa- e) tratou de temas de patologia social, pouco explo-
geira dos seus amores rados nas escolas literárias que o precederam.
(...)
Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se 355. Unifesp
contra o seu amado, num frenesi de desejo doído. A atração inicial entre Rita e Jerônimo não acontece
Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na cena descrita. Segundo o texto, pode-se inferir que
na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sen- ela se relaciona com:
tir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de
a) uma dose de parati.
baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da
b) a cama de Rita.
mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo
colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, c) uma xícara de café.
e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu- d) o perfume de Rita.
se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e) o olhar de Rita.
e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros
do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe 356. Fuvest-SP
as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umi-
soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, dade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervi-
fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, lhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração,
uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele
vermelhidão cruenta das labaredas do inferno. lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.
O fragmento de O cortiço, romance de Aluísio Aze-
352. Unifesp vedo, apresenta uma característica fundamental do
Pode-se afirmar que o enlace amoroso entre Jerônimo Naturalismo. Qual?
e Rita, próprio à visão naturalista, consiste: a) Uma compreensão psicológica do homem
a) na condenação do sexo e conseqüente reafirma- b) Uma compreensão biológica do mundo
ção dos preceitos morais. c) Uma concepção idealista do universo
b) na apresentação dos instintos contidos, sem ex- d) Uma concepção religiosa da vida
ploração da plena sexualidade.
e) Uma visão sentimental da natureza
c) na apresentação do amor idealizado e revestido
de certo erotismo. 357. UFPA
d) na descrição do ser humano sob a ótica do erótico Os personagens realistas-naturalistas têm seus des-
e animalesco. tinos marcados pelo determinismo. Identifica-se esse
e) na concepção de sexo como prática humana nobre determinismo:
e sublime. a) pela preocupação dos autores em criar persona-
gens perfeitos, sem defeitos físicos ou morais.
353. Unifesp b) pelas forças atávicas e/ou sociais que condicionam
O enlace amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja a conduta dessas criaturas.
na de Jerônimo: c) por ser fruto, especificamente, da imaginação e da
a) é sublimado, o que lhe confere caráter grotesco fantasia dos autores.
na obra. d) por se notar a preocupação dos autores de volta-
b) é desejado com intensidade e lhes aguça os âni- rem para o passado ou para o futuro ao criarem
mos. seus personagens.
c) reproduz certo incômodo pelo tom de ritual que e) por representarem a tentativa dos autores na-
impõe. cionais de reabilitar uma faculdade perdida do
d) representa-lhes o pecado e a degradação como homem: o senso do mistério.
pessoa.
358. UERJ
e) é de sensualidade suave, pela não explicitação do
Cidade de Deus
ato.
Barracos de caixas de tomate, madeiras de lei, car-
354. Unifesp naúba, pinho-de-riga, caibros cobertos, em geral, por
telhas de zinco ou folhas de compensados. Fogueiras
O cortiço, obra naturalista:
servindo de fogão para fazer o mocotó, a feijoada, o
a) traduziu a sensualidade humana na ótica do cozido, o vatapá, mas, na maioria das vezes, para fazer
objetivismo científico, o que se alinha à grande aquele arroz de terceira grudado, angu duro ou muito
preocupação espiritual. ralo, aqueles carurus catados no mato, mal lavados, ou
PV2D-07-POR-44

b) fez análises muito subjetivas da realidade, pouco simplesmente nada. Apenas olhares carcomidos pela
alinhadas ao cientificismo predominante na épo- fome, em frente aos barracos, num desespero absoluto
ca. e que por ser absoluto é calado. Sem fogueira para
c) explorou as mazelas humanas de forma a incitar esquentar ou iluminar como o sol, que se estendia por
179
caminhos muitas vezes sem sentido algum para os que As questões de números 359 e 360 baseiam-se no
não soltavam pipas, não brincavam de pique-pega e seguinte fragmento do romance O Cortiço (1890),
não se escondiam num pique-esconde. de Aluísio Azevedo (1857-1913)
Os abismos têm várias faces e encantam, atraem
para o seu seio como as histórias em quadrinhos que O cortiço
chegavam ao morro compradas nas feiras da Maia Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte
Lacerda e do Rio Comprido, baratas como a tripa de daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens
porco que sobrava na casa do compadre maneiro que e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos
nem sempre era compadre de batismo. Era apenas o ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a
adjetivo, usado como substantivo, sinônimo de uma rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
boa amizade, de um relacionamento que era tecido espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba
por favores, empréstimos impagáveis e consideração de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas,
até na hora da morte. e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da
São as pessoas nesse desespero absoluto que a polí- casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se
cia procura, espanca com seus cassetetes possíveis e os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um
sua razão impossível, fazendo com que elas, com seus ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe?
olhares carcomidos pela fome, achem plausíveis os Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes
feitos e os passos de Pequeno e de sua quadrilha pelos que se despejavam sobre as chamas.
becos que, por terem só uma entrada, se tornam becos Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
sem saídas, e achem, também, corriqueira essa visão E tudo era um clamor.
de meia cara na quina do último barraco de cada beco A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca
de crianças negras ou filhas de nordestinos, de peito de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora
sem proteção, pé no chão, shorts rasgados e olhar já tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha,
cabreiro até para o próprio amigo, que, por sua vez, se reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,
tornava inimigo na disputa de um pedaço de sebo de desgrenhada, escorrida e abundante como as das
boi achado no lixo e que aumentaria o volume da sopa, éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de
de um sanduíche quase perfeito nas imediações de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação,
uma lanchonete, de uma pipa voada, ou de um ganso sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no
dado numa partida de bola de gude. meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente
Lá ia Pequeno, senhor de seu desejo, tratando bem vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante
a quem o tratava bem, tratando mal a quem o tratava de maluca.
mal e tratar mal era dar tiros de oitão na cabeça para Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o
estuporar os miolos. madeiramento da casa incendiada, que abateu rapida-
Os exterminadores pararam na tendinha do Zé Gordo mente, sepultando a louca num montão de brasas.
para tomar uma Antarctica bem gelada, porque esta Aluísio Azevedo. O cortiço.
era a cerveja de malandro beber. Pequeno aproveitou
para perguntar pelos amigos que fizera no morro, pelas 359. Unifesp
tias que faziam um mocotó saboroso nos sábados à Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com
tarde, pelos compositores da escola. que o narrador se posicione em terceira pessoa,
— Qualé, Zé Gordo, se eu te der um dinheiro, tua onisciente e onipresente, preocupado em oferecer
mulher faz um mocotó aí pra gente? uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de
— Então, meu cumpádi! que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima
Pequeno deu a quantia determinada pela esposa dos acontecimentos narrados aparece de modo mais
de Zé Gordo, em seguida retornaram à patrulha que direto e explícito em:
faziam. a) “Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos de-
LINS, Paulo. Cidade de Deus. fronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. fogo.”
A seqüência da narrativa, no texto de Paulo Lins, des- b) “Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e
creve as agruras do espaço físico e do ambiente social baldes que se despejavam sobre as chamas.”
antes de apresentar as ações de um personagem. c) “Da casa do Barão saíam clamores apopléti-
A estruturação da narrativa nesse texto estabelece a cos...”
seguinte vinculação com a tradição literária:
d) “A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca
a) justifica a brutalidade humana pela psicologia dos de uma fornalha acesa.”
personagens, nos moldes do naturalismo.
e) “Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar
b) vincula o surgimento de um tipo humano ao am- o madeiramento da casa incendiada...”
biente social, de acordo com o recorte naturalista.
c) mostra uma imagem idealizada da população da 360. Unifesp
favela, mediante a adoção de uma concepção O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo
romântica. oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país,
d) constrói a imagem de um herói no interior da no final do século XIX. Põe em evidência a competição
população marginalizada, segundo os moldes do dos mais fortes, entre si, e estes, esmagando as cama-
romantismo. das de baixo, compostas de brancos pobres, mestiços

180
e escravos africanos. No ambiente de degradação de 363. Mackenzie-SP
um cortiço, o autor expõe um quadro tenso de misérias Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa natu-
materiais e humanas. ralista.
No fragmento, há várias outras características do a) As personagens expressam a dependência do
Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas homem às leis naturais.
características apresentadas são corretas. b) O estilo caracteriza-se por um descritivismo inten-
a) Exploração do comportamento anormal e dos ins- so, capaz de refletir a visualização pictórica dos
tintos baixos; enfoque da vida e dos fatos sociais ambientes.
contemporâneos ao escritor. c) Os tipos são muito bem delimitados, física e mo-
b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão ralmente, compondo verdadeiras representações
conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente. caricaturais.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando d) Tem como objetivo maior aprofundar a dimensão
uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores psicológica das personagens.
burgueses e predileção pelos mais pobres. e) O comportamento das personagens e sua movi-
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de mentação no espaço determinam-lhe a condição
criador, e se confunde com a idéia de Deus; utili- narrativa.
zação de preciosismos vocabulares, para enfatizar
o distanciamento entre a enunciação e os fatos 364. Fatec-SP
enunciados.
e) Exploração de um tema em que o ser humano é Ao chegarem à casa, João Romão pediu ao cúmplice
que entrasse e levou-o para o seu escritório.
aviltado pelo mais forte; predominância de ele-
— Descanse um pouco... disse-lhe.
mentos anticientíficos, para ajustar a narração ao
— É, se eu soubesse que eles se não demoravam
ambiente degradante dos personagens.
muito ficava para ajudá-lo.
— Fique para jantar. São quatro e meia, segredou-lhe
361.
na escada.
Considere as afirmações. Tomavam café, quando um empregado subiu para dizer
I. Em O cortiço, Aluísio Azevedo destaca a influência que lá embaixo estava um senhor, acompanhado de
do meio ambiente como fator condicionante do duas praças, e que desejava falar ao dono da casa.
comportamento humano. — Vou já, respondeu este. E acrescentou para o
II. Em O Ateneu, a preocupação de Raul Pompéia é Botelho: – São eles!
fazer uma crítica objetiva das práticas educacio- — Deve ser, confirmou o velho.
nais do final do século XIX. E desceram logo.
III. Segundo a estética realista, a arte deveria obede- — Quem me procura?... exclamou João Romão com
disfarce, chegando ao armazém.
cer a certos padrões morais e religiosos.
Um homem alto, com ar de estróina, adiantou-se e
IV. Aluísio Azevedo e Adolfo Caminha são dois im- entregou-lhe uma folha de papel.
portantes escritores naturalistas do final do século João Romão, um pouco trêmulo, abriu-a defronte dos
XIX. olhos e leu-a demoradamente. Um silêncio formou-
Assinale o item correto. se em torno dele; os caixeiros pararam em meio do
a) Apenas a afirmação I é correta. serviço, intimidados por aquela cena em que entrava
b) Apenas as afirmações I e IV são corretas. a polícia.
c) Apenas as afirmações I e II são corretas. — Está aqui com efeito... disse afinal o negociante.
Pensei que fosse livre...
d) Apenas as afirmações III e IV são corretas.
— É minha escrava, afirmou o outro. Quer entregar-
362. UFMS ma?...
— Mas imediatamente.
A propósito do Naturalismo, é correto afirmar que:
— Onde está ela?
( ) o ser é retratado como produto do meio. — Deve estar lá dentro. Tenha a bondade de entrar...
( ) o escritor evita julgar ações e personagens de um O sujeito fez sinal aos dois urbanos, que o acompa-
ponto de vista ético e moral, pois seu intuito é expor nharam logo, e encaminharam-se todos para o interior
e analisar cientificamente a realidade. da casa. Botelho, à frente deles, ensinava-lhes o
( ) é um tipo de Realismo que tenta explicar roman- caminho. João Romão ia atrás, pálido, com as mãos
ticamente a conduta e o modo de ser dos perso- cruzadas nas costas.
nagens. Atravessaram o armazém, depois um pequeno cor-
redor que dava para um pátio calçado, chegaram
( ) no Brasil, o romance naturalista exalta o homem
finalmente à cozinha. Bertoleza, que havia já feito subir
metafísico, em oposição ao homem animal, cujas o jantar dos caixeiros, estava de cócoras, no chão,
PV2D-07-POR-44

ações e intenções o escritor condena. escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando
( ) tem como características, entre outras, o determi- viu parar defronte dela aquele grupo sinistro.
nismo biológico, a tematização do patológico e a Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo
aplicação do método experimental. senhor, e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num
181
relance de grande perigo compreendeu a situação; b) Leandra... a Machona, portuguesa feroz, berrado-
adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido ra, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do
para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que campo.
a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu c) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum
amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a crescente; uma aglomeração tumultuosa de ma-
ao cativeiro. chos e fêmeas.
Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém circunva- d) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela
gou os olhos em torno de si, procurando escapula, o umidade quente e lodosa começou a minhocar,...
senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. e multiplicar-se como larvas no esterco.
— É esta! disse os soldados que, com um gesto,
e) Firmo, o atual amante de Rita Baiana, era um
intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na!
É escrava minha! mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, cabrito...
com uma das mãos espalmada no chão e com a outra
366. UEL-PR
segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles,
sem pestanejar. Justamente por essa ocasião vendeu-se também um
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desem- sobrado que ficava à direita da venda, separado desta
bainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se apenas por aquelas vinte braças; e de sorte que todo o
com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes flanco esquerdo do prédio, coisa de uns vinte e tantos
que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe metros, despejava para o terreno do vendeiro as suas
certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. nove janelas de peitoril. Comprou-o um tal Miranda,
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhan- negociante português, estabelecido na rua do Hospício
do moribunda numa lameira de sangue. com uma loja de fazendas por atacado.
João Romão fugira até ao canto mais escuro do arma- E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para
zém, tapando o rosto com as mãos. dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o
Nesse momento parava à porta da rua uma carrua- Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância
gem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável
de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas,
sócio benemérito. e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes
Ele mandou que os conduzissem para a sala de miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em
visitas. torno dela, rachando o solo e abalando tudo.
Aluísio Azevedo,O cortiço. Texto editado. Azevedo, Aluísio. O cortiço. 26. ed.
São Paulo: Martins, 1974. pp. 23-33.
Com base no texto, considere as seguintes afirma-
ções: Com base nos fragmentos citados e nos conhecimen-
tos sobre o romance O cortiço, de Aluísio Azevedo,
I. Nesse trecho, Aluísio Azevedo mostra-se irônico ao
considere as afirmações a seguir.
expor como era frágil o movimento abolicionista, já
que a cena revela o contraste entre a aparência e a I. A descrição do cortiço, feita através de uma lingua-
essência de João Romão diante da escravidão. gem metafórica, indica que, no romance, esse es-
paço coletivo adquire vida orgânica, revelando-se
II. A narrativa se desenrola em linguagem simples, em
um “ser” cuja força de crescimento assemelha-se
tom coloquial, como é próprio da prosa naturalista.
ao poderio de raízes em desenvolvimento cons-
III. Mostra-se o traço naturalista na descrição da mor-
tante que ameaçam tudo abalar.
te de Bertoleza, pela óptica do animalesco, com
referências como ímpeto de anta bravia, rugindo e II. A inquietação de Miranda quanto ao crescimento
esfocinhando. do cortiço deve-se ao fato de que sua casa, o so-
brado, ainda que fosse uma construção imponente,
IV. Também é marca do naturalismo a construção de
não possuía uma estrutura capaz de suportar o
personagens como João Romão, que desprezava
crescimento desenfreado do vizinho, que amea-
a moral, para atingir seus objetivos.
çava derrubar sua habitação.
Deve-se concluir que estão corretas as afirmações:
a) I, II e III somente. III. Não obstante a oposição entre o sobrado e o cor-
tiço em termos de aparência física dos ambientes,
b) II, III, IV somente.
os moradores de um e outro espaço não se distin-
c) II e III somente.
guem totalmente, haja vista que seus comporta-
d) I, III e IV somente. mentos se assemelham em vários aspectos, como,
e) I, II, III e IV. por exemplo, os de João Romão e Miranda.
365. ESPM-SP IV. Os dois ambientes descritos marcam uma opo-
sição entre o coletivo (o cortiço) e o individual
Dos segmentos abaixo, extraídos de O cortiço de
(o sobrado) e, por extensão, remetem também
Aluísio Azevedo, marque o que não traduza exemplo
à estratificação presente no contexto do Rio de
de zoomorfismo.
Janeiro do final do século XIX.
a) Zulmira tinha então doze para treze anos e era
Estão corretas apenas as afirmativas:
o tipo acabado de fluminense; pálida, magrinha,
com pequeninas manchas roxas nas mucosas do a) I e II. d) I, III e IV.
nariz, das pálpebras e dos lábios, faces levemente b) I e III. e) II, III e IV.
pintalgadas de sardas. c) II e IV.
182
Texto para as questões 367 e 368. Texto para as questões de 369 a 371.
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à Entretanto, Bom-Crioulo começava a sentir uns
porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante longes de tristeza n’alma, cousa que raríssimas vezes
experimentei depois a verdade deste aviso, que me lhe acontecia. Lembrava-se do mar alto, da primeira
despia, num gesto, das ilusões de criança educada vez que vira o Aleixo, da vida nova em que ia entrar,
exoticamente na estufa de carinho que é o regime do preocupando-o sobretudo a amizade do grumete, o
amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão futuro dessa afeição nascida em viagem e ameaçada
diferente, que parece o poema dos cuidados maternos agora pelas conveniências do serviço militar. Em me-
um artifício sentimental, com a vantagem única de nos de vinte e quatro horas, Aleixo podia ser transferido
fazer mais sensível a criatura à impressão rude do para outro navio – ele mesmo, Bom-Crioulo, quem
primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade sabe?, talvez não continuasse na corveta...
na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo- Instintivamente seu olhar procurava o pequeno,
nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes acendia-se num desejo sôfrego de vê-lo sempre, ali
tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sobre perto, vivendo a mesma vida de obediência e de tra-
outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora balho, crescendo a seu lado como um irmão querido
e não viesse de longe a enfiada de decepções que e inseparável.
nos ultrajam. Por outro lado estava tranqüilo porque a maior
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, prova de amizade Aleixo tinha lhe dado a um simples
igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos aceno, a um simples olhar. Onde quer que estivessem
dias que correram como melhores. Bem considerando, haviam de se lembrar daquela noite fria dormida sob
a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a o mesmo lençol na proa da corveta, abraçados, como
compensação dos desejos que variam, das aspirações um casal de noivos em plena luxúria da primeira
que se transformam, alentadas perpetuamente do coabitação...
mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de espe- Ao pensar nisso Bom-Crioulo sentia uma febre
ranças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante extraordinária de erotismo, um delírio invencível de
das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um gozo pederasta... Agora compreendia nitidamente que
pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é só no homem, no próprio homem, ele podia encontrar
a mesma de cada lado beirando a estrada da vida. aquilo que debalde procurara nas mulheres (...)
Eu tinha onze anos”. (...) Afinal de contas era homem, tinha suas ne-
Raul Pompéia, O Ateneu. cessidades, como qualquer outro: fizera muito em
conservar-se virgem até aos trinta anos, passando
367. Ufla-MG vergonhas que ninguém acreditava, sendo muitas
De acordo com o entendimento do texto, extraído da vezes obrigado a cometer excessos que os médicos
obra indicada para leitura, estão corretas todas as proíbem. De qualquer modo estava justificado perante
afirmativas, exceto: sua consciência, tanto mais quanto havia exemplos ali
a) No início, a alegria apresenta-se como o principal mesmo a bordo, para não falar em certo oficial de quem
sentimento da personagem. se diziam cousas medonhas no tocante à vida parti-
b) A falsa educação doméstica, que não prepara o cular. Se os brancos faziam, quanto mais os negros!
É que nem todos têm força para resistir: a natureza
jovem para enfrentar o mundo, torna mais rudes
pode mais que a vontade humana...
os primeiros ensinamentos.
c) A “atualidade” não se modifica nunca, permane- 369.
cendo a mesma em todas as épocas. Destaque o trecho que comprove que a tendência
d) A narrativa é feita em primeira pessoa e tem um homossexual de Amaro não era a única no navio.
caráter memorialista, ou seja, o tempo da ação é
anterior ao da narração. O distanciamento tem- 370.
poral pode ser percebido na frase “Eu tinha onze Qual a personagem que entrará na trama e que pro-
anos.” vocará uma reviravolta?
e) O espaço na narrativa é de grande importância,
já que a decorrência dos fatos deve-se à ida da 371.
personagem para o colégio “Ateneu”. Relacione o trecho “A natureza pode mais que a von-
tade humana” com o determinismo.
368.
372. FGV-SP
O primeiro período do texto (“Vais encontrar o mundo”,
disse-me meu pai, à porta do Ateneu. “Coragem para Raul Pompéia é consagrado na literatura brasileira pela
obra O Ateneu, de largo senso psicológico e preciosi-
a luta.”) traz uma atmosfera carregada de:
dade de estilo. A temática da obra, a par do seu valor
a) saudade da infância. literário, é um depoimento que ilustra:
b) prenúncio de fatos. a) as discussões e os conflitos entre os escritores
PV2D-07-POR-44

c) alegria diante do novo. do Ateneu Literário do Rio de Janeiro, nos fins do


d) decepção com a vida nova. Império.
e) saudade hipócrita. b) a vida social e os hábitos quotidianos da aristocra-
cia imperial, pouco antes da República.
183
c) a vida escolar no Império Brasileiro, tendo o siste- que em todas as espécies impulsiona o macho para a
ma de internato como modelo educacional de elite femêa, sentiu-a Bom Crioulo irresistivelmente ao cruzar
na época. a vista pela primeira vez com o grumetezinho. Nunca
d) a influência da cultura clássica e dos valores gre- experimentara semelhante cousa, nunca homem al-
co-romanos na formação da personalidade dos gum ou mulher produzira-lhe tão esquisita impressão,
intelectuais brasileiros da época. desde que se conhecia! Entretanto, o certo é que o
e) os hábitos e o comportamento urbano da classe pequeno, uma criança de quinze anos, abalara toda a
média em ascensão no Rio de Janeiro, após a sua alma, dominando-a, escravizando-a logo, naquele
proclamação da República. mesmo instante, como a força magnética de um ímã.
Chamou-o a si, com a voz cheia de brandura, e
373. UFTM-MG quis saber como ele se chamava.
“Assim, pela primeira vez irrompe na ficção brasileira — Eu me chamo Aleixo, disse o grumete abaixando
a psicologia infantil, visto que o romance romântico o olhar, muito calouro.
preferia focalizar o adolescente ou adulto enredado nas — Coitadinho, chama-se Aleixo, tornou Bom
Crioulo.
malhas do amor e da honra, reservando à criança um
E imediatamente, sem tirar a vista de cima do
olhar complacente e via de regra puxado ao folclórico
pequeno, com a mesma voz branda e carinhosa:
ou ao melodramático, o que redundava fatalmente em
— Pois olhe: eu me chamo Bom Crioulo, não se
estereotipia e superficialidade.”
esqueça. Quando alguém o provocar, lhe fizer qualquer
Esse filão, que procura aprofundar a análise da alma
cousa, estou aqui, eu, para o defender, ouviu?
infantil, foi aberto por:
— Sim senhor, fez o marinheiro levantando o olhar
a) Aluísio Azevedo, em O mulato. com uma expressão de agradecimento.
b) Raul Pompéia, em O Ateneu. — Não tenha vergonha, não: Bom Crioulo, gajeiro
c) Machado de Assis, em Memórias póstumas de da proa. É só me chamar.
Brás Cubas. — Sim senhor...
d) José de Alencar, em O sertanejo. — Olhe mais, tornou o negro segurando a mão do
pequeno: — Muito sossegadinho no seu lugar para
e) Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um
não sofrer castigo, sim?
sargento de Milícias.
Aleixo só fazia responder timidamente: — Sim
374. senhor.
Leia o seguinte trecho da obra O Bom Crioulo, de a) Como a relação homossexual é definida pelo
Adolfo Caminha. narrador?
Diziam uns que a cachaça estava deitando a b) Retire trechos do texto que confirmem a visão
perder “o negro”; outros, porém, insinuavam que Bom zoomórfica do Naturalismo.
Crioulo tornara-se assim, esquecido e indiferente, dês c) O fato de o enredo se passar, boa parte da obra,
que “se metera” com o Aleixo, o tal grumete, o belo num navio, relaciona-se a qual característica na-
marinheiro de olhos azuis, que embarcara no sul. – O turalista?
ladrão do negro estava mesmo ficando sem-vergonha!
E não lhe fossem fazer recriminações, dar conselhos... 375. PUC-RS
Era muito homem para esmagar um! A mais terrível das instituições do Ateneu não era a
O próprio comandante já sabia daquela amizade famosa justiça de arbítrio, não era ainda a cafua,
escandalosa com o pequeno. Fingia-se indiferente, asilo das trevas e do soluço, sanção das culpas
como se nada soubesse, mas conhecia-se-lhe no enormes.
olhar certa prevenção de quem deseja surpreender Era o livro das notas.
em flagrante... Todas as manhãs, infalivelmente, perante o colégio
Os oficiais comentavam baixinho o fato e muita vez
em peso, congregado para o primeiro almoço, às oito
riam maliciosamente na praça d’armas entre copos
horas, o diretor aparecia a uma porta, com solenidade
de limonada.
tarda das aparições, e abria o memorial das partes.
Tudo isso, porém, não passava de suspeitas, e
Bom Crioulo, com o seu todo abrutalhado, uma grande Em O Ateneu, Raul Pompéia denuncia, como exem-
pinta de sangue no olho esquerdo, o rosto largo de um plifica o texto, a:
prognatismo evidente, não se incomodava com o juízo a) perversidade do sistema educacional.
dos outros. – Não lho dissessem na cara, porque então b) relação perigosa entre adolescentes.
o negócio era feio... A chibata fizera-se para o mari- c) brutalidade física na educação.
nheiro: apanhava até morrer, como um animal teimoso,
d) vontade de poder do educador.
mas havia de mostrar o que é ser homem!
Sua amizade ao grumete nascera, de resto, como e) política interesseira da escola.
nascem todas as grandes afeições, inesperadamente,
sem precedentes de espécie alguma, no momento 376. UFRJ
fatal em que seus olhos se fitaram pela primeira vez. Sem dúvida o meu aspecto era desagradável, ins-
Esse movimento indefinível que acomete ao mesmo pirava repugnância. E a gente da casa se impacienta-
tempo duas naturezas de sexos contrários, deter- va. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva
minando o desejo fisiológico da posse mútua, essa antipatia. Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado
atração animal que faz o homem escravo da mulher e e cabra-cega.
184
Bezerro-encourado é um intruso. Quando uma cria a) Apenas I.
morre, tiram-lhe o couro, vestem com ele um órfão, b) Apenas II.
que, neste disfarce, é amamentado. A vaca sente o c) Apenas I e III.
cheiro do filho, engana-se e adota o animal. Devo o d) Apenas II e III.
apodo ao meu desarranjo, à feiúra, ao desengonço.
e) I, II e III.
Não havia roupa que me assentasse no corpo: a ca-
misa tufava na barriga, as mangas se encurtavam ou Texto para as questões 379 e 380.
alongavam, o paletó se alargava nas costas, enchia- Nos romances naturalistas, a descrição dos espaços
se, como um balão. Na verdade o traje fora composto onde transcorre a ação é sempre decisiva. Em O Bom
pela costureira módica, atarefada, pouco atenta às Crioulo, de Adolfo Caminha, o escravo fugido Amaro
medidas. Todos os meninos, porém, usavam na vila tem sua existência dividida entre dois domínios espa-
fatiotas iguais, e conseguiam modificá-las, ajeitá-las. ciais, um do mar, outro da terra.
Eu aparentava pendurar nos ombros um casco alheio.
Bezerro-encourado. Mas não me fazia tolerar. Essa O convés, tanto na coberta como na tolda, apre-
injúria revelou muito cedo a minha condição na família: sentava o aspecto de um acampamento nômade. A
comparado ao bicho infeliz, considerei-me um pupilo marinhagem, entorpecida pelo trabalho, caíra numa
enfadonho, aceito a custo. Zanguei-me, permanecendo sonolência profunda, espalhada por ali ao relento, numa
exteriormente calmo, depois serenei. Ninguém tinha desordem geral de ciganos que não escolhem terreno
culpa do meu desalinho, daqueles modos horríveis para repousar. Pouco lhe importavam o chão úmido, as
de cambembe. Censurando-me a inferioridade, talvez correntes de ar, as constipações, o beribéri. Embaixo
era maior o atravancamento. Macas de lona suspensas
quisessem corrigir-me.
em varais de ferro, umas sobre outras, encardidas como
RAMOS, Graciliano, Infância. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 144.
panos de cozinha, oscilavam à luz moribunda e maci-
A descrição do narrador no texto III remete a uma lenta das lanternas. Imagine-se o porão de um navio
representação do homem marcante na obra de Gra- mercante carregado de miséria. No intervalo das peças,
ciliano Ramos, que é semelhante à apresentada no na meia escuridão dos recôncavos moviam-se os corpos
Movimento Naturalista. seminus, indistintos. Respiravam um odor nauseabundo
a) Aponte que representação é essa. de cárcere, um cheiro acre de suor humano diluído em
b) Retire do texto dois vocábulos que explicitem essa urina e alcatrão. Negros, de boca aberta, roncavam
representação. profundamente, contorcendo-se na inconsciência do
sono. Viam-se torsos nus abraçando o convés, aspectos
377. ITA-SP indecorosos que a luz evidenciava cruelmente.
Sobre O Ateneu, de Raul Pompéia, não se pode O quarto era independente, com janela para os
afirmar que: fundos da casa, espécie de sótão roído pelo cupim
a) o colégio Ateneu reflete o modelo educacional e tresandando a ácido fênico. Nele morrera de febre
da época, bem como os valores da sociedade amarela um portuguesinho recém-chegado. Mas o
da época. Bom-Crioulo, conquanto receasse as febres de mau
b) o romance é narrado num tom otimista, em terceira caráter, não se importou com isso, tratando de esquecer
pessoa. o caso e instalando-se definitivamente. Todo dinheiro
c) a narrativa expressa um tom de ironia e ressenti- que apanhava era para compra de móveis e objetos de
mento. fantasia rococó, “figuras”, enfeites, coisas sem valor,
d) as pessoas são descritas, muitas vezes, de forma muitas vezes trazidas de bordo [...]. Pouco a pouco, o
caricatural. pequeno “cômodo” foi adquirindo uma feição nova de
e) são comuns comparações entre pessoas e ani- bazar hebreu, enchendo-se de bugigangas, amontoan-
mais. do-se de caixas vazias, búzios grosseiros e outros aces-
sórios ornamentais. O leito era uma “cama de vento” já
378. UFRGS-RS muito usada, sobre a qual Bom-Crioulo tinha o zelo de
Leia as afirmações abaixo sobre o romance O Ateneu, estender, pela manhã, quando se levantava, um grosso
de Raul Pompéia. cobertor encarnado “para ocultar as nódoas”.
I. Sérgio, em seu relato memorialista, revela a outra
379. Unicamp-SP
face da fachada moralista e virtuosa que circunda-
va o Ateneu, a face em que se incluem a corrupção, Identifique, nos textos acima, características dos
o interesse econômico, a bajulação, as intrigas e a ambientes descritos, determinantes do caráter de
Amaro.
homossexualidade entre os adolescentes.
II. A narrativa, ainda que feita na primeira pessoa, 380. Unicamp-SP
evita o comentário subjetivo e as impressões Como os dois espaços se relacionam especificamente
individuais, uma vez que o narrador adota uma com a tragédia pessoal de Amaro, o Bom Crioulo?
postura rigorosa, condizente com o cientificismo
da época. 381. PUC-SP (modificado)
III. Através da figura do Dr. Aristarco, diretor do Falava uma vez sobre educação.
PV2D-07-POR-44

colégio, com sua retórica pomposa e vazia, Raul Discutiu a questão no internato. Divergia do pare-
Pompéia critica o sistema educacional da época cer vulgar que o condena.
e a hipocrisia da sociedade. É uma organização imperfeita, aprendizagem de
Quais estão corretas? corrupção, ocasião de contato com indivíduos de toda
185
a origem? O mestre é a tirania, a injustiça, o terror? e) estabelece uma ligação de causa e efeito entre al-
O merecimento não tem cotação, cobrejam as linhas guns fatores sociológicos e biológicos e a conduta
sinuosas da indignidade, aprova-se a espionagem, a dos personagens.
adulação, a humilhação, campeia a intriga, a maledi-
cência, a calúnia, oprimem os prediletos do favoritismo, 384.
oprimem os maiores, os mais fortes, abundam as se- Com relação ao Naturalismo, é válido afirmar que:
duções perversas, triunfam as audácias dos nulos? A a) demonstra grande preocupação em analisar o ser
reclusão exacerba as tendências ingênuas. humano do ponto de vista estritamente psicológico
Tanto melhor: é a escola da sociedade. isolando-o do meio social.
A crítica ao sistema educacional e a narrativa sem b) acentua a influência do meio ambiente e da raça
enredo, conduzida através da memória do narrador, para mostrar que o ser humano é capaz de superá-
indicam que o trecho pertence a ________________, la e criar seu próprio modo de vida.
de ____________. c) destaca o papel decisivo do meio ambiente e da
hereditariedade na formação da personalidade e
na conduta humana.
382. Fuvest-SP d) constitui uma oposição ao Realismo, pois julga que
O Ateneu a literatura não deve se preocupar com problemas
“Vais encontrar o mundo disse-me meu pai, à sociais.
porta do Atheneu. Coragem para a luta.”
Bastante experimentei depois a verdade deste As questões 385 e 386 referem-se ao texto abaixo:
aviso, que me despia, num gesto, das ilusões da
criança educada exoticamente na estufa de carinho No capítulo VII de O Atheneu, ao descrever a ex-
que é o regime do amor doméstico, diferente do que posição de quadros dos alunos do colégio, o narrador
se encontra fora, tão diferente, que parece o poema assim se refere aos sentimentos de Aristarco:
dos cuidados maternos um artifício sentimental, com Não obstante, Aristarco sentia-se lisonjeado pela
a vantagem única de fazer mais sensível a criatura intenção. Parecia-lhe ter na face a cocegazinha sutil
á impressão rude do primeiro ensinamento, tempera do creiom passando, brincando na ruga mole da pál-
brusca da vitalidade na influencia de um novo clima pebra, dos pés-de-galinha, contornando a concha da
rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade orelha, calcando a comissura dos lábios, entrevista
hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma in- na franja pelas dobras oblíquas da pele ao nariz, va-
certeza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse rejando a pituitária, extorquindo um espiríto agradável
perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das e desopilante.
decepções que nos ultrajam.
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo ape- 385. Unicamp-SP
nas, igual aos outros que nos alimentam a saudade dos Quais características de Aristarco estão sugeridas
dias que correram como melhores. Bem considerando, neste comentário do narrador?
a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a
compensação dos desejos que veriam, das aparições 386. Unicamp-SP
que se transformam, alentadas perpetuamente no
mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de espe- Lendo esta descrição, você considera que o narrador
ranças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante compartilha dos mesmos sentimentos de Aristarco?
das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um Justifique.
pouco mais púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a
mesma de cada lado beirando a estrada da vida. 387. Fuvest-SP
Eu tinha doze anos”. O Ateneu
“Vais encontrar o mundo disse-me meu pai, à porta
De acordo com o texto pode-se concluir que a “atuali- do Atheneu. Coragem para a luta.”
dade” não se modifica nunca, permanecendo a mesma Bastante experimentei depois a verdade deste
em todas as épocas. aviso, que me despia, num gesto, das ilusões da
a) Mostre com o texto que a atualidade não se altera. criança educada exoticamente na estufa de carinho
b) Que é que se altera então? que é o regime do amor doméstico, diferente do que
se encontra fora, tão diferente, que parece o poema
383. USF-SP dos cuidados maternos um artifício sentimental, com
Pode-se entender o Naturalismo como uma particula- a vantagem única de fazer mais sensível a criatura
rização do Realismo que: á impressão rude do primeiro ensinamento, tempera
a) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhes os brusca da vitalidade na influencia de um novo clima
processos cíclicos de renovação. rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade
b) pretende expressar com naturalidade a vida hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma in-
simples dos homens rústicos nas comunidades certeza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse
primitivas. perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das
c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de decepções que nos ultrajam.
compromissos com a realidade social. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas,
d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em igual aos outros que nos alimentam a saudade dos dias
nome da moral religiosa. que correram como melhores. Bem considerando, a

186
atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a com- e) “O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma
pensação dos desejos que veriam, das aparições que boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e
se transformam, alentadas perpetuamente no mesmo coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza
ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita,
a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das se coxa? por que coxa, se bonita?”
horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco
mais púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a mesma 389. Umesp
de cada lado beirando a estrada da vida. Assinale a alternativa correta sobre o romance O
Eu tinha doze anos”. Ateneu, de Raul Pompéia.
a) O romance se realiza pelo processo memorialista
Este início de romance traz uma atmosfera carrega- do narrador, permeado por uma profunda visão
da de prenúncios de fatos que vão balizar a vida da crítica.
personagem. b) Trata-se de uma crônica de saudades, em que o
a) Qual ou quais os aspectos dominantes desses narrador revela, a cada instante, vontade de voltar.
prenúncios? c) O Ateneu representa uma apologia aos colégios
b) O narrador está dentro dos acontecimentos e no internos como forma ideal para a formação do
mesmo tempo da narração? Explique. adolescente.
d) Apesar da tentativa de atingir um estilo realista, a
388. Mackenzie-SP obra mantém uma estrutura romântica aos moldes
Por suas características, não se encaixa na prosa de José de Alencar.
machadiana o trecho que aparece na alternativa: e) Todas as personagens do romance buscam iden-
tificar-se.
a) “Este último capítulo é todo de negativas. Não al-
cancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, 390. Mackenzie-SP
não fui califa, não conheci o casamento.”
Assinale a alternativa incorreta a respeito de O
b) “A leitora, que é minha amiga e abriu este livro com Ateneu.
o fim de descansar da cavatina de ontem para a a) Devido a apresentar uma estrutura bastante ec-
valsa de hoje, quer fechá-lo às pressas, ao ver que lética, não se trata de um romance que tem uma
beiramos um abismo. Não faça isso, querida; eu classificação rigorosa como representante de uma
mudo de rumo.” ou outra tendência literária.
c) “... Não sei se lhe meti algumas rabugens de pessi- b) Tem um narrador em 1a pessoa, Sérgio, que relata
mismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com fatos ocorridos com ele no passado.
a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é c) A ação desse romance transcorre no ambiente
difícil antever o que poderá sair desse conúbio.” fechado de um internato, onde convivem crianças,
d) “Não sou criança, nem idiota; vivo só e vejo de adolescentes, professores e empregados.
longe; mas vejo. Não pode imaginar. Os gênios d) A maioria dos personagens do romance é apre-
fazem aqui dois sexos como se fosse uma escola sentada de uma forma caricatural, realçando seus
mista. Os rapazes tímidos, ingênuos, sem san- aspectos negativos.
gue, são brandamente impelidos para o sexo da e) Em função de uma narrativa mais dinâmica, o
fraqueza; são dominados, festejados, pervertidos autor abre mão da análise psicológica de perso-
como meninas ao desamparo.” nagens.

Capítulo 4
391. UFPE (modificado)
Alguns estilos de época, a exemplo do Parnasianismo, Não se mostre na fábrica o suplício
primaram pelo esteticismo e pelo culto à forma, em Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
textos que buscavam atingir a impassibilidade e a Sem lembrar os andaimes do edifício:
impessoalidade, sendo por isso acusados de distan-
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
ciamento voluntário do público leitor. Leia o poema de
Arte pura, inimiga do artifício,
Olavo Bilac e analise as questões a seguir.
É a força e a graça na simplicidade.
A um poeta Olavo Bilac
Longe do estéril turbilhão da rua, 0. De cunho metalingüístico, este poema descreve
Beneditino, escreve! No aconchego as condições de produção e recepção de um texto
Do claustro, na paciência e no sossego, literário, de acordo com o perfeccionismo da esté-
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! tica parnasiana.
PV2D-07-POR-44

Mas que na forma se disfarce o emprego 1. O poeta compara sua função ao trabalho preciosis-
Do esforço; e a trama viva se construa ta de composição dos manuscritos medievais, que
De tal modo, que a imagem fique nua, demandavam a atenção exclusiva dos religiosos
Rica mas sóbria, como um templo grego. da época, na reclusão de seus mosteiros.
187
2. Bilac revela a intenção de criar, em sua poesia, c) Pertence ao simbolismo, pois nele se observa a
um discurso tão belo quanto verdadeiro, onde preferência do autor pelos aspectos místicos e
o esforço da construção sirva à simplicidade do sobrenaturais.
efeito. d) Pertence ao estilo parnasiano, pois o poeta des-
3. Em seu poema, Bilac defende o isolamento do creve uma paisagem sem se integrar ao ambiente,
artista num claustro visando à produção de um ficando do lado “de fora”.
texto hermético e avesso a qualquer interação com e) Pertence ao simbolismo, pois nele se observam
o leitor. versos impassíveis e a parcimônia no uso de
metáforas e imagens.
392. UFES
O ideal parnasiano do culto da “arte pela arte” 395. UEL-PR
significa que o objetivo do poeta é criar obras que Assinale a alternativa que encerra um traço caracte-
expressem: rístico da estética parnasiana.
a) um conteúdo social, de interesse universal. a) O herói, objetivamente incapaz de resolver os
conflitos com a sociedade, lança-se à evasão.
b) a noção de progresso da sua época.
b) O estilo é melífluo, musicalmente fácil e ajustado
c) uma mensagem educativa, de natureza moral.
a temas bucólicos.
d) uma lição de cunho religioso.
c) As novas posturas de espírito procuram a apreen-
e) o Belo, criado pelo perfeito uso dos recursos esti- são direta dos valores transcendentais.
lísticos.
d) Situa-se na convergência de ideais anti-românti-
cos, como a objetividade no trato dos temas e o
393. UEL-PR
culto da forma.
Em seus poemas mais representativos, os poetas
e) Compromete-se com os princípios da exploração
parnasianos cultivavam:
do subconsciente.
a) a simplicidade da Natureza, a musicalidade das
palavras doces e a confissão dos sentimentos. 396. Faenquil-SP
b) o vocabulário raro, a metrificação impecável e as Ao poeta parnasiano, opuseram-se os modernistas,
rimas preciosas. que criticavam através de versos como:
c) o jogo de antíteses, a angústia da divisão psico- a) E solitariamente, pouco a pouco,
lógica e o tema da vida efêmera. do bojo tiro a pena, rasa em tinta...
d) o verso livre, a rima apenas ocasional e os temas E mão que treme toda, pinta
diretamente ligados ao cotidiano. Versos próprios de sim louco.
e) a retórica da indignação e do protesto, a participa- In: A cabeça de corvo, Alphonsus de Guimarães.
ção política e os temas sociais. b) Musa, não sabes louvar,
394. E por isso esse dia,
Leia o poema abaixo, antes de responder. Entre as vozes d’ alegria,
Anoitecer Não pretendo misturar
Esbraseia o Ocidente na agonia Tua rústica harmonia.
O Sol... Aves em bandos destacados, In: Obras poéticas, Manuel Ignácio da Silva Alvarenga.
Por céus de outro e de púrpura raiados, c) Vede como primo
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia... Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Delineiam-se, além, da serrania Os termos cognatos.
Os vértices de chama aureolados, In: Os sapos, Manuel Bandeira.
E em tudo, em torno, esbatem derramados
d) Logo dirão que se inspirou
Uns tons suaves de melancolia...
e compôs de improviso
Um mundo de vapores no ar flutua... um soneto vendido
Como uma informe nódoa, avulta e cresce dos que sempre enfrentou
A sombra à proporção que a luz recua... In: Pior do que a morte, Frederico Barbosa.
e) Não quero no meu canto alguma ajuda
A natureza apática esmaece... Das nove moradas do Parnaso,
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Nem matéria tão alta quer que aluda
Surge trêmula, trêmula... Anoitece. Nada ao essencial deste meu caso.
A respeito do soneto acima reproduzido, um dos mais In: Prosopopéia, Bento Teixeira.
famosos da Literatura Brasileira, é correto afirmar o
seguinte: 397. UFRGS-RS
a) Pertence ao parnasianismo, pois a ele não se Os parnasianos, na virada do século, notabilizaram-
pode dar uma interpretação lógica, em virtude de se por:
se fundamentar no não-conceitual da linguagem. a) elaborarem poemas de métrica rigorosa nos quais
b) Pertence ao romantismo, já que o poeta dá ênfase a impessoalidade do sujeito lírico permitia a pers-
à natureza, uma das características desse estilo. pectiva filosofante e a visão descritiva.
188
b) denunciarem o autoritarismo da República Velha e 400. UFPA
as más condições de vida da maioria da populção À subjetividade romântica os parnasianos contrapuse-
da cidade do Rio de Janeiro. ram a impessoalidade objetiva; Bilac, parnasiano por
c) revelarem perícia na elaboração de poemas de excelência, por vezes foge do rigorismo objetivista de
quatro a seis versos cujos temas principais eram sua escola como, por exemplo, nos versos em que o eu
o amor não correspondido e as características da do poeta se manifesta claramente. É o que se vê em:
natureza nacional. a) “Fernão Dias Paes Leme agoniza. Um lamento /
d) escreverem longos poemas narrativos em verso Chora largo, a rolar na longa voz do vento.”
livre misturando mitos greco-latinos e o cotidiano b) “Pára! Uma terra nova ao teu olhar fulgura!/ Detém-
das modernas metrópoles. te! Aqui, de encontro a verdejantes plagas”
e) recusarem-se a participar da vida política no início c) “E eu, solitário, solto a face, e tremo, / Vendo o teu
da República e por retomarem a lírica religiosa de vulto que desaparece.”
tradição renascentista e barroca. d) “Chega do baile. Descansa/ Move a ebúrnea ven-
tarola.”
398. FCC-SP e) “E ei-la, a morte! E ei-lo, o fim! A palidez aumenta;
O soneto foi muito cultivado durante o Parnasianismo Fernão Dias se esvai, numa síncope lenta.”
porque:
401. PUC-RS
a) refletia a preferência da época pelos poemas
curtos, o que levou os poetas a desconhecerem Na esteira da busca __________, o Parnasianismo
tende ao __________. Dessa forma, _________ a
outras formas.
possibilidade de vínculo com a realidade.
b) servia à obsessão formal da época, que se ape-
a) da impessoalidade dogmatismo estabelece
gava a estruturas acabadas e rigorosas.
b) da perfeição formal esteticismo rejeita
c) era poema de forma fixa, invenção da época para
c) da perfeição formal ilogismo estabelece
atender a um ideal de concisão e clareza.
d) do psicologismo ilogismo refuta
d) era o molde ideal para conter o excesso de sen-
timentalismo e subjetividade do estilo literário da e) da impassibilidade descritivismo recupera
época.
Texto para as questões de 402 a 404.
e) era proposta de um modelo adequado aos temas
As pombas
greco-romanos, objeto de especial predileção da
época. Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
399. De pombas vão-se dos pombais, apenas
O muro Raia sangüínea e fresca a madrugada...

É um velho paredão, todo gretado, E à tarde, quando a rígida noitada


Roto e negro, a que o tempo uma oferenda Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Deixou num cacto em flor ensangüentado; Ruflando as asas, sacudindo as penas,
E num pouco de musgo em cada fenda. Voltam todas em bando e em revoada...
Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Também dos corações onde abotoam,
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado; Os sonhos, um por um céleres voam,
Talvez consigo esta missão compreenda, Como voam as pombas dos pombais;
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata, No azul da adolescência as asas soltam
E em cheio brilha; a solidão se estrela Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
Toda de um vago cintilar de prata. E eles aos corações não voltam mais...
E o velho muro, alta a parede nua, 402. Unifesp
Olha em redor, espreita a sombra, e vela, O poema de Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo
Entre os beijos e lágrimas da lua. brasileiro. Dele, podem-se depreender as seguintes
características desse movimento literário:
Alberto de Oliveira.
a) soneto em versos decassílabos, com predominân-
A partir da leitura do texto, responda às questões cia de descrição e vocabulário seleto.
a) Por que podemos afirmar que o poema é tipica- b) versos livres, com predominância de narração e
mente parnasiano? ênfase nos aspectos sonoros.
b) Saber o nome do autor ajudaria a classificá-lo? c) versos sem rima, liberdade na expressão dos
Justifique. sentimentos e recorrência às imagens.
PV2D-07-POR-44

c) O par “vivenda”e “compreenda” forma uma rima d) soneto com versos livres, exploração do plano
rica ou pobre? Justifique. imagético e sonoro.
d) Faça escansão da primeira estrofe. e) soneto com rimas raras, com descrição e presença
da mitologia..
189
403. Unifesp 406. Mackenzie-SP
Há uma equivalência entre os dois quartetos e os No Brasil, infelizmente, ainda esta revolução poética se
dois tercetos do poema. Assim, é correto afirmar que não fez completamente sentir, nossos vates renegam
pombas, metaforicamente, representa: sua pátria, deixam de cantar as belezas das palmeiras,
a) a adolescência. as virgens das florestas, para saudarem os deuses do
b) os sonhos. politeísmo greco-romano.
Adaptado de J.M.P. Silva
c) os corações.
Essa crítica, publicada em 1836, contesta um estilo
d) o envelhecimento. literário exemplificado pelo seguinte fragmento:
e) a desilusão. a) Crioula! O teu seio escuro/Nunca deste ao beijo
impuro! (Castro Alves)
404. Unifesp
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, /És, a um tempo,
Os dois últimos versos do poema revelam:
esplendor e sepultura: (Olavo Bilac)
a) um enobrecimento da velhice após a realização
c) Vênus desmaia na infinita altura. (Alberto de Oli-
dos sonhos de juventude.
veira)
b) uma mentalidade conformista em relação ao amor
d) Falam Deuses nos cantos da Piaga, (Gonçalves
e às desilusões vividas na juventude.
Dias)
c) um irritação com a dificuldade de se realizarem os
e) Vem, Cupido, soltar-me destes laços: (Alvarenga
sonhos.
Peixoto)
d) um relativo menosprezo para com os sentimentos
humanos vividos na juventude. 407. UFPE
e) um visão pessimista da condição humana em O Parnasianismo pode ser descrito como um movi-
relação à vida e ao tempo. mento:
0. essencialmente poético, que reagiu ao sentimen-
405. talismo romântico.
Leia o poema abaixo, de autoria de Alberto de Oliveira. 1. cuja poesia é, sobretudo, forma que se sobrepõe
Vaso Grego ao conteúdo e às idéias.
1 Esta de áureos relevos, trabalhada 2. cuja arte tinha um sentido utilitário e um compro-
2 De divas mãos, brilhante copa, um dia, misso social.
3 Já de aos deuses servir como cansada, 3. cuja verdade residia na beleza da obra, e essa, na
4 Vinda do Olimpo, a um novo deus servia sua perfeição formal.
4. que revela preferência pela objetividade, pelos temas
5 Era o poeta de Teos que a suspendia greco-latinos e por formas fixas, como o soneto.
6 Então, e, ora repleta ora esvazada,
7 A taça amiga aos dedos seus tinia, 408. PUC-RS
8 Toda de roxas pétalas colmada. Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
9 Depois... Mas o lavor da taça admira, Já de aos deuses servir como cansada,
10 Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
11 Finas hás de lhe ouvir, canora e doce, A poesia que se concentra na reprodução de objetos
decorativos, como exemplifica a estrofe de Alberto de
12 Ignota voz, qual se de antiga lira Oliveira, assinala a tônica da:
13 Fosse a encantada música das cordas, a) espiritualização da vida.
14 Qual se essa a voz de Anacreonte fosse. b) visão do real.
c) arte pela arte.
Sobre o poema acima, são feitas as seguintes afir-
d) moral das coisas.
mações:
e) nota do intimismo.
I. Ocorre enjambement em pelo menos três oportu-
nidades: entre os versos 1/2, 5/6 e 10/11. 409.
II. Ocorre uma sinérese no verso 5, exatamente na Assinale a alternativa que tenha apenas características
palavra poeta.
do Parnasianismo.
III. Alguns exemplos de rimas ricas se encontram nos
seguintes pares de versos: 2/4, 9/12 e 10/13. a) Culto da forma; objetivismo; predomínio dos ele-
mentos da natureza
IV. Os catorze versos possuem todos a mesma me-
dida: 10 sílabas. b) Preocupação com a forma, com a técnica e com a
Estão corretas: métrica; presença de rimas ricas, raras, preciosas
a) I, II e IV. c) Predomínio do sentimentalismo; vocabulário pre-
b) apenas I e III. cioso; descrição de objetos
c) II, III e IV. d) Teoria da arte pela arte; métrica perfeita; busca do
d) apenas II e III. nacionalismo
e) apenas I e IV. e) Sexualidade; hereditariedade; meio ambiente

190
410. Umesp d) O Parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experi-
Assinale a alternativa que não se aplica à estética mentalismo formal.
parnasiana. e) O Parnasianismo foi o responsável pela afirmação
a) Predomínio da forma sobre o conteúdo. de uma poesia de caráter sugestivo e musical.
b) Tentativa de superar o sentimento romântico.
c) Constante presença da temática da morte. 414.
d) Correta linguagem, fundamentada nos princípios Assinale a alternativa que sintetiza os postulados
dos clássicos. poéticos do Parnasianismo.
e) Predileção pelos gêneros fixos, valorizando o a) Doutrina da arte pela arte, preocupação formal e
soneto. impessoalidade do poeta.
b) Sentimentalismo, forma clássica como o soneto,
411. rimas preciosas.
Quem escrevia e para quem se escreviam poemas no c) Racionalismo, caráter religioso, preocupação
período antemodernista? O Parnasianismo é o estilo formal.
das camadas dirigentes, da burocracia culta e semi-
culta, das profissões liberais habituadas a conceber a d) Valorização do momento presente, cientificismo e
poesia como “linguagem ornada”, segundo padrões já liberdade formal.
consagrados que garantam o bom gosto da imitação. e) Valorização da burguesia como tema poético,
Há um academismo íntimo veiculado à atitude espiritu- preocupação formal e doutrina da arte pela arte.
al do poeta parnasiano; atitude que tende a enrijecer-
se nos epígonos*, embora se dilua nas vozes mais 415.
originais. Os mesmos temas, as mesmas palavras,
os mesmos ritmos confluem para criar uma tradição
literária que age a priori ante a sensibilidade artística,
limitando-lhe ou mesmo abolindo-lhe a originalidade.
*Epígonos: imitadores de um escritor
Alfredo Bosi
Assinale a alternativa correta sobre o texto dado.
a) No texto, o termo antemodernista é utilizado para
nomear a fase também conhecida como Pré-
Modernismo.
b) As observações de Alfredo Bosi trazem também
implícita uma crítica à estética simbolista.
c) A análise aponta traços de estilo literário conside-
rados modelares pela geração de 1922.
d) Descritivismo, formalismo e subjetividade ro-
mântica são traços da literatura antemodernista
comentada pelo crítico.
e) A concepção de poesia como linguagem enfeitada
produziu obras pouco ou nada originais.

412. PUC-RS
Alberto de Oliveira é considerado o mais característico a) Na tirinha acima, podemos encontrar uma carac-
poeta parnasiano, pois suas obras evidenciam: terística parnasiana. Indique-a.
a) erudição lingüística, descrição subjetiva e alusão
b) O último quadrinho apresenta uma conseqüência
à mitologia greco-latina.
do excesso de regras. Qual?
b) culto à forma, descritivismo e retorno aos motivos
clássicos.
c) preciosismo lingüístico, recuperação dos moldes 416.
clássicos e devaneio sentimentalista. Texto I
d) lirismo comedido, sentimento nacionalista e apuro
vocabular. Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
e) descrição pormenorizada, ruptura com os motivos
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
clássicos e busca da palavra exata.
E abro as janelas, pálido de espanto...
413. UFRGS-RS
Marque a afirmativa correta. E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
busca da perfeição formal na poesia. Inda as procuro pelo céu deserto.
PV2D-07-POR-44

b) O Parnasianismo determinou o surgimento de


obras de tom marcadamente coloquial. Direis agora: “Tresloucado amigo!
c) O Parnasianismo, por seus poetas, preconizava o Que conversas com elas? Que sentido
uso do verso livre. Tem o que dizem, quando estão contigo?”

191
E eu vos direi: “Amai para entendê-las! O ângelo plange ao longe em doloroso dobre.
Pois só quem ama pode ter ouvido O último ouro do sol morre na cerração.
Capaz de ouvir e de entender estrelas. E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
Olavo Bilac O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Texto II Podemos reconhecer nas estrofes anteriores, de Olavo
Uvi Strella Bilac, as seguintes características do estilo de época
Che scuitá strella, né meia strella! que marcou sua poesia.
Vucê stá maluco! e o io ti diró intanto, a) Interesse pela descrição objetiva e pormenoriza-
Chi p’ra iscuitalas moltas veiz livanto, da da paisagem, numa linguagem que procura
I vô dá una spiada na gianella. impressionar os sentidos.
b) Uso de vocabulário próprio para acentuar o mis-
I passo as notte acunversáno c’oella, tério, a realidade oculta das coisas, que deve ser
Iguanto che as otra lá d’un canto sugerida por meio de símbolos.
Stó mi spiano. I o sol come un briglianto
c) Valorização do passado histórico, em busca da
Naçe. Oglio p’ru céu: – Cadê strella!? definição da nacionalidade brasileira.
Direis intó: – O’ migno inlustre amigo! d) Utilização exagerada de hipérboles, perífrases e
O chi é chi as strellas ti dizia antíteses, no desejo de não nomear diretamente
Quano illas viéro acunversá contigo? as coisas, mas de fazer alusão a elas.
e) Busca de imagens naturais e vocabulário simples,
E io ti diró: – Studi p’ra intendela, predileção pelo verso branco e negação de inver-
Pois só chi giá studô Astrolomia, sões sintáticas.
E’ capaiz di intendê istas strella.
Juó Bananére 419.
É correto dizer, a respeito de Olavo Bilac, que:
O segundo texto é uma paródia feita por Alexandre
a) sua poesia, rica em símbolo, é marcada por um
Marcondes Machado, cujo pseudônimo era Juó Ba-
extremo misticismo; por isso abstém-se de exprimir
nanére. Este autor paulista tinha como um de seus
a sensualidade das paixões carnais.
objetos principais de ironia a obra dos parnasianos.
b) durante a revolução modernista, sua poesia foi
a) Por que podemos afirmar que o texto I comprova citada como um exemplo digno de ser imitado, pela
que Bilac foi além da impassibilidade parnasia- preocupação quanto à forma.
na?
c) ao contrário de outros parnasianos, não apresenta
b) A irreverência de Juó Barnanére está, entre outras em sua poesia traço algum da temática greco-ro-
razões, em “traduzir” os textos parnasianos para a mana.
linguagem do povo. Por que ele utiliza essa mis-
d) em sua obra encontra-se, a par da poesia lírico-
tura de português com italiano no início do século
amorosa, poesia patriótica de cunho épico.
XX?
e) apesar de exaltar as virtudes da língua portuguesa,
417. UFV-MG sua poesia está eivada de erros gramaticais ad-
Longe do estéril turbilhão da rua, vindos do arrebatamento da inspiração criadora.
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego, 420.
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Texto I
Olavo Bilac Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Em relação ao texto, somente uma alternativa está Perdestes o senso!” E eu vos direi, no entanto,
incorreta. Aponte-a. Que, para ouvi-las, muita vez desperto
a) A exaltação da forma não se opõe ao lirismo e E abro as janelas, pálido de espanto...
subjetivismo românticos. E conversamos toda a noite, enquanto
b) O poema traduz claramente a ideologia parnasiana A Via Láctea, como um pálio aberto,
de que “escrever não é lazer”. Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
c) As palavras beneditino e claustro associam o Inda as procuro pelo céu deserto.
trabalho poético ao do sacerdócio. Direis agora: “Tresloucado amigo!
d) O último verso indica a predominância da técnica Que conversas com elas? Que sentido
e a assimilação dos ideais das artes plásticas. Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
e) As condições ideais para o trabalho da criação
Pois só quem ama pode ter ouvido
poética são enfaticamente indicadas.
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
Olavo Bilac, Poesias, 1882.
418. PUCCamp-SP
Texto II
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre; Concerto
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambi- Ora (Direis) Ouvir Estrelas!
ção Oh! vós que me escutais e que nas noites tristes
Na torturada entranha abriu da terra nobre; Andastes divagando ao frescor do relento
E cada cicatriz brilha como um brasão. E além pelo infinito escampo conduzistes

192
O infinito que em vós se chama – Pensamento; d) Culto da forma, subjetivismo, misticismo.
Dizei-me se o concerto oculto já sentistes e) Subjetivismo, misticismo, arte pela arte.
Que vibra muito além, além do firmamento...
Dizei-me se do espaço as vibrações ouvistes 424.
Sonoras palpitando aos tristes ais do vento? Sempre que se agita esta questão das reivin-
Que macabra harmonia é o dormitar das campas!... dicações femininas, escovam-se os velhos chavões,
A gama sideral!... o giro das esferas!... e, com um grande ar de importância, os filósofos de-
A voz da natureza!... o ressonar dos pampas!... cidem sem apelação que a mulher não pode ser mais
Oh! vós que ouvis, irmãos, sonatas de Beethoven, do que o anjo do lar, a vestal encarregada de vigiar o
Ide ouvir alta noite essas notas austeras fogo sagrado, a depositária das tradições da família...
Que o vento me segreda e os meus ouvidos ouvem! e das chaves da despensa. Todo esse dispêndio de
Jorge de Lima, XIV Alexandrinos, 1914.
palavras inúteis serve apenas para encobrir a fealdade
Da comparação dos dois textos, pode-se afirmar da única razão séria que podemos apresentar contra as
que: pretensões das mulheres: o nosso egoísmo, o receio
a) o segundo é uma sátira ao primeiro. que temos de que nos despojem das nossas prerro-
b) os dois trabalham o tema do amor. gativas seculares – o medo de perder as posições, as
c) o segundo diferencia-se por usar o verso livre. regalias, as honras que o preconceito bárbaro confiou
d) os dois apresentam-se em forma de um diálogo. exclusivamente ao nosso século. Compreende-se:
quem se habituou a empunhar o bastão do comando
e) os dois ilustram o tipo de poesia que viria a ser
não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é
combatida pelo modernismo.
mais fácil deixar a vida do que deixar o poder.
421. PUC-RS (18/08/1901)
Olavo Bilac. Vossa Insolência.
Raimundo Correia, Olavo Bilac e Alberto de Oliveira
associam-se ao Parnasianismo. Todas as afirmativas I. O narrador do texto critica o papel atribuído à mulher
que seguem estão relacionadas a essa tendência em nossa sociedade.
literária, exceto: Dos trechos abaixo, o único que corresponde ao papel
a) A objetividade e a impessoalidade do poeta. criticado é:
b) O culto à forma em detrimento do conteúdo. a) “Ser mulher, e oh! atroz, tantálica tristeza! /ficar na
vida qual uma águia inerte, presa / nos pesados
c) A busca do belo através da palavra.
grilhões dos preceitos sociais!” (Gilka Machado)
d) A recorrência aos mitos greco-latinos.
b) “Eu não tinha este rosto de hoje, / assim calmo,
e) A mitificação do país natal. assim, triste, assim magro, / nem estes olhos tão
vazios, / nem o lábio amargo”. (Cecília Meireles)
422. Cefet-PR
c) “Já agora as feministas venceram radicalmente e
1. Longe do estéril turbilhão da rua, não há profissão masculina que elas não ataquem
Beneditino, escreve! No aconchego e onde não vençam.” (Rachel de Queiroz)
Do claustro, na paciência e no sossego,
d) É com um pouco de pudor que sou obrigada a
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
reconhecer que o que mais interessa à mulher é
o homem.” (Clarice Lispector)
2. Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... II. O narrador do texto expressa a seguinte opinião a
Incensos dos turíbulos das aras... respeito da mulher:
As estrofes acima são, respectivamente, dos poetas: a) sua função consiste em proteger o lar e as tradi-
a) Manuel Bandeira e Olavo Bilac. ções.
b) Vinícius de Moraes e Fagundes Varela. b) suas aspirações coincidem com as prerrogativas
seculares do homem.
c) Olavo Bilac e Cruz e Sousa.
d) Cruz e Sousa e Castro Alves. c) suas pretenções esbarram na resistência do ho-
mem a abrir mão do poder.
e) Castro Alves e Alphonsus de Guimaraens.
d) seu papel limita-se ao de mulher casta encarrega-
423. ITA-SP da das coisas domésticas.
A expressão “Flor do Lácio” também faz parte de
425. Unitau-SP
um famoso poema da Literatura Brasileira, intitulado
Língua Portuguesa, produzido na segunda metade Última flor do Lácio, inculta e bela,
do século XIX. ès, a um tempo, esplendor e sepultura:
Assinale a alternativa que apresenta características Ouro nativo, que na ganga impura,
pertencentes ao estilo da época em que foi produzido A bruta mina entre cascalhos e vela...
esse poema. A qual escritor pertence esses versos?
a) Subjetivismo, culto da forma, arte pela arte. a) Luís Vaz de Camões.
PV2D-07-POR-44

b) Culto da forma, misticismo, retorno aos motivos b) Alphonsus de Guimaraens.


clássicos. c) Olavo Bilac.
c) Arte pela arte, culto da forma, retorno aos motivos d) Augusto dos Anjos.
clássicos. e) Fernando Pessoa.
193
426. Faenquil-SP O texto acima é de um autor contemporâneo, logo
Olavo Bilac é considerado um dos maiores nomes do influenciado pelas idéias modernistas que rompem
Parnasianismo, movimento literário contemporâneo do com o Parnasianismo, com o Academicismo. Aponte
Realismo e do Naturalismo que se destaca por: um aspecto formal e um de conteúdo que contraste
a) buscar a arte pura, que só pode ser alcançada pela com a proposta parnasiana.
exaltação da Natureza.
b) descrever a realidade sem máscaras, denunciando 430. Fazu-MG
problemas sociais. Na poesia de Olavo Bilac, a crítica literária usualmente
c) resgatar a tradição dos poetas clássicos, que distingue:
viviam no monte Parnaso. a) uma preocupação formal, caracteristicamente
d) utilizar uma linguagem objetiva e simples, destitu- parnasiana, mas equilibrada por expressão senti-
ída de qualquer rebuscamento. mental que o aproxima do Romantismo.
e) buscar o Belo através do cultivo da forma, rejei- b) uma obra essencialmente descritiva, voltada para
tando o sentimentalismo. a natureza brasileira e nossos vultos históricos,
sem qualquer tonalidade subjetiva.
427.
c) um programa fundamentalmente parnasiano, de
1 Longe do estéril turbilhão da rua,
que o poeta jamais se afastaria, a não ser em sua
2 Beneditino escreve! No aconchego
obra simbolista.
3 Do claustro, na paciência e no sossego
4 Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! d) uma fase juvenil, acentuadamente parnasiana, e
uma fase de maturidade, já com aberturas pré-
5 Mas que na forma se disfarce o emprego modernistas.
6 Do esforço; e a trama viva se construa e) uma obra exclusivamente lírica, que se distingue
7 De tal modo, que a imagem fique nua, do Romantismo apenas por maior cuidado for-
8 Rica, mas sóbria, como um templo grego. mal.
9 Não se mostre na fábrica o suplício
431. UFES
10 Do mestre. E natural, o efeito agrade,
11 Sem lembrar os andaimes do edifício: Texto I
Mas não vos pedirei perdão contudo:
12 Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Se não gostais desta canção sombria
13 Arte pura, inimiga do artifício,
Não penseis que me enterre longo estudo
14 É a força e a graça na simplicidade.
Por vossa alma fartar de outra harmonia!
Examine as afirmações e assinale a incorreta. Se vario no verso e idéias mudo
a) Bilac aproxima a poesia e a arquitetura, ressaltan- É que assim me desliza a fantasia...
do a preocupação formal dos parnasianos. Mas a crítica, não ... eu rio dela...
b) Há rimas ricas nos seguintes pares de versos: Prefiro a inspiração de noite bela!
“rua/sua”, “emprego/grego”, “construa/rua” e
“agrade/verdade”. A crítica é uma bela desgraçada
c) Há enjambements (encadeamentos) nos versos Que nada cria nem jamais criara;
2/3, 5/6, 6/7 e 9/10. Tem entranhas de areia regelada:
d) Os versos são alexandrinos. É a esposa de Abrão, a pobre Sara
e) Na primeira estrofe, Bilac prega a impassibilidade Que nunca foi por Anjo fecundada:
e o distanciamento da vida como ideais da poesia Qual a mãe que por ela assassinara
parnasiana. Por sua inveja e vil desesperança
Dos mais santos amores a criança!
428. F. M. ABC-SP
(...)
Assinale a alternativa que caracteriza o Parnasianismo. Froixo o verso talvez, pálida a rima
a) Subjetivismo, imaginação e sentimentalismo. Por estes meus delírios cambeteia,
b) “Sob o manto diáfano da fantasia, a nudez crua da Porém odeio o pó que deixa a lima
verdade.” E o tedioso emendar que gela a veia!
c) Impassibilidade, perfeição formal, rimas raras, Quanto a mim é o fogo que anima
seleção vocabular. De uma estância o calor: quando formei-a,
d) Registro de impressões, emoções e sentimentos Se a estátua não saiu como pretendo,
despertados no espírito do poeta. Quebro-a – mas nunca seu metal emendo.

429. Texto II
Celebridade Invejo o ouvires quando escrevo:
para Raduan Nassar Imito o amor
Eu sou o poeta mais importante da minha rua. Com que ele, em ouro, o alto relevo
(Mesmo porque a minha rua é curta.) Faz de uma flor.
José Paulo Paes (...)
194
Torce, aprimora, alteia, lima de fé, de Olavo Bilac. Considerando esses textos, não
A frase; e, enfim, se pode afirmar que:
No verso de ouro engasta a rima, a) o texto I é composto por três oitavas e estruturado
Como um rubim. em rimas alternadas e emparelhadas; o texto II,
por cinco quadras e em rimas alternadas.
Quero que a estrofe cristalina, b) o texto II evoca, no dístico final, a figura de uma
Dobrada ao jeito Deusa serena,/Serena Forma!; o texto I faz o
Do ourives, saia da oficina mesmo, com a mesma idolatria e veneração, nos
Sem um defeito: primeiros quatro versos.
(...)
c) para o poeta parnasiano, em consonância com o
Porque o escrever – tanta perícia,
lema “a arte pela arte”, o poema em que se lima
Tanta requer,
a frase logrará maior perfeição, saindo da oficina/
Que ofício tal... nem há notícia
Sem um defeito.
De outro qualquer.
(...) d) para o poeta romântico, a crítica, o pó que deixa a
Assim procedo. Minha pena lima e o constante emendar o poema entram em
Segue esta norma, conflito com a inspiração, a fantasia, o delírio, o
Por te servir, Deusa serena, fogo.
Serena Forma! e) um tema comum a ambos os textos vem a ser
o próprio processo de criação poética, embora
O texto I apresenta trechos de O poema do frade, de os poemas traduzam opções estéticas bastante
Álvares de Azevedo; o texto II, trechos de Profissão distintas.

Capítulo 5
432. FGV-SP
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Sim- b) E o teu perfil oscila, treme, ondula,
bolismo. pelos abismos eternais circula...
a) Utiliza o valor sugestivo da música e da cor. Circula e vai gemendo e vai gemendo
b) Dá ênfase à imaginação e à fantasia. e suspirando outro suspiro horrendo.
c) Procura a representação da realidade do subcons-
E a sombra rubra que te vai seguindo
ciente.
também parece ir soluçando e rindo.
d) É uma atitude objetiva, em oposição ao subjetivis-
mo dos parnasianos. Ir soluçando, de um soluço cavo
e) No Brasil, produziu, entre outras, a poesia de Cruz que dos venenos traz o torvo avo.
e Souza e, em Portugal, a de Antônio Nobre.
c) Envelheces de tédio, de cansaço,
433. PUC-RS de ilusões e de cismas e de penas,
O Simbolismo, estética que surgiu também no final do como envelhece no celeste espaço
século XIX, reage contra (...) da época. Tal motivação o turbilhão das estrelas serenas.
justifica o subjetivismo profundo que alcança, expresso de O Amor os corações fez interdito
diferentes formas, assim como pela (...), conforme se pode
ao teu magoado coração cativo
observar em versos tais como: “vozes veladas, veludosas
vozes”; “ó formas alvas, brancas, Formas claras”. e apagou-te os sublimes infinitos
a) o racionalismo musicalidade do seu clarão fecundador e vivo.
b) o impressionismo aliteração d) Oh! vós que não dormis e que nas noites tristes,
c) o romantismo aliteração Falais à Natureza – esta Esfinge embusteira,
d) o cientificismo musicalidade Revolvendo este abismo eternamente mudo;
e) a espiritualização clareza Dizei-me se isto tudo, acaso não sentistes,
A rir como Voltaire, a rir como caveira,
434. Vunesp A rir de vós, a rir de mim, a rir de tudo? ...
Dos trechos poéticos abaixo, apenas um contém o con-
junto das seguintes características: estilo simbolista, e) Não procureis qualquer nexo naquilo
imagens tendentes a elidir a realidade sensível, várias que os poetas pronunciam acordados,
aliterações, várias sinestesias, repetições visando à
pois eles vivem no âmbito intranqüilo
musicalidade da composição literária. Assinale-o.
em que se agitam seres ignorados.
a) Eu não busco saber o inevitável
PV2D-07-POR-44

das espirais da tua vã matéria. 435. Vunesp


Não quero cogitar da paz funérea Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética
que envolve todo o ser inconsolável. simbolista.
195
a) Culto do contraste, que opõe elementos como Há perfumes frescos como carnes de crianças,
amor e sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa Doces como os oboés, verdes como as pradarias,
tentativa de conciliar pólos antagônicos. — E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos mode-
los greco-romanos, através, sobretudo, de uma Tendo a expansão das coisas infinitas,
linguagem simples, porém nobre. Como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem Que cantam os transportes do espírito e dos sentidos.
Charles Baudelaire. As flores do mal.
primitivo e sua civilização um símbolo de indepen-
dência espiritual, política, social e literária. Responda às questões propostas.
d) Exploração de ecos, assonância, aliterações, numa a) Retire exemplos de sinestesia do soneto acima.
tentativa de valorizar a sonoridade da linguagem, b) Apesar de valorizar elementos diferentes, parna-
aproximando-a da música. sianos e simbolistas têm uma característica em
e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo comum. Qual?
com o vocabulário carregado de termos científicos,
438. UFMA
o que revela a objetividade do poeta.
Sobre o Parnasianismo e o Simbolismo, na literatura
436. brasileira, é correto afirmar que:
Um sonho a) os estilos são absolutamente distintos quanto à
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... técnica da versificação.
O Sol, o celestial girassol, esmorece... b) os dois estilos se aproximam pelas preferências
E as cantilenas de serenos sons amenos temáticas.
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos... c) à metafísica do primeiro, juntou-se o realismo do
segundo.
As estrelas em seus halos d) os dois estilos se aproximam quanto à técnica da
Brilham com brilhos sinistros... versificação.
Cornamusas e crótalos, e) não há proximidade entre os dois.
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos, 439. Faenquil-SP
Sonolentos e suaves, Assinale a alternativa que apresente a estrofe de um
Em suaves,
poema simbolista.
Suaves, lentos lamentos
De acentos a) Oh! Que saudades que tenho
Graves, Da aurora da minha vida,
Suaves... Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Flor! Enquanto na messe estremece a quermesse
E o Sol, o celestial girassol, esmorece, b) Mais claro e fino do que as finas pratas
Deixemos estes sons tão serenos e amenos, O som da tua voz deliciava...
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos... Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
c) Para me ver chegar,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros... os sobrados e as igrejas
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse... subiram nos teus montes e me espiam
— Não sentes um gemer dolente que esmorece? de cima com os olhos das janelas acesas.
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos... d) Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outras... enfim dezenas
Esse poema é de autoria de Eugênio de Castro. Qual a
De pombas vão-se dos pombais, apenas
característica marcadamente simbolista presente nele?
Raia sangüínea e fresca a madrugada.
437.
e) Andei pelo mundo no meio dos homens:
Correspondências
uns compravam jóias, uns compravam pão.
A Natureza é um templo onde vivos pilares não houve mercado nem mercadoria
Deixam escapar, às vezes, confusas palavras;
que seduzisse a minha vaga mão.
O homem ali passa por entre florestas de símbolos
Que o observam com olhares familiares. 440. Covest-PE
A musicalidade é característica do Simbolismo. Para
Como longos ecos que ao longe se confundem consegui-la, os poetas usam vários recursos. Um deles
Numa tenebrosa e profunda unidade, é a aliteração (que consiste na repetição de fonemas
Vasta como a noite e como a claridade, para sugerir um som). Assinale a alternativa em que
Os perfumes, as cores e os sons se correspondem. esse recurso não foi empregado.

196
a) “Pedro pedreiro penseiro esperando o trem...” O ............. alia, de algum modo, a preocupação com
b) “Cada pingo de Maria ensopava o meu domin- a forma do ............ com a valorização da emoção do
go...” ........ Desse modo, essa preocupação não se baseia
c) “Toda gente homenageia Januária na janela...” agora no uso de formas fixas e metros perfeitos. O
cuidado formal é, portanto, temperado pela preferên-
d) “As palavras transcendem o significado...” cia d(a) (o) ............... como meio de conhecimento
e) “Até o mar faz maré cheia pra chegar mais perto do mundo.
dela...” a) Parnasianismo – Neoclassicismo – Romantismo
– purismo
441. FAAP-SP
b) Modernismo – Simbolismo – Romantismo – icono-
Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada, clastia
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
c) Simbolismo – Parnasianismo – Romantismo – in-
eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho. tuição
Vives sozinha sempre e nunca foste amada.
d) Romantismo – Parnasianismo – Classicismo – ra-
A neve anda a branquear lividamente a estrada, cionalismo
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. e) Realismo – Classicismo – Simbolismo – humanis-
Entra, ao menos até que as curvas do caminho mo
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
444. Fuvest-SP
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa Só e Clepsidra são obras de um mesmo movimento
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua, literário. Indique:
podes partir de novo, ó nômade formosa! a) o movimento;
b) o autor de cada obra.
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua... 445.
Hás de levar contigo uma saudade minha... A negação do positivismo, do materialismo e das es-
Alceu Wamosy téticas neles fundamentadas; a criação poética como
Não é difícil classificar este poema como simbolista, fruto do inconsciente, da intuição, da sugestão, da
já que: associação de imagens e idéias, o tom vago, impreciso,
nebuloso; o uso acentuado de sinestesias e intensa
a) busca a fantasia. musicalidade são características do:
b) exagera a realidade. a) Realismo.
c) é impessoal e impassível. b) Simbolismo.
d) apresenta-se direta e objetivamente. c) Naturalismo.
e) predominam nele a lógica e a razão. d) Romantismo.
e) Parnasianismo.
442. Cesgranrio-RJ
Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma 446. UFV-MG
Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce... Assinale a alternativa em que todas as características
Oh sonora audição colorida do aroma! de estilo são do Simbolismo.
A linguagem poética, em todas as épocas, foi e é a) Impassibilidade, vida descrita objetivamente,
ecletismo.
simbolista; o Simbolismo recebeu esse nome por levar
essa tendência ao paroxismo. b) Hermetismo intencional, alquimia verbal, musica-
lidade.
Os versos acima atestam essa exuberância, pela fusão
de imagens auditivas, olfativas e visuais, constituindo c) Lavor da forma, expressões ousadas, fidelidade
rico exemplo de: nas observações.
a) eufemismo d) Atmosfera de imprecisão, realismo cru, religiosi-
dade.
b) sinestesia
e) Complexidade, ressurreição dos valores humanos,
c) antítese
materialismo pornográfico.
d) polissíndeto
e) paradoxo 447. UFPE
Como escola literária, o Simbolismo:
443. ITA-SP
( ) apresenta-se como uma estética oposta à poe-
Perfuma-se o luar nas flores das campinas,
sutiliza-se o aroma em languidez sonora, sia objetiva, plástica e descritiva, praticada pelo
ao doce encantamento azul das cavatinas, Parnasianismo, e como uma recusa aos valores
nessas noites de luz mais belas do que a aurora. burgueses.
........................................................................... ( ) define-se pelo antiintelectualismo e mergulha no
PV2D-07-POR-44

Das montanhas, cantando, a névoa se levanta. irracional, descobrindo um mundo estranho de


associações, de idéias e sensações.
Assinale a opção que completa corretamente as ( ) propõe uma poesia pura, hermética e misteriosa,
lacunas. que usa imagens, e não conceitos.
197
( ) foi um movimento de grande receptividade e re- Assinale a alternativa que completa os espaços.
percussão junto ao público brasileiro. a) da comparação/romântica
( ) revolucionou a poesia da época, com o uso de b) da aliteração/simbolista
versos livres e de uma temática materialista. c) do paralelismo/trovadoresca
d) de antítese/barroca
448. FMU-SP
e) do polissíndeto/modernista
O poeta simbolista tem outra visão da natureza e do
mundo. Para ele, o que importa é: 454. UEL-PR
a) a impassibilidade, o rigor formal, a busca da per- Faz descer sobre mim os brandos véus da calma,
feição. Sinfonia da Dor, ó Sinfonia muda.
b) a valorização do gosto burguês, o nacionalismo, Voz do todo meu Sonho, ó noiva da minh´alma,
a tradição. Fantasma inspirador das Religiões de Buda.
c) a realidade social, o combate ao idealismo, o
A estrofe acima é de Cruz e Souza, e nela estão os
racionalismo.
seguintes elementos típicos da poesia simbolista:
d) o elemento pitoresco, o final inesperado, a carica-
a) realidade urbana, linguagem coloquial, versos
tura.
longos.
e) a analogia profunda entre a realidade aparente b) erotismo, sintaxe fluente e direta, ironia.
e a realidade oculta das coisas, a sugestão, a
c) desprezo pela métrica, linguagem concretizante,
musicalidade. sátira.
449. d) filosofia materialista, linguagem rebuscada, exo-
tismo.
O Simbolismo caracterizou-se por ser:
e) misticismo, linguagem solene, valorização do
a) positivista, naturalista, cientificista.
inconsciente.
b) antipositivista, antinaturalista, anticientificista.
c) objetivo, racional. 455. UFU-MG
d) uma volta aos modelos greco-latinos. Ressurreição
e) subjetivista, materialista. Alma! Que tu não chores e não gemas
Teu amor voltou agora.
450. UEPG-PR Ei-lo que chega das mansões extremas,
Para as estrelas de cristais gelados, Lá onde a loucura mora!
as ânsias e os desejos vão subindo, (...)
galgando azuis e siderais noivados, O meu Amor voltou de aéreas curvas,
de nuvens brancas a amplidão vestindo... Das paragens mais funestas...
Nesses versos aparece: Veio de percorrer torvas e turvas
a) o desejo de evasão que caracteriza a poesia E funambulescas festas.
romântica. (...)
Não sinto mais o teu sorrir macabro
b) o uso de imagens minerais, típico do Parnasianis-
De desdenhosa caveira.
mo.
Agora o coração e os olhos abro
c) a contradição do estilo barroco. Para a Natureza inteira!
d) o panteísmo arcádico. (...)
e) a aspiração ao infinito, à transcendência, um dos Porém tu, afinal, ressuscitaste
temas do Simbolismo. E tudo em mim ressuscita.
E o meu Amor, que repurificaste,
451. Fuvest-SP Canta na paz infinita!
O Simbolismo se iniciou em Portugal em 1890, graças Ressurreição. Cruz e Sousa
a Eugênio de Castro.
Cruz e Sousa, poeta do Simbolismo brasileiro, fez
a) Indique o título da obra publicada nesta data.
esse poema após sua esposa Gavita ter saído de uma
b) Cite outro autor simbolista português.
crise de loucura. O poeta faz de uma tragédia pessoal
452. Fatec-SP versos pungentes e humanistas, capazes de revelar o
O Simbolismo tem mais correlação com a música que universal no particular, independentemente do estilo
com a pintura ou arquitetura. Por quê? literário em que se exprime.
Com base nos versos indique a afirmativa incorreta.
453. Fuvest-SP a) Os versos “Veio de percorrer torvas e turvas/E
Só, incessante, um som de flauta chora, funambulescas festas” indicam a preocupação do
Viúva, grácil, na escuridão tranqüila, Simbolismo com a musicalidade, aqui manifestado
— Perdida na voz que de entre as mais se exila, em aliterações e assonâncias.
— Festões de som dissimulando a hora.
b) A maiúscula alegorizante da palavra Amor remete à
Os versos acima são marcados pela presença… e concepção platônica da forma eterna e imutável de
pela predominância de imagens auditivas, o que nos uma realidade. Assim, Amor é muito mais do que o
sugere a sua inclusão na estética… sentimento que o poeta nutre pela esposa amada.
198
c) As expressões vagas e indefinidas “mansões
extremas” e “aéreas curvas” servem para atingir
paragens ilimitadas que vão além do sentido ime-
diato do termo, ampliando o sentido do poema por
meio do poder sugestivo da palavra.
d) O Simbolismo é a estética da arte pela arte, aliena-
da do social, cujos poetas vivem enclausurados em
suas “torres de marfim”, distanciados da realidade
prosaica para cultivar o belo e o elevado.

456. PUCCamp-SP
São características da poesia de Cruz e Sousa:
a) crença de que o espírito pode apreender a re-
alidade das coisas, traçando firmemente seus
contornos; versos livres; musicalidade a serviço
do espiritualismo. Cruz e Souza.
b) abandono das visões ideais sobre o amor, por uma Associe a numeração dos versos à sua correspondente
descrição mais direta do corpo e dos desejos; anti- sugestão de modo que caracterize corretamente a
romantismo; busca das “correspondências” entre o estética simbolista.
corpo e os desejos; busca das “correspondências” ( ) Sentido de vaguidade
entre os seres.
( ) Espiritualidade
c) cuidado formal, através do verso bem ritmado, do ( ) Imagens sinestésicas
vocabulário raro e preciso, dos efeitos plásticos
( ) Sondagem do insconsciente
e sonoros capazes de impressionar os sentidos;
( ) Luminosidade
objetividade na descrição do mundo.
d) repúdio ao sentimentalismo; adoção dos temas A numeração correta é:
divulgados pela ciência e pela filosofia naturalista;
a) 3, 1, 2, 4, 5 d) 5, 4, 3, 1, 2
apego ao soneto.
b) 1, 3, 5, 4, 2 e) 4, 5, 3, 1, 2
e) crença de que o poema representa uma tentativa
de aproximação da realidade oculta das coisas, c) 4, 5, 2, 1, 3
que a sugerem sem esgotá-la; busca de ritmos
musicais e insinuantes; vocabulário litúrgico para Texto para as questões 459 e 460.
acentuar o mistério. A música da Morte, a nebulosa
estranha, imensa música, sombria,
457. UFPB passa a tremer pela minh’alma e fria
Leia o trecho do poema Antífona, de Cruz e Sousa. gela, fica a tremer, maravilhosa…
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras 459. Fuvest-SP
De luares, de neves, de neblinas!…
No fragmento, Cruz e Sousa utiliza-se de sinestesias.
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas…
Em que consiste a sinestesia?
Incensos dos turíbulos das aras…
460. Fuvest-SP
Formas do Amor, constelarmente puras,
Com base no texto, dê exemplos em que o autor usa
De Virgens e Santas vaporosas…
sinestesia.
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas… 461.
Pode ser considerado como um texto característico do Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
Simbolismo, principalmente porque: De luares, de neves, de neblinas!...
a) faz uso de um vocabulário obscuro que chega a Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
prejudicar a compreensão do poema. Incensos dos turíbulos das aras...
Cruz e Sousa.
b) dá ênfase à temática sexual.
c) revela obsessão pela cor branca. No texto exposto, o adjetivo “cristalinas” é uma forma
derivada de um substantivo.
d) busca, através da sugestão, transcender o signi-
ficado das palavras. a) Diga qual é o substantivo de que ele deriva e qual
o processo de derivação.
e) utiliza a linguagem metafórica.
b) Pelo mesmo processo de derivação ocorrido em
PV2D-07-POR-44

458. UEPB “cristalinas”, derive, agora, um substantivo de cada


Observe que o poema a seguir contém alguns versos um dos adjetivos seguintes: “alvas”, “brancas”,
enumerados e sublinhados. “claras”.

199
462. UniCOC-SP Ao abordar o estilo em literatura, Cruz e Sousa acaba
Arte conceituando-o com base em alguns pressupostos
Busca palavras límpidas e castas, da própria poética do Simbolismo. Com base nessa
Novas e raras, de clarões radiosos, observação:
Dentre as ondas mais pródigas, mais vastas a) aponte um fundamento do movimento simbolista
Dos sentimentos mais maravilhosos. presente na argumentação do poeta;
b) interprete, em função do contexto, o que quer
Busca também palavras velhas, busca, dizer o poeta com a frase: O escritor é psicólogo,
é miniaturista, é pintor – gradua a luz, tonaliza,
Limpa-as, dá-lhes o brilho necessário
esbate e esfuminha os longes da paisagem.
E então verás que cada qual corusca
Com dobrado fulgor extraordinário. 464. UFPE
Texto I
Assim terás o culto pela Forma, Braços nervosos, brancas opulências
Culto que prende os belos gregos da Arte Brumais brancuras, fúlgidas brancuras
E levarás no teu ginete a norma Alvuras castas, virginais alvuras
Dessa transformação, por toda a parte. Lactescências das raras lactescências.
Cruz e Souza. Broquéis.
Enche de estranhas vibrações sonoras
A tua Estrofe, majestosamente... Texto II
Põe nela todo o incêndio das auroras Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Para torná-la emocional e ardente. Circulo! E sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
Cruz e Souza E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
O poema apresentado é de autoria de um dos maiores E subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
representantes do Simbolismo. Sobre o poema, não Olavo Bilac. Pátria.
se pode afirmar o seguinte:
Olavo Bilac e Cruz e Sousa representam movimentos
a) O texto atribui ao poeta a função de revitalizar
contemporâneos e opostos, o Parnasianismo e o Sim-
palavras pouco usadas, ou seja, os arcaísmos.
bolismo. Sobre esses dois autores e sobre seus estilos
b) A identificação do “culto pela Forma” com os ideais de época, julgue as afirmativas abaixo.
estéticos clássicos demonstra a ressonância de ( ) Reação contra o sentimentalismo romântico, o
ideais parnasianos no Simbolismo. Parnasianismo restringiu-se à poesia, tendo como
c) A poética da emoção e do entusiasmo representa características principais o culto à forma, a utiliza-
uma ruptura do Simbolismo em relação ao Roman- ção de fórmulas poéticas fixas, a arte pela arte, a
tismo. objetividade. Explorou temas greco-latinos.
d) A ênfase nos valores musicais do verso e os termos ( ) Olavo Bilac não seguiu à risca os preceitos parna-
sinestésicos são procedimentos expressionais sianos: cultuou a forma com meticulosa precisão,
marcantes da estética simbolista. mas teve dificuldades em adotar a impassibilidade
e) A busca de palavras “castas”, “raras” exemplifica o exigida pela estética parnasiana.
questionamento, por parte dos poetas nefelibatas, ( ) A poesia de Olavo Bilac versou sobre temas gre-
sobre a linguagem, levando-os a criar neologis- co-latinos, sobre a pátria, seus símbolos e seus
mos. heróis, porém não cantou o amor em sua poesia
lírica.
463. Vunesp ( ) O Simbolismo voltou-se contra o rigor do Arca-
O estilo dismo, propondo poesia pura e não conceitos,
O estilo é o sol da escrita. Dá-lhe eterna palpitação, usando imagens, descendo ao inconsciente,
eterna vida. Cada palavra é como que um tecido do sugerindo sem descrever, aproximando a poesia
organismo do período. No estilo há todas as gradações da música através de ritmos, combinações de
da luz, toda a escala dos sons. fonemas, rimas exóticas, criando, assim, uma
O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor poesia hermética e misteriosa.
– gradua a luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes ( ) A poesia de Cruz e Souza, simbolista, procura
da paisagem. desfazer-se de todos os referenciais concretos,
O princípio fundamental da Arte vem da Natu- tornando-se limpa das impurezas da vida, com
reza, porque um artista faz-se da Natureza. linguagem requintada, musical e termos que re-
Toda a força e toda a profundidade do estilo metem à cor branca.
está em saber apertar a frase no pulso, domá-la, não
a deixar disparar pelos meandros da escrita.
O vocábulo pode ser música ou pode ser trovão, Texto para as questões 465 e 466.
conforme o caso. A palavra tem a sua anatomia; e
é preciso uma rara percepção estética, uma nitidez Eras a Sombra do Poente
visual, olfativa, palatal e acústica apuradíssima, para Eras a sombra do poente
a exatidão da cor, da forma e para a sensação do som Em calmarias bem calmas;
e do sabor da palavra. E no ermo agreste, silente,
Cruz e Sousa. Obra completa. Palmeira cheia de palmas.
200
Eras a canção de outrora, textos, identificados entre as opções a seguir. Marque
Por entre nuvens de prece; o único que é exceção a isso.
Palidez que ao longe cora a) Ausência de historicismo.
E beijo que aos lábios desce. b) Ausência de envolvimento social.
c) Preocupação formal.
Eras a harmonia esparsa
d) Vocabulário requintado.
Em violas e violoncelos:
E como um vôo de garça e) Apelo ao translúcido e suave.
Em solitários castelos.
468. Fuvest-SP
Eras tudo, tudo quanto E fria, fluente, frouxa claridade
flutua como as brumas de um letargo
De suave esperança existe;
Manto dos pobres e manto Nestes versos de Cruz e Sousa, encontra-se um dos
Com que as chagas me cobriste. traços característicos do estilo simbolista:
a) utilização do valor sugestivo da música e da cor.
Eras o Cordeiro, a Pomba, b) rima aproximativa: uso de aliterações.
A crença que o amor renova... c) presença de onomatopéia.
És agora a cruz que tomba d) uso de antinomia.
À beira da tua cova.
e) emprego de expressões arcaicas.
Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, 1923.
in: GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesias – I.
469. UFG-GO
Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955, p. 284.
Leia o poema de Cruz e Sousa.

465. Vunesp Acrobata da dor


O texto em pauta, de Alphonsus de Guimaraens, apre- Gargalha, ri, num riso de tormenta,
senta nítidas características do Simbolismo literário Como um palhaço, que desengonçado,
brasileiro. Releia-o com atenção e: Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
a) aponte duas características tipicamente simbolis- De uma ironia e de uma dor violenta.
tas do poema;
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
b) com base em elementos do texto, comprove sua Agita os guizos, e convulsionado
resposta. Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...
466. Vunesp
A reiteração é um procedimento que, aplicado a diferen- Pedem-te bis e um bis não se despreza!
tes níveis do discurso, permite ao poeta obter efeitos de Vamos! retesa os músculos, retesa
musicalidade e ênfase semântica. Para tanto, o escritor Nessas macabras piruetas d’aço...
pode reiterar fonemas (aliterações, assonâncias, rimas),
E embora caias sobre o chão, fremente,
vocábulos, versos, estrofes, ou, pelo processo denomi-
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
nado “paralelismo”, retomar mesmas estruturas sintá-
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
ticas de frases, repetindo alguns elementos e fazendo
variar outros. Tendo em vista estas observações: SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform:,
São Paulo: Ediouro. 2002. pp. 39-40. (Coleção superprestígio).
a) identifique no poema de Alphonsus um desses
procedimentos.;
Vocabulário:
b) servindo-se de uma passagem do texto, demonstre gavroche: garoto de rua que brinca, faz estripu-
o processo de reiteração que você identificou no lias
item a. clown: palhaço
estertor: respiração rouca típica dos doentes ter-
467. minais
1. Longe do estéril turbilhão da rua, estuoso: que ferve, que jorra
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego, Uma característica simbolista do poema acima é a:
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! a) linguagem denotativa na composição poética.
b) biografia do poeta aplicada à ótica analítica.
2. Ó Formas alvas, brancas, Formas claras c) perspectiva fatalista da condição amorosa.
De luares, de neves, de neblinas!... d) exploração de recursos musicais e figurativos.
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
e) presença de estrangeirismos e de barbarismos.
Incensos dos turíbulos das aras...
PV2D-07-POR-44

A primeira estrofe enquadra-se no estilo de época par- 470. UFMT


nasianista e a segunda, no Simbolismo. No entanto, há Leia o poema de Roseana Murray, poetisa contempo-
vários caracteres literários semelhantes em ambos os rânea, para responder à questão.

201
Invenções 473. UFMG
Invento luares de agosto Com base na leitura de Broquéis, de Cruz e Sousa, é
e auroras boreais incorreto afirmar que se trata de uma poesia:
invento as noites mais frias a) de tendência naturalista, que se compraz na des-
invento as noites mais quentes crição mórbida dos sentimentos, embora mostre
invento crisântemos transparentes otimismo em relação ao homem.
guirlandas de silêncios minerais b) próxima da música, não apenas no plano temático,
mas, sobretudo, no trabalho detalhista da sonori-
invento algas cristalinas dade.
cavernas de cristais c) abstrata, pois se afasta de situações cotidianas e,
invento o que só com amor além disso, exprime um intenso sentimento de dor
se pode inventar e de angústia.
o que já foi dito mil vezes d) de atmosfera intensamente misteriosa, criada
e que sempre se dirá pelo forte impulso de transfiguração da realidade
Fruta no ponto. São Paulo: FTD, 1986. imediata.
A autora cria imagens a partir de inusitadas relações 474. UFG-GO
sinestésicas, comuns à estética simbolista. Assinale a
Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa.
relação que não apresenta essa característica.
a) crisântemos transparentes Todas as vidas
b) luares de agosto [...]
c) guirlandas de silêncios Vive dentro de mim
d) silêncios minerais a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
e) algas cristalinas
d’água e sabão,
471. PUC-RS [...]
Vive dentro de mim
O ser que é ser e que jamais vacila a mulher do povo.
Nas guerras imortais entra sem susto Bem proletária.
Leva consigo este brasão augusto [...]
Do grande amor, da grande fé tranqüila Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Os abismos carnais da triste argila Minha irmãzinha...
[..]
Ele os vence sem ânsias e sem custo
Todas as vidas dentro de mim.
Fica sereno, num sorriso justo,
Na minha vida –
Enquanto tudo em derredor oscila. a vida mera das obscuras.
Fugindo do mundo material, a poesia simbolista de Cruz
e Sousa, como ilustram as duas estrofes, busca a: CORALlNA, Cora. Melhores poemas. Seleção de Darcy França

a) utopia. d) humildade. Denófrio.

b) transcendência. e) saudade. São Paulo: Global, 2004. pp. 253-255. (Coleção Melhores poemas).
Denófrio
c) amargura.
Afra
472. ITA-SP Ressurges dos mistérios da luxúria,
Leia os seguintes versos: Afra, tentada pelos verdes pomos,
Entre os silfos magnéticos e os gnomos
Mais claro e fino do que as finas pratas
Maravilhosos da paixão purpúrea.
O som da tua voz deliciava…
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava. Carne explosiva em pólvoras e fúria
De desejos pagãos, por entre assomos
Era um som feito luz, eram volatas Da virgindade – casquinhas momos
Em lânguida espiral que iluminava, Rindo da carne já votada à incúria
Brancas sonoridades de cascatas…
Tanta harmonia melancolizava. Votada cedo ao lânguido abandono,
Cruz e Sousa. Cristais, in Obras completas. Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Assinale a alternativa que reúne as características Do gozo haurindo os venenosos sucos.
simbolistas presentes no texto.
a) Sinestesia, aliteração, sugestão. Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
b) Clareza, perfeição formal, objetividade. A proclamar, impávida, por trompas
Amores mais estéreis que os eunucos!
c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.
d) Perfeição formal, clareza, sinestesia. SOUSA, Cruz e, Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª ed. reform.,
e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia. São Paulo: Ediouro, 2002, pp.24-25. (Coleção superprestigio),

202
Vocabulário: Analise o fragmento, e indique com F as afirmativas
silfos: espíritos elementares do ar falsas e com V as verdadeiras.
assomos: ímpeto, impulso ( ) O Simbolismo é uma estética literária que influen-
casquinantes: relativo à gargalhada, risada de es- ciou preferencialmente a poesia, criando com a lin-
cárnio guagem um clima de delírio que beira o ilogismo.
mornos: ator que representa comédia ( ) Na busca de sugerir sensações, os simbolistas
incúria: falta de cuidado aproximam a poesia da música.
delíquios: desfalecimento, desmaio ( ) Há um manejo especial de ritmos da linguagem,
haurindo: extraindo, colhendo, consumindo com estranha combinação de rimas e recursos
sonoros como aliteração e assonância.
Nos poemas apresentados, os autores tematizam a
mulher com perspectivas diferenciadas no que diz ( ) No vocabulário do poema, é explorada a criação
respeito, respectivamente, à: de neologismos como fulvas e álacres.
( ) O irracionalismo dos versos simbolistas, presentes
a) preocupação com a cor local e à fuga da realidade no fragmento, facilita a compreensão e a interpre-
em situações espirituais. tação do texto, escrito em tom denotativo.
b) perspectiva referencial dada ao tema e ao enqua-
dramento conceptista das imagens. Texto para as questões 477 e 478.
c) ênfase no misticismo africano e à descrição fan- Longe de tudo
tástica do corpo da mulher.
É livre, livre desta vã matéria,
d) musicalidade recorrente para a composição dos Longe, nos claros astros peregrinos
perfis e ao entrelaçamento de poesia e prosa. Que haveremos de encontrar os dons divinos
e) valorização de condições sociais marginalizadas E a grande paz, a grande paz sidérea.
e à construção erotizada da figura feminina.
Cá nesta humana e trágica miséria,
475. UniCOC-SP Nestes surdos abismos assassinos
Temos de colher de atroz destino
Assinale a alternativa que preenche corretamente as
A flor apodrecida e deletéria.
lacunas do trecho a seguir:
O Simbolismo se opõe ao .............., aproximando-se O baixo mundo que troveja e brama
do ..........., no que diz respeito à presença do subjeti- Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! só a lama e movimentos lassos...
vismo e da emoção, como se observa, por exemplo,
em ............, célebre autor de Broquéis. Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
a) Naturalismo / Modernismo / Gonçalves Dias Hão de trocar, nas Regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços.
b) Realismo / Romantismo / Cruz e Souza SOUSA, Cruz e. Poesias completas.
c) Romantismo / Barroco / Cruz e Souza
d) Naturalismo / Modernismo / Castro Alves 477. UFRJ
O texto confronta dois espaços para marcar a oposição
e) Arcadismo / Parnasianismo / Raimundo Correia
“corpo e alma”.
a) Retire do texto os dois advérbios que explicitam
476. Covest-PE esses dois espaços.
b) Transcreva duas expressões formadas por adjetivo(s)
Leia atentamente:
e substantivo que caracterizem esses espaços, iden-
Cristais diluídos de clarões álacres, tificando a que espaço cada uma se refere.
desejos, vibrações, ânsias, alentos,
478. UFRJ
Fulvas vitórias, triunfamentos acres
Explique a visão de corpo em relação à alma manifesta
Os mais estranhos estremecimentos.
no texto apresentado.
Cruz e Souza, em Nossos Clássicos.
PV2D-07-POR-44

203
204
Língua Portuguesa 4 – Gabarito
01. ais são meus / Que é toda a morte física refere-se ao
a) R e) A i) R minha saudade”. O senti- próprio Eurico ao “entregar-se”
b) A f) A j) A mentalismo está presente aos mouros; a morte psíquica
nas expressões que indicam refere-se à loucura de Hermen-
c) R g) R
as emoções íntimas do eu lí- garda ao saber da morte física
d) R h) R
rico: “ansiedade”, “saudade”, de seu amado, Eurico.
02. A 03. D 04. B “coração que não comando” 47. A 48. C
05. A 06. D 07. A etc. A particularização da 49. a) À imagem do fogo temos:
08. E 09. A 10. D expressão do sofrimento “ruiva”, “queimou”, “ardor”.
11. E 12. C 13. E amoroso nesse contexto À imagem da brancura
14. Subjetivismo; liberdade de sentimentalista é dada por correspondem: “tez bran-
forma; cristianismo; sentimen- imagens como “Que todos ca”, “mais alvas”, “pálido”,
talismo. os ais são meus” e “Teimo- “pálida”.
15. C 16. E 17. B samente sangrando”.
b) O fogo simboliza a paixão,
18. B 19. C 20. C 36. O indianismo simboliza a na- enquanto a brancura repre-
cionalidade; o seu heroismo senta a pureza. As duas ima-
21. Apesar de pertencer ao Moder-
representa agora o Brasil inde- gens misturam a inocência e
nismo, há no texto referências
pendente. a sensualidade, o lirismo e a
à Natureza, ambiente noturno,
tema amoroso etc. 37. B 38. A 39. D brutalidade.
22. C 23. D 24. A 40. O culto à morbidez, tema central 50. Senso de solidão; tédio; pessi-
do mal do século romântico. mismo.
25. C 26. D
41. Essa obra introduz oficialmente, 51. E 52. D
27. a) A Revolução Francesa.
em 1836, o Romantismo no 53. Almeida Garrett.
b) Contra a arte acadêmica. Brasil. As idéias contidas no
c) As regras adotadas advêm 54. Eurico, o presbítero / Alexandre
prefácio são marcas da estética
da experiência vivida, sem Herculano.
romântica.
ela não há composição. 55. Retomada de valores medie-
42. O sentimento como o ideal de
vais.
28. B 29. D 30. B vida, isto é, o coração sobre-
56. É Eurico, o presbítero, que ado-
31. D 32. D 33. B pondo-se à razão e o sofrimento
caracterizam a poesia românti- ta esse nome para lutar contra
34. A principal característica român-
ca. as árabes, após desilusão amo-
tica presente no trecho é a ide-
rosa provocada pela separação
alização, por meio da apologia 43. a) A cena final em que Teresa, no
de sua amada Hermengarda.
da figura feminina, destacada contexto, morre por amor. O
57. Carlos e Joaninha, sua prima.
em aspectos tão positivos que mesmo acontece com Maria-
chegam a aproximá-la de uma na, que morre, jogando-se ao 58. a) Se no Romantismo o cenário
divindade. Destaca-se clara- cadáver de Simão, no mar. é escuro e, por isso, as ce-
mente o amor espiritual (último b) Os leitores românticos são nas são noturnas e soturnas;
parágrafo) como o único, legíti- sentimentais; os realistas no Arcadismo, o cenário é
mo e verdadeiro, por oposição anti-sentimentais. claro, a natureza é bela,
ao interesse puramente carnal com seus campos, prados,
44. O autor admite como regras
e sexual, desprezado pelo Ro- riachos, gados e pastores.
apenas as leis da natureza,
mantismo tradicional. b) O Romantismo prega a so-
que se ligam à época, e as leis
35. a) As características românticas turnidade, a morbidez e a
especiais de composição, que
presentes no texto são o sen- melancolia.
se ligam aos gêneros.
timentalismo, o subjetivismo
e a expressão do sofrimento 45. a) Aos genêros épico em prosa 59. a) Hermengarda: há predomi-
amoroso. e dramático. nância de traços espirituais
b) A repetição de temas; de sobre os físicos: “imagem
b) O subjetivismo (ou indivi-
dualismo) aparece no texto personagens; de cenários; serena e luminosa (...) se-
por meio da reiteração de de figurino e até mesmo de melhante à aparição do anjo
elementos gramaticais liga- linguagem. da esperança (...) a imagem
é pura e sorri (...) verme-
PV2D-07-POR-44

dos à primeira pessoa (“eu”, 46. A morte do coração ocorre


”meu”, “minha”), como nos quando Eurico torna-se padre, lhidão do pudor, o amículo
versos: “Que eu vivo nesta impossibilitando-o de realizar alvíssimo da inocência (...)
ansiedade / Que todos os o seu amor por Hermengarda; formas divinas (...) imagem
205
celestial, emanação e refle- c) Mariana, por amor a Simão, 93. a) À infância como momento
xo do céu?” ajuda-o a se comunicar com ideal da existência (pureza,
b) No texto de Alexandre Teresa, através das cartas, família...).
Herculano domina a visão e também o consola. b) Amor impossível, morte,
romântica que idealiza a 66. D 67. B fantasia, medievalismo.
mulher, santificando-a. em 68. C 69. B 94. C 95. B 96. E
Inglês de Sousa predomina 70. a) Século XIX, romantismo 97. O t e x t o n ã o c o n f i r m a a s
a visão naturalista, em que português. afirmativas, como bem o com-
o amor é visto como algo provam sua seleção e seu
b) Desfechos trágicos.
carnal, próximo do instinto tratamento poético. A carac-
71. D 72. C
animal. terização do amante (“lagar-
73. Amor de perdição, de Camilo
60. a) Em ambos os textos temos tixa”) e da amada (“clarão”,
Castelo Branco.
o impasse de dois religiosos “sol”, “vinho”, “sono”, “copo”,
que fizeram votos de casti- A personagem Mariana lança- “leito”, “néctar de amor”, “tra-
dade, portanto, deveriam ser se ao mar e morre abraçada ao vesseiro”, “rosas mais gentis”,
celibatários e se encontram corpo de Simão. Teresa morre “harém”, “minha bela”, “olhos
diante de um dilema de no convento. namorados”, “sol de verão”)
amarem uma mulher. 74. a) A protagonista, Marta, assim cria uma atmosfera positiva,
b) O primeiro templo refere-se chamada por ter se casado solar, amena, bem-humorada,
à sacralização do amor, da com seu tio que morava no expressando a harmonia entre
mulher. O segundo refere-se Brasil, sendo conhecido pelo os amantes.
à Igreja. apelido de “Brasileiro”. 98. B
61. a) No texto de Herculano, b) Ele era o homem com quem 99. a) Dissílabo.
o penúltimo parágrafo: “... queria ter se casado, mas b) Há maior variação de mé-
quando entre mim... quando que estava morto. Além tricas no Romantismo, ao
a mão inexorável... quando o disso, a promessa que fizera contrário da rigidez das
primeiro passo...” a seu pai obrigava Marta a regras neoclássicas.
No texto de Inglês de Sou- se casar com seu tio Felicia-
100. B 101. C 102. E
sa: “... quase rudimentar, no.
103. a) Enquanto a 1ª e 3ª gera-
sem moral, sem educa- c) Frei João era exorcista e
ções tinham um objetivo
ção..., sem a coação da acreditava em uma posses-
mais delineado para suas
opinião pública, sem a são demoníaca, revelando obras (indianismo como
disciplina... sem estímulos uma crença mística, espiritu- nota para a construção da
e sem apoio...” al. Já padre Osório afirmava nacionalidade e missão so-
b) A anáfora é um recurso ser uma demência hereditá- cial, respectivamente), a 2ª
essencialmente enfático. ria, visto que a mãe de Marta geração era “desajustada”,
Alexandre Herculano utiliza-a ficara louca. Tal postura de era formada por “poetas da
para enfatizar o momento que Osório remete a uma visão dúvida”.
impossibilita a realização do determinista e cientificista. b) Gonçalves Dias, Álvares de
amor e, em Inglês de Sousa, 75. Amor de perdição/Camilo Cas- Azevedo e Castro Alves.
esse recurso estilístico refor- telo Branco. 104. E 105. E 106. C
ça a privação e a ausência de
76. Teresa/Simão/Mariana 107. A
valores sociais e morais.
Simão/Teresa/Baltasar 108. V, F, V, V, F
62. E
77. Baltasar é o pretendente es- 109. A 110. A
63. Sentimentalismo exagerado;
colhido para Teresa pelo pai,
impossibilidade de realização 111. A 112. E 113. B
ao contrário de Simão, que é
amorosa; sentimento de reli- 114. C 115. A 116. E
proibido de ver a amada.
giosidade; saudosismo, etc. 117. D 118. C 119. B
78. D 79. D. 80. E
64. A personagem é Teresa de Albu- 120. B 121. B 122. B
81. A 82. B 83. E
querque. A carta é um prenúncio 123. C
de sua morte, no convento. 84. C 85. E 86. E
124. a) Uma relação sexual.
65. a) Mariana é apaixonada por 87. A saudade é o tema central em
b) Há um teor erótico e sensí-
Simão, que por sua vez é ambos os poemas. No texto II,
vel na obra lírica de Castro
apaixonado por Teresa. parodicamente, Cacaso satiriza
Alves, aspectos pratica-
b) As cartas que Simão recebia os elementos romanticos usa- mente ausentes nas obras
de Teresa enquanto estivera dos por Casimiro de Abreu. de Gonçalves Dias (mulher
preso, sob os cuidados de 88. E 89. C 90. E idealizada) ou de Álvares de
Mariana. 91. D 92. A Azevedo (mulher etérea).

206
125. C 126. C 127. E o indígena em oposição ao militar com a roupa civil e
128. B 129. V, V, V, V, F branco invasor. de uso doméstico sugerem,
130. E 131. E 132. B 160. a) A virgindade de Irace- por antecipação, a ruptura
ma não era uma questão com os rígidos regulamen-
133. A
moral, mas sim religiosa, tos que se impunham aos
134. 30 (02 + 04 + 08 + 16)
ritualística, dado que ela milicianos. Com efeito, ao
135. V, V, V, V, V relevar uma falta grave de
precisava ser virgem para
136. B 137. B 138. A guardar o segredo da Ju- Leonardo, eximindo-o da
139. a) A lenda de Tamandaré rema. Ter mantido relações punição regulamentar, o
refere-se ao Noé indígena sexuais consciente de sua Major Vidigal está projetan-
que, na ocasião do dilú- falta é erro gravíssimo. Já do, no âmbito da atuação
vio, escapara no olho de Martim é hóspede de Ara- pública, exatamente o que
uma palmeira e depois quém, logo não pode ser a imagem de sua indu-
povoara a Terra. É a lenda ofendido por seu anfitrião. mentária sugere: a fusão
que conta Peri. A cultura b) Martim era noivo e era do público e do privado, a
judaico-cristã faz alusão à aquele que veio dominar as mistura de ordem e desor-
lenda do dilúvio em que só terras indígenas. Havia ne- dem.
se vêem água e céu. cessidade de algo que ate- 179. C
b) O destino das personagens nuasse a distância cultural 180. O herói, Leonardinho, é des-
Peri e Ceci apresenta algu- entre Martim e Iracema e crito como um malandro que
ma indefinição, embora o isso ocorreu com o “vinho vive à custa de subterfúgios,
autor sugira nas últimas de Tupã”, oferecido por usando das arestas da lei para
linhas do romance uma Iracema, que põe Martim poder driblá-la e ter sua vida
função amorosa, da qual num estado inebriado e, ociosa assegurada. Não se
surgiria uma eventual for- portanto, rompendo as bar- trata exatamente de um vilão,
mação do povo brasileiro. reiras entre os amantes. mas também está longe de
140. a) Aurélia Camargo e Fer- 161. D 162. B 163. E ser um exemplo moral a ser
nando Seixas, que são 164. C 165. C seguido, como eram os heróis
casados. típicos do Romantismo. Por
166. V, V, V, V, F
b) Ela revelou o fato de tê-lo isso, é melhor caracterizado
167. C 168. C 169. D
“comprado” e determina as como um anti-herói.
170. B 171. C 172. A
regras do casamento.
173. C 174. B 175. B 181. No romance de Manuel Antô-
c) É o momento em que Sei- nio de Almeida, encontramos
xas vai revelar ter conse- 176. A 177. A
alguns ingredientes próprios
guido, com seu trabalho, 178. a) O uniforme incompleto do dos romances folhetinescos
a quantia necessária para major é uma expressiva da época: sentimentalismo,
pagar o resgate de sua imagem do rebaixamento disputa amorosa, final feliz.
dignidade. do “mundo da ordem” para Contudo, apesar desses ingre-
141. E 142. C 143. C o “mundo da desordem”. dientes, não se pode afirmar
O contraste entre a sole- que o romance seja tipica-
144. E
nidade da farda militar e mente romântico. Isso por-
145. 43 (01 + 02 + 08 + 32) a informalidade doméstica que a maneira de elaboração
146. C dos tamancos cria uma desses elementos evidencia
147. A 148. D 149. C aproximação entre o públi- uma intenção satírica que o
150. B 151. E 152. C co e o privado, atenuando distancia do convencionalis-
153. A 154. A 155. B a imagem habitual de rigor mo romântico: o final feliz é
e severidade. Ao olhar forçado, o herói que perde a
156. A 157. B 158. D
perspicaz da comadre não disputa amorosa compensa-
159. a) É o avô de Poti. Batuiretê escapou o aspecto risível a com um novo romance (e
é o homem mais velho de da figura do temível Major não tentando o suicídio, ou
sua tribo. Vidigal, personagem real sofrendo terrivelmente, como
b) O neto é Poti, melhor amigo do Período Joanino, que seria de se esperar do prisma
de Martim (“o estrangeiro”), a crônica de costumes romântico) e o sentimentalis-
pai do filho de Iracema. cariocas fixou como repre- mo é explorado de maneira
c) “Gavião branco” remete a sentante da lei e da ordem, relativa.
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um predador, que poderia no início do século XIX. 182. B 183. E


prejudicar o pássaro (“nar- b) O fardamento incompleto, 184. a) Porque não nutria nenhum
ceja”) mais fraco, no caso, a fusão da indumentária sentimento pelo marido.
207
b) “... escapamos, pois, de de Assis) – Realismo “O personagem esférica, isto
mais essa”. mulato” (Aluísio Azevedo) é, muda de comportamento
185. 6o parágrafo, isto é, da quali- – Naturalismo. ao longo da obra. No final,
dade do caixão ao número dos b) Romantismo. não só perdoa a esposa
convidados. como a auxilia nos seus
215. C 216. D 217. A
186. a) Época em que o rei D. João momentos finais.
218. B 219. D
VI veio para o Brasil: 1808 246. a) Perdoou à personagem ou
220. a) Castilho representa a esté- à Luísa.
– 1823.
tica romântica e Quental, a
b) Pataca era a moeda de b) Havia lhe perdoado.
realista.
pouco valor, como o vin- c) O fato de ela estar traindo
b) Marca o início do Realismo
tém: “não vale nenhum Jorge com seu primo Basí-
em Portugal.
vintém”. lio.
221. Parnasiano, pelo tom descrito
187. a) V d) V g) V 247. C 248. B 249. A
e ausência de critica social.
b) F e) V h) V 250. C
222. Parnasiana: a perfeição for-
c) F f) V i) V 251. Enquanto Juliana tem uma
mal, a preferência pelo soneto,
188. B 189. B 190. A intensa carga de complexidade;
a poesia descrita.
191. D 192. A Basílio é só uma caricatura do
Realista: a objetividade e a
falso “Dom Juan”.
193. Eça de Queirós; Machado de falta de sentimentalismo.
Assis e Raul Pompéia, respec- 252. 30 (02 + 04 + 08 + 16)
223. Antero de Quental, Guerra
tivamente. 253. E 254. B
Junqueiro, Alberto de Olivei-
194. Realismo e Naturalismo. ra. 255. A 256. E
195. B 196. B 197. B 224. C 257. a) No final do livro, supervalo-
198. D 199. B 200. B riza o campo em detrimento
225 Soneto = dois quartetos, dois
da cidade.
201. D 202. B 203. C tercetos, rimados entre si.
b) Pertence à 3ª fase de Eça
204. B 226. ABAB ABAB CCD EED
de Queirós.
205. V, V, F, V, F 227.
258. B 259. C 260. D
206. B 207. C 208. E
261. D 262. B, C, A, E, D
209. Machado de Assis.
263. a) Amélia e Amaro, para
Realista (crítica à burguesia, fugirem às línguas maledi-
personagens não idealiza- centes de Leiria, passam
dos, racionalismo); Romântico a encontrar-se furtivamente
(valorização da burguesia, Versos decassílabos
na casa do sineiro, tio Es-
personagens idealizados e 228. A falta de perspectiva de vida;
guelhas que, viúvo, vive
sentimentalismo). a total falta de esperança na
com sua filha paralítica
felicidade.
210. B Antônia. Tal sítio é estra-
229. Ro; Ro; Re; Ro; Ro; Ro; Re; Ro; tegicamente bem localiza-
211. a) As lembranças amorosas
Ro; Re; Re; Re; Ro. do porque Amaro poderia
daquela manhã dão lugar
às lembranças da culiná- 230. B 231. C 232. C passar da sacristia para
ria. 233. A 234. D 235. E um pátio, pelo qual não
b) Por que o personagem 236. A preferência pelo texto des- passava vivalma, e daí
Brás Cubas parece não critivo, tornando, por vezes, a diretamente para o ninho,
gostar suficientemente de narrativa lenta, além da crueza enquanto Amélia entraria
Virgília ao ponto de a par- natural usada na descrição de pela porta da frente sem
tida dela não atrapalhar o ações. levantar suspeita alguma.
237. D 238. A 239. E Por sugestão do beatério
seu almoço.
que freqüenta a casa de
212. a) R o m a n t i s m o : s u b- 240. A 241. E 242. D
S. Joaneira, inconsciente-
jetivismo, “sau- 243. A 244. B
mente conduzido por Ama-
dade”,”ternura”, adjetiva- 245. a) Deveria ser morta. Ele afir- ro, Amélia deveria ensinar
ção emotiva” e “sombria”. ma isso quando seu primo Antônia a ler e a escrever,
b) Realismo: a ironia, a digres- lhe questiona sobre qual realizando assim uma ação
são, identificando o texto destino deveria dar a uma digna de louvor. Porém,
machadiano. jovem adúltera de uma peça Amélia passa a viver o
213. B de teatro que escrevia. início de seus conflitos
214. a) “Memórias póstumas de b) Não. Como ocorre numa morais ao ter esse segredo
Brás cubas” (Machado obra realista, Jorge é uma revelado pela aleijada ao

208
Cônego Dias e por cons- b) Entre outras característi- b) Percebem-se estraté-
tatar que a entrevada era cas, podemos destacar em gias discursivas jurídicas
apenas uma desculpa para José Dias: nas perguntas retóricas
os seus encontros com • o homem adulador que, encadeadas no início do
o Padre Amaro, ou seja, por meio de suas ações, capítulo, na tentativa de
uma atitude moralmente procura dar-se ares de im- envolver o interlocutor e na
bastante condenável. portância para justificar sua apresentação de argumen-
b) A ironia que se apresenta presença e permanência tos para convencer o leitor
está na oposição da idéia no meio familiar; sobre a suposta traição de
de “animação, prosperida- • a utilização de uma lin- Capitu.
de” às pessoas que, como guagem carregada de 337. B 338. E 339. C
símbolos de um passado superlativos, como forma 340. A 341. A 342. E
atrasado, encontram-se de compensar sua inferio- 343. B 344. C 345. E
estateladas preguiçosa- ridade social. 346. E 347. D 348. E
mente nos bancos. Caberia 308. D 309. C 310. D 349. B 350. A 351. B
então uma pergunta: qual
311. D 312. C 313. A 352. D 353. D 354. E
animação e prosperidade
314. E 315. D 316. B 355. C 356. B 357. B
se consegue com pessoas
tão apáticas? 317. 13 (01 + 04 + 08) 358. B 359. E 360. A
264. D 265. E 318. V, V, V, V, V 361. B 362. V, V, F, F, V
266. V, V, F, V, F 319. B 320. A, D, E, F 363. D 364. E 365. A
267. D 268. D 269. B 321. B 322. B 323. D 366. D 367. C 368. B
270. C 271. B 272. C 324. D 325. D 326. E 369. “De qualquer modo (...) ne-
273. E 274. A 275. B 327. C 328. C, D, E gros!”
276. C 277. C 278. E 329. A 330. B 370. Carolina, que será amante de
279. E 280. A 281. A 331. A esposa, sentindo-se humi- Aleixo.
lhada pela traição do marido, 371. O homem não tem livre-arbí-
282. C 283. B 284. C
faz um jogo de sedução com trio, está submetido a forças
285. V, V, F, V, V o jovem agregado, ainda que externas que determinam seu
286. A 287. D não consuma o adultério. Na destino.
288. Em Brás Cubas, a assimilação noite de Natal, o jovem conhe-
372. C 373. B
de “todo repertório de idéias e ce uma mulher que é capaz de
formas”, e a utilização desse manipular para satisfazer seus 374. a) “amizade escandalosa”.
repertório em causa própria, interesses. b) “animal teimoso” e “im-
deriva da cínica capacidade 332. B 333. A pulsiona o macho para a
de racionalização do “defunto fêmea”.
334. a) Suicidar-se pala suspeita
autor”, que se apropria, como de traição de Capitu. c) À predileção por espaços
lhe convém, de conceitos filo- coletivos.
b) Desejou assassinar o filho,
sóficos, preceitos religiosos e 375. A
envenenando-o.
morais e interpreta os fatos de
c) O que leva Bento Santiago 376. a) A descrição do narrador no
sua vida com grande elasticida-
a redigir suas memórias é texto remete à representa-
de.
o desejo de “atar as duas ção do homem como um
289. V, F, V, V, V animal.
pontas de sua vida”, ou
290. E 291. C 292. D b) Os vocábulos que expli-
seja, encontrar no passado
293. E 294. B 295. D as causas para as atitudes citam a animalização do
296. D 297. D 298. C e a desconfiança em re- homem são os seguin-
299. B 300. C 301. A lação ao comportamento tes: bezerro-encourado,
302. D 303. A 304. B de Capitu e a paternidade cabra-cega, cria, couro,
305. D 306. B de Ezequiel. Desse modo, vaca, bicho, animal. (Obs.:
este episódio se dá a partir escolher apenas dois).
307. a) Não tendo nenhuma rela-
ção consangüínea com a de um acesso de ciúme de 377. B 378. A
família de Bento, o agre- Bento Santiago. 379. Os espaços descritos são a
gado José Dias vive de 335. A corveta, onde Amaro servia
favor, sendo uma espécie 336. a) É típica do discurso reli- como gajeiro de proa, e o
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de parasita social, subser- gioso a citação do texto quarto alugado em que vivia
viente, que procura agradar sagrado. No trecho, temos em terra. A degradação física
para não perder seu lugar a citação de um versículo do ambiente determinará a
dentro da casa. bíblico. degradação moral de Amaro.
209
380. No navio, Amaro conhece 400. C 401. B 402. A 451. a) “Oaristos” – 1890.
Aleixo, por quem nutre um 403. B 404. E 405. A b) Camilo Pessanha; Antônio
amor carnal. No quarto, passa 406. E 407. V, V, F, V, V Nobre.
a viver com o amante, que, na
408. C 409. B 410. C 452. Porque a proposta inicial da
ausência de Amaro, se envol-
411. E 412. B 413. A escola apresentava a musi-
ve com D. Carola. Enciumado,
Amaro mata Aleixo. 414. A calidade acima de todas as
415. a) A busca de um vocabulário coisas, como instrumento
381. O Ateneu, Raul Pompéia.
rebuscado. de poesia (De la musique
382. a) “Bem considerando a atuali-
b) A artificialidade. avant toutes choses). Desse
dade é a mesma em todas
as datas.” modo, os recursos fonéticos
416. a) Apesar do rigor formal, o
b) Alteram-se os desejos poeta trata de um tema assumem grande importância
e as aspirações: “Feita a lírico tradicional: o amor, na elaboração dos textos
compensação dos desejos tema distante das pro- dessa época, como é o caso
que variam, das aspirações postas mais ortodoxas do das aliterações, assonâncias,
que se transformam...” Parnasianismo. onomatopéias e rimas inter-
383. E 384. C b) Porque grande parte da nas, mensagens diretamente
385. Vaidade excessiva, egocentris- população paulistana era transmitidas, dando preferên-
mo exagerado. imigrante ou descendente cia às imagens nebulosas e
386. Não. O narrador, de maneira de italianos. às insinuações. Assim, tanto
irônica, utiliza-se do expres- 417. A 418. A 419. D a pintura quanto a arquitetura
sionismo, tornando-o carica- 420. E 421. E 422. C não se adequariam a essa
tural. 423. C visão literária nem serviriam
387. a) O fim das ilusões infantis, 424. I. A como modelo para ela.
a falta de apoio e prote- II. C 453. B 454. E 455. D
ção dos pais, a amargura 456. E 457. D 458. E
425. C 426. E 427. D
do narrador-personagem 459. Na mistura de sensações
percebendo-se impotente 428. C
numa só expressão.
diante dos fatos. 429. O poeta utiliza versos livres e
460. “a tremer pela minh’alma”,
b) A narração é feita em 1ª pes- ironiza a sua importância con-
“imensa música, sombria”
soa, mas o tempo em que trastando com o rigor formal
transcorre a ação é passado parnasiano e certa arrogância, 461. a) O adjetivo “cristalinas” é
em relação ao tempo em derivado por sufixação do
ou pretensão dos poetas da-
que o narrador se situa. substantivo “cristal”.
quela estética do século XIX.
388. D 389. A 390. E b) alvas – alvura
430. A 431. B 432. D
391. V, V, V, F brancas – brancura
433. D 434. B 435. D
392. E 393. B 394. D claras – claridade
436. A musicalidade advinda da
395. D 396. C 397. A utilização de aliterações e Obs. – Há outras possibili-
398. B dades.
assonâncias (primeira estrofe,
399. a) Há rigor formal (soneto de- por exemplo). 462. C
cassílabo), descritivismo, 437. a) Perfumes “doces como 463. a) A poesia simbolista é mu-
distanciamento de proble- os oboés”, “verdes como sical e sinestésica.
mas sociais. as pradarias”, ou ainda, o b) Que, ao constrário do
b) Sim, visto que Alberto de almíscar “que canta”. parnasiano, o simbolismo
Oliveira é o mais ortodoxo apenas sugere e não no-
b) O ponto que aproxima es-
dos parnasianos. meia o objeto diretamente
ses dois estilos é o gosto
c) Rica, já que “vivenda” é 464. V, V, F, V, V
pela forma simétrica.
substantivo e “compreen-
438. D 439. B 440. B 465. a) Entre outras, destacamos:
da” é verbo.
441. A 442. B 443. C espiritualismo, sugestões
d) É um |ve|lho| pa|re|dão| místicas, musicalidade,
to|do| gre|ta|do; 444. a) Simbolismo português.
imagens apoiadas em re-
Ro|to e| ne|gro, a| que o b) Só: Antônio Nobre lações sinestésicas, apro-
|tem|po u|ma o|fe|ren|da Clepsidra: Camilo Pessa- ximações românticas, etc.
Dei|xou| num| cac|to em| nha. b) O espirituaismo e as su-
flor| en|san|güen|ta|do; 445. B 446. B gestões místicas estão pre-
E| num|pou|co|de| mus|go 447. V, V, V, F, F sentes nas metáforas da
em| ca|da| fen|da. 448. E 449. B 450. E “Pomba” e do “Cordeiro”,

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de origem bíblica e cristã, No penúltimo verso, o – Espaço da alma (“longe”):
destacadas pelo emprego presente do indicativo “É” claros astros peregrinos;
das maiúsculas alegorizan- projeta a imagem da ama- dons divinos; grande paz;
tes, procedimento comum da morta, na sugestão, grande paz sidérea; almas
entre os simbolistas, que tipicamente. irmãs; almas perfeitas; Re-
visa a conferir aos vocá- 467. E 468. B 469. D giões eleitas; largos, pro-
bulos uma conotação mais 470. B 471. B 472. A fundos, imortais abraços.
expressiva, absolutizante. 473. A 474. E 475. B (Obs.: Apresentar apenas
A musicalidade é explorada 476. V, V, V, F, F uma expressão).
intensivamente, quer no 477. a) Os dois vocábulos que 478. A visão de corpo manifesta é
ritmo modulado pela esco- explicitam os espaços para caracterizada como inferior
lha de palavras, quer pelas marcar a oposição “corpo e em relação à alma: o corpo
referências a elementos alma” apresentada no texto constitui um obstáculo ao
musicais. são “cá” e “longe”. desenvolvimento da alma.
466. a) A construção anafórica, b) As expressões formadas
pela repetição do pretérito por adjetivo(s) e substantivo
imperfeito do verbo “ser” que caracterizam esses
- “Eras”, no início de todas espaços são as seguintes:
as estrofes. – Espaço do corpo (“cá”): vã
b) As anáforas instituem matéria; humana e trági-
uma espécie de gradação, ca miséria; surdos abis-
atributos da amada morta, mos assassinos; atroz
culminado com a sublima- destinos; flor apodrecida
ção mística da imagem e deletéria; baixo mun-
feminina, relacionada, in do; movimentos lassos.
fine, com o “Cordeiro” e a (Obs.: Apresentar apenas
“Pomba”. uma expressão.)
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