Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Ao ligar essas duas informações com um mas comunica também de modo implícito sua crítica ao sistema de ensino
superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada.
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar
dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas.
Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. Se ele não tiver essa
habilidade, a de ler nas entrelinhas, passará por cima de significados importantes ou – o que é bem pior - concordará com
ideias ou pontos de vista que rejeitaria se percebesse.
PRESSUPOSTOS: são aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o
leitor pode perceber a partir do sentido certas palavras ou expressões contidas na
frase.
Ex.: Pedro deixou de fumar.
A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressupostos, no
entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as
informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro
não fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.
Ao introduzir um conteúdo sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, pois a ideia implícita
não é posta em discussão, é apresentada como se fosse aceita por todos, e os argumentos explícitos só contribuem para
confirmá-la. O pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante.
Ex.: É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque soviético.
Argumentos contra:
- os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;
- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os soviéticos;
- a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.
Como se pode ver, os argumentos são contrários ao que está dito explicitamente, mas todos eles confirmam o
pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.
A aceitação do pressuposto é que permite levar adiante o debate. Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de
vários indicadores como:
a) Certos advérbios: ainda, totalmente etc. “Os resultados da pesquisa ainda não chegaram”.
b) Certos verbos: tornar, continuar, vir a ser, ficar, passar a, deixar de, começar a, transformar-se, pretender, supor, alegar
imaginar etc. “Renato continua doente”.
c) Orações adjetivas explicativas: “Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no
povo.” (todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais)
d) Orações adjetivas restritivas: “Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no
povo.” (nem todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais).
e) Adjetivos: “Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.” (existem partidos radicais no Brasil).
f) Algumas conjunções: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher”. (existem mulheres que não são inteligentes).
Você vai à casa de uma pessoa e uma das janelas da sala está aberta e por onde entra um vento terrível e você diz: “Que
frio terrível!”
Você pode estar insinuando “Feche a janela”.
Mas, se o dono da casa alegar que não é higiênico ficar com todas as janelas fechadas.
Você pode dizer que concorda e que apenas constatou que o frio era muito intenso.
Diferença entre pressuposto e subentendido: o pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o
ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender,
esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo falar o que o ouvinte entendeu. O
subentendido diz sem dizer, sugere, mas não diz.
EXERCÍCIOS:
Com a deflagração do golpe militar em 31 de março de 1964, o panorama da sociedade brasileira iria mudar
radicalmente, a começar pelas sanções impostas pelos novos governantes no que tange às liberdades democráticas,
impondo gradativamente um silêncio autoritário que iria fazer calar as vozes mais brilhantes do país, em todos os campos
do conhecimento. As contradições do regime recém imposto iriam tornar-se bem evidentes quando anunciaram a
possibilidade de eleições diretas em 1965 e logo depois sufocaram os anseios da população mantendo as forças armadas
sob o comando do exército no poder. Essas e outras atitudes como a cassação de deputados, as restrições a imprensa e
às artes, notadamente na música popular, geraram uma insatisfação que tinha na universidade seu apelo maior. Vivíamos
em constante tensão, nossos passos eram vigiados, e nossas consciências manipuladas.
Mas com todo esse clima o Brasil conseguia sobreviver com uma efervescência cultural extraordinária, e a porta vez da
insatisfação era capitaneada pela música popular que vivia momentos gloriosos, principalmente em função do sucesso dos
Festivais que eram realizados pelas emissoras de televisão. A produção musical brasileira estava dividida em dois
extremos, aqueles que se vinculavam ao “iê iê iê” sob a influência dos Beatles e os outros que se preocupavam com as
questões sociais e que passariam a história como os compositores de uma vertente denominada de música de protesto.
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de Texto: leitura e redação. (lição 20)
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação (Lição 27)
Há soldados
armados, amados
ou não
Quase todos
perdidos de armas
na mão
Nos quartéis lhes
ensinam uma
antiga lição
De morrer pela
pátria e viver sem
razão
Vem, vamos
embora, que
esperar não é
saber
Quem sabe faz a
hora, não espera
acontecer