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• O sismo de Lisboa (1755) é considerado como sendo o primeiro • Baseado em fontes bibliográficas (*), o autor defende que, de entre
desastre da “idade moderna” e o catalizador de uma mudança as diferentes mudanças desencadeadas pelo terramoto de Lisboa,
crucial nas percepções culturais e sociais relativas a catástrofes o evento pode também ser associado à génese histórica do que é,
naturais. actualmente, designado por gestão do risco.
• A razão para uma tal mudança que a memória colectiva regista está
associada: • A Memória e o Conhecimento constituem o enquadramento
– Às características específicas do evento (tremor de terra, estruturante do presente trabalho.
maremoto e incêndios violentos);
– O local e o dia de ocorrência (factor simbólico religioso);
– O ambiente cultural e de mudança na Europa (mudança
filosófica); (*) – As referências estarão incluídas no texto a publicar.
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GESTÃO DO RISCO – VISÃO ACTUAL Lisboa, 1755 O que mudou?? Sumatra, 2004
A percepção que o Mundo está mais perigoso, com mais risco, será
verdadeira ou não?
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RESPOSTA PÓS-DESASTRE – PROTECÇÃO CIVIL
(1755)
Gestão do
risco
Estimativa do risco
Comunicação do risco
“Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”
Percepção pública
Resposta ao Rei D. José atribuída ao Marquês de Pombal
RESPOSTA PÓ
PÓS-DESASTRE – PROTECÇ
PROTECÇÃO CIVIL RECONSTRUÇ
RECONSTRUÇÃO (PLANEAMENTO) MITIGAÇ
MITIGAÇÃO DO RISCO (1755)
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CONTROLO DE POTENCIAIS FUTUROS DANOS (CONTROLO DE NOVAS CONSIÇÕES PARA UMA AVALIAÇÃO DO RISCO (ACTUAL). O
VULNERABILIDADE E MITIGAÇ
MITIGAÇÃO DO RISCO) - 1755 DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755)
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MEMÓRIA E CONHECIMENTO (ANTERIOR A 1755) MEMÓRIA E CONHECIMENTO (ANTERIOR A 1755)
CONDIÇÕES EMERGENTES PARA UMA FUTURA ANÁLISE DO RISCO. O CONDIÇÕES EMERGENTES PARA UMA FUTURA ANÁLISE DO RISCO. O
DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755) DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755)
Rousseau
O sismo de 1755 deu origem a um debate moral e filosófico intenso Resposta a Voltaire (1756) e a introdução de uma visão social dos
envolvendo proeminentes intelectuais do Iluminismo: Voltaire, desastres implicando a responsabilidade humana relativamente à
Rousseau, Kant,... entre outros. possibilidade de mitigação de danos (conceito de vulnerabilidade) e
à resposta humana (psicologia social) face a uma catástrofe
(importância de uma evacuação eficiente) – introduz a ideia que um
Voltaire
desastre é, também, uma construção social:
Perplexidade relativamente à Bondade e à Providência Divinas (a
crença de que Deus não só criou o mundo como também governa e
“a natureza não construiu vinte mil casas de seis ou sete pisos, e se os
toma conta do seu bem estar, do bem estar do Homem) – crítica a
habitantes dessa grande cidade se tivessem distribuído mais e construído
posições filosóficas anteriores de Leibniz, Pope (“o melhor dos casas menores, muito menos danos teriam acontecido, talvez mesmo
mundos”) nenhum. Quantos desgraçados morreram neste desastre porque quiseram
- Poema sobre o terramoto de Lisboa salvar as suas roupas, os seus papeis, o seu dinheiro?” Lettre sur la
- Candide Providence, 1756.
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O debate suscitado pelo sismo de Lisboa acelerou uma deslocação filosófica
CONDIÇÕES EMERGENTES PARA UMA FUTURA ANÁLISE DO RISCO. O fundamental, uma condição necessária para a possibilidade da actual
DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755) avaliação do risco.
Explicação
O conceito de vulnerabilidade, operador dos danos prováveis nos científica
valores expostos, é muito actual e pode fazer a diferença entre uma Explicação
catástrofe e um desastre social. religiosa
(causas finais) (causas
naturais)
Kant
Responsabilidade
Pública uma análise crítica (três notas em 1756) dos terramotos, à moral passiva Responsabilidade
disposição de Lisboa relativamente aos potenciais danos provocados A ciência escrava humana activa
por sismos e apresenta explicações físicas (neutras) para o fenómeno, dos deuses deslocação
livre de “causas finais” religiosas. Posteriormente, faz contribuições Causas morais Constrangimentos
Constrangimentos
muito relevantes para o debate (Providência) – limites epistemológicos morais epistémicos
da razão humana e do conhecimento da relação entre causas morais e
naturais.
Virtude, felicidade, Previsão, razão
moral e memória
CONDIÇÕES EMERGENTES PARA UMA FUTURA ANÁLISE DO RISCO. O CONDIÇÕES EMERGENTES PARA UMA FUTURA ANÁLISE DO RISCO. O
DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755) DEBATE MORAL E FILOSÓFICO (1755)
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MEMÓ
MEMÓRIA E CONHECIMENTO – COMPONENTES MUITO IMPORTANTES
SÉCULOS XX – XXI (novas deslocaç
deslocações culturais?) PARA UMA GESTÃO DO RISCO
Terramoto de 1755
CONSIDERAÇ
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1755 SISMO
Literatura e figuras.
Impacto emocional Descrições de • O autor está confiante (sem “pecado” de anacronismo) no acerto da conjectura
testemunhos
associando o terramoto de 1755 à génese do que é actualmente designado por
Consequências/ Vulnerabilidade gestão do risco.
perdas/ vítimas Impacto
Comunicação
cultural
Resposta a
crises
Percepção • A gestão do risco é um conceito que pressupõe uma posição racional forte
Resposta do público Discussão relativamente ao passado (memória e conhecimento) e aos potenciais futuros
Salvamento pública
Discussão científica. eventos catastróficos.
Debate filosófico e
moral
Reconstrução Recuperação
Filosofia do risco • O movimento Iluminista e os debates filosóficos relativos ao significado e à
Planeamento de responsabilidade moral associados ao terramoto de Lisboa permitiram a
emergência. Protecção e Causas (diagnóstico)
mitigação aplicação do método científico. Desacoplamento de causas naturais e morais
Significado (relação).
PROTO-GESTÃO DO RISCO (percepção) Apreciação do
risco
Responsabilidade
Critérios • A memória do “marco” histórico de 1755 deveria constituir uma motivação forte
Componentes de uma gestão do risco actual
para uma contínua actualização e um esforço integrado tendo em vista a
protecção do público contra catástrofes em Portugal e no Mundo.
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Este trabalho foi motivado por
actividades no âmbito do
Curso de Mestrado em Filosofia e
História da Ciência
da Universidade Nova de Lisboa
(2004-2005)
Obrigado
aba@civil.ist.utl.pt