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PRINCÍPIOS

OPERANTES
DA IGREJA.
RESTAURADA
(Principies of the Restored Church at Work)

M. LYNN BENNION
e J. A. WASHBURN

Publicado pelas Missões Brasileiras da Igreja de


Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
-1961—
Princípios Operantes
da Igreja Restaurada

M. LYNN BENNION
E

J. A . WASHBURN

Para o Curso do Departamento Avançado das


Escolas Dominicais da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos
últimos Dias

(Recomenda-se a todos os professôres o uso do suplemento


que acompanha êste manual).

Traduzido por VERA M . GAERTNER

Publicado por

A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS


i N /mxmlm

1. Progresso Eterno 5
2. A Primeira Experiência 10
3. Seguimos o Caminho 15
4. Considerando o Porvir 20
5. !Ressurreição 25
6. Deus, o Autor do Progresso Eterno 31
7. Deus Entre os Homens 36
8. Conhecer a Deus 42
9. Quem é Jesus? m
10. Jesus, o Redentor 54
11. Sacerdócio 60
12. L u Revisão Geral 66
13. A Fé 68
14. A Fé -- rz rm
15. »^ Fé -- 111 ' . ." 78
16. Arrependimento S3
17. Arrependimento -- o 89
18. Batismo 94
19. O ,Espírito 99
20. A Obediência . . .^ 104
21. Serviço mn
22. Serviço -- u 116
23. Serviço -- oz 1!21
24. o .^ Revisão Geral 127
25. O Reino de Deus 129
26. A Igreja " ' . . ." ." ." .' 1.33
27. A Restauração do Evangelho 138
28. O Evangelho 143
29. 'Comm se 'Propaga o Evangelho 147

-4 PR1NCIjP1OS OPFRANTFS DA IGREJA . R2BTAURADA

11 . Religião 155
a 32. Religião Prática 158
33. Os Templos e Sua Obra 161
34. Os Templos e Sua Obra - II 167
35. Genealogia 172
36. Alegria, Objetivo da Vida 176
.37 . Segurança e Felicidade Seus Ajudantes 180
38. 3 . a Revisão Geral 185
39. Desvios 187
40. Testemunho 191
11 . Testemunho II 195
42. Testemunho III 200
43. Oração 205
44. Oração e Testemunho 210
45. Responsabilidade 213
46. O Pagamento das Contas 217
47. O Pagamento das ►Contas lI 222
48. O Guarda de Meu Irmão 228
Lição I
PROGRESSO ETERNO

SIGNIFICADO DO PROGRESSO ETERNO

O sol quase estava se ocultando por trás de uns pequenos


montes no oeste, quando as jovens começaram a descer pelo ca-
minho ,que as levaria à sua casa . Há curta distância se deteve
Tereza:
— Olha, Ana Lúcia — disse ela a sua companheira . -- Olha
que bela passagem! Flôres por tôda parte . Se tivéssemos 'ido
mais alto, mais bela teria sido a vista . Oxalá pudéssemos ter
continuado mais e mais adiante, sem parar.
Embora Tereza não estivesse pensando nisso, expressou o
conceito de progresso eterno . Digamos que ela realmente pudes-
se ter seguido adiante. Ante seus olhos ter-se-iam desenrolado
paisagens ainda mais formosas . Todo seu caminho tornar-se-ia
repleto de satisfação e alegria . Ninguém haveria de querer que
uma jornada assim chegasse a terminar.
De maneira que o progresso eterno significa ir adiante con-
tinuamente, conhecendo coisas novas e mais importantes, alcan-
çando grandes alturas, sentindo grande alegria e satisfação ; e
isto, por um caminho que não tem fim.

NÃO PODEMOS IR SÓS

Não sabemos o que é a verdadeira alegria até que compar-


tamos nossos sentimentos com o próximo . E' certo que Ana Lúcia
acompanhava Tereza, mas nem a companhia, nem as flôres e a
paisagem podem satisfazer todos os desejos do coração de uma
jovem . Na cidade onde viviam havia rapazes, e dois rapazes em
particular.
Sim, deve haver companheirismo neste caminho que não tem
fim. Deve haver espôsos e espôsas, mães, irmãos, irmãs e amigos.
Não poderia haver alegria e felicidade duradoura sem êles .

6 PRINCfPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

O AMARGO E O DOCE
Não apreciaríamos os raios de sol se de quando em quando
não fôssem êles ocultos pelas tormentas . Quando provamos o
amargo, podemos dar mais valor ao doce . Ao fim de seu passeio
pelo campo estas jovens estavam satisfeitas e cansadas.
— Que. cansada estou!' exclamou Ana Lúcia . — Olhe meus
sapatos ; estão quase aos pedaços!
— Não só estou cansada — adicionou Ana Lúcia mas
tenho as pernas tão doloridas que não vou poder sentar-me cômo-
damente por algum tempo . Porém, foi um passeio tão lindo!
Estou muito contente; e satisfeita.
Pelo longo caminho da eternidade também haverá pés can-
sados e além disso corações doloridos e mentes fatigadas e con-
fusas. Porém, considerando tudo, a satisfação sobrepujará a
tristeza e o pensamento de que a jornada é eterna, sem fim, nos
infundirá grande alegria.
PORQUE CHAMÁ-LO PROGRESSO ETERNO?
A vida não tem princípio nem terá fim . O tempo e o espaço
também são assim :
Se tu ao astro Sírio pudesses hoje voar
Como voam os pensamentos e sempre continuar,
Crês que poderias algum dia, na eternidade,
Achar o grande principio de Deus em entidade?
Indiscutivelmente infindas são as obras de Deus
Mundos são criados, evoluem e nunca cessarão.
Não tem fim a matéria, o espaço, nem o dóm;
Nem o espirito, nem a raça, eternos todos são.
Não há nada misterioso ou desarrazoado nisto . Nenhum de
nós deseja morrer . Até mesmo os piores criminosos preferem
viver . Porém, a vida não principia com o nascimento, nem ter-
mina com o que chamamos morte . A vida, semelhantemente ao
tempo e ao espaço, não tem limites . Portanto, é eterna — nunca
se acaba.
O passeio das moças teve princípio e teve fim . Também,
faltavam-lhes muitos dos elementos necessários para alcançar a
felicidade perfeita . Se elas tivessem que viver num constante
passeio, a vida não tardaria em tornar-se-lhes uma prisão . Porém,
o passeio foi coisa incidental, parte de uma vida mais ampla . e
completa, de uma vida que abunda de rica experiência, que faz
com que se tenha prazer em vivê-la . Queremos que o fim se
demore o quanto mais possível .

' PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 7

Aqui, de onde' estou sentado ; debaixo de urna frondosa árvo-


re, um inseto pequenissinio . que apenas pode ser distinguido, vai
de um lado de meti papel .para 'outro . Por quanto tempo viverá
êle? Onde estão Seus companheiras? Sempre viveu? Tem um
espirito que seguirá existindo :depois da morte? Quem o criou e
porque? Agora êle se meteu entre as fôlhas . e desapareceu, talvez
para sempre.
O homem não está limitado à vida terrena . Talvez não poS-
samos responder tôdas as perguntas concernentes a outras fornias
de vida, mas sabemos que somos: filhos de Deus, nosso Pai .Cel'es-
tial . Éle é eterno ,e nós, sendo, seus filhos, também devemos ser
eternos . (Ver Doutr. e Conv . 29 :23 a 29).
A MANEIRA COM QUE PROGREDIMOS
O progresso não consiste simplesmente no podermos trans -
ladar-nos de um lugar a outro . Deve haver melhoras, desenvol-
vimento; realizações. Em seu passeio as jovens encontraram um
mundo de , coisas interessantes: Novas variedades de fiares de
distintas côres. Quanto mais subiam, mais extensa era a paisa-
gem. Haviam visto o nascer do sol ; haviam vista o generoso astro
banhar com seus últimos raios o lago onde haviam ido nadar
Tinha sido um quadro inolvidável, impossível de ser pintado,
mesma pelo melhor dos artistas. Para elas aquêle havia sido uni
alia benéfico, em verdade, horas de progresso . Êle havia contri-
buido para o aumento de suas experiências e como resultado
havia. adicionado maior alegria a suas vidas.
Agora pensemos no que vemos, ouvimos e fazemos todos os
dias ; ao multiplicarmos estas experiências pelos dias, meses;
anos e séculos vividos em outros períodos de existência, teremos
uma idéia do que é o progresso eterno . É um conceito que não
deve causar-nos mêdo, mas esperança . Bem podemos ficar agra-
decidos pelo evangelho restaurando que nos ensina esta verdade
alentadora . Paulo disse : "Se a nossa esperança em Cristo se li-
mifa apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens." (1 Cor. 15 :19).
O. evangelho ensina o principio da ressurreição, a reunião do
corpo e do espírito numa vida infinita.
'TEMPO PERDIDO
A eternidade abrange um tempo vastíssimo . Para que pensar
nele neste curta periodo' de vida, terrena? Há 1ni:lhóes• de pessoas
que jamais o fazem . Pensam somente no presente e não fazeìrà
caso do futuro:
PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

"Qualquer principio de inteligência que alcançarmos nesta


vida surgirá conosco na ressurreição . E se uma pessoa, por sua
diligência e obediência, adquirir mais conhecimento e inteligên -
cia nesta vida do que . uma outra, ela terá tanto mais vantagem
no mundo futuro ." (Doutr. e Conv . 130 :18-19) .,
"Alegra-te, mancebo, na tua mocidade," (se assim o quiser)
— disse Salomão, o sábio — "e recreie-se o teu coração nos dias
da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela
vista dos teus olhos : sabe, porém, que por tõdas estas coisas te
trará Deus a juízo . (Ecles . 11 :9).
O campo de um homem rico produziu com abundância . . . e
disse : Farei isto : Destruirei os meus celeiros, reconstrui-los-ei
maiores e ai recolherei todo o meu produto e todos os meus bens.
Então direi a minha alma : Tens em depósito muitos bens para
muitos anos : descansa, come, bebe e regala-te ." (Lucas 12 :18-20).
"Se não há nada depois desta vida — pergunta Paulo em
essência — para que lutar contra o mal? Comamos e bebamos
que amanhã. morreremos ." (I Cor. 15 :32) . No entanto, Paulo não
considerou vão o esfórço de levar uma vida reta . Quando estava
para terminar sua vida, assim disse : "Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé . De agora em diante a corôa
da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará
naquele dia ; e não sòmente a mim, mas também a todos quantos
amam a sua vinda ." (II Tim . 4 :7-8).
"Atendei agora, ricos, chorai lamentando, por causa das
vossas desventuras, que vos sobrevirão — exclamou Tiago —
tendes vivido regaladamente sôbre a terra . Tendes vivido nos
prazeres . Tendes engordado os vossos cora ões, em dia de ma-
tança ." (Tiago 5 :1-5). ç

NEM TODOS TÊM PROGREDIDO

Pelo que já foi citado parece evidente que nem todos os


filhos de nosso Pai têm seguido esse longo caminho que conduz
à eternidade . Alguns se desviaram completamente e chegaram a
ser "filhos de Perdição" . Isto é, retrocederam em vez de avançar
e estão em pior condição do que quando principiaram.
Quão semelhante . é a vida atual! Agora mesmo, alguns
avançam. ràpidamente, outros mais devagar e outros ainda há
que não progridem de forma alguma, vindo mesmo a ser crimi-
nosos condenados à morte . Cada' um de nós escolhe a rapidez
com que vai. progredir e sòzinho . carrega essa responsabilidade.
Escolhemos a felicidade ou a miséria, segundo nosso desejo .

PRINCIPIOS OPERANTES DA IGREJIA RESTAURADA 9

CONCLUSÃO
De forma que o progresso eterno é uma realidade e não
urna frase sem sentido . Somos, bem assim como Deus, nosso
Pai, sêres eternos : vivemos para sempre . O nascimento e, a morte
não são mais que passos importantes da vida eterna . São as
portas pelas quais.. passamos de .: uma,, esfera de experiência a
outra.
Todos vivemos eternamente, embora ganhemos conhecimen-
to, poder e sabedoria tão rápida ou lentamente quanto o dese-
jemos. Que lugar ocupamos nesta eterna : procissão? Josué disse
aos israelitas : "Escolhei hoje a quem servis; quanto a mim e a
minha casa, serviremos a Jeová ." (Josué 24 :15).
DISCUSSÃO
1. Temos interesse no conceito de um progresso eterno? Porque?
2. Quanto tempo dura a eternidade?
3. Que se entende por progresso eterno?
4. Se é certo que viveremos para sempre e que seguiremos
aprendendo constantemente, será possível que algum dia
cheguemos a saber o suficiente para criar um mundo?
5. Que entendemos por isto : "Assim como o homem é, Deus
também foi ; como Deus é, o homem pode chegar a ser"?
ião II
A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA

'UM 'NOVO EMIGRAtNTE

Minha vizinha 'tem um filhinho recém-nascido . E' aíua cria-


tura com uma carinha redonda, muito vermelha e a . cabecin;ha
quase sem cabelo : Sorri para todos e, embora tão pequeno, pa-
rece ter em seus pulmões a voz e fôrça de uma pessoa adulta,
porq`ue ás vezes posso ouvi-lo protestar contra algo que não lhe
pareceu bem. Éle se chama Carü lho.
Quando fui visitá-lo, uns dias atrás, estava em seu berço, ê&-
preguiçando-se ao sol. `Tive então a impressão de que conversava
comigo.
Coma vai? Creio que .o ,senhor é .;meu vizinho não é? Que
tal ,o calor,? Faz pouco, ,tempo que vim,e ainda ,não ;aprendi muito
bem sua língua, mas mamãe pode entender-me : ela sabe quando
eu tenho fome e quando . necessito de atenção.
— Creio que vou gostar daqui — continuou êle — embora
seja tão diferente do lugar de onde vim . Ali não havia tanta
pressa. . Todos os de lá querem vir para cá, mas o sistema de
transporte não está funcionando muito bem atualmente . Provà-
velmente a cegonha está ocupada com alguma outra coisa . Além
disso, lá há flôres, campos e árvores, mas são diferentes e parece
que são mais bonitos . A comida não é igual . Aqui tenho mais
fome. Parece que nunca estou satisfeito, porque mamãe me dá
algo para comer e então me faz esperar tanto tempo para a
seguinte refeição.
— Lá eu tinha Pais carinhosos e amantes e um grande nu-
mero de irmãos e irmãs . Deu-me tristeza ter que deixá-los mas
eu queria vir a esta excursão e ver os amigos antigos que me
haviam precedido . Algum dia. hei de voltar a minha casa antiga.
Então Carlinhos sorriu, mostrando suas covinhas, e não
disse nada mais .

PFRINCÍPIOS OPERANTES DA bGRiE'JA RESTAURADA 11

NOSSA ORIGEM NA PREEXISTÊNCIA


Um amigo meu conhece uma velhinha de 97 anos que ainda
conserva, vivas em suas memória, quatro recordações de sua
infância e juventude . A primeira foi a morte de sua mãe, ocor-
rida quando ela (a velhinha de quem estamos falando) tinha
apenas cinco anos. A segunda, ocorrida pouco depois da pri-
meira, foi a ocasião em que acompanhou seu pai ao funeral de
um homem chamado King Follet. Os serviços funerários estavam
sendo realizados debaixo de uma árvore quando de repente
principiou a chover . Quando os assistentes começaram a retirar-
se, o profeta Joseph Smith disse : "Se ficardes, prometo que não
vos molhareis." Todos voltaram e apesar de haver chovido co-
piosamente por um bom período de tempo, ninguém se molhou.
A terceira foi quando ela viu os corpos dos profetas Joseph e
Hyrum Smith, trazidos de Cartago a Nauvoo.
A quarta foi a vez em que, junto com seu pai e irmão, as-
sistiu uma reunião, logo após a morte do profeta Joseph . Ela viu
quando Brigham Young se levantou e principiou a falar . Não
sabia o que êle dizia, mas de repente agarrou-se ao braço de seu
pai e exclamou em voz alta : "Papai, não é o irmão Brigham ; é
o profeta Joseph. Êle não está morto." Ela havia presenciado a
transfiguração do presidente Brigham Young.
Estas foram experiências maravilhosas para aquela menina,
mas certamente não foram a primeira que teve . Num passado
muito distante, séculos e séculos antes de seu nascimento nesta
terra, principiou sua vida pessoal . Ali também teve princípio a
experiência de Carlinhos . É possível que Carlinhos e esta anciã
se tenham conhecido lá. Talvez tenham sido mais ou menos da
mesma idade, já que a idade na forma por nós conhecida é me-
dida pelos anos desta terra . No final das contas êstes dois, um
nenê recém-nascido e uma anciã de 97 anos, embora pareçam
tão diferentes, são irmãos.

TODOS SOMOS FILHOS DE PAIS CELESTIAIS


Nossos pais terrenos são dons que Deus nos dá . Por meio
dêles temos um segundo nascimento e recebemos os corpos
mortais que agora temos . " . . .Tínhamos os nossos pais segundo
a carne (corpo), que nos corrigiam, e os respeitávamos — disse
Paulo — não havemos de estar em muito maior submissão ao
Pai dos espíritos, e então viveremos?" (Hebreus 12 :9) : Jesus nos
disse que ào orar deveríamos dizer : "Pai nosso que estás nos
céus ." (Mateus 6 :9) .

12 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Carlinhos pareceu dizer-me que um dia voltaria a seu lar


antigo. Suas palavras certamente têm mérito, porque Salomão,
em Eclesiastes, disse que depois da morte, "o pó volta à terra,
como o era, e o espirito volta a Deus, que o deu ." (Ec. 12 :7).
Onde quer que haja um pai, acharemos também u'a mãe.
Elisa R . Snow nos deixou êste pensamento:
Quando deixar humana vida
Êste frágil corpo mortal,
Pai e Mãe verei contente,
Na mansão celestial.

Assim principiou a jornada do progresso eterno . Havia . ali


um Pai, uma Mãe, irmãos e irmãs e atividades adaptadas ao esta-
do em que vivíamos.

TIVEMOS O PLANO DO EVANGELHO


Já dissemos que a vida segue infinitamente . Também que o
evangelho $ abrange todo o período da vida . Os deveres, respon-
sabilidades e atividades podem variar nas diferentes esferas,
para concordar com os requisitos de uma vida espiritual, porque
num certo tempo não tivemos corpos mortais, mas espirituais.
Parece não ter havido matrimônio lá . Esta é uma experiên-
cia da vida mortal . Jesus disse : "Pois quando ressuscitarem de
entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento ."
(Marcos 12 :25) . 0 mesmo podemos dizer da vida anterior a
esta . Tampouco se batizam na ressurreição . Esta ordenança . cor-
responde também à vida terrena . Êste é o tempo, para o batismo
tanto dos vivos como dos mortos.
No entanto, nos reuníamos em conselho para agir e eleger
segundo nossa vontade . Havia completo livre arbítrio, a liberdade
de escolher ; e com essa liberdade éramos responsáveis por nossos
feitos, da mesma forma que o somos hoje em dia.
Se a anciã de quem falamos tivesse podido recordar-se de
uma época mais distante, poderia ter falado sôbre uma outra
reunião por ela presenciada . Nessa reunião foi apresentado o
grande plano do evangelho e selecionado um dirigente . O pro-
blema de então foi igual àquele apresentado perante os membros
da Igreja em Nauvoo, pouco depois da morte do profeta Joseph
Smith . Sidney Rigdon queria ser o dirigente e teria abolido o
livre arbítrio do povo para lograr seus intentos . Brigham Young
disse : "Devemos saber o que o Senhor diz a respeito ." Irmão

PRINCÍPIOS OPERANTES DA ; IGRIEJA RESTAURADA 13

Young era o homem e Deus o transformou por um momento,


vindo a ser visto como Joseph o profeta . O povo ficou satisfeito
e rejeitou a proposta de Sidney Rigdon.
Naquela reunião, ocasionada durante nossa vida espiritual,
Lúcifer, um espírito muito poderoso, apresentou um plano para
a salvação de todos os homens . "Eis-me aqui, envia-me — disse
êle — e redimirei a humanidade tôda, de modo que nem ; uma só
alma se perderá ." Porém, êle queria para si tôda a honra e teria
escravizado todos os homens para lograr seus fins egoistas.
Naquele tempo, como sempre tem acontecido, houve quem
defendesse a causa da liberdade . Jesus, nosso irmão e Redentor,
apresentou o verdadeiro plano do evangelho, o plano da liber-
dade . "Eu irei — disse (Êle a seu Pai — faça-se a Tua 'vontade e
seja Tua a glória para sempre ." (Moisés 4 :1-4).
De modo que Satanás foi rejeitado e desterrado, juntamente
com os muitos outros que o seguiram . Êstes jamais poderão ter
um corpo mortal . Moram no mundo em sua forma espiritual e
exercem sua influência sôbre todos para incitá-los a fazer o mal.
Algum dia se acabará seu poder e influência e a paz e a boa-
vontade para com todos os homens será estabelecida sob o
reino e domínio de Jesus, nosso Redentor.

COMO FORAM ESCOLHIDOS OS LIDERES


As coisas da terra são protótipos das coisas do céu . Entre nós
se escolhem os chefes dentre aquêles que o merecem ou têm certas
qualidades especiais . Jesus foi escolhido por causa de sua hu-
mildade, amor pela liberdade e habilidade para projetar e agir.
Tomou parte na criação da terra . porque estava qualificado a fa-
zê-lo Êle sabia o que fazer . Naquela vida espiritual foi con-
vocado um grande conselho ou convenção.
"E havia entre eles um que era semelhante a Deus, e disse
àqueles que se achavam com Éle : Desceremos, pois há espaço lá,
e tomaremos dêstes materiais e faremos uma terra onde êstes
possam morar." (Abraão 3 :24) . De modo que Jesus foi Criador
de mundos antes de nascer na terra para ser nosso Salvador e
Redentor.
Abraão foi escolhido enquanto se achava no mundo espiritual
para ser o pai da maior nação de mestres religiosos . 0 Senhor
lhes mostrou todos os filhos espirituais que existiram antes que o
mundo fôsse criado . "E entre tôdas estas (as inteligências) havia
muitas nobres e grandes . E Deus . . . disse : A. êstes farei meus go-
vernantes ; porque Êle estava entre aquêles espíritos, e viu que

14 PRLNO1FIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

eles eram bons." E segue dizendo : "Abraão, tu és um dêles : féis-


te escolhido antes de nasceres ." (Abraão 3 :22-23) .
Jeremias, o último profeta dos judeus antes do cativeiro, foi
ordenado no mundo espiritual para ser profeta das nações quando
-viesse à terra . "Antes que nascesses" — disse-lhe oi Senhor — "Te
santifiquei ; às nações te dei por profeta ." (Jeremias 1 :5).
Joseph Smith, nosso grande profeta moderno, recebeu seu
nome maisl de três mil anos antes de nascer . José, aquêle que foi
vendido no Egito, profetizou que o Senhor levantaria um grande
vidente e profeta dentre seus descendentes nos últimos dias . "E
seu nome será igual ao meu, e será também chamado pelo nome
,de seu pai." (II Nefi 3 :15).
Poder-se-ia citar muitas outras ilustrações, mas estas são su-
ficientes para mostrar que em todos os passos de nosso progresso
'eterno aquêles que se destacam por suas boas obras e vida reta
são os que recebem as posições mais altas.
NOSSAS OBRAS E FEITOS NOS ACOMPANHARÃO
"E aquêles que guardarem seu¡ primeiro estado (que levarem
vidas retas no mundo espiritual) lhes será acrescido (na vida
mortal) ; . . .e àqueles que guardarem seu segundo estado (esta
vida mortal), terão aumento de glória sôbre suas cabeças para
todo o sempre ." (Abraão 3 :26).
Esta é uma boa explicação para o progresso eterno . Depende
principalmente de nossos esforços individuais ; somos nós os
únicos responsáveis . Também, está de acôrdo com o que experi-
mentamos diàriamente . O que faremos amanhã dependerá em
grande parte do que fazemos e projetamos hoje . E assim segui-
mos dia a dia, ano após ano, de eternidade em eternidade.
DISCUSSÃO
1. E' razoável crer que vivemos num mundo espiritual antes de
nascer nesta terra? Porque?
2. Porque pôde a velhinha sôbre quem falamos na lição recor-
dar mais fàcilmente as experiências que teve em sua infância
do que as que teve em seus últimos anos de vida?
.3 . Repitam-se as coisas mais interessantes passadas por esta
anciã.
4. Se é que vivemos e ganhamos experiência numa vida ante-
rior a esta, porque razão não o podemos recordar? Porque
motivo é melhor que não nos lembremos?
5. Em que sentido somos todos filhos de Deus?
15 . Que evidência temos de que também na existência anterior
tivemos nosso livre arbítrio?
Lição III
SEGUIMOS O CAMINHO

REINICIAMOS AQUI NO PONTO EM QUE LA' PARAMOS


Voltemos a ,Carlinhos, no momento em que o vi exposto ao
sol. Não tem pecados, não conhece tristeza, não tem preocupações
e só pede que satisfaçam sua fome. Há pouco tempo atrás se'
encontrava no outro( mundo — não como uma criança impotente,
pequena e irresponsável, mas como um homem espiritual adulto,
inteligente e cheio de experiência . Não sabemos por quanto tempo
esteve vivendo, fazendo planos, trabalhando e resolvendo seus
problemas diários . Qual o êxito de suas realizações, não sabemos.
No entanto, disto estamos seguros : que lutou ao lado da justiça
e da liberdade quando Satanás e suas hostes se rebelaram no céu,
naquela tão distante época . Agora o vemos nesta vida. Adquirir
um corpo forte e adulto é a sua primeira tarefa . Oxalá seu Pai
Celestial o guie e proteja, como o fazia na vida que acabou de
deixar atrás de si.

FOI HOMEM : AGORA . E' . MENINO


Os caminhos do Senhor sobrepujam os dos homens, assim
como os céus são superiores à terra . Segundo as referências estu-
dadas na última lição (repassá-las), está claro que naquela vida
anterior não fomos criancinhas na forma por nós conhecida aqui
na terra.
Dois mil anos antes de nascer, Cristo se manifestou ao irmão
de Jared como homem crescido . "Eu não sabia — declarou o
irmão de Jared — que o Senhor tinha carne e sangue ." E Jesus
lhe respondeu : "Eis que êste corpo 'que agora vês, é o corpo do
Meu espírito . . . e assim como te apareço em espírito, Eu apare-
cerei ao Meu povo em carne ." (Éter cap . 3).
Na noite anterior à de seu nascimento em Belém, Jesus falou
com Nefi, o neto de Helamã. Homens iníquios haviam ameaçado
destruir aquêles que criam nos sinais do nascimento de Jesus,

16 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

anunciados pelo profeta Samuel, caso os ditos sinais não apare-


cessem imediatamente . Nefi se pôs de joelhos e Jesus contes+ou
' sua oração:
"Levanta a tua cabeça e regozija-te — disse Ele a Nefi —
pois eis que a hora é chegada, e esta noite o sinal será dado,
sendo que amanhã virei ao mundo." (III Nefi 1 :13).
No. dia seguinte lá estava Ele, no presepio de Belém, limi-
tado em seus movimentos como qualquer outro menino . Que outra
maneira poderia ser mais apropriada? Pensemos na alegria e sa-
tisfação resultada de nossa associação com essas : crianças inocen-
tes. Não nos causa prazer acariciá-las, protegê-las e vê-las de-
senvolver tornando-se homens e mulheres? Estas estão entre as
maiores alegrias da vida . A infância institue um vínculo santo
que une as famílias, vinculo que não pode ser desfeito jamais . Os
nascimentos e as criancinhas são experiências pertencentes à vida
terrena, providos pela sabedoria e bondade de nosso Pai Celestial.
O PASSADO E' ESQUECIDO
Não podemos saber até que ponto progredimos na nossa vida
anterior. Sabemos que uma cortina se cerrou atrás de nós) quando
dali partimos. Nem Jesus nem qualquer outra criança puderam
jamais se lembrar de suas experiências anteriores. De Jesus diz-se
o seguinte:
"Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas
que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da sal-
vação eterna para todos os que lhe obedecem ." (Hebreus 5 :8-9).
E' como se nosso Pai Celestial houvesse dito a Carlinhos antes
que partisse de sua presença : "Filho, chegaste até aqui em tua
jornada para o progresso eterno . Fôste bem sucedido em muitas
coisas ; em outras não tiveste tanto êxito. Algumas vêzes fracas-
saste por completo.
"Agora vou enviar-te por algum tempo a um mundo novo,
onde conhecerás novas coisas que aumentarão a experiência que
ganhaste aqui. Esquecerás o passado . Será para ti um dia novo,
uma vida nova e todos os teus, êrros anteriores serão perdoados e
esquecidos. Não poderás ver-me, mas ali estarei por meio de meu
Espirito, de meus ensinamentos e da autoridade de meu Sacer-
dócio, para proteger-te e guiar-te na vida mortal . Viverás pela
fé e se viveres dignamente, poderás voltar outra vez a meu' reino ."..
Nós, da mesma forma que Carlinhos, aqui viemos e esquece-
mos por algum tempo nossa vida passada, tendo permissão para
trabalhar por nossa salvação . Porém, de acôrdo com a promessa

PRINCíPTOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA 17

do Pai, não estamos sós . O plano salvador, do evangelho, aqui está


e temos o Sacerdócio, a autoridade do Senhor, para guiar-nos e
dirigir-nos. Nossos pais, nossos irmãos, irmãs e amigos sempre
estão prontos a ajudar-nos a seguir o bom caminha enquanto an-
damos pela fé . Bem podemos dizer : "Pai, te agradecemos por tua
carinhosa bondade . Ajuda-nos a viver dignamente diante de ti
todo o tempo."

O QUE TEMOS A FAZER AQUI NA TERRA

Imaginem que estamos para fazer uma viagem a um lugar


distante . Tão logo projetamos a viagem, começamos a preparar-
nos . Temos que lavar, passar, dobrar e colocar nas malas as
roupas que desejamos levar . Temos que preparar as outras coisas
que vamos necessitar, porque quando estivermos a caminho já
não poderemos regressar para buscar aquilo que esquecemos.
Isto é semelhante ao progresso eterno . O tempo que temos,
nossa vida terrena, é sumamente curto para preparar-nos para a
grande aventura que segue . Há tantas; coisas para fazer, que não
devemos perder um só momento . Porém, como para aquêle
que vai fazer uma viagem, o tempo que se passa em preparação
não é perdido . E' parte da viagem.
Assim é nesta vida ; temos muitos interêsses. Não é uma ma-
çada ; em tôda parte descobrimos alegria e satisfação . Porém, se
esquecermos algo, se não nos provermos de certas coisas, não po-
deremos voltar à' terra, à sua procura . Isto nos ajuda a compre-
ender o que quis o Senhor dizer quando pronunciou estas pala-
vras : "E se uma pessoa, por sua diligência e obediência, adquirir
mais conhecimento e inteligência nesta vida do que uma outra,
:ela^ terá tanto mais vantagem no mundo futuro ." (Dout . e
,Conv. 130 :19).
Havia um homem rico que freqüentemente fazia esplendo-
rosos banquetes . Tinha servos, manadas de camêlos e ovelhas.
Lázaro, um pobre mendigo, sentava-se à sua porta para pedir as
migalhas que caiam da mesa do rico, mas não havia quem
lhas desse . Sòmente os cães dêle se compadeciam e lambiam suas
chagas para mitigar sua dor . Certo dia Lázaro morreu e foi leva-
da a morar com Abraão e com os outros profetas na presença do
Senhor. Em seguida morreu também o rico, mas sua morada na
eternidade foi muito diferente . O rico rogava então que Lázaro
molhasse seus dedos em água para refrescar-lhe a língua res-
secada: Porém, Lázaro não podia, porque havia um grande abis -
mo que os separava . Logo o rico pediu que enviassem um meti-

18 PRLNGIPIOS OPERANTES DA IGGREJA RESTAURADA

sageiro a seus irmãos, admoestando-os, porque 'eles também es-


lavam deixando passar suas oportunidades . Mas ninguém foi
enviado dentre os mortos a seus irmãos, porque êstes tinham as
palavras dos profetas . Nem tampouco podia o 'rico lvoltar à
terra para reparar o mal que havia feito durante sua vida.
(Lucas 16 :10-31).
Nossa primeira responsabilidade é a de desenvolver corpos
fortes e saudáveis . Êste trabalho principia no momento em que
nascemos . IIá deveres, responsabilidades e obrigações para com
a família, a igreja, a comunidade e os pais ; deveres êstes que
garantem nossa liberdade . Sempre há pessoas como Lázaro, ne-
cessitadas de alento e ajuda . O evangelho tem que ser pregado a
todo o mundo . Nós somos os únicos que temos o Sacerdócio de
Deus . Devemos aceitar a responsabilidade de levá-lo a tôdas as
nações . Há muitas responsabilidades nas organizações da Igreja.
Cada um de nós deve fazer sua parte.
Como poderá tudo isto ser efetuado se não estamos prepa-
rados tanto espiritual como intelectual e fisicamente? Em tôdas
as organizações do Sacerdócio e dos departamentos auxiliares há
maneira de nos prepararmos . As escolas públicas oferecem opor-
tunidades sem número para se conseguir educação e desenvolvi-
mento social e intelectual . Abundam os livros, os períodicos e
as revistas, e programas de rádio podem ser escutados tanto de
dia como, de noite . A seleção prudente destas e de muitas outras
coisas facilitará nossa marcha nesta vida pela senda do pro-
gresso eterno.
CONCLUSÃO
De forma que a vida terrena não é mais que uma pequena
parte de um período muito mais extenso : a vida eterna . Oferece
um novo dia e um novo princípio, deixando no esquecimento o
passado . Embora breve, talvez seja a parte mais essencial da
eternidade . Se fracassarmos aqui, fracassamos verdadeiramente.
Há tantas coisas a serem feitas e tão curto é o tempo para
realizá-las ! O trabalho da vida é repleto de interesse, alegria e
satisfação . "O homem existe para que tenha alegria" ; e podemos
sentir alegria de, tôdas as formas se escolhemos as coisas de
maior valor.
Nem tudo é mel nesta vida . Aceitamos o amargo juntamente
com o doce. Às vêzes'a alegria é maior por causa das tristezas
que experimentamos. Até mesmo Jesus se beneficiou e "aprendeu
obediência pelas coisas que sofreu ." As contrariedades são real-
mente bênçãos ocultas se lhes fizermos frente corajosamente .

PRINCÍPIOS OPERANTES DA :IGREJA RESTAURADA 19'

José era um jovem desobediente e muito caprichoso . Seu


comportamento causava profunda tristeza tanto à família como
aos amigos. Vivia como melhor lhe parecia e, da mesma forma_
que Alma e os filhos de Mosiah, desprezava a verdade e zombava
das autoridades da Igreja. Um dia caiu de um cavalo, ferindo-se
gravemente. Em conseqüência da queda perdeu um braço e uma
perna . Depois disto haver sucedido, êle teve tempo suficiente para
refletir. Pôs-se a ler as Escrituras, foi à Igreja e, cheio de sur-
prêsa, descobriu maior gôzo e satisfação nesta nova vida do que
em suas atividades anteriores . Hoje em dia diz, sorrindo : "Cus-
tou-me um braço e uma perna, descobrir a. verdade e a
felicidade ."

DISCUSSÃO
1. Indique-se como é provável que a vida no mundo espiritual'
exerça certa influência em nossa vida mortal.
2. Como podemos explicar tão grandes diferenças intelectuais
entre as pessoas nesta vida?
3. Éramos crianças ou adultos na vida espiritual? Em que nos
baseamos para dizer isto?
4. Se por descuido ou falta de interêsse de nossa parte não
podemos . alcançar certo ideal ou meta nesta vida, poderemos
vir a lográ-lo na outra?
5. E' razoável crer que alguns de nós. não lutamos pelos ideais.
mais nobres na vida anterior a esta? Se assim é, poderemos
repor aqui o tempo perdido lá e ainda assim alcançar as
mesmas vantagens? Ilustrar por meio da experiência atual.
Lição IV
CONSIDERANDO O PORVIR

A ALMA DO HOMEM — "JOÃO E EU"


Tiramos tio João dentre os escombros de seu velho calham-
beque,; ao pé do monte. 0 velho carro havia ficado em pedaços e
o pobre homem havia recebido alguns' golpes . Do cume do monte
se estendiam dois caminhos . Um dêles, o velho, era mais direto,
porém, extremamente inclinado . O outro caminho era muito mais
largo . Descendia gradualmente, fazendo um rodeio suave . Meu
tio João estava com muita pressa . 0 acidente que sofreu foi
resultado .. de sua pressa.
— Por que o senhor não tomou o outro caminho? — per-
guntaram a meu tio quando havia recobrado os sentidos.
— Era isso o que eu queria fazer, — respondeu êle porém
João não o quis, porque tinha muita pressa . Eu sabia que não
íamos poder descer pelo outro caminho, mas João teimou e eu
deixei que fizesse como bem entendesse.
Por mais extranho que nos pareça, a resposta de meu tio
parece ser a verdade . Da mesma forma que meu tio, cada um de
nós se compõe de duas partes, "João e eu" ; o corpo físico que
recebemos ao nascer e entregamos ao morrer e o espírito ou in-
teligência que habita nêle durante a vida mortal . O profeta Joseph
Smith disse que o espirito e o corpo constituem a' alma do homem.
0 espírito deve: ser o amo em sua casa de carne e ossos . No
entanto, às vêzes nos sucede o mesmo, que a meu tio João : dei-
xamos que nossos desejos e paixões físicas ponham de lado nossa
prúaência . Vamos por outro caminho, e geralmente, sofremos um
acidente . Entretanto, quando o homem trata de servir a seus se-
melhantes de acôrdo com a vontade de Deus, recebe, através de
seus atos, unidade espiritual e harmonia de vida . Todos os seus
desejos e apetites encontram uma expressão mais nobre e elevada.
PELA PORTA ABERTA
Consideramos até êste ponto duas divisões de nossa viagem
de progresso eterno : a preexistência e a vida terrena . Elas estão

PIRINCfPIOS OPERANTES DA IGREyJA RESTAURADA 2'1

relacionadas uma à outra, como o dia de ontem ao de hoje . Co-


nheceremos nossas experiências seguintes na vida posterior à
morte, a qual está relacionada com nossa vida atual, da mesma
forma que o dia de amanhã principia com as experiências de
hoje.
Não há morte . Cristo a desterrou. Os justos, aquêles que
levam vidas retas, não temem êste câmbio que todos têm que
sofrer. "Bem-aventurados os que morrem no Senhor daqui por
diante . . . descansarão dei todos os seus) trabalhos, e as suas obras
os seguirão ." (Doutr . e Conv . 63 :49 ; 59:2) . Passamos em silêncio
pela porta aberta de um quarto glorioso a outro, para reunir-nos
de, novo com os amigos e parentes que nos precederam.
Com razão exclamam os profetas : "E Deus lhes enxugará dos
olhos tôda lágrima, e a morte já. não existirá, já não haverá luto,
liem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram ."
(Apoc . 21 :4) . "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó
morte, o teu aguilhão?" (I Cor . 15 :55) . "Ainda que eu andasse
pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque
tu estás comigo ; a tua vara e o teu cajado me consolam ."
(Salmos 23 :4).
Sòmente o iníqüo teme a morte, "porque o maligno não terá
galardão algum, e a lâmpada dos ímpios se apagará ." .(Prov.
24 :20) . Em tudo o que fazemos, na vida ou na morte, -bem ; pode-
mos estar agradecidos pela luz e autoridade do evangelho res-
taurado . Ela dissipa o temor e nos ajuda e anima durante todo
o caminho.
LA' NÃO HAVERA' OCIOSOS
Ficamos alguma vez sem fazer absolutamente nada? Como
nos sentimos? Por quanto tempo poderia tal inatividade conti-
nuar? Todos os prazeres e alegrias da vida são resultado de
mentes e corpos ativos . Se o trabalho terminasse com a morte,
não haveria gôzo no céu nem progresso eterno . Tampouco con-
siste êle inteiramente em tocar harpas e cantar. Podemos adorar o
Senhor de muito melhor forma com feitos do que com palavras.
Nossa vida futura será um período de muita atividade . Reinicia-
remos lá o trabalho que aqui deixamos, fazendo aquelas coisas
de que mais gostamos e que melhor podemos fazer.
"Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também," disse
Jesus. (João 5 :17) . O Pai ainda trabalha . Forma e povoa mundos,
projeta e leva a cabo a salvação de seus filhos . "Esta é minha
obra e minha glória : conseguir a imortalidade e a vida eterna
do homem ." (Moisés 1 :35) .

2 ;2 PRIN PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Jesus prometeu ao ladrão que estava sôbre a cruz : "Hoje


mesmo estarás comigo no paraiso ." (Lucas 23 :43) . Os dois mor-
reram e foram para o paraíso : Porém, não era êsse um lugar de
ociosidade e inatividade. Durante os três dias .que seu corpo es-
teve na tumba, Jesus teve que fazer certas coisas importantes e
essenciais.
Pedro nos diz o seguinte a respeito de Cristo : " . . .Morto,
sim, na carne, mas vivificado no espírito. No qual também foi e
pregou aos espíritos em prisão . . . nos dias de Noé ." (1
Pedro 3 :18-22).
Segundo o presidente Joseph F . Smith, Jesus fêz algo mais que
tão sõmente pregar àqueles que morreram no dilúvio por não
haverem obedecido às admoestações de Noé . Jesus organizou um
sistema de obra missionária no mundo espiritual e comissionou
homens bons, já mortos, para pregar o arrependimento àqueles
que haviam sido desobedientes na antigüidade.
Jesus esteve sumamente ocupado depois de sua morte . Não
sòmente estabeleceu a obra missionária' no mundo espiritual, mas
também visitou os nefitas na América e organizou sua Igreja
entre êles . Então foi às Dez Tribos perdidas de Israel e, sem
dúvida alguma, organizou sua Igreja entre elas . (III Nefi,
capítulos 11-26).
A pregação . e explicação do evangelho no mundo espiritual,
depois da morte, vai ser uma obra muito importante para todo
aquêle que estiver preparado, possuindo autoridade . Pensemos
nos bilhões e bilhões de pessoas que viveram sôbre a terra, e que
jamais ouviram sequer o nome de Jesus . Todos êsses têm que
ouvir o evangelho algum dia e rejeitá-lo ou aceitá-lo, segundo sua
vontade. Essa será' uma dei nossas responsabilidades ; haverá
muito a fazer.
Daniel era um jovem ., muito ativo . Recebeu sua bênção pa-
triarcai, na qual lhe foi prometido) que seria um grande missioná-
rio entre os lamanitas . Porém, certo dia caiu de cama repentina-
mente e morreu. Sua mãe se pôs a pensar no que o patriarca havia
dito. Ela pensou e decidiu orar a respeito . Seu filho havia mor-
rido ; como poderia então pregar aos lamanitas? O Senhor res-
pondeu sua pergunta e lhe mostrou em visão que seu filho, em-
bora morto, pregava entre os lamanitas que também haviam
morrido . Efetivamente era um grande missionário entre êles,
conforme a promessa . Alguns de seus irmãos estavam traba-
lhando -consigo.
O .plano do evangelho provê a reunião e selamento de tôdas
as famílias e tribos. Atualmente, em nossos templos, se está foi-

PRINCfPlOtS OPERANTES DA IGRfEIJA RESTAURADA '2s

-lendo o possível para efetuar essa obra . Porém, apenas come-


çamos a juntar as genealogias . Não há uma só pessoa que saiba
todos os nomes e parentescos da genealogia de sua família ou
tribo. Muitas dessas informações possivelmente não existem em
nenhum registro terreno . Que podemos fazer? No mundo espiri-
tual alguém tem, o conhecimento . Sem dúvida alguma ansiam por
ajudar-nos, se tão ~ente soubessem, como . Quem haverá de ins-
trui-los e ajudá-los? A resposta é clara : aqueles que estão prepa-
rados na arte de recolher e compilar genealogias.
Sabemos muito pouco sôbre as atividades da vida depois da
morte . O Sacerdócio lá estará, para dirigir . Poderá haver, e indu-
bitàvelmente há, organizações semelhantes às que conhecemos
aqui, adaptadas às condições da vida espiritual. Em que consis-
tirá nossa obra? Encontremos aqui na terra o que mais nos in-
teressa e aquilo que estamos capacitados a melhor afetuar.
Aprendamos; a fazê-lo bem e veremos que na outra vida teremos
trabalho que nos proporcionará felicidade . No céu não há pessoas
ociosas.

ESPERANDO ATE' AMANHÃ


Francisco e Roberto viviam no mesmo povoado . Embora
fôssem amigos íntimos, eram muito diferentes um do outro . Ro-
berto era calado e estudioso, e trabalhava muito . Às vezes não
podia participar dos jogos e diversões de seus amigos . Com o
tempo veio a ser um ótimo engenheiro . Casou-se e hoje é um
homem próspero e feliz . Francisco, um homem vivo e ativo,
nunca deixou passar uma oportunidade de divertir-se ; todos o
convidavam às festas, por causa de seu espírito alegre.
— Porque você se mata tanto? — perguntava Francisco a
Roberto . Divirta-se enquanto é jovem ; deixe os estudos para
mais tarde. A vida é demasiadamente comprida.
Francisco também se casou e principiou a trabalhar . Ofere-
ceram-lhe uma posição de responsabilidade, mas exigia pelo
menos educação secundária . Êle não havia completado mais que
o curso primário. Tinha tido outros interêsses . Não pôde conseguir
a posição, mas decidiu estudar numa escola noturna a fim de
estar preparado para a oportunidade seguinte . Embora tenha
estudado com afinco, faltou-lhe tempo para terminar seus estu-
dos. Teve muita dificuldade em vencer os costumes tão arraiga-
dos e perdeu suas oportunidades de progresso.
Jesus, no mundo espiritual, levou o evangelho àqueles que
haviam rejeitado a mensagem de Noé . Deu-lhes outra oportuni-

24 P.RIINCL'PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

dade ; no entanto, já haviam deixado passar dois mil anos e cer-


tamente não lhes foi assim tão simples e fácil andar por um
caminho que jamais haviam trilhado . O rico teve a mesma opor-
tunidade de prestar ajuda a Lázaro e a seus semelhantes, mas
deixou passar a oportunidade e teve que sofrer por sua negli-
gência. Não há tempo como o presente;j aproveitemo-lo sà-
biamente.
Portanto, o que opinamos sôbre a vida depois da morte? A
morte pode sobrevir-nos a qualquer momento . Ninguém pode
estar seguro do presente . Agora mesmo, enquanto lemos esta lição,
três ou quatro pessoas, ou talvez mais, morreram ou foram gra-
vementes feridas em acidentes automobilísticos neste continente,
à razão de uma por minuto, dia e noite . Tão sómente nos Estados
Unidos, a cada ano os acidentes automobilísticos ceifam de
35 .000 a 40 .000 vidas humanas ; 7 a 10 .000 destas são crianças.
Nas muitas batalhas desta última guerra mundial, milhares de
espíritos passaram desta vida para a outra . Se vivermos hoje
como devemos, manhã estaremos preparados para o que nos
possa acontecer.
Acabamos de considerar a terceira divisão de nossa viagem
de progresso eterno . Onde iremos depois desta vida? este tema
será estudado brevemente em nossa próxima lição.
DISCUSSÃO
1. Qual o principio ilustrado no relato de "João e eu"?
2. Porque se diz que o nascimento e a morte são portas que
unem dois mundos?
3. Quando passamosi do estado pré-mortal para esta vida fecha-
se uma porta atrás de nós, deixando o passado no esqueci-
mento. Acontecerá o mesmo quando passarmos pela porta da
morte a outro tipo de vida? Dê-se boas razões.
4. Os preguiçosos são bem sucedidos nesta vida? E' provável
que ajam melhor na vida vindoura? Porque?
Porque não convém deixar para amanhã o que devemos
fazer hoje?
Lição V
RESSURREIÇÃO

O passo seguinte em nossa viagem de progresso eterno é a


ressurreição . Ela não encerra nada de misterioso ou desarrazoa-
do. Simplesmente, a vida não termina . Passa de uma esfera a
outra, mas não se acaba . Em nosso caso, passamos da preexistên-
cia para esta vida e um dêstes dias passaremos para a vida dos
espíritos desencarnados . Dali, no devido tempo, continuaremos a
vida da ressurreição . Em cada uma das ocasiões passamos de
um estado — um procedimento que chamamos de morte — para
o seguinte, porém, sempre estamos bem vivos.
O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO
Os cientistas não tentam explicar a ressurreição . Ela não se
acha dentro do .alcance atual de seus cálculos . Tampouco é sua
compreensão detalhadamente explicada pelas Escrituras . Não é
'este o seu objetivo . Entretanto, ela claramente afirma o que é.
"Significa (a ressurreição) a reunião da alma ao corpo ."
(Alma 40 :12-23) . O espírito e o corpo serão novamente reunidos
em sua perfeita forma ;, os' membros e juntas serão restabelecidos
a seus próprios lugares, assim como nós estamos neste momento".
(Alma 11 :43-45).
Isto concorda inteiramente com o que o Novo Testamento
nos diz a respeito de Jesus ; viveu, morreu, foi sepultado ; seu
espírito pregou no mundo dos espíritos, enquanto seu corpo per-
manecia no sepulcro., Depois de tudo isto ressuscitou dos mortos.
Em ambos os hemisférios foi visto, ouvido e palpado . Finalmente
ascendeu ao céu.

QUEM SÃO OS QUE RESSUSCITARÃO?


Esta gloriosa experiência é um dom gratuito para todos os
filhos de nosso Pai Celestial que nascem nesta vida . "Assim como
em Adão todos morrem, assim também em Cristo serão todos
vivificados," disse Paulo. E também : "Há de haver ressurreição
dos mortos, tanto de justos como de injustos ." E João adicionou :

26 PRINUfPIOS" OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

"Todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão ."
"Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé
diante do trono . . . Deu o mar os mortos que nêle estavam . A
morte e o hades entregaram os mortos que nêles havia ." (I Cor.
15 :22; Atos 24 :15; João 5 :28 ; Apoc. 20 :12-13).
Num de nossos ramos duas jovens falavam sare a res-
surreição.
— Para mim é um consôlo pensar que haverá ressurreição —
dizia Júlia . — Não duvido que o espírito viva depois da morte;
porém, sempre achei uma tristeza tão grande ver sepultar um
corpo na terra.
— Eu também — respondeu Lola. — O espírito sempre me
pareceu algo tão misterioso e distante . Gosto mais daa'coisas tan-
gíveis, algo que possa ver e palpar . Não vá pensar que estou ne-
gando a realidade do espirito, já que para mim êle é tão verda-
deiro coma,o ar, o éter ou a eletricidade, embora não possam ser
vistos . Também sou muito agradecida pela doutrina da ressur-
reição . Ela faz com que a morte n5o nos pareça tão terrível.
— Sim, pela misericórdia e bondade de Deus, nosso Pai, e
de seu Filho Jesus, nossos corpos não permanecerão para sempre
na terra. A união do corpo e do espírito é necessária, a fim de
que recebamos a plenitude do gôzo . (Ver Dout . e Conv. 93 :33).
'QUANDO SEREMOS RESSUSCITADOS?
Segundo as passagens anteriores é evidente que a ressurreição
'' e será uma realidade e que é necessária para que tenhamos a
plenitude da alegria . E' outro¡ passo em; direção\ a nosso progresso
eterno e todos nós, oportunamente, teremos nossa vez, quando
estivermos melhor preparados . Jesus foi o primeiro que ressusci-
tou . Nessa mesma ocasião muitos, tanto em Jerusalém como entre
os nefitas, se levantaram de seus sepulcros e apareceram a seres
mortais. (Mateus 27 :52,53 ; III Nefi 23 :9) . . Talvez outros tenham
ressuscitado desde então . Parece evidente que Moroni, Moisés,
Elias o profeta, Pedro, Tiago e João Batista eram seres ressusci-
tados quando apareceram a Joseph Smith.
"Eu sou a ressurreição e a vida — disse Jesus -- quem crê
em mim, ainda que morra, viverá . E todo o que vive e crê em
mim, não morrerá eternamente ." Referindo-se à sua segunda
vinda nestes últimos dias, Êle se expressou assim : "Um anjo
soará sua trombeta e os santos ,que estiverem dormindo sairão
para receber-me . porque seus sepulcros serão abertos ." Os que
se levantarem nessa ocasião viverão e reinarão mil anos sôbre a

1 NCíPIOS OPERANTES DA I'GRWA RESTAURADA 87

terra com Cristo . (João 11 :25 ; Doutr. e Conv: 45 :45 ; 88 :96-98;


Apoc . 20 :5-6).

O QUE VEM DEPOIS?


Talvez pareça que finalmente chegamos ao fim de nosso ca-
minho. Viemos da preexistência ou vida espiritual, passamos
pela vida mortal ou terrena e vamos para outra vida espiritual,
aquela .que vem depois da morte . Finalmente nos achamos num
mundo ressuscitado . Será que já demos os últimos passos? Falta
o que fazer? O jovem que dispende longos anos de estudo na
escola primária, secundária e preparatória, e que por fim se
gradua na universidade e recebe seu diploma, certamente não
acha que tal titulo represente o fim de seu progresso . Ao contrá-
rio, representa o princípio de: campos mais extensos de investiga-
ção, estudo e atividade . Cada passo bem sucedido que damos nos
prepara para algo maior no futuro . E' como ao subirmos uma
montanha. O panorama se estende e vemos objetos que ; antes não
havíamos percebido . Podemos dizer como Tereza, na primeira
lição : "Oxalá pudéssemos ter continuado mais e mais adiante,
sem parar." E' precisamente isso o que vamos fazer.
Há carência de detalhes quanto : às atividades de tão distante
e futuro tempo, da mesma forma que o há quanto ao que suce-
derá daqui a um ano, no mês entrante ou mesmo amanhã . Não
podemos estabelecer planos fixos para o futuro, com a certeza
de que se realizarão tal como os projetamos . "Basta ao dia o
seu próprio mal", disse Jesus . (Mateus 6 :34) . Entretanto, com
tôda prudência podemos formular planos gerais e adaptar regras
e normas de vida que serão sempre úteis.
Durante o reinado de mil anos . de Jesus sôbre a terra, época
conhecida como o milênio, haverá necessidade de edificar templos
em todos os países e climas . Os vivos e os mortos trabalharão
juntos, a fim de que todos, desde o princípio do mundo, se assim
o quiserem, recebam as ordenanças do evangelho . As pessoas
ressuscitadas cooperarão com os seres mortais, já que podem fa-
zê-lo, na busca e recompilação de dados genealógicos que inclui-
rão todos os viventes, desde o princípio dos séculos.
Depois de terminados os mil anos, seguiremos avante . Aquê-
les que não ressuscitaram na época da segunda vinda de Cristo,
ressuscitarão então . Não entendemos como nem porque, mas ha-
verá necessidade ilimitada de ajuda e direção e todos aquêles
que estiverem preparados receberão a oportunidade de fazer
tal trabalho .

28 PR1NQIP1OS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

NOVOS HORIZONTES SE . AVISTAM


— Por que é que teremos quer esperar até chegar ao céu para
recebermos nosso galardão? — perguntou Artur à sua irmã mais
velha. — Essa época me parece tão distante . Talvez trabalhás-
semos com mais empenho se parte dessa recompensa nos fôsse
dada à proporção que vivemos retamente.
— Quanto a mim, quisera saber onde está o céu — respon-
deu Alice — . bem como o que é e como é . Temos que morrer
para lá chegarmos? Acho que prefiro ficar por aqui mesmo.
Quem pode resolver êstes problemas. As Escrituras antigas
certamente não os esclarecem . O céu é, em parte, uma condição.
Se vivo em harmonia com os que me rodeiam ; se não tenho
preocupações, pesares, dôres, . nem dificuldades de espécie algu-
ma ; se não há em meu coração mais que amor e respeito por
todos os homens em tôdas as partes ; se tenho amigos devotos,
seres queridos e algo interessante para fazer, parece-me que já
estou bastante próximo do céu . Se o que digo é verdade, a cada
dia que passo somos recompensados . Todos os dias poderiam ser
celestes se vivéssemos para êles, embora tivéssemos que provar o
amargo juntamente com o doce.
Porém, parece que o céu é uma condição e ; também um lugar.
Da mema forma que Artur e Alice, o profeta Joseph também
pensava muito nesses problemas . A Bíblia faz pouca referência
ao céu, a morada futura ou eterna dos santos, sem dúvida por
causa de tradições errôneas ou porque muitos dos escritos anti-
gos se perderam. Enquanto Joseph Smith e Sidney Rigdon revi-
savam as Escrituras, em 1832, o Senhor manifestou-lhes uma
revelação maravilhosa, registrada na seção 76 de Doutrina e
Convênios. Resumidamente, é como segue:
"Os olhos do nosso entendimento se abriram e a glória do
Senhor brilhou ao nosso redor . E contemplamos a glória do
Filho à direita do Pai, e recebemos da Sua ; plenitude ; e os santos
anjos e aquêles que foram santificados vimos diante de Seu
trono adorando a Deus e ao Cordeiro . . ."
O quadro mudou e viram então um anjo de Deus que' gozava
de muita autoridade, o qual se rebelou contra Jesus, o Filho
Amado. Por causa de sua rebelião êsse anjo foi expulso da pre-
sença de Deus e os céus choraram por êle . Foi chamado) Perdição,
Lúcifer, e com aquêles que o seguiram foi condenado "a padecer
a ira de Deus na eternidade ." Seu mundo não é um mundo
de glória.
Esta terrível visão terminou e imediatamente viram aqueles

PRINCÍPIOS OPERANTES DA PGREIJA RESTAURADA 29

que haviam de morar no reino celestial de nosso Pai . São os que


aceitaram o evangelho e, "por guardar os mandamentos foram
lavados e purificados de todos os seus pecados." São os que
vencem o mal . São os sacerdotes e reis de nosso Pai e recebem
a plenitude de sua glória.
São os que terão parte na primeira ressurreição e acompa-
nharão Jesus durante seu reinado sôbre a terra . Por levarem
vidas retas, seus corpos se converterão cm corpos celestiais,
cuja glória é como uma representação da glória do sol, compa-
rada com a glória da lua e das estrêlas . Êste é o reino que todos
aspiramos e esperamos alcançar.
Depois desta grande visão, viram o reino terrestre . Também
é um reino de glória, glória muito maior que a da vida em que
da lua em comparação com a glória do sol . Neste reino se en-
contram os espíritos encarcerados a quem Jesus ; pregou enquanto
seu corpo descansava na tumba . Êstes não) quiseram ouvir o evan-
gelho, o testemunho de Jesus, enquanto viviam na terra, mas
depois o receberam . São os homens honrados da terra, aquêles
que foram cegados pelas artimanhas dos homens . Gozam da pre-
sença do Filho, Jesus, mas não da plenitude (da glória) do Pai.
Finalmente, Joseph e Sidney viram' o reino telestial . Também
é um reino de glória, glória muito maior que a da vida em que
atualmente vivemos . E' semelhante à glória das estrêlas, com-
parada com, a. glória da lua e do sol . Neste reinos viverão , aqueles
que não quiseram aceitar o evangelho nem o testemunho de Jesus,
mas não negaram o Espírito Santo . São os iníquos da terra,
aqueles que não sairão de suas tumbas a não ser depois da
última ressurreição.
Os habitantes deste mundo eram tão numerosos como as
estrêlas do céu ou como as areias da praia. Os habitantes deste
reino não eram iguais em glória, "porque como uma estrêla di-
fere de outra em glória, assim também diferem um do outro em
glória no mundo telestial . . . Porque serão julgados de acôrdo
com suas obras, e cada homem receberá conforme as suas pró-
prias obras, sendo seu domínio correspondente nas mansões que
são preparadas ." Os que. viverem nesse mundo "serão servos do
Altíssimo ; mas onde Deus e Cristo moram, não poderão ir,
mundos sem fim."
De maneira que já foi revelada uma grande organização
final. Haverá três reinos de glória nos quais cada um de nós
caberá, de acôrdo com nossas obras neste caminho de progresso
eterno. "Cada macaco no seu galho", reza o ditado popular ; da
mesma forma, preferimos associar-nos com outros que tenham

:3o P.Rfl CIPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

.as mesmas normas e preceitos sociais. Um, homem iníquo nenhum


desejo tem de associar-se com uma pessoa justa, nem o justo
-com o iníquo.
Nestes reinos continuaremos progredindo . Do mundo celes-
tial líderes e trabalhadores ali preparados sairão a visitar os
habitantes do mundo terrestre, talvez para ajudar os amigos e
parentes que conheceram na terra . Da mesma forma, talvez mis-
sionários do mundo terrestre vão trabalhar entre os habitantes
-do mundo telestial.
Embora não saibamos os detalhes concernentes à organização
e responsabilidade dentro dêsses reinos, é evidente que todos,
em qualquer dos reinos, terão bastante que fazer e descobrirão
que o trabalho, o empenho e progresso eterno não têm fim . Que
conceito glorioso! Certamente dá à vida razão e esperança.
"Na casa de meu Pai há muitas moradas — disse Jesus —
vou preparar-vos um lugar ." (João 14 :2).

DISCUSSÃO

1. Qual o significado da ressurreição?


2. Como entrou a morte no mundo?
3. Como foi que Jesus tornou possível a ressurreição?
4. Quando principiou a ressurreição? Quando terminará?
5. Quem ressuscitará?
6. Porque devemos ressuscitar?
7. Porque é a ressurreição um dom gratuito?
Lição VI
DEUS, O AUTOR DO PROGRESSO ETERNO

UM MAPA DA VIAGEM

O automobilista que pensa em fazer uma viagem obtém


mapas do caminho a percorrer, a fim de estudá-lo antes de em-
preender a viagem . Graças àqueles .que já viajaram por êsses ca-
minhos, o turista não se depara com dificuldades, se obedece as
instruções que os mapas lhe dão e presta atenção aos sinais do
caminha. Ele poderá, sem dificuldade, ir de um extremo do con-
tinente ao outro, porque alguém já passou por tal caminho e
preparou os mapas.
Essas instruções ajudam o viajante a passar sem difi-
culdades.
A estrada do progresso eterno que conduz à vida eterna está
detalhadamente traçada num mapa semelhante . Possuimos poucos
detalhes sôbre as condições e requisitos ► do mundo espiritual, mas
para nossa vida presente a estrada está bem definida.
Este mapa da vida eterna é o evangelho na forma com que
foi revelado em nossos dias . Ele foi delineado e preparado por
Deus, nosso Pai Celestial e seu Filho, Jesus, nosso Redentor . Eles
percorreram o caminho que conduz à felicidade eterna e conhe-
cem os perigos — os altos e baixos que dificultam nossa viagem.
Temos aqui uma boa ilustração . Lehi teve uma visão na
qual presenciou um extenso campo através do qual corria um
rio sujo e enlameado . Uma barra de ferro se extendia ao lado
da margem do rio, e no principio da mesma havia uma bela e
frondosa árvore cheia de deliciosos frutos . Lehi descobriu ser o
fruto doce e desejável . Sòmente parte ' de sua família dirigiu-se
à barra de ferro que os conduzia à fruta.
Do outro lado do enlameado rio havia um grande- edifício.
Dêle, . .vinham sons de . música e dança, e pessoas bem vestidas
punham-se às janelas e zombavam daqueles que se seguravam à
barra de ferro . Poucos foram os que alcançaram a árvore, que
era a árvore da vida . Todos os outros da grande multidão cairam

32 PRiNOÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

no enlameado rio e se afogaram ou se perderam na neblina, do


outro lado . (Ver I Nefi, cap . 8).
A barra de ferro representa a palavra de Deus . E' o evange-
lho que conduz à vida eterna e felicidade . O edifício espaçoso e
o rio sujo representam os iníqüos prazeres mundanos que con-
duzem à tristeza e ao desengano.

ALGUMAS SETAS NO CAMINHO DA VIDA ETERNA


Porém, vejo que André deseja perguntar algo.
— Sim — afirma André . — Quero saber porque ao fazer re-
ferência ao evangelho e à) barra de ferro,, não se especifica o que
devemos e o que não devemos fazer . Como poderemos sabê-lo?
Onde estão os mapas e sinais que marcam o caminho do pro-
gresso ou vida eterna?
Os mapas e sinais que indicam o caminho, são as Escrituras,
antigas e modernas . Também temos as autoridades da Igreja,
possuidoras do sacerdócio, a quem o Senhor revela sua vontade.
Temos aqui alguns exemplos do que podemos esperar e do que
devemos evitar. Nos referiremos mais detalhadamente à maioria
dêles em lições futuras.
Atualmente todo mundo está provando os resultados da mais
terrível guerra jamais conhecida pela história . A ambição, o or-
gulho, o ódio, a inveja e a avareza dominaram todo o mundo.
Milhares de vidas humanas foram destruídas . As indústrias de
todos os países fabricaram instrumentos de destruição com uma
velocidade espantosa . As dívidas e obrigações econômicas estão
aumentando tanto que nós, nossos filhos e os filhos de nossos
filhos haveremos de continuar pagando até o fim de nossos dias.
Agora suponhamos que fôsse possível fazer com que os povos
de todo o mundo se sujeitassem às condições condensadas de
dezessete pequenos parágrafos do Velho Testamento . (Êxodo
20 :1-17) . "Amarei ao Senhor, meu Deus e só a Éle servirei . Não
tomarei seu nome em vão . Guardarei seu santo dia de repouso.
Honrarei a meus pais . Não matarei, não serei imoral, não cobiça-
rei, não roubarei . Guardarei tôdas estas coisas durante todos os
dias de minha vida ."
Os resultados são- claros . Terminaria a guerra, porque não
haveria quem matasse . Se todos os homens amassem a Deus e
guardassem seus mandamentos, o amor penetraria em seus co-
rações, não dando entrada ao ódio . A paz voltaria à terra, as
indústrias produziriam sômente coisas que aumentam a como-
didade e alegria da vida . Agora agreguemos ao anterior uma

PIR;INCfPIOai OPER.ANT'ES DA IGRIEJA RESTAURADA 33

ou duas declarações de Jesus, aquele que veio ensinar-nos a levar


uma vida perfeita.
"Amai a vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem,
fazei bem aos que vós aborrecem e orai pelos que vos ultrajam
e perseguem ." "Não julgueis, para que não sejais julgados ."
"Tôdas as coisas que quiserdes que os homens vos façam, fazei
também vós a êles." (Mateus, caps . 5-7).
Tão sõmente fôssem estas indicações universalmente aceitas
no caminho da vida e progresso eterno, e imediatamente se esta-
beleceria uma paz permanente no mundo ; a alegria e' a felicidade
seriara a porção de todos os homens . Porém, ias guerras hão de
terminar e será cumprida a profecia de Isaías, que diz :
"E êle exercerá o seu juízo sôbre as gentes, e repreenderá a
muitos povos ; e êstes converterão as suas espadas em enxadões
e as suas lanças em foices : não levantará espada nação contra
nação, nem aprenderão mais a guerrear ." (Isaías 2 :4).

DEUS E' NOSSA MAIOR NECESSIDADE

De maneira que se por guardar os mandamentos do Senhor


termina a guerra e o sofrimento do mundo, o encontrar a
Deus e conhecê-lo deve ser nosso maior afã . "E eis que esta é
a vida eterna — disse João' .— que' te conheçam a ti, o único' Deus
verdadeiro, e a, Jesus Cristo, a quem; enviaste ." (João 17 :3) . Além
disso Jesus também disse : "Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida ; ninguém vem ao Pai senão por mim ." (João 14 :6).
Por que razão nem todos guardam seus mandamentos? A
maior parte da dificuldade reside no fato de 'que nem todos en-
tendem a Deus da mesma forma . Uns adoram idolos ; outros
crêm que Deus é um espírito ou uma fôrça, um poder, algo inex-
plicável . Não é fácil crer, tendo semelhante conceito de Deus,
que êle se interesse pelos assuntos dos homens.
Nos dias do Velho Testamento os escritores aceitaram o fato
de que Deus em verdade vive e que seu poder se manifesta na
vida dos indivíduos e nas nações. Êles viam a'mão de Deus em
tôdas as atividades de sua vida . Êle' realmente falou e andou com
Adão no. Jardim do Éden. Dirigiu pessoalmente a construção da
arca feita por Noé . Disse a Abraão que fôsse à terra prometida,
Canaã, e repetidas vêzes visitou-o no deserto. Falou com Moisés
da sarça ardente, e também no Mar Vermelho e no Monte Sinai.
Com seu dedo escreveu os Dez Mandamentos nas tábuas de
pedra. (Ver Gênesis, caps. 3,6,12,19 ; Êxodo, caps. 3,14,19,20) .

34 PRI OfPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Se fôsse ocasionada a destruição de uma certa cidade, de


alguma forma a mão de Deus estava relacionada com o dito acon-
tecimento ; se o povo prosperava, era porque o Senhor assim o
permitia . Deus era o primeiro e o último nos assuntos humanos.
Se todos os povos da atualidade tivessem o mesmo conceito de
Deus, talvez fôssem outras as condições do mundo . Os povos da
Bíblia aprenderam, através de lamentáveis experiências, que
grandes destruições se lhes sobrevinham quando esqueciam o
Senhor. E' difícil imaginarmos porque razão todos os povos
não servem ao Senhor e não guardam seus mandamentos, já quer
tôda a história antiga nos indica que é essa a melhor maneira
de viver.
NOSSO CONCEITO DE DEUS
Suponhamos que cada um de nós tratasse de expressar seu
conceito de Deus . Estaríamos de acôrdo em todos os detalhes?
Em alguns pontos sim, por causa dos ensinamentos que )recebe-
mos prèviamente . Todos diríamos : Deus é nosso )Pai. Os povos
da Bíblia tinham o mesmo conceito dêle, como podemos ver
pelos seguintes exemplos : "Sois filhos de Jeová, vosso Deus ."
"Pai de órfãos e defensor das viúvas é Deus ." "Tu és meu pai,
meu Deus, e a rocha da minha salvação ." "Mas agora, ó Senhor,
tu és nosso Pai : nós o barro, e tu o nosso oleiro ; e todos nós
obra de tuas mãos ." "Portanto, vós orareis assim : Pai nosso que
estás nos céus," "Para que vos torneis filhos do vosso Pai celes-
te . . ." (Deut . 14 :1 ; Salmos 68 :5) ; 89 :26 ; Isaías 64 :8; Mateus
6 :9; 5 :45).
Pela mesma razão todos nós imaginamos ser Deus uma
pessoa, com a formal de ; um homem.' Êste é um ensinamento mui-
to precioso dos Santos dos últimos Dias. Para nós Ele não é
simplesmente um espírito, uma influência ou poder, mas nosso
Pai . Portanto, devemos ser como Ele, assim como Carlinhos, sôbre
quem falamos no primeiro capítulo, sei parece; a seu; pai. Apresen-
tamos uma afirmativa moderna, feita com tôda a humildade e
reverência : "Assim como o homem é, Deus também ; o foi ; assim
como Deus é, o homem pode chegar a ser ."
Não é sacrilégio considerar a Deus como nosso Pai, o Criador
de nossos espíritos, nem pensar que nós, em eternidades futuras
e por meio de nossos esforços, podemos vir a parecer mais e
mais a Ele.
A personalidade de Deus é uma doutrina que as Escrituras,
antigas e modernas, claramente ensinam . Adão andou e falou
com Deus como uma pessoa anda e fala com outra . Moisés e os

PfRINCÍPIOS OPERANTES " DA IGRiEIIA°RESTAURADA s

profetas ouviram sua voz, tal como o testificam . Nas margens d&
Jordão ouviu-sei a voz de Deus que dizia : "Este é meu Filho
Amado, no qual me comprazo ." Jesus realmente viveu sôbre a
terra, morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu para morar com
seu e nosso Pai. Joseph Smith, o profeta moderno, realmente viu
o Pai e o Filho no bosque sagrado e ouviu suas vozes ao
conversar com êles.
Há muitos outros pontos sôbre os quais estaríamoS de acôrdo
ao prestar nosso testemunho . Atributos como o amor, a miseri-
córdia, a bondade, o entendimento, a veracidade, a coragem, etc .,
possuídos por nós próprios, devem ser também atributos de Deus,
porque êle é nosso Pai . Porém, em' Deus êstes atributos são per-
feitos . Por conseguinte, podemos) ter fé e confiança absolutas ; nêle-
e em seu poder e desejo de salvar a todo aquêle que nêle confiar.
CONCLUSÃO
Com êste claro e nobre conceito de Deus, crendo que êle é
nosso Pai e Criador de tôdasi as coisas , é fácil compreender como-
e porque êle está interessado em tudo o que diz respeito a seus
filhos sôbre a terra . Ele não deseja que os homens sofram e que•
as nações estejam em guera . Os homens, e não Deus, são os res-
ponsáveis. Como já vimos, existia uma boa razão para que Deus
preparasse o plano do evangelho e n5-lei revelasse . Foi para que-
evitássemos os perigos e aflições da vida terrena . Quando os
homens e as nações não vivem de acôrdo com o evangelho, caem
em dificuldades e aflição, e miséria se lhes sobrevém.

DISCUSSÃO
1. Porque há tanta guerra e angástia no mundo atualmente?
2. Porque não haveria problemas entre as nações se toda
mundo observasse o princípio e as leis que se acham nos
primeiros dezessete versículos do capítulo vinte de Êxodo?
3. Porque é a crença em Deus a necessidade mais premente-
do mundo?
4. Se cremos que Deus é um ser pessoal, que evidências pode-
mos oferecer para apoiar esta crença?
5. O que representava a árvore de frutos agradáveis aos olhos,.
vista por Lehi?
6. O que representava a barra de ferro?
Lição VII
DEUS ENTRE OS HOMENS

UM PROBLEMA ATUAL

Na lição anterior falamos algo; sôbre o conceito que os Santos


dos¡ últimos Dias têm de Deus . Talvez, não haja nada de novos no
que dissemos. Já ouvimos estas coisas tantas vêzes que parecem
ser parte de nós mesmos . A maior partes de; nós nunca pensou em
pôr em dúvida estas verdades relacionadas a Deus.
As condições mudaram muito recentemente . Acabamos de
passar por uma grande guerra mundial . Nossos jovens bem cedo
ingressam no Exército, e muitos vãon ai diferentes( partes do
mundo. Um dêles fêz a seguinte pergunta : "Se Deus é um Deus
de amor, misericórdia e justiça, por que permite que Hitler,
Stalin e outros homens semelhantes tragam tão terrível desastre
sôbre todo o mundo? Seria muito mais fácil se êle os destruísse
e salvasse a vida de milhões de seus filhos ."
Em verdade 'este é um problema .que hoje em dia temos à
frente, porém, não é um problema novo . Desde os dias de Adão
se faz a mesma pergunta . Talvez as passagens seguintes nos
ajudem a compreender:

ACONTECIMENTOS DO PASSADO
João, o Revelador, disse o seguinte : "Houve peleja no céu.
Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão . Também pe-
léjaram o dragão (Satanás) e seus anjos ; todavia, não prevales-
ceram ; nem mais se achou no céu o lugar dêles ." (Apoc. 12,7-8).
O dragão (Satanás) e seu exército foram desterrados . Não
houve mais lugar no céu para êles, porque lutaram contra a li-
berdade, a mes na coisa que os ditadores procuram destruir.
Essa foi a primeira grande luta pela liberdade . Satanás, o pri-
meiro dragão, foi vencido e expulso . O mesmo tem acontecido
aos dragões modernos . Êles e suas fôrças malignas têm fra-
cassado.

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 37

Porém, temos que recordar que Deus permitiu que seus


filhos usem seu livre arbítrio . Ele tem deixado que escolhamos
o lado que desejamos defender — o da liberdade ou o da es-
cravidão. Teria sido muito fácil para Deus expulsar Satanás e
seus partidários do céu antes da batalha, evitando assim o con-
flito, mas não o fêz . Isso era precisamente o que Satanás queria
fazer : dominar pela fôrça . Deus permitiu que seus filhos termi-
nassem a luta . .Caso contrário, como poderiam seus filhos provar
sua lealdade, coragem e disposição para lutar pela justiça?
Deus lhes deu o plano do evangelho e lhes disse como pode-
riam evitar as contendas e aflições, porém não os abrigou a
aceitá-lo . Deixou-os em liberdade para resolver seu próprio pro-
blema e quase dois têrços de todos os espíritos do céu foram
fiéis. As condicões atuais são muito parecidas . 0 plano de salva-
ção, de liberdade perfeita, está no mundo desde há vários sé-
culos . Jesus veio ensinar-nos a observá-lo e evitar as guerras e
o derramamento de sangue . A observlância de umas quantas
regras comparativamente simples eliminaria a maior parte da
miséria e dos sofrimentos do mundo nestes dias . Não há dúvida
que Deus tem poder para acabar com todos os ditadores e go-
vêrnos que querem existir pela fôrça . Porém, não. o faz para
cumprir seus sábios fins . Como na segunda grande guerra mun-
dial, Êle permite que seus filhos resolvam seus próprios proble-
mas. Êle nos ajudará, à proporção que com Êle cooperemos, mas
temos que fazer um esfôrço decisivo.
Consideremos agora sòmente um exemplo tirado das expe-
riências dos israelitas . Todos eles tomaram parte naquela grande
batalha realizada no céu . Ganharam o direito de vir à terra, mas
isso'., não pôs fim a seus conflitos . Havia novas condições na terra
e novos e diferentes problemas a resolver . Entretanto, Deus está
aqui, assim como esteve no mundo espiritual, pronto para ajudar
quando lhe pedimos ajuda.
Abraão foi realmente o pai dessa grande nação . O Senhor
chamou-o da Caldéia à terra de Canaã . Êle foi fiel em tôdas as
coisas até o fim de seus dias . Grandes bênçãos resultantes de
sua fidelidade, lhe foram dadas enquanto viveu ; foi-lhe prome-
tido .que tôdas as nações do mundo seriam benditas através de
seus descendentes . Isaque, seu filho, foi um homem muito bom.
Pena que não temos tantos detalhes de sua vida . Jacó foi filho
,de Isaque e irmão gêmeo de Esaú.
Possivelmente Jacó cometeu êrros durante sua vida (todos nós
o fazemos), mas teve fé, foi corajoso e leal . Foi em verdade um
descendente digno de Abraão e muito se parecia a êle. Venceu

38 P.RTN,OIPIOS . OPERANTES DA ÏGREJA RESTAURADA

Satanás e destruiu os ídolos que encontrou entre seu povo . Sua


família foi numerosa, constituída de doze filhos e pelo menos
uma filha . Por causa de sua fé e coragem o Senhor mudou seu
nome para Israel, que quer dizer aquêle que domina ou preva-
lece . Seus filhos vieram a ser chefes de família e mais tarde
pais de tribos . Essas, tribos são conhecidas por tribos de Israel,
porque descendem de Jacó, posteriormente chamado Israel.
Nem todos os filhos de Jacó foram tão fiéis como seu pai.
Uns foram ciumentos e invejosos . Venderam seu irmão menor,
José, como escravo. Porém, José, semelhantemente a Jacó e
Abraão, teve fé em Deus e em suas promessas e foi fiel até o
fim de seus dias . Foi través dêle que seu pai e irmãos transla-
daram-se de Canaã para o Egito, onde 'estes se arrependeram do
mal que lhe haviam feito.
Os israelitas tornaram-se escravos dos egípcios depois da
morte de José, mas no final isto veio a resultar em algo bom.
Ales não se casaram com os egípcios ; mantiveram-se isolados e
chegaram a ser um povo numeroso . Canaã, a terra que havia
sido dada a Abraão e seus descendentes, era o seu verdadeiro
lar. Além disso, o Senhor havia dito a Abraão que seus descen-
dentes seriam escravos noutra terra e que ao fim voltariam a
seu próprio pais.
Quatrocentos anos se passaram e chegou o tempo, em que
as tribos de Israel deviam voltar a Canaã, de acôrdo com a pro-
messa do Senhor a Abraão . Os israelitas formavam agora uma
grande nação . Na angústia de sua escravidão êles clamaram ao
Senhor para que os ajudasse. Por fim Moisés foi enviado para
ajudar-lhes . Êles prometeram guardar os mandamentos do
Senhor e seguir Moisés e Aarão, seus líderes . Está é a parte mais
interessante de nosso relato.
Do Egito à terra de Canaã nãO há mais do que 400 quilôme-
tros . Por meio de Moisés o Senhor lhes revelou o sacerdócio e
o plano do evangelho . Milagrosamente tirou Israel do Egito, vindo
os israelitas então a principiar uma viagem que comumente
não haveria de durar mais do que algumas semanas.
Porém, porque o Senhor não conduziu os israelitas direta-
mente a Canaã? Êle havia prometido a Abraão que faria com
que êles regressassem a essa terra prometida . Não há dúvida de
que êle tinha poder para levá-los imediatamente, mas não o fêz.
Por quarenta anos ficaram no deserto, vagando para lá' e para cá,
antes de poderem, entrar na . terra de Canaã . Todo aquêle que, ao
sair do Egito, tinha mais de vinte anos morreu no deserto e uma
nova geração terminou a jornada .

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGR!EIJA RESTAURADA 39

Uma vez mais o Senhor deu ao povo liberdade de resolver


seus próprios problemas . Falou com Moisés e através dêle ensi-
nou-lhes onde poderiam encontrar alimento e água . De dia os
guiava por meio de uma nuvem e de noite por meio de uma
coluna de fogo. Apesar de tudo ;isto, mais de seiscentas mil
pessoas morreram no caminho . Tanto sofrimento e pesar para um
caminho tão curto! A maior parte dêsse sofrimento poderia ter
sido evitada, não fôsse a rebelião de alguns lideres iníqüos . Ca-
dáveres e derramamento de sangue deixaram marcas pelo ca-
minho por onde viajaram os israelitas no deserto . 0 Senhor lhes
deu conselhos, guiou-os e admoestou-os, mas concedeu-lhes li-
berdade para fazerem o que bem entendessem.

DEUS ATUALMENTE ESTA' NO MUNDO


Como vamos responder a pergunta do jovem soldado? Es-
tará Deus no mundo, na época atual? Se está, porque não muda
os corações dos governantes iníqüos ou tira-os do mundo? O
certo ,é que êle poderia tirar 'estes homens iníqüos, o que no
devido tempo acontecerá, mas isto é também um problema nosso
e Deus sàbiamente nos dá a oportunidade de cooperar com Êle,
a fim de vencer as fôrças do mal e estabelecer paz na terra . e a
boa vontade para com os homens.
Durante dois mil anos a Bíblia, que contém a palavra de
Deus, dá instruções precisas quanto à maneira de evitar a guerra
e o derramamento de sangue e nos ;ensina a viver em
paz com todos os homens, tem circulado entre os povos do mundo.
O povo da Europa possui as verdades da Bíblia em ; seus pró-
prios idiomas pelo menos desde há quatrocentos anos . ]Eles têm
a palavra de Deus e seu poder tem estado, com êles para ajudá-
los quando estiverem prontos para aceitá-lo.
Em anos mais recentes a Bíblia foi traduzida a todos os
idiomas modernos . Tôdas 'as nações, tribos, línguas ;e povos
possuem suas verdades ao alcance das mãos . Há pouco mais de
cem anos tanto o Pai como o Filho de novo visitaram a terra
pessoalmenTe e restauraram o evangelho e o sacerdócio . Desde
êsse tempo em diante missionários foram enviados com êsse
mesmo sacerdócio a quase tôdas as nações do mundo para
chamar os povos ao arrependimento, a fim de que aceitem o
evangelho e evitem as guerras, juízos e calamidades que, de
outra maneira, cairão sôbre êles.
O que mais poderia Deus fazer? Todo pai amante e bon-
doso trata de poupar seus filhos da angústia e aflição . Porem, a
coisa que pai algum pode fazer é privar seu filho do direito de

40 PRDNOIPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

escolher por si mesmo . Êle poderá aconselhar, dirigir e ajudar,


mas não pode forçar a mente humana . Assim, todos os, filhos,
sejam de Deus ou do homem, devem ser responsáveis por
seus atos.

NÃO MAIS HAVERA' GUERRAS E CRISTO REINARA'


SOBRE A TERRA

Os homens iníqüos não podem destruir os planos de Deus.


Por causa da maldade tal progresso poderá ser atrasado, como
sucedeu aos israelitas . O Senhor havia prometido que haveria
de levá-los a Canaã . Com muito gôsto tê-los-ia levado a seu
destino em poucas semanas, evitando-lhes sofrimentos incontá-
veis; mas o povo não quis . Vagou e sofreu por quarenta anos
no deserto . Buscaram a maneira mais difícil de chegar, mas a
promessa foi cumprida.
Em nossa época atual também estamos resolvendo nossos
problemas pelo modo mais difícil . As seguintes passagens das
Escrituras nos mostram que haverá paz duradoura e que Cristo
reinará sôbre a terra . Isto talvez já pudesse ter acontecido cem
anos atrás ; pode acontecer hoje mesmo . Devido à iniqüidade e
desprêzo pelos mandamentos do Senhor, estamos retardando
êsse bendito acontecimento . Porém, não podemos impedi-lo ; sua
vinda é inevitável.
"ÊIe segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Sa-
tanás, e o prendeu por mil anos ; lançou-o no abismo,','fe,-
chou-o . . . para que não mais enganasse as nações . . ." (Apoc.
20 :1-7) . "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu
Cristo, e êle reinará pelos séculos dos séculos." (Apoc. 11 :15).
"Pois dos céus eu me revelarei com poder e grande gló-
ria . . . e em justiça habitarei com os homens na terra por mil
anos, e os iníqüos não permanecerão ." (Doutr . e ,Conv. 29 :11).
"E ràpidamente chegará o tempo em que o Senhor Deus fará
uma grande divisão entre o povo e destruirá os malvados . . . E
então o lobo morará com o cordeiro ; e o leopardo se deitará com
o cabrito ; e o bezerro e o filho do leão e a ovelha viverão juntos,
e um menina os guiará. Não se fará mal nem dano algum em
todo o Meu santo monte . . ." (II N,efi 34 :10-1$).
"E êle exercerá o seu juízo sôbre as gentes, repreenderá a
muitos povos ; e êstes converterão as suas espadas em enxadões e
as suas lanças em foices ; não levantará espada nação contra
nação, nem aprenderão mais a guerrear ." (Isaias 2 :4).
Fica pois claro, que Deus está entre as nações nestes dias
como sempre tem, estado e estará, por tôda a eternidade . ÊIe nos

PR:INCÍP1OS O'PERANT'ES DA IGRiEIJA RESTAURADA 41

disse o que devemos fazer e como devemos fazê-lo ; mas deixa-


nos em liberdade para resolver nossos problemas.
DISCUSSÃO
1. Quem é o responsável pelas guerras do mundo?
2. O homem certamente sabe que a guerra é destrutiva . Assim
sendo, porque persiste em continuar guerreando?
3. Porque há guerras entre as nações?
4. Deus tem poder para fazer parar as guerras . Será que deve
fazê-lo? Porque?
5. O que motivou a guerra que houve nos céus? Quem foram os
lideres? Como terminou?
6. Repassar os acontecimentos principais ocasionados no tempo
de Abraão até Moisés.
7. Porque passou Israel quarenta anos no deserto quando podia
havê-lo atravessado em poucas semanas?
8. Segundo Isaias, quais as condições que finalmente prevales-
cerão sôbre a terra?
9. De que forma Deus nos está ajudando em nossos problemas
atuais?
Lição VIII

CONHECER A DEUS

A IMPORTÂNCIA DE CONHECER A DEUS

"E esta é a vida eterna -- disse João — que te conheçam a


ti só como Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste ."
Se nossa vida eterna depende disto, é muito importante que co-
nheçamos ,ia Deus . A vida eterna não é inteiramente futura;
também , inclue o passado e o presente . Podemos dizer que es-
tamos em meio dela . E' como ontem, hoje e amanhã ; estamos
vivendo hoje. 'Conhecemos a Deus pelo que foi ontem, porque é
nosso Pai e estivemos com êle . Aoi nascer, ou seja, na alvorada
do. que é hoje, esquecemo-nos de ontem e já não podemos recor-
dar nossa associação com o Pai . Porém, como já estudamos, êle
está no mundo hoje, e se tão sòmente tomarmos, tempo para pro-
curá-lo o encontraremos . Nossa felicidade nesta vida e na vida
vindoura depende de nosso conhecimento de Deus e dei seu Filho
e de nossa relação com êle . E' importante, pois, que conheçamos
a Deus.

O QUE SIGNIFICA CONHECER A DEUS


Há uma diferença muito grande entre conhecer a Deus e
conhecer os detalhes relacionados a sua pessoa . Por exemplo,
tenho um amigo que não conhecia o canal do Panamá.
— No entanto — dizia meu amigo — eu sabia algo sare o
canal . Havia estudado na escola e havia visto algumas fotogra-
fias. Mais tarde ouvi e li as descrições de muitos viajantes e
outros que haviam explorado a zona . Porém, apesar destas ex-
periências eu não podia dizer que conhecia o canal do Pa-
namá . Eu tinha conhecimentos a respeito . Não tinha dúvida de
sua existência, Çmas isto de forma alguma influia em minha
vida.
— Há de fazer uns dois anos — seguiu dizendo meu amigo —
que tive a oportunidade de visitar o canal . Passei ali vários

PRINCíPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 43

dias examinando-o sob diferentes pontos . O que vi muito me


impressionou . Era mais admirável do que eu havia imaginado.
Não obstante tôdas as minhas observações, ainda assim não
fiquei conhecendo o canal tão bem quanto outros que ali esti-
veram por muitos anos e se familiarizaram intimamente com
todos os detalhes da maquinaria, o movimento das águas e outros
mil e um detalhes . Êstes sim, conhecem o canal . A majestade e
maravilha de sua construção chegou a ser parte de sua exis-
tência, de seu ser.
Isto é o que significa conhecer a Deus . Podemos chegar a
aprender centenas de coisas sôbre êle e, ainda assim, essas infor-
mações podem não influenciar nossas vidas. Conhecer a Deus é
mais do que acumular informações a seu respeito, embora elas
também nos ajudem . Conhecer a Deus é sentir seu poder e sua
influência dia após dia, mês após mês, ano após ano, para que
possamos dizer como Paulo : "Nêle vivemos, nos movemos e
existimos ." (Atos 17 :28).
Aquêles que obtiveram êste tipo de conhecimento de Deus co-
rajosa e destemidamente, em tôdas as épocas, enfrentaram tôdas
as condições de vida . Foram arrojados ao mar, em profundas
fossas, fôrnos incandescentes e jaulas de leões . Prazerosamente
escalaram montanhas, percorreram planícies e cruzaram mares,
a fim de propagarem a verdade, porque Deus estava consigo.
Nossas próprias vidas diárias podem ser enriquecidas da mesma
forma . Conhecer a Deus é o que há de mais importante em
nossas vidas.
ONDE PODEMOS ACHAR DEUS
"Se subir ao céu, tu aí ;estás — disse o rei Davi — se fizer
no Sol a minha cama, eis que tu ali estás também . Se tomar
as asas da alva, se habitar nas extremidades(' do mar, até ali atua
mão me guiará e a tua destra me susterá ." (Salmos 139 :7-9).
"Sou eu apenas Deus/ de perto,; dizl ol Senhor, e não também Deus
de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que
eu não o veja?" (Jer. 23 :23-24) . "Deus fêz o mundo e tudo o que
nêle existe . . . Para buscarem a Deus se, porventura, tacteando o
possam achar, apesar de que não está longe de cada um de nós ."
(Atos 17 :24-27).
Deus é o Criador dêste mundo, e aqui podemos achá-lo ; a
qualquer . tempo e em qualquer parte . Falou com Adão no Éden;
falou com Abraão, e Jacó no deserto ; esteve com José, Paülo,
Pedro e Joseph Smith quando êstes se encontravam aprisiona-

' 44 PRn CC PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

dos ; livrou Jonas, Paulo, Nefi e John Taylor de tempestades.


Moisés, Elias e o irmão de Jared acharam-no nos cumes das mon-
tanhas. Martin Lutero o encontrou numa terrível tormenta, e Jo-
seph Smith o viu face a face na tranqüilidade e solidão de um
bosque . Sómente em centros de vício e iniqüidade dificilmente
esperaríamos encontrá-lo.
COMO PODEMOS ENCONTRAR A DEUS
"Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarrega-
dos— foi o convite de Jesus — e eu vos aliviarei . Tomai sôbre
vós o meu jugo, e aprendei de mim . . . ei achareis descanso para
as vossas almas ." (Mateus 11 :28-29) . "Se alguém quiser fazer
a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de
Deus ou se eu falo por mim mesmo ." (João 7 :17).
Dois pontos importantes são expressos nas citações anterio-
res . O primeiro é que Deus nos convida, mas nós temos que ir a
Éle. De algum modo, o princípio desta experiência religiosa é
um desejo ; uma, necessidade de ajuda ou consolação divina, nas-
cida no fundo da alma ; uma convicção de quea Deus, pode socor-
rer-nos e que certamente o fará . 0 segundo é que deve haver
um desejo de nossa parte, desejo de cooperar, cumprindo sua
vontade . Citaremos alguns exemplos de várias épocas da história
de Israel.
A narração de Jacó é sempre incluída em qualquer coleção
de histórias da Bíblia, mas nunca deixa de ser interessante.
Alguns escritores dão mais ênfase às suas fraquezas do que às
suas virtudes . Nós podemos estar certos disto : êle acreditava em
Deus e estava fugindo da ira de seu irmão Esaú. Comprido e
cansativa foi o caminha de Bersabe, o lugar onde vivia, a Betel,
onde passou a noite . Estava cansado e afligido . Seu pais lhe havia
prometido as bênçãos de Abraão, entre elas uma posteridade
numerosa e a possessão da terra de Canaã, mas, naquele mo-
mento, êle estava fugindo da terra que deveria ser sua, talvez
para não mais voltar . Por outra parte, sua família e amigos,
tôdas as. pessoas que conhecia no mundo, ficavam para trás.
Sentiu uma grande necessidade de ajuda divina, e provàvelmente
adormeceu pedindo-a.
Ali no deserto, recostado a um apedra que lhe serviu de
travesseiro, recebeu uma grandiosa manifestação religiosa . Viu
uma escada que chegava até o céu e pela qual anjos subiam e
desciam . Deus estava no tôpo da escada e aclarou os problemas
que afligiam sua alma com as seguintes palavras :

PRQNCfP'IOe OPERANTES DA . IPGREIJA RESTAURADA 45

"Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão . . . esta terra, em que


estás deitado, ta darei a ti e a tua semente : E a tua semente
será como o pó da terra . . . e em ti e na tua semente serão ben-
ditas tôdas as famílias da terra ." (Gên. 28 :13-14).
Jacó verdadeiramente descobriu a Deus enquanto se achava
só em Betel . Como resultado desta grande manifestação, êle pro-
meteu algo a si mesmo. Jurou ali mesmo que se Deus o acompa-
nhasse e fizesse voltar a êsse país, não teria outro deus a não ser
o Deus de Abraão. Vinte anos mais tarde novamente viu a Deus
ao cruzar o rio Jordão, não muito longe de Betel ; renovou seu
convênio e Deus mudou seu nome, Jacó, para Israel . (Gênesis,.
caps. 28-33).
Poucos são os detalhes que temos das experiências de José,
quando encarcerado no Egito . Êle passou pelo menos dois anos
encarcerado em terra estranha . Podemos estar certos de que em
mais de uma ocasião. chorou de saudades de casa e implorou
ajuda, assim como Joseph Smith o fêz quando se encontrava na
prisão de Liberty, em 1839 . Teve por resposta uma grande mani-
festação religiosa . Êle teve fé no Deus de seus pais e Deus recom-
pensou-o com uma revelação de tudo o alie aconteceria no Egito
durante os• quatorze anos seguintes . Faraó havia tido dois sonhos
muito estranhos ; ao pedir a José que os interpretasse, êste disse:
"Isso não está em mim ; Deus dará resposta de paz a Faraó ."
(Gên., caps . 39-41).
Moisés também teve seus problemas . Fazia quarenta anos.
que se havia separado de seu povo, os filhos de Israel que esta-
vam no Egito . Ao dêles se apartar os havia deixado como escra-
vos, recebendo tratamento equivalente ao dado a animais. Moisés
amava seu povo e sabia que o Senhor havia prometido que algum
dia êle haveria de voltar a seu país, em ,Canaã. Nessa ocasião
Moisés estava cuidando das ovelhas de seu sogro, no deserto de
Sinai. Seus pensamentos constantemente se voltavam àqueles que
estavam sofrendo no Egito, até que certo dia recebeu uma impor-
tante manifestação religiosa ao pé do monte Sinai.
Viu uma sarça em chamas, algo que freqüentemente aconte-
cia, devido ao calor do deserto . O extraordinário era que o fogo
não a consumia. Êle se aproximou para observá-la mais de perto
e ouviu uma voz que falava das chamas : "Moisés, Moisés . . ..
Não te chegues para cá ; tira os; teus sapatos de teus pés; porque
o lugar em que tu estás é terra santa ." (Êxodo 3 :4-5) .
Foi assim que Moisés encontrou a Deus no deserto de Sinai
e ouviu sua voz, vinda da . sarça ardente . Foi nesta ocasião que
Moisés foi chamado para tirar as tribos de sua escravidão no.

96 P.RLNOI.PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Egito e levá-las outra vez à sua terra em Canaã . Desde êsse dia
até o fim de sua vida mortal, Moisés jamais deixou de cumprir
suas responsabilidades para com seu povo e seu Deus.
Saulo de Tarso era um judeu jovem e ciumento . Sua lealdade
para com os judeus e suas tradições foram a causa de sua per-
seguição aos cristãos, depois da morte de Cristo . Tão vigorosa
foi a perseguição que muitos cristãos inocentes morreram . No
,entanto, Saulo não era um homem! iniqüo . Êle procurava destruir
o cristianismo a fim de fazer com que a religião judáaica, a qual
de todo coração acreditava ser verdadeira, properasse.
Certo dia, ao dirigir-se a Damasco para continuar sua obra
devastadora, "subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor.
E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia : Saulo, Saulo,
por que me persegues?" (Atos 9 :3-4) . Era a voz de Jesus, aquêle
que recentemente havia morrido sabre a cruz . Saulo ficou cego
e foi levado a Damasco, onde, mediante o poder do sacerdócio,
recebeu de nova sua visão . Foi uma terrível, porém gloriosa ex-
periência religiosa ; Saulo, agora Paulo o apóstolo, passou o resto
',de seus dias predicando o evangelho da paz . Por fim foi decapi-
tado por ordem de Nero, imperador de Roma.
Em 1820 Joseph Smith, um menino de apenas quinze anos,
encontrava-se sumamente perturbado por causa das religiões
existentes. Havia muitas seitas e denominações com doutrinas
opostas . Os ministros discutiam e disputavam a verdade . Isso
tudo confundia o jovem . Êle acreditava que uma de tôdas aquelas
Igrejas era a verdadeira, mas, como poderia saber qual? Até
mesmo os membros de sua família tinham idéias diferentes . Êle
procurou resposta na Bíblia . Não encontrou a resposta, mas achou
a forma de obtê-la : "Se algum de vós tem falta de sabedoria,
?peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em
rosto, e ser-lhe-á dada ." (Tiago 1 :5).
Ao chegar a um bosque próximo José pôs à prova tal pro-
messa . Temos por resultado uma das mais grandiosas experiên-
cias religiosas de qualquer época. Tanto o Pai como o Filho lhe
apareceram, dando-lhe instruções relativas a seus problemas e
à parte que viria a desempenhar na restauração do evangelho
verdadeiro na terra . Desde êsse dia até morrer, bastante jovem
todavia, êle dedicou todo seu tempo e energias à restauração . do
sacerdócio e da Igreja de Jesus Cristo sôbre a terra.
Poderíamos encher várias páginas com experiências como as
-anteriores, mas não podemos devotar-lhes mais espaço . As que
já foram citadas bastam para mostrar que Deus está perto e que
mão faz exceção de pessoa. Todos os que desejam podem encon-

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGRJEJA RESTAURADA 4"7

trá-lo. Nem tôdas as experiências religiosas são tão imponentes


como as citadas. As visões e manifestações milagrosas não são
necessárias para que tenhamos um testemunho vivo de que Deus
existe realmente . Milhares de pessoas têm tal testemunho, sem
jamais haver visto qualquer manifestação grandiosa do poder
de Deus.
Elias estava no monte Horeb . Soprou um grande e poderoso
vento que rompia montes e arrancava árvores, mas Deus não
estava no vento . Depois do vento surgiu um terremoto e a seguir
chamas completaram a destruição, mas Deus não estava em
nenhuma destas manifestações . Para Elias nenhuma destas ma-
nifestações de poder representava Deus.
Depois destas coisas se ouviu uni silvo pacificador e doce, e
uma vez que o consolou e lhe disse o que devia fazer, quando
Elias ouviu tal voz, cobriu seu rosto com o manto, porque sabia
que estava na presença do Senhor . Cada um de nós pode sentir
ou ouvir o sussurro dessa vòzinha silente e estremecer ao sentir
o espírito que a acompanha.
O Irmão X havia-se convertido . Durante tôda a vida êle havia
tomado café, bebidas alcoólicas e fumado. Certo dia ouviu os
missionários pregarem e explicarem o evangelho, quer lhe pareceu
razoável . Imediatamente deixou de fumar e de beber café e licor.
Isto quase o arruinou fisicamente . Durante algumas semanas
sentiu tormentos terríveis, tanto durante o dia como durante a
noite. No entanto, finalmente sentiu que tinha fôrça necessária
para receber o batismo ; porém, pouco depois voltou a sentir os
mesmos tormentos. Desesperado, mudou-se para outro lugar onde
havia mais membros da Igreja, crendo que ao associar-se com
êles haveria de sentir-se melhor, Isto tampouco produziu o re-
sultado desejado . Seguiu sofrendo, rogando e orando.
Um dia, enquanto andava pela rua, repentinamente descobriu
que o olor do tabaco fazia com que êle sentisse enjoos . Já não
podia suportá-lo . Logo deu-se conta de que o café e as bebidas
já não chamavam sua atenção . Éle havia ganhado a batalha e
estava livre da maldição que, por tanto tempo, o havia atormen-
tado. Porém, o móis importante foi que durante êsse tempo per-
cebeu uma vòzinha suave que administrava consolo e repouso
a sua alma e deu-lhe a ¡entender que estava na presença do
Senhor.
De forma, que podemos encontrar a Deus em qualquer parte
e a qualquer tempo, se tão sòmente fazemos o esfôrço e tomamos
tempo para encontrá-lo.

-48 PRINCUP'IOS -OPERANTES DA IGREiJA RESTAURADA

DISCUSSÃO
1. Leiam-se outra vez as palavras de João, concernentes à im-
portância de se conhecer a Deus . Explique-se o significado
dessas palavras.
2. Quando podemos dizer que verdadeiramente sabemos ou co-
nhecemos certa coisa?
3. Pôde o turista verdadeiramente conhecer o canal do Panamá?
Porque?
4. Onde está Deus?
5. Onde não devemos esperar vir a encontrar a influência de
Deus?
6. Como foi que Jacó, Moisés, Paulo e Joseph Smith conheceram
a Deus?
7. Precisamos de um milagre para conhecermos a Deus? Como
se pode demonstrar isto?
8. Como podemos chegar a conhecer a Deus?
Lição IX
QUEM E' JESUS?

Parece quase desnecessário falar sôbre quem foi e é Jesus,


porque já o sabemos . Durante tôda nossa vida temos estado
aprendendo coisas a seu respeito . E' o filho de Maria, nascido
em Belém . E' nosso Redentor . Foi crucificado, depositado num
sepulcro e ressuscitou da morte à vida . Sabemos tudo isto e
muito mais. Não obstante, uma breve revisão será benéfica e nos
ajudará a gravar em nossas mentes os acontecimentos principais
de sua vida.
Quando Jesus foi batizado por João, a voz de Deus falou dos
céus dizendo : "Êste é meu filho amado, no qual me comprazo ."
Quando Cristo perguntou a seus discípulos : "E vós, quem dizeis
que eu sou?" Pedro respondeu : "Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo." (Mateus 16 :16) . "Êste será grande — disse Lucas — e será
chamado Filho do Altíssimo ." (Lucas 1 :32) . "Porque de tal ma-
neira amou Deus ao mundo, que deu seu Filho Unigênito para
que todo aquêle que nêle crê não pereça, mas tenha vida eterna ."
(João 3 :16).
Durante a última ceia Jesus expressou o seguinte : "Sai do
Pai e vim ao mundo ; de novo deixo o mundo e vou para o Pai ."
(João 16 :28) . Em sua oração, no jardim, êle disse : "E agora,
glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto
de ti, antes que houvesse mundo ." (João 17 :5) . Estas e muitas
outras referências mostram que Jesus foi o primogênito dos filhos
espirituais de nosso Pai e seu unigênito na terra.
Isto talvez, nos confunda um pouco . No entanto, não é difícil
de entender. Jesus é o mais velho de todos os filhos de Deus —
o primogênito, ou seja, o que nasceu primeiro . Esteve no princí-
pio com o Pai . Foi um Deus, um Criador, antes de vir à terra.
Foi e é um membro da Trindade, que se compõe de Deus, o Pai
Eterno ; Jesus Cristo, seu Filho ; e o Espírito Santo. Isto está ple-
namente esclarecido.
Sob a; direção do Pai e com Êle cooperando, Jesus criou êste
mundo, para que fôsse nossa morada . João disse assim : "Tôdas

50 PRTNOÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

as coisas foram por êle feitas ; e sem êle nada do que existe foi
feito ." (João 1 :3).
Antes que fôsse criada a terra houve uni grande conselho no
mundo espiritual e "havia entre êles um que era semelhante a
Deus, e disse àqueles que se achavam com êle : Desceremos, pois
há espaço lá, e tomaremos dêstes materiais e faremos uma terra
onde êstes possam morar ." (Abraão 3 :24).
Me foi Jeová, o Deus do Velho Testamento (Êxodo 6 :3), e
apareceu ao irmão de Jared (Éter 3), a Abraão, a Jacó e a Moisés.
Deu os Dez Mandamentos aos Filhos de Israel no monte Sinai.
Estas coisas encontram-se claramente indicadas nas Escrituras
antigas e modernas.
JESUS E' NOSSO IRMÃO MAIS VELHO
Nós também somos filhos de Deus . Deus é o Pai de nossos
espíritos . Jesus, pois, deve ser nosso irmão mais velho . Que sa-
tisfação e alegria poder afirmar tal coisa! Entre outras instru-
ções que deu a seus apóstolos, nosso Senhor disse : "Assim ora-
reis : Pai nosso que estás nos céus ." A Maria, aquela que orava
junto de sua tumba, êle disse : "Vai a meus irmãos e diz-lhes:
Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus ."
(João 20 :17).
Vemos, em nossas vidas, que ser irmão mais velho encerra
uma grande responsabilidade . Os irmãos menores o têm por
ideal e seguem o exemplos de ; suas ações, sejam elas boas ou más.
Jesus deseja que o sigamos . Com muito cuidado nos deu o bom
exemplo e nos convida a seguir seus passos : "Eu sou o caminho,
e a verdade, e a vida ; ninguém vem ao Pai senão por mim.
(João 14 :6).

JESUS E' O TEMA CENTRAL DE TODOS OS ESCRITOS


SAGRADOS

Jesus e suas relações para conosco foram o tema principal


dos autores das Sagradas Escrituras, tanto antes como depois de
seu nascimento. Até mesmo o tempo é calculado de acôrdo com
seu nascimento, pois dizemos : Antes ou Depois de Cristo.
Êle foi escolhido e preordenado para que fôsse nosso Reden-
tor, antes do mundo ser criado . (Ver Moisés 4 :1-4) . O costume
de oferecer sacrifícios, existente entre os antigos israelitas, ori-
ginou-se devido ao conceito de que Cristo haveria de sacrificar .
sua vida pelos. pecados do' mundo . Um, anjo disse a Adão : "Isto é

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 51'

à semelhança do sacrifício do Unigênito der Pai, cheio de graça


e verdade." (Moisés 5 :7).
O batismo, um princípio do evangelho que foi apresentador
desde o princípio do mundo, é um símbolo adequado da morte
sepultamento e ressurreição de Cristo, "porque somos sepultados
— escreveu Paulo — juntamente com êle na morte pelo batismo;
para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também, andemos nós em novidade de vida .'"
(Romanos 6 :4).
Todos os povos do Livro de Mórmon tinham conhecimento .
da existência de Jesus e esperavam o tempo em que êle haveria
de vir ao mundo . ele falou com o irmão de Jared mais de dois
mil anos antes de seu nascimento . Apareceu ao irmão de Jared
com seu corpo espiritual e lhe disse : "Eis que sou aquêle que
foi preparado desde a fundação do mundo para, remir meu povo ..
Eis que sou Jesus Cristo ." (Éter 3 :14).
Nefi, numa formosa visão, viu Jesus 600 anos antes de seu
nascimento. Viu Maria e chamou-a pelo nome . Primeiramente viu
Jesus quando infante, nos braços de Maria . Viu-o exercer seu mi-
nistério entre o povo em companhia de seus discípulos, ser cru-
cificado pelos pecados do mundo, ressuscitado dentre os mortos
e, finalmente, ascender ao céu . Todos os povos do Livro de
Mórmon sabiam que' . . êle viria e esperavam pela sua vinda.
Samuel, o profeta lamanita, até mesmo declarou o tempo preciso
de sua vinda e anunciou os sinais que seriam vistos durante o-
tempo de seu nascimento e morte . (Nefi, caps. 11-13 ; Helainã,.
capítulos 14-15).
No Velho Testamento encontramos inúmeras profecias refe-
rentes à vinda de Cristo . Algumas delas citam certos episódios
de sua vida, e o Novo Testamento dá testemunho de seu cum-
primento séculos depois.
Como souberam êsses antigos profetas sôbre Jesus, sare o-
tempo, lugar e porque de seu nascimento? Porque Jesus é o ser-
mais importante que já viveu ou jamais viverá sôbre a terra ..
:Ele criou a terra( e redimirá todos os' que a habitam, se permitir-
mos que o faça.
Deus, desde o princípio, revelou detalhadamente a seus pro-
fetas a vida e missão de seu Filho Unigênito . A maior parte dos
detalhes foram perdidos, mas ainda resta o suficiente para de-
monstrar que os israelitas tinham um conhecimento seguro a.
êsse .respeito . Aqui estão algumas referências selecionadas das
muitas existentes :
Setecentos anos antes de Cristo, Isaias disse : "Eis que uma

s2 PRIINC6PIOiS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome


Emanuel . . . Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eterni-
dade, Príncipe da paz ." (Isaías 7 :14 ; 9 :6) . Mateus, o evangelista,
cita a profecia de Isaías e relata a forma com que Maria, uma
virgem, deu à, luz um filho, cumprindo assim a profecia referida.
(Ver Mateus 1 :23).
Isaías dedicou um capítulo inteiro à vida de Cristo : "Era
desprezado, e o mais indigna entre os homens, homem de dôres,
e experimentado nos trabalhos ." (Isaías 53) . E Mateus disse :
" . . .cuspindo nêle, tomaram o caniço, e davam-lhe com êle na
cabeça . Depois de o terem escarnecido . . . o levaram para ser
crucificado." (Mateus 27 :30-31).
"Verdadeiramente êle tomou sôbre si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sôbre si . . . foi ferido pelas nossas trans-
gressões . . . e pelas suas pisaduras fomos sarados ." (Isaías 53 :4-5)
Mateus cita esta profecia (Mateus 8 :17) e diz que foi cumprida
pelos feitos de Jesus ; Pedro declara que Jesus carregou em seu
corpo, sôbre o madeiro, os nossos pecados e que por suas chagas
fomos sarados . (I Pedro 2 :24).
"E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o, rico na
sua morte ." (Isaias 53 :9) . Jesus foi crucificado entre dois ladrões.
Depois de sua morte um homem . rico, José dá Arimatéia, havendo
recebido permissão de Pilatos, sepultou-o num sepulcro novo.
(Mateus 27 :30-40).
O rei Davi, aproximadamente mil anos antes de Cristo, re-
ferindo-se à morte de Jesus, disse : " . . .o ajuntamento de mal-
feitores me cercou, transpassaram-me as mãos e os pés . Poderia
contar todos os meus . ossos : êles vêem e me contemplam . Repar-
tem entre si os meus vestidos, e lançam sortes sôbre a minha
túnica." (Salmos 22 :16-18).
Mateus, Lucas e João nos relatam como foi que cravaram
suas mãos e seus pés sôbre a cruz, e que os romanos realmente
lançaram sorte para ver quem ficava com` a roupa de Jesus . (Ver
Mateus 27 ; Lucas 23 ; João 19-20).
Miquéias assinala o lugar onde Jesus haveria de nascer . "E
tu, Belém Efrata, pôsto que pequena entre milhares de Judá, de
ti me sairá a que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde
os tempos antigos, desde os dias da eternidade ." (Miquéias 5 :2).
Quando os magos do oriente procuravam por Jesus, perguntaram
à Herodes onde havia êle nascido . Herodes não sabia ; chamou os
sacerdotes e êstes citaram a profecia de Miquéias . Os reis magos
seguiram sua viagem até Belém e ali encontraram Maria e o Me-
nino Jesus. (Mateus 2 :1-40) .

P+RINCENO6 OPERANTES DA PGRIEIJA RESTAURADA 53

Na noite em que os filhos de Israel sairain, de sua escravidão


no Egito, mandou-se-lhes que preparassem e comessem a festa
da Páscoa . Isto não foi mais que uma profecia simbólica do sa-
crifício que Cristo haveria de fazer para salvar o mundo . Fixe-
mo-nos nos detalhes que representam de forma tão bela Jesus e
o objetivo da expiação.
Os israelitas deviam selecionar um cordeiro, o primeiro nas-
cido durante o ano e sem á menor defeito. Ao matar o cordeiro
não deveriam quebrar nenhum de seus ossos ; deveriam tomar do
sangue, e pô-lo em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas
casas em que o comeram, como sinal ao anjo destruidor de que
todos os dessas casas haviam sido livrados da morte . (Ver
Êxodo, cap . 12).
Nas Sagradas Escrituras são feitas várias referências a Jesus
como o Cordeiro de Deus . Ele é o único dos . filhos de Deus que é
perfeito — sem mancha ou defeito . Costumava-se quebrar os
ossos das pernas daqueles que eram crucificados, a fim de as-
segurar a morte . Na crucificação do Senhor os judeus quebraram
as pernas dos dois ladrões, mas não fizeram o mesmo a Jesus,
porque já estava morto . Em vez disso, feriram seu lado com
uma lança.
A IMPORTÂNCIA DE JESUS
Não é, portanto, de se estranhar que todos os profetas e
escritores de nossas Escrituras tivessem conhecimento de Jesus
e de sua missão . 'Conhecê-lo e observar seus mandamentos são
as coisas mais importantes do mundo na atualidade . Não haverá
paz sôbre a terra até ,que todos os homens em todos os países
adotem os princípios de amor, liberdade e boa vontade que êle
ensinou enquanto esteve sôbre a terra. Jesus é nosso ideal!
Quanto mais nos acercarmos dÊle em nossas vidas diárias mais
felicidade teremos . Na próxima lição estudaremos um pouco
mais sôbre nossa relação para com êle.
DISCUSSÃO
1. Em que sentido Jesus é nosso irmão?
2. Quando Jesus foi batizado, como se manifestou seu Pai?
3. Como podiam os homens ter conhecimento da existência de
Jesus antes de seu nascimento?
4. Relate-se a visão de Nefi.
5. Relate-se a experiência do irmão de Jared.
6. Parece que todos os escritores das Escrituras antigas pensa-
ram em Jesus . Por que?
Lição X
JESUS, O REDENTOR

Se estivéssemos ouvindo o rádio e repentinamente se anun-


ciasse : "Em seguida ouviremos uma dissertação sôbre a expiação
de Cristo", certamente muitos procuraríamos outra estação em
seguida.
Porém, vamos supor que ouvíssemos o locutor dizer o se-
guinte : "Senhoras e senhores, apresentamos diante dos microfo-
nes desta estação um dos mais notáveis médicos da época, que
falará sôbre o mais importante descobrimento feito pela ciência
até esta data : o segredo de dar vida aos mortos. Já não haverá
mais necessidade de sepulcros nem ataúdes . Esta restauração é
grátis para todos . Escutemos cuidadosamente nosso convidado,
que nos dirá o que temos que fazer."
Que impressão nos causaria semelhante anúncio? Que diría-
mos? Que faríamos?
A NECESSIDADE DE UM REDENTOR

No entanto, tal descobrimento já foi feito e anunciado ao


mundo desde há muitos séculos atrás . Sabemos que todos os sêres
viventes algum dia terão que sofrer a mudança que chamamos
morte . Porém, voltarão a receber seus corpos novamente . Por
que entrou a morte no mundo? Por que não podemos continuar
vivendo, como agora?
Todo o tema referente à vida e morte constitue um mistério
para a maioria das pessoas . Deus não achou, conveniente revelar
todos os detalhes . Em breves palavras, esta é a filosofia : todos
nós vivemos e progredimos no mundo espiritual, até que se tornou
necessário vir à' terra e receber corpos mortais . Porém, não havia
sêres mortais na terra que nos servissem de pais.
Adão, um nobre líder espiritual, recebeu a comissão de vir
aqui e dar início, àt vida terrena . A Bíblia diz que Deus organizou
ou formou seu corpo do pó da terra e o pôs no Jardim do Éden,
para êle preparado . Porém, Adão estava só, de forma que Eva
PRINCÍPIOS OPERANTES DA,; TGREIIA RESTAURADA ss

também foi criada e lhe foi dada por espôsa. Assim vieram à
terra os primeiros filhos de Deus, nela fazendo habitação . Não
conhecemos os detalhes que encerram êste relato simples e for-
moso . Não obstante, isto parece ser seguro : Adão e Eva ainda
não tinham corpos mortais, sendo, portanto, imortais ; como as
criancinhas, não podiam distinguir o bem do mal . Não estavam
sujeitos à morte nem à, aflição . Se iam povoar a terra com filhos
mortais, seus corpos teriam que mudar do estado imortal ao
mortal.
0 método adotado para que essa mudança fôsse afetuada é
interessante e, ao mesmo tempo, estranho . Talvez nos pergunte-
mos porque não. pôde) êle se efetuar de um modo mais agradável.
Dia chegará em que entenderemos tudo . Satanás, aquêle que,
como já sabemos, foi expulso do céu, tentou Eva ; esta comeu o
fruto que Deus havia proibido. Deu dêle a Adão, que também
comeu. De alguma forma o fruto tinha em si os elementos da
mortalidade . De maneira que os dois se converteram em sêres
mortais e tornaram-se sujeitos à tentação, ao pecado e à morte.
este foi o castigo por haverem participado do fruto proibido.
Muitos são os livros . escritos sôbre êste tema . Na maior parte
dos casos seus autores dão ênfase ao pecado ou transgressão de
Adão e Eva, ao comerem do fruto que se lhes havia ordenado
não provassem, com o que trouxeram o pecado, a angústia e a
morte ao mundo . Chamam-no a "Queda de Adão ." De certa
forma, embora não possamos explicar porque, é quase certo que
essa transgressão ou violação de uma lei constituiu um passo
acima e não abaixo . Deveríamos agradecer a, 'esses, primeiros pais
por terem feito o que fizeram . Êles devem ter tido muita coragem
para sair de um mundo imortal e viver num mundo onde estariam
sujeitos ao pecado, angústia, trabalho árduo e morte . Para isso
vieram e, pelo menos Adão, fêz sua escolha tendo conhecimento
do que fazia.
Numa lição anterior dissemos que tanto o espírito como o
corpo físico são necessários para que gozemos completamente
a vida . De acôrdo com as condições causadas por Adão, o espí-
rito e o corpo se separam durante o que chamamos morte.
De modo que a morte! parece, interferir com o plano de vida
ou progresso eterno e nada pôde Adão fazer a respeito . Êle oca-
sionou a morte, mas não podia restaurar a vida . Nós tampouco
podemos fazer algo . Não somos responsáveis por ela, mas não
podemos mudar a situação . Certamente compreendemos e está-
vamos a favor do plano no mundo espiritual antes de virmos
aqui, porém nos esquecemos disto .

56 P.R:INCgPIOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

Qual, portanto, é o passo seguinte? O grande plano de pro-


gressão requeria que o , espirito e o corpo voltassem a se reunir;
que o corpo ressuscitasse . Consequentemente, tornava-se neces-
sário um Redentor, um Salvador. Teria que ser alguém que ti-
vesse poder sôbre a morte . Jesus era Deus, um, Criador . Ele tinha
poder para redimir-nos da tumba . Voluntàriamente e de bom
grado ofereceu sua vida para satisfazer as obrigações de uma
lei violada, a fim de que ressuscitássemos.
Consideremos esta aventura, passada com um de meus
amigos. Em suas próprias palavras : "Teria eu uns dez anos
quando vivíamos numa vila situada ao lado de um rio mais ou
menos fundo. Nós gostávamos de nadar no rio, mas num certo
lugar havia um buraco perigoso . Meus pais me haviam proibido
de ir nadar, a menos que eu fôsse acompanhado de meu irmão
mais velho.
"Num dia de verão o calor e a tentação foram mais fortes
do que minha obediência . Todos os meus companheiros puseram
seus calções e se jogaram na água . Eu poderia fazer o mesmo,
sem que mamãe jamais viesse a sabê-lo . Violei a lei e me joguei
no rio . Só fui me lembrar do buraco quando um dos outros ra-
pazes me chamou, dizendo-se que voltasse ; com o seu grito eu
me assustei, perdi a cabeça e a coragem . Os outros rapazes ten-
taram me ajudar, mas eu sumi completamente e compreendi que
ia me afogar . Lembrei-me então de mamãe e de seu conselho,
mas que podia fazer? Necessitava de alguém que me salvasse, de
um salvador . Já estava afundando a terceira vez, quado alguém
me agarrou pelo cabelo e me levou à margem.
"Quando recobrei os sentidos, vi nosso vizinho, seu Paulo,
que por fortuna ia passando por ali e ouviu meus gritos a tempo
de salvar-me e redimir-me de minha' palavra violada . No entanto,
sei que algum dia morrerei . Porém, sinto segurança, porque Jesus,
meu irmão mais velho, já me redimiu da tumba . Deu sua vida
por mim ." Este é um dom gratuito para todos, não importa em
que terra ou época tenham vivido ou cheguem a viver . Jesus
expiou a queda de Adão.
Tôdas as Escrituras Sagradas testificam da realidade da
"queda de Adão", da "expiação de Cristo" e da ressurreição dos
mortos. As passagens seguintes são alguns exemplos:
"Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram . . . assim também por um só ato
de justiça (o de Jesus) veio a graça sôbre todos os homens para
a justificação que dá vida ." "Visto que a morte veio por um
57
PiR1NCIPIO OPERANTES DA DGR{EJA RESTAURADA

homem (Adão), também por um homem (Cristo) veio a ressur-


reição dos mortos. Porque assim como em Adão todos morreram,
assim também todos serão vivificados em Cristo ." (Romanos
5 :1218 ; I Cor . 15 :21-22 ; Ver também Mosiah 3 :11-12).
JESUS E O PROBLEMA DO PECADO
Julgando pelo que acabamos de ler, é bastante provável que
da participação do fruto proibido resultassem três coisas muito
importantes, a saber ; o estado mortal, a morte e o pecado no
mundo . Aceitamos os corpos mortais e ficamos livres da morte
por meio da ressurreição, que é um dom gratuito para todos.
Jesus nos redimiu da tumba sem exigir requisito ou restrição
alguma.
Porém, há outra parte dêste plano, a qual chamamos salva-
ção. Temos por objetivo o reino celestial . Queremos desfrutar de
todo o gôzo e felicidade que possa qualquer filho de Deus re-
ceber . Deus, nosso pai, quer que assim seja . Temos necessidade
de nossos corpos no reino celestial e Jesus deu um jeito para
que os recebamos sem que isso nos custe coisa alguma . Porém,
nenhuma pessoa pecadora ou impura pode entrar ali com . ou sem
corpo . "Nenhum incontinente, impuro ou avarento . . . tem he-
rança no reino de Cristo e de Deus ." Assim disse Paulo, em
Efésios 5 :5.
O pecado está no mundo . Tropeçamos em tentações a todos
os momentos do dia e da noite . Nos esforçamos arduamente, mas
sabemos que muitas vêzes fracassamos . "Certamente — declarou
Salomão — não há homem justo na terra que faça o bem e
nunca peque ." "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a
nós mesmo nos enganamos, e a verdade não está em nós ." (Ecles.
7 :20 ; I João 1 :8-9).
O 'que podemos fazer? Não há esperança para nós . Parecemos
tão impotentes . Somos como o jovem que estava se afogando no
rio : não podemos salvar-nos a nós mesmos; porém, Jesus nova-
mente nos resgata . "Êle salvará o mundo de seus pecados ." "Vinde
a mim todos os que estais, cansados ei sobrecarregados — convida
êle e eu vos aliviarei. Tomai sôbre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, porque sou manso e humilde de coração ; e achareis des-
canso para as vossas almas ." (Mateus 1 :12; 11 :28-30).
De forma que, se Jesus pagou a divida e realmente assume
a responsabilidade de nossos pecados individuais, lhe correspon-
de o direito de dizer-nos como devemos viver e cooperar com
êle, a fim de que nossos pecados sejam perdoados e ganhemos a

3s PRINCtilPIOS OiPERANPES DA IGREJA RESTAURADA

-vida eterna: e a salvação. Nós proclamamos ao) mundo : "Cremos


que através da expiação de Cristo tôda a humanidade pode sal-
var-se, mediante obediência às leis e ordenanças do evangelho ."
De conformdiadei com êste contrato ou acôrdo, tudo depende
de nós como indivíduos . Jesus já pagou o preço . Deu-nos o evan-
gelho, o único plano perfeito de vida, e nos convida a aceitá-lo
e viver de acôrdo com suas leis . "Ninguém tem maior amor do
que êste — lemos no evangelho de João — de dar alguém a
própria vida em, favor de seus amigos ." F'oi isso o que Jesus fêz.
Por causa de seu amor, de boa vontade deu a vida por seus irmãos
-e irmãs : No entanto, quão pouco o entendemos e apreciamos!
(João 15 :12-13).
Num pequeno povoado vivia uma viúva . A seu filho único
-deu o nome de Oscar . Oscar era fisicamente débil desde o nasci-
mento . Sempre parecia estar mal nutrido, era delgado e fraco.
Então, para piorar a situação, aos dez anos pegou a dança de
São Guido .Seu corpo débil e pequeno pareceu encolher-se ainda
mais . Pôs-se sumamente nervoso . Tão sômente seu cérebro, co-
ragem e determinação com êle permaneceram . Não podendo
freqüentar a escola, teve sua mãe por mestra e companheira
'constante . Oscar aprendeu a amar a bondosa senhora com um
Amor profundo e duradouro ; para melhor dizer, amava a todos.
Quando recuperou sua saúde, voltou à escola e finalmente
entrou no ginásio . Seus estudos não lhe causavam dificuldades,
mas era completamente esquecido por seus colegas durante o
recreio . Os outros meninos de sua idade não ligavam para êle;
não que não gostassem dêle, mas simplesmente porque achavam
que êle não se adaptava às suas atividades . Nos jogos estorvava,
ou não sabia o que fazer . Até um apelido lhe puseram . Em vez
de chamá-lo Oscar, chamavam-no Oscarina . Porém, êle não se
importava. Onde quer que fôssem os outros meninos, êle +os
acompanhava . Não podiam desfazer-se dêle.
Então alguns de seus companheiros começaram a cometer
sérias travessuras na comunidade, particularmente na escola, e
decidiram que poderiam utilizar Oscar, pondo-lhe a culpa de
suas maldades.
Certa noite alguém entrou na escola e surripiou algumas
coisas. Além disso, entrou no escritório do diretor e roubou uma
certa quantia lá guardada . Investigações foram feitas e foi des-
coberto que os culpados eram êsses companheiros de Oscar . Reu-
niram todos, Oscar entre êles, e levaram-nos ao escritório do
diretor.
A mãe de Oscar ..;ficou desesperada, mas êle se manteve

PRJNCíPIO& OPERANTES DA rGR4E'JA RESTAURADA 59

firme. Se . acaso sabia algo, negou-se a revelá-lo . Ninguém disse


palavra alguma.
— Muito bem — disse o diretor — já que ninguém vai con-
fessar, nada mais posso fazer além de suspender a todos e entre-
gá-los à polícia.
Foi um momento crítico, mas nenhum dos meninos fraque-
jou . Finalmente, Oscar se dirigiu ao diretor.
— Dou-lhe minha palavra de honra que não sou o culpado
e que não sei precisamente quem o é ; porém, com sua permissão,
senhor diretor, quero propor algo. ,estes rapazes são meus amigos.
Embora sejamos travessos, não somos maus . Se o senhor soltá-los
eu aceitarei o castigo que o senhor queira dar . Trabalharei para
repor tudo o que foi tirado da escola.
Reinou um silêncio completo depois das palavras de Oscar.
O diretor sentiu .que seus olhos se enchiam de lágrimas . O corpo
enfêrmo de Oscar pareceu de repente superior ao dos demais.
Roberto, a quem os rapazes tinham como líder, aproximou-se
de Oscar e colocou o braço ao redor de seus ombros.
— Não, não há necessidade de que você o faça . Eu sou o
culpado; convidei os outros e êles me ajudaram . Somos todos
culpados, senhor diretor ; todos menos Oscar. Ele é melhor do
que qualquer um de nós.
Seguiram-se confissões e lágrimas em abundância . Aquêle
grupo de rapazes jamais voltou a causar dificuldades.
Assim, de forma parecida, foi que Jesus, nosso Redentor, se
fêz responsável e aceitou o castigo por nossas más obras . O menos
que podemos fazer é aceitar seu sacrifício com o mesmo espirito
com que Roberto aceitou o sacrifício de Oscar : com lágrimas,
amor e a determinação de levar uma vida melhor.

DISCUSSÃO
1. O que significa a palavra redimir?
2. Relate-se como entraram no mundo a morte e o pecado.
3. Quais são as condições que temos que cumprir para que
novamente recebamos nossos corpos através da ressurreição?
4. De acôrdo com que condições serão perdoados os nossos pe-
cados? O que temos que fazer?
5. Há alguma semelhança entre a aventura do jovem que estava
se afogando e a missão de Jesus como Redentor? Qual?
6. Em que se parecem a proposta de Oscar e o sacrifício de
Jesus, nosso Redentor?
Lição XI
SACERDÓCIO

AUTORIDADE E SACERDÓCIO
Alguns dias atrás falava com um de meus amigos, que me
contou algo muito triste. Tinha por vizinho um senhor já idoso
e viúvo . Êsse pobre homem havia perdido sua casa e não tinha
onde viver. O estranho é que êle jamais havia tido casa ; pen-
sava que havia tido. Assim aconteceu:
Éste senhor certo dia achou um homem que queria vender
uma propriedade pequena a um preço bastante razoável . Foi
examiná-la e viu que era precisamente o que necessitava . para
viver só . A pechincha foi efetuada e o titulo passou das mãos
do vendedor às do comprador. Pouco depois, o homem que havia
vendido a casa mudou-se, saindo do país.
O novo dono havia desfrutado sua nova casa mais, ou menos
por um ano . Havia feito alguns reparos e pintado de novo . Havia
plantado algumas árvores e flôres . Havia se sentido feliz e con-
tente até a data de ontem, quando chegou outro homem que
exigiu que saisse da casa, porque êle e sua família iam habitá-
la . Os dois clamam ser donos do edifício . A quem pertence
realmente?
0 que aconteceu foi que o dono original havia deixado de
pagar o imposto sôbre a propriedade durante alguns anos e fi-
nalmente o município havia embargado a casa, pondo-a a venda.
O dono, em vez de pagar os impostos, vendeu a propriedade ao
ancião e, como já sabemos, bateu as asas . O velhinho que com-
prara a casa cometeu o êrro de não' levar ! o título a um advogado
para que o examinasse e, assim, não soube que o municjpio es-
tava vendendo a casa . De modo que agora não tem onde viver.
Êle comprou a propriedade de alguém que não tinha autoridade
alguma para vendê-la.
Quando dois jovens se casam, certificam-se de que a pessoa
que efetua a cerimônia tem realmente autoridade para fazê-lo.
No entanto, já aconteceram casos em que, por engano ou fraude,

PRINCfPIO6i OPERANTES D!A IGRE'JA RESTAURADA 61

aquêles que acreditavam estar casados, tiveram que voltar a fa-


zê-lo, porque aquêle que os casou não estava legal e devidamente
autorizado.
Suponhamos que um estrangeiro seja admitido em um pais.
Me deseja tornar-se cidadão . Cumpre com todos os requisitos e
então dirige-se a homens sem autoridade, para que lhe dêm sua
carta de cidadania . Embora todos os documentos estejam em
ordem, embora êle tenha feito o juramento de lealdade, embora
as suas intenções sejam boas, ainda assim não se torna cidadão
do país . São necessários os serviços de uma pessoa autorizada.
Torna-se patente que o assunto de autoridade própria e legal
é de suma importância . Se a autoridade é tão necessária em as-
suntos terrenos, deve ser de importância ainda maior em assuntos
relacionados com nossas moradas eternas, matrimônios eternos' e
nossa cidadania no reino eterno.
Tratando-se de oficiais civis, êstes recebem sua autoridade
através de nomeação ou pelo voto direto do povo . Tais oficiais
fazem a promessa, convênio ou acôrdo de que cumprirão fiel-
mente os deveres e responsabilidades de seus postos.
Nos assuntos espirituais é diferente. Parece que na preexis-
tência vivemos na presença de Deus . Pelo menos parece que êle
dirigiu e orientou as atividades de nossas vidas . Sem dúvida al-
guma lá também houve organização e muitos ocuparam postos
e ofícios ; os detalhes não foram revelados.
Quando viemos à terra e nos foi dados o plano do evangelho
e da igreja, o Senhor nomeou homens para dirigirem seus as-
suntos, já que •êle não está em pessoa aqui conosco . De forma
que ern tôdas as épocas em que o evangelho verdadeiro tem es-
tado ativo, Deus tem delegado autoridade a homens bons para
que obrem por êle em todos os departamentos de sua obra . Esta
autoridade dada por Deus aos homens da terra chama-se
Sacerdócio.
De modo que o sacerdócio é a autoridade delegada por Deus
ao homem para que obre por êle e cumpra seus propósitos na
terra . O sacerdócio é parte do poder de Deus, dada por êle aos
homens . E' um grande vinculo entre Deus e o homem . Constitue
a maior honra que pode ser conferida ao ser mortal, porque
converte o homem em sócio e coadjutor do próprio Senhor . 0
Sacerdócio é o poder de Deus . E' tão antigo 'quanto a própria
eternidade. Não teve princípio e não pode ter fim . Facilita o
progresso. E' o poder pelo qual os mundos foram criados .

'52 PRINC PIOS OPERANTES DA IGRELA RESTAURADA

COMO RECEBEMOS O SACERDÓCIO


Àqueles que pertencem a outras igrejas lhes há de parecer
um pouco estranho ouvir dizer que nós, os santos dos últimos
dias, somos os únicos na terra que temos a devida autoridade de
Deus para batizar pela remissão dos pecados . Porém, tratando-se
. disto não podemos dizer outra coisa . Porque ou isto é certo, ou
nossa igreja não é a Igreja de Jesus Cristo.
Adão, os patriarcas e os grandes profetas possuiram o sacer-
doem . Entretanto, km _havido periodóái de apostasia em que o
1 sacerdócio foi tirado da terra porque seus habitantes não eram
dignos de retê-lo . Uma dasi ditas épocas foi a Idade Média, depois
da morte de Jesus e seus apóstolos . Durante êsses séculos ninguém
teve o sacerdócio de Deus. E' certo que os católicos e outros
tinham "um" sacerdócio e uma igreja . Porém, foram organiza-
' dos pelo homem e Deus não os aceitou.
Há muitas passagens nas Escrituras que indicam que os
profetas tinham conhecimento disto . O espaço não nos permite
citar mais que uma. Maiá de cem anos depois da morte de Cristo,
o apóstolo João viu numa visão muitas coisas que haveriam de
a acontecer nos dias posteriores. Uma das coisas que disse foi : "Vi
outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno
para pregar aos que se assentam, sôbre a terra, e a cada nação, e
tribo, e língua e povo." (Apoc . 14:6-7).
Claro está que se o evangelho tinha que ser predicado a
tôda nação, tribo, língua e povo, era porque não se achava na
terra, nem mesmo entre os católicos.
No dia 15 de maio de 1829, enquanto Joseph Smith e Oliver
iCowdery traduziam o Livro de Mórmon, leram algo sôbre o ba-
tismo por imersão . Não entenderam bem o assunto, conseqüen-
I temente, dirigiram-se às margens do rio Susquehanna e lá, entre
as árvores que os rodeavam, pediram ao Senhor que lhes escla-
recesse o assunto . Em resposta ' a sua oração, João Batista apare-
i ceu para solver seu problema e lhes conferiu o sacerdócio de
Aarão, dizendo em parte : "A vós meus conservos, em nome do
Messias, eu confiro o Sacerdócio de Aàrão, que possui as chaves
da administração dos anjos, do evangelho do arrependimento, e
do batismo por imersão para remissão dos pecados ." (Doutr. e
.Conv . 13).
Pouco depois dêsses acontecimentos, Pedro, Tiago e João, os
integrantes da presidência dos apóstolos nos dias de Jesus, con-
feriram a êsses jovens o sacerdócio de Melquisedeque . Joseph
e Oliver, tendo-o recebido de homens que por sua vez o haviam

PRINCÍPIO& OPERANTES DA, IGRIE'JA RESTAURADA 63

recebido de Jesus, o Redentor do mundo, mais tarde deram-no


também a outros. Assim fica definitivamente estabelecida a au-
toridade dos Santos dos últimos Dias.
EFEITOS DO SACERDÓCIO SÔBRE AQUELE QUE O POSSUE
Será que um homem que ocupa uma posiãço pública é mais
estimado que antes de ocupar tal pôsto? Todos responderão que
sim, isto é, se honra e magnifica sua posição . Por exemplo, o
presidente Abraão Lincoln, dos Estados Unidos, ocupou o mais
alto pôsto que se pode conferir a um cidadão do dito país . Era
um grande homem antes de ser presidente . No entanto, havia
milhares de pessoas nesse mesmo país que jamais haviam ouvido
falar dêle. Na época atual poucas são as pessoas do mundo que
não sabem algo sôbre sua pessoa . Sua autoridade o engrandeceu
diante dos olhos do mundo inteiro. Foi um grande homem e des-
ttacou-se ainda mais através do poder que lhe foi conferido pelo
povo dos Estados Unidos.
Saul, filho de Kish, era um jovem desconhecido ; sua estatura
era grande, mas muito pouco se sabia sôbre sua pessoa fora
dos confins de sua pequena vila . O Senhor escolheu-o para ser
o primeiro rei de Israel e o profeta Samuel ungiu-o como tal.
Depois da unção, e logo que se lhe foi conferido o reino, já não
era meramente um jovem, mas sim um rei muito importante,
porque "Deus mudou seu coração ." (I Samuel, cap . 10 :9) . En-
quanto serviu a Deus e honrou sua posição, aumentou seu poder
e grandeza . Ao deixar de fazê-lo, extingiu-se sua autoridade.
O mesmo acontece com os que têm e honram o sacerdócio.
Com êle podemos presidir a Igreja ou suas organizações . Pode-
mos pregar o evangelho, batizar para a remissão dos pecados,
fazer trabalho pelos mortos, curar enfêrmos e administrar a
'Santa Ceia. Podemos desfrutar incontáveis privilégios e respon-
sabilidades que, sem o sacerdócio, nos seriam impossíveis . O sa-
cerdócio, se honrado, engrandece o homem.
A MULHER E O SACERDÓCIO
Freqüentemente se pergunta porque as mulheres não podem
possuir o sacerdócio, já que são tão boas quanto os homens e,
-às vêzes, melhores . Não é raro notarmos que nos serviços domi-
nicais o número de mulheres sobrepuja o de homens.
Que saibamos o Senhor não disse definitivamente porque
razão o sacerdócio deve ser possuido sòmente pelos homens .

64 RRLNC(PZOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Porém, póstos públicos e posições de autoridade raramente são


ocupados por mulheres . Não há uma lei contrária, mas é o que
acontece . Mulher alguma jamais foi eleita presidente de nosso
país, e bem poucas são aquelas que exercem cargos de governa-
dor, prefeito, etc.

Normalmente se reconhece o homem como o cabeça do lar.


Me tem a responsabilidade de prover abrigo, alimento e roupa.
A espôsa é sua companheira e conselheira ajudante . O homem
deve presidir, e geralmente o faz, nos assuntos da família . Sua
espôsa participa das honras e do êxito que logra . Se êle honrar o
sacerdócio, entrará no reino celestial de nosso Pai, e sua espôsa
O sacerdócio se converte em ; porta de entrada dos céus tanto para
ela como para seu espôso . Se a mulher é justa e fiel, desfrutará
com seu marido de tôda a alegria, honra e glória que o sacer-
dócio lhe traz . E' sumamente importante que as jovens escolham
companheiros que possam guiá-las ao reino celestial de Deus.

QUEM PODE RECEBER O SACERDÓCIO?


Devemos dizer algo sôbre êste assunto . As vêzes pensamos
que o sacerdócio veio a ser em nossa Igreja algo tão comum
como o ar e a água e talvez nenhuma consideração lhe demos.
Todos os jovens membros da Igreja podem, dos doze anos em
diante, receber o sacerdócio, se assim fôr recomendado pelo
presidente do ramo e aprovado pela congregação . No Israel an-
tigo não se fazia assim . No principio parece que o primogênito
era o favorecido. Mais tarde foi apartada a tribo de Levi para
o serviço do sacerdócio, sendo Aarão e seus filhos postos à ca-
beça. Por essa razão chamámo-lo sacerdócio levítico ou aarônico.
0 recebimento do sacerdócio através da ordenação é mais do
que um acontecimento ordinário . E' um grande chamamento,
uma grande honra . Quando honrado, o sacerdócio aumenta a
grandeza de qualquer homem . Permite-lhe ser um companheiro,
um coadjutor do próprio Senhor. Não há sôbre a terra maior pos-
se que esta.
DISCUSSÃO
1. O que é autoridade? Explique.
2. Por que é necessário que se dê autoridade aos homens?
3. Quais são algumas das coisas para as quais ela é necessária?
4. Como obtêm os oficiais civis tal autoridade?

PRINCÍPIOS OPERANTES DA ; IGRIEJA RESTAURADA 65

5. Porque, e de que maneira é conferida a autoridade do


sacerdócio?
6. Explique-se o que significa o sacerdócio.
7. Como e quando recebemos o sacerdócio de Aarão?
8. Quem deu o sacerdócio de Melquisedec a Joseph Smith?
Em que se distingue um sacerdócio do outro?
Porque não se permite conferir o sacerdócio às mulheres?
Lição XII
1 REVISÃO GERAL

São dois os propósitos desta revisão :


1) Lançar uma olhada no plano de salvação e progresso
eterno. Embora na atualidade poucos sejam os detalhes que
possam ser dados e compreendidos, podemos, até . certo ponto, ver
a relação existente entre o passado, o presente e o futuro neste
grande plano de vida eterna . Deveríamos ter um conceito mais
ou menos definido da maneira com que nossa vida presente se
fará sentir no nosso progresso e felicidade atual e futura.
2) Aumentar nossa informação e conhecimento . Nossa fé
depende principalmente de nosso conhecimento da verdadeira
natureza de Deus e de seu plano para nossa salvação.
Os alunos devem ter tempo suficiente para ler com cuidado
tôdas as perguntas . Com um. lápis podem marcar as que não lhe
são muito claras . Os temas com que estão familiarizados podem
ser deixados de lado sem muita discussão, dando-se ênfase às
partes que não lhes pareçam claras.
1. Parece razoável o conceito de que a vida não tem principio
nem fim? Qual a parte que não está clara?
2. Se temos tal conceito da vida, qual das seguintes idéias mais
se aproxima da verdade? (a) A vida é igual ontem, hoje e
amanhã . (b) A vida é um caminho sem fim, continua em
direção a planos mais elevados e níveis mais gloriosos. (c)
A vida é como um grande sistema escolar dividido em três
departamentos : passado, presente e futuro.
3. Baseando-se nas experiências de outros, mostre-se que nem
todos viajam ou avançam com a mesma rapidez.
4. Quais as maneiras pelas quais desperdiçamos nosso tempo
todos os dias?
5. A preexistência é a vida .que levamos antes de nascer. Ali
tivemos um pai e uma mãe . De acôrdo com o que sabemos,
quais são algumas coisas que fizemos lá?
6. Mostre-se que na preexistência devemos ter gozado do livre
arbítrio, o poder de escolher .

. PIR1NGffI(7 'OPERANTES DA;' IGRIE'JA RESTAURADA 6T

7. O que foi que em nossas discussões, sugeriu a idéia de que


na preexistência não houve matrimônios nem batismo?
8. Tivemos o evangelho?
9. Nossa vida, atual é afetada pelo, que fizemos na vida
anterior?
10. Comparada com o passado e a futuro a vida terrena é muito
curta . Por que é tão importante?
li . Levaremos -à vida vindoura os hábitos e ações da presente?
12. Faça-se uma lista das coisas que o evangelho exige aqui
na terra.
13. Porque é necessário a morte?
14. Continuaremos na vida futura o que principiamos aqui?
15. Voltando à lição 4, que evidências oferecem as Escrituras
a -favor de uma vida futura?
16. Que classe de trabalho podemos fazer nesta vida?
17. O que significa ressurreição? Quem ressuscitará? Quando?'
18. Quais são os três graus de glória?
19. Com que são os três comparados?
20. Onde vive Deus?
21. Se fôr possível, descreva-se o Deus em quem acreditamos.
22. Como podemos conhecer a Deus?
23. Ao falar sôbre a Trindade, a que nos referimos?
24. Deus tem influência nos assuntos dos homens? Relatem-se
as experiências de Abraão e dos israelitas, a fim de ilustrar
êste ponto . (Ver a lição 7).
25. Se Deus está no mundo e está interessado no bem-estar de
seus filhos, porque não faz com que cessem as guerras?
26. Como foi que êstes homens encontraram a Deus : Jacó,.
Moisés, Joseph Smith?
27. Dissemos que Jesus é nosso irmão . Em que sentido?
28. Jesus é nosso Salvador e nosso Redentor de duas maneiras
distintas . Expliquem-se ambas as maneiras detalhadamente
(lição 10) . Repasse-se brevemente esta lição, caso,, êstes
pontos não tenham sido bem compreendidos.
29. Discuta-se a importância da autoridade no mundo.
30. O sacerdócio é autoridade . De que classe?
31. Quais são as divisões do sacerdócio?
32. Quem pode ter o sacerdócio?
33. Como nos foi êle restaurado?
Lição XIII
A FE'

O SIGNIFICADO DA FE'
Na vida atual as estradas desempenham um papel importan-
tíssimo . Unem vilas, cidades, estados e nações . Porém, quantos
de nós já consideramos os obstáculos que se necessitou vencer
antes que fôssem terminadas as estradas sôbre as quais correm
com segurança automóveis, caminhões e ônibus?
Tem havido ocasiões em que foi necessário cortar montes
inteiros, usando-se essa mesma terra para aplainar os lugares
esburacados e baixos . Porém, isto é algo insignificante em com-
paração com os grandes projetos dos últimos anos . O homem
tem desviado rios, criado grandes lagos onde antes sómente
existia terra sêca, e, no Panamá os navios atravessam o que é
realmente um caminho por entre uma montanha.
Quando os filhos de Israel fugiam dos egípcios, o Senhor fêz
com que um vento oriental dividisse as águas do mar Vermelho,
e o( povo passou a pé enxuto . Na cidade de São( Francisco, na Ca-
lifórnia, existe uma ponte através da qual milhões de pessoas
diàriamente cruzam parte (do Oceano Pacífico . Em realidade,
qual constitue o milagre maior? Tôdas estas coisas são resultado
da fé, que é a fôrça motriz básica de tôdas as atividades do
mundo . Estas palavras de Jesus nos dão muito que pensar:
" . . . se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis
a êste monte : Passa daqui para acolá, e êle passará . Nada vos
será. impossível ." (Mateus 17 :20).
Neste mesmo momento em que falamos, por meio da fé e de
seus esforços, os homens estão movendo montanhas.
Quando os nefitas em suas viagens chegaram às margens do
grande oceano que os separava da Terra Prometida, o Senhor
mandou que NTi construísse um barco . Lamã e Lemuel, os irmãos
de Nefi, zombaram da idéia e lhe disseram que êle nunca havia
visto um barco, como, pois, esperava construir um? Adicional-

'PRINCÍPIOS OPERANTES DA' IGRlEJA RESTAURADA 69

mente disseram-lhe que não contasse com sua ajuda . Esta foi a
resposta de Nefi :
"Se Deus me ordenasse que fizesse tôdas as coisas, eu as
poderia fazer. Se êle me ordenasse que dissesse a esta água : Con-
verte-te em terra, ela se converteria ; e se eu dissesse, assim seria
feito." (Nefi 18 :50).
Nefi construiu o barco e, por sinal, fê-lo muito bem.
O homem teve a coragem de sugerir que fôsse construído um
dique ou reprêsa no ponto mais estreito do Estreito de Gibraltar
e que a seguir fôsse extraida água do Mediterrâneo para que os
povos da Europa tenham mais lugar onde viver . Outros propu-
seram edificar estradas subterrâneas por baixo do Canal da
Mancha, unindo assim a Inglaterra com o continente europeu e
também por baixo do Estreito de Gibraltar, unindo a Espanha
à África . Ainda hoje, quando nada parece impossível, não
podemos deixar de rir-nos da aparente impossibilidade dos pro-
jetos que acabamos de mencionar . Não obstante, Deus disse : "Se
tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda . . . nada vos
será impossível ."
A fé, da mesma forma que as palavras "expiação" e "ar-
rependimento", e tôdas as demais que se relacionam com o evan-
gelho, às vezes parece comum e sem importância . No entanto,
são as coisas mais vitais de nossas vidas e de sumo interesse se
quisermos estudá-las. A fé é o maior poder existente tanto no
mundo físico como no espiritual . E' o poder através do qual não
só são construídas reprêsas, túneis e estradas, mas também
mundos . Não é algo que possa ser deixado de lado ou considerado
levianamente. E' o elemento básico de todo o movimento da vida.
A fé é mais que crença . A crença pode ser passiva ; não neces-
sita de ação. Podemos crer sem precisarmos fazer coisa alguma.
A fé indica ação . As obras não podem dela separar-se. São partes
da mesma coisa : atividade objetiva. A construção de um túnel
por baixo do Canal da Mancha atualmente não passa de uma
idéia encontrada no campo da crença, sem que nada tenha sido
feito para realizá-la . Algum dia poderá vir a ser uma realidade,
resultado de uma fé viva, objetiva, ativa.
Assim podemos entender melhor o significado das seguintes
passagens : "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não só-
mente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos . . . Assim também
a fé, se não tiver obras, por si só está morta ." Assim disse Tiago.
"Se me amais — disse Jesus — guardareis os meus mandamen-
tos . . . Todo aquêle que vem a mim e ouve as minhas palavras e
as pratica . . . E' semelhante a um homem que, edificando uma

70 -'PRINCÍPIOS OPERANTES "DA 1GREiIA RESTAUttADA

casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sôbre a


rocha ; e vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa,
e não a pôde abalar, por ter sido bem construída (isto é, sôbre
um alicerce de fé e obras) ." Ver Tiago 1 :22-25 ; 2 :17-20 ; João
14 :15 ; Lucas 6 :46-49.
Portanto, a fé é a causa ou fôrça motriz de tôdas as nossas
ações, de tôdas as nossas esperanças e anelos de felicidade e
glória futura . Com a fé, e em, verdade podendo considerar-se
parte dela, está relacionada a coragem assunto que trataremos
mais amplamente em outra lição.

FE' EM DEUS : ILUSTRAÇÕES DO PASSADO

Paulo disse : "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,


porquanto é necessário que aquêle que se aproxima de Deus
creia que ,êle existe e que se! torna galardoadorl dos que o
buscam ." (Hebreus 11 :6)
Nós todos aceitamos a existência de Deus como um fato,
embora nenhum de nós o tenha visto . "Humildemente testifico —
dizemos — que êle vive. Tenho tantas evidências de sua existên-
cia que me emociono só em pensar que sou um de seus filhos e
que posso receber seu apôio direção e consôlo, todos os dias de
minha vida ."
Citamos em seguida algumas referências para ilustrar as rea-
lizações dos homens da antigüidade, feitas mediante uma fé firme
em Deus . O mundo está cheio dêsses exemplos.
Poucos foram os homens que tiveram problemas maiores que
Noé. Apenas quatro homens, no meio de um mundo de dúvidas
e iniqüidades, acreditaram na mensagem de Deus e na sua ad-
moestação de que uni dilúvio se lhes sobreviria . Sômente quatro
homens, Noé e seus três filhos, aceitaram a Deus e converteram
sua crença em fé viva . e ativa, preparando-se contra uma destrui-
ção iminente, construindo um barco, no qual se salvaram . (Gên_
caps. 6-9).
Se Abraão não tivesse se importado quando o Senhor disse:
"Sai de tua terra e de tua parentela e da casa de teu pai e vai
para, a terra que eu te mostrarei . E em ti serão benditas tôdas as
famílias; da terra." - se êle não tivesse aceito esta grande adver-
tência, que, perda irreparável não teria sofrido o mundo!
Suponhamos que Lehi tivesse duvidadd de Deus ; ou que Nefi
tivesse sido como Lamã e Lemuel . O Senhor teria arranjado

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IORIE'JA RESTAURADA 71

outros para levar a cabo seus propósitos, mas os nomes de Lehi


e' Nefi ter-se-iam perdido no esquecimento.
Uma das expressões de Elías foi : "Sinto profundos ciúmes
por Jeová, Deus dos Exércitos ." Elias arriscou sua vida vêzes in-
contáveis, para poder cumprir as instruções do Senhor e servir
seu povo. Sua fé em Deus foi perfeita : nem uma só vez vacilou
ou deixou de cumprir as responsabilidades . Se tivesse fracassado,
não teria aparecido a Joseph no templo de Kirtland, em 1836.
Não teria restaurado as chaves da salvação para os mortos . Por
ter sido fiel, por sua fé e suas obras, temos dez formosos, templos
em diferentes partes do mundo, nos quais são efetuadas orde-
nanças -salvadoras em favor de dezenas de milhares de seres
vivos e mortos, descendentes da família de Abraão . Não só é
nosso dever para conosco mesmos, mas também para com nosso
próximo, sermos fiéis a Deus . Muito depende de nós.
Daremos uma última ilustração . Pensemos em outras e in-
diquemos o resultado . Joseph Smith, um dos maiores profetas de
tôdas as idades, mesmo quando bastante jovem, acreditava em
Deus . Ele aceitou as Escrituras como sendo a palavra de Deus.
Recorreu à Bíblia para achar a resposta de um grande proble-
ma : "Qual de tôdas as igrejas é a verdadeira?" Quando a Bíblia
lhe disse que pedisse a Deus (ver Tiago 1 :5), assim o fêz . Diri-
giu-se a Deus e a resposta que recebeu foi uma das maiores ma-
nifestações e evidências da existência real e verdadeira do Pai
e do Filho . Ambos apareceram a Joseph.
Se êle não tivesse pôsto em Deus sua fé e não tivesse pôsto
em ação sua palavra, qual teria sido o resultado? Talvez não
tivéssemos agora a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos
Dias, com tôdas as bênçãos e privilégios que desfrutamos . Talvez
muitos de nós ainda não tivessem nascido . De modo que devemos
algo a essas almas fiéis do passado, às que agora vivem e às que
ainda haverão de viver . Certamente a fé, o primeiro princípio do
evangelho, é um grande poder, de imensa importância em
nossas vidas.

PROBLEMAS
1 . A fé é uma palavra bastante comum . Que significa ela para
2 cada um de nós em particular?
._ Qual das ilustrações citadas é a que melhor explica :à fé?
3 . Por que dizemos que o cruzamento do mar Vermelho, feito
a pé enxuto pelos israelitas, é o cruzamento do oceano Pa-
cífico, através de uma ponte, são ambos o resultado da fé?

72 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREiJA RESTAURADA

4. -Já que as águas foram- divididas por um forte vento oriental,


por que dizemos que o cruzamento do mar Vermelho foi um
grande milagre?
5. Em que sentido está o homem movendo montanhas através
da fé nos dias atuais?
6. Jesus e seus apóstolos removeram montes?
7. Em que sentido se relaciona a primeira experiência religiosa
de Joseph Smith com o princípio da fé?
Lição XIV
A FE' (continuação — II)

FE' E CONHECIMENTO

Muitas vêzes, para assustar as crianças, as ameaçamos com


o "bicho feio ." No entanto, quantas dessas crianças têm uma
idéia do ,que é um bicho feio? Por exemplo, conhecemos uma me-
nina de três anos para quem êle hoje é uma criança, amanhã
um animal e depois será qualquer outra coisa.
Esta menina necessita de informação mais precisa a respeito
do que o bicho feio realmente é . Seu conceito futuro do mesmo
dependerá da classe de conhecimento que poderá obter sôbre o
assunto.
Esta pequena ilustração pode, em principio, aplicar-se a
nosso problema . Nosso conhecimento de Deus e a perfeição de
nossa fé dependerão principalmente do conhecimento que temos
dêle . Quando compreendermos claramente que êle não é um ser
imaginário para castigar-nos por causa de nossos 'erros e malda-
des, muitas de nossas dúvidas e temores desaparecerão . Então,
sim, poderemos pensar nêle como um Pai amante e carinhoso que
se interessa por nossas esperanças e desejos ; que está sempre pron-
to a ajudar-nos com nossos problemas diários . Assim, nossa con-
fiança e fé nêle haverão de se tornar mais e mais fortes com o
passar dos dias . Jesus disse : "Bem-aventurados os que têm fome
et sêde de justiça, porque serão fartos ." (Mateus 5 :6) . Seria igual-
mente apropriado dizer : "Bem-aventurados os que têm fome e
sêde de conhecimento de Deus, porque serão fartos ." Quanto mais
sabemos e aprendemos sôbre a natureza verdadeira de Deus e
sôbre nossa relação para com êle, tanto mais desejamos saber.
Como jovens membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos últimos Dias, temos a oportunidade de aprender as coisas
concernentes a Deus . Desde o princípio de nossa afiliação seu
verdadeiro caráter nos é claramente explicado . Agora temos a
responsabilidade de continuar buscando a verdade sôbre Deus e
sua obra, a fim de que nossa fé seja mais perfeita .

'74 PRIPNCfPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

FE' E VALOR
Naquele grande concílio realizado no mundo espiritual, por
nós discutido numa lição anterior, havia três classes de espíritos.
Destes, a maioria se pôs ao lado de Jesus, aceitou e apoiou o
plano de salvação que êle propôs . Uma terça parte daquela grande
multidão seguiu a Satanás . Também houve alguns, não sabemos
quantos, que não tiveram a coragem suficiente para declarar
abertamente sua oposição. Aquêles que valente e fielmente -defen-
deram a causa de Jesus, receberam honras mais altas . Aquêles
que conhecedora e deliberadamente combateram contra Cristo e
a verdade foram expulsos do céu . Quanto àquele outra grupo que
não teve a coragem de declarar-se a favor de Jesus, muito pouco
sabemos.
A coragem, da mesma forma que as obras, é, definitivamente,
parte da fé viva . A fé, a coragem e as obras são três partes da
mesma coisa . Não importa que possamos ou não analisar a co-
ragem . Ela parece ser essa habilidade possuída pelas criaturas
terrenas, particularmente os sêres humanos, de fazer frente aos
perigos sem desfalecer, esteja presente ou não o elemento chama-
do mêdo. Ela nos dá fôrça para tudo enfrentarmos sòmente
quando lutamos por aquilo que é justo, mesmo que todos
os demais estejam contra nós.
O conhecimento do . poder de Deus possuído por Noé e sua
fé nêle teriam sido inúteis sem a habilidade e fôrça para su-
portar o desprêzo e as zombarias daquela geração iníqüa.
Quando os três companheiros de Daniel, Sadraque, Mesaque e
Abdenego, foram levados ante o rei Nabucodonosor, por não
terem se inclinado ante a estátua de ouro, foi uma fé firme em
Deus, além da coragem de permanecer no caminho reto, con-
quanto estivessem em perigo de morte, que os manteve firmes.
"Se não adorardes minha estátua de ouro — disse enfure-
cido o rei — sereis lançados, na mesma hora, dentro do forno
de fogo ardente." Ao que 'eles responderam : "Eis que o nosso
Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar ; êle nos li-
vrará do forno do fogo ardente, e da tua mão, ó rei . E, se não,
fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem ado-
raremos a estátua de ouro que levantaste ."' /(Daniel 3 :17,18).
Deus recompensou esta fé e coragem e êstes jovens foram. le-
vados a postos muito mais elevados do que os possuídos por
seus companheiros.
Não podemos encontrar em tôda a história melhor exemplo
de fé e coragem do que a possuída por José do Egito, escravo

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGRIE"JA RESTAURADA 75

longe de sua casa, num pais estranho, entre pessoas completa-


mente desconhecidas e em meio a provas e tentações . Mesmo
nessas condições, êle se recusou a deixar-se dominar, porque
"Deus estava com êle ."

Através de sua fé, coragem e de muito trabalho, ganhou a


estima de seu amo, vindo a ter direito sôbre seus bens, tanto
em casa como no campo . Foi então que se lhe apresentou a
maior das tentações, a mesma tentação que o mundo atual tem
.à sua frente — a imoralidade — à qual milhares de pessoas
estão cedendo . A fé e coragem de José ajudaram-no a passar
-o momento critico, e assim exclamou : "Como, pois, faria eu
êste grande mal, e pecaria contra Deus?" Se José tivesse come-
tido êsse terrível mal, teria sido êste o fim, em vez do princípio
de um glorioso futuro.

Não podemos deixar de maravilhar-nos com a fé, paciência


e coragem de Moisés . Os israelitas, enquanto no deserto, quei-
xavam-se, rebelavam-se e opunham-se contra êle constantemen-
te. Parece que até mesmo o Senhor chegou a se impacientar e
resolveu destruir êsse povo e dar principio a uma nova geração,
com. Moisés. Muitos de nós teríamos aplaudido êsse feito, dizen-
do : "Quem manda serem rebeldes?" Porém, não foi isto o que
fêz Moisés. De tôdas as formas honrou a Deus e valorosamente
se recusou a aceitar honras e favores . Foi um grande homem,
por causa de sua fé e coragem.
A história está cheia de exemplos de homens de valor . Já
tomamos muito espaço, citando-os, mas devemos mencionar um
mais . Joseph Smith viu Deus, o Pai, e seu Filho, Jesus Cristo . A
visão foi uma realidade para ele. Contou-a a outros, pensando
que também compreenderiam e acreditariam . Porém, isto não
:aconteceu, a não ser com os membros de sua família . A socieda-
de o desprezou, os que haviam sido seus amigos zombaram
dêle . Da mesma forma que Noé, permaneceu sòzinho num
mundo de dúvidas e confusões . Entretanto, continuou fiel a seu
testemunho, apesar de tudo.

Sua curta vida foi repleta de provas e perseguições, ocasio-


nadas por homens iniqüos e conspiradores ; porém, apesar. de
tudo isto, jamais desfaleceu . Finalmente, encaminhou-se. a seu
martírio, sabendo perfeitamente que se negasse a verdade teria
evitado a tragédia . Éle teve fé e coragem.

76 PRINCÍPIOS OPERA .NTES DA IGREJA RESTAURADA

A FE' EM NOSSAS VIDAS DIÁRIAS


Uma multidão de inválidos se havia congregado em volta
do tanque de Betsaida . Eram os cegos, coxos, afligidos e mori-
bundos . Jesus, o Mestre de Nazaré, aproximou-se . Repentina-
mente a água se agitou, devido às borbulhas de gás que esca-
param da superfície . Isto acontecia a intervalos regulares e ime-
diatamente todos se jogavam na água . Êles acreditavam que
eram os anjos que revolviam a água e que o primeiro a entrar
no tanque depois da erupção ficaria curado . Havia ali um para-
lítico que já estava enfêrmo por trinta e oito anos . Ninguém o
ajudava a entrar na água e outros sempre chegavam primeiro.
"Queres sarar?" — perguntou-lhe o Grande Médico . "Toma teu
leito e anda ." Assim, se' fêz e o . homem sarou . (João 5 :1-16;
Marcos 3 :1-5 ; 10 :46-52 ; 7 :32-37 ; Lucas 13 :11-17 ; 17 :11-19').
Assim foi que Jesus, dia após dia, silentemente agiu entre o
povo, aliviando-o de suas enfermidades e aflições e até mesmo
restàúrando a vida aos mortos . Freqüentemente lhes dizia : "Tua
fé te curou ." Que gloriosa missão, num mundo tão cheio de
tristezas !
Já foi provado cientificamente que os inimigos mais perigo-
sos da vida, da saúde e da felicidade, são o ódio, a ira, as preo-
cupações, o temor, as paixões sem domínio e outros males se-
melhantes . Se êstes anátemas da vida pudessem ser expulsos,
prevaleceriam a alegria, a paz e . a satisfação . Êstes males se nos
advêm como resultado de um viver incorreto, da falta de fé e co-
ragem, necessárias para que nos empenhemos decididamente
numa vida limpa.
Não há muito tempo atrás uma jovem pôs à prova o con-
selho de viver de acôrdo com sua religião todo um dia . Que era
um dia para ela? Um dia, em nossas vidas, é algo insignificante.
Para poder cumprir tudo devidamente teve 'que aprender o que
é religião e a maneira com que age e pensa uma pessoa religiosa.
Leu a Bíblia, aprendeu a fórmula e deu à proposta urna prova
honesta e justa por 'um dia — vinte e quatro horas . O experi-
mento foi um sucesso e o curso de tôda sua vida foi mudado.
"Pensemos no que representou — escreveu ela — um dia
inteiro sem o menor indicio de temor . Sem temer nada nem
ninguém ; sem temer a vida ou a morte ; sem temer a velhice, a
enfermidade, o futuro ou qualquer outra coisa . Pela primeira
vez em minha vida eu . me senti livre ."
São êstes os resultados da fé e da coragem na vida diária.
Vale a pena fazer uma experiência ; os resultados serão os
77PRIINCf.PIO& OPERANTES DIA; DGRIEJA RESTAURADA

mesmos, se a prova for sincera e completa . Não só nos caminhos


da vida diária a fé e a coragem asseguram a paz, mas também
frente à morte e à calamidade. A fé, esperança e coragem dão
ocasião a expressões como estas : "Sinto-me mais forte ao acer-
car-me de meu Deus . Não me lamento, mas confio nêle e lhe
peço resistência ." "Nossas almas estão nas mãos de Deus ; isto,
é o suficiente ."
Certamente a fé em Deus e em nós próprios e a coragem
de conservarmos nossas sinceras convicções são a pedra fun-
damental para a alegria e a felicidade.

DISCUSSÃO
1. Em que diferem a! fé e o conhecimento?
2. Em que se relacionam a fé e o conhecimento? Cite-se um
exemplo.
3. O que é a coragem?
4. Em que se relacionam a fé, o conhecimento e a coragem?
Ilustre-se com exemplos que tenham sido citados na lição ..
5. Repassar a experiência dos três jovens hebreus.
6. Mostrar como foi que a fé influiu na vida de José.
7. Porque dizemos que nossas vidas diárias são constante-
mente movidas pela fé?
Lição XV
A FE' (continuação — III)

MIN A FE' NO FUTURO

"Teria eu uns quatorze anos — relata um senhor — quando


uma caravana de ciganos visitou nossa pequena cidade . Acam-
param perto do centro e todos os temiam, porque tinham fama
de se apoderar de coisas que não lhes pertenciam.
"Os ciganos, segundo a crença popular, podem adivinhar ou
ler o futuro e assegura-se que tudo acontecerá como êles dizem.
No principio eu me contive, porque eram principalmente as
moças as que ficavam louquinhas por ir ouvir sua sorte. Por fim
a curiosidade me dominou e, sem deixar-me ver por nenhum
de meus amigos, meti-me na tenda da adivinha . Fiquei as-
sombrado ao ver as formosas cortinas, as caras almofadas e
outros milhares de coisas de diferentes países, com que estava
adornado seu quarto . A amável velhinha mandou-me sentar a
seu lado e, em voz solene, começou a declarar-me o que o meu
futuro destino me tinha reservado . Não faltaram as viagens a
terras estranhas, riquezas de fontes desconhecidas e misteriosas
e também a bela senhorita de cabelos negros que cruzaria meu
caminho e participaria comigo das ditas da vida . Meus inimigos
'se levantariam contra mim muitas vêzes, mas eu sempre seria o
vencedor . Estas promessas, com milhares de detalhes, foram as
coisas principais que haveriam de acontecer na minha vida . Que
futuro me esperava!
"Ninguém pode dizer que eu não procurei fazer com que
estas coisas se cumprissem, embora não me tivesse sido dito
que esfôrço algum seria requerido de minha parte . Eu freqüen-
temente sonhava com as viagens a terras estranhas, mas nunca
sai de meu país. Em vão esperei pela jovem de cabelos negros:
ela nunca apareceu e finalmente me casei com uma loira . Ainda
estou esperando pelas riquezas que haveriam de aparecer, vindas
de fontes misteriosas. Meus inimigos muitas vêzes se puzeram
contra mim, mas nem sempre sai vencedor .

PR1INCíIlIOE OPERANTES DA, IGRIE'JA RESTAURADA 79

"Alguns anos depóis, falando com um dos patriarcas da


Igreja, começamos a falar sôbre as bênçãos patriarcais e, no
curso da conversação êle se propôs a dar-me uma . Não vou men-
cionar tôdas as coisas que êle me prometeu . Entre outras me
disse : Tua missão na vida é a de ensinar o evangelho à juven-
tude da Igreja . Recebeste o sacerdócio no mundo espiritual e
voltaste arecebê-lo aqui . Em virtude dessa autoridade, predica -
rás o evangelho ao mundo e muitos aceitarão teu testemunho.
No devido tempo irás ao templo para ser ligado para a eterni -
dade a uma espôsa digna e companheira fiel . Tôdas estas coisas
o Senhor tem reservadas para ti, querido irmão, se cumprires
fielmente teu dever."
"Quão diferente das promessas que me havia feito a cigana!
Em seu caso eu nada linha que fazer e nenhuma de suas pro-
messas se realizou . Tôdas as promessas do patriarca dependiam
de minha própria fé e abras. O mais interessante de tudo é que
as palavras da cigana ficaram gravadas em meus pensamentos,
enquanto as promessas do patriarca, naquele tempo, não me im-
pressionaram muito, ou I melhor, não pensava nelas com, a mesma
freqüência .. Apesar de ¡tudo, até o dia de hoje tenho dedicado
minha vida ao esinaménto do evangelho à juventude da Igreja.
Cumpri a missão e alguns, embora poucos, aceitaram meu tes-
temunho. Casei-me no templo e minha espôsa tem sido uma
digna e fiel companheira durante quase cinqüenta anos ."
A responsabilidade de tôdas as bênçãos prometidas e não
cumpridas deve recair sôbre nós mesmos . Possivtelm.ente não
cumprimos nossa parte . O Senhor tem sido bom para conosco.
Apesar de nossos erros, pecados e descuidos, grandes são as
nossas bênçãos . Adivinho algum sabe o que o destino nos reser-
va. Sòmente nosso Pai Celestial o sabe . Se temos fé para . pedir
e coragem para trabalhar pelo que pedimos, a alegria e a sa-
tisfação nos acompanharão durante o resto de nossos dias . "Pedi
e dar-se-vos-á ; buscai e achareis ; chamai e. se vos abrirá ."
(Mateus 7 :7) . Êste é o !convite de Jesus.

NOSSA FE' NO FUTURO DO MUNDO

O autor conhece um menino que se encontra num hospital,


há algumas quadras de sua casa . Essa criança foi recentemente
atropelada por um pesado caminhão que lhe danificou séria-
mente ambas as pernas . Todos pensavam que seria necessário
cortá-las e que o pobre menino seria um inválida por, . tôdá a

80 PRiNCÍPIO:S OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

vida. Certa manhã o visitamos e, embora seu corpinho enfraque-


cido passasse por intensa dor e a expressão de seu rosto mani-
festasse plenamente o que estava agüentando, ainda assim nos
saudou com um sorriso . "Não necessitarão cortar minhas pernas
— foram suas primeiras palavras — os doutores dizem que
algum dia eu poderei andar tão bem como qualquer outra
pessoa ." A fé dêsse menino no futuro lhe dá a coragem neces-
sária para agüentar os sofrimentos e dôres que hoje o atormen-
tam. Te agradecemos, ó Pai, por tais exemplos de semelhante fé
e tão grande coragem!
0 Senhor, através de seus profetas e patriarcas, tem-nos fa-
lado do futuro o suficiente para que tenhamos fé nêle e em sua
palavra ; não precisamos desesperar-nos.
Numa lição prévia aprendemos que todos os profetas, desde
o princípio da história, tinham conhecimento da vinda de Cristo
na carne . Há mais de cinqüenta referências a respeito só no Velho
Testamento. Sua vinda cumpriu essas profecias . Éle viveu entre
os homens, foi crucificado, ressurgiu dos mortos, apareceu a
muitos e finalmente ascendeu aos céus, para estar com seu Pai
e nosso Pai . Porém, aquela não foi a última de suas visitas à
terra, nem o fim de seu trabalho entre os homens . A seguir
damos algumas referências, escolhidas entre muitas, referentes
à sua segunda vinda.
Quando Jesus deixou seus discípulos pela última vez, êstes
observaram sua ascensão aos céus . E então, subitamente, dois
homens vestidos de branco se puseram em seu meio e disseram :
„ . . .Varões galileus, por que estais olhando para Ias alturas?
Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo
como o vistes subir .” (Atos 1 :11).
Referindo-se aos últimos dias, Mateus registra : "E êle en-
viará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais
reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus . . . e verão o Filho do homem vindo sobre
as nuvens do . céu com poder e muita glória ." (Mateus 24 :29-31).
Neste continente Jesus contou aos nefitas que haveria de
vir novamente e prometeu a três dos Doze por êle escolhidos
que nunca haveriam de morrer, mas continuariam a viver . na
terra até que êle pudesse vir em glória nos últimos dias . (III
Nefi 25 :5; 26 :3; 28 :7-8).
O tempo exato de sua vinda não foi revelado . " . . .Aquêle
dia e hora homem algum sabe . . ." disse Jesus. "Pois assim como
nos dias de Noé, também, será a vinda do Filho do homem. Por-
quanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e

PRINCfPIO OPERANTES DA . IGREJA RESTAURADA 81

bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que


Noé entrou na arca . El não o perceberam, senão quando veio o
dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho
do homem ." (Mateus 24 :36-40).
Embora Jesus não nos tenha dado um tempo definido, in-
dicou condições que haveriam de existir antes do tempo de sua
vinda. Mateus, capítulo] vinte e quatro, é a referência mais fre-
qüentemente citada a respeito dêsse assunto . Entre outras coisas
nos foi dito que o evangelho deve ser pregado a todo o mundo;
que haverá guerras, épocas de fome, terremotos e que tôda a
terra estará em comoção . As escrituras chamam a êste o "grande
e terrível dia ."
Malaquias diz que j antes do " . . .grande e terrível dia . . . " o
Senhor enviará Elias, oÍ Profeta, para tornar os corações dos pais
aos filhos e os corações dos filhos aos pais . (Malaquias 4 :5-6).
Elias veio em 1836, há mais de cem anos atrás. Os homens estão
comendo e bebendo, Casando e dando-se em casamento, como
nos dias _ de Noé . Nunca tantas guerras, tanta fome e comoção
assolaram o mundo como atualmente . Não há dúvida de que a
vinda de Cristo está às portas.
Assim como a hora mais escura é aquela que antecede a alvo-
rada, também as guerrás e sofrimentos cederão ante a era de paz
que está próxima . A iniqüidade e os homens malvados serão des-
truídos e Jesus reinará fiem paz sôbre a terra por mil anos . Tôdas
as criaturas viventes sôbre a terra finalmente gozarão de paz.
"E morará o lôbo, com o cordeiro, e o leopardo com o ca-
brito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e a nédia ovelha
viverão juntos, e um menino pequeno os guiará . A vaca e a ursa
pastarão juntas, e seus filhos juntos se deitarão ; e o leão comerá
palha com o boi ." (Isaías 2 :4 ; 11 :9).
Embora a hora seja negra, se pudermos conservar nossa fé
em Deus, tendo a coragem de levar vidas retas em meio à tenta-
ção, tudo sairá bem . Grandes experiências esperam a juventude.
Preparemo-nos para o fi que temos à frente.

DISCUSSÃO

1. O que foi que a cigana prometeu ou prognosticou ao homem


de quem falamos na lição?
2. Porque é que o patriarca sabia e a cigana não?
3. Qual o valor da bênção patriarcal?

82 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

4. A fé nos é de muito valor nos momentos de angústia . Como


podemos demonstrar isto através da experiência do menino
acidentado?
5. Estamos vivendo tempos angustiosos . Que razão possuimos
para termos fé no resultado final?
6. Virá Jesus Cristo reinar sare a terra nestes últimos dias?
Como sabemos?
7. Quem predisse a vinda de Elias, e quando veio êle?
Lição XVI
ARREPENDIMENTO

ARREPENDIMENTO E PROGRESSO
Recentemente se anunciou num jornal local que numa reunião
de um certo domingo, os membros da presidência haveriam de
discutir os primeiros princípios do evangelho . Dos duzentos mem-
bros que compunham o ramo ~ente doze estiveram presentes
nessa noite . Ao mesmo tempo se havia juntado uma grande mul-
tidão para ouvir uni espetáculo gratuito na praça . Os teatros e'
cinemas estavam cheias . As outras igrejas dessa cidade, provà-
velmente, tinham maior assistência.
Por que razão compareceram tão poucos membros? Se o
tema não tivesse sido anunciado, teriam ido mais pessoas? Talvez
já saibamos tudo' o que se relaciona à fé, ao arrependimento e ao
batismo e não haja necessidade de estudar mais tais coisas . Afinal,
por que preocupar-se com essas coisas?
Alguns dias depois o mesmo jornal local anunciou por vários
dias que a certa hora de determinada data, exibir-se-iam na es-
tação da estrada de ferro duas importantes locomotivas que re-
ceberam o nome de Primeira e última. Antes da hora designada
já se havia reunido uma imensa multidão. Ali estava uma enorme
locomotiva, uma das mais modernas, e, em frente a esta, como
se fôsse um brinquedo, estava uma das primeiras locomotivas
inventadas . Esta, em sua época, foi considerada uma maravilha
e alcançou a surpreendente velocidade de cinqüenta quilômetros
por hora. Porém, ao lado da outra parecia tão pequena que tinha-
se a impressão de que,podia ser escondida dentro da locomotiva
nova.
O que havia sucedido durante os anos passados entre a cons-
trução destas duas máquinas? A mudança não foi repentina . Dia
após dia, mês após mês e ano após ano, centenas de homens,
talvez milhares, estudaram, fizeram experiências e melhoramen-
tos. Descartaram-se de algumas invenções, porque não as coa-

84 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

sideraram práticas, enquanto dispensavam suas atenções, a outras,


até lograrem resultados satisfatórios.
Porém, êste não é o fim ; da história . As modernas máquinas
Diesel estão mudando par completo o princípio da locomotiva.
Não desprendem fumaça, suas rodas transmissoras não são visí-
veis, no entanto, correm com uma velocidade assombrosa . Em
todos os campos o homem está fazendo melhoramentos.
Em 1872 Morse inventou o telégrafo ; Bell descobriu o telefone
em 1876 e, Marconi a telegrafia sem fios em 1895 . Dêstes simples, :
porém maravilhosos princípios, desenvolveu-se o sistema mundial
de rádio, de tanto significado para nós em nossos meios de
comunicação.
Porém, o que tem isto a ver com os primeiros princípios do
evangelho? Muito . Sem fé em Deus e na habilidade humana,
jamais ter-se-ia aperfeiçoado, ou mesmo principiado uma só in-
venção humana ; se, nos séculos passados, o homem tivesse fi-
cado satisfeito com o que tinha, se jamais tivesse procurado
melhorar ou mudar, se jamais tivesse deixado os costumes, hábi-
tos e inutilidades por coisas melhores, não estaríamos gozando
agora nossos modernos meios de transporte, comunicação, etc . Os
homens, em tôdas as épocas, têm reconhecido seus erros em todos
os tipos de atividades e, diligente e sinceramente, têm procurado
melhorar . Esta habilidade para reconhecer ou admitir o mal,
abandoná-lo e procurar coisas mais nobres tem sido a causa do
avanço da civilização e das possibilidades do progresso eterno.
Pode-se dizer que isto é uma espécie de arrependimento.
Porém, há outro aspecto ainda mais importante do arrependi-
mento . Diz respeito a nossas vidas morais e espirituais . Encon-
tramo-nos no caminho que conduz à glória celestial no reino de
nosso Pai, onde não pode morar nenhuma coisa ou pessoa imun-
da . "Certamente não há homem justo na terra — disse Salomão
— que faça o bem e não peque ." (Ecles . 7 :20) . Estas palavras
também se aplicam a nossas pessoas, não fazendo diferença quão
retamente nos esforçamos por viver. No entanto, isto não deveria
desanimar-nos . Quando sobrepujamos nossas faltas e debilidades,
nos tornamos mais fortes e progredimos.
Certa ocasião perguntou-se a uma menina o que entendia
por arrependimento . Respondeu que para ela o arrependimento
representava algo como entrar em algum lugar e fechar a porta
atrás de si . O que quis dar a entender foi que devemos apartar-
nos do mal, cerrando-lhe a porta . O arrependimento quer dizer
dar as costas ao pecado e à maldade e não cometê-los mais . Sig-

PIRJINC£PIOS OPERANTES A. IGRiEJA RESTAURADA 85

nifica reconhecer ou admitir uma forma de vida melhor, com


fé e coragem para segui-la.
O filho de um certo homem rico recebeu sua parte dos bens
de seu pai e foi viver num país distante . Enquanto possuia di-
nheiro, viu-se rodeado de amigos fingidos, prontos para diverti -
rem-se com êle e ajudá-lo a gastar o que tinha . Por fim o dinheiro
«abou e êle se viu reduzido à pobreza ; foi quando todos seus
amigos o abandonaram . Para não morrer de fome pôs-se . a apas-
centar porcos e com gôsto ter-se-ia fartado "das alfarrôbas que
os porcos comiam ; mas ninguém lhe dava nada ."
Em circunstâncias tão desfavoráveis lembrou-se de seu anti-
go lar. Na casa de seu pai os servos tinham comida com fartura.
"Levantar-me-ei e. irei ter com meu pai — disse Me — e lhe
direi : Pai, pequei contra o céu e diante de ti ." Seu pai recebeu-o
com alegria e o restaurou ao seu lugar antigo . (Lucas, cap . 15).
Esta simples história contém todos os elementos do arrepen-
dimento sincero . O jovem reconheceu seu 'erro ; sentiu contrição;
resolveu corrigir-se ; deixou seus maus caminhos. Seu pai o per-
doou e êle voltou a desfrutar de sua confiança e amor . O resul-
tado foi amor, alegria e boa vontade.
O arrependimento purifica e limpa a alma, e proporciona
um sentimento de domínio e desenvolvimento . Arrepender-se sig-
nifica deixar de fazer o mal com a forte determinação de não
voltar a praticá-lo.

O ARREPENDIMENTO NA VIDA DIÁRIA

Leonardo era filho de uma viúva. Tinham pouco dinheiro e


nem sempre lhes era fácil conseguir o que comer . Um dia êle
entrou numa padaria para comparar pão . Aproximou-se de uma
senhora que estava fazendo suas compras e que nesse momento
pagava a conta . Sem que ela notasse, uma das notas escorregou
de sua mão e foi cair junto aos pés de Leonardo . Èle imediata-
mente cobriu-a com o sapato . A senhora saiu da padaria, Leonar-
do comprou seu pão, pegou a nota e saiu em seguida . Era uma
nota de cem cruzeiros ie êle imediatamente decidiu que com ela
compraria alimento pouco a pouco, até que se acabasse ; diria à
sua mãe rque havia ganho o dinheiro trabalhando.
Porém, ao caminhar começou a refletir : teria que mentir
para explicar seu roubo e, se sua mãe viesse a sabê-lo, ficaria
muito desgostosa . Começou a caminhar mais ràpidamente e por
fim principiou a correr. Porém, sua mente não lhe dava paz.

86 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Finalmente Leonardo não pôde aguentar mais e voltou . Encon-


trou a senhora, que saia de outro negócio.
- Este dinheiro é seu — disse-lhe, colocando o dinheiro em
sua mão — a senhora deixou-o cair naquela padaria que está
em frente.
Que sentimento de alegria . e satisfação sentiu Leonardo ao
voltar para casa!
Miguel era dono de um automóvel de aluguel . Numa noite
em que chovia muito êle recolheu um passageiro na estação da
estrada de ferro. Esse senhor havia tomado alguns aperitivos e
em tal condição se encontrava que sòmente pôde dizer-lhe onde
queria ir. Quando chegaram a seu destino Miguel recebeu o que
lhe pareceu ser uma nota de cem cruzeiros . Deu-lhe o trôco e
acompanhou-o à porta . De noite, ao fazer suas contas, descobriu
que tinha Cr$ 950,00 em excesso. Aquêle homem, em sua bebe-
deira, não notou que lhe havia dado uma nota de mil . No dia
seguinte êle foi ao hotel onde havia-o levado, mas êste havia saído
da cidade bem cedo, sem deixar domicilio. Miguel pensou : "Para
que preocupar-me?" Esta e dezenas de outras razões ocuparam
sua mente. Passaram-se os dias e nem uma palavra ou notícia
recebeu do tal senhor . Miguel quis considerar-se afortunado, mas
sua consciência não o deixava. Seria o mesmo que estabelecer um
negócio honrado sôbre um fundamento falso . Ele não havia real-
mente procurado encontrar o homem.
Voltou ao hotel para perguntar se o homem havia deixado
qualquer tipo de enderêço e lhe disseram que êle vivia numa
cidade situada no leste do país, mas não tinham seu enderêço
preciso. Miguel escreveu ao encarregado do correio, mas não
recebeu resposta alguma . Então escreveu uma carta a uma das
companhias dessa cidade, na qual solicitava os nomes dos hoteis
principais . A seguir escreveu a cada um dos hoteis e esperou.
Por esse tempo o negócio já havia se convertido num passatempo
que muito o distraiu ; até mesmo havia perdido o desejo de reter
o dinheiro . Agora representava um ideal . Depois de várias sema-
nas recebeu urna resposta . Na carta o homem se identificava e fe-
licitava Miguel por sua honradez . Concluiu a carta dizendo :
"Dentro de pouco terei que ir a essa cidade outra vez e gostaria
muito de conhecê-lo melhor . Ao chegar procurarei comunicar-me
consigo."
A narração seguinte também é verdadeira, embora tenham
sido mudados os nomes das pessoas . Sara, uma menina de quinze
anos, muito ,magra, pálida e mal nutrida, havia-se matriculado
numa classe de estudos bíblicos . Sua família chegara recentemen-

PÏRINCíPIOIS OPERANTES DA, I'GRIEJA RESTAURADA 87

te de outra cidade . Era uma menina tímida e cheia de complexos.


Depois de algum tempo um milagre havia se efetuado : Sara
havia-se convertido numa jovem bonita e modesta . Era muito
alegre e agradável e todos a queriam . O que havia sucedido?
Como se efetuou tal mudança?
Um dia, depois do ¡término das aulas, chegou um homem e se
dirigiu ao professor : Sou Antônio Rocha, o pai de Sara . Vim
agradecer-lhe pelo interêsse que o senhor tem manifestado por
ela .
Então lhe explicoú a causa do milagre . Tôda a família se
havia acostumado a beber café muito forte, sem leite ou açúcar.
Nunca lhes faltava cigarros e preferiam cerveja a água, sempre
que podiam consegui- :ela.
Numa das discussões da classe de estudos bíblicos havia sido
dito que essas coisas são prejudiciais . Sara se interessou e deixou
de beber o café e a cerveja . Principiou a beber leite no lugar
dessas coisas . No comê;co seu pai pôs-se a fazer caçoadas . Depois
ameaçou-a e até mesmo castigou-a . No entanto, Sara seguiu firme
em sua resolução, o que resultou na mudança mencionada . Quan-
do o pai de Sara viu! como sua aparência estava melhorando,
deixou-a em paz . Aconselhou as outras crianças e seguirem seu
exemplo e chegou mesmo a deixar também de beber cerveja.
No ano seguinte Ana, a irmã mais nova de Sara, se matri-
culou na classe . Estava mais magra e mais pálida do que Sara.
Certo dia, depois da aula, ficou para trás, como se algo a estivesse
molestando.
— Em que posso ajudá-la? — perguntou-lhe o professor.
— Bem — respondeu, depois de titubear por uns momentos.
— Quero ser como minha irmã . 0 senhor viu como ela ficou forte
e bonita e como seu olhos refletem tanto entusiasmo?
—. De fato — respondeu o professor um pouco confuso —
porém, Sara conseguiui, realizar tal mudança por si própria, mu-
dando sua maneira de viver ..
—. Eu sei . Também sei que teve que batalhar muito com
papai, embora agora já a tenha deixado em paz . Eu já deixei de
beber cerveja, mas nãó posso deixar de tomar café . Espero que
o senhor possa me ajudar.
- Mas, que posso eu fazer? Você é quem tem que fazê-lo,
sôzinha . Por que não toma leite em vez de . café?
-- Se é isso o que ;tenho que fazer me declaro vencida desde
já. Não gosto de leite.] Sinto meu estômago revoltar-se cada vez
que procuro bebê-lo . Pensei que se o senhor permitisse que eu
venha uma ou duas ,vêzes por semana para dizer-lhe o que

88 PRINCIPIAS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

tenho feito, isso me ajudaria . Prometo-lhe que confessarei hones-


tamente tôda vez. que fracassar é tôda vez que obtiver êxito.
— Não só isso, mas ainda mais — exclamou o professor com
muito entusiasmo . — Também orarei por você e, se você conti-
nuar se esforçando e também orando, estou certo de que vence-
remos Satanás e você podèrá ser como Sara.
Presentemente as duas jovens estão casadas e são felizes
mães de família . Convém conhecer a verdade e viver de acôrdo
com ela, porque é a verdade que nos libertará.
DISCUSSÃO
1. Como foi que a menina explicou o arrependimento? Que
quis dizer?
2. 0 que significa para nós o arrependimento?
3. Foi indicado o princípio do arrependimento no exemplo das
duas locomotivas? Em que sentido.
4. Em que se relaciona o arrependimento com o progresso e
os . ideais?
5. Na parábola do Filho Pródigo, como chegou este ao arrepen-
dimento?
6. Nos exemplos de Leonardo e Miguel, o que é que o arrepen-
dimento ilustra?
7. Nas experincias de Sara e Ana, como se manifesta o arrepen-
dimento?
8. Necessitamos arrepender-nos em nossas vidas diárias?
Porque?
Lição XVII
ARREPENDIMENTO
(Continuação — II)

O QUE AS ESCRITURAS DIZEM+ SÔBRE 0 ARREPENDIMENTO


Devemos ter muita¡ fé nas escrituras, pois elas contêm a pa,
lavra do Senhor . Quase não há um só tema relacionado com o
bem-estar humano que' as Escrituras não discutam sàbiamente.
As passagens seguintes estão entre as muitas que falam sôbre o
arrependimento . Isaías disse:
"Buscai ao Senhor; enquanto se pode achar, invocai-o en-
quanto está perto . Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem ma-
ligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se com-
padecerá dêle ; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em
perdoar." (Isaias 55 :6-'7).
O próprio Jesus admoestou o povo a que se arrependesse,
porque ali estava êle, pronto para introduzir seu reino . "Foi Jesus
para a Galiléia pregando o evangelho de Deus . Dizendo : O tempo
está cumprido e o reino de Deus é chegado ; arrependei-vos e.
crêde no evangelho ." (Marcos 1 :14,15).
Certa ocasião alguinas pessoas perguntaram a Pedro o que
tinham que fazer para i se salvarem . Sua resposta enumerou de-
finitivamente os primeiros princípios do evangelho . "Arrependei-
vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espirito
Santo ." (Atos dos Após¡tolos 2 :37-38).
O batismo de nada; serve, a menos que seja precedido pela
fé e pelo arrependimento — a determinação de viver vidas me-
lhores. Um profeta moderno disse : "Batizar uma pessoa que não
tenha se arrependido seria o mesmo que batizar um saco de
areia." E' igualmente inútil dizer que nos arrependemos e pedir
o perdão de nossos próprios pecados se não estamos dispostos a
perdoar os de nosso próximo. Quando pedimos perdão devería-
mos dizer : "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos

90 PRINCIPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

perdoado aos nossos devedores . . . Porque se perdoardes aos ho-


mens as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará;
se, porém, =não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos
perdoará. as vossas, ofensas ." Tal foi o conselho de Jesus. (Mateus
6:12, 14, 15) .
Há uma grande diferença entre o arrependimento e o remor-
so. Paulo disse : "porque a tristeza segundo Deus (o desejo de
viver melhor) produz arrependimento para a salvação que a
ninguém traz pesar ; mas a tristeza do mundo produz morte ." (2
Coríntios 7 :10) . 'Podemos comparar êste tipo de tristeza à do
ladrão que se encheu de pesar porque o haviam prendido, não
porque havia roubado . Algum dia voltará a roubar.
Algumas vêzes não é fácil arrepender-nos, porque o arrepen-
dimento quer dizer deixar de lado a maldade ; mas, enquanto
existir o desejo e, a determinação, sempre haverá esperança.
Quando Judas viu que iam crucificar Jesus não sentiu um ar-
rependimento verdadeiro, mas sim um remorso terrível . Me não
via esperança alguma no futuro e assim se enforcou.
O parágrafo seguinte é uma composição de várias passagens
das Escrituras . Êle nos dá uma idéia bastante clara do que é o
arrependimento verdadeiro, segundo as Escrituras.
"Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado
está sempre diante de mim . Agora me alegro, não porque fôstes
contristados, mas porque fôstes contristados para o arrependi-
mento. Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia
da salvação . Esta vida veio a ser um estado de provação ; um
tempo para preparar-se para comparecer perante Deus . Arrepen-
dei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pe-
cados.' Lançai de vós tôdas as vossas transgressões com ; que trans-
gredistes, e criai em vós um coração novo e um espírito novo.
Fazei frutos dignos de arrependimento ." (Salmos 51 :3; 2 Cor. 7 :9;
6 :2; Alma 12 :24; Atos 3 :19 ; Ezequiel 18 :31 ; Mateus 3 :8).

OS RESULTADOS DO ARREPENDIMENTO
Alguns exemplos : E' uma das leis da natureza, uma das leis
da vida, que a pessoa ou o povo que chega a afundar-se com-
pletamente♦ na iniqüidade corre o perigo de uma destruição com-
pleta, a menos que se realize um arrependimento imediato . Ní-
nive foi uma dessas cidades . Mandou-se-lhe a Jonas que fôsse e
pregasse ao povo : . sôbre uma destruicão iminente, a menos que
se arrependessem de imediato.
Porém, Jonas procurou fugir de tal responsabilidade e em

PRLINCfPfIO(9 ORRRANTES DIA IGR1E'JA RESTAURADA 91

barcou numa nave para Tarsis . Jogaram-no ao mar e uma baleia


o tragou, trazendo-o de volta à praia . Depois disto êle foi a Ni-
nive, admoestar o povo iníquo do perigo que o ameaçava, di-
zendo-lhes que se arrependessem . O povo aceitou sua mensagem
e, desde o rei até seu mais humilde súdito, se humilharam . e ves-
tiram saco para manifestar seu arrependimento . Evitou-se a des-
truição e a grande cidade continuou existindo por mais alguns
séculos. (Livro de Jonas).
Os irmãos de José eram invejosos e maus . Maltrataram-no e
finalmente venderam-no como escravo. Passaram-se os anos e
nunca mais vieram a saber coisa alguma de sua pessoa; chegaram
à conclusão que êle estava morto. Cada vez que lhes sobrevinha
algum contratempo, pensavam que Deus os estivesse castigando
pelo mal que haviam feito a José . O tempo passou, envelheceram
e tornam-se pais de família, mas não conseguiram apagar a re-
cordação de seu irmão mais novo.
Então, depois de muitas circunstâncias interessantes, acha-
ram-se com . José num palácio do Egito . Todos o onze lá estavam,
mas não o reconheceram . Depois de haverem se humilhado o su-
ficiente, arrependendo-se devidamente de todo o mal que lhe ha-
viam causado, José se deu a conhecer.
"Eu sou José, vosso irmão — disse-lhes êle . — Agora, pois,
não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me ha-
verdes vendido para cá ; . porque para conservação da vida, Deus
me enviou diante da vossa face . . . Assim não fôstes vós que me
enviastes para cá, senão Deus."
Devido ao arrependimento os irmãos se viram reunidos outra
vez. Seus corações se encheram de . alegria e felicidade . Até mesmo
Jacó, seu idoso pai, viveu o suficiente para ver os benditos frutos
de um arrependimento verdadeiro . (Gên. caps. 42-45).
4 Muito antes do nascimento de Cristo viviam em Zarahemla,
uma antiga cidade da América, cinco jovens que se chamavam
Alma, o filho de Alma, Amón, Aarão, Omer e Himni, filhos do
rei Mosiah . Éstes jovens, aproveitando-se de sua alta posição
social passavam o tempo desfazendo os ensinamentos de seus
pais e praticando muitas maldades entre o povo . Caminhavam a
passos largos para a destruição . Porém, algo de extraordinário.
aconteceu . Por meio das orações e súplicas de seus bons pais,.
foram induzidos a cessar suas maldades.
Em plena luz do dia, enquanto na prática de sua obra per-
versa, cairam. por terra, feridos por um poder invisível . Por três
dias eteve Alma como morto, enquanto seu espirito consciente
sofria os tormentos dos condenados. Finalmente voltou a si e

92 PRINCíPIOS .OPERANTES DA .IGREJA RESTAURADA

falou sôbre o padecimento que havia sofrido o seu espirito . Ha-


via visto os frutos de suas más obras e se havia humilhado,
em arrependimento sincero.
Dêsse dia em diante nenhum dêles fraquejou em seu serviço
para com Deus e os semelhantes . Alma veio a ser presidente da
Igreja e primeiro juiz do pais, pôsto semelhante ao do presidente
de uma nação . Os outros quatro jovens trabalharam como- mis-
sionários entre os lamanitas por catorze anos e converteram mi-
lhares dêles ao evangelho . São 'estes os frutos do verdadeiro
arrependimento.
OS RESULTADOS DA FALTA DE ARREPENDIMENTO
E' sempre melhor procurar o lado agradável da vida . En-
contraremos aquilo que buscamos, o bem ou o mal, porque ambos
estão constantemente . presentes . Uma lenda antiga diz que um
homem tinha duas aves, uma pomba e um corvo . Certa manhã
mandou a pomba dar uma volta pelo mundo, voltando ao anoite-
cer para dizer-lhe o 'que havia visto . Ela voltou ao anoitecer e
lhe disse que não havia visto mais que beleza por onde quer
que tivesse ido . Havia visto a luz do sol, árvores e flôres . Havia
ouvido as canções dos arrôios e rios e os trinos das aves.
No dia seguinte êle mandou o corvo, com uma .missão seme-
lhante. Ao voltar o corvo contou que o mundo estava cheio de
corrupção. Havia visto os mortos e os agonizantes ; os débeis e
inválidos . Não havia visto nem ouvido nada do que havia infor-
mado a pomba . Ambos acharam o que haviam saído a procurar.
Os exemplos seguintes são bem conhecidos . Caim fêz planos
f 14iç
para matar seu irmão e, depois de havê-lo feito, não se arrepen-
eu. Seu remorso foi terrível, viveu e morreu desprezado e as-
sinalado . (Gên . cap. 4).
--Nos dias de Noé a iniqüidade do povo enchia o mundo . Por
cento e vinte anos Noé o admoestou constantemente . Não se ar-
rependeram, o juízo de Deus caiu sôbre êles e morreram no di-
lúvio. (Gên. caps. 6-9).
Saul, o primeiro rei de Israel, principiou bem, mas caiu em
êrro e cometeu sérios pecados . Em vez de se arrepender conti-
nuou, cada vez pior, até que por fim se privou da vida no campo
de batalha . (I Samuel caps. 9,10).
Lamã e Lemuel não cessaram de rebelar-se contra a autori-
dade de Lehi-e os conselhos de Nefi . Nunca quiseram arrepender-
se de seus maus desígnios . Afinal o Senhor lançou-lhes por mal-
dição uma pela escurai Até o dia de hoje seus descendentes, os

PRINCfP1IOS O't",ERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 93

índios americanos, carregam sare si o castigo de seus antepas-


sados . Porém, sua redenção está próxima . Novamente chegarão
a ser um povo branco e favorecido.
Se necessitamos de exemplos modernos dos frutos advindos
do arrependimento e da falta do mesmo, não temos que fazer
mais do que mirar à nossa volta . Por todos os lados encontra-
mos pessoas boas . Pessoas felizes, mesmo em meio a sofrimentos
e enfermidades. Comparemos sua condição com a do mundo atual.
Que grande contraste! Suas tristezas e sofrimentos não são mais
que o resultado dos atos de homens iníquos que se recusaram a se
arrepender . Êstes homens iníqüos, da mesma forma que aquê-
les a quem primeiro nos referimos, receberão a recompensa de
suas ações — seu fim será a destruição.
DISCUSSÃO
1. Como é ensinado o arrependimento nas palavras de Isaias?
2. Em que se relacionam a fé e o arrependimento?
3. Explique-se a diferença entre arrependimento e remorso . Em
que diferem seus resultados?
4. Conte-se a experiência de Jonas entre os habitantes de Nínive.
5. Como pode o arrependimento purificar nossas vidas?
6. Se pecamos e nãoj nos arrependemos, qual virá a ser o re-
sultado?
7. O arrependimento produz felicidade e contentamento.
Porque?

Quantos de nós nunca vimos uma mulher lavar roupa? Ela


joga a roupa suja na tina e pouco depois a tira branca e limpinha.
"Lavai-vos, purificai-vós, tirai a maldade de vossos atos de
diante dos meus olhos : cessai de fazer mal : Aprendei a fazer
bem ; praticai o que é reto ; ajudai o oprimido : fazei justiça ao
órfão ; tratai da causa das viúvas . Vinde então, e argüi-me, diz
o Senhor ; ainda que . os vossos pecados sejam como a escarlata,
êles se tornarão brancos como a neve : ainda que sejam verme-
lhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã ." (Isaias
1 :16-18) . .
Voltando ao assunto da lavagem de roupa, encontramo-lo
bastante simples : não há senão uma maneira de lavar a roupa.
Ninguém pensaria em usar outra coisa nó lugar de água para
lavar. . Afortunadamente o Senhor nô-la deu em abundância e, . a
não .. ser no caso de ter-se que pagar impôsto, é inteiramente
grátis. De alguma maneira a água amolece a terra e tira a sujeira
acumulada na roupa . Não há dúvida que temos que usar algo
mais sabão, etc . — mas, em compensação, a roupa sai real-
mente limpa.
Porém, quando falamos sôbre a alma cheia de pecados, ., man-
.chada ;e suja por causa das , iniqüidades cometidas, a coisa já
não é tão simples. Como pode a água. limpar e purificar a alma
interior do efeito dos pecados acumulados? ,Como pode o batismo
na água livrar-nos da responsabilidade de pecados cometidos no
passado? Temos que lembrar-nos que a alma interior não é como
a roupa com que cobrimos o corpo.
(, Senhor bem poderia ter designado outro meio, mas não o
fêz . No princípio, naquele grande plano celestial, adotou-se o ba-
tismo na água como o símbolo da remissão dos pecados . Também
poderíamos dizer que algum outro método de iniciação ou adoção
poderia haver . sido decretado para os que querem ser cidadãos.
dêsse país . Porém, as pessoas que formularam . as leis adotaram
-o sistema atual e, aparentemente, é satisfatório.

PRINCíFIIOS OPERANTES DIA I,GRíE'JA RESTAURADA 95

O BATISMO COMO SfMBOLO

Segundo os dicionários atuais, muitos são os significados da


palavra símbolo . Considera-lo-emos de acôrdo com o seguinte
significado : O Senhor fêz um convênio com Noé de que nunca
mais voltaria a destruir o mundo com um dilúvio . Como sinal ou
símbolo do dito convênio, pôs o arco-iris nos céus.
"O meu arco tenho pôsto na nuvem, êste será por sinal do
concêrto entre mim e a terra . E acontecerá que, quando eu trou-
xer nuvens. sôbre a terra, aparecerá o arco nas nuvens . Então me
lembrarei do meu concêrto, que está entre mim e vós, e ainda,
tôda a alma vivente de tôda a carne ." (Gên . .9 :8-17) . Mesmo . em
bora cinco mil anos já se tenham transcorrido, sabemos que Deus
ainda se lembra de seu convênio, porque o arco pode ser visto,,
para dar-nos tal segurança.
Enquanto Sansão não cortou o cabelo, homem algum pôde:
capturá-lo ; porém, quando cortado, tornou-se como os . demais.
Não precisamente porque tivesse sua fôrça no . cabelo, mas sim
porque sua longa cabeleira era um sinal, um símbolo de um
pacto entre Sansão e o Senhor . Ao ser cortado o seu cabelo, o
pacto foi violado e deixou de estar em vigor. .
Quando fazemos contratos ou convênios, damo-lhes seu ca -
ráter legal assinando nossos nomes . O papel assinado é um sim-
bolo de nosso acôrdo ou disposição de cumprir as condições do
contrato . Poderíamos dar milhares de ilustrações.
No batismo a água não, pode lavar e limpar a alma do pe-
cado, da mesma forma que limpa a sujeira da roupa . Porém, não
é difícil ver porque o Senhor adotou o batismo na água como o
sinal ou símbolo de seu convênio de perdoar o pecado . Nenhum
outro símbolo teria sido tão próprio como o uso da água, o
melhor elemento que se conhece para lavar . Parece' que o proble
ma não é, afinal de contas, assim tão difícil.
Por outro lado, o batismo e um símbolo perfeito da morte,
sepultamento e ressurreição de Cristo . Morreu,' foi depositado
na tumba e então ressuscitou e saiu do sepúlcro para uma nova
classe de vida . Por meio da ressurreição seu corpo havia .,sido,
mudado, limpo e purificado.
Que belo símbolo é o batismo! Depois de arrependidos, des-
cemos a um sepulcro liqüido, e somos completamente . cobertos,
Saimõs dessa sepultura . limpos e purificados do .. pecado, para
uma vida nova e melhor. --

96 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

COMO SOMOS PURIFICADOS OU LIVRADOS DO PECADO

Claro está que a água não lava nossos pecados literalmente.


O batismo é uma ordenança exterior, enquanto que o pecado e
seus efeitos estão no interior, no coração e na alma . Porém, aqui
é onde a fé e o arrependimento nos ajudam . Por meio da fé
reconhecemos que Deus é nosso bondoso e amante Pai e que nos
convida a morar com êle.
No entanto, nenhuma pessoa pecadora pode viver na presen-
ça de Deus . Reconhecemos nossos pecados, sentimos contrição e
aios arrependemos sinceramente, resolvidos a viver de outra ma -
neira. Foi provida a forma de se receber a remissão dos peca-
dos. Arrependei-vos e batizai-vos e sereis salvos . Esta é a so-
lução e, quando a tivermos cumprido, Jesus se fará responsá-
vel por nossos pecados, com a condição de que aceitemos o ba-
tismo, observemos seus mandamentos dêsse tempo em diante e
vivamos de acôrdo com o evangelho, que é o caminho perfeito.

O DUPLO PROPÓSITO DO BATISMO

Pouco depois de batizados fomos confirmados membros da


Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias . Não podemos
ser membros da Igreja e do reino de Deus sem primeiramente
sermos batizados . Jesus disse : "Aquêle que não nascer (fôr ba-
tizado) da água e• do Espírito, não pode entrar no reino de Deus ."
O próprio Jesus deu o exemplo ao ser batizado por João, dizendo:
"Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir tôda a jus-
tiça." (João 3 :5 ; Mateus 3 :15) . O batismo é a porta que dá en-
trada à Igreja, ao reino de Deus, bem assim como à remissão dos
pecados.
O batismo tem ainda outro aspecto . Suponhamos que um
homem tenha quarenta anos de idade ao se batizar . Se se ar-
rependeu e cumpriu todos os requisitos necessários, sabemos que
seus pecados passados serão redimidos . Porém, o que podemos
dizer sôbre seu futuro? Ele ainda não é perfeito — por muito
que se esforce para viver bem, cometerá seus erros.
O futuro obedece a mesma regra . Reconhecemos nossos pe-
cados e sinceramente tratamos de vencê-los . Então o batismo es-
tende sua influência ao passado, presente e futuro . E' como uma
espada de dois fios — corta de ambos os lados, tanto indo como
vindo.

PIRIINC£PIIO6 OPERANTES DA IGRlEJA RESTAURADA 97

De forma que o batismo é para a remissão dos pecados . E'


a porta que conduz ao reino de Deus e está em vigor durante
todos os períodos da vida, passado, presente e futuro.
A AUTORIDADE PARA BATIZAR E A MANEIRA DE FAZÊ-LO
Numa classe da Escola Dominical convidou-se, certo dia, um
ministro de outra igreja para que visitasse a classe e expressasse
suas opiniões sôbre qualquer assunto religioso . O visitante falou
sôbre o batismo e acentuou os seguintes pontos:
1. Dá no mesmo batizar-se ou não ; depende da vontade do
indivíduo.
2. Se pertencemos a uma igreja e decidimos unir-nos a outra,
podemos fazê-lo, sem voltar a nos batizar.
3. No caso de não estar presente um sacerdote ou ministro,
qualquer pessoa pode efetuar a ordenança, homem, mulher
ou criança.
4. Aquêle que vai se batizar pode escolher a forma com que
há de ser batizado — imersão, derramamento ou aspersão.
5. No caso do batismo ter que ser feito num deserto, onde não
haja água, será válido aspergir um pouco de areia.
Podemos imaginar a comoção que êste ministro provocou,
com suas doutrinas liberais . Todos os membros da classe acredi-
tavam no batismo por imersão na água, administrado por um
homem "chamado por Deus, por profecia e pela imposição das
mãos, por aqueles que têm autoridade ." (Regra de fé, núm. 5).
Para sermos breves, permitiremos que as Escrituras resolvam
êstes problemas . Citaremos apenas algumas passagens, embora
o Novo Testamento esteja repleto de referências.
Quanto à forma de batizar, a Bíblia não faz referência a
nenhuma outra maneira, a não ser a imersão . Naqueles dias
ninguém jamais havia ouvido falar em batismo por derrama-
mento ou aspersão, nem tampouco se lhes havia ocorrido usar
areia no lugar de água . O único método que conheciam era por
imersão na água, porque isso é precisamente o que significa a
palavra batismo . Quando Jesus foi batizado, não há dúvida que
baixou primeiro à água e então "logo subiu da água" . (Mateus
3 :16) . João Batista escolheu certo lugar para batizar, "porque
havia ali muitas águas" . (João 3.23) . Felipe batizou .o eunuco da
rainha ., dos Etíopes, "e desceram ambos à água e Felipe batizou
o eunuco." (Atos 8 :36-38).
Quanto à opinião de que um homem pode ou não batizar-se,
conforme a sua vontade, e ainda assim salvar-se, consideremos

98 , PRLNCYPIOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

estas referências . Jesus disse : "Aquêle que não nascer da água


e do Espírito não pode entrar no reino de Deus ." (João 3 :5).
Pedro respondeu a pergunta "que faremos?" dizendo : Arrepen-
dei-vos e sêde batizados, cada um de nós ." (Atos 2 :38) . "Aquêle
que crer e fôr batizado será salvo ." (Marcos 16 :16).
A respeito da autoridade, Paulo disse : "Ninguém, pois, toma
esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus,
como aconteceu com Aarão ." (Hebreus 5 :4) . Até mesmo Jesus
disse;" Minha doutrina não é minha, mas daquele que me
enviou ." (João 7 :16) . Éle chamou apóstolos e setentas e lhes deu
a autoridade para pregar e batizar . (Marcos 16 :15-18) . " Não me
escolhestes vós a mim — disse o Salvador aos seus — mas eu
'vos escolhi a vós e vos nomeei ." (João 15 :16).
E' preciso concluir, mas devemos mencionar mais um tema,
o batismo das crianças . Realmente a única desculpa para o seu
emprego e que milhares de pessoas o fazem . A Bíblia nem sequer
o menciona . As únicas palavras que se referem ao tema dizem:
. . .as criancinhas estão sãs, visto que são incapazes de cometer
pecados . . . portanto . . . é uma burla solene perante Deus o ba-
tizardes as criancinhas . (Moroni 8 :8-9) . Jesus disse o seguinte
sôbre isto : "Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis,
porque dos tais é o reino de Deus ." (Marcos 10 :14).
Com amor em nossos corações, portanto, diremos que não
procuramos discutir com aqueles que invertem o significado das
Escrituras e apresentam doutrinas e ordenanças humanas . eles
têm o direito de fazê-lo e seriamos os últimos a procurar priva-
los de taldireito . Porém, rogamos em nossos corações que eles
também possam vir a reconhecer a verdade e aceitar os verda-
deiros princípios do evangelho.

PROBLEMAS
1 . Em que sentido o batismo limpa ou purifica a alma do
pecado?
O que e um símbolo?
Mencionem-se alguns símbolos e explique-se o que repre-
sentam.
Porque e o batismo um símbolo e o que é que simboliza?
Em que se relacionam o arrependimento e o batismo?
6 . O que diz Paulo sôbre a autoridade? ...
7 0 batismo cumpre dois propósitos . Quais são?
Lição XIX
O ESPIRITO SANTO

UMA MORTE FELIZ


Há pouco tempo atrás um homem chamou os membros de°
sua família . Depois de um longo e doloroso período de enfermi-
dade, êle sabia que seu fim estava próximo . Falou com os mem-
bros de sua família, um por um . Animou-os, deu-lhes conselhos
e elogiou sua devoção e fidelidade para com êle . Também lhea,
deu ' instruções sôbre as coisas que deveriam fazer depois de
sua morte.
Foi semelhante à ocasião em que Jacó se despediu de seus
filhos e deu-lhes sua bênção, encontrada no capítulo 49 . de
Gênesis.
Embora houvesse lágrimas em todos os olhos, . não houve so-
frimento nem desespero naquela desPedida . Todos sentiam pró-
fundamente aquela perda passageira, a tristeza que acompanha
a morte de um . ser querido . Porém, embora pareça estranho dizê-
,lo, havia ali uma certa satisfação mui nobre . Todos os presentes
bem poderiam ter dito como o disse Jó : "Jeová deu, e Jeová:
tirou : bendito seja o nome de Jeová ." . (Jó 1 :21).
Paulo deve haver estado pensando na mesma coisa quando
exclamou : "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó ,
sepulcro, a tua vitória " (I Cor . 15 :55).
UM NOVO CONSOLADOR.
Há mais ou menos dois mil anos atrás sucedeu em Jerusalém
um drama muito parecido . Efetuou-se numa sala, onde Jesus ha' ia
céiado com seus discípulos . Ele sabia que aquela seria sua última
refeição como ser mortal ; que havia chegado o tempo em que-
deveria fazer seu sacrifício pelos pecados do mundo . Sentia uma
tristeza inexprimível, porque parecia que os discípulos hão o
compreendiam.
Não se turbe o vosso coração — lhes estava dizendo - crede

100 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

em Deus, crede também em mim . Na casa de meu Pai há muitas


moradas . . . Pois vou preparar-vos lugar ."
Ainda assim não compreenderam . Por três anos Jesus havia
sido seu companheiro diário, seu consôlo, guia e apôio . Enquanto
estava com êles nada lhes havia faltado, . Porém, agora lhes dizia
que ia embora. Não poderiam segui-lo ao lugar onde ia . Mais
tarde o seguiriam, depois que êle tivesse preparado o seu lugar.
"Não vos deixarei órfãos — seguiu dizendo-lhes — guardai
meus mandamentos ; se pedirdes algo em meu nome, eu o farei . . .
e rogarei ao Pai, e êle vos dará outro Consolador, para que esteja
convosco para sempre : O Espirito da verdade, ao qual o mundo
não pode receber . . . convém a vós outros que eu vá, porque se
eu não' fôr, o Consolador não virá, para vós ; se, porém, eu fôr, eu
o enviarei ." (João 14 :1, 2, 14, 18; 16 :7).
Vemos, portanto, que os discípulos de Jesus, da mesma forma
que . a família de meu amigo, não ficaram sem esperanças . Em
ambos os casos houve tristezas e lágrimas, por causa da separa-
ção, mas, ainda assim, predominava um sentimento de alegria ad-
vinda da promessa de alívio e consolação.

O QUE E' O CONSOLADOR


Tal Consolador seria realmente uma riqueza inestimável . O
que não daríamos para obter algo que traz alegria mesmo na
presença da tristeza e da morte? Não é uma coisa misteriosa,
fantasia humana, mas sim algo dado por Deus e possuído só--
mente por aquêles que são dignos.
Jesus nos disse o que é o "Espirito de verdade, o qual pro-
cede do Pai ." E' o Espírito Santo, que nos é conferido através da
imposição das mãos, por aquêles que possuem a autoridade . E'
ò terceiro membro da Trindade, constituida do Pai, do Filho e
do Espírito Santo . Os discípulos o receberam . Fêz-se sentir du-
rante os últimos momentos de vida do homem a quem primei-
ramente fizemos referência.

À MISSÃO DO ESPIRITO DA V,ERDADE OU ESPÍRITO SANTO .


Já foi dito que o Espírito Santo dá consôlo e alivio onde
ordinàriamente dominariam a tristeza e o sofrimento.
" .Ele dará testemunho de mim — nos assegurou Jesus — há
de receber do que é meu, e vô-lo há de anunciar ." Por meio do
testemunho dêsse espirito, o Espírito Santo, sabemos que Jesus
é nosso Redentor . "Esta, pois, é a vida eterna — lemos em João

PRlINCÉPIOIS OPERANTES DAL IGREJA RESTAURADA 101

— que te conheçam a ti só por Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,


a quem enviaste ." "Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem
o Pai enviará em meu nome, êsse vos ensinará tôdas as coisas e
vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito . . . "êle vos guiará
a tôda verdade ; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo
o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir ."
(João 14 :26 ; 15 :26 ; 16 :13,151; 17 :3).
"Os mistérios de Deus lhe, serão mostrados pelo poder do Es-
pírito Santo, tanto agora como o foram no passado e como o
serão no futuro ." (I Nefi 101 :19).
De forma que o Espírito Santo é algo desejável. Sem êle
não podemos saber confiantemente que Deus é nosso Pai, e que
Jesus é realmente nosso Redentor . Como já lemos, êste conhe-
cimento nos assegura a vida eterna ; é o conhecimento máximo
,do passado, presente e futuro e só pode vir através da influência
do Espírito Santo.

DONS E MANIFESTAÇÕES DO ESPIRITO SANTO

Foi por meio dos dons e poderes do Espírito Santo que os


apóstolos e profetas de tôdas as eras do mundo curaram enfêr-
mos, falaram novas línguas, profetizaram e receberam sonhos e
visões . Foi por meio do Espírito Santo que o homem terreno
recebeu conhecimento de Deus e de seu grande plano de salvação.
(Ver Atos 19 :6; I Cor . 12 :4-12 ; 14 :1 ; 26 :30; Efésios 1 :16,17 ; Gá-
latas 5 :22,23).
Citaremos as palavras de um profeta e apóstolo moderno a
respeito do Espírito Santo : 0
"Êle vivifica tôdas as faculdades intelectuais ; aumenta, am-
plia e purifica tôdas as paixões e afetos naturais . Inspira, desen-
volve, cultiva e amadurece tôdas as delicadas simpatias, alegrias
e gôstos, afetos e sentimentos de irmandade de nossa natureza.
Inspira a virtude, benevolência, bondade, ternura, mansidão e
caridade . Desenvolve a beleza pessoal . Zela pela saúde, vigor,
ânimo e sentimentos sociais . . . Em uma palavra, é como se fôsse
mêdula para o osso, alegria para o coração, luz dos olhos, mú-
sica para os ouvidos e vida a todo o ser ." ("Key to Theology,"
por Parley P . Pratt) . p(
• Não se pode agregar muito mais ao resumo feito pelo irmão
Pratt das possibilidades e vantagens do Espírito Santo .

102 PRINCÍPIOS OPER.AÃTTES .DA IGREJA RESTAURADA

AQUELES QUE PODEM RECEBER O ESPIRITO SANTO


Em poucas palavras diremos : Todo aquêle que procura ser
merecedor, cumprindo os requisitos de Deus, pode receber o Es-
pírito Santo . Êle não pode morar em corpos sujos ou impuros.
"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o
dom do Espírito Santo ." (Atos 2:38,39) . João Batista disse : "Eu
vos batizo com água, para arrependimento ; mas aquêle que vens
depois de mim . . vos batizará com o Espírito Santo e com fogo ."
(Mateus 3 :11).
Nestas passagens e em muitas outras das, Escrituras antigas
e modernas se vê claramente que para receber êsse grande dom,
o companheirismo do Espírito Santo, devemos ter aceitado e
cumprido todos os requisitos dos três primeiros princípios do
evangelho : fé, arrependimento e ` batismo. Sòmente depois do
corpo ter sido limpo e purifcado por meio do arrependimento
sincero . e batismo por imersão para a remissão dos pecados é
que estamos prontos para receber esta grande bênção.
COMO SE ADMINISTRA O ESPIRITO SANTO
Muitos cristãos dizem que os mórmons são os . únicos que
conservam o antigo conceito de que é necessária a imposição das
mãos para comunicar o dom do Espírito Santo . Porém, todos
os personagens da Bíblia acreditavam e ensinavam que isto era
necessário. Paulo, o apóstolo, recebeu o Espírito Santo por meio
da imposição das mãos . Pedro e João puseram suas mãos sôbre
aquêles que haviam sido batizados e êstes receberam o Espírito
Santo . Timóteo o recebeu dessa maneira e Paulo enumera essa
ordenança junto com o batismo, como o fazemos hoje em dia.
(Ver Atos 9 :17; 8 :15-20 ; Timóteo .1 :6 ; Hebreus 6 :2).
Nós nao costumamos discutir ou disputar com outros . Dis-
cordamos amigàvelmente . Afinal das contas isto é claramente um
princípio e doutrina bíblica . Deveríamos sentir-nos muito agra-
decidos por ter o Senhor novamente revelado o princípio em
nossos dias, e por o compreendermos realmente e sabermos qual
seu propósito.
QUANTOS PODEM RECEBER O ESPIRITO SANTO AO
MESMO TEMPO'
Êste assunto foi brevemente discutido numa lição anterior.
No entanto, voltaremos a mencioná-lo aqui .

PRINCíPiOS OPERANTES DIA; I'GRIEJA RESTAURADA 103

Diz-se que o Espírito Santo é um personagem de espírito . E'


o terceiro membro da Trindade . Numa revelação moderna en-
contramos : "O Pai possui um corpo de carne e osso tão tangível
como o do homem ; o Filho também; mas o Espírito Santo não
possui um corpo de carne e osso, mas é um personagem de Es-
pírito. Se assim não fôra o Espírito Santo não poderia habitar
em nós ." (D. & C . 130 :22).
Apesar de não compreendermos cabalmente, cremos e acei-
tamos .tal conceito confiantemente . O Espírito Santo é o mensa-
geiro de Deus. De certa forma é o poder mediante o qual obede-
cemos a vontade do Senhor. A eletricidade é um dos mais úteis
servos, do homem e, no entanto, é invisível . Obedece a vontade
'do' homem quando este sabe manejá-la. E' algo surpreendente
pára aquêles que não a compreendem . Da mesma forma o Espí-
rito Santo é um poder que obedece a vontade de Deus.
Podemos formar um conceito do poder do Espirito Santo
mais 'ou menos da mesma forma que formamos uma idéia do
poder do sol'. O sol, como astro, não pode estar em mais do que
um lugar ao mesmo tempo ; no entanto, todos os habitantes da
terra podem gozar de sua luz e calor, direta ou indiretamente,
segundo a posição que ocupam em relação ao sol. Êle envia
seus raios a todos.
Da mesma forma todos, em tôdas as partes do mundo, podem
desfrutar a influência e poder do Espírito Santo ao mesmo tempo,
embora isto dependa de sua obediência aos requisitos dêsse
Espírito.

PROBLEMAS

Como explicaríamos o Espirito Santo?


2. Porque o Espírito Santo é tão grande consolador nos tempos
de prova e tentações?
3. Quais são os membros da Trindade?
Qual a diferença entre o Espirito Santo e o Pai e o Filho?
5 . Como se transmite o Espírito Santo?
6 Vamos supor que sejam impostas as mãos sôbre alguém,
para a comunicação do Espírito Santo . O que tem essa pessoa
que fazer para poder recebê-lo?
7 . O que faz o Espírito Santo pela pessoa que o recebe?
Licão XX
A OBEDIÊNCIA

Há muito tempo atrás um velho explorador descobriu aci-


dentalmente um rico veio de ouro . Por muitos anos tirou dêle
ouro suficiente para comprar o que necessitava e para construir
uma casa cômoda . Ninguém pôde descobrir seu segredo porque
jamais divulgou coisa alguma e fazia suas viagens à mina quando
menos se esperava.
O homem envelheceu e, sabendo que logo terminariam suas
visitas à fonte de suas riquezas, resolveu escolher um sócio . Ao
procurar por tal pessoa teve sua atenção voltada para um certo
jovem, a quem disse:
"Rapaz, você está vendo o cume daquela montanha? Pouco
antes de lá chegar está uma árvore que é muito mais alta que
tôdas as demais . Amanhã, durante o pôr do sol, te estarei espe-
rando debaixo de seus ramos . Se você estiver lá no tempo de-
signado eu lhe ensinarei onde está meu ouro e você poderá re-
parti-lo comigo . E' uma distância de trinta e dois quilômetros e,
embora o caminho possa ser distinguido sem dificuldade, não é
fácil, porque a encosta é muito inclinada. Não se esqueça, ao pôr
do sol! Se você não estiver lá, nada receberá.
No dia seguinte o jovem pôs-se a caminho bem cedinho . Era
um dia quente e êle não viu motivo para apressar-se. Mais ou
menos ao meio-dia sentou-se para descansar à sombra de uma
árvore . Notou com surprêsa que o pico da montanha estava do
outro lado do desfiladeiro e não muito longe donde então se
encontrava . Até mesmo podia distinguir a árvore alta.
— Por que seguirei eu êste caminho tão comprido, quando
atravessando êste desfiladeiro não terei que caminhar mais que
dois quilômetros? Se eu fôr pelo caminho terei que caminhar
outros quinze quilômetros, porque não creio que tenha percor-
rido mais da metade do caminho . Vou tomar êste atalho ; assim
poderei chegar mais depressa.
Dizendo isto, levantou-se e principiou a baixar pelo desfila-
deiro . Porém, depois de estar lá embaixo, descobriu que a subida

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGRJEJA RESTAURADA 105

era muito mais difícil do que havia pensado . Primeiramente, não


havia caminho ; os espessos matagais despedaçaram sua roupa
e os grandes penhascos lhe proibiram a passagem . Já estava fi-
cando tarde e êle ainda estava bem longe da árvore alta . Final-
mente decidiu voltar ao caminho, porém, antes de chegar ao lugar
designado o sol se pôs, foi coberto pela escuridão e êle perdeu
para sempre o sonhado tesouro.
O caminho do progresso eterno não tem atalhos . E' simples
e fácil de ser seguido, mas as indicações nêle encontradas de
quando em quando devem ser cuidadosamente obedecidas . Se
perdemos o tesouro anelado — a vida eterna — dificilmente
voltaremos a obtê-lo.
"Há uma lei irrevogàvelmente decretada nos céus desde antes
da fundação dêste mundo, sôbre a qual tôdas as bênçãos são
fundadas. E quando de Deus obtemos uma bênção, é pela
obediência àquela lei sôbre a qual a bênção se funda ." (D. & C.
130 :20,21) .
"Nem todo o que me diz : Senhor, entrará no reino dos céus;
mas aquêle que faz a vontade de meu Pai que está nos céus ."
(Mateus 7 :21).
No Getsemani, buscando fôrças para poder cumprir a difícil
missão que o esperava, Jesus exclamou : "Meu Pai! se possível,
passe de mim êste cálice! Todavia, não seja como eu quero, e
sim, como tu queres ." Algumas horas depois, pendurado sôbre
a cruz, disse : "Está consumado ." Êle bem poderia estar então
repetindo o que havia dito anteriormente : "Eu te glorifiquei na
terra, consumando a obra que me confiaste para fazer ; e agora,
glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive
junto de ti, antes que houvesse mundo ." (Mateus 26 :39 ; João
19 :30 ; 17 :4-5).
Para Jesus, nosso Redentor, não houve atalhos . Embora o
caminho tenha sido muitas vezes difícil, êle o seguiu até o fim,
obedeceu a vontade de seu Pai até o último ato e ganhou glória
e honra eterna para sempre.

O SIGNIFICADO DA OBEDIÊNCIA
A obediência, segundo o irmão John A . Widtsoe, não é mais
do que o cumprimento da verdade . A verdade de nada nos serve
se não a usamos . No momento em que começamos a usá-la, prin-
cipia a obediência.
Os judeus da antigüidade estavam ligados ao êrro por suas
vãs tradições . Jesus lhes disse que, se chegassem a conhecer a

106 . PRINCÍPIOS OPERANTES . DA IGrRE .IA RESTAURADA

verdade, ela os libertaria. A obediência à verdade era o que


os libertaria.

ALGUNS DOS RESULTADOS DA OBEDIÊNCIA


Todas as nossas invenções modernas são o resultado da obe-
diência prestada às leis descobertas pelo homem . Caso contrário,
nenhuma de nossas comodidades modernas poderia ter existido.
O conhecimento e a obediência estão relacionados entre si como
o estão a fé e as obras . Por haverem os grandes homens desco-
berto a verdade, obedecendo-a, é que o mundo chegou a seu
estado atual de progresso.
Os inventores do aeroplano acreditavam que poderiam voar.
Se não tivessem feito nada mais que sonhar, o transporte aéreo
jamais teria chegado a ser uma realidade, através de seus des-
cobrimentos . Porém, trabalharam, fizeram projetos, experimen-
taram e aprenderam as leis que governam a navegação aérea ..
Outros adquiriram conhecimento adicional, e, não será de se
surpreender se daqui a pouco tempo os aviões puderem levar .
cargas tão pesadas quanto as carregadas por grandes .navios.
O agricultor crê que pode produzir uma colheita . Está , fa-
miliarizado com as leis que governam o crescimento das plantas,
mas, se ficar sentado, esperando, nada haverá de suceder . E' por
meio da obediência a estas leis que o mundo é alimentado e se
evitam grandes carestias.
O homem aprendeu que a energia potencial de uma cascata
ou cachoeira pode se converter em eletricidade e ser empregada
para alumiar nossas ruas e casas, e mover nossas fábricas e meios
de transporte, , ;nas necessário que certas leis determinadas
sejam obedecidas . Há ocasiões em que o mais leve desvio destas
leis evita a operação de tôdas . E' como Jesus disse : "Aquele,
pois, que violar um destes mandamentos, pôsto que dos menores,
e assim ensinar aos homens . . . se torna culpado de todos ."
(Mateus 5 :19 ; Tiago 2 :10).
Joseph Smith leu na Bíblia : "Se algum de vós tem falta de
sabedoria, peça-a a Deus . . . e lhe será dada." (Tiago 1 :5) . Por
haver obedecido êste conselho, a luz veio ao mundo e o evange-
lho foi novamente restaurado.
Abraão buscou certas bênçãos em sua juventude . Não pôde
obtê-las em sua terra nativa . "Sai de tua terra . . e vai para a.
terra que te mostrarei" — lhe disse Jeová . Êle poderia ter per-
manecido na Caldéia se assim o quisesse, mas o mundo jamais
teria sabido de sua existência . No entanto, obedeceu, mudou-se

PR1INÇíPTOs OPERANTES DA .IGRIEJA . RESTAURADA 107

para a terra de Canaã e veio a ser o pai de uma nação enorme.


Por haver obedecido ao Senhor, somos agora seus descendentes.
Noé viveu num mundo de iniqüidade . Êle sabia que uma des-
truição pela água teria lugar naquela época . "Faz uma arca de
,suadeira — mandou-lhe o Senhor e estabelecerei meu pacto
contigo ." Noé obedeceu e, tanto êle como sua família, se salva-
ram, enquanto o resto do povo que havia desobedecido foi com-
pletamente destruido.
Naamã, general do exército do rei da Síria, era um bom homem
e "grande varão diante de seu senhor, e em alta estima." Porém,
era leproso . Aconteceu que vivia em sua casa uma jovem israe-
lita, escrava de sua espôsa . Certa ocasião disse a jovem a sua
senhora : "Oxalá que o meu senhor estivesse diante do profeta
que está em Samaria : êle o restauraria de sua lepra ."
Isto chegou aos ouvidos do rei que, juntando muitos presen-
tes, enviou-os, juntamente com Naamã, a Eliseo, para que o
curasse . "Veio pois Naamã com os seus cavalos, e com o seu
carro, e parou à porta da casa de Eliseu ." Porém, o profeta não
saiu para recebê-lo, apenas mandou-lhe um mensageiro, dizendo:
"Vai, e lava-te sete vêzes no Jordão, e a tua carne te tornará, e
ficarás purificado."
Naamã muito se indignou e se foi, dizendo : "Não são por-
ventura Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que tôdas
as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar
purificado?"
Seus servos lhe rogaram que refletisse . Nada perderia em
obedecer um mandado tão simples . "Êle então desceu, e mergu-
lhou no Jordão sete vêzes, conforme a palavra do homem de
Deus : e a sua carne tornou, como a carne dum menino, e ficou
purificado." (II Reis, Cap . 5).
Naamã obedeceu o mandamento . Se tivesse se banhado uma
ou seis vêzes, não teria ganhado a bênção desejada — não foi a
não ser na sétima vez, segundo o mandamento do profeta de
Deus, que a conseguiu.
A obediência é uma das leis da liberdade . Os obedientes
jamais são pessoas de caráter débil . Requer-se coragem e fôrça
para : se obedecer leis justas . As _ prisões estão cheias . de pessoas
débeis .— os escravos, controlados pela fôrça . Conheçamos a ver-
dade, vivamos de acôrdo com seus ensinamentos e a verdade
nos libertará .

108 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

PROBLEMAS
1. Como define o irmão Widtsoe a obediência?
2. Porque é tão importante a obediência na ciência?
3. Se desejamos uma certa bênção, o que nos é requerido para
que a recebamos? Em que se relaciona isto com a obediência?
4. Suponhamos que o princípio da obediência fôsse completa-
mente excluído . Quais seriam os resultados?
5. Imaginemos um povo que não respeita a autoridade, uma
cidade onde não há obediência . Seria êste um bom lugar
para se viver? Porque?
Lição XX1
SERVIÇO

A VISITA DE JESUS AO SAPATEIRO


Martim, um velho sapateiro, remendava sapatos à débil Iuz
do crepúsculo . Deixou seu trabalho, estendeu a mão e de um
armário tirou seu Novo Testamento . Acendeu a lâmpada e se
pôs a ler a vida de Cristo entre os humildes e afligidos . Depois
de algum tempo, começou a raciocinar : "Se o Mestre viesse vi-
sitar-me, como o receberia?" Logo depois, apoiando os cotovelos
sôbre a mesa, pôs sua cabeça entre as mãos e, sem dar-se conta,
adormeceu.
= Martim ! Martim ! — disse-lhe alguém — Amanhã virei
visitá-lo . Espere por mim.
0 sapateiro despertou de seu sonho, levantou-se de sua ca-
deira e passou a mão pelos olhos . Não sabia se tinha realmente
ouvido tais palavras ou se havia sido apenas um sonho.
No dia seguinte, enquanto trabalhava, não podia apartar de
sua 'imaginação o que havia ocorrido . Constantemente olhava
pela janela e, quando passava alguém cujos sapatos não conhe-
cia, se inclinava para ver não só os pés, mas também a cabeça da
desconhecido.
Um velho soldado que se chamava Estêvão passou por ali.
Vivia na casa de um comerciante que o havia recolhido em con-
sideração à sua idade avançada e extrema pobreza . 0 pobre
homem ajudava a tirar a neve que obstruia o caminho e agora,
tremendo de frio, fazia tal trabalho em frente à janela de Martim,.
que imediatamente levantou seus olhos para ver quem lá estava.
— Que idiota sou em pensar que Cristo viria me visitar
disse êle, zombando de si mesmo . Devo estar ficando caduco.
Depois de alguns momentos se levantou, foi até a janela e
chamou o ancião . — "Venha aquecer-se um pouco — disse-lhe —
o senhor deve estar com muito frio.
Enquanto Estêvão descansava e bebia o que Martim lhe
havia oferecido, êste leu-lhe, . das Escrituras, belas passagens da .

110 , PERANTES DA IGREJA RIDSTAURADA


P'RJNCíPIOS O

vida de Jesus entre os pobres e humildes . Então Estêvão, satis-


feito física e espiritualmente, saiu a terminar sua tarefa.
Passaram outras pessoas, soldados, nobres, trabalhadores.
Então uma mulher se aproximou da parede . Era uma forasteira
e -levava uma criança em seus braços . Procurava abrigar seu fi-
lhinho, sem consegui-lo, porque a roupa que tinha não era o
suficiente para envolvê-lo . Também a ela o velhinho convidou a
entrar e esquentar-se . Preparou-lhe algo que comer e, enquanto
comia, Martim brincou com a criança para que a mãe pudesse
descansar. Dando-se conta de que a mulher não tinha em seu
corpo mais do que um traje muito leve e em mal estado, deu-lhe
um manto que tinha para que pudesse ao menos abrigar a crian-
ça . Ao sair da casa pôs-lhe na mão algum dinheiro.
Havia anoitecido e Martim passou outra hora muito agradá-
vel, lendo seu Novo Testamento . Alguém parecia estar em seu
quarto. Martim voltou-se e perguntou : "Quem está ai?" Viu então,
ou lhe pareceu ver, que havia alguém no quarto . Era gente, não
havia dúvida, mas não podia enxergar bem . Uma voz murmurou
ao seu ouvido:
— Sou eu. Eu não disse que viria visitá-lo?
Então, da escuridão êle viu Estêvão, a mulher e a criança
,que, sorrindo, logo desapareceram.
Marfim sentiu uma alegria sublime em seu coração . Mirando
seu precioso livro, leu o que estava em sua frente :
"Tive fome e me destes de comer ; tive sede e me destes de
beber ; forasteiro, me recolhestes . E eis que vos digo que tudo
. quanto fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes."
Martim compreendeu que seu sonho havia sido um sinal do
céu ; que, na verdade, o Salvador havia estado aquêle dia em sua
casa e ela o havia recebido.

-O TRABALHO E ALGUNS DE SEUS RESULTADOS

Queremos ser populares e amados, honrados e respeitados?


A maior parte responderia que sim ; porém, não sabemos corno
ganhar esta admiração ou não estamos dispostos a pagar o preço
que se nos exige . Jesus disse : "Quem quiser tornar-se grande
entre vós, será êsse o que vos sirva ; e quem quiser ser o primeiro
entre vós, será vosso servo ; tal como o Filho do homem, que não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em res-
gate por muitos ." (Mateus 20 :26-28) .

PRIINCIPIO& OPERANTES DA IGRiEJA RESTAURADA 111

Num jornal foi publicado um artigo sôbre um homem que


era considerado o mais popular de sua cidade . Saiu sua fotogra-
fia no periódico, ao lado de seu automóvel, não um carro flame-
jante, mas uni velho fordeco . Tampouco estava vestido à última
moda . Seu paletó era de uma côr e suas calças de outra . A coisa
mais notável na fotografia era o seu agradável sorriso . Natural-
mente a primeira coisa que o leitor perguntava era a que se devia
a popularidade daquele homem.
Esta popularidade êle adquiriu sem que a solicitasse . Esque-
ceu sua própria pessoa, interessando-se por seu próximo . Os en-
fêrmos, afligidos e desanimados que viviam ao seu redor e, às
vêzes a distâncias consideráveis, haviam conhecido o ânimo, alen-
to e confôrto de suas visitas . Havia compartilhado com o esfo-
meado e o necessitado o pouco que tinha . Todos os seus vizinhos
procuravam seus conselhos e, até mesmo de longe, vinham pessoas
para solicitá-los . Houve ocasiões em que sua espôsa viu-se obri-
gada a desligar o telefone para que pudesse descansar.
Em certa ocasião o governador do Estado demonstrou inte-
rêsse em visitar a pequena cidade. Sendo êste o homem mais po-
pular, nomearam-no para que desse as boas-vindas ao governador
durante o banquete. Algumas horas antes da visita . uma boa
senhora de côr enfermou gravemente . Ela morava há alguns
quilômetros da cidade . Compreendendo que ia morrer, a senhora
rogou-lhe que fôsse visitá-la, antes que terminasse sua vida. Dei-
xando de lado o banquete e tôdas as suas honras, êste homem
foi dar consôlo aos necessitados e afligidos . Era o melhor de todos
porque era o servo de todos . Era amado por todos porque amava
a todos.
Uma jovem chamada Teresa trabalhava como datilógrafa nu-
ma companhia que tinha seus escritórios no centro) da cidade . Ela
vivia sõzinha com sua mãe, pois seu pai havia morrido durante
uma epidemia que atingira a cidade . Devido a seus reduzidos
salários as duas se viam obrigadas a viver o mais economicamen-
te possível . Não tinham muita oportunidade para diversões nem
muitas obrigações sociais, porque geralmente tanto ela como sua
mãe estavam trabalhando.
Esta jovem preferia andar até seu escritório, porque assim
fazia um pouco de exercício . A fim de chegar ao seu trabalho
tinha que passar por um distrito bastante pobre . No principio
ficava aborrecida por causa do ruído, da confusão, das dicussões,
das crianças mal vestidas e sujas que não tinham o suficiente
para comer e também por causa de outras mais grandinhas . reu-
nidas em grupos aqui e ali, gritando pela rua . Um daqueles

112 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

meninos sempre lhe chamava a atenção. Quase sempre o via no


mesmo lugar, mirando com seus olhos tristes tudo o que se pas-
sava à volta, mas sem atrever-se a tomar parte nas atividades,
Seu pequeno estômago, meio descoberto, estava inchado, indi-
cando falta de nutrição adequada . Suas faces eram pálidas e
olheiras se viam em seus olhos . Certa vez Teresa se deteve para
dirigir-lhe algumas palavras porém, cheio de timidez, o menino
correu para casa . Na próxima vez sorriu para ela e estendeu a
mão para receber os doces que ela havia trazido para êsse fim.
Passaram-se os dias e o interêsse da jovem pela criança aumen-
tou . O menino também deve ter sentido satisfação em vê-la,
porque sempre estava ali para saudá-la, fizesse sol ou caísse
chuva.
Às vezes, e depois com mais freqüência, ela começou a lim-
par sua cara com o lenço . Uma tarde, depois de sair do trabalho,
tinha um pequeno embrulho em seus braços . Grande foi sua sa-
tisfação, embora o tivesse esperado, ao vê-lo no dia seguinte no
lugar costumeiro, com roupa limpa e nova e a carinha pálida bem
lavada.
Por esse tempo já haviam se tornado bons companheiros.
Teresa havia achado um amiguinho a quem muito amava . Foi
então que reparou que os "encontros" com seu amiguinho já não
eram segredo . Por algum tempo havia sentido que um par de
olhos a espiava da janela que se achava acima do lugar onde o
menino sempre estava . A roupa nova e a cara limpa chamaram a
atenção . Com o passar do tempo tôdas as crianças da vizinhança
cessavam suas brincadeiras para saudar sua amiga quando por
ali passava, porque agora tinha amigos também entre as outras
crianças . Até mesmo os meninos maiores a tratavam com mais
respeito cada vez que passava.
Durante todo êsse tempo nem uma só vez passou pela mente
de Tereza que a mudança e o ambiente de amizade manifestado
naquela vizinhança tinha alga que ver com sua pessoa . Porém,
esta influência se fêz sentir até mesmo no escritório onde traba-
lhava. Seus patrões e companheiros se tornaram mais amigáveis.
Uma manhã, ao chegar a seu escritório, achou um ramalhete de
flôres sôbre sua escrivaninha . Os ramalhetes continuaram a apa-
recer diàriamente, sem que ela soubesse quem era o gentil doador.
Finalmente ela descobriu que havia sido o jovem ajudante do
gerente que, ao confessar timidamente, convidou-a a acompanhá-
lo ao cinema.
Com o tempo Teresa ganhou dois amigos muito especiais ; . um
grande e um pequeno, bem como muitos outros de tôdas as
113
PIRINCfPIOa OPERANTES DAi IGRIEJA RESTAURADA

idades . 0 jovem gerente se interessou pelas melhoras sociais que


ela, inconscientemente, havia iniciado e fomentado . A maior parte
dos outros empregados da firma resolveu fazer o mesmo em
outros distritos . Tudo isto resultou porque uma jovem se esque-
ceu de si mesma, procurando o bem-estar de outros.
Teresa não foi a única a ter essa oportunidade . Encontramos
essas mesmas coisas em qualquer lugar . "A seara é grande —
disse Jesus, o maior de todos os reformadores sociais — mas os
trabalhadore são poucos . Rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para a sua seara . . . Erguei os vossos olhos e
vêde os campos, pois já branquejam para a ceifa ." (Lucas 10 :2;
João 4 :35).

INTERÊSSE PRÓPRIO MUITAS VÊZES PRODUZ


ÚNICAMENTE SATISFAÇÃO PASSAGEIRA

Diana era filha de um senhor muito respeitado . Seus pais


lhe haviam dado tôdas as oportunidades educativas que estiveram
a seu alcance . Havia sido criada numa comunidade cristã e havia
iniciado sua carreira social em condições muito favoráveis . Seus
inúmeros amigos admiravam sua modéstia e formosura e lhe
prognosticavam um futuro feliz.
Enamorou-se dela um jovem um pouco mais velho do que
ela, muito respeitado e próspero . Cortejou-a com êxito e, pouco
depois do matrimônio, a fim de que sua jovem espôsa pudesse
desfrutar de tôdas as vantagens sociais e educativas, viajaram
juntos pela Europa . Sua beleza e talentos ganharam a admiração
tanto de ricos como de pobres . Até mesmo príncipes e reis se
punham a seus pés . Todos 'esses louvores e honrarias mundanas
a envaideceram.
Diana se tornou muito egoísta e principiou a procurar sòmente
aquilo que lhe dava satisfação pessoal . A fáma de sua beleza
se estendeu por todos os lados . Seus pais muito se entristeceram
ao ouvir a notícia, e isto sem dúvida alguma, teve algo que ver
com sua morte prematura . Seu espôso, afligido e vítima de
ciúmes, rogou-lhe e suplicou-lhe que voltasse para a América,
mas ela não quis . Finalmente êle voltou sem ela, mas não so-
breviveu muito tempo, morrendo pouco depois, sumamente de-
cepcionado.
Diana, agora dona de duas fortunas e num país estrangeiro,
gastou seu dinheiro da mesma forma que o Filho Pródigo, "viven-

114 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

do perdidamente" . Seu dinheiro não durou muito e junto com


êle desapareceu sua formosura . Então, sem dinheiro e sem beleza,
foi abandonada por seus amigos, que sómente se lembravam dela
para ridicularizá-la . Num ponto, porém, sua vida não foi pare-
cida à do Filho Pródigo, porque não tinha uma casa paterna para
onde pudesse voltar . Estava completamente só num mundo de
milhões de habitantes.
Passarám-se os anos e todos se esqueceram dela, com exceção
de algumas companheiras suas, que procuraram localizá-la, em
vão . Então, certa noite, urna destas amigas, ouvindo as palavras
de uma mulher que falava a urna multidão numa esquina, se
deteve ; Algo fêz com que reconhecesse Diana naquela mulher,
apesar do uniforme do Exército da Salvação que usava . Algo
em sua voz e em seus maneirismos . Ao terminar suas palavras,
as duas mulheres miraram-se frente à frente . Não houve neces-
sidade de apresentações . Durante alguns momentos permanece-
ram em silêncio e então, dos olhos de ambas brotaram abundan-
:_es lágrimas . Era Diana que havia voltado.
Muito pouco se pode adicionar a êste triste relato . Desapa-
recido seu dinheiro e sua beleza, acabou também a glória do
mundo . Sua vida também teria terminado, não fôsse por um
de seus antigos admiradores que, compadecendo-se dela, lhe
comprou uma passagem de volta para a América . Uma das pri-
meiras coisas que fêz depois de voltar foi procurar os túmulos
de seus seres queridos e literalmente lavá-los com lágrimas de
pesar.
Dali em diante passou a viver uma nova vida, completamente
resolvida a ajudar e proteger a juventude, procurando evitar-lhe
uma sorte equivalente à sua . 0 Exército da Salvação parecia
apresentar-lhe a melhor oportunidade para êsse abnegado tra-
balho . Já fazia três anos que estava trabalhando incessantemente,
dia e noite, pelo bem-estar de seu próximo . Esqueceu-se comple-
tamente de si mesma ei não lhe importava que o seu urna vez es-
belto e formoso corpo fôsse agora pesado e corpulento . Deus não
mira a forma exterior, mas Unicamente o coração.
Foi assim que, através de tristes experiências, Diana apren-
deu que os prazeres do mundo para fins egoistas finalmente re-
sultam em tristeza e decepção . A alegria e satisfação duradouras
vêm principalmente do gire fazemos por nosso próximo . "Buscai
primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e tôdas estas coisas
vos serão adicionadas ." "Mais bem-aventurado é dar que receber ."

PIRIINCíPIIOfS OPERANTES DA, PGRjEJA RESTAURADA 115

PROBLEMAS
1. Qual o detalhe mais importante do relato de Martim, o sa-
pateiro?
2. Porque se diz que o servo de todos é o maior de todos?
3. O que foi que fêz Tereza? Leia-se Mateus 20 :26-28 . Há algu-
ma semelhança entre os dois relatos?
4. Quais são os efeitos do egoismo e da abnegação quando se
procura ganhar o respeito alheio?
5. Qual é o detalhe mais importante das experiências de Diana?
Lição XXII
SERVIÇO (Continuação — II)

O QUE SIGNIFICA O SERVIÇO


Todo o plano de salvação eterna se baseia no princípio do
serviço — aquilo que fizemos ou faremos por nosso próximo.
Suponhamos que um homem esteja gravemente enfêrmo.
Chama-se o doutor ; êste visita o enfêrmo, diz que êle está em
condições muito graves e a seguir se despede . É claro que o doen-
te morrerá ; nada foi feito para remediar sua condição . O exame
médico é como a fé sem obras — de nada serve . Serviço quer
dizer obras ; algo que se faz, algo que se fêz.
O EXEMPLO PERFEITO
Jesus jamais foi a um cinema ; nunca leu um jornal ; em tem-
po algum escreveu um livro ; não teve oportunidade alguma de
visitar outro pais ; nunca teve casa própria . "As rapôsas têm
seus covis e as aves dó céu, ninhos ; mas o Filho do homem não
tem onde reclinar a cabeça ." (Mateus 8 :20) . Durante sua vida
mortal veio a conhecer relativamente poucas pessoas, e destas
somente poucas foram verdadeiramente seus amigos.
Qual, portanto, é o segrêdo de sua popularidade mundial,
existente ainda na época atual, quase dois mil anos depois de
sua morte? Pessoas de tôdas as nações ouviram falar nêle.
Milhões diàriamente o adoram e cantam-lhe louvores . A resposta
é : Êle foi o único de todos os sêres humanos que teve poder para
dar a salvação ao homem . Na vida e na morte se entregou com-
pletamente a êste fim — a salvação e progresso eterno do homem.
Sua vida é o único exemplo perfeito de ajuda e trabalho, e dela
foram tirados os seguintes acontecimentos.

A ASSISTÊNCIA DE JESUS COMO MESTRE


O princípio fundamental dos ensinamentos de Jesus foi que
Deus é nosso Pai : "Pai nosso que estás nos céus ." "Amarás ao

PRINCEPIOS OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 117

Senhor teu Deus de todo teu coração, e de tôda tua alma, e de


tôdas tuas fôrças, e de todo teu entendimento ." (Mateus 6 :9;
Lucas 10 :27) . Porém, êste haveria de ser um amor ativo ." "Se
me amais, guardareis meus mandamentos . . . Nem todo o que me
diz : Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus : mas aquêle que
fizer a vontade de meu Pai que está nos céus ." (João 14 :15;
Mateus 7 :21).
Dedicou todo seu ministério a mostrar-nos como deveriam
tais mandamentos ser guardados, porque estão intimamente re-
lacionados com o Serviço ao próximo.
O segundo grande mandamento foi : "Amarás a teu próximo
como a ti mesmo ." E com êste conceito se relacionam as seguin-
tes expressões : "Todo aquêle ,que se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento ." "Amai vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei o bem aos que vos aborrecem e orai pelos
que vos ultrajam e perseguem ." "Perdoa nossas dívidas como
também perdoamos nossos devedores ." "Tudo quanto, pois, que-
reis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a êles ."
(Mateus 5 :22,44 ; 6 :12 ; 7 :12).
Inúmeras vêzes êstes princípios receberam provas duríssimas
em sua vida. Diàriamente esteve Jesus sujeito a insultos e gra-
cejos . Os homens zombaram dêle, golpearam seu rosto e nêle
cuspiram . Prenderam-no sem motivo e levantaram contra êle
falso testemunho em tribunais ilícitos . Em nenhuma destas pro-
vas perdeu sua fé, esperança e coragem . Finalmente, quando
estava sôbre a cruz, sofrendo pelos pecados do mundo, e seus
inimigos escarneciam dêle dizendo : "Salvou a outros, mas a si
mesmo não pode salvar", ainda assim Jesus pôde dizer : "Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem ." (Mateus 27 :42;
Lucas 23 :34).
ASSIM ALUMIE VOSSA LUZ
O incidente seguinte foi adaptado e condensado de uma das
experiências do finado irmão James E . Talmage . Ocorreu nos
dias, em que a única iluminação que tinham nas casas era a
fornecida por lâmpadas a querosene . Um estudante havia con-
seguido inventar em seu laboratório uma lâmpada extraordinária.
Era clara e brilhante . Nenhuma outra podia iluminar nem mes-
mo .a metade do tanto que esta iluminava . Tal estudante sentia-se
tão satisfeito com sua lâmpada e não deixava passar a oportu-
nidade de mostrá-la a seus amigos . Uma tarde, antes da hora
de acender as lâmpadas, chegou à porta do estudante um ven-
dedor que andava vendendo lâmpadas .

118 PRINCíPIGS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

— Tenho aqui uma lâmpada superior que gostaria de mos-


trar-lhe — disse . — Foi feita de acôrdo com as últimas desco-
bertas científicas.
— Pois o senhor veio vender lâmpadas no lugar errado —
respondeu-lhe o jovem . — Tenho uma lâmpada que pus à prova
pessoalmente . Entre para que eu possa mostrar-lhe sua força e
eficiência.
O estudante acendeu sua lâmpada e o vendedor muito o
elogiou .
— Agora, com sua permissão, quero acender a lâmpada que
trago — disse o vendedor.
Passados alguns momentos ambas as lâmpadas, acesas, es-
tavam uma ao lado da outra . A nova lâmpada desprendia tanta
luz que a do estudante parecia uma sombra em comparação com
a outra .
— Quanto quer o senhor por sua lâmpada? — perguntou
o. estudante . — Não necessita dizer-me nenhuma palavra mais.
Estou convencido de sua superioridade.
"E da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jor-
dão numerosas multidões o seguiam (a Jesus) ." (Mateus 4 :25) ..
E por que não? Ele era a luz do mundo e essa luz ainda brilha;
não pode ser escondida . O que êle dizia e fazia era o que atraia
a gente. Em sua presença achavam consôlo e alívio para suas
dôres e sofrimentos . Ensinou seus apóstolos a serem como êle.
"Vós sois a luz do mundo -- lhes dizia . — Não se pode
esconder a cidade edificada sôbre um monte ; nem se acende uma
candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e
alumia a todos que se encontram na casa . Assim brilhe também
a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus ." (Mateus
5 :14-16) .
Este é o mesmo conselho que se dá aos membros da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, particularmente aos
que possuem o sacerdócio . Nenhum outro povo o tem . Os Santos
dos últimos Dias são, verdadeiramente, uma luz colocada sôbre
um monte, e seus raios devem iluminar tôda a terra . Se sua luz
fôr apagada, trevas cobrirão a terra.
Somente foram apresentados dois ou três dos ensinamentos
de Jesus . Há ainda muitos outros que são tão simples de entender,
e igualmente belos e possuidores da mesma aplicação a nossa
época e condições . Nunca houve outro mestre que tenha prestado
semelhante serviço à humanidade .

PiRtNCí.PIOiS OPERANTES DA I•GRfEJA RESTAURADA 119

A ASSISTÊNCIA DE JESUS À HUMANIDADE SOFREDORA


Há muitos anos atrás Dona Joana, uma mulher jovem e am-
biciosa, ouviu o evangelho predicado pelos Santos dos últimos
Dias, aceitou-o e se batizou . Chegou a conhecer o profeta Joseph
Smith e viveu por algum tempo com sua família . Ela era uma
pessoa de coração terno e bondoso . Sabia entender as pessoas,
especialmente os enfêrmos e afligidos . O profeta a bendisse e
nomeou-a enfermeira, com a incumbência de visitar as casas
dos irmãos.
Ela jamais freqüentou escolas de enfermagem e nunca rece-
beu instrução relativa a tal ofício, mas lia, orava e trabalhava.
Literalmente, milhares de pessoas receberam consôlo e ajuda
prestada por sua presença e simpatia.
Esta boa mulher já não vive, porém, ainda existem suas boas
obras e a lembrança que deixou . Por obscura ou fria que fôsse
a noite, por tempestuoso que fôsse o dia, quando a enfermidade
e o sofrimento a chamavam, Irmã Joana com prazer respondia.
Ricos e pobres receberam sua ajuda gratuita.
"Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mis-
ter socorrer aos necessitados, e recordar as palavras do próprio
Senhor Jesus : Mais bem-aventurado é dar que receber . . . Fazei
o bem a todos ." (Atos 20 :35; Gál . 6 :10) .
Dirigindo-se Jesus a Jerusalém, "aproximou-se dele um le-
proso rogando-lhe, de joelhos : Se quiseres, podes purificar-me.
Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o, e
disse-lhe : Quero, fica limpo! No mesmo instante lhe desapareíeu
a lepra, e ficou limpo ." (Marcos 1 :40-42) .
Jesus, acompanhado de uma grande multidão, se dirigia à
cidade de Naim . "Como se aproximasse da porta da cidade, eis
que saía o enterro do filho único de urna viúva e grande multidão
da cidade ia com ela . Vendo-a o Senhor compadeceu-se e dis-
se-lhe : Não chores ! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os
que o conduziam, disse : Jovem, eu te mando : Levanta-te . Sen-
tou-se o que estivera morto e passou a falar ; e Jesus o restituiu
a sua mãe ." (Lucas 7 :11-15).
Para Jesus não existia côr, credo ou nacionalidade . Todos
eram seus irmãos e irmãs, filhos de seu Pai Celestial . Saindo da
Galiléia êle chegou às terras de Tiro e Sidon . Ali encontrou uma
mulher sirio-fenícia . Sua filha estava sendo atormentada por
espíritos maus e ela rogou a Jesus que a curasse . Depois de uma
interessante discussão, Jesus lhe disse : "Podes ir ; o demônio já
saiu de tua filha." (Marcos 7 :24-30) .
Jesus, da mesma forma que outros que servem o público,

1.20 PRINCfPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

viu-se exposto a censura ; porém, só aquêle que nada faz está


livre da censura . Muitas das curas do Senhor foram feitas no
sábado, o que deu causa a muitas queixas por parte dos judeus
devotos . Porém, quando êle lhes perguntou : "É lícito fazer o bem
ou fazer o mal nos sábados? . . . êles nada lhe responderam ."
Nessa mesma congregação se achava um homem .que tinha res-
sequida uma das mãos, "e o estavam observando para ver se
efetuaria a cura em dia de sábado, a fim de o acusarem . E disse
Jesus ao homem . . . : Estende a tua mão . Estendeu-a, e a mão
lhe foi restaurada ." (Marcos 3 :1-6).
Jesus amava as criancinhas . "Deixai os pequeninos — disse
àqueles que os impediam — não os embaraceis de vir a mim,
porque dos tais é o reino dos céus ." (Mateus 19 :14) . A filha de
Jairo, príncipe da sinagoga, encontrava-se moribunda . Éste vem
a Jesus, "e, vendo-o, prostra-se a seus pés, e insistentemente lhe
suplica : Minha filhinha está à morte ; vem, impõe as mãos sôbre
ela, para que seja salva, e viverá ."
Porém, a grande multidão que o seguia comprimiu-o . Até
mesmo se deteve para curar uma pobre mulher que havia sofrido
por doze anos de uma enfermidade incurável . Quando finalmente
chegou à casa de Jairo, a menina já havia morrido . "Não temas
— disse Jesus a Jairo — crê sòmente . . . e, tomando a menina
pela mão, disse : . . .Menina, eu te mando, levanta-te . Imediata-
mente a menina se levantou e pôs-se a andar, pois tinha doze
anos ." (Marcos 5 :22-43).
Assina foi durante todo o tempo ; dia e noite Jesus andou
entre a povo ensinando, consolando e curando os enfêrmos.
Parecia que nunca se preocupava com seu próprio bem-estar.
Esqueceu-se de si mesmo em seu amor e interêsse pelo próximo.
Não é de estranhar, portanto, que por todo o mundo haja milhões
que o amem e adorem . Éle nos deu o exemplo e temos mais de
cem maneiras de segui-lo.
PROBLEMAS
1. Jesus é a pessoa mais popular e amada de tôda a história.
Por que?
2. Quais são alguns dos ensinamentos de Jesus, apresentados
nesta lição
3. Relatem-se algumas das coisas que Jesus fêz pelos outros.
4. Pode-se nomear uma só coisa que Jesus tenha feito para
sua própria satisfação?
5. Qual o princípio ensinado na história do estudante e das
duas lâmpadas?
Lição XXII)
SERVIÇO (Continuação -- 111)

A IGREJA
Há alguns anos atrás dois missionários mórmons andavam
trabalhando num território pouco povoado . Era difícil ir de um
lugar a outro, por causa da distância enorme que separava as
pequenas vilas . De maneira que alguns amigos lhe deram uma
carroça e uma mula . Em tom de brincadeira, os missionários
deram-lhe o nome de "Carroça do Evangelho" . Uma tarde, depois
de uma viagem bastante cansativa que havia durado todo o dia,
chegaram a uma fazenda . Era uma das maiores daquela região.
0 gado que ela continha era quase incontável e grande multidão
de vaqueiros tomava conta do mesmo . Depois do trabalho do
dia, a maior parte dêsses vaqueiros voltava à casa central.
Os élderes foram bem recebidos, embora vários tivessem sido
os gracejos, alguns dêles pesados, a respeito da "Carroça do Evan-
gelho" . Na hora do jantar aumentaram os gracejos, mas os va-
queiros convidaram os élderes a fazerem sua pregação imediata-
mente depois de haverem comido.
Foi um quadro bastante singular . Havia bastante assistência,
mas todos os seus componentes eram homens e o fumo do tabaco
quase tornava opaca a luz do quarto . Não fazia muito tempo
que os élderes estavam nesse trabalho e, portanto, não tinham
muita experiência, sendo limitado o seu conhecimento do evan -
gelho . No entanto, tinham boas vozes e com suas canções delei-
tavam os camponeses . Os sermões foram breves e incluiram
quase todos os pontos da doutrina mórmon.
Quando estavam para terminar, o cozinheiro pediu permissão
para fazer-lhes umas perguntas . Era um homem de aparência
comum, baixo e bem barbeado . O que chamou a atenção foi que
suas perguntas eram sôbre a Igreja, perguntas que os élderes
deveriam ter sabido, já que haviam sido nela criados . Porém,
êles não tinham conhecimento de muitas das coisas que êle lhe*
perguntou, nem nunca haviam sequer pensado nelas . Surpreen-

122 PRINCÍPIOS .OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

deram-se com o conhecimento daquele homem aparentemente


insignificante, e com suas muitas perguntas . A seguir repetimos
algumas dessas perguntas . Consideremo-las cuidadosamente:
"Dizem que Jesus organizou uma Igreja . Que oficiais pôs
nela? Que divisões havia na organização de sua Igreja, e quais
eram os deveres de cada um dêsses oficiais? O que é uma Igreja?
Por que a necessitamos?"
Então o tal senhor fêz referência aos dias do Velho Testa-
mento, '.Êle não faz menção alguma a uma Igreja . Ela não
existia naqueles dias, ou não era necessária? Abraão, Isac e Jacó
foram bons homens, melhores que a maior parte dos que agora
vivem e, no entanto, parece que não iam à Igreja e, mesmo que
tivessem querido ir, não havia igreja onde ir.
Por outra parte, consideremos as grandes religiões orientais
— os discípulos de Confúcio, de Buda, de Zoroastro, de Maomé —
e outras que não têm qualquer organização eclesiástica . Estas
religiões aconselham certas normas de vida e deixam que seus
membros as cumpram ou não, conforme lhes parecer melhor.
O que achamos? Êste cozinheiro nos apresentou um grande
número de problemas que não podemos responder por causa
da falta de espaço e de tempo, embora saibamos a resposta certa
para todos . Como se sentiram os élderes? Responderam as poucas
perguntas que puderam e discretamente disseram que não sabiam
como responder as outras.
Pouco depois a sala ficou vazia, com exceção dos élderes e
do cozinheiro . Então os élderes aprenderam uma das mais im-
portantes lições de sua vida . Viram quão indispensável é saber
o evangelho antes de poder ensiná-lo . Aquêle homem não era
cozinheiro por profissão . Era um amigo do governador do Estado
e havia sido convidado a passar algum tempo naquela fazenda,
propriedade de um amigo seu, para restabelecer-se de um ataque
nervoso . Era um homem que havia-se graduado numa univer-
sidade e havia-se educado e preparado para o ministério. Depois
de graduar-se não aceitou a posição que a igreja lhe ofereceu,
porque não acreditava em tudo o que teria que pregar . Sendo-
pessoa religiosa, achava-se confuso.
Seu problema foi o mesmo que teve por frente Joseph Smith :
Qual de tôdas as religiões, e igrejas é a verdadeira? Joseph Smith
recorreu ao Senhor, e recebeu uma resposta, enquanto que o co-
zinheiro decidiu fazer um giro por todo o mundo para investigar
as principais religiões . Depois de muitos anos seu problema con-
tinua sem solução .

PrRINCíPIOS OPERANTES DA . IGREJA . RESTAURADA 123

Éste homem era um cavalheiro, naturalmente com suas pre-


venções, não obstante, tolerante e amável . Estava familiarizado
com os mórmons e seu sistema . Havia passado um ano em Salt
Lake City, estudando a história, doutrina e organização da Igreja.
Havia conhecido a maior parte das autoridades e ficado muito
bem impressionado com os membros da Igreja e o que haviam
realizado.
Então começou a responder algumas de suas próprias per-
guntas, para o beneficio dos élderes . Suas palavras foram mais
ou menos as seguintes:
"Vocês não têm razão para se envergonharem da organização
de sua Igreja . É a mais perfeita que jamais descobri, e a única
que está de acôrdo com a Bíblia.
"Não há dúvida que uma religião necessita de uma organi-
zação eclesiástica . De outra forma, como pode haver cooperação?
Por exemplo, esta fazenda cobre um pedaço de terra bastante
extenso e nêle há milhares de animais . Há necessidade de cons-
truir-se cêrcas, marcar gado, domar cavalos e levar as ovelhas
de um pasto a outro . É necessário que se procure mercado para
a lã e o gado, e que ferramentas, provisões e outras coisas sejam
providas para os trabalhadores . É uma organização muito extensa
e ocupa um grande número de homens . Se o dono empregasse
os homens e os mandasse trabalhar sem qualquer instrução, os
trabalhadores não saberiam o que se espera dêles e em pouco
tempo o dono fracassaria.
"Um grupo organizado pode realizar mais do que o mesmo
número de pessoas trabalhando individualmente . Nós somos sêres
sociais . Necessitamos de companheirismo e vida social . A igreja,
com seu ambiente espiritual e moral, pode satisfazer estas ne-
cessidades melhor do que qualquer outra organização.
"Por outro lado, existem também as muitas oportunidades
educacionais, mencionadas por vocês . Pelo menos que eu saiba,
não há outra igreja na terra que ofereça tantas vantagens como
a sua.
"Jesus certamente organizou urna igreja e escolheu e ordenou
homens para continuar a obra quando Êle já não estivesse sôbre
a terra . . De outra forma, como poderiam suas doutrinas e ensina-
mentos ter sido conservados no mundo . Faltam-nos muitos deta-
lhes relativos à maneira em que efetuou esta organização e me
parece que a sua igreja é a mais parecida ao que deve ter sido.
"Quanto às grandes religiões do oriente, e eu já as examinei
pessoalmente, falta-lhes o que acabamos de mencionar . . O sofri-
mento, a pobreza e miséria do povo é impossível de se descrever ;

X124 PRINCÍPIOS :OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

muito disto desapareceria se elas se organizassem num só grupo,


como irmãos . É certo que podemos adorar a Deus sozinhos, numa
montanha ou no deserto, e muitos grandes homens acharam a
Deus desta maneira ; no entanto, imediatamente dirigiram-se às
comunidades, para levar-lhes sua mensagem ."

OPORTUNIDADE DE AJUDA NA IGREJA


Temos que despedir-nos de nosso amigo cozinheiro, apesar
de sua interessante conversação . Porém, podemos ver que me-
diante o estudo e associação pessoal êle havia se inteirado de
que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias era
a organização eclesiástica mais perfeita do mundo . Talvez noutra
lição possamos estudá-la um pouco mais detalhadamente.
Esta grande organização, nossa Igreja, cujos membros ultra-
passaram na atualidade a casa do primeiro milhão e encami-
nham-se ràpidamente para o segundo, necessita de milhares de
homens e mulheres que ocupem postos ou posições de responsa-
bilidade . Uma ala que tenha entre quinhentos e mil membros
necessita de pelo menos cem pessoas para servirem como oficiais
e mestres . Se multiplicarmos isto pelo número de alas e estacas
da Igreja, sem mencionar sequer os ramos e missões, ganharemos
uma vaga idéia das milhares de pessoas que diàriamente estão
dedicando seu tempo e talentos para o benefício e salvação de
seus semelhantes . Ainda assim falta muito que dizer, porque se
levamos em conta as Autoridades Gerais, os missionários, os que
trabalham nos templos, etc ., é fácil entender as incontáveis opor-
tunidades que nossa Igreja oferece para ajudar-nos a servir e
progredir . Desde o berço até a sepultura, todos os membros da
Igreja podem encontrar algo para fazer . De tôdas estas oportu-
nidades para servir podemos examinar brevemente apenas uma.

0 SISTEMA MISSIONÁRIO DA IGREJA


Conhecemos um homem honrado e trabalhador que ocupa
um posto na Igreja . É feliz e tem razão para sentir-se satisfeito
com seu lar e família . Não faz muitos anos, era um jovem em
seu país nativo, onde trabalhava àrduamente para ajudar a sus-
tentar sua mãe viúva e os dois irmãos menores . Um dia chega-
ram dois missionários mórmons em sua casa, e lhes explicaram
o evangelho, vindo a família a crer e se batizar.
Mais tarde um dos élderes lhe emprestou dinheiro suficiente
para chegar a Utah, ficando entendido que êle devolveria o di-

PIRIINCIPIOS OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA '125

nheiro com seu trabalho . Isto veio a ser uma oportunidade muito
grande para o jovem, pois pagou a divida e dentro de um ano
havia economizado o suficiente para mandar trazer um de seus
irmãos a êste país . Juntos, os dois rapazes, industriosos, honrados
e sem mêdo de trabalhar, nenhuma dificuldade tiveram em encon-
trar trabalho . Com o tempo puderam pagar a passagem de sua
mãe e irmã e, finalmente, a família se viu reunida no novo pais
que lhes oferecia grandes oportunidades.
Atualmente a mãe já não vive . Viveu feliz entre os santos
o suficiente para ver seus filhos se casarem, estabelecerem suas
próprias casas e chegarem a ser devotos trabalhadores da Igreja.
Os irmãos e irmãs constantemente dão graças ao Senhor pela
felicidade que gozam e pelas bênçãos do evangelho num país
livre.
Tudo isto se lhes sobreveio porque dois missionários mórmons
deram gratuitamente de seus meios, tempo e talentos para levar
o evangelho a um país estranho . O resultado foi duplo . Em pri-
meiro lugar trouxe salvação temporal e, sem dúvida alguma,
salvação eterna, a esta humilde família . Em segundo, imaginemos
a alegria, o desenvolvimento espiritual e a satisfação que devem
ter sentido os missionários ao ver o resultado de suas obras.
Se multiplicamos isto por mais de 75 .000 homens e mulheres
que serviram como missionários desde que se organizou a Igreja,
podemos compreender a importância do sistema missionário dos
Santos dos últimos Dias . O custo anual da obra missionária é
equivalente à quantia de dois milhões de dólares . Porém, é im-
possível calcular em dinheiro o valor verdadeiro ; êle pode ser
melhor calculado nas vidas de milhares de pessoas, como as que
acabamos de mencionar, cuja alegria e oportunidades na vida
tanto aumentaram . A experiência passada por esta família não
é senão um exemplo de milhares de outras experiências seme-
lhantes vividas por pessoas que conheceram os membros dá
Igreja.
Na atualidade há perto de dez mil jovens servindo como mis-
sionários . Sua principal responsabilidade é a de pregar o evan-
gelho . Nos dias antigos milhares eram os que acreditavam e
aceitavam . Wilford Woodruff, sàzinho, converteu e batizou mais
de 1 .800 pessoas . Atualmente é menor o número de pessoas que
se interessam pela mensagem do evangelho e muitos missionários
obram diligentemente dois anos ou mais sem conseguir muitos
batismos . Porém, o quadro não é tão sombrio como parece.
Podemos colher a semente plantada por outros missionários.
Bem disse Paulo : "Eu plantei, Apolo regou ; mas o crescimento

.126 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

veio de Deus ." (I Cor . 3 :6) . As almas individuais dos homens


são de tanto valor que o Senhor disse : "E se acontecer que, se
trabalhardes todos os vossos dias proclamando arrependimento
a êste povo, e trouxerdes a mim mesmo que seja uma só alma,
quão grande será a vossa alegria com ela no reino de meu Pai ."
,(Doutr . e Conv . 18 :15) .
Muitas e grandes são as bênçãos recebidas pelos missionários
fiéis durante o curso de sua obra . Êles são chamados a pregar
o evangelho . Porém, ao fazê-lo aprendem a arte de travar conhe-
cimento e conversar com as pessoas . Sua obra requer estudo
constante, meditação e organização ; progridem intelectualmente.
O bom missionário é humilde e piedoso e isto produz nêle espiri-
tualidade, domínio próprio e uma vida limpa . Muitos vão a
outros países . Aprendem outros idiomas e os costumes ; hábitos
e govêrnos das várias nações . Estas vantagens e muitas outras
são naturalmente apresentadas aos missionários sinceros . Com
razão todos dizem : "A época em que estive na missão foi a
mais feliz e de maior proveito de minha vida ."
PROBLEMAS
1. Quais são as posições e ofícios existentes num ramo?
2. Que oportunidades nos são oferecidas para servir numa ou
mais dessas posições?
3. Que posições ocupamos anteriormente e quais ocupamos na
atualidade?
4. O mundo tem necessidade premente de pessoas que saibam
dirigir . Que oportunidades nos oferece a Igreja para aprender
a dirigir?
5. Se não houvesse escolas, acharíamos na Igreja oportunidades
para educar-nos?
6. Que principio encerra o relato dos élderes e do cozinheiro?
Lição XXIV

2.0 REVISÃO GERAL

Nesta revisão trataremos quase que finitamente dos primeiros


princípios . Como dissemos na última revisão geral, necessitamos
de. um entendimento claro dos princípios do evangelho . Deve-se
dar aos - alunos tempo para lerem cuidadosamente tôdas as per-
guntas e indicar as que não entendem bem.
1. Os primeiros quatro princípios e ordenanças do evange-
lho são : fé, arrependimento, batismo. para a remissão dos
pecados e a imposição das mãos para a comunicação' do
dom do Espírito Santo . Principiando com a fé, mostre-se
que tais princípios seguem essa ordem de um modo na-
tural.
2. Defina-se a fé . Em que sentido é um poder?
3. Como estão os homens, através da fé, efetuando grandes
coisas
4. Citem-se unia ou mais ilustrações que mostrem as gran-
des coisas que no passado foram realizadas por meio
da fé (Lição XIII).
5. Em que se relacionam a fé, a coragem e o conhecimento?
6. Como se pode demonstrar que tudo o que realizamos
na vida diária é feito em conseqüência da fé?
7. Há ocasiões em que as condições do mundo não são muito
agradáveis . 'Por que temos razão para crer que devemos
ter grandes esperanças no futuro? (Lição XV).
8. O que é o arrependimento? Por que é êle necessário na
vida diária?
9. Como pode o arrependimento trazer-nos felicidade?
10. O arrependimento indica fôrça, ou debilidade de caráter?
Explique-se e apresentem-se exemplos.
11. Que relação existe entre o arrependimento e o batismo?
12. Qual o significado do batismo? Como foi que iniciou-se
a aspersão em lugar do batismo?
13. Como podemos mostrar que o batismo é um símbolo da
morte, sepultura e ressurreição de Jesus Cristo?

128 'PRJNCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

14. O batismo tem dois fins . Quais são? (Lição XVIII) .


15. Porque dizemos que o batismo é um símbolo adequado
para o perdão dos pecados?
16. 0 que disse Jesus sôbre o batismo e a entrada no reino
de Deus?
17. Porque não devem ser batizadas as criancinhas?
18. Quem pode batizar?
19. Referimo-nos aos primeiros princípios e ordenanças do
evangelho . Quais dêles são princípios e quais são orde-
nanças?
20. 'Porque é necessário o batismo pelos mortos?
21. Qual é a opinião corrente a respeito do Espírito Santo?
22. Porque se diz que o Espírito Santo é um consolador?
(Ler novamente a primeira narração no capítulo 19).
23. Enumerem-se algumas das coisas que o Espirito Santo
fará por aquêle que o possuir.
24. Que posição ocupa o Espírito Santo na Trindade? "Cre-
mos em Deus o Pai Eterno . . ." Como é o resto desta
afirmação?
25. Como personagens, em que diferem o Espírito Santo, o
Pai e o Filho?
26. Se o Espírito Santo é um personagem, como é possível
que tantos o possam receber?
27. Nem o mundo nem seus habitantes poderiam existir sem
a obediência . Como podemos provar isto?
28. O ,que diz o . irmão Widtsoe sôbre a obediência? (Lição
XX) .
29. Valendo-se dos exemplos de Noé, Abraão e dos coloni-
zadores mórmons, mostrem-se algumas das coisas reali-
zadas em conseqüência da obediência.
30. Porque a obediência é tão importante na vida diária?
31. Repasse-se brevemente o que foi dito no tocante ao ser-
viço (Lições XXI, XXII, XXIII) . Enumerem-se as distin-
tas maneiras com que podemos servir a humanidade.
Qual de tôdas mais nos interessa?
32. Como afeta nossas vidas a ajuda desinteressada?
Lição XXV

O REINO DE DEUS

Estamos aprendendo um pouco acêrca da vida e progresso


eterno nestas lições . Talvez devêssemos ter dito algo sôbre o
reino de Deus no princípio, pois tudo o que dissemos até aqui
faz -parte dêsse reino . O que chamamos evangelho não é mais
que as leis, princípios, ordenanças e regras que guiam, dirigem
e governam todos aquêles que pertencem ao reino de Deus:
Procuremos algumas ilustrações . O reino de Deus é a melhor
organização que pode existir . Como aprendemos em nossas lições
anteriores, êle se estende até nossa vida preexistente, ou seja,
anterior a esta ; está em vigor aqui em nossa vida mortal ; seguirá
em vigor além túmulo por tôdas as eternidades . Imaginemos que
o reino de Deus com seu progresso eterno seja semelhante a um
sistema escolar.
Não há dúvida que tudo é o reino de Deus, não importa em
que ano nos encontremos . Jesus nos disse que orássemos assim :
"Venha o teu reino . Seja feita tua vontade, tanto na terra como
no céu ." Jesus andou "pregando o evangelho do reino", e João
Batista chamou o povo, dizendo : "Arrependei-vos, porque está
próximo o reino dos céus (de Deus) ." (Mateus 6 :10 ; 4 :23) .
Jesus foi e é o rei e enquanto esteve na terra estabeleceu seu
reino em tôda sua pureza . Comparou-o a um homem que semeou
trigo em seu campo . Porém, durante a noite veio seu inimigo e
semeou joio em meio ao trigo . Jesus então aconselhou a que
se deixasse crescer um e outro, - até o tempo da colheita, apar-
tando-se então o trigo, para queimar o joio . (Ver Mateus 13 :24-30).
Jesus teve todos os poderes e chaves de seu reino . Os homens
não estavam preparados para aceitar e viver de acôrdo com todos
os princípios gloriosos de seu reino celestial . Me organizou sua
igreja para ajudá-los . Deu aos homens o sacerdócio, a autori-
dade para seguir pregando o evangelho do reino depois que êle
tivesse saído de seu meio . "Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a tôda criatura ." (Marcos 16 :16) .

130 PRINCÍPIOiS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Jesus fêz mais do que pregar o evangelho e organizar sua


igreja — deixou as chaves de seu reino sôbre a terra quando
se foi . Disse a Pedro : "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus :
o que ligares na terra, terá sido ligado nos céus ; è o que desli-
gares na terra, terá sido desligado nos céus ." (Mateus 16 :19).
Parece claro, portanto, que o reino de Deus, ou o reino dos
céus, é um reino universal . Sempre existiu e seguirá existindo.
Jesus é o seu rei . Êle fêz a terra e a êle corresponde governá-la.
Seu reino funciona com tôda a perfeição no céu e êle quer que
aconteça o mesmo na terra . Algum dia isto acontecerá e Jesus
reinará pessoalmente na terra como reina no céu.
Enquanto isto foi organizada sua Igreja, da forma por nós
hoje conhecida, como parte da organização dêsse grande reino
universal . Esta organização tem por objetivo ajudar-nos a coope-
rar de forma mais perfeita, ajudando-nos mutuamente a viver
as leis e requisitos do evangelho do reino.
Depois de descrever a organização da igreja, Paulo disse que
ela existe "para a perfeição dos santos, para a obra do ministério,
para a edificação do corpo de Cristo ; até que todos cheguemos
à unidade de fé e ao conhecimento do Filho de Deus a varão
perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo ." (Efésios,
Cap . 4) .
Estamos, portanto, na Igreja de Deus e no Reino de Deus.
Em outras palavras, somos membros da Igreja e Reino de Deus.
Talvez se pergunte : Por que principiou a igreja sòmente em
1830? Se Jesus a estabeleceu e logo deu as chaves ou autoridade
a Pedro, o que aconteceu com ela? Por que houve necessidade
de começar outra vez desde o princípio?
Dissemos que João Batista ordenou Joseph Smith e Oliver
Cowdery ao sacerdócio de Aarão ; Pedro, Tiago e João ordenaram-
nos ao sacerdócio de Melquisedeque . Com isto tornaram-se au-
torizados a organizar a igreja, o que fizeram em 1830.
Porém, por que necessitava isto ser feito? Não havia a Igreja
Católica, cuja autoridade reclama haver recebido de Pedro que,
como já foi dito, ficou como cabeça ou presidente depois da ida
de Cristo?
Êsse foi mais ou menos o problema confrontado pelo jovem
Joseph Smith em 1820 . .Êle ficou confundido pelo fato de que
tôdas aquelas igrejas cristãs reclamavam a mesma autoridade;
no entanto, se contradiziam em pontos de doutrina e organização.
Não lhe ocorreu que tôdas estivessem erradas, mas não sabia qual
delas era a verdadeira .

RRIINCí .PIOS ,Of ERANT'E,S- I IGRiEJA RESTÁURADA 131.

Nossa décima , regra de fé diz, em parte : "Cremos . . . que.


Cristo reinará pessoalmente sôbre a terra, a qual será renovada
e transformada num paraíso de glória ." Foi êsse o plano desde
o princípio do mundo . Para isso foi o mundo criado . Desde os
dias de Adão o Senhor tem procurado fazer com que os povos
levem vida digna, a fim de que possam receber esta terra como .
seu lar quando fôr transformada num paraíso de glória . ]Ele
ainda está procurando ajudar-nos e algum dia o conseguiremos.
Adão e seus descendentes tiveram o sacerdócio e o evangelho
por muito tempo . Deve ter havido uma igreja organizada . Então
o povo se entregou à maldade ; vieram a se tornar tão iníqüuos.
que perderam o sacerdócio e a organização da igreja . Também
perderam a vida, porque se afogaram no dilúvio nos dias de Noé.
Muito tempo depois o Senhor principiou novamente o tra-
balho evangélico . O sacerdócio foi dado a Abraão e o evangelho ,
foi ensinado aos israelitas, seus descendentes . Finalmente êles
também, por causa de sua iniqüidade, perderam o sacerdócio e°
a organização .que então possuiam.
Porém, o 'Senhor não parou aí . Desde o principio se sabia
, que chegaria um dia em que os habitantes da terra viveriam'
de acôrdo com o evangelho, como se faz no céu . Na vez seguinte
Deus enviou Jesus, nosso Redentor, para que restaurasse de novo
o evangelho à terra . Sabemos como o fêz e como deu a Pedro
e outros apóstolos a autoridade para continuar quando êle já
tivesse partido . Uma vez mais o povo não pôde ou não quis viver
retamente e com o passar dos tempos os homens perderam o-
sacerdócio e a organização da igreja verdadeira com seus pro-
fetas, apóstolos, sumos sacerdotes, setentas, élderes e oficiais do
Sacerdócio Menor.
Que mais podia ser feito? Não havia outra solução a não ser -
a de devolver tal autoridade e principiar outra vez, quando menos
pela quarta vez . Foi por isso que se organizou a igreja no dia 6
de abril de 1830 . 0 mesmo que havia sido feito em ocasiões ante-
riores foi também feito desta vez . A perda . do sacerdócio e da.
igreja verdadeira se chama apostasia . Houve uma apostasia pou-
co depois do tempo de Jesus e seus apóstolos . Por conseguinte,.
foi necessário restaurar o sacerdócio e organizar de novo a igreja.
Há muitas passagens das Escrituras que falam sôbre a apostasia,.
mas não as citaremos nesta lição.
Haverá outra apostasia? Voltará o mundo a perder a igreja
e o sacerdócio? Não . Não haverá mais períodos de apostasia.
A igreja, o evangelho ou reino dos céus estão aqui para perma--

132 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

necer — para nunca mais serem tirados da terra . Daniel, o pro-


feta, nos disse o seguinte:
"Mas, nos dias dêstes reis, o Deus do céu levantará um reino
que não será jamais destruído ; e êste reino não passará a outro
povo ; esmiuçará e consumirá todos êstes reinos, e será estabele-
cido para sempre ." Este reino principiaria como um pequena
pedra cortada de um monte, a qual cresceria até encher tôda a
terra . (Daniel, cap . 2).
Às vêzes as coisas não parecem estar indo muito bem, mas
a igreja, o reino de Deus, aqui está e algum dia se cumprirá
literalmente esta profecia_

DISCUSSÃO

1. Nomeiem-se três coisas necessárias para um reino.


2. Onde é o reino de Deus vivido em sua perfeição? Explique-se.
3. Em que se relacionam a Igreja e o reino?
4. Explique-se como o sistema escolar se assemelha ao reino de
Deus.
5. 0 Reino de Deus sempre existiu? Continuará existindo?
6. Qual a relação entre a Igreja antiga e nossa Igreja presente?
7. O .que significa a palavra apostasia?
8. Quantas vêzes houve apostasia? Explique-se.
9. Porque não haverá mais apostasias?
Lição XXVI
A IGREJA

A igreja que freqüentamos nestes tempos é bem diferente da


igreja primeiramente organizada. Temos a organização do ramo,
que funciona perfeitamente ; a presidência, as organizações do Sa-
cerdócio, Escola Dominical, Mútuo e outras . Quem arranjou tudo
isto e quando? Talvez venhamos a apreciar um pouco mais o que
temos se entendermos como nos chegou.
Tôda maquinaria, instituição ou organização cuja influência
tenha sido sentida pelo mundo foi iniciada numa escola muito
pequena . Morse construiu o telégrafo num quarto sumamente pe-
queno ; Watts fêz, para principiar uma locomotiva a vapor de
brinquedo ; os irmãos Wright brincavam com planadores na costa
de um monte ; Guttenberg se entreteve com blocos móveis de ma-
deira, enquanto que Marconi fêz suas experiências no quintal , de
sua casa . Êstes não são mais que poucos exemplos das muitas
invenções e descobrimentos que revolucionaram o mundo.
Deus principiou o povoamento da terra com um casal . Depois
do dilúvio, quatro casais a principiaram novamente . Abraão e
Sara, sua espôsa, foram os primeiros da raça hebraica, e Jacó e
'sua família foram os progenitores das doze tribos de Israel . João
Batista, um só homem, pregou o arrependimento, preparando com
isto o caminho para a vinda de Cristo ; e Cristo deu princípio à
simples organização da igreja cristã, que se estendeu por todo
ò mundo.
E' natural que ao compararmos uma pedra a uma montanha,
a consideremos pequena e sem importância . No entanto, a que
Daniel viu foi muito importante . Êle estava interpretando um
sonho que havia tido Nabucodonosor, rei da Babilônia. Esboçou
os grandes acontecimentos que haveriam de acontecer até a época
dos vários reis da moderna Europa e então disse:
"Nos dias dêstes reis, o Deus do céu levantará um reino que
não será jamais destruído ; e êste reino não passará a outro povo:
esmiuçará e consumirá todos êstes reinos, e será estabelecido
para sempre."
Nesta interpretação também fala o profeta de uma pedra que

134 PRINCíPIOS 'OPERANTES ..DA IGREJA RESTAURADA

haveria de ser cortada da montanha, a qual haveria de rolar até


que houvesse coberto tôda a terra . Êste reino que Deus haveria
de estabelecer nos últimos dias parecia ter sua representação na
pedra que foi cortada do monte — muito pequena quando come-
çou, mas, à proporção que rodou, cresceu até encher por fim tôda
a terra . Digamos que Daniel, mediante o espírito de profecia e
revelação, tenha feito referência ao estabelecimento da Igreja de
Deus, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias, no dia
seis de abril de 1830.
Anunciamos ao mundo que "cremos na mesma organização
que existiu na igreja primitiva ; isto é, apóstolos, profetas, pastôres,
mestres, evangelistas, etc ." (Regra de Fé VI) . A igreja primitiva
foi a igreja que Cristo e seus apóstolos organizaram quase dois
mil anos atrás. Dizemos que nossa igreja é corno aquela.
Segundo o Novo Testamento, sabe-se definitivamente que ti-
:verarn sacerdócio naqueles dias e entenderam suas funções, assim
como nós o temos e o entendemos nestes dias . Tiveram o sacer-
dócio de Melquisedeque com sumos sacerdotes, setentas e élderes;
e o sacerdócio de Ara 10 com presbíteros, mestres e diáconos . Houve
outros oficiais no sacerdócio e igreja, por exemplo : profetas, após-
tolos, bispos e evangelistas (patriarcas).
Nós não herdamos esta organização . Ela não estava pronta
,para nós. Vimos que, por causa da apostasia, a igreja original de
Cristo ficou inteiramente destruída . Também vimos que, por meio
da restauração, foi dada autoridade para organizá-la de novo.
Joseph Smith e Oliver Cowdery receberam ambos o sacerdócio
já haviam batizado algumas pessoas, mas ainda não havia uma
igreja . Duvida-se que o profeta Joseph Smith tenha imginado a
natureza da organização na forma em que a ternos hoje ; êle não
tinha experiência quanto a igrejas, porque jamais havia perten-
cido a urna . Ademais, não havia necessidade de uma organização
grande naquele tempo, porque eram sumamente poucos os que
sabiam algo sôbre a obra.
No dia 6 de abril de 1830 foi recebido o mandamento de seguir
avante com a organização da igreja . Haviam-se passado dez anos
desde que Jesus disse a Joseph, no bosque, que tôdas as igrejas
estavam em erro e que ele, no devido tempo, organizaria a igreja
verdadeira . O tempo havia chegado, e o lugar era Fayette, estado
de Nova Yorque . Necessitava-se tão sómente seis pessoas para se
organizar legalmente uma igreja no Estado de Nova Yorque . Em-
. hora outros tivessem sido batizados, seis-foram o suficiente para
dar caráter legal à organização.
Sômente três oficiais foram escolhidos nesse dia ; o primeiro

PRINCÍPIOIS OPERANTES DIA" IGRIÉJA RESTAURADA 135

élder, o segundo élder e um secretário . Conforme havia dito Daniel,


foi uma pedra sumamente pequena, cortada de uma montanha
muito grande — o mundo . Nesse dia ela principiou a rolar e tem
estado rolando desde então . Essa foi tôda a organização necessária
, naquele tempo . Podemos comparar a Igreja a uma planta, com
todos os elementos necessários para produzir uma formosa e fra-
grante flôr . No princípio ela não passa de urna pequena semente.
'Porém, necessita de tempo para crescer, desenvolver e desabro-
char. Nesta organização tão pequena se achava tôda a autoridade
e fôrça para assegurar o desenvolvimento de urna igreja grande
corno a que conhecemos atualmente . Porém, necessitou de vários
anos para crescer, desenvolver e desabrochar . Efetuou-se a orga-
nização aos poucos, segundo a exigência das circunstâncias.
CRESCIMENTO DA IGREJA
Encher-se-iam volumes se procurássemos contar detalhada-
mente o crescimento da igreja desde 1830 até esta data . Tudo o
que podemos fazer é dar um pequeno e breve esbôço dos acon-
tecimentos principais . No entanto, os seguintes serão suficientes
para dar uma idéia da maneira com que esta fôrça se desenvolveu
de um comêço tão pequeno.
Causa admiração o fato de haverem tantos se interessado
imediatamente por aquela pequena igreja . Havia nela algo que os
atraia . Era tão diferente de tôdas as religiões ,que até então co-
nheciam ! Os pregadores daqueles dias ensinavam que não havia
mais que dois lugares para onde ia a pessoa depois de morta : o
céu e o inferno . Se alguém, por causa de alguns pecados a mais,
não pudesse entrar no céu, ia a outro lugar, o inferno, onde ar-
deria em fogo para sempre . Mesmo as crianças, caso não tivessem
sido aspergidas com água, tinham que ir também a um ; lugar hor-
rível, para sofrer eternamente . Aquêle que por desgraça caísse na-
quela prisão de fogo e enxôfre, jamais poderia sair dela, mundos
sem fim. Deus é eterno e seu castigo eterno . Os pregadores faziam
com que seus adeptos procurassem ganhar o reino celestial através
do temor.
Com razão a nova religião, o evangelho restaurado, chamou
a atenção do povo . Ensinou precisamente as mesmas coisas que
Jesus ensinou ; Deus é nosso Pai amante e carinhoso ; êle não se
deleita em ver seus filhos sofrerem . Mesmo embora o castigo seja
eterno, as pessoas não são castigadas eternamente, da mesma
forma que aquêles que infringem a lei não vão ao cárcere para
ali permanecer para sempre. Depois de haverem cumprido sua
condenação saem, se é que suas faltas não são muito sérias .

136 PRINCfPIOS .OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Porém, a prisão permanece, fica ali para o seguinte criminoso


-= essa prisão, ou castigo, é o que é eterno.
q próprio Jesus ensinou que as criancinhas são inocentes e
não necessitam de batismo . "Deixai vir a mim as criancinhas —
disse — "porque das tais é o reino dos céus ." Claramente ensinou
que os homens não permaneceriam em suas prisões para sempre
— algum dia seriam perdoados. Êle foi em pessoa e pregou aos
espíritos encarcerados, para que pudessem crer e gozar liberdade
novamente.
De forma que grandes números de pessoas creram nas dou-
trinas ensinadas pelos Santos dos últimos Dias e se fizeram mem-
bros da igreja através do batismo . Em 1831 os membros se muda-
ram para Kirtland, Estado de Ohio . Aqui foi onde se nomeou o
primeiro bispo geral, irmão Edward Partridge . Também já haviam
sido estabelecidos vários ramos da igreja em Fayette, Manchester,
Collesville, Kirtland e talvez outros.
Durante os anos de 1831 a 1833 muitos dos conversos se trans-
ladaram a Independence, no Estado de Missouri, onde se orga-
nizou outro ramo da igreja . Em 1833 foi organizada a Primeira
Presidência da Igreja, formada por Joseph Smith, presidente, e
Sidney Rigdon e Frederick G. Williams, conselheiros . Joseph
Smith Pai foi ordenado primeiro patriarca (ou evangelista) . No
ano seguinte foi organizado o primeiro Sumo Conselho . Vemos,
pois, a forma por que a pequena pedra foi rolando.
Em 1835 outros dois qüóruns de Autoridades Gerais foram
adicionados, o Qüórum dos Apóstolos e o Primeiro Qüórum dos
Setenta . Tudo sucedeu cinco anos depois de haver sido organizada
a igreja, com seus seis membros e três oficiais . A organização tinha
se tornado quase igual à que temos hoje em dia, e o número
de membros havia chegado à casa dos milhares.
q restante das organizações que conhecemos atualmente foi
agregado com o transcurso dos anos e conforme a exigência das
circunstâncias. A maior parte destas organizações são conhecidas
como auxiliares . No Novo Testamento o apóstolo lhes dá o nome
de "ajudas e govêrnos ."
q profeta Joseph Smith organizou a Sociedade de Socorro em
1842, em Nauvoo, Estado de Illinois . Esta sociedade veio a esten-
der-se nacionalmente e tem administrado ajuda a milhões de
necessitados.
Em 1849, dois anos depois da chegada dos mórmons a Utah,
Richard Ballantyne organizou a primeira Escola Dominical em
Salt Lake . Os primeiros discípulos desta pequena escola foram
em número de trinta, mais ou menos . A obra se tornou popular

FRIINCfPI•OIS' OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 137

e finalmente chegou a ser uma das organizações da Igreja . Atual-


mente seus membros são inúmeros.
A Escola Dominical provia instrução para o dia de repouso,
mas faltava instrução formal religiosa nos dias de semana . Em
1960, o presidente Brigham Young, preocupado com o bem-estar
das "filhas de Sião", sugeriu que se formasse uma organização
especial para as jovens . Em 1875 uma organização similar foi efe-
tuada para os rapazes . O presidente George Q . Cannon sugeriu
que já que as duas organizações eram similares, lhes fôsse dado , o
nome de Associação de Melhoramentos Mútuos de Jovens.
Não lhes parece interessante a maneira com que êstes grandes
movimentos foram inspirados por homens e mulheres que se in-
teressaram pela felicidade e salvação de seu próximo? Não são
organizações do Sacerdócio, mas sim organização patrocinadas
pelo sacerdócio . Em 1878 Aurelia S . Rogers, uma mulher culta, de
Farmington, Estado de Utah, recebeu a inspiração de prover ins-
trução para as crianças nos dias da semana, de forma semelhante
à Associção de Melhoramentos Mútuos . As autoridades da Igreja
aprovaram a idéia, e apartaram Irmã Rogers, designando-a pri-
meira presidente da organização . Na primeira reunião estiveram
presentes 215 crianças de seis a quatorze anos de idade . Atual-
mente há mais de 20 .000 oficiais e mestras, trabalhando na As-
sociação Primária.
Não tocamos em mais que alguns dos pontos essenciais da
organização da Igreja, mas talvez isto nos tenha ajudado a com-
preender um pouco melhor como se ocasionou o desenvolvimento
da grande organização de nossa igreja . Talvez não tenhamos che-
gado ao fim, porque dizemos : "Cremos em tudo o que Deus tem
revelado, em tudo o que •êle revela agora, e cremos que êle ainda
revelará muitas grandes e importantes coisas pertencentes ao
Reino de Deus ." (Regra de Fé IX) .
PROBLEMAS
1. Explicar a importância de pequenos princípios ou iniciações.
2. Ler novamente a declaração de Daniel, concernente à pe-
quena pedra.
3. O que representa esta pequena pedra?
4 Nomeiem-se os oficiais componentes da primeira organização,
em 1830.
5. Porque sòmente seis?
6. Nomeiem-se algumas estranhas doutrinas ensinadas pelas
igrejas em 1830.
7. A verdade revelada explica êstes falsos ensinamentos . Como?
8. Quando e onde foi a Igreja organizada?
Lição XXVII

RESTAURAÇÃO DO EVANGELHO

Depois de tudo o que dissemos em nossas lições anteriores,


nos ocorreu perguntar : Por que não é a verdadeira igreja aquela
que principiou com Pedro e os apóstolos nos dias de Cristo? Neste
caso, devemos falar um pouco mais do que chamamos apostasia.
Foram escritos milhares de livros sôbre êste tema ; de forma
que a única coisa que podemos fazer aqui é citar algumas de-
clarações, que poderão ser comprovadas mais tarde pelos alunos.
"A apostasia não se efetuou tôda de um só golpe ; de fato,
transcorreram-se trezentos a quatrocentos anos antes que chegasse
a se completar . Depois da morte de Cristo a igreja se estendeu rà-
pidamente por tôdas as partes do mundo conhecido . O número
dos membros cresceu a grandes passos, porque cada membro novo
era um fervente missionário que trabalhava para converter a
outros . A perseguição aos cristãos veio a ser regra geral . Com
exceção de um, todos os apóstolos sofreram morte violenta ; foram
apedrejados, crucificados, jogados em azeite fervente, etc . Diz-se
que Pedro foi crucificado com a cabeça para baixo.
Obrigava-se os cristãos a negar Cristo, sob pena de morte.
Milhares dêles preferiam a morte e eram levados às arenas dos
romanos para ser estraçalhados por touros selvagens, ou despe-
daçados por leões famintos."
Naturalmente, milhares de pessoas necessitadas de qualquer
ambiente religioso se tiniram à igreja . Estas causaram desentendi-
mentos e disputas . Mudaram-se as ordenanças . O batismo por
imersão ocasionava muitas inconveniências e chamava a atenção
dos perseguidores . Sua forma foi alterada e passou a ser feito
por aspersão, ou seja, com um pouco de água aspergida ou der-
ramada sôbre a cabeça . Mudou-se também a simples ordenança
da Santa Ceia, estabelecida por Jesus ao partir o pão,
abençoá-lo, bem como ao vinho, e reparti-lo por cada um de seus
discípulos para que se lembrassem dêle . Começaram a considerar
o pão e o vinho como o corpo e sangue verdadeiros de Cristo : O

PRINCtPI0 OPERANTES DA . IGGRIEJA RESTAURADA 139

passo seguinte foi adorar tais símbolos, como fazem muitos hoje
em dia.
Durante êsse tempo mudou-se a simples e eficaz. organização
da igreja. Os apóstolos e profetas foram eliminados. Os oficiais
do sacerdócio foram postos completamente de lado e seus deveres
e responsabilidades foram tão inteiramente cobertos de misticismo,
que semelhança alguma passaram a ter com os da igreja original
que Cristo e seus apóstolos estabeleceram . Nestas circunstâncias
se encontrava a doutrina de Cristo nos dias da juventude de Joseph
Smith, podendo ainda em nossa época ser encontrada em iguais
condições.
Mais ou menos no ano 400, Constantino o Grande, Imperador
de Roma, tornou o cristianismo a, religião do Estado . Embora em
nome fôsse o diretor da igreja, não se batizou a não ser quando
eslava para morrer . Durante sua vida êle havia mandado matar
o pai de sua espôsa ; os esposos de duas de suas irmãs ; Crispo, seu
próprio filho ; sua espôsa Fausta, e um sobrinho . Quando estava
para terminar sua vida iníqua, se batizou . Dali nasceu a idéia
do arrependimento à última hora . Sem dúvida alguma por êsse
tempo já não restava o sacerdócio ou autoridade verdadeira de
Deus.
Isto é tudo quanto podemos dizer sôbre a apostasia por eri_`
quanto. Abordaremos outros pontos do assunto ao falarmos da
restauração, já que é impossível restaurar algo sem que prévia-
mente tenha sido tirado ou perdido.
Eni 1820 Joseph Smith se encontrava confuso, pois não sabia
a qual igreja unir-se. Retirou-se a um bosque, orou ao Senhor, e
o Pai e o Filho, nosso Salvador, lhe apareceram em resposta às
suas orações ; Jesus lhe disse que tôdas as igrejas estavam erradas.
Também lhe disse que no devido tempo ser-lhe-ia conferida a
autoridade para organizar a igreja verdadeira outra vez.
O que foi restaurado nesta primeira visão? Primeiramente,
voltou à terra o conhecimento verdadeiro da natureza individual
e pessoal de Deus o Pai e Jesus, nosso Redentor . A verdadeira
natureza e caráter de Deus havia sido perdida há muito tempo
atrás. Esta foi uma parte muito importante da restauração . Em
segundo lugar, por vários séculos se ensinou que Deus já não
podia ou não queria falar ao homem . As revelações já não eram
necessárias, porque existia a Bíblia, que continha tudo o que o
homem necessitava . Nessa., visão êle revelou em pessoa sua von-
tade, ao jovem Joseph.
Esta primeira e importante restauração ocorreu em 1820.
Agora passaremos a 1823, ano em que outro mensageiro celestial

140 PRJNCÍPIOiS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

visitou Joseph . Nessa ocasião apareceu Moroni, o último profeta


e historiador dos nefitas deste continente . Visitou Joseph na noite
de 21 de setembro, dizendo-lhe que num monte perto dali se en-
contrava a história dos antigos povos americanos, os antepassados
dos índios . Conforme lhe foi ordenado, Joseph visitou o monte uma
vez por ano, durante os seguintes quatro anos e, em setembro de
1827, recebeu as placas que lhe foram entregues por Moroni . Êle
terminou sua tradução em 1829 e, no ano seguinte, 1830, foi pela
primeira vez publicado o Livro de Mórmon.
O que foi, que êste livro revelou? De um lado o conhecimento
de que os índios americanos são parte das tribos de Israel, e que
são originários de Jerusalém . De outro lado, o relato da visita de
Jesus entre os nefitas . Em terceiro lugar, um conhecimento do
evangelho na forma que foi ensinado neste continente . Os antepas-
sados dos índios até certo tempo souberam dessas coisas, porém,
devido a sua apostasia, perderam 'esse conhecimento . Agora havia
sido restaurado novamente.
Por fôrça maior temos que limitar o número imenso de acon-
tecimentos interessantes relacionados à restauração . Sòmente po-
demos mencionar as coisas mais significativas.
Em 1829, no dia quinze de maio, aconteceu algo de muita
importância. João Batista, o precursor de Jesus, aquêle que foi de-
capitado por ordem de Herodes, apareceu a Joseph Smith e Oliver
Cowdery . Joseph e Oliver haviam estado traduzindo as placas de
ouro e, ao lerem uma parte que falava sôbre o batismo por imer-
são, não compreenderam bem a expressão . Foram ao bosque, ajoe-
lharam-se e pediram instruções ao Senhor . Em resposta João Ba-
tista apareceu, ordenou-os ao sacerdócio de Aarão, mandou que
se batizassem um ao outro e que em seguida se ordenassem outra
vez ao sacerdócio.
O que foi restaurado nessa ocasião? Algo que havia sido há
muito perdido. Primeiro : o verdadeiro modo ou método de bati-
zar. Deveria ser por imersão, não por aspersão ou derramamento
de água sôbre a cabeça . Segundo : o sacerdócio de Aarão, que
inclue os ofícios de sacerdote, mestre e diácono e tem a autoridade
para pregar o evangelho, para batizar e para administrar o sa-
cramento da Santa Ceia.
Alguns dias depois outros três mensageiros celestiais visita-
ram Joseph e Oliver . Foram Pedro, Tiago e João, os homens a
quem Jesus havia dado as chaves do reino dos céus antes de sair
dêste mundo . ]files ainda tinham essas chaves, porque jamais
haviam sido as mesmas dadas a outro homem . Com isto se restau-

PIRIINCíPI06 OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 141.

rou o sacerdócio de Melquisedeque, que tem a autoridade para


organizar a igreja e administrar tôdas as ordenanças do evangelho.
É fácil advinhar qual foi o passo seguinte . Restaurados ambos
os sacerdócios, Joseph e Oliver tinham então a autoridade para
organizar de novo a verdadeira igreja, na forma em que havia
existido nos dias dos antigos apóstolos . Isto ocorreu no dia 6 de
abril de 1830 . Como já vimos, foi uma organização sumamente
pequena ; sòmente seis membros e três oficiais ; o primeiro élder,
o segundo élder e um secretário.
Porém, como a pedra de que falou Daniel, a igreja tem cres -
cido e em pouco mais de 100 anos já atingiu quase a casa dos dois
milhões de membros . Foram organizados qüóruns do sacerdócio'
e cada qual recebeu deveres particulares, ordenados por revelação.
Em 1844, ano em que foram assassinados o profeta Joseph e seu
irmão Hyrum, a igreja havia ficado completamente organizada,
com exceção das organizações auxiliares, ,que foram agregadas
depois do estabelecimento dos santos no oeste.
Duas coisas mais devemos mencionar . Estas duas coisas tão
importantes foram restauradas nos primeiros anos do desenvolvi-
mento da Igreja . Uma delas foi a chave da obra nos templos . Na
dia 3 de abril de 1836 Elias trouxe a autoridade, ou seja, as chaves
para a efetuação das ordenanças templáricas, tanto para os mortos
como para os vivos. Dessa data em diante foram edificados doze
templos e milhares de pessoas receberam suas ordenanças, para si
mesmas e em favor de seus antepassados já mortos.
A outra importante restauração foi efetuada na mesma data .:
Nesse mesmo dia, 3 de abril de 1836, Moisés veio e restaurou a
autoridade, ou as chaves, para o ajuntamento das tribos de Israel,
a fim de preparar o caminho para a vinda do Senhor . Se esta
autoridade não tivesse sido restaurada, provàvelmente muitos de
nós não estaríamos aqui agora.

ALGUMAS PASSAGENS DAS ESCRITURAS, 'CUMPRIDAS


DURANTE A RESTAURAÇÃO

"Mas, nos dias dêstes reis, o Deus do céu levantará um reino ,


que não será jamais destruído ." (Daniel 2 :44) . No dia 6 de abril
de 1830 foi organizada a igreja.
"Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo o evangelho-
eterno para pregar aos que se assentam sôbre a terra (Apoca-
lipse 14 :6-7) . Moroni veio em 1827 e restaurou o evangelho, da
maneira com .que havia sido ensinado aos nefitas .

442 PRINC1PIO6 OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

"Eis que eu envio o meu anjo, que preparará o caminho diante


-de mim : e de repente virá ao seu templo o Senhor ." (Malaquias
3 :1-3) . João Batista veio no dia 15 demaio de 1829 e entregou a
autoridade para pregar e batizar, a fim de preparar o caminho
para a segunda vinda do Salvador.
"Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia
.grande e terrível do Senhor . E converterá o coração dos pais aos
filhos, e o coração dos filhos a seus pais ; para que eu não venha, e
fira a terra com maldição ." (Malaquias 4 :5-6) . Elias, o profeta,
veio no dia 3 de abril de 1836 e restaurou o princípio da salvação
para os mortos.
"E êle enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta,
os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma
a outra extremidade dos céus ." (Mateus 24 :31) . Moisés veio e res-
taurou as chaves o ajuntamento de Israel em 1836.

PERGUNTAS

1. Qual a relação entre a apostasia e a restauração?


2. Nomeie algumas condições causadas pela apostasia da antiga
igreja e algumas mudanças então ocasionadas.
3. O que significa a palavra restauração?
4. Os seguintes personagens celestiais visitaram Joseph Smith:
O Pai e o Filho, Moroni, João Batista, Pedro, Tiago e João,
Moisés e Elias . O que foi restaurado por cada um dêles?
.5 . Nomeie algumas das profecias cumpridas durante a restau-
ração .
Lição XXVIII

O EVANGELHO

Freqüentemente se usa a palavra evangelho como se fôsse


uma coisa, um livro, por exemplo, que se leva de um lugar para
outro . Diz-se que o evangelho foi restaurado ; .que se deve levá-lo
a todo o mundo ; que um anjo o trouxe, etc . Aqueles que usam
estas expressões conhecem o seu significado, bem como a maior
parte dos adultos, mas freqüentemente ela tem pouco significado
para os jovens.
Às vêzes até mesmos as passagens das Escrituras não expres-
sam com clareza o que é o evangelho . Jesus disse : - "Êste evangelho
do reino será pregado a todo o mundo ." (Mateus 24 :13) . E Paulo
declarou : "Não me envergonho do evangelho, porque é o poder
de Deus para a salvação de todo aquêle que crê ." (Romanos 1 :16).
No entanto, nenhuma destas duas passagens das Escrituras aclara
o significado completo da palavra evangelho.
Quando já entendemos o que é o evangelho, vemos que é
simples — não tem nada de confuso . Na lição anterior falamos da
restauração do evangelho e nomeamos várias coisas restauradas:
o sacerdócio, a maneira de ordenar e batizar, revelação, salvação
para os mortos e um conhecimento verdadeiro de Deus e de seu
Filho, Jesus. Nenhuma destas coisas é o evangelho ; tôdas são
partes dêle.
O evangelho é fé, arrependimento, batismo e o Espírito Santo.
Inclue virtudes como a honradez, pureza, jovialidade, bondade.
Viver de acôrdo com o evangelho significa ser um bom vizinho,
bom filho ou filha, irmão ou irmã . Significa fazer a obra em favor
dos mortos nos templos, ajudar os enfêrmos, os pobres e os ne-
cessitados ; significa aprender, progredir, preparar-se para uma
vida útil aqui na terra e na vida vindoura.
O evangelho, portanto, não é uma coisa distante . Não é algo
que nos prive da alegria terrena, sem deixar nada mais que a pro-
messa de um galardão futuro . E', simplesmente, um plano de vida,
a melhor maneira de viver, aquela que nos garante tôda a alegria
e - satisfação possível nesta vida e nos assegura a vida eterna e

144 PRINCfPIOS OPERANTES DA IGREIJA RESTAURADA

um progresso infinito no futuro . Êste plano de vida, o evangelho,


tem relação com cada momento de nossas vidas, e provê ideais
e obras por todo o caminho que atravessamos.
O evangelho é um código de princípios, leis, ordenanças e re-
quisitos, cujo fim é ensinar e ajudar o povo a compreender a ver-
dade e viver no reino de Deus . 0 conhecimento destes princípios
nos ajuda a ser felizes, a ser cidadões livres desse reino de Deus,
assim como o conhecimento das leis e regulamentos de nosso país
nos ajuda a ser melhores cidadãos.
Um dos princípios fundamentais do evangelho é que todos são
livres e gozam do direito completo de escolher por si mesmos.
João disse que havia visto os mortos, "grandes e pequenos, que es-
tavam diante de Deus", e que "foram julgados, cada um de acôrdo
com suas obras." Sem dúvida, suas obras e atos foram o resultado
de seus livre arbítrio individual . Vimos ,que até mesmo neste es-
tado pré-mortal os homens puderam escolher por si mesmos . Uma
terça parte dos espíritos que ali se achavam preferiu seguir a
Satanás e receber seu galardão de acôrdo com aquela escolha.
Em seguida citamos uma ilustração dada numa ocasião an-
terior, porque mostra tanto o significado do evangelho como nossa
responsabilidade individual para com ele.
"Suponhamos que eu esteja para iniciar meu último ano no
científico . Examino meu curso e vejo que o futuro diploma de-
pende do término de certas matérias que os professôres, com sua
experiência, decidiram ser o melhor curso a tomar . E' uni plano
ôu sistema de estudo que êles afirmam ser o mais eficaz.
"A mim corresponde escolher . Ninguém, nem mesmo o diretor
dà escola, pode me obrigar a seguir o dito curso, ou a estudar, caso
o aceite . Posso seguir metade do curso, ou segui-lo completamente.
Se o desejo, posso perder meu tempo em festas e prazeres desne-
cessários, em vez de estudar : neste caso chego ao fim do ano de-
cepcionado e triste, por não poder passar satisfatòriamente, se não
chegar a rodar por completo . Não posso culpar meus pais, a escola
ou os professôres. Foi-me posto à frente o melhor curso ; meus
pais me deram o que era necessário ; a escola estava habilitada
e os mestres prontos para ajudar-me.
"A escola é o mundo em que vivo . 0 curso de estudos é o
plano do evangelho . Inclue certas coisas determinadas, necessárias.
Posso aceitá-las ou rechaçá-las, segundo a minha vontade . Mi-
lhares de interesses mundanos tratam de desviar-me . Tenho que
tomar minha própria decisão e aceitar os resultados da mesma . Se
apróvo os requisitos desse plano e vivo de acôrdo com êles ; tenho
que abandonar certas atividades mundanas, porém, a satisfação

PRItNCEPIOS OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 145

que provém do viver justo haverá de compensar os sacrifícios.


Serei feliz tôda a vida, embora encontre, e sem dúvida encon-
trarei, muitas dificuldades pelo caminho ; e no fim receberei a
vida eterna . O evangelho, portanto, é simplesmente o melhor curso
ou plano de vida, aquêle que assegura a felicidade máxima nesta
vida e na vida vindoura ."
Estamos tão acostumados a receber prêmios ou galardões, que
talvez alguns perguntem : 0 que receberei por viver de acôrdo com
o evangelho? Sei que me foi prometido certo galardão nos céus,
porém, o que receberei enquanto estiver neste mundo?
Estas perguntas não são fáceis de se responder . Jesus, o único
exemplo perfeito de um viver segundo o evangelho recebeu por
rcompensa trabalho árduo, atribulações, o desprêzo e escárnio de
seus semelhantes ; finalmente sofreu uma morte horrível sôbre
uma cruz. Suas recompensas diárias foram de caráter invisível;
não podem ser medidas . Quem poderia descrever a emoção e ale-
gria de um coração que se enche de gratidão ao saber que restau-
rou a vida a alguém, ou que trouxe saúde e felicidade ao leproso,
ao enfermo, ao coxo, ao cego, ao surdo e ao mudo? Estas são as
satisfações e alegrias diárias que Jesus deve haver experimentado.
Não podem ser descritas.
Temos também os profetas modernos, Joseph e Hyrum Smith.
Quão notàvelmente parecidas foram muitas de suas experiências
às de seu Mestre e Ideal, Jesus o Salvador . Se contarmos o número
de anos, suas vidas foram muito curtas ; porém, se levarmos em
conta seus feitos e grandes realizações, veremos que ainda vivem
e viverão por séculos . Um observador qualquer diria que suas
aflições, perseguições e martírio final não foram necessários.
Teriam evitado tudo aquilo se tão sômente tivessem repudiado
suas convicções religiosas.
Isso pode ser verdade . Porém, quem teria jamais ouvido falar
em Joseph e em Hyrum, se tivessem escolhido vidas simples e or-
dinárias? Pensemos nas grandes coisas por êles efetuadas e na
alegria e satisfação que devem ter sentido ao ver o desenvolvimen-
to da igreja, sob sua superintendência e sob a direção do próprio
Jesus.
Porém, há outros galardões mais tangíveis. Milhares de pes-
soas testificam dêsses galardões. Aqui temos um exemplo :
O irmão M nasceu na Noruega. Foi o único filho
da família e, infelizmente, seus pais morreram quando ele era
ainda bastante pequeno . Um vizinho o adotou por algum tempo.
Porém, a família era muito grande e êle logo descobriu que não
era muito bem-vindo . Depois de muitas atribulações e, não po-

146 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGRELJA RESTAURADA

dendo adaptar-se às condições de vida que lhe oferecia aquela


família, foi viver com sua tia. Esta mulher era viúva e não tinha
outros familiares . No principio as coisas correram pacificamente ..
O menino era forte e, trabalhando ocasionalmente, ajudava a sus-
tentar-se . No entanto, a pensão da viúva era muito reduzida e êle
não encontrava suficiente trabalho, de forma que ela o entregou a
um desconhecido.
O novo guardião provou ser cruel e mesquinho . Havia acumu-
lado uma boa quantia de dinheiro, porém, apesar disto, fêz com
que o menino trabalhasse mais do que realmente podia . Manda-
va-o aos campos com outros homens, a fim de que desempenhasse
o trabalho de um dêles . Além disso tinha que ordenhar as vacas
cedinho de manhã, e à noite . Vestia trapos e era regularmente
açoitado até permanecer meio morto.
Por casualidade ouviu, certa noite, alguns élderes mórmons
que pregavam na rua . Sua atenção foi atraída pelo modo com que
explicavam as Escrituras . Foi escutá-los algumas vezes . Com o
passar do tempo se converteu ao evangelho, batizou-se e encontrou
refúgio com uma família de membros . Mais, tarde foi para os Es-
tados Unidos, casou-se com uma jovem mórmon no templo e agora
é um homem próspero e feliz . Tem uma família grande, bons
filhos e filhas que são uma bênção e fonte de felicidade nos
últimos anos de sua vida . Façamos uma comparação entre o que
êle teria vindo a ser em seu país nativo e as bênçãos que desfruta
neste continente, e teremos uma idéia das recompensas diárias:
que o evangelho traz . Milhares de pessoas poderão, em nossa
Igreja, relatar experiências semelhantes.
PERGUNTAS E PROBLEMAS
1. A palavra "evangelho" é de uso bastante comum ; qual sua
compreensão do seu significado?
2. O evangelho é um perfeito plano de vida ; um plano que nos
traz felicidade e sucesso . Nomeie alguns de seus princípios,
necessários à felicidade . Tenha certeza do que diz.
3. Somos levados a viver o evangelho? Por que?
4 ._ Em que se relaciona o curso escolar com o viver de acôrdo
com o plano do evangelho?
5 . Quais . são alguns dos benefícios advindos aos Santos dos.
Últimos laias por viverem o evangelho?
Lição XXIX

COMO SE PROPAGA O EVANGELHO

O REINO,' A IGREJA E O EVANGELHO


Nas lições anteriores explicamos como se relaciona o reino
de Deus com o evangelho . O reino é essa organização permanente
de Deus, nosso Pai Celestial, que existiu no princípio e existirá por
tôda a eternidade . Deus é o seu rei, e os homens que trabalham
por êsse reino o fazem por meio da autoridade do sacerdócio.
No céu, onde Deus reina, seu reino funciona perfeitamente_
Nosso Pai quer que assim funcione sôbre a terra . Ao ensinar seus
discípulos a orar, Jesus disse : "Venha o teu reino . Seja feita a
tua vontade, tanto na terra como no céu ." (Mateus 6 :10) . Êsse é-
o projeto ideal e algum dia o conseguiremos, porque cremos que
"a terra será renovada e transformada num paraíso de glória ."
Nesse dia o reino de Deus funcionará com perfeição sôbre a terra.
Dizemos que o evangelho é o modo perfeito de vida. Constitue-
as leis, decretos e regulamentos que governam e dirigem nossa
vida . De acôrdo com o que disse Daniel, estas leis do evangelho
crescerão, até encher tôda a terra ; será então que Jesus reinará
na terra como atualmente reina no céu.
Dissemos que a igreja é parte desse reino . De fato, é o reino
até o ponto em que foi organizado entre os homens sôbre a terra.
O propósito da igreja é ajudar os homens a viver de acôrdo com
as leis e regulamentos perfeitos do evangelho, a fim de prepará-
los para que possam viver na presença de Deus, no departamento
celestial de seu reino.
"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a tôda criatura"
— foi isto o que Jesus mandou . Sem a organização da igreja, tal'
coisa seria impossível. Temos que fazê-lo . E' nossa responsabi-
lidade, porque ninguém pode pregar o evangelho e administrar
sutis ordenanças, a não ser os Santos dos últimos Dias, porque
êle são os únicos que têm a sacerdócio de Deus . De forma que a
Igreja é a organização por meio da qual o sacerdócio funciona,.
para efetuar esta obra e preparar o povo a levar vidas perfeitas.

148 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Quando Jesus deu o mandamento indicado acima, dirigia-se


a seus apóstolos . (Ver Marcos 16 :1548) . Porém, êle repetiu êsse
mandamento em nossos dias . Com a restauração do evangelho,
Deus deu aos Santos dos últimos Dias a responsabilidade de ensi-
nar êste evangelho a tôdas as nações, tribos, línguas e povos . E'
uma responsabilidade muito grande, e é nossa .; não há outro povo
sôbre a terra que tenha o sacerdócio de Deus, sua autoridade para .
efetuar a obra missionária.
Como podemos desempenhar tão grande responsabilidade?
Somos poucos em comparação com os bilhões e bilhões de sêres
humanos . Talvez seja difícil compreender, mas lembremo-nos de
que a pequena pedra deve crescer, até que cubra tôda a terra.
Deus está dirigindo sua obra e terá o cuidado de ver que ela seja
realizada, caso o homem esteja disposto a ajudar . Em sua infinita
sabedoria êle preparou os meios que estão sendo postos em prá-
tica atualmente.
O Senhor disse a Abraão : "Em ti e em tua semente serão ben-
ditas tôdas as nações da terra." Em outras palavras, deu aos des-
cendentes de Abraão a responsabilidade de ajudar a salvar todos
os outros povos e nações. Nós somos os descendentes de Abraão,
de forma que' sôbre nós recai a responsabilidade.
Quase todos os profetas da Bíblia e do Livro de Mórmon ad-
moestaram os israelitas, descendentes de Abraão de que, caso não
se arrependessem, seriam tirados de sua terra e espalhados por
tôdas as nações . Citamos duas ou três destas profecias :
Moisés disse : "E o Senhor vos espalhará entre os povos, e fi-
careis poucos em número entre as gentes, às quais o Senhor vos
conduzirá . . . E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde
uma extremidade da terra até à outra extremidade da terra . ..
nem a planta de teu pé terá repouso." (Deuter. 4 :25-28 ; 28 :63-65).
Jeremias adiciona o seguinte : "Eu os entregarei para que sejam . . .
um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde os ar-
rojei." (Jeremias 24 :9) . E Amós declarou : "Pois eis que darei
ordem, e. sacudirei a casa de Israel entre tôdas as nações, assim
como se sacode grão no crivo ." (Amós 9 :9) . Finalmente, Jesus
disse ; a êsse respeito : " . . .serão levados cativos a tôdas as nações;
e, até que o tempo dos gentios se complete, Jerusalém será pi-
sada por êles." (Lucas 21 :24).
Todos podemos prestar testemunho do cumprimento destas
profecias . Hoje mesmo os judeus se encontram espalhados entre
tôdas as nações, sofrendo todos os castigos que os profetas men-
cionaram .Também as outras tribos foram espalhadas entre as
nações, como procuraremos explicar . Verdadeiramente parece

.PRaNCíPIOS OPERANTES DA -IGRIEJA RESTAURADA : 149.

que os filhos de Abraão dificilmente poderão ser uma bênção


para o mundo . Porém, embora de nenhum outro modo fôsse isto.
efetuado, Jesus foi um israelita e tôdas as bênçãos das nações
devem vir por seu intermédio., Porém, essa dispersão não haveria
de ser ocasionada em vão ; cumpriu um objetivo muito impor-
tante em nossos dias.
Embora todos os profetas tivessem anunciado que os israe-
litas seriam espalhados, todos declararam também que outra vez
seriam juntados nos últimos dias — êstes em que vivemos . Eis
aqui algumas das predições relativas a êsse ajuntamento:
"Aquêle que espalhou Israel o congregará e o guardará . ..
Dias vêm, diz o Senhor, em que nunca mais se dirá : Vive o
Senhor, que fêz subir os filhos de Israel da terra do Egito . Mas :
Vive o Senhor que fêz subir os filhos de Israel da terra do norte,
e de tôdas as terras para onde os tinha lançado ." (Jer. 31 :10;
16 :14-16) . Isaías escreveu : "Porque há de acontecer naquele dia
que o Senhor tornará a estender a sua mão para adquirir outra
vez os resíduos do seu povo . . . e levantará um pendão (uma ban-
deira) entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os
dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra ."
Jesus explicou que, quando chegasse êste tempo, nem todos seriam
tornados — sômente aquêles que fôssem dignos ; êstes viriam a
tornar-se membros do corpo da Igreja . (Isaias 11 :11-12).
Moisés entregou as chaves do ajuntamente de Israel . Porém,
o que tem a dispersão e o ajuntamento de Israel a ver com a
propagação do evangelho? Muito! No dia 3 de abril de 1836,
quando Elias o profeta entregou as chaves da obra templárica a
Joseph Smith, Moisés veio e lhe deu as chaves para o ajuntamento
de Israel nos últimos dias, a fim de cumprir as profecias que
citamos. Foi precisamente nesse tempo que aquêles que se con-
verteram principiaram a juntar-se com o corpo da igreja, vindo
de tôdas as nações onde os élderes haviam ido pregar . Cabia
a Moisés trazer as chaves do recolhimento de Israel, porque
êle as possuiu quando ao viver sôbrei a terra . Foi êle~ quem juntou
os israelitas, tirou-os do Egito e os fêz voltar à sua terra, em
Canãa ; e agora, em 1836, entregou essas chaves e autoridade a
Joseph Smith.
Os israelitas, ao ouvirem o evangelho em seus países nativos,
o aceitam mais prontamente do que qualquer outro povo . A ex-
periência já comprovou tal fato . Por haverem sido espalhados
entre as nações do mundo, ajudam muito a interessar os outros
povos ; por conseguinte, a dispersão de Israel é de importância
na promulgação do evangelho . Clama-se que os descendentes das

150 PRINCIPIO$ OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

tribos perdidas se encontram principalmente nos países da Europa


Setentrional . Foi dêsses países que veio a maior parte dos pri-
meiros conversos- à Igreja.
Temos também outra coisa de muita importância . As con-
dições estão mudando . As pessoas que aceitam o evangelho já
não estão imigrando para a América, como nos primeiros dias da
Igreja . Isto ajudará os missionários a espalhar o evangelho nesses
países. Os israelitas espalhados que tenham sido convertidos en-
sinarão seus vizinhos ; e êsses vizinhos, por sua vez, ensinarão,
outros, e assim por diante, como se fêz na igreja antiga . 0 evan-
gelho continuará a se espalhar e o reino de Deus avançará, até
cobrir a terra . Os homens não podem pará-lo, mas podem, através,
de suas iniqüidades, atrasá-lo.
Na lição seguinte continuaremos a rever mais algumas coisas-
concernentes à dispersão do evangelho.

PERGUNTAS E PROBLEMAS
1. Explique as relações existentes entre o Reino de Deus, , a-
Igreja de Deus, e o Evangelho.
2. Ler em classe Marcos 16 :15-16 . Isto nos torna responsáveis:.
perante tôdas as nações? Como?
3. Como é que . a dispersão e coligação de Israel ajudaram na=
propagação - do evangelho . a todo o mundo?

Lição XXX

COMO SE PROPAGA O EVANGELHO

(continuação II)

Na lição anterior estudamos a propagação do evangelho nestes


dias, estejamos em guerra ou em paz . Há vêzes em que nosso
progresso parece ser pequeno, mas não há razão para alarme,
seja qual fôr a dificuldade . Tudo haverá de sair bem no fim.
O Senhor nunca deixa de finalizar o que principiou.
Embora os Santos dos últimos Dias sejam os únicos que
possuem o sacerdócio, autoridade de Deus para batizar e admi-
nistrar as ordenanças do evangelho, tôdas as pessoas, em tôdas
as partes, compreendem os ensinamentos de Jesus e têm a res-
ponsabilidade de ensiná-los e explicá-los a outros . Foi por meio
das várias igrejas cristãs que as doutrinas e princípios da Bíblia
chegaram a tôdas as nações . Essas igrejas podem converter aquê-
les que algum dia terão a oportunidade de ser batizados autori-
sadamente, seja nesta vida ou ao passar para a outra . Por
exemplo :
As, pessoas do mundo não podem entrar nos templos para
fazer a obra pelos mortos . Porém, podem procurar suas genea-
logias e os Santos dos últimos Dias que possuem a autoridade,
cujas famílias estão nestas genealogias, podem fazer sua obra
nos templos.
Desde os dias do Salvador multidões de grandes e valentes
almas têm dedicado seu tempo, talentos e vidas à obra de fazer
com que outros conheçam e compreendam os ensinamentos do
Senhor Jesus . Entre êles temos os primeiros reformadores e os
grandes lideres religiosos. O Senhor se vale de pessoas boas em
tôdas as partes, a fim de iluminar o mundo e ajudar outros a
compreender melhor, não importa de que país ou crença sejam.
Antes de ficar completamente organizada a igreja, princi-
piou-se a obra missionária. Samuel H. Smith, irmão do profeta
Joseph, foi o primeiro missionário a ser apartado . Por meio de
seus esforços os Young e os Kimball ganharam conhecimento do

152 PRINCfPIOS OPERANTES DA IG!REIJA RESTAURADA

evangelho restaurado . Enviou-se Heber C . Kimball, juntamente


com outros, a inaugurar a missão na Europa . Orson Hyde foi
para a Palestina, Parley P . Pratt para o Canadá e Erasto Snow
principiou a obra na Dinamarca . Nos primeiros dias de sua or-
ganização a Igreja enviou missionários aos lamanitas.
Dêste pequeno inicio se desenvolveu nosso grande sistema
missionário . Milhares de homens e mulheres têm servido a Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias como missionários
de tempo integral e milhares mais como missionários de estaca
ou distrito . Milhões de dólares anuais são gastos para a manu-
tenção dêsses missionários no campo.
Embora em algumas partes do mundo atualmente seja im-
possível enviar missionários, eventualmente êste "evangelho do
reino será pregado a todo o mundo, como uma testemunha,"
antes que venha o fim . Nosso sistema missionário exerce grande
influência no mundo.
Suponhamos ,que atualmente tivéssemos sòmente os meios
de transporte usados em 1830 . Imaginemos as dificuldades com
as quais tropeçaram os primeiros missionários em suas viagens;
não tinham trens nem . barcos a vapor, sòmente carroças e cava-
los . E' verdadeiramente maravilhoso ver como Deus inspirou os
homens, de modo que viessem a prover "estes meios de transpor-
tes nos últimos dias— no tempo preciso em que mais . falta fazem.
De forma que os inventores ajudaram a propagar o evangelho.
E' estranho, mas Isaias, o profeta, se refere a estas condições.
O profeta diz que nos últimos dias o Senhor "arvorará es-
tandarte ante as nações de longe, (longe da América) e lhes as-
sobiará (ou chamará) desde a extremidade da terra : e eis que
virão apressadamente . . ." (depressa, em trens, navios ou aero-
planos) . As unhas dos seus cavalos dir-se-iam de perdeneira, e
as rodas dos seus carros um redemoinho . O seu rugido será
como o do leão ; e arrebatarão a prêsa, e a levarão, e não ha-
verá quem a livre ." (Isaias 5 :26-30) . Não vemos nesta última
passagem uma descrição perfeita da locomotiva?
O rei Benjamim foi um homem justo que viveu na América
nos tempos do Livro de Mórmon . Depois de um longo e próspero
reinado, entregou o cetro a seu filho Mosiah. Seu último grande
ato foi enviar uma proclamação a todo o povo, pedindo-lhe que
se congregasse no templo de Zarahemla certo dia, a fim de que
pudesse, em pessoa, dar-lhe suas últimas instruções . Atendendo
seu chamado, o povo, se congregou ao redor do templo . Perma:
neceram juntos com suas famílias e levantaram tendas em tão
grande número que chegavam até às portas do templo . Porém, a

P(RPJCfPTOS OPERANTES DiÁ, IGttEJÁ RÈSTÂÚRÁDÁ 153

multidão era tão grande que foi necessário que se construísse


rima tôrre, na qual o rei pudesse permanecer enquanto falava ao
povo, podendo assim ser escutado . Mesmo assim ainda houve
muitos que não conseguiram ouvir suas palavras e, para o bene-
fício dêstes, o rei mandou que tôdas as suas palavras fôssem es-
critas, a fim de que todos as pudessem conhecer. (Mosiah 1_72).
Esta formosa cena é estranhamente moderna . Para que fôsse
completamente moderna sômente necessitaria auto-falantes . No
entanto, existe uma grande diferença . 0 mundo do rei Benjamim
era sumamente pequeno em comparação com o nosso . Sua res-
0 ponsabilidade era para com alguns poucos — a nossa é para com
tódos os povos do mundo . Porém, o alcance da voz humana
cresce em proporção à nossa responsabilidade.
Hoje já não se torna necessário que grande parte do povo
vá ao templo para escutar os profetas do Senhor . Podem perma-
necer em seus cômodos lares, até mesmo em suas camas, e es-
cutar as vozes de nossos líderes com tanta clareza, como se es-
tivessem a três metros dos mesmos.
O que é ainda mais importante, todos os habitantes do
mundo, até as extremidades da terra, podem ouvir a mensagem
por meio do rádio de ondas curtas . O Senhor disse que êste evan-
gelho será pregado a "tôda nação, tribo, língua e povo . . . pois
acontecerá naquele dia que todo o mundo, ouvirá a plenitude do
evangelho na sua própria língua e idioma, através daqueles que
são ordenados a êste poder pela administração do Consolador
sôbre êles derramado, para revelar Jesus Cristo ." (D. & C. 90 :11).
Isto parece enredar um pouco as coisas . Caso os •élderes não .
possam ser enviados ao mundo, como poderão as nações escutar
em seus próprios países, e particularmente em seu próprio idio-
iria? O rádio ajuda a resolver êste problema. O presidente da
Igreja pode por-se em pé diante do púlpito do tabernáculo de
Salt Lake City, e sua voz será ouvida por todos os extremos dá
terra ; tôda nação, língua e povo pode ouvi-la . Os habitantes da
América ouviram a voz de Jesus Cristo três dias antes de vê-lo.
Porém, como explicaremos a parte que diz que êles haverão
de escutar o evangelho em seu próprio idioma? Presentemente
não sabemos como haverá isto de se efetuar, no entanto, temos
anotada uma experiência que sugere uma forma de fazê-lo, caso
não haja qualquer outra . No dia de Pentecostes, Pedro e os ou-
tros apóstolos do Senhor pregaram ao povo . Uma grande multi-
dão se havia juntado.
A Escritura nos diz que havia entre êles "judeus, homens
piedosos, de tôdas as nações debaixo do céu . . . Partos, medos e

154 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto-


e Ásia ; da Frigia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia
nas imediações de Sirene, e romanos que aqui residem . . . cre-
tenses e árabes ."
Os apóstolos eram galileus e estavam falando em seu próprio
idioma, enquanto que os componentes da multidão estavam atô-
nitos, e se admiravam, dizendo : "Vede! Não são porventura ga-
lileus todos êsses que aí estão falando? E como os ouvimos
falar, cada um em nossa própria língua materna?" (Atos 2 :141).
Éste foi um caso mais de ouvir e entender outra língua e
idioma, e não de falar . Jesus prometeu ,que aqueles que cressem
"falariam novas línguas" ; bem podia ter dito que falariam e
entenderiam novas línguas . Sentimo-nos agradecidos pelo rádio,
que nos ajuda a ver mais claramente de que forma se propagará
o evangelho a tôda nação, tribo, língua e povo.
Em certa parte dissemos que a Bíblia ainda é o livro mais
popular do mundo . Todos os anos milhares de exemplares são
vendidos ou doados . Converteu mais pessoas à crença em Cristo
e seus ensinamentos que qualquer outra pessoa ou coisa . No caso
da falta de missionários ela ainda assim, continuará pregando o
evangelho da paz . Também o Livro de Mórmon tem e exerce uma
influência benéfica muito grande . As milhares de cópias dêste
livro, encontradas por todo o mundo, também testificam em si.
lêncio a existência de Deus e seu evangelho revelado.
PERGUNTAS E PROBLEMAS
1. Quem foi o primeiro homem a fazer missão nesta dispen-
sação?
2. Mais ou menos quantos missionários foram enviados a pro-
pagar o evangelho desde 1830?
3. Explique de que forma os meios de transporte modernos
ajudam a espalhar o evangelho.
4. O que disse Isaías sôbre os meios de transporte modernos?
5. Reconte a experiência do Rei Benjamim.
6. Quais as possibilidades do uso do rádio na propagação do
evangelho?
7. De que forma está a Bíblia espalhando o evangelho?
Lição XXXI

RELIGIÃO

Se nos fôsse possível conhecer e entender completamente a


'ponderíamos? Se pertencemos a esta Igreja diríamos que somos
religiosos? Ser religioso significará apenas pagar nossos dízimos,
observar a palavra de sabedoria e Ir às reuniões? Quem pode
explicar o que é realmente religião?
Se, nos fôsse possível conhecer e entender completamente a
vida de Jesus, acharíamos o significado completo da religião.
Êle foi membro e fundador de uma igreja, e seus crentes foram
conhecidos como cristãos . Formulou leis e estabeleceu a obser-
vância do dia de repouso . Pagou tributo (Mateus 17 :27), e, sendo
judeu, deve haver pagado dízimos . Cumpriu fielmente o que co-
nhecemos como a Palavra de Sabedoria e freqüentava regular-
mente as reuniões na sinagoga . Batizou-se e declarou que todos
deveriam fazer o mesmo, a fim de poderem ser salvos . Acredita-
va na ordenação, porque claramente nos disse que escolheu e
-ordenou seus apóstolos. Acreditava na ordenança da Santa Ceia,
pois foi quem a instituiu . Orava freqüentemente e ensinou outros
a fazerem o mesmo.
Êle fêz tôdas estas coisas, no entanto não são elas as que nos
fazem recordá-lo, fiem o que mais gostamos de citar ao tratarmos
de sua pessoa. Êle deu o único exemplo perfeito de uma vida
religiosa . O que é, portanto, religião?
Não há dúvida de que podemos responder esta pergunta ao
:dizermos que pertencemos à Igreja Mórmon e que, portanto, essa
é nossa religião . "Porém, não deixamos de ter razão ao dizermos
que o ser mórmon não designa infalivelmente que levamos uma
vida religiosa . Lembremo-nos que Judas foi membro do qüórum
dos apóstolos de Jesus . Atraiçoou seu melhor amigo, suicidan-
do-se depois . Claramente se vê que éle não tinha muito entendi-
mento da religião na forma em que tratamos de explicar.
Qual seria nossa impressão de um mórmon que maltrata sua
espôsa, seus filhos e vizinhos? Quando maltratamos nossa fami-
:lia e nosso próximo, não podemos ser religiosos, seja qual fôr

156 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IG'REIJA RESTAURADA

a quantidade de reuniões que freqüentemos . A cortesia e a obser-


vância da Palavra de Sabedoria são parte da religião verda-
deira . Jesus fêz estas coisas, mas não se deteve ai.
Há algum tempo atrás saiu um artigo num jornal . Tratava-
se do torpedeamento de um barco mercante. Certo número de
marinheiros morreu e, por estar o barco para afundar, foi
impossível retirar os cadáveres. Depois dos sobreviventes have-
rem abandonado o barco em seus botes salva-vidas, viram que
um dos homens que pensavam estar morto se arrastava sôbre a
coberta . Um de seus companheiros, ao vê-lo, jogou-se na água
e salvou o ferido, arriscando sua própria vida . Diríamos ser isto
religião? Teria Jesus feito o mesmo?
Temos então o exemplo de um homem que se gabava de ser
sumamente religioso. Já fazia muitos anos que ia regularmente
à igreja, sem faltar uma só vez. Certo dia sua espôsa adoentou-
se . Apesar de ser uma enfermidade muito séria, o homem de-
cidiu que não podia deixar de ir à igreja, pois se faltasse àquela
reunião, quebraria o recorde que havia estabelecido . Deixou sua
espôsa e foi à igreja . Quando voltou para casa, encontrou a pobre
senhora morta.
Ninguém pode respeitar a religião de tal indivíduo . Se nos
fôsse possível conhecer verdadeiramente os sentimentos e dese-
jos mais íntimos de todos os que vão às igrejas, talvez víssemos
que há muita falta de sinceridade . A assistência à igreja não é
apenas uma formalidade. E' parte da religião verdadeira porém,
quando observada obrigatória ou hipàcritamente, tem bem
pouco valor . Deve haver um sentimento de adoração, um forte
desejo de ouvir e conhecer a verdade, de comunicar-se em amor
e amizade com outros . Deve existir um sentimento de gratidão,
de agradecimento a Deus, antes que a freqüência à igreja possa
realmente ser religião . Tal freqüência é parte da religião, mas
não é religião . Sim, a religião é parte do reino de Deus . É a
parte demonstrada pelas obras . E' o amor de Deus e do homem.
O reino de Deus não pode existir sem a religião . Ela é o evange-
lho, vivido em sua pureza . Os símbolos e ordenanças exteriores
são vãos sem a religião verdadeira, que é amar a Deus e ao
próximo. Porém, deve ser um amor de obras, de boas obras.
Podemos nos batizar, ir à Igreja, pagar dízimos, fazer ora-
ções e participar do sacramento, porém, se fazemos estas coisas
para causar impressão a alguém ou com um fim puramente
egoísta, elas não nos darão o direita de considerar-nos religiosos.
Tôdas estas coisas são apenas formas exteriores, essenciais para
uma vida religiosa cheia e completa, porém, desacompanhadas

PRINCÍPIOIS OPETtANPES DA IGRIEJA RESTAURADA 157

de sentimentos nobres que elevem a alma a um nível mais alto,


tornam-se como o "metal que soa ou o címbalo que retine ."
Paulo, o apóstolo, disse o seguinte :
"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se
não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo
que retine . Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça
todos os mistérios e tôda a ciência ; ainda que eu tenha tamanha
fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e
ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se
não tiver amor, nada disso me aproveitará ." (I Cor . 13).
0 amor, ou caridade, é, portanto, a base da verdadeira re -
ligião . A fé, a esperança e a caridade são as coisas sôbre as quais
se funda a religião . Sem elas tôda a atividade formal é como
um manto que cobre o corpo ; Pode parecer belo aos olhos ; mas
não contribue para o desenvolvimento da alma . Onde não exis-
tem estas coisas, tampouco existe a religião verdadeira.
Em perfeita concordância com o que foi dito o apóstolo
Tiago diz o seguinte a respeito da religião e seu verdadeiro
significado :
"Mas aquêle que considera atentamente na lei perfeita, lei
da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente,
mas operoso praticante, êsse será bem-aventurado no que reali-
zar. Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua
língua, antes enganando o próprio coração, a sua religião é vã.
A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é
esta : vistar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e a si
mesmo guardar-se incontaminado do mundo." (Tiago 1 :25-27).
De forma que a religião inclue todos os requisitos de igreja
e pátria, além de um amor duradouro para com nossos seme-
lhantes, manifestado em serviço abnegado . Na lição seguinte fa-
laremos da religão prática.
DISCUSSÃO
1. Qual a relação entre religião e igreja?
2. Que relação tem a assistência à igreja, o pagamento do dí-
zimò e a observância da Palavra de Sabedoria com a re-
ligião?
3. O que inclue a religião.
4 Relate a definição de religião dada por Tiago (Tiago 1 :25-27).
5 . Faça uma lista de coisas necessárias para uma vida reli-
giosa.
Lição XXXII

A RELIGIÃO PRÁTICA

Quando o apóstolo Paulo escreveu : "Mas, ainda que nós


,uu mesmo um anjo vindo dos céus vos pregue evangelho que vá
além do que vos temos pregado, seja anátema," bem poderia
ter usado a palavra religião no sentido de evangelho . Afinal de
-contas, todos os elementos da verdadeira religião estão incluídos
no evangelho, na forma em que foi ensinado e vivido pelo
Salvador. (Gálatas 1 :8).
"Cremos em sermos honestos, verdadeiros, castos, benevolen-
tes, virtuosos e em fazer o bem a todos os homens ; na realidade
podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo — Cremos
-em tôdas as coisas e confiamos em tôdas as coisas, temos supor-
tado muitas coisas e confiamos na capacidade de tudo suportar.
Se houver qualquer coisa virtuosa, amável ou louvável, nós a
procuraremos ." (Regra de Fé n.° 13) .
Em suas treze regras de fé os Santos dos últimos Dias pro-
-clamam o caráter prático de sua religião, uma religião que não só
abraça conceitos bem definidos de assuntos espirituais, esperança
futura, a doutrina concernente ao pecado original e a realidade
do céu e do inferno, mas também, e com mais particularidade,
os deveres cotidianos da atualidade, nos quais o respeito próprio,
o amor para com o próximo e a devoção para com Deus são os
principais preceitos.
A religião sem a moralidade pessoal, a santidade sem cari-
dade, o pretender que se é membro da Igreja sem a conduta ou
comportamento correspondente nos assuntos comuns da vida, é
como ruído sem música ou palavras de uma oração sem . o( espírito
correspondente.
A melhor prova da religião de um indivíduo é a sua utili-
dade . Se professamos que somos religiosos a fim de . usarmos.
a religião como um manto, um manto que freqüentemente_ se
deixa para ser usado sòmente aos ._ domingos e que esconde apenas
em parte os trapos do pecado, cometemos um sacrilégio . Aó.
analisarmos um sistema ou crença religiosa, torna-se essencial

PRINCtPI.OS OPERANTES IAA IGREJA RESTAURADA 169

que examinemos os resultados de sua operação na vida de seus


crentes . Isto é tão lógico e justo como julgar uma árvore pela
qualidade de sua substância e fruto . 0 amor para com nosso
próximo é parte essencial de tôda religião meritória.
"Se alguém disser : Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é men-
tiroso ; pois aquêle que não ama a seu irmão, a quem vê, não
pode amar a Deus, a quem não vê . Ora, temos da parte dêle êste
mandamento, que aquêle que ama a Deus, ame também a seu
irmão ." (I João 4 :20,21) .
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias chama
a atenção especial de todo o mundo para seu labor de benevo-
lência abnegada, prática e incessante . A Igreja tem estimulado
a obra missionária desde a data de sua organização ; êste labor
sistemático, devido a sua extensão e métodos particulares, tem
chamado a atenção de quase tôdas as nações da terra e dado
lugar a muitos comentários . Movida por amor genuino pela hu=
manidade e o desejo de obedecer o mandado divino concernente
a este amor, a Igreja tem enviado anualmente centenas de mis-
sionários para pregar sua mensagem ao mundo . Êstes servos
devotos são homens e mulheres chamados de tôdas as classes da
vida profissional ; servem sem sôldo ou qualquer outra forma
de retribuição monetária . Além disso, pagam seus próprios gas-
tos, o que inclue viagens e manutenção no campo missionário,
a não ser quando recebem ajuda daqueles que estão interessados
em sua obra.
Para os membros da Igreja é quase um dever a benevolência
manifestada através da contribuição material e, embora todos
.sejam ensinados a ajudar os necessitados através de esfôrço in-
dividual, existe um programa sistemático de contribuição e dis-
tribuição . Funciona em todos os ramos ou alas da igreja uma
organização de mulheres, conhecida como a Sociedade de So-
corro . Sua função particular é a de velar pelos necessitados.
A Sociedade de Socorro recebe contribuições em forma de di-
nheiro, alimento, roupa e outros artigos, repartindo-os conforme
a ocasião exija . Além disso, mantém um sistema de visitas sis-
temáticas aos necessitados, prestando ajuda na alimentação,
consôlo na aflição e alívio na angústia, da melhor maneira pos-
sível .
Os Santos dos últimos Dias têm um número enorme de
deveres e responsabilidades que devem assumir . Seu qüórum do
sacerdócio lhes pede determinadas obras . Seu tempo e talentos
devem estar à disposição dos que presidem . Há ofícios e res-
ponsabilidades no distrito, no ramo e nas diferentes organizações ;

160 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

todos devem ser desempenhados . Estas responsabilidades per-


tencem a todos os membros da igreja e ninguém tem o direito
de esquivar-se delas.
O Programa de Beneficiência da Igreja requer muito tempo
e apóio . Sempre há pobres, enfêrmos e desamparados em tôdas
as comunidades e é preciso velar pelos mesmos . Há algo im-
portante a ser feito a cada momento . É importante recordar que
a Igreja não pertence ao presidente da Igreja, nem ao presidente
da missão ou do ramo . É a Igreja de Deus e também nossa.
Todos os membros têm algo a ver com o êxito de seu ramo.
O presidente é simplesmente nosso servo, chamado para dirigir
e presidir os esforços do grupo . Nada pode resultar disso se
os membros do ramo não cooperam com êle.
É evidente, pois, que a religião inclue uma multidão de inte-
rêsses . Está incluída todos os dias, em tôdas as atividades da
vida. A religião inclue a vida pública e privada, o lar, a comu-
nidade e o pais . Sim, inclue nosso interêsse pela raça humana,
se é que somos verdadeiros Santos dos últimos Dias, porque
Jesus nos mandou : "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
a tôda criatura ."
Jovens, como vocês podem ver, a vida religiosa é uma vida
muito ativa, porém, é a vida mais próspera e feliz que se pode
Ievar . A obra é sua . Aceitá-la-ão?

DISCUSSÃO
1 . . Nomeie cinco coisas principalmente necessárias para uma
vida religiosa.
2. Qual das cinco é , a mais importante para uma vida religiosa?
3. Se tivéssemos que eliminar uma delas, qual pensam vocês
ser a menos importante?
4. Dê sua definição própria de religião .
Lição XXXIII
OS TEMPLOS E SUA OBRA

Os templos, segundo nosso conceito, são estritamente de ori-


gem israelita . Atualmente existem edifícios que se chamam tem-
plos em tôdas as partes do mundo, mas sòmente entre os Santos
dos últimos Dias se pode encontrar templos verdadeiros e o co-
nhecimento de seu propósito e uso . Sem dúvida, isto se deve
ao fato de que sòmente os Santos dos últimos Dias têm o sacer-
dócio, que é a autoridade de Deus para efetuar a obra requerida
nos templos.
Para nós os templos são diferentes de todos os outros edifí-
cios que servem para adorar . São estritamente casas do Senhor.
Vai-se ao templo não únicamente para ouvir pregações, cantar
e orar, mas também para trabalhar, efetuar batismos e outras
ordenanças, tanto para os vivos como para os mortos . É tão
sagrada a natureza desta obra que não pode ser feita em outros
lugares públicos . Por isso foram construidos edifícios especial-
mente desenhados e equipados para esta obra especial.
O primeiro templo verdadeiro, segundo a história, foi o ta-
bernáculo construido por Moisés no ano 1500 antes de Cristo.
Era um lugar pequeno, com aproximadamente três metros de
comprimento por três de altura e dez de largura . Podia ser ar-
mado e desarmado como uma tenda de campanha . Foi o símbolo
do poder de Deus durante as viagens de Israel pelo deserto.
Dividia-se em duas partes por meio de um véu ou cortina ; uma
se chamava o lugar santo e a outra o lugar santíssimo . Era aqui
que Moisés conversava anualmente com o Senhor, e Aarão e seus
filhos efetuavam as cerimônias e ordenanças que requeria o
sacerdócio de Aarão.
O templo de Salomão foi construído mais ou menos 1005 anos
antes de Cristo . Salomão, o filho de Davi, foi quem o edificou.
Nesse templo havia uma fonte ou pia batismal apoiada sôbre os
lombos de doze bois de bronze, assim como as que temos em
nossos templos na atualidade . No ano 500 antes de Cristo, Nabu-
codonozor, rei da Babilônia, destruiu o templo . (Ver I Reis,

•1'62 PRINCfPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

caps . 6,7; II Reis, caps . 11,18,23 ; I Crôn ., caps . 5.10 ; II Crôn .,


caps . 4,26,27,35,36) .
Depois do regresso dos judeus a Jerusalém, Zorobabel edifi-
cou um templo no mesmo lugar em que havia sido edificado
o templo de Salomão . Era um pouco maior do que o de Salomão,
porém, muito menos luxuoso . (Ver Esdras, caps . 3-6; Neemias
6 :10,11 ; Isaías, caps . 6,44,66) .
Em seguida temos o templo de Herodes . Este edifício não
era mais que o mesmo templo acima, reconstruído e embelezado
por Herodes, uns vinte anos antes de Cristo . Foi destruído por
Tito, um general romano, cumprindo literalmente a profecia de
Jesus . Foi .êste o edifício no qual Jesus e seus apóstolos pre-
garam.
O Templo de Kirtland . — O primeiro templo edificado pelos
Santos dos últimos Dias, foi em Kirtland, estado de Ohio . Foi
principiado em 1833 e terminado e consagrado em 1836 . Nesse
templo não havia pia batismal, porque ainda não havia sido
revelado o princípio da salvação para os mortos . Dêle diz o
Irmão Joseph Fielding Smith, o seguinte:
"Certas investiduras e bênçãos deveriam ser dadas aos élde-
res antes que pudessem sair completamente preparados para
pregar o evangelho ao mundo, coisas estas que só podiam ser
obtidas no templo do Senhor . Por esta razão o Senhor mandou
que se construísse o templo imediatamente, porque havia urgên-
cia na pregação do evangelho.
"Talvez. nenhum outro edifício jamais tenha presenciado
maiores manifestações celestiais dentro de suas paredes quanto
êsse pequeno templo . Jesus apareceu em pessoa e aceitou a casa.
Quando foi consagrado, houve manifestações milagrosas do po-
der de Deus . Apareceu uma luz muito brilhante em cima do
edifício, alguns viram anjos e ouviu-se uma música celestial.
No dia 3 de abril de 1836 apareceram Elias, Moisés e Elias o
Profeta e deram a Joseph Smith a autoridade para juntar Israel,
construir templos e nêles efetuar a obra para a salvação, tanto
de vivos como de mortos . Êsse templo ainda está em pé e a Igreja
Reformada o usa para celebrar seus cultos.
O templo de Nauvoo . — Tanto em Independente como em
Far West, estado de Missouri, foram separados sítios para tem-
plos, porém, nunca foram usados para tal fim . O segundo templo
dos Santos dos últimos Dias foi terminado e consagrado no ano
de 1846, em Nauvoo, estado de Illinois, dois -anos --depois . da morte
do profeta Joseph. ' Êsse templo tinha uma pia batismal como o
templo de Salomão e nêle se efetuaram os primeiros batismos

r PMNCf-PIOIç-OP,E'RANT'ESDA'GRJEJA .RESTAURADA 6

pelos mortos . Dez anos . antes Elias, o profeta, havia vindo ao


templo de Kirtland para restaurar a autoridade desta obra . No.
templo de Nauvoo se efetuaram muitas ordenanças . Foi destruido,
por um incêndio em 1846, pouco depois de sua consagração.
Em Utah foram construídos quatro templos . Um em Saint
George, consagrado em 1877, o ano em que morreu o presidente
Brigham Young ; o templo de Logan, consagrado em 1884 ; o tem-
plo de Manti, em 1888 e o templo de Salt Lake em 1893 . Miais:
tarde foram edificados oito templos — no Havaí, em 1919;
Cardston, Canadá em 1923 e em Mesa, Arizona em 1927 ; Idaho
Falis, Idaho, 1945 ; Suiça, 1955 ; Los Angeles, Califórnia, 1956,.
Inglaterra e Nova Zelândia, em 1958.
Êste não é mais que o princípio da construção de templos.
Quando cessarem as guerras e se estabelecer a -paz milenial,.
haverá necessidade de templos em muitos países, onde os santos
poderão congregar-se para fazer a obra templária pelos incon-
táveis milhões de pessoas ,que já morreram . Os templos ocupam
um lugar muito importante no grande plano do progresso eterno.
São verdadeiramente o elo de união entre os vivos e os mortos.
— o mortal e o imortal.
Os tem plos são edifícios muito caros . Os Santos dos Últimos
Dias têm gastado milhões de dólares e haverão de gastar ainda
muito mais . Talvez se pergunte a razão porque gastamos tanta,
dinheiro nos mesmos, quando com êste dinheiro poderíamos
construir e manter muitas capelas e escolas.
Como já foi dito, os templos ocupam uma posição singular-
neste grande plano de salvação e progresso eterno . São as casas-
de Deus e se encontram sôbre a linha que divide a vida mortal.
da vida espiritual . E' nêles que se encontram os interesses diretos
dos vivos e dos mortos . É nos templos, e em nenhum outro lugar
da terra, que os pais e os filhos, tanto vivos como mortos, são,
unidos e selados para esta vida mortal e por tôda a eternidade,
unindo desta forma o céu e a terra e criando um elo familiar
eterno que nos una do princípio ao fim dos tempos.
Portanto, não é em vão que construimos templos .. --Eles são ,
os- edifícios mais sagrados de tôda a terra e o' trabalho nêles .
feito é vital para nossa felicidade e progresso eterno.
Falamos constantemente de "chaves" do sacerdócio . Dizemos
que Jesus deu a Pedro as "chaves" do reino dos céus, e que Elias, .
o Profeta, deu a Joseph . Smith as "chaves" do sacerdócio . O que-
são estas chaves? São como as que se usam para abrir : um ea-
deado? Se Pedro, Tiago e João entregaram o sacerdócio a Joseph .
164 - PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Smith, porque era necessário que Elias lhe desse outras chaves?
E, porque razão sem elas não poderiam ter edificado templos?
Não é muito fácil explicar isto de uma forma que todos
possam compreender . No entanto, façamos uma ilustração.
Suponhamos que alguém nos envie uma caixa cheia de jóias.
Tudo o que está dentro da caixa nos pertence . Temos a caixa,
temos as jóias em nosso poder, porém, o seu dono original não
mandou a chave . Em que posição ficamos! Temos tudo o que
é necessário para sermos ricos e felizes, mas não podemos abrir
a caixa porque nos falta a chave.
Diremos que a caixa de jóias representa o sacerdócio . Deus,
o dono original, o enviou a Joseph através de Pedro, Tiago e
João . Com isto Joseph recebeu tôda a autoridade necessária para
estabelecer e edificar todos os departamentos do reino de Deus
sôbre a terra, porém, muitos dêstes departamentos requeriam
uma comissão ou licença especial, antes que pudessem ser es-
tabelecidos.
Ninguém havia dito a Joseph que edificasse templos, nem
lhe havia sido dada a autoridade para fazê-lo, e nêles batizar
pelos mortos, realizar casamentos para o tempo e a eternidade,
.e fazer as outras ordenanças pelos vivos e pelos mortos . Estas
coisas estavam dentro daquela caixa de jóias, mas êle não tinha
uma chave para tirá-las.
Elias tinha essas chaves porque Deus lhas havia confiando,
as chaves do poder de selar que tem o sacerdócio . Deus enviou
Elias, a fim de que as entregasse a Joseph, o que fêz no dia 3
de abril de 1836.
Elias tinha essas chaves porque Deus lhas havia confiado,
Foi um gesto sumamente próprio, porque Elias foi arrebatado
ao céu sem provar a morte . Um ser mortal entre sêres imortais.
Gozou experiências em ambas as esferas, entre os vivos e entre
,os mortos.
Elias apareceu a Joseph Smith e Oliver Cowdery no templo
de Kirtland em 1836, e lhes disse : "Eis que, chegado é o tempo
exato do qual falou Malaquias — testificando que êle (Elias, o
profeta) seria enviado antes que o grande e terrível dia do Senhor
viesse . Para converter os corações dos pais aos filhos e dos filhos
aos pais, para que a terra tôda não fôsse ferida com uma mal-
dição — Portanto, as chaves desta dispensação são postas em
vossas mãos ; e por isto podereis saber que o grande e terrível
dia do Senhor está perto, sim, às portas ." (D . & C . 110 :13-16) .
Isto aconteceu há 106 anos atrás . Certamente o dia grande
e terrível -do Senhor não está muito longe . É também um grande

PRINC£PIOIS OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 165

dia, porque o evangelho está aqui, a alvorada está perto e dentro


em pouco Jesus virá para reinar pessoalmente sôbre a terra.
Há ainda algo mais que gostaríamos de explicar sôbre Elias
e os . templos, antes de passarmos para outro assunto . As Escri-
turas nos contam a vida de Elias ; relatam que êle selou os céus,
de forma que a chuva não caísse por três anos, ocasionando isto
um período de fome . Conta-nos que aumentou o alimento e óleo
de uma viúva e que ressuscitou seu filho ; que convidou os qua-
trocentos sacerdotes para uma prova e venceu-os todos e que
finalmente foi levado aos céus num carro de fogo ; porém, como
se explica que o profeta Malaquias, quinhentos anos mais tarde,
soubesse que Elias haveria de aparecer a algum profeta e dar-lhe
as chaves do sacerdócio?
Tudo o que sabemos é que êle certamente o sabia e que Deus
deve ter-lhe dado tal conhecimento através de uma visão . Ele
também viu e predisse a terrível condição dêstes tempos em
que vivemos.
Uma última consideração . O que significa a parte da escri-
tura relatada por Malaquias, que diz : " . . .converterá o coração
dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais . . ." (Ma-
laquias 4 :5-6) .
É fácil apresentar perguntas, mas às vêzes é difícil respon-
dê-las . Suponhamos que pensemos serem os pais aquêles que
morreram no passado, indo para o mundo dos espíritos . Nós
somos seus filhos . Bem, Jesus disse : "A não ser que o homem
nasça da água (seja batizado) e do espírito (receba o Espírito
Santo), não pode entrar no reino de Deus ." (João 3 :5) . Nossos
pais, no mundo dos espíritos, têm conhecimento disto . Querem
ser balizados, mas não podem sê-lo no mundo espiritual . Conse-
qüentemente, o que podem êles fazer?
Imediatamente suas mentes e corações se voltam para nós,
seus filhos, esperando que façamos o trabalho por eles, pois
não tiveram a oportunidade de fazê-lo e agora não podem fazê-lo
por si próprios.
Nós, seus filhos, aprendemos que se queremos ser salvos no
reino celestial com nossos pais que já partiram, teremos que fazer
o trabalho templárico por êles . Portanto, os corações dos pais
estão voltados aos dos filhos, e os corações dos filhos aos dos pais.

DISCUSSÃO
1 . Qual a diferença entre os templos e os outros edifícios da
Igreja?

' 166 `fPRINCÍPIOtS OPERANTES ' DA IGREJÁ`°RESTAURADA

2. Temos conhecimento de quantos templos antigos? Quai&


foram êles?
3. Quantos templos modernos temos? Onde estão êles?
4. Qual a diferença entre o templo de Kirtland e os outros,
templos modernos? ,
5. Qual o uso dos templos?
6. Quem foi Elias?
7. Porque visitou êle o profeta Joseph Smith?
Quando?
8. Qual a distinção entre o sacerdócio e as chaves do sacer-
dócio?
9. Qual dos dois deu Elias a Joseph Smith?
10. Ler Malaquias 4 :5-6 . Qual o significado desta passagem?'
Lição XXXIV

OS TEMPLOS E SUA OBRA

(Continuação -- II)

Todos os anos milhares de pessoas entram nos templos do


Senhor atualmente existentes . Ninguém o faz motivado por in-
terêsses próprios. Não vão à procura de diversão ou prazeres
mundanos . Não esperam recompensas terrenas, nem reembolso
dos gastos que estas viagens, freqüentemente longas, ocasionam.
Éste serviço abnegado não deixa de ter seu galardão . A abne-
gação recebe seus benefícios à proporção que é posta em prática.
Aquêles que trabalham nos templos recebem sua recompensa
todos os dias . Suas viagens e contactos com outros que têm
interêsses similares revigoram-nos física e socialmente . Desen-
volvem urna espiritualidade que sempre lhes produz contenta-
mento e alegria verdadeira . Sobretudo, estão conscientes de
haver realizado uma obra bem feita que aliviará as cargas de
alguém que não vêem . O maior ato de abnegação advém do que
desinteressadamente fazemos pelos outros . A obra templárica
pelos mortos é o melhor exemplo de serviço abnegado em todo
o mundo.
O irmão Widtsoe, um dos doze apóstolos, disse : "Através
da obra templárica podemos elevar-nos a um nível mais alto de
caráter e gôzo espiritual . Sòmente podemos receber a investidura
-do templo para nós próprios uma vez, porém, podemos recebê-la
muitas vêzes por aquêles que partiram desta terra . Cada vez que
o fazemos, realizamos uma obra de abnegaçào que não pode
ser paga com recompensas terrenas . Provamos, em parte, a doce
alegria de servirmos corno salvadores e nos assemelhamos mais
e mais ao Senhor Jesus Cristo, o Salvador que morreu por todos.
Aquêle que desta forma serve aos mortos, sai do templo com uma
determinação--reais forte de tratar a todos com justiça, de pôr
em ação o mandamento divino : "Fazei aos outros o que quereis
que vos façam ."

168 PRI'NCÍPIO .S ,OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

A algumas pessoas pode parecer estranho que alguém possa


batizar-se para dar salvação a outra . Como pode alguém saber
— perguntam — que aquêles que morreram desejam batizar-se?
É possível que realmente não o desejem, porém há maior
possibilidade de que não o mereçam, porque, como sabemos, a fé
e o arrependimento precedem o batismo . É mais ou menos como
a seguinte ilustração : Um jovem sai de sua casa para visitar
sua irmã que vive no norte . Os pais do jovem decidem dar-lhe
a oportunidade de fazer urna viagem mais extensa . O pai dá
instruções ao banco local para que dê ao filho fontes suficientes,
a serem usadas tão ~ente para tal fim e nenhum outro.
De forma que agora o rapaz tem o passe, por assim dizer,
com o qual poderá visitar todos os lugares de interêsse, onde quer
que deseje ir . Pode acontecer, no entanto, que êle decida não
fazer a tal viagem . Talvez tenha encontrado um emprêgo ou
outras boas razões para voltar para casa imediatamente . Seja
qual fôr o caso, êle tem tôdas as facilidades e pode aproveitá-las
ou não, segundo sua vontade.
Seguindo esta ilustração, aquêle que se batiza por outro lhe
envia um passe . O que passou para a outra vida pode usá-lo ou
não, segundo sua vontade . Nós, entendendo bem a importância
do batismo, não podemos imaginar que queiram recusá-lo . Lá há
missionários que lhes estão pregando e ensinando o evangelho,
da mesma forma que o fazem os missionários terrenos.
Algumas vêzes certas pessoas devidamente autorizadas as-
sinam, votam ou fazem algo por outras, em assuntos comerciais
e políticos . Dizemos que estão fazendo tais coisas por "procura-
ção" . Jesus nos salva da tumba por "procuração" . Nós nada
podemos fazer ; Jesus pagou a dívida oferecendo sua vida de
livre e espontânea vontade — nós somos os beneficiados.
Vemos, portanto, que todo o nosso plano de salvação se baseia
no princípio de que um faz pelo outro o que êste não pode fazer
por si mesmo.
A vida é assim . Nossos corpos são dons que recebemos . Logo
que chegamos ao mundo, nada podemos fazer por nós mesmos.
Se tivéssemos sido abandonados, não teríamos vivido muito
tempo . Outros nos deram casa, alimento e roupa . Realmente,
temos que depender de outros constantemente . Num país livre,
comodidades são dons do passado . Nada temos a ver com seu
descobrimento ou invenção.
A seguir citaremos algumas passagens das Escrituras que
nos fazem ver que o batismo é tão necessário para os mortos
como para os vivos .

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGRtEJA RESTAURADA 169

Falando sôbre a ressurreição, Paulo disse : "Que farão os


que se batizam por causa dos mortos? Se absolutamente os mor-
tos não ressuscitam, por que se batizam por causa dêles?" "Se a
nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos
os mais infelizes de todos os homens ." (I Cor . 15 :29-19) . "Foi
precisamente para êsse fim que Cristo morreu e ressurgiu : para
ser Senhor, tanto de mortos como de vivos ." (Romanos 14 :9).
Jesus disse : "Aquêle que não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus ." (João 3 :5) . E então, enquan-
to seu corpo morto repousava na tumba, "porém, vivificado em
espirito . . . foi e pregou aos espíritos que estavam em prisão;
os quais em outro tempo foram desobedientes . . . nos dias de Noé,
enquanto se preparava a arca ." (I Pedro 3 :18-22) . Estes indi-
víduos espirituais tiveram a oportunidade de escutar o evangelho
no mundo espiritual e viver de acôrdo com êle, como os homens
na carne, "pois, para êste fim foi o evangelho pregado também
aos mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os ho-
mens, vivam no espírito segundo Deus ." (I Pedro 4 :6) .
Sendo o batismo essencial a todo aquêle que há de viver
no reino celestial de nosso Pai, e não havendo batismo no mundo
espiritual, caso o indivíduo espiritual queira recebê-lo, somos nós
os que temos que efetuá-lo . Devemos dar graças ao Senhor pelo
princípio de batismo pelos mortos e pelos templos, nos quais
podemos realizar tal ordenança.
0 batismo pelos mortos não é mais que uma das muitas
bênçãos e ordenanças que podem ser recebidas nos templos.
Cremos que algum dia teremos todos os nomes de nossos ante-
passados . Estas famílias serão unidas por meio das ordenanças
que se efetuam nos templos . Esta é uma grande responsabilidade,
e é nossa também, porque ninguém mais sôbre a terra tem a
autoridade de selar os membros das famílias, não só para esta
vida, mas também para tôdas as eternidades futuras.
A melhor época para se unir a família é o momento de
casar-se . Quando nos casamos no templo pela autoridade de Deus,
todos os nossos filhos nos pertencerão por tôdas a eternidade, seja
nesta vida ou na vindoura . Depois da morte, ainda assim se con-
serva, a unidade familiar . Caso contrário, não há promessa de
tais relações familiares . A êste respeito disse o Senhor:
"Todos os convênios, contratos, laços, obrigações, votos, pro-
messas, realizações, conexões, associações ou expectativas, que
pelo Santo Espirito da promessa e por meio daquele que é ungido
não forem feitos, encetados e selados tanto para esta vida como
para tôda a eternidade, e isso também de maneira a mais sagrada,

170 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

por revelação e mandamento por intermédio do meu ungido, a


quem escolhi para reter êste poder na terra, (e eu escolhi o meu
servo Joseph para reter êste . poder nos últimos dias, e nunca há
senão um na terra, ao mesmo tempo a quem êste poder e as
chaves dêste sacerdócio são conferidas), não terão eficácia, vir-
tude ou vigor algum na ressurreição dos mortos, nem depois dela,
pois todos os contratos) que não forem realizados com esse propó-
sito, têm fim quando os homens morrem ." (D . & C . 132 :6,7) .
Certa vez um jovem se expressou assim : "Não creio que
Deus seja tão injusto que vá me separar de minha espôsa ao
morrer, porque não nos casamos num templo ."
Nos parece estranho que êste jovem não tenha prestado
atenção às condições expressas no convênio conjugal . Foi-lhe
dito claramente "até que a morte vos separe ." Foi esta a con-
dição aceita por êle e por sua espôsa . Houve testemunhas que
poderão fazer constar que tal foi o caso . Se êle e sua espôsa
desejam renovar êsse contrato, ou estendê-lo para que seja vá-
lido na eternidade, não há mais que uma coisa a fazer — ir ao
templo, para que esta cerimônia sagrada seja efetuada pelo sa-
cerdócio, que tem o direito de fazê-lo.
Faremos urna ilustração . Um casal se casa e logo depois
se divorcia . Já não vivem juntos, porque foram separados por
uma autoridade legal . Os filhos ficam sem um lar verdadeiro.
Talvez os pais voltem a se casar com outras pessoas ; os filhos
ficam então quase sem pai ou mãe . Não há dúvida que o pai .
e a mãe voltam a ver-se e podem até mesmo ser amigos e associa-
rem-se individualmente com seus filhos, porém, o gôzo e a feli-
cidade de seu matrimônio foi perdido para sempre.
Esta bem pode ser, na vida futura, a condição daqueles que
não se casam para a eternidade enquanto estejam nesta vida.
Jesus disse : "Porque na ressurreição nem casam nem se dão em
casamento ." (Mateus 22 :30) . Casal algum que se ame verdadei-
ramente deseja que sua união termine . Querem viajar juntos,
de braços dados, pelos caminhos sem fim do progresso eterno.
Há ~ente algo a ser feito : ir ao templo e, diante do altar
sagrado, fazer os convênios e juramentos, selados por tôda a eter-
nidade por um servo de Deus, 'que tenha essa autoridade.

DISCUSSÃO

1 . Quais são alguns dos resultados do egoísmo?


P1UNCtPIOS OPERANTES DIA, IGRIEJA RESTAURADA 171

2. Porque razão o trabalho templárico é completamente abne-


gado?
3. Porque nos batizamos pelos mortos? Tenha a resposta exata.
4. Qual a diferença entre o casamento no templo e o casamento
civil?
5. Por que razão há menos divórcios entre os casados no templo?
Lição XXXV

'GENEALOGIA

A emoção e alegria advinda àquele que busca entre registros


e documentos antigos os nomes de seus antepassados é algo não
conhecido por quem não teve essa experiência . Todos os que
ativamente se dedicam a esta obra importante recebem muita
felicidade e satisfação . Um jovem prestou o seguinte testemunho:
"Eis que, vos revelarei o sacerdócio pela mão do profeta
Elias, antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor . E êle
plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais, e
os corações dos filhos voltarão aos pais . Se assim não fôra,
tôda a terra seria totalmente destruída à sua vinda ." (D . & C.
2 :1-3) .
"Esta declaração, por si só, deveria ser suficiente para des-
pertar o interêsse em qualquer coração que busque a verdade.
O estudo genealógico ao qual me dediquei é uma preparação para
uma obra maior, ,que virá depois . Temos que aprender a fazer
apontamentos exatos, descobrir e anotar os acontecimentos im-
portantes de nossas vidas e aumentar o interêsse na obra por
nossos mortos . É uma obra que nos dá a conhecer a dita do
desenvolvimento, o esplendor da beleza e a glória do trabalho.
"Discutimos êste assunto com muitas pessoas, mesmo entre
os membros da Igreja, e muitas delas calmamente deixam de
lado êste tema, valendo-se de expressões mais ou menos como
estas : Haverá tempo para isto no milênio ; ou então : tenho tantas
outras coisas a fazer que não me sobra tempo para genealogia.
Muitas vêzes me ponho a pensar se estas pessoas compreendem
ser esta uma obra que terão que fazer, se é que querem ganhar
felicidade completa na vida . Eu pergunto : conhecerão elas a
alegria advinda através de se prestar êsse serviço? É doutrina
comum entre os Santos dos últimos Dias que não podemos sal-
var-nos, sem nossos mortos . Por que não podem tantas pessoas
no mundo compreender isto? O profeta Joseph Smith nos deu
por maior responsabilidade o privilégio de sermos salvadores no
Monte de Sião, de salvar nossos parentes mortos . Com todo êsse

P!RtINCEPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 173

conhecimento, não compreendo como podemos menosprezar esta


grande obra.
"Sabemos que os sêres mortais são os que têm que efetuar
a obra pelos mortos, a fim de que possa ser válida . Temos ne-
cessidade de líderes nêsse trabalho, lideres prudentes e experien-
tes, que ajudem o povo nesta obra de resgate . Posso, sincera-
mente, dizer ser êste o meu maior interêsse ao fazer trabalho
genealógico : Trabalhar o suficiente e com empenho, para talvez
algum dia vir a ser um líder entre meu povo e ajudar todos os
que eu possa a virem a ser salvadores no Monte de Sião.
"Através de estudo podemos por certo ganhar um conheci-
mento verdadeiramente íntimo das vidas, esperanças, aspirações,
necessidades, perseguições, angústias, alegrias e felicidade de
muitos de nossos antepassados, os autores de nossa vida . Por
meio dêsse conhecimento íntimo podemos descobrir a forma de
vencer as dificuldades, uma fórmula para ganhar a felicidade ou
aumentar nosso amor pelas coisas passadas e pelos que viveram
nesses tempos.
"É maravilhoso poder formar uma árvore genealógica —
nossa árvore genealógica . Quando temos interesse em nossa fa-
mília, quando investigamos e ingressamos mais e mais no obscuro
passado, é que podemos apreciar o prazer e orgulho que enchia
o coração das antigas famílias da Europa e de Israel ao cobrirem
as paredes de suas casas com suas árvores genealógicas, a fim de
mostrar sua linhagem.
"A obra genealógica apresenta muita satisfação e ricas expe-
riências . Ao fazê-la aprendemos mais sôbre o evangelho, o plano
de salvação, o sangue de Israel e a Igreja de Cristo . Aprendemos
a estudar os registros familiares e a usar as fôlhas do templo.
Organizamos escursões aos templos e nos batizamos pelos mortos
— ajudamos a salvar nossos antepassados!"
Jesus disse : "Não se vendem dois pardais por um asse?
E nenhum dêles cairá em terra sem o consentimento de vosso
Pai . . . Não temais pois! Bem mais valeis vós do que muitos
pardais ." (Mateus 10 :39-31) .
Nossas almas são muito preciosas ante os olhos de nosso Pai
Celestial . Seu plano de salvação provê salvação para todos os
que queiram salvar-se . Nem todos receberão a salvação e a exal-
tação em seu reino celestial . "Moraremos no céu nas mansões
que construimos aqui na terra ."
Um dos requisitos para a exaltação no reino celestial de nosso
Pai é .que sejamos selados uns aos outros por meio das ordenanças
que se efetuam nos templos . Foi esta a missão de Elias, o profeta :

1'74 PRINCfP'IO.S OPERANTES DA' IGREJA RESTAURADA

,restaurar à terra a autoridade para fazer esta obra . Os Santos


dos últimos Dias são os únicos que têm esta autoridade, são os
que.. podem realizar. estas ordenanças.
Porém; antes que possamos fazer a obra, devemos obter os
nomes ; milhares e milhares de nomes . Todos podem ajudar.
'Quando Elias veio, em 1836, havia bem poucos registros fami-
liares e genealógicos . Porém, o interêsse pelo assunto aumentou
consideràvelmente depois da visita de Elias . O espírito de sua
-missão, "de converter o coração dos pais aos filhos, e o coração
dos filhos aos pais", se estendeu pelo mundo como um raio de
luz . A obra apenas principiou . A responsabilidade é nossa, jo-
vens ; à proporção que envelhecem nossos pais, devemos assumir
tal trabalho de amor e continuá-lo.
Durante a conferência de abril de 1894, falando sôbre a obra
templárica, o presidente Wilford Woodruff disse : "Sejamos todos
dedicados a nossos pais . . . isto é o que Deus deseja dêste povo . ..
queremos que os Santos dos últimos Dias, de agora em diante,
tracem suas genealogias até onde possam e sejam selados a seus
pais e mães . Que sejam selados os filhos a seus pais, seguindo
a cadeia até onde se possa . Esta é a vontade de Deus para com
este povo ."
A fim de ajudar a cumprir estas instruções, a Primeira Pre-
sidência organizou a Sociedade Genealógica de Utah, em 1894.
Desde que foi estabelecida, a sociedade cresceu ràpidamente,
tanto que atualmente é a maior sociedade genealógica do mundo.
Possue uma biblioteca, na qual se encontram milhares de livros
seletos, que contêm histórias das famílias e suas genealogias.
De 1910 para cá publicou e distribuiu a Revista Genealógica de
Utah ,que, aparte as lições, publica artigos doutrinários, históricos
e genealógicos excelentes . Classificou e arquivou as árvores ge-
nealógicas de quase tôdas as famílias da Igreja e de muitas que
não são membros . Foi estabelecido um extenso departamento de
arquivos, no qual foram classificados milhares de nomes . Este
trabalho evitou que se duplique ou repita a obra nos templos.
Em resumo, a obra é parecida com a busca de tesouros es-
.eondidos . A expectativa, o desejo de saber o que nos espera à
nossa volta, é sempre interessante e emocionante . Além disso,
imaginamos ver e sentir a presença de um . ser invisível : Nunca
estamos sós ao fazermos esta obra de amor.
DISCUSSÃO
1 . O que é genealogia?

~CIMOS OPERANTES DiA IGRI•EJA RESTAURADA 115

2. Que pontos de interêsse especial achou o jovem em suas


pesquisas genealógicas?
3. O espirito de Elias emana o desejo de fazer trabalho templá-
rico e genealógico . De que forma ajudam a realizar tal obra
os povos de tôdas as nações?
4. Nomeiem-se alguns feitos da Sociedade Genealógica da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias . .
Lição XXXVI
ALEGRIA, OBJETIVO DA VIDA

"Os homens existem para que tenham alegria ." Quantas e


quantas vêzes não ouximos estas palavras! Se é êsse realmente
o propósito da vida, por que há tanta restrição, tanta proibição
relacionada a nossa vida na igreja?
Isto é um problema, principalmente aos olhos da juventude.
Diz-se aos jovens que não devem nadar, passear, divertir-se, ir ao
cinema ou dançar nos domingos . Que não devemos fumar, beber
cerveja ou liquido que contenha álcool, ou jogar jogos de azar.
Que não façamos isto ou aquilo, e milhares de outras coisas.
A maior parte destas coisas são populares entre os jovens em
geral e êles estão acostumados a fazê-la . As coisas ,que os mem-
bros da igreja mórmon podem fazer não parecem ser emocio-
nantes nem populares.
No entanto, os pais compreendem . Alguns não aprenderam
a lição a não ser quando era quase demasiadamente tarde e com
ansiedade querem evitar que outros sofram as mesmas angústias.
Muitas vêzes não é a não ser quando alguém tem seus próprios
filhos que chega a compreender completamente . Enquanto isso,
em vista das experiências passadas da raça humana, é melhor
prestar atenção às restrições.
Alguns buscam riquezas e fama ; no entanto, nem a riqueza
nem a fama asseguram felicidade . Mais freqüentemente produ-
zem o resultado contrário . Fulano não toma bebidas alcoólicas,
enquanto que seu vizinho gosta de embriagar-se . Ambos têm a
mesma idéia em mente — mais felicidade, mais satisfação pes-
soal . Alice joga baralho ; Maria não o faz . Rafael trabalha e
estuda ; Carlos se deleita em ser ignorante . Tudo o que fazemos
depende de nossos padrões individuais.
Entretanto, isto parece ser certo : as coisas que fazemos todos
os dias, de livre e espontânea vontade, sem dúvida produzem
certo elemento de satisfação . Consciente ou inconscientemente,
a meta e desejo de todo o ser humano é o mesmo a felicidade.
Alguns a buscam de acôrdo com um plano devidamente proje-

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 177

tado. Outros a buscam seguindo um fim, mais ou menos egoísta


que geralmente resulta em tristes desenganos.
As experiências da raça humana nos ensinaram claramente
uma coisa : que a felicidade verdadeira em nada se relaciona
com os prazeres egoísta tão freqüentemente procurados pelas
pessoas de pouca visão . A alegria é a soma total de tôdas as
virtudes da vida de um indivíduo . A gratificação passageira dos
apetites e paixões, a aquisição avarenta de riqueza, fama e poder,
freqüentemente resultam em caos e destruição.
A parábola do Filho Pródigo é uma ótima ilustração . Sua
idéia da felicidade se concentrava somente em si próprio e em
seu imediato futuro . A única coisa que encontrou foi o desastre
e o desengano . A alegria verdadeira que sentiu foi ao regressar
a uma vida limpa, à vida de restrições.
É difícil analisar ou explicar o que é a alegria pura . É um
sentimento que não se pode expressar com palavras, mas sòmente
ao vivermos puramente . Talvez a palavra felicidade seja a que
mais se aproxima . Se substituirmos algumas palavras da pas-
sagem do Livro de Mórmon, talvez possamos notar uma pequena
-diferença : "Os homens existem para que se divirtam ."
A primeira destas, a alegria, e possivelmente a segunda, a
felicidade, são difíceis de se obter . Não podemos comprá-las.
Não as encontramos pelo simples fato de sairmos ao seu encon-
tro . Ninguém pode dizer : Hoje serei feliz, ou, encontrarei alegria
neste dia . No momento em que principiamos a procurar a alegria,
nossa ação se converte num ato de egoísmo e frusta seu propó-
sito . Se, ao contrário, dizemos : "Hoje vou dar um pouco de
felicidade a alguém", temos então outro motivo . Esquecemo-nos
.do "eu" para o bem de outro . Por estranho que pareça, o resul-
tado será não sòmente felicidade para a outra pessoa, mas tam-
bém felicidade e satisfação para nós mesmos . Somos duplamente
abençoados quando procuramos a felicidade alheia.
De forma que a alegria é um produto derivado . Vem do bem
que fazemos a nosso próximo . Abraão e Zimri eram donos de
um campo . Juntos aravam, semeavam, colhiam e faziam outras
coisas. Depois de haver sido recolhida a colheita, os dois a re-
partiam equitativamente . Abraão tinha uma espôsa e sete filhos,
porém, Zimri vivia só.
Certa noite, depois de haverem recolhido a colheita e haver
.cada qual guardado sua metade, Zimri disse a si mesmo : Abraão
tem muitas bôcas para alimentar e eu não tenho ninguém . Ele
necessita mais do que eu . Levantou-se e, sorrateiramente, saiu

178 PRINCÍPIOS (=ANTES DA IGrREJA RESTAURADA

ao campo. Tomou uma boa têrça parte de seus feixes e os pôs


junto com as de seu irmão . Então voltou para casa e se deitou.
Nessa mesma noite Abraão pensava : Minha, mulher e meus
filhos me ajudam, porém, meu irmão trabalha todo o dia e, ao
anoitecer, volta à sua casa fria e vazia . Não é justo que a mim
me corresponda a metade da colheita . Éle também saiu silen-
ciosamente ao campo, tomou de seus feixes uma boa terça parte
e a: pôs com os de seu irmão.
Grande foi a surprêsa dos dois quando, na manhã seguinte,
viram que suas porções não haviam mudado . Novamente Zimri
saiu ao campo, tirou parte de sua colheita, e colocou-a sôbre a
de seu irmão, escondendo-se então para ver o que aconteceria.
Pouco depois saiu Abraão de sua casa e, olhando de um lado
para outro, cuidadosamente aproximou-se de sua colheita, tirou
mais do que uma têrça parte e colocou-a sôbre a parte de Zimri.
Então Zimri saiu de seu esconderijo, abraçou seu irmão, beijou-o
e chorou sôbre seu ombro . Abraão também compreendeu, mas
não pôde falar ; tampouco Zimri, porque os corações de ambos
estavam cheio de regozijo.
Esta é a verdadeira alegria ; não é prazer, não é diversão.
A alegria é o preenchimento da alma humana de emoções puras,.
de tal forma que parece achar expressão sòmente através das
lágrimas . Sômente a alma limpa do pecado pode experimentar
a alegria pura . Verdadeiramente, "os homens existem para que
tenham alegria ."
A prova do valor do propósito de uma igreja é a condição
daqueles que a aceitam . Acharam .êles felicidade? Estão con-
tentes?
"O contentamento, produto ativo da felicidade, não pode ser
medido com facilidade . É possível aplicar três normas a esta
prova . Sacrificam-se os homens por uma causa, isto é, oferecem
o que têm por ela? Amam esta causa o suficiente para não se
fixarem em coisas superficiais, procurando as profundidades de
verdade e beleza que existem no centro da mesma? Chegam-se
à causa mais e mais ou tendem a desprender-se dela? Nestas.
três provas e outras que poderiam ser aplicadas vê-se que os
Santos dos últimos Dias são pessoas contentes . Sacrificam-se
por sua religião, tanto monetàriamente como doando seu tempo,
de forma que não pode deixar de existir em seus lares o amor
pela causa; os que se separam da Igreja são poucos e raros . ..
o propósito da Igreja conseguiu produzir um povo feliz e con-
tente ." (Widtsoe, "The Program of the Church") .

P1 INCÍPIQS OPERANTES IAA .IGRIEJA RESTAURADA 179'

Não se trata de eliminar a recreação ou diversão . Elas são o


condimento da vida . Quando procuramos a classe adequada : de-
recreação em tempos e lugares próprios, ela se torna para .a vida
o que o tempêro é para a comida . Porém, quando usamos tempêro
em excesso, destruimos a comida, nossa saúde, nossa vida e fe-
licidade.
Nossas organizações auxiliares e escolas provêm abundantes
atividades sociais . Desde o princípio nossa igreja tem favorecido
tal programa . Joseph Smith, o profeta, foi um grande atleta. 0'
presidente Brigham Yoúng deu impulso à música, ao drama e
à dança, mesmo ao cruzarem as planícies.
0 ponto importante da vida mortal é a realização diária,.
partes do gòzo da salvação, e a visão da grandeza possível no des-
tino do homem.

DISCUSSÃO
1. Qual a diferença entre a alegria, o prazer e a diversão? Qual
dos três preferimos?
2. De que forma podem o prazer e a diversão contribuir para
a alegria?
3. Porque não podemos encontrar alegria ao sairmos direta-
mente à sua procura?
4. Como encontraram Abraão e Zimri alegria?
5. A alegria parece depender de nossa escolha . Quem é o res-
ponsável pela mesma?
Lição XXXVII
SEGURANÇA E FELICIDADE — SEUS AJUDANTES

Assim como nas cidades há regulamentos de tráfego que aju-


dam a diminuir o número de acidentes e choques, da mesma
forma no verdadeiro caminho do progresso eterno há leis e re-
gulamentos para nossa maior segurança . Os Dez Mandamentos
são um código destas leis de segurança . São regulamentos que
nunca mudam . Estiveram em vigor no princípio da vida terrena
e continuarão em vigor por tôda a eternidade . Jamais cairão da
moda ou necessitarão de revisão : são verdades eternas . As con-
dições mudam todos os anos e isto talvez exija certos ajustes no
curso da vida, porém, êstes princípios fundamentais de verdade
permanecem para sempre imutáveis . Não matar, não roubar, não
cobiçar : êstes mandamentos são tão necessários em nossa vida
e felicidade atualmente, como o foram no dia em que foram
dados a Moisés no monte Sinai.
Um dos mais difíceis de entender e cumprir em nossa vida
moderna tão complexa é o quarto dêste código , eterno de regula-
mentos . "Lembra-te do dia do sábado para o santificar . Seis dias
trabalharás, e farás tôda a tua obra, mas o sétimo dia é o . sába-
do do Senhor teu Deus ; não farás nenhuma obra ." (Êxodo
20 :S,-11).
Claramente requer três coisas : 1 . Trabalho, seis dias de
trabalho — nenhum dia de inatividade . 2 . Repouso — não ina-
tividade, nem tampouco a classe de trabalho que os outros seis
dias exigem. Até mesmo Deus obsewvou estas regras . Em seis
dias fêz o céu, a terra e tudo o que neles há ; então repousou no
sétimo dia e o santificou. 3 . Refletir. Temos que lembrar-nos
do dia de repouso para santificá-lo . Isto exige planos, e cuidadosa
preparação. Lembrar-se do dia de repouso quer dizer tê-10 pre-
sente em nossas mentes — preparar-se para êle, não tendo por
objetivo prazeres e diversões, mas sim sentindo o espírito de
adoração e gratidão.
Nestas lições acentuou-se o fato de que cada um de nós
tem em realidade duas entidades : o corpo físico e o espírito. Dste

PMNCtPIO6 OPERANTES IAk IGRIEJA RESTAURADA 181

quarto mandamento é para a saúde e bem-estar de ambos . E'


uma verdade científica bem comprovada que o corpo físico ne-
cessita de mais repuoso do que o obtido durante a noite . Pode-
mos dizer que é como estas ilustrações:
"Num pequeno vale há um moinho. Ao lado dêsse moinho
há uma pequena laguna que supre a água que lhe dá fôrça . Ali-
menta a laguna um pequeno arrôio porém, êle dispende mais
água durante o dia para dar voltas à roda do moinho do que a
quantidade disponível ; de forma que o moinho tem que deixar
de trabalhar durante a noite . Ainda assim, sai mais água durante
o dia que a que se junta do arrôio durante o dia e a noite . No
final do sexto dia deixa-se de usar o moinho por uma noite,
um dia e outra noite; assim está novamente pronto para outra
semana de trabalho ."
"Havia um homem que usava algumas parelhas de cavalos
a êle pertencentes para transportar mercadoria de um lugar a
outro . Não era um homem religioso, mas da noite do sábado até
a segunda-feira de manhã permanecia em seu acampamento en-
quanto seus outros companheiros seguiam avante . Como resulta-
do seus cavalos eram os mais gordos e cheios de vida . Êle não
observava o dia de repouso por ser seu cumprimento um man-
dado do Senhor, mas porque seus cavalos se fatigavam quando
não o fazia. Costumava dizer que no fim fazia mais viagens e
ganhava mais dinheiro do que aquêles que não descansavam um
dia por semana . Se os cavalos têm necessidade de um dia de des-
canso a cada sete, com mais razão o necessita o homem ."
Quanto ao homem espiritual, durante os seis dias mil e um in-
terêsses mundanos o distanciam das coisas espirituais . Em casa,
na loja, na fábrica ou no campo, os assuntos temporais não dei-
xam lugar para os espirituais . Isto é verdade em quase tôdas
as atividades da vida . Ao chegar o dia de repouso, as coisas
temporais são deixadas de lado, e somos fortalecidos e renova-
dos pelas espirituais. Como o moinho e os cavalos, nos apron-
tamos para outra semana de trabalho.

NOSSA COMPLEXA VIDA MODERNA

Enquanto os israelitas se encontravam no deserto, seu modo


de vida deve ter sido simplíssimo . Não eram agricultores e esta-
vam no meio do deserto . Não eram comerciantes, nem mecâni-
cos ; não havia o ,que construir nem o que vender ou comprar e

1$2 PRINCÍPIOS . OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

quase nada para trocar . Apascentavam seus pequenos rebanhos


e comiam o maná que o Senhor lhes dava sob certas condições.
Duas coisas, mais que . quaisquer outras, deve tê-los conservado
juntos — o pequeno tabernáculo que servia de centro de reunião
e o dia de repouso que lhes oferecia a oportunidade de juntar-se
social e religiosamente.
Como tudo é diferente hoje em dia! Se por acaso formos
pastôres num lugar êrmo como o habitado pelos israelitas, ainda
assim podemos ter tôda a convivência que queiramos, até mesmo
rádios portáteis, que nos trazem notícias dos rincões mais apar-
tados do mundo.
Quão inúmeros são os problemas que estas condições tão mu-
dadas nos apresentam . Como podemos santificar o dia de repou-
so em meio a tanta atração e diversão? Certamente em nenhuma
outra época da história do mundo houve necessidade de um dia
semelhante, como nos turvos e vertiginosos tempos atuais . O dia
de repouso, devidamente observado, será o que o volante é para
o motor ; assegurará a moderação num mundo que progride com
demasiada velocidade.

O QUE PODEMOS FAZER NO DIA DE REPOUSO

Por estranho que pareça, o mandamento que diz : "Lembra-


le do dia de sábado para santifica-1o" não nos . proporciona uma
lista das coisas que não devemos e que devemos fazer . Até mes-
mo em nosso próprio tempo, com o evangelho novamente sôbre
a terra, ninguém procurou enumerar autorisadamente as coisas
que deveríamos e não deveríamos fazer . Não há dúvida que duas
pessoas poderiam chegar a um acôrdo, se procurassem fazer se-
melhante lista . Certos pontos fundamentais são claros, porém,
aparte êstes, temos liberdade para estabelecer nossas próprias
regras individuais.
Numa de nossas Escrituras modernas lemos : "E para que te
conserves mais limpo das manchas do mundo, irás à casa de ora-
ção e oferecerás os teus sacramentos no meu dia santificado ."
(Doutr. e Conv. 59 :9-14. Ler todos os versiculos citados).
Além desta indicação, o que temos? A que podemos dedicar
o resto do tempo? Há certas fábricas e instituições que trabalham
vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana . Os cinemas
quase nunca fécham . Há outro grande número de diversões que;
nos chamam a atenção a tôda a hora do dia, porém, parece que
mais particularmente nos domingos .

PRINCtP10a OPERANTES DIA ; IGRIEJA RESTAURADA 183

Há aquêies que se queixam que o dia de repouso estorva


suás' diversões ; que trabalham tôda a semana e necessitam de
algo que os distraia, que lhes dê alegria. Depende do que se busca.
0 Senhor nos disse que devemos observar ,êsse dia, a fim de que
nosso gôzo seja completo. Podemos ir a uma loja e comprar uma
peça de vestuário de fazenda ordinária . A novidade pode satis-
fazer-nos no momento, porém, em poucos dias não servirá para
nada . Ao contrário, mesmo que tenhamos que pagar mais, uma
roupa boa dura mais e nos proporciona maior satisfação . Se nos
conformamos com prazeres ou diversões passageiras ou de
pouco valor, a observância do dia de repouso será um . estôrvo. O
verdadeiro espírito do dia é duradouro.

QUE FÊZ CRISTO NOS SÁBADOS?

Por não ter o autor dos Dez Mandamentos agregado numa


lista o que devemos ou não devemos fazer a fim de observar o
quarto mandamento, já no tempo de Cristo os judeus haviam
caído em vários erros graves . Procuraram definir o que era tra-
balho. O que incluia êle? Disto resultou que formularam uma
quantidade de loucos e vãos regulamentos que indicavam o que
havia de; ser feito a cada hora do dia . Deve haver sido uma coisa
sumamente difícil estar recordando tudo aquilo . Jesus não fêz
caso de nenhum dêsses regulamentos e limitou-se a dizer :. "O
sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado ; de sorte que o Filho do homem é'senhor tam-
bém do sábado ." . (Marcos 2 :27-29).
Não há dúvida de que Jesus é o senhor do sábado : êle o ins-
tituiu. Foi êle quem; decretou a lei e deu-a a Moisés . Ajustar-se-ia
Jesus a regras semelhantes às acima referidas?
"O homem (judeu) que é surpreendido ao pôr do sol (o sá-
bado judeu começava com o pôr do sol) enquanto caminha, deve
dar sua carga a um gentio para que êste a leve . Se não está acom-
panhado de gentio algum, deve pôr a carga sôbre seu asno . Ao
chegar à primeira casa ou primeiro povoado, deve tirar aquelas
coisas que lhe é , lícito . descarregar no sábado ; quanto às coisas
que não lhe é lícito descarregar, pode desatar as ligaduras para
que a carga caia sozinha ao solo ."
"Se um boi entra numa casa e um homem o prende (no sá-
bado), é culpado ; se dois homens o prendem, nenhum dos dois
será culpado ."
Por não haver Jesus dado consideração às suas tradições, os
judeus estavam sempre prontos para condená-lo . Êle efetuou mui-

184 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

tos de seus maiores milagres nos sábados, ao que seus inimigos


se opuseram, dizendo que havia seis dias para curar os enfêrmos
e que isto não deveria ser feito nesse dia . Vejamos qual foi a
resposta que Cristo deu a êste argumento.
Jesus se achava numa sinagoga no dia do sábado . Seus ini-
migos também estavam ali, prontos para criticar tudo o que fi-
zesse ou dissesse . O Mestre, conhecendo seus pensamentos, olhou
à sua volta . Entre os congregados se encontrava um homem que
tinha a mão direita ressequida . Os judeus queriam ver se Jesus
o curaria.
"Levanta-te, e vem, para o meio — disse Jesus ao homem —
e êle, levantando-se, permaneceu de pé . Então disse Jesus a êles:
Que vos parece? E' lícito no sábado fazer o bem ou o mal? Salvar
a vida ou deixá-la perecer? E, fitando a todos ao redor, disse ao
homem : Estende a tua mão . Êle assim o fêz, e a mão lhe foi res-
taurada." (Lucas 6 :642).
Assim Jesus estabeleceu o padrão a ser seguido : Fazer o
bem e não o mal no dia de repouso . Ninguém poderá formular
uma regra precisa do que devemos ou não devemos fazer, porém,
sempre podemos aplicar esta norma a nossos . atos São êles bons
ou maus? De forma que nosso único problema se converte em
decidir corretamente . A abnegação deve iluminar o caminho . No
conselho há segurança . Os pais e outras pessoas de mais expe-
riência são os melhores conselheiros.
DISCUSSÃO
1. Nomeiem-se três requisitos do mandamento que nos acon-
selha a observar o Dia do Senhor.
2. Interprete-se a história do moinho.
3. Quem primeiramente observou o Dia do Senhor? Quando?
4. Porque era êste dia, nos tempos de Cristo, tão difícil de ser
observado?
5. De acôrdo com Jesus, qual o propósito dêsse dia?
6. Porque é difícil observar o Dia do Senhor nos dias atuais?
7. Qual a base do padrão estabelecido por Jesus a fim de que
observemos êste dia?
Lição XXXVIII
3.a REVISÃO GERAL

Nesta revisão procuraremos especialmente deixar claro o que


é o evangelho, a Igreja, o Reino de Deus e a relação existente
entre estas coisas . Também, o que é a apostasia e a restauração.
Deve dar-se aos alunos suficiente tempo para ler as perguntas
e a revisão, contidas no manual. Procede-se da mesma forma
que: nas revisões anteriores.
1. Que idade tem o Reino de Deus? Até quando há de durar?
2. Qual é o objetivo ou propósito da organização da Igreja?
3. Explique-se brevemente a forma com que está dividida a
Igreja, por exemplo : ramos, missões, alas, etc.
4. Repita-se o Pai Nosso . Que evidência temos de que ainda
não estamos vivendo, de acôrdo com o Reino de Deus sôbre
a terra da forma estabelecida nos céus?
5. Em que sentido são iguais as igrejas antigas e a moderna?
6. Que disse o profeta Daniel a respeito do estabelecimento
do Reino de Deus na terra?
7. Mostre-se que a pedra cortada é um símbolo adequado da
Igreja organizada no dia 6 de abril de 1830 . (Ver o cap. 26).
8. Descreva-se a organização da Igreja em 1830 . Por que era
tão pequena?
9. Explique-se brevemente o que foi agregado à Igreja, in-
cluindo as organizações auxiliares.
10. Enumerem-se as coisas que forem restituídas através do
ministério de sêres celestiais.
11. O que é evangelho? Em que se parece ao curso de estudos
de uma escola secundária ou preparatória? (Ver o cap . 28).
12. Enumerem-se todos os princípios da evangelho que venham
à mente.
13. Dê-se uma curta explicação das seguintes expressões : Reino
de Deus, Igreja de Deus e evangelho.
14. Temos a obrigação de levar o evangelho a todo o mundo.
Quais são os meios pelos quais se pode levar a cabo esta
obra? Explique-se a importância de cada um .

186 PRINCÍPIO'S OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

15. Mostre-se detalhadamente as vantagens de se fazer missão.


(1) As vantagens para o mundo ; (2) para o missionário.
16. Em que sentido a Bíblia e o Livro de Mórmon são mis-
sionários?
17. Explique-se detalhadamente o que é religião e o que com-
preende uma vida religiosa . (Capitulo 31 e 32).
18. Para que são usados os templos dos Santos do últimos
Dias?
19. Repasse-se brevemente a história da construção dos templos.
20. Descreva-se a visita de Elias o Profeta, quando veio e o
que fêz.
21 Explique-se o que é genealogia, seu propósito, seu desenvol-
vimento e o que esperamos realizar . (Capitulo 35).
22. O que significa esta expressão : "Os homens existem para
que tenham alegria"?
23. Por que dizemos que a alegria é um produto incidental?
24. O que: podemos dizer quanto ao uso das bebidas alcoólicas?
25. Opine-se francamente sôbre o uso do tabaco.
Lição XXXIX

DESVIOS

Certa vez dois jovens se puseram a fazer uma viagem . Na-


queles dias não havia automóveis e o trem de carga, que era o
único meio de transporte, levava uma semana para cobrir a dis-
tância que desejavam atravessar . Felizmente, acharam conheci-
dos que lhes ofereceram condução em seus carros puxados por
bois . Viajaram quase completamente por vales e desertos . Havia
pouca água e o calor e pó eram insuportáveis.
No sábado, ao entardecer, chegaram a uma pequena serra.
O lugar onde iam não ficava longe dali, porém, a vereda ser-
penteava vários quilômetros por entre a serra . O carro em que
iam levaria mais dois dias para chegar e, já que era a tarde do
sábado, •êstes dois jovens, que por sinal eram missionários,- re-
solveram atravessar a serra a pé, passar a noite numa fazendola
existente do outro lado, e chegar no dia seguinte ao destino de-
sejado, em tempo para assistir as reuniões dominicais.
Chegaram ao rancho e foram muito bem recebidos pelo dono
e sua espôsa . No dia seguinte, bem cedo, com algo que merendar
e um pouco de água, empreenderam o resto do caminho a percor-
rer . O dono do rancho acompanhou-os até uma curta distância
e lhes explicou cuidadosamente que haviam muitos caminhos
e veredas que poderiam desviá-los do caminho desejado . Mais
ou menos ao meio-dia sentiram fome, portanto, comeram seu
lanche e beberam até a última gota de água . Estavam um pouco
preocupados, porque deveriam ter chegado ao povoado onde iam
antes do meio-dia . Compreenderam finalmente que haviam se
desviado do caminho desejado e tomado outro.
Por três dias vagaram pelo deserto e planícies sem alimento
e só aqui e ali encontraram pequenos charcos de água suja para
acalmar sua sêde . Na noite do terceiro dia, enquanto os jovens
oravam, foram encontrados e levados ao povoado que buscavam.
No caminho do progresso eterno há sendas e desvios . Este
desvios podem nós conduzir a diferentes lugares, bastante distan-
ciados de nosso destino . Somente há um que haverá de nos levar
onde queremos ir . Estes caminhos podem ser fáceis de seguir e
talvez muitas vêzes não venhamos a descobrir o perigo a não ser

188 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

quando já estivermos perdidos no deserto . Então, depois de pa-


decer fome, sêde, fadiga e remorso, talvez nos encontrem e nos
levem de novo à senda que abandonamos . Jesus disse:
"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo
que muitos procurarão entrar e não poderão . . . porque larga é
a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e são muitos
os que entram por ela . . . estreita é a porta e apertado o caminho
que conduz à vida, e são poucos os ,que acertam com ela ." (Lucas
13 :24 ; Mateus 7 :13,14).
Um dos desvios mais destrutivos são as bebidas alcoólicas.
Parece que êste anátema existiu desde o principio . Por causa
dêle e dos males que o acompanham, os israelitas foram destruí-
dos e espalhados por tôda a terra . Foi uma das causas principais
da decadência e queda das civilizações gregas. e romanas. Até hoje
permanece entre nós com todos os seus terríveis efeitos.
Sòmente de forma indireta se fala nos Dez Mandamentos
que não se deve beber vinho ou bebidas embriagantes, porém,
isto se encontra na lei de Moisés . Salomão certamente deve ha-
ver tido conhecimento dos danos ocasionados pelas bebidas em-
briagantes . Ele disse o seguinte:
"O vinho é escarnecedor. e a bebida forte alvorocadora ; e
todo aquêle que nêles errar nunca será sábio ." (Prov . 20:1 ; ver
também Prov . 23 :29-32 ; Lev . 10 :9).
O mandamento contra o uso de bebidas alcoólicas se relacio-
na intimamente com o mandamento "não matarás ." Aquêle que
se acha sob a influência do álcool perde o domínio de suas ações.
Não é amo de si mesmo . Já foi dito que o álcool tem, sido a causa
direta ou indireta de mais mortes do que as ocasionadas por tôdas
as guerras jamais existentes.
Há outro desvio cuja tendência é distanciar-nos da senda do
progresso eterno . Esta praga mortífera se estende a todos os
rincões da superfície da terra . Penetra em todos os edifícios (com
a possível exceção das escolas e igrejas) e se eleva como unia
nuvem pestilenta nas ruas de tôdas as nossas cidades . Todos co-
nhecem sua origem . Muitos há que o estão combatendo sem resul-
tado . E' semelhante a um incêndio que arde sem que o possam
deter ; nêle se estão engolfando as grandes massas da humanidade.
Nos dias da Bíblia não era conhecido, caso contrário haver-
se-ia formulado uma lei que lhe fôsse contrária . Embora seja
nativo da América, o Livro de Mórmon não diz uma só palavra
a seu respeito . Os nefitas não chegaram a descobrir seu uso re-
pugnante ; aos lamanitas, em seu estado decaído e degenerado sé
deve o seu descobrimento .

PRIINCtPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 189,

A única declaração autorizada das Escrituras contra o seu


uso é uma revelação de um Pai bondoso e amante, que nos faz
advertência às "maldades e desígnios ,que existem e existirão
nos corações de homens conspiradores nos últimos dias . . . "O
tabaco não é para o corpo . . . e náo é bom para o homem ." (Doutr.
Conv., seção 89).
A água é absolutamente essencial para a existência do ho-
mem . Ninguém pode viver muito tempo sem ela . Deus nos deu
dela abundantemente e sempre procuramos que seu abastecimen-
to se conserve o mais puro possível, protegendo-a de tôda a in-
fluência contaminadora . Ninguém pensaria em contaminar um
vaso de água que outra pessoa vai beber. Ninguém chega a perder
de tal forma o respeito para com seu próximo.
O ar, da mesma forma que a água, é essencial para a exis-
tência da vida. Não podemos viver mais que poucos momentos
sem êle . Da mesma forma, Deus deu êste alimento em grande
abundância a tôda a criatura que existe sôbre a face da terra.
Porém, as comunidades não fazem esfôrço algum para conser-
vá-lo puro. Permite-se que as pessoas sem escrúpulos soltem ba-
foradas de fumo no rosto de qualquer um, sem considerar tempo
ou lugar . Permite-se-lhes encher de fumaça os edifícios e veículos
públicos, apesar do fato de que aquêles que não fumam ficam
imensamente constrangidos com o cheiro . Se protestamos contra
tão sujo e desumano costume, imediatamente se levantam gritos
de que se trata de infringir os direitos do indivíduo . Porém, real-
mente, quem são os que se vêm lesados em seus direitos?
Porém, ainda há outro ponto que deve ser levado em conta.
Estamos em meio a uma luta muito grande e procuramos con-
servar nossa liberdade . Preferiríamos a morte à escravidão . Quão
estranho nos parece que os valentes homens que estão dispostos
a sacrificar suas vidas pela liberdade sejam, no entanto, escra-
vos do pernicioso cigarro! Homem algum pode se considerar livre
se tiver sua vida sob o domínio de uma fôrça que não possa
dominar.
Quando a liberdade fôr de novo restaurada no mundo, pro=
curemos fazer com que todos a obtenham inteiramente ; liberdade
de fazer e escolher, sem as influências das fôrças destrutivas do
tabaco e do álcool. Esta é uma advertência a todos os jovens
mórmons . Fixemos padrões para o resto do mundo ; se permi-
timos que nossos padrões decaiam, poucas serão as esperanças
de uma liberdade perfeita no futuro.
Daniel e seus três amigos nos oferecem um exemplo ideal do
valor de um padrão de vida elevado. Embora jovens, êles tinham

=190 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

!ideais fixos — nada de vinho ou bebidas alcoólicas . e: de alimen-


tos extravagantes. Era a Palavra de Sabedoria . Eles necessita-
ram de fôrça de vontade e coragem inquebrantável para susten-
tar êsses ideais num mundo em que eram desdenhados por todos
os demais . Os jovens ganharam a graça de reis e príncipes e
-chegaram a ser governadores.
De maneira que` na senda do progresso eterno ternos que per-
.manecer no caminho certo . Não devemos desviar-nos para a di-
reita nem para a esquerda, porque tais veredas são perigosas.
.DISCUSSÃO
1. Qual o significado da palavra "liberdade"?
2. Quais as condições que nos tornam escravos?
3. Se somos controlados por hábitos, somos livres?
4. Nomeiem-se alguns hábitos que nos tornam livres.
5. Nomeiem-se maldades cometidas em conseqüência do uso de
bebidas fortes.
6. Quais são as desvantagens dos jovens que fumam?
Lição XL
TESTEMUNHO

NUM LABORATÓRIO
Um estudante trabalhava diligentemente ; queria demonstrar
um certo experimento . Outros o haviam feito antes dêle e haviam
deixado bem assinalados os passos que deveria dar . Êle não tinha
dúvida alguma quanto ao resultado . Muitos haviam feito o mesmo
experimento ; com resultados iguais . Porém ;. êle não saberia como
fazê-lo, a não ser depois de concluir suas experiências : Se con-
seguisse êxito, com justificado orgulho poderia dizer : "Eu sei."
Além disso, deve . ser possível que outro indivíduo tente o
mesmo experimento, obtendo igual resultado . Se dois indivíduos
que estão fazendo o . mesmo trabalho obtêm resultados diferentes,
os descobrimentos de ambos estarão em dúvida . No entanto,
quando milhares de estudantes, como geralmente acontece, repe-
tem a experiência e obtêm os mesmos resultados, suas descober-
tas podem sem dúvida ser classificadas corno fatos ." (Widtsoe,
"In Search of Truth," pág. 26).
Tal é o procedimento nos laboratórios físicos . Porém, o mun-
do espiritual é tão real como o mundo físico e goza da mesma
importância, como já vimos em nossos estudos . O corpo físico
deixa de existir, mas o espírito jamais morre . As experiências do
laboratório espiritual são suficientemente claras e tão precisas e
determinantes em seus resultados finais, como o são no labora-
tório físico . De forma que pode-se pôr à prova e verificar as
verdades espirituais tão completamente como as verdades do
mundo físico.
O QUE E' UM TESTEMUNHO
Um testemunho da- existência de Deus e da divindade do
evangelho restaurado é um conhecimento ou segurança fora do
alcance da dúvida . E' um sentimento interior, uma convicção que
não se baseia inteiramente em evidências exteriores. ..Jó expressou
esta classe de testemunho quando disse :

192 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

"Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se


levantará sôbre a terra ." (Jó 19 :25).
Paulo expressou sua segurança da seguinte forma : "Porque
não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para
a salvação de todo aquêle que crê." (Romanos 1 :16).
Nem Jó nem Paulo nos dizem como chegaram a saber estas
verdades. Talvez lhes tivesse sido impossível explicar a outros
como chegaram a obter tal segurança . Suponhamos que algum
de vocês me diga que lhes dê provas de que amo minha mãe:
Como todos sabem, seria impossível explicá-lo em palavras . A
prova deve existir em minhas ações e devoção para com ela . Jesus
expressou a verdade dêste modo:
"Se me amais, guardareis os meus mandamentos . . . se guar-
dardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;
assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu
Pai, e no seu amor permaneço ." (João 14 :15 ;15 :10).
Um testemunho de Deus e da divindade de seu evangelho
restaurado é muito importante. Nossa vida eterna depende dêle.
Jesus disse : "E a vida eterna é esta : que te conheçam a ti, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste."
(João 17 :3).
COMO CRESCE O TESTEMUNHO
Não nascemos com o testemunho de que Deus vive e que o
evangelho é verdadeiro . Muitos recebem esta segurança ou teste-
munho em sua juventude ; outros, quando já velhos . Jesus, aos
doze anos de idade já sabia que tinha que cuidar dos negócios dé
seu Pai. Porém, Pedro já estava bem entrado em anos antes que
lhe fôsse possível testificar de Jesus, dizendo : "Tu és o Cristo,
o Filho de Deus vivo." (Mateus 16 :16).
O testemunho cresce e se desenvolve . Seu princípio pode ser
muito simples, mas vai se desenvolvendo à proporção que se
apresentam novas evidências . O testemunho é acumulativo . Num
sentido nunca é completo, porque as novas experiências lhe dão
mais fôrças, até o fim da vida.
E' no lar que principia a vida e as experiências mortais . O
irmão Stephen L . Richards disse : "Em meu conceito a instituição
que mais tem feito para influenciar as vidas dos sêres humanos
é a sagrada instituição do lar . . . Creio que o, lar é o fundamento .'
da sociedade, a pedra angular da nação . . . e a instituição pri-
mária da Igreja ."

PRaINCIPIOS OPERANTES DA IGR4EJA RESTAURADA 193

A irmã Amy Brow Lyman, presidente da Sociedade de So-


corro, declarou : "As instituições fundamentais da sociedade atual-
mente são a família, a Igreja, o Estado, a escola e a ordem in-
dustrial . Destas, a família é, sem dúvida alguma, a mais im-
portante e fundamental.
"A vida devotada e cheia de sacrifícios do pai de família
deve chamar a atenção de todo rapaz ou moça . A cuidadosa aten-
ção que dá aos deveres e responsabilidades do sacerdócio e da
Igreja deixam uma impressão duradoura. Sai cedo para o traba-
lho, a fim de fazer frente aos problemas de alimentação e roupa.
Às vezes parecerá severo, porém, o interêsse da família é o seu
interêsse e para ela dispende seu tempo e habilidades . Paga nossa
passagem pelo mundo, bem como tôdas as contas provenientes
de nossa comida, diversões e educação . Nos ama e honra e pede
em troca nossa honra e respeito ." A própria vida que leva é evi-
dência de sua esperança e fé em Deus.
"Tudo o que sou e o que pretendo ser devo a minha mãe,
disse Abraham Lincoln . Um grande pensador expressou o mesmo
pensamento nestas palavras : "Não são as filosofias, teorias, códi-
gos de ética que o homem adquire em seus anos posteriores o
que verdadeiramente influencia sua vida . . . são as impressões
de sua infância as que contam. A recordação de ideais gravados
na terna memória do jovem : canções meio esquecidas, vagas
visões de heróis que a mãe ensinou a reverenciar — estas coisas
formam o molde da alma ."
De forma que saimos de nosso lar paterno com ideais bem
estabelecidos e fixos, ideais que experiência posterior alguma
pode mudar completamente. Estes ideais são básicos no testemu-
nho que temos de Deus e da divindade de suas verdades reveladas.
O rei Davi disse, a respeito do mundo físico : "Os, céus mani-
festam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas
mãos . . . Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei
da tua face? Se subir ao céu, tu ai estás ; se tomar as asas da alva,
se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará
e a tua destra me susterá ." (Salmos 19 :1 ; 139 :7-10).
O mundo não existe por acidente. Foi fundado com um certo
fim — ser nossa habitação . Um sábio filósofo disse o seguinte
a respeito da criação : "Quando deixarem um punhado de molas,
parafusos e cordas sôbre meu escritório e eu ir que sòzinhos
se. juntam para formar um relógio, terei mais facilidade em crer
que todos êstes milhares de mundos se criaram a si próprios, co-
locando-se e ajustando-se a si mesmos de uma maneira tão pre-
cisa em suas órbitras, tudo sem necessidade de uma inteligência

194 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

guiadora . Além disso, se não existe uma inteligência no univer-


so, então o universo criou algo maior que êle mesmo — criou
a nós."
Portanto, o mundo e tôdas as coisas que nele há são evi-
dências e recordações constantes de que há um Deus no céu.
DISCUSSÃO
1. Quando fica algo provado num laboratório?
2. E' o mundo espiritual tão real como o mundo físico?
3. 0 ,que se requer a fim de aumentar um testemunho?
4. Quais são as coisas que nos ajudam a ganhar um testemunho
de que a Igreja de Jesus Cristo dos 'Santos dos últimos Dias
é verdadeira?
Acreditamos que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta.
Quais as evidências que influenciaram nossa crença?
Lição XLI
TESTEMUNHO
(Continuação — II)

O CONTÍNUO CRESCIMENTO DO TESTEMUNHO


Como já foi dito, o testemunho não vem de uma só vez . Cresce,
e se torna mais e mais forte com o transcurso da vida . Paulo re-
cebeu uma grande manifestação do poder de Deus ao se dirigir
a Damasco. Esta experiência fê-lo saber de forma definitiva que
Jesus ainda vivia . Porém, não ficou aí . Seguiram-se anos de es-
tudo, meditação e pregação do evangelho por Vidas as partes . AG
estar para terminar sua longa vida de trabalho, enriquecida por
inúmeras evidências da bondade e poder de Deus, Paulo ex-
clamou :
"Combati: o bom combate, completei a carreira, guardei a fé ..
De agora em diante a coroa da justiça me está guardada, . a qual
o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia ." (II Timóteo, 4 :7-8).
Foi seu testemunho acumulado que lhe deu a coragem para
resistir a perseguição, para deixar seu lar permanentemente e ,
dedicar sua vida tôda ao serviço missionário e, finalmente,.
morrer, executado pela verdade nos dias de Nero.

A IGREJA AUMENTA O TESTEMUNHO


Parece verdadeiramente estranho o fato de .que por mais ou,
menos dois mil anos grandes líderes religiosos têm organizado,
igrejas por todo o mundo ; no entanto, não houve um só que ti-
vesse a idéia da simples e eficaz organização que Jesus e seus-
apóstolos estabeleceram . A organização de Jesus não foi uma
coisa complicada. Suas diferentes partes se relacionavam extre-
mamente entre si e ficavam sob a direção dos oficiais e ofícios.
do sacerdócio, com profetas, apóstolos, sumos sacerdotes, setentas,
élderes, presbíteros, mestres, diáconos e bispos . O Novo Testa-
ento faz menção a todos êstes.
Paulo disse que a organização da igreja era semelhante ao ,

196 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

corpo humano . Um só corpo, porém composto de diferentes par-


tes. Cada membro ou oficial tem seus deveres particulares . Até
mesmo o menor dêstes ofícios e responsabilidades é de grande
importância, e deve permanecer na igreja até que todos os seus
membros cheguem à unidade de fé e a entender a mesma coisa
em igual sentido . (Ver Rom . 12 :4-8 ; I Cor. 12 :12-27).
Quando os israelitas estavam acampados ao pé do monte
Sinai, Moisés efetuou uma organização, a fim de compartilhar
suas responsabilidades com todo o povo . Note-se a simplicidade
de tal plano e quão eficientemente deve haver funcionado.
Moisés estava à cabeça, como presidente . A multidão foi di-
vidida em grandes grupos de mil pessoas cada um, cada qual
com um capitão ou presidente à cabeça . Cada grupo de mil pes-
soas foi subdividido em grupos de cem, sob a direção de um
líder ou oficial ; êstes, por sua vez, em grupos menores de dez.
(Éxodo 18).
De forma que, se eram em número de 600 .000 as pessoas que
acompanhavam Moisés, sua organização requereria mais de
78 .000 oficiais . A organização era simples e eficaz e distribuia
responsabilidades entre tôda a congregação . Quando a compara-
mos com a organização de nossa Igreja vemos que é muito pa-
recida . Na Igreja todos podem desempenhar certas obras durante
tôda sua existência.
Portanto, corno se explica que Joseph Smith, um jovem sem
instrução, tenha conseguido desenvolver esta organização perfeita
da igreja quando todos os demais, depois da morte de Cristo e
seus apóstolos, haviam fracassado? Como se explica que êle tenha
posto em sua organização todos os oficiais que teve a igreja es-
tabelecida por Jesus e seus apóstolos? Também, como veio a
saber quais os deveres e responsabilidades precisos de cada um,
quando não havia igreja sôbre a terra que o soubesse?
Estas perguntas não têm mais que uma resposta -- nem Jo-
seph Smith, nem qualquer outro homem foi o seu fundador ., Deus
lhe revelou estas coisas, e os antigos profetas restauraram pes-
soalmente o sacerdócio, com plena autoridade para organizar a
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos Dias . Caso contrá-
rio, teria sido tão incompleta e deficiente como tôdas as outras.
De forma que a Igreja é uma grande fonte de evidência da
divindade da missão de, Joseph Smith e do evangelho restaurado.
Como pode duvidar aquêle que o estuda devidamente? Está tão
bem provado quanto as leis físicas da natureza .

PRINCÍPIOS OPERANTES IGREJA RESTAURADA 19 7

OS PRINCÍPIOS DO EVANGELHO SÃO EVIDÉNCIAS

Intimamente associados com . a organização da igreja e,


em realidade, parte dela, são os princípios e ordenanças do evan-
gelho. Não importa o quanto procuremos, não acharemos em todo
o inundo outra igreja que aceite e ensine todos os princípios e
ordenanças da forma com que foram revelados pelo Senhor a seu
povo nos tempos passados . A fé, o arrependimento, o batismo por
imersão e a imposição das mãos para a comunicação do dom do
Espírito Santo foram necessários na igreja original de Cristo . No
entanto, nenhuma igreja, a não ser a igreja mórmon, os ensina
e pratica com a exatidão ,que se fazia na antigüidade, sob a di-
reção e vigilância dos apóstolos.
Autoridade, revelação, ressurreição, salvação para os mortos,
o reino vindouro de Cristo sôbre : a terra, templos e suas ordenan-
ças, sacramento e muitas outras coisas tão essenciais para nossa
felicidade e salvação são assuntos que as demais igrejas só com-
preendem em parte ou deixam fora por completo nestes dias.
Como puderam Joseph Smith e outros líderes da igreja haver
aprendido estas coisas? Assim como aconteceu com a organiza -
ção da Igreja, unicamente por meio da revelação de nosso Pai
Celestial. Que grande evidência da divindade do evangelho res-
taurado . Nossos corações se enchem de gratidão a Deus por ha-
vê-lo novamente restaurado.

A BÍBLIA TAMBÉM AUMENTA NOSSO TESTEMUNHO


E SEGURANÇA

Como poderíamos vir a saber da obra de Deus entre os ho-


mens sem a Bíblia? Sem dúvida o Senhor revelou novamente os
princípios e ordenanças do evangelho e dirigiu a forma verda-
deira da organização da igreja ; porém, a história de seus feitos
entre o povo nas épocas passadas haver-se-ia perdido totalmente
se não tivéssemos a Bíblia.
Dizemos . ao mundo : "Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus,
o quanto seja correta sua tradução ." Porém, o fato de haver che-
gado a nós quase que inteiramente correta depois de séculos de
inúmeras cópias e traduções é, em si mesmo, um milagre . Deus
certamente a preservou para o uso e consôlo de seus filhos.
' A Bíblia nos relata muitos milagres, porém, o maior de todos
é a predição de certos acontecimentos e seu cumprimento literal.
Já foram mencionados alguns dêstes acontecimentos nas lições

198 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

anteriores 'e, por essa razão, daremos apenas uma ou duas fins-
trações adicionais.
O profeta Zacarias viveu uns quatrocentos anos antes • de
Cristo . Êle anunciou que o rei de Sião•e Jerusalém, Jesus, entraria
na cidade montado sôbre um asninho, filho de jumenta . (Zac.
9 :9) . Em Mateus 21 :1-14, encontramos o relato completo do
cumprimento desta profecia . Sua entrada triunfal em Jerusalém,
segundo Mateus, "aconteceu para se cumprir o que foi dito, por
intermédio do profeta : Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado
em jumenta ."
Em Miquéias 5 :2, lemos que Jesus haveria de nascer em
Belém da Judéia . O capítulo II de Mateus nos dá alguns dos
detalhes do nascimento do Senhor e nos faz saber como se cum-
priu a profecia de Miquéias . Há mais de cinqüenta profecias no
Velho Testamento, tocantes à vinda de Cristo e sua obra ; o cum-
primento de tôdas foi ,registrado mais tarde.
Pouco antes de haver Moisés se separado dos filhos de Israel,
admoestou-os contra a iniqüidade e idolatria e lhes disse que se
algum dia viessem a se apartar dõ Senhor, provocando sua ira,.
"O Senhor vos espalhará entre os povos, e ficareis poucos em
número entre as gentes, às quais o . Senhor vos conduzirá ."
(Deut . 4 :27) .
"E nem ainda entre as mesmas gentes descansarás, nem a
planta de teu pé terá repouso : porquanto o Senhor ali te dará
coração tremente . . . e desmaio da alma . E a tua vida como
suspensa estará diante de ti ; e estremecerás de noite e de dia,.
e não crerás na tua própria vida ." (Deut . 28 :65,66).
Os israelitas se apartaram de Jeová ; as judeus crucificaram
a Jesus, o Filho de Deus . Vivemos para ver o cumprimento desta
profecia . Os judeus se acham dispersos entre tôdas as nações
da terra e, neste mesmo dia, ainda estão sofrendo as calamidades
mencionadas.
Numa lição anterior enumeramos muitas profecias e seu
cumprimento, profecias relativas à restauração do evangelho nos
últimos dias . Porém, as profecias e seu cumprimento não são
as. únicas coisas de importância da Bíblia.
A Bíblia, mais do que qualquer outro livro, solve alguns de
nossos maiores problemas . De onde viemos? Por que estamos
aqui? Onde iremos depois de nossa morte?
Hugh B . Brown disse : "À Bíblia é um guia seguro para a
vida eterna . Creio na Bíblia da mesma forma que creio no sol.
Sei que as manchas solares não estorvam seu brilho . Creio na
Bíblia na mesma forma que creio no pomar que tinha nossa casa,

.PRiIN•CíPIOS OPERANTES DIA IGRIEJA RESTAURADA 199

no qual havia grande variedade de árvores e frutas, das . quais eu


podia participar . Nem tôda a Bíblia é igualmente apetitosa para
todos nós, e não tem para todos o mesmo valor, porém, há nela
o .;suficiente para . satisfazer nossas necessidades ."
A Bíblia é um livro ao qual podemos recorrer em qualquer
condição em que nos encontremos ; na alegria ou. na tristeza, nela
encontraremos o ânimo, confôrto e consôlo de que necessitamos.
Por estas e muitas outras coisas temos motivo para dar graças
a Deus, nosso Pai Celestial, por haver preservado sua mensagem
até o dia de hoje . É uma grande fonte de evidência da . realidade
de Deus e de . Jesus, nosso Redentor, assim como da divindade
do evangelho restaurado . Ao lermos suas páginas, o Espírito do
Senhor nos . dá evidência das verdades que contém . Isto é tes-
temunho.

DISCUSSÃO

1 . De que forma é a Igreja uma evidência de sua própria di-


vindade?
2 Quais são algumas das diferenças entre a Igreja Mórmon e
tôdas as outras igrejas?
3. Como se dividia a organização de Moisés no deserto?
4. De que fôrma são as diversas responsabilidades distribuidas
a todos os membros da Igreja Mórmon?
Os princípios do evangelho provam a veracidade da Igreja
Mórmon . Como?
6 . De que forma aumentam as escrituras nosso testemunho?
Lição XLII
TESTEMUNHO

(Continuação — III)

Você é Mórmon? Por que? — perguntaram a um jovem.


— Porque nasci assim — foi a resposta . Sem dúvida alguma
muitos de nós teríamos dito a mesma coisa até alguns anos atrás.
Mesmo hoje, talvez, ainda não tenhamos feito muitas observações
e comparações . Ao ganhar idade compreendemos que devemos
ter certas razões precisas que expliquem porque somos membros
da Igreja Mórmon . Nas lições anteriores foi chamada a atenção
a urna ou duas evidências a favor da igreja restaurada . Se bus-
camos podemos achar diàriamente detalhes que aumentem nossa
confiança e fé.
O LIVRO DE MõRMON COMO EVIDÊNCIA
Quando os missionários conheceram Sidney Rigdon, êste era
um ministro campbelita . Deram-lhe um Livro de Mórmon, pe-
' dindo-lhe que o lêsse . Êle lhes respondeu que já tinha sua Bíblia.
No entanto, aceitou-o e leu-o . Ao acabar, já estava convertido e
pronto para batizar-se . Exceto quanto aos dados históricos, era
semelhante à sua Bíblia . Os povos da Bíblia e do Livro de Mór-
mon tiveram o mesmo Deus, os mesmos mandamentos, doutrinas,
princípios e ordenanças . Há uma evidência 'surpreendente na
veracidade do Livro de Mórmon . Como puderam dois povos que
viveram em diferentes continentes, sem nenhum contacto um
com o outro, ensinar e entender os mesmos princípios? A resposta
é clara — receberam essas coisas por revelação do mesmo Deus.
Sem dúvida alguma referindo-se aos nefitas, Isaías profeti-
zou : "Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua
fala desde o pó sairá fraca, e será a tua voz debaixo da terra,
como a dum feiticeiro, e a tua fala assobiará desde o pó ." (Isaías
29 :4) .
O Livro de Mórmon foi realmente o precursor da Igreja.
Preparou o caminho para a Igreja mais ou menos da mesma

PRINCÍPIOS OPERANTES DA) IGREJA RESTAURADA 201

forma que João Batista preparou o caminho para a vinda de


Cristo, convertendo aos princípios do evangelho homens e mu-
lheres . Lembremo-nos que ao traduzir o Livro de Mórmon, Joseph
Smith e Oliver Cowdery se inteiraram do batismo, receberam o
sacerdócio e se batizaram . Houve outros que se converteram e
se batizaram antes que a Igreja fôsse organizada . Foi assim que
o Livro de Mórmon veio a ser o que o finado irmão B . H . Roberts
disse : "Uma nova testemunha de Deus ."
Não existem contradições ou desacôrdos entre a Bíblia e o
Livro de Mórmon . Ambas são histórias do mesmo povo, os israeli-
tas ; porém, tratam de grupos diferentes dêsse povo . São real-
mente dois tornos da mesma história.
Em vários lugares o relato dos dois livros narra os mesmos
acontecimentos . Ambos falam da Tôrre de Babel, do cativeiro
de Cristo . O Salvador visitou pessoalmente ambos os povos —
o da Palestina e o das Américas . Em tôdas estas referências
encontramos perfeita harmonia . Nem Joseph Smith nem outro
homem poderia haver escrito o Livro de Mórmon e fazè-lo con-
cordar com a Bíblia em todo o sentido, quando ao fazer referên-
cia aos mesmos acontecimentos . Num ou noutro lugar teriam
aparecido erros . O Livro de Mórmon vem sendo publicado por
mais de 125 anos e, embora se tenha procurado diligentemente
achar erros no mesmo, até esta data não foi descoberto um só.
Como, pois, podemos explicar o aparecimento do Livro de
Mórmon? Não há outra explicação a não ser o que o profeta
Joseph Smith e o próprio livro clamam : que foi escrito por his-
toriadores antigos, em placas de ouro, entregues por Moroni
Joseph Smith, que o traduziu através do dom e poder de Deus.
O Livro de Mórmon é inteiramente verdadeiro . É um dos tribu-
tários principais de nossa fonte de testemunho.

CERTOS PERSONAGENS PRINCIPAIS DO LIVRO DE MJóRMON


Alguns personagens da Bíblia serviram de exemplo a todo o
mundo . Chegaram a simbolizar certos princípios e virtudes.
Por exemplo, Noé, fé e coragem ; Abraão, fé e obediência ; Jacó,
fé e trabalho ; José, fé, virtude e habilidade e Moisés, mansidão
e perseverança . Há muitos outros no Velho Testamento que são
importantes, e os personagens do Novo Testamento são os mais
destacados do mundo, sendo Jesus o maior de todos.
O Livro de Mórmon não fica muito atrás da Bíblia em sua
lista de pessoas notáveis . O irmão de Jared conversou com o
Senhor . Lehi foi tão importante como os demais profetas de

202 PRINCÍPIO:S OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

seu tempo : Nefi foi semelhante a José, além de ser seu descen-
(lente . Três dos maiores líderes jamais produzidos pelo mundo
dos iudeus das dez tribos perdidas e do nascimento e crucificação
foram José, o que foi vendido no Egito, Nefi e Joseph Smith, um
grande profeta moderno . Na lista dos personagens importantes
do Livro de Mórmon podemos incluir os dois reais Mosiah, o rei
Bènjamim, Alma pai e Alma filho e muitos outros.
UMA PROVIA
Moroni, o último historiador e profeta que entregou as placas
de ouro a Joseph Smith, deixou escrita uma fórmula cientifica :
"E, quando receberdes estas coisas, peço-vos que pergunteis
a Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas são
verdadeiras ; e, se perguntardes com um coração sincero e com
boa intenção, tendo fé em Cristo, êle vos manifestará a verdade
delas pelo poder do Espírito Santo . E pelo poder do Espírito
Santo podeis saber a verdade de tôdas as coisas ." (Moroni 10 :4,5).
O jovem que fazia a tal experiência no laboratório, a quem
nos referimos numa de nossas recentes lições, era uma pessoa
sincera, que desejava saber a verdade . Leu cuidadosamente as
instruções e seguiu-as passo a passo . Tinha fé nas instruções
dadas, porque outros as haviam provado e haviam conseguido
êxito . De forma que obteve os resultados desejados e prometidos.
O laboratório espiritual tem seus requisitos precisos . Segun-
do Moroni, são : 4 — Ler o livro cuidadosamente . 2 — Ter fé
em Deus, e em outros que tenham feito a prova, bem como em
nossa própria habilidade de conseguir êxito . 3 — Desejar o
conhecimento . 4 --- Pedir a Deus que nos manifeste sua vera-
cidade . 5 — O resultado : de alguma forma, Deus nos manifestará
a verdade.
Desejamos saber a verdade? Aqui temos passo por passo a
forma com que podemos adquirir um testemunho perfeito.
Porém, se deixarmos de obedecer uma só condição, de forma
alguma obteremos os resultados . Milhares e milhares de pessoas
têm feito a experiência, cumprindo cada uni dos requisitos, vindo
assim a descobrir a verdade . Saber que o Livro de Mórmon é
verdadeiro constitue um dos maiores testemunhos da divindade
do evangelho restaurado . O que nos impede de fazer uma prova
completa?
CONHECEREIS A VERDADE
A maior parte da evidência à qual nos referimos . até èste

PR'INC1PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 203

ponto foi de uma natureza externa . Devemos saber algo sôbre


Deus e o evangelho para podermos ter fé neles . Durante a re-
cente guerra mundial ouvimos falar de muitos lugares que jamais
pensamos existir : Ouvimos falar de batalhas àa sua volta ; do povo
que lá vive e das condições sob as quais viveram e vivem ainda..
De certa forma viemos a conhecê-los ; nossos corações se condoiam
com seus sofrimentos . Não foram os informes que recebemos
dêles o mais importante, mas sim como nos sentimos em relação
àquelas pessoas, e o que estávamos dispostos a fazer para aliviar
suas aflições.
Jesus disse : "E conhecereis a verdade e a verdade vos liber-
tará ." Também disse : "Se alguém quiser fazer a vontade dêle
(do Pai), conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou
se eu falo por mim mesmo ." (João 8 :32; 7 :17).
Os requisitos finais de um testemunho forte e completo são
as obras e o trabalho . Não basta desejar saber . 0 desejo e a .
oração não são em si suficientes . Devemos cumprir com a von-
tade do Pai antes que possamos esperar que nos manifeste a
verdade completa.
Estas parecem ser as condições requeridas pela fórmula que
fará com que ganhemos um testemunho tão vivo que poderemos
dizer : Eu sei que Deus vive e que o evangelho é verdadeiro.
Devemos desejar, ter fé, orar e fazer as obras . Se deixamos de
lado qualquer destas condições, perdemos essa grande bênção.
PROVAS MISSIONÁRIAS
Quase sem exceção, ao voltar para sua casa todo missionário
diz : — A missão foi a mais maravilhosa e importante experiência
de minha vida . Sei que o evangelho é verdadeiro e que Joseph
Smith foi um profeta verdadeiro do Senhor.
Estas não são palavras vãs . Durante dois ou mais anos o
missionário cumpre todos os requisitos de um testemunho com-
pleto . Tem o desejo, lê, ora e trabalha . Em todo o sentido pro-
cura cumprir com a vontade do Pai . Os resultados são sempre
iguais - obtêm um testemunho.
A isso se deve que seja para nós tão clara a palavra de
Jesus : "Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e
tôdas estas coisas vos serão acrescentadas ." (Mateus 6 :33).

DISCUSSÃO .

1. O que é o Livro de Mórmon?


2. Quem o escreveu?

204 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

3. Como o conseguimos?
4. Em que sentido é semelhante à Bíblia?
5. A Bíblia e o Livro de Mórmon concordam em, que pontos?
6. Porque o Livro de Mórmon é uma evidência da Bíblia e
da divindade do trabalho de Joseph Smith?
7. Moroni nos diz que devemos pôr à prova a veracidade do
Livro de Mórmon . Como?
Lição XLIII
ORAÇÃO

Carlinhos havia sido plenamente admoestado a não subir


numa pereira . Não restava mais que uma bela pêra num dos
ramos . Não podendo alcançá-la com um pau, não teve senão
um recurso : subiu à árvore para colhê-la . Porém, resvalou e
felizmente engatou o pé num ramo, de forma que, em vez de cair
ao solo, ficou suspenso no ar com a cabeça para baixo . Ao ouvir
seus gritos sua mãe e irmãs correram a ajudá-lo . Não houvessem
seus gritos sido ouvidos e êle teria tido uma forte queda.
O mesmo acontece em nossas vidas . Não podemos percor-
rê-la sòzinhos ; necessitamos de ajuda . Não importa o que faça-
mos, muitas vêzes nossos desejos, esperanças e ideais acham-se
fora de nosso alcance . Temos necessidade dos conselhos daqueles
que têm mais experiência . Nossos pais e amigos freqüentemente
vêm em nosso socorro . Mesmo quando sabemos o que fazer e
nossos amigos nos ajudam, ainda assim freqüentemente precisa-
mos de bastante fôrça pessoal . Se é que vamos receber ajuda,
esta terá que vir de fontes sôbre-humanas . Em tais ocasiões
sòmente Deus nos pode proporcionar a fôrça adicional para que
saiamos triunfantes.
"Não faço o bem que prefiro — declarou Paulo — mas o
mal que não quero, êsse faço ." (Romanos 7 :19) e Salomão acon-
selhou : "Dá instrução ao sábio, e êle se fará mais sábio : ensina
ao justo, e êle crescerá em entendimento ." (Prov . 9 :9) . "Não
havendo sábia direção, o povo cal ; mas na multidão de conse-
lheiros há segurança . " (Ibid . 11 :14).

O QUE É A ORAÇÃO
A oração é a aproximação a nosso Pai Celestial . É nossa
comunicação com o céu . Não é uma questão de palavras, não é
dizer ou repetir orações decoradas . É o desejo sincero dá alma,
a expressão do coração.
E' a chave que abre a porta do cofre que contém os desejos
do coração . -É a janela que recebe e reflete a luz do interior .

206 PRINCfPIOS OPERANTES . DA IGREJA RESTAURADA

É a linguagem satisfatória da alma que sai dos lábios de ambos,


ricos e pobres . É a maneira mais atrativa e sincera de suplicar,
jamais conhecida pelo homem . A oração é a influência mais:
consoladora que contêm as Escrituras.
"A oração é para o homem o que o sol é para a terra ; o que
as estrêlas e a lua são para a noite ; o que as refulgentes gotas
de orvalho são para a rosa ." (J . Weeley Dickson) .
Sir Isaac Newton disse : "Com meu telescópio posso explorar
imensas distâncias no universo ; porém, posso deixá-lo de lado,
entrar em meu quarto, fechar a porta, pôr-me de joelhos, entre-
gar-me à oração e ver mais do céu e aproximar-me mais de Deus
-do que com a ajuda de todos os telescópios e ajudas materiais do
mundo ."
Lord Kelvin, indubitàvelmente um dos maiores cientistas do
século XIX, expressou-se desta forma : "Todo o descobrimento
por mim feito, que tenha contribuido para o benefício do homem,
êle (Deus) o inspirou, em resposta às minhas orações ."
S . B . Morse, o inventor do telégrafo, manifestou o seguinte:
"Em mais de uma ocasião, enquanto me dedicava às minhas
experiências em meu laboratório, cheguei a certo ponto com a
impressão que não poderia seguir avante . Apresentavam-se obs-
táculos que eu considerava inconquistáveis. Uma nuvem mental
ofuscava meu cérebro e não podia desfazer-me dela . Quando isto
acontecia, eu cerrava minhas portas, ajoelhava-me e pedia luz
e ajuda . E, invariàvelmente, recebia luz e ajuda ."
"A oração é uma fonte de fôrça . Todos os grandes homens
foram homens devotos . Coisa alguma de valor permanente foi
-efetuada, a não ser pela oração . Se a oração fôsse um privilégio
do qual sòmente desfrutassem alguns, como o presidente do ramo
ou da missão, com quanto fervor não desejaríamos êsse privi-
légio ; porém, deseja-se que todos os homens orem . Se uma pessoa
cultiva o hábito de orar e durante sua vida conserva suas práticas
religiosas, não lhe será fácil afastar-se muito da retidão . O in-
divíduo que ora raramente defrauda seus semelhantes . Não pode
orar sinceramente e, ao mesmo tempo, ser culpado de não por-
tar-se como um cristão ." (Lane W. Adams) .
O irmão John A . Widtsoe disse : "A oração inclue um ato
e um principio essenciais à felicidade . É o meio mais direto de
aproximar-se a Deus, de solicitar ou obter comunicação . Da
oração nascem muitas das mais belas experiências da vida:
O homem não sente necessidade maior que a de sentir-se em
harmonia com o mundo espiritual ."
E o presidente Joseph F. Smith : "A oração não consiste
:sòmente de palavras . A oração verdadeira, fiel e sincera consiste
20T
PffbINC&PTOSS OPERANTES IAA' IGRIEJA RESTAURADA

muito mais do sentimento que nasce do coração e do desejo inte-


rior de nossos espíritos de suplicar ao Senhor em humildade e fé
que venhamos a receber suas bênçãos ."
Os Santos dos últimos Dias crêem que a constituição dos
Estados Unidos foi divinamente inspirada para a proteção e li-
herdade de todos os homens . "E com êsse propósito — declarou
o Senhor — estabeleci, pelas mãos de homens sábios que ergui
para êsse mesmo fim, asconstituição desta terra, e redimi a terra
pelo derramamento de sangue ." (D . & C . 101 :77-80).
A constituição não foi formulada sem a ajuda da oração.
Durante cinco longas e afanosas semanas a convenção lutou com
o problema . Pouco havia sido efetuado ao fim dêsse tempo.
No último dia da quinta semana Benjamim Flanklin se pôs em'
pé e, dirigindo-se a Jorge Washington e ao resto da convenção,
disse :
"Sr . Presidente, o limitado progresso que logramos depois
de quatro ou cinco semanas de observações, e discussões, resul-
tantes de opiniões diferentes em quase todos os pontos, parece-me
uma prova lamentável da imperfeição do entendimento humano.
Em verdade, nós mesmos sentimos nossa falta de sabedoria po-
lítica, já que a temos procurado infrutiferamente . Temos con-
siderado a história antiga, a fim de estudar suas formas de go-
vêrno ; temos examinado os diferentes sistemas dessas repúblicas
que, formadas originalmente com a semente de sua própria dis-
solução, deixaram de existir; finalmente, temos observado os
paises modernos da Europa, mas vemos que nenhuma de suas
constituições se ajustam às nossas circunstâncias.
"Em vista da situação desta assembléia e já que andamos
palpando, por assim dizer, na obscuridade, procurando a verdade
política e dificilmente reconhecendo-a quando se nos apresenta,
:como se explica, senhores, que até agora não nos ocorresse suplicar
humildemente ao Pai que ilumine nossos entendimentos?
"Senhores, tenho vivido muitos anos ; e, quanto mais vivo,
mais vejo provas convincentes desta verdade : que Deus governa
'os assuntos do homem . E, se um pássaro não cai ao solo sem
que êle o veja, é igualmente provável que não se possa levantar
um império sem sua ajuda . As Sagradas Escrituras nos assegu-
ram que se Jeová não edificar a casa, em vão trabalham os que
-a edificam . Creio firmemente que assim é, e também creio que
sem sua ajuda prosperaremos tanto em nossa estrutura política
quanto os construtores da tôrre de Babel . Seremos divididos por
nossos pequenos interêsses pessoais e locais, veremos nossos pro-
jetos confundidos e viremos nós mesmos a ser um escárnio , e

208 PRINCfPIOS OPERANPE'S DA IGREJA RESTAURADA

fábula às gerações futuras . E, o que é ainda pior, devido a esta


ocorrência lamentável, o gênero humano, no futuro, perderá tôda
a esperança de estabelecer um govêrno por meio da sabedoria
humana, deixando-o entregue à sua sorte, à guerra ou conquista.
"Portanto, tomo a liberdade de propor que de agora em
diante façamos orações nesta assembléia, a fim de pedir a ajuda
do céu e suas bênçãos em tôdas as nossas discussões . Isto deverá
ser feito tôdas as manhãs, antes de iniciarmos nossas deliberações,
por um dos ministros desta cidade ."
Desse dia em diante a convenção progrediu ràpidamente e
o resultado final foi o maior documento político jamais escrito
pela mão do homem . Com razão os Santos dos últimos Dias
dizem que foi inspirado por Deus.
Um estudante mórmon escutava um pregador numa praça
pública da Inglaterra . Depois do sermão o estudante perguntou
a uma senhora que estava junto a si : Qual sua idéia de Deus?
Em que classe de Deus a senhora crê?
— Não sei — respondeu ela — não sei qual rsua aparência
nem a côr de seu cabelo . Nem mesmo sei se tem cabelo ou não,
porque jamais o vi . Porém, isto sei : Que há um Deus e que
algumas vêzes o senti muito próximo de mim . Sou artista e amo
meu trabalho . Houve um tempo em que principiei a perder a
vista . Consultei vários doutôres, os quais me asseguraram que
com o tempo viria a ficar completamente cega . Nada podiam
fazer . Tanto me afligi que me sobrevieram outras complicações
e por algum tempo parecia que não só perderia a vista, mas
também a vida.
— Em meu desespero apresentei minhas dificuldades ao
Senhor, em humilde oração . Desejava viver e continuar minha
obra . Comuniquei-me com o Senhor e roguei que me desse alivio,
se em sua sabedoria e prudência êle julgasse ser essa sua von-
tade . Como você pode ver, aqui estou eu, em boa condição física
e com meus olhos em perfeito estado . Sim, jovem, há um Deus.
Não podemos vê-lo, nem podemos dizer como é, porém, existe
um Deus cujo espírito e presença podem ser sentidos se a êle
nos achegamos devidamente.
Todos, não importa qual sua nacionalidade, crença ou côr,
podem obter um testemunho de que Deus vive, da mesma forma
que a senhora de quem acabamos de falar . Se ela acrescentasse
a êle o conhecimento de que o evangelho foi verdadeiramente
restaurado na . terra, seu testemunho estaria completo . Jovens da
Igreja de Cristo, é . êste o vosso grande privilégio e oportunidade :

P,R!LNCEP1O8 OPERANTES DA IGRdEJA RESTAURADA 209

Fazer a vontade do Pai, a fim de que venhais a saber se a


doutrina é de Deus.
DISCUSSÃO
1. Das várias definições de oração, apresentadas na lição, qual
a melhor? Porque?
2. Qual a crença dos Santos dos últimos Dias concernentes à
Constituição dos Estados Unidos?
3. Como foi introduzida a oração no desenvolvimento da Cons-
tituição?
4. Citem-se exemplos de respostas à oração, sejam êles pessoais
ou alheios.
5. mente um povo ou grupo particular é privilegiado com
resposta às suas orações?
Lição XLIV
ORAÇÃO E TESTEMUNHO

Na lição anterior dissemos algo sôbre a importância e valor


da oração . Apesar do fato de conhecermos qual é o valor da
oração em nossas vidas, quão poucos são em verdade os que
realmente têm o costume de orar . Sòmente quando a desgraça
nos castiga, quando somos dominados pela tristeza, nos lembra-
mos de Deus.
Sim, mesmo em tempo de aflição o Senhor pode escutar
nosso chamado, apesar de nossa negligência em dias passados;
porém, temos melhor oportunidade se nossos espíritos estão sin-
tonizados com o seu, por meio da oração diária e constante.
"Orai para que não caiais em tentação", disse Jesus.
O servo de Abraão foi enviado à procura de uma espôsa
para Isaac . Viu as jovens que chegavam ao poço . Tinha que eleger
uma delas e não sabia o que fazer. Deus é o único a conhecer
o coração de uma jovem ; era o único que poderia ajudar.
O servo implorou a ajuda do Senhor em oração e, em resposta,
Rebeca foi a eleita . Diz a Escritura que quando o servo viu que
sua oração havia sido respondida, "inclinou-se e adorou a Jeová ."
O espírito da oração é o espírito de adoração.
Aqui temos outro exemplo . Os filhos de Israel sofriam sob
o domínio egípcio . Seus sofrimentos eram mais do que podiam
agüentar . Choraram, gemeram e suplicaram ao Senhor, pedin-
do-lhe que os ajudasse . Êle ouviu seus lamentos ; assim, Moisés,
distante dali, ao pé do monte Sinai, recebeu a resposta que veio
do meio da sarça ardente . Não sabemos detalhadamente como
foi que isto aconteceu . Alguém comparou a oração ao sistema
da radiotelefonia . Pode ser semelhante, mas claro está que Deus
não tem necessidade de instrumentos para escutar e responder
nossas orações . Algum dia compreenderemos completamente,
porém, enquanto isso, nossos rádios espirituais devem funcionar
por meio da fé .

PRINC1PIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA tir

OUTROS EXEMPLOS DE ORAÇÕES RESPONDIDAS


O rei Ezequias caiu enfêrmo em Jerusalém . O profeta Isolas
foi enviado a êle para dizer-lhe : "Ordena a tua casa, porque
morrerás, e não viverás ." Ao sair o profeta, Ezequias "virou
o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo : Ah! Senhort
Sê servido de te lembrar de que andei diante de ti em verdade,
e com o coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos.
E chorou Ezequias muitíssimo . Sucedeu pois que, não havendo
Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a êle a palavra do
Senhor, dizendo : Volta, e dize a Ezequias, chefe do meu povo
Assim diz o Senhor Deus de teu pai Davi : Ouvi a tua oração,
e vi as tuas lágrimas; eis que eu te sararei ; ao terceiro dia subi-
rás à casa do Senhor . E acrescentarei aos teus dias quinze anos ."
A vida reta que levou Ezequias lhe deu confiança nos dias de
angústia . (II Reis 20) .
Jacó era um homem humilde e bom . Nesta ocasião que va-
mos relatar achava-se em grande perigo . Seu irmão Esaú havia
dito que haveria de matá-lo e agora vinha ao seu encontro com
quatrocentos homens . Que podia Jacó fazer? Não podia defen-
der-se contra quatrocentos soldados . Porém, podia orar, e isto
foi o que disse : "Deus de meu pai Abraão . . . livra-me, peço-te,
da mão de meu irmão, da mão de Esaú : porque o temo, que
porventura não venha, e me fira, e a mãe com os filhos ." (Gên 32).
Porém, Jacó não se conformou com orar ; fêz tudo o que
pôde para ajudar o Senhor a responder sua súplica. Enviou
muitos animais em diferentes manadas como presente a seu
irmão . No dia seguinte Esaú chegou, mas seu coração havia-se
abrandado . Os irmãos se encontraram como amigos.
Salomão, o filho de Davi, era bem jovem quando principiou
a reinar no lugar de seu pai . Pareceu-lhe impossível governar
tão grande nação . Sòmente o Senhor podia ajudá-lo, portanto,
suplicou-lhe em oração : "6 Senhor meu Deus, tu fizeste reinar
a teu servo em lugar de Davi meu pai : e sou ainda menino pe-
queno ; nem sei como sair, nem como entrar . . . A teu servo pois
dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que
prudentemente discirna entre o bem e o mal : porque quem po-
deria julgar a êste teu tão grande povo?" Salomão veio a ser
um dos maiores, mais sábios e prudentes reis de tôda a história.
(I Reis 3) .
A avôzinha de Estela a havia presenteado com um belo anel
no dia de seu aniversário . Certo dia, quando brincava na areíá
com outras crianças, ela o perdeu . Quando viu o que havia acoute-

212'' PRINcIPIOS OPERANTES» DA IGREJA RESTAURADA

eido, começou a procurá-lo, ajudada por seus amiguinhos ; porém,


procuraram e procuraram e não puderam achá-lo . Quando o sol
já estava para esconder-se no horizonte, seus amiguinhos foram
para suas casas, mas Estela não quis ir sem seu anel . Era tudo
o que lhe restava de sua avòzinha . Sentou-se na areia e chorou.
Logo lhe veio à mente um pensamento ; pôs-se de joelhos sôbre
a areia e, fechando os olhos, disse : Bom Senhor, ajuda-me a
encontrar meu anel . O sol já se punha . Ao abrir os olhos, per-
cebeu um pequeno reflexo : era seu anel . Muitos dirão que foi
casualidade, porém Estela, agora já bem entrada em anos, ainda
sustém que Deus escutou e respondeu sua oração simples de
criança . Essa convicção foi-lhe de grande e benéfica influência
em sua vida.
Quando Joseph Smith era ainda muito jovem, também viu-se
confuso, desconcertado e sem saber o que fazer . Não havia um
só ser humano .que pudesse ajudá-lo a solver seu problema : Qual
de tôdas as igrejas existentes é a verdadeira? Seus pais, irmãos
e irmãs e mesmo os ministros lhe haviam dado respostas dife-
rentes . Deus era o único que poderia ajudá-lo . Orou fervorosa-
mente e uma das maiores visões de tôda a história religiosa foi
a resposta a sua oração.
Muitos anos depois, quando se achava na prisão em Liberty
e enquanto os membros . da Igreja eram atrozmente perseguidos,
novamente buscou a . ajuda do Senhor . "Ó Deus, onde estás?
e onde está o pavilhão que cobre o teu esconderijo? Por quanto
tempo reterás a tua mão, e o teu ôlho, . sim o teu ôlho puro,
contemplará dos eternos céus as ofensas contra o teu povo e teus
servos, e aguentará teu ouvido os seus gemidos? . . . Lembra-te
dos teus santos que sofrem, ó nosso Deus ; e os teus servos se
regozijarão para sempre em teu nome ."
A resposta que recebeu, diretamente de Deus, foi "Meu filho,
paz seja com a tua alma ; a tua adversidade e as tuas . aflições
serão de duração. momentânea . E então, se as suportares bem,
no alto . Deus te exaltará ;.. tu triunfarás sôbre todos os teus adver-
sários ." (D . & C . 121 :2,6-7) .
Paulo, o apóstolo, e Silas, seu companheiro no ministério,
achavam-se no cárcere em, Filipos . Seguindo as instruções que
lhe haviam sido dadas, o carcereiro "levou-os para o cárcere
interior e lhes prendeu os pés no tronco . Por volta da meia-noite,
Paulo: e Silas oravam e cantavam louvores a Deus . . . de repente
sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão;
abriram-se tôdas as portas ; soltaram-se as : cadeias de todos .".

PRINCBPIOS OPERANTES DA+ :IGR(EJA RESTAURADA 213

Deus escutou suas orações e foram livrados do cárcere . (Atos


16 :24-26).
Bem podemos dizer o que João escreveu ao relatar os dizeres
e feitos de Jesus : "Se fôssem descritas as ocasiões em que Deus
respondeu as orações, nem mesmo no . mundo caberiam os livros
que haveriam de ser escritos ."

DISCUSSÃO
1. O que tem a pureza a ver com as respostas às orações?
2. Qual a relação entre a fé e a oração? Se fôr possível, faça
ilustrações.
3. Mostre-se, através da experiência passada pelos servos de
Abraão, que o espírito de oração e adoração são o mesmo.
4. Explicar definidamente como é possível que tôdas as orações
feitas ao mesmo tempo em todo o mundo recebam atenção
ao mesmo tempo . Use-se rádio ou telefone como ilustração.
5. Dos exemplos de resposta a orações, dados na lição, qual o
que melhor ilustra o seu valor . Por que?
Lição XLV

RESPONSABILIDADE

Sôbre Jesus foi dito : "Embora sendo Filho, aprendeu a obe-


diência pelas coisas que sofreu ." (Hebreus 5 :8) . Da mesma for-
ma que Jesus, nós também temos que fazer frente aos problemas-
de nossas próprias vidas e resolvê-los de acôrdo com nossa von-
tade particular . Se nos associássemos apenas com pessoas boas,
nos rodeássemos de influências inspiradoras e nos víssemos livres
de tentações, pouco motivo teríamos para preocupação . Porém,
essa condição não é inteiramente boa ; nós nos tornamos mais-
fortes ao defrontar e dominar a adversidade e a maldade.
Se, jovens ainda, resolvêssemos que em nossa luta com a-
vida não haveríamos de dizer nada ,que não fôsse verdade ; que
cumpriríamos ao pé da letra tôdas as promessas ; que nos desin-
cubiríamos de todos os nossos compromissos com a mais estrita ,
pontualidade . . . se considerássemos nossa reputação um tesouro
inestimável ; se sentíssemos que os olhos do mundo estão sôbre
nós e que não devemos desviar-nos de forma alguma da justiça
e da verdade, se tomássemos tal decisão desde jovens, viríamos
a ganhar a confiança ilimitada do gênero humano.

O TRIGO E O JOIO

Em todo campo cresce trigo e joio, o bom . e o mau . Assim


foi desde o princípio e assim deve ser na vida mortal . Adão,
e Eva bem pouco puderam progredir enquanto não tiveram diante
de si as duas fôrças contrárias.
"O reino dos céus — declarou Jesus — é semelhante a um
homem que semeou boa semente no seu campo ; mas, enquanto
os homens dormiam, veio o inimigo dêle, semeou o joio no meio
do trigo, e retirou-se . E, quando a erva cresceu e produziu fruto,
apareceu também o joio . Então, vindo os servos do dono da
casa, lhe disseram : Senhor, não semeaste boa semente no teu
campo? Donde vem, pois, o joio? Me, porém, lhes respondeu:
Um inimigo fêz isso . Mas os servos lhe perguntaram : Queres

PRINCIPIO :3 OPERANTES DA IGRIEJA RESTAURADA 215

que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou êle, para que,


ao separar o joio, não arranqueis também com êle o trigo . Dei-
xai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita,
direi aos ceifeiros : Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes
para ser queimado ; mas o trigo, recolhei-o no meu -celeiro ."
(Mateus 13 :24-30) .
É isto o que tem acontecido em tôdas as gerações . Entre
a posteridade de Adão o joio cresceu tão ràpidamente que afogou
o trigo. A maldade se estendeu, até que finalmente veio o dilúvio
e tirou-a da terra . Em seguida veio Abraão e escolheu uma vida
reta . Porém, a iniqüidade tomou vulto entre seus filhos, até que
foram ou destruidos ou espalhados entre tôdas as nações do
mundo . Depois veio Jesus, que não semeou mais que a boa se-
mente . Jamais abrigou em seu coração maus pensamentos, nem
falou palavras más ; depois de sua morte homens bons conti-
nuaram a obra.
Porém, o inimigo veio e semeou joio no campo que Jesus
havia cultivado . O mal afogou o bem e se perdeu o sacerdócio.
Agora toca a nós ver que de novo seja semeada a boa semente,
o evangelho verdadeiro, na terra.
Porém, o inimigo ainda está semeando o joio, multiplicando
as tentações e maldades em todos os países . Nosso é o privilégio,
a responsabilidade de apoiar e suster os padrões dos Santos dos
últimos Dias : são os mais elevados e os melhores em todo o
mundo.
O CARÁTER
Alguém disse :
"Se perdemos as riquezas, nada perdemos;
Se perdemos a saúde, algo perdemos;
Se perdemos o caráter, tudo perdemos."
O caráter de uma pessoa é de mais valor que tôdas as riquezas,
superior a todo e qualquer titulo, maior que qualquer carreira.
"Não temais ao que mata o corpo, mas que não pode matar a
alma : temei antes àquele que pode destruir a alma e o corpo ."
Um banqueiro foi à falência e, voltando a seu lar certa noite,
disse à sua espôsa : "Querida, estou perdido ; tudo o que temos
será vendido em leilão ." "Você será vendido? — perguntou ela.
"Oh, não." "Eu serei vendida?" "Oh, não ." "As crianças serão
vendidas?" "Oh, não." "Então não diga que perdemos tudo . Tudo
o que é de real valor permanece conosco ."

216 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Tudo está a nosso alcance se principiamos hoje ; amanhã tal-


vez seja demasiado tarde . "A senda que conduz ao pé da monta-
nha também nos leva ao cume ." Se não nos esforçamos podemos
deixar-nos levar pela corrente, porém, temos que trabalhar bas -
tante para viajar rio acima.
José, o filho de Jacó, herdou a primogenitura, mas não herdou
reputação, destreza ou sucesso ; teve que trabalhar por essas coisas.
Êle entrou na "Universidade do Egito" aos dezessete anos de idade.
Teve que trabalhar muito ; estudou os povos, idiomas, matemáti-
ca, comércio e pôs em ação diàriamente o que aprendeu . Ascendeu
ano após ano, até graduar-se . Jeová estava com êle e prosperou.
Aos trinta anos de idade tornou-se primeiro ministro do Egito,
certamente bastante jovem para tão grande responsabilidade . Não
foi por casualidade nem por sorte que foi de tal forma honrado.
Foi em conseqüência de sua coragem, perseverança, fé e muito
trabalho. Tôdas estas virtudes em conjunto constituem o caráter.
Alguém disse que as pessoas de caráter débil esperam que
a oportunidade lhes chegue, enquanto que os fortes as produzem.
Seja qual fôr a forma em que o vejamos, as oportunidades que
José teve para chegar a ser um grande personagem foram su-
mamente pequenas . Comparadas com as que nós temos, foram
mínimas . Primeiramente foi um escravo, depois um prisioneiro.
Nós vivemos num país livre, em meio a amigos e boas escolas.
O homem que muda de caráter por dinheiro, que deixa sua
pureza pelo poder, que troca sua alma por prata e abandona Deus
por ouro, nunca consegue sucesso . O caráter é o único que per-
dura, a única coisa que poderemos levar conosco quando
sairmos dêste mundo . O universo está construido sôbre o caráter.
O finado irmão Melvin J . Ballard disse : "Povo algum na his-
tória do mundo tem, conservado padrões morais mais altos que os
Santos dos últimos Dias . Eu sou um dos que têm confiança na ju-
ventude atual,. confiança de .que ela conservará os padrões do
passado . . . ao mesmo tempo compreendo que juventude alguma,
em tempo algum, teve dificuldades mais sérias a resolver que a
desta geração ."
Elbert Russel escreveu : "Temos que viver come nossas . recor-
dações ; não podemos ser felizes se elas são detestáveis : Se dese-
jamos paz e tranqüilidade, devemos seguir os impulsos mais ele-
vados, lutando. contra os mais baixos ." Êle então relata um caso em
que, devido a certas circunstâncias de isolamento,. uma jovem
propôs. relações ilícitas a um rapaz . — Ninguém sabera— disse
ela. — Você o saberá — respondeu êle — e ,êsse conhecimento a
perseguirá. Não poderá ser feliz. outra vez; até que conte a seu
amado e então, êle jamais voltará a . ser feliz.

PIRL NCIPIOS OPERANTES DIA IGRIEJA RESTAURADA 217

Quão parecido é êste incidente àquele ocorrido com José no


Egito . Ele era escravo entre gente completamente estranha . Uma
mulher tentou-o . Era uma mulher que pertencia à nobreza — a
"segunda dama" de todo o país . Ela também talvez tenha dito:
Ninguém o saberá . 'Porém, José respondeu : "Como poderia eu
fazer êste grande mal e pecar contra Deus?"
Os padrões morais da Igreja Mórmon sempre foram claros e
jamais devem ser mudados . Tanto os homens como as mulheres
devem levar vidas limpas . O irmão Joseph Fielding Smith disse:
"Já que o reino de Deus está construído sôbre o fundamento do
matrimônio e da unidade do círculo familiar, não pode haver sa-
tisfação quando êste elo é desfeito . Não é de estranhar, pois, que o.
Senhor diga que a violação dêste convênio do matrimônio e a
perda da virtude seguem em gravidade ao pecado de derrama-
mento de sangue inocente."
"Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não-en-
trega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente . Este rece-
berá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação ."
Assim disse o rei Davi . (Salmos 24 :4,5).
E Jesus adicionou : "Bem-aventurados são os limpos de cora-
ção." "Minha fôrça --- escreveu Tennyson — é equivalente à fôrça
de dez, porque meu coração está limpo ." E Sêneca, o filósofo,
declarou : "A virtude nos eleva acima da esperança, do temor e
das casualidades."
"As mentes e olhos impuros são como o cristal manchado, não
refletem a luz pura do amor.

DISCUSSÃO

1. Quando principia a responsabilidade pessoal na vida?


2. Existe um tempo em que os pais já não são responsáveis?
3. Relatar e interpretar a parábola do trigo e do joio.
4. Quem são aquêles que estão capacitados a nos dar bons
conselhos?
5. Existe um tempo em que não necessitamos de ajuda e con-
selho? Explique-se.
Lição XLVI

O PAGAMENTO DE CONTAS

De Jeová é a terra e sua plenitude ; o mundo e os que nêle


habitam", escreveu o rei Davi em seus Salmos . A terra, bem
assim como o ar e a água, foi criada para que todos os filhos de
nosso Pai façam dêles uso gratuito . No entanto, há milhões que
não são donos nem mesmo de um metro de terreno.
Se o mundo estivesse em paz e suas riquezas fôssem igual-
mente repartidas, haveria o suficiente para prover alimento, ves-
tuário e abrigo para todos . Tôdas as pessoas deveriam ter pelo
menos o confôrto comum da vida, satisfação intelectual e recreio
físico . Mas não é assim . 0 dinheiro está altamente concentrado e
os bens da terra estão nas mãos de comparativamente poucos
homens.
Algum dia tudo será diferente. Os mansos herdarão a terra e
Deus elegeu os pobres dêste mundo, ricos em fé, para que sejam
os herdeiros do reino (Mateus 5 :5 ; Tiago 2 :5) . No entanto, Deus
não condenou as riquezas, nem a acumulação própria das mesmas.
"O amor do dinheiro — segundo Paulo — é a raiz de todos os
males" (I Tim . 6 :10) . No milênio todos nós repartiremos nossos
bens equitativamente, sob o sábio plano idealizado pelo Senhor.
Enquanto isso, recai sôbre nós o direito e responsabilidade de
prover as necessidades da vida àqueles que dependem de nós.
"Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de .
sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente"
(I Tim . 5 :8) .

O DINHEIRO E A IGREJA

Prover as necessidades temporais de cada lar é o maior pro-


blema da vida . De igual maneira, o dinheiro é um dos problemas
de tôda instituição pública ou privada . A igreja não ,é uma exce-
ção. São necessários fundos para que siga avante, assim como o
necessita qualquer outra organização.
Alguns dizem : Se a terra é do Senhor, que êle arranje os
219
PRINCLP1O OPERANTES DiA IGREJA RESTAURADA

:fundos para a obra de sua igreja . E' precisamente isto o que êle
está fazendo, e ainda mais, nós pertencemos a Deus . A êle deve-
mos tudo o que temos. É êle quem nos proporciona tôda as nossas
necessidades temporais ; apenas pede que devolvamos a décima
parte, um décimo, para ajudar a manter a grande obra que es-
tabeleceu.
Um indivíduo descontente disse recentemente : "Não pagarei
mais nem um centavo de dízimos . A Igreja é rica . Tem grandes
quantias invertidas em ações e bônus . Usa o dinheiro para manter
indivíduos que podem trabalhar para ganhar seu sustento ." Feliz-
mente não há muitas pessoas como esta . Podemos estar certos de
que êle pagou muito pouco em dízimos, se é que jamais pagou
algo. Os que pagam honestamente seus dízimos jamais se expres-
sam dessa maneira . Respondendo acusações como a anterior, o
presidente J. Ruben Clark disse:
"A Igreja depende quase que completamente das contribui-
ções voluntárias de seus membros para suas atividades e sustento;
não se emprega método algum para forçar o pagamento das con-
tribuições . . . que vêm sendo, em todo o sentido, ofertas totalmen-
te voluntárias . O indivíduo que não paga seus dízimos não é con-
siderados membro de primeira, mas nem por isso é excluido nem
se faz pouco do mesmo."
!O USO DOS DÍZIMOS
A maior parte de nós tem tanta fé e confiança nas autori-
dades de nossa Igreja que quase nem nos ocorre perguntar qual o
emprêgo dos dízimos . No entanto, sem entrar em muitos detalhes
e sem necessidade de recorrer aos informes anuais que se publi-
cam podemos desde logo ver onde vai tanto dinheiro.
Uma grande quantidade de obreiros são necessários para di-
Tigir os assuntos desta grande organização . A maior parte da
obra é efetuada gratuitamente, porém, ainda assim, há um nú-
mero considerável de pessoas que dedicam seu tempo completa-
mente ao serviço do Senhor . Suas famílias devem receber susten-
to . Referindo-se a seus apóstolos, os quais estavam fazendo a
mesma coisa, o Salvador disse : "O obreiro é digno de seu salário."
(Lucas 10 :1-20) . Éstes homens e mulheres merecem em todo o
sentido_ ajuda econômica da igreja, jamais equivalente ao que
poderiam receber através de seus trabalhos em outras posições.
Temos que construir e manter templos ; os presidentes das
missões devem ser sustentados ; pagam-se as passagens dos mis-
sionários ao voltar para suas casas ; a metade do custo, às vêzes

220 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

todo, de nossas casas de oração — tudo isto sai dos dízimos . Além
disso, colégios, institutos, seminários e hospitais são construídos.
Ajuda-se aos pobres e aos necessitados da Igreja . Há 'uma multi-
dão de coisas importantes para ; o êxito da obra, das quais muito
pouco ou nada sabemos . Podemos estar seguros disto : o dinheiro
que se paga como dízimo não é desperdiçado . Utiliza-se e empre-
ga-se cada centavo de maneira a melhor beneficiar a obra do
Senhor.

OS DfZIMOS NÃO SÃO UM REQUISITO MODERNO

Os dízimos são uma oferta completamente voluntária . Pode-


mos pagá-los ou não pagá-los, segundo nossa vontade . Se quere-
mos a bênção, temos que cumprir com a lei . E' igual para todos,
ricos ou pobres ; a décima parte é o que se requer . O rico paga
mais dinheiro mas não mais que um décimo . Quando Jesus viu que
uma viúva havia depositado uma 'quantidade sumamente pequena
na arca, disse aos que estavam com êle : "Em verdade vos digo
que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do 'que o fize-
ram todos os ofertantes ." (Marcos 12 :41-44) . Os outros haviam
dado de sua abundância ; a viúva, de sua pobreza.
O costume de pagar a décima parte não é de origem moderna.
Abraão pagou dízimos a Melquisedeque e mais tarde Jacó pagou a
décima parte de tudo o que tinha . Quando os israelitas voltaram a
Canaã, depois de haverem estado no Egito, foi-lhes imposto por lei
o pagamento de dízimos . Durante todo o período do Velho Testa-
mento esta lei esteve em vigor, muito embora a maior parte do
povo não a cumprisse . Malaquias, o último escritor do Velho
Testamento, disse :
"Roubará o homem a Deus? todavia vós me roubais, e dizeis:
Em que te roubamos? nos dízimos e nas ofertas alçadas . Com mal-
dição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, tôda a
nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e
não derramar sôbre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a
maior abstança ." (Malaquias 3 :8-10).
Nos dias do Salvador a lei ainda estava em vigor, porém, da
mesma forma que a lei que governa o dia do sábado, era comple -
tada por um número tão grande de regulamentos e regras orais
que perdeu-se o espírito da observância.
Em 1838 foi restituída a lei como parte da fase temporal do
evangelho, para o benefício dos :Santos dos últimos Dias. Esta lei

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA `221

pede a décima parte de nosso ganho anual . "E isto lhes será uma
lei perpétua, e para o meu santo sacerdócio, para sempre, diz o
Senhor." (D . ,& C . 119).

BENEFÍCIOS DO PAGAMENTO DOS DÍZIMOS


Somos todos humanos . A maioria de nós tem uma boa dose
de egoísmo misturado com os outros traços de nosso caráter . É
natural que queiramos saber que benefícios receberemos ao pagar-
mos o dízimo . 0 elemento pessoal sempre entra em todos os prin-
cípios do evangelho . Batizamo-nos para nossa própria salvação.
Se observamos a Palavra de Sabedoria, recebemos uma recom-
pensa pessoal. .Os missionários freqüentemente descobrem que os
benefícios que recebem de sua missão são maiores que os que
ofertam a outros.
Porém, tudo isto se trata também de uma obra abnegada;
nestas atividades geralmente estamos pensando mais em nosso
próximo do que em nós mesmos —o bem adicional que pode-
mos fazer . O galardão, conseqüentemente, nos vem naturalmente
— resulta do bem que fazemos a outros.
Malaquias disse : "Fazei prova de mim . . . se eu não vos abrir
as janelas do céu, e não derramar sôbre vós uma bênção tal, que
dela vos advenha a maior abastança ." Isto fêz com que muitos
acreditassem que se pagassem dízimos receberiam maiores rique-
zas em, troca . Há a probabilidade de que isso possa acontecer, po-
rém isso não constitue o grande valor da promessa de Malaquias.
As bênçãos que cairão sôbre nós das janelas do céu não são pre-
cisamente em forma de riquezas materiais . Jesus também disse:
"Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e tôdas estas
coisas vos serão acrescentadas ." (Mateus 6 :33).
Meditemos um pouco . Foi cumprida em nós a promessa de
Malaquias? Façamos uma lista das bênçãos que temos recebido
por sermos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos úl-
timos Dias. Recordemos que as bênçãos haveriam de ser tantas
que não teríamos onde pôlas.
Certamente é, portanto, um privilégio cooperar com a pe-
quena quantidade de um décimo de nosso ganho anual para aju-
dar a suprir os gastos desta tão grande obra que tem feito tanto
por nós. "Aquêle que paga seus dízimos não será queimado na
minha vinda", disse o Senhor .

.222 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

,,. :DISCUSSÃO

1. O que significa a palavra "dizimo"?


2. O dízimo nos ensina a sermos honestos e industriosos . Como?
3. Por que é o dizimo uma contribuição , justa e igual tanto para
ricos como para pobres?
4. Qual o uso do dízimo?
5. O que disse o presidente Clark a respeito dos gastos da Igreja?
~ . Sugira tantas bênçãos quantas puderem ser citadas, advindas
a nós por sermos membros da Igreja.
Lição XLVJI
O PAGAMENTO DE CONTAS
(continuação — II)

Na nossa lição anterior discutimos brevemente o princípio


dos dízimos . Se todos os membros da Igreja pagassem seus dí-
zimos completos, não haveria necessidade de outras formas de
contribuição ; porém, não o fazem . Muitos dêles clamam ser mem-
bros e esperam tôdas as bênçãos e vantagens de um pagador sin-
cero, mas não pagam nada ou pagam muito pouco . Assim é que
os dízimos da igreja não são suficientes para todos os requisitos.
Foi necessário que outras formas fôssem introduzidas.
Pede-se aos membros que jejuem uma vez por mês e entre-
guem à Igreja o valor do alimento que teriam tido nas duas re-
feições das quais se privaram . Êste fundo de ofertas é apartado
para socorrer os pobres e necessitados do ramo . No ano de 1938,
184 .000 membros fizeram contribuições desta espécie . O número
tem crescido mais e mais a cada ano.
Sôbre cada ramo descansa a responsabilidade de manter o
edifício no qual têm suas reuniões . As organizações auxiliares re-
colhem, cada qual, pequenos fundos para seus gastos particulares.
Ainda assim, em tempos de emergência ou crise a quantidade
reunida ,é insuficiente para cobrir todos os gastos . Durante a crise
que principiou em 1929, nos Estados Unidos, na qual milhares de
pessoas ficaram sem trabalho, mais de 40 .000 membros da Igreja
receberam ajuda parcial ou total das agências do governo.
A Igreja fêz frente a tal situação com tôda a coragem e anun-
ciou que faria tudo o que fôsse possível para ajudar sua gente,
dando-lhes trabalho e as coisas que necessitassem para sua sub-
sistência. Foi esta uma empresa enorme por parte da Igreja . Os
dízimos, ofertas e outros sistemas de recolhimento de fundos não
foram suficientes. Esta condição de emergência ocasionou o Pro-
grama de Bem-estar da Igreja, o qual será discutido mais tarde.
EMERGÊNCIAS PASSADAS
Crises econômicas e períodos de fome têm ocorrido de quando

224 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

em quando, desde o princípio da história do mundo . Possivel-


mente não temos conhecimento das muitas que terão ocorrido.
Nas Escrituras se fala de duas ou três, porém, não são muitos
os detalhes dados.
Enquanto esteve no jardim do Éden, nosso pai Adão desfru-
tou de tudo o que era necessário para sua comodidade física, mas
isso porque alguém proveu tais coisas . Deus plantou o jardim;
tudo o ,que Adão teve que fazer foi tomar conta do mesmo e comer
o que desejasse . Não teve que pagar aluguel, não teve gastos com
roupa ou comida ; recebeu tudo sem ter que pagar coisa alguma.
Tal situação não é favorável ao desenvolvimento moral, físico ou
espiritual.
Finalmente veio a queda . Adão perdeu seu posto de guardião
do jardim de Deus. Foi expulso e as portas lhe foram cerradas.
Porém, tanto êle como Eva com determinação resolveram os pro-
blemas causados por aquela emergência . Gostaríamos de saber
como o fizeram! É lamentável que nossa imaginação tenha que su-
prir os detalhes . Não sabemos mais que os resultados. Alcançaram
êxito . Aprenderam a fazer casas e roupa, a cultivar a terra e do-
mesticar animais . Foi assim que a emergência, a crise, tornou-se
uma bênção, porque êles batalharam contra os problemas e os
resolveram por si mesmos . Não havia ajuda do govêrno naqueles
dias.
Tôdas as coisas de valor vêm ao mundo a fim de satisfazer
certa necessidade precisa ; não vêm por casualidade, mas sim
através de esfôrço e luta . Sempre se faz referência à cidade de
Enoque como a cidade modêlo . Tinha uma forma de govêrno per-
feita e seus habitantes levavam igualmente uma vida perfeita . Não
havia ricos nem pobres, todos eram iguais . Não havia preguiço-
sos, bandidos e pecadores . Deus viveu entre êles e, antes que o
dilúvio eliminasse todos os iníquos o Senhor tomou para si a ci-
dade, tirando-a dêste mundo . Parece que o povo viveu no reino
de Deus sôbre a terra, precisamente como se vive no céu . Estamos
esperando pelo tempo em que esta cidade perfeita voltará e o sis-
tema perfeito, a Ordem de Enoque, será estabelecida como o go-
vêrno da terra . Virá, porque Deus assim nos disse, através de
seus profetas.
Neste caso, tampouco conhecemos todos os detalhes de como
se levou a cabo . Devem ter tido que resolver os problemas de uma
crise e outras situações que uma organização perfeita pede . Ti-
veram o evangelho na forma com que o temos hoje e êle certa-
mente influenciou suas vidas diárias . Talvez tivessem emergências
semelhantes às nossas, porque viveram no mundo quando o povo

PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 225

foi destruído no dilúvio . Quem pode dizer ou advinihar se êste


programa de bem-estar não nos preparará e desenvolverá de tal
forma que poderemos viver como o povo de Enoque? Ésse tempo
chegará, e êste bem pode ser o princípio.
Uma das mais interessantes experiências da Bíblia é a forma
com que José resolveu os problemas de uma crise econômica.
Embora muito jovem, havia tido experiência em manejar negó-
cios alheios . Como escravo havia sido completamente encarrega-
do dos bens de seu amo . Como prisioneiro teve a seu cargo o
cárcere . 0 Faraó não se equivocou ao nomeá-lo gerente e diretor
de todos os assuntos econômicos de seu reino . "Tudo o que era
feito, êle o fazia ."
O povo foi admoestado continuamente durante os sete anos
antecedentes . Durante êsses sete anos houve grande abundância.
Não havia falta de trabalho . Foi o tempo mais próspero da his-
tória do Egito . Aconselhou-se o povo a economizar, armazenar
e preparar-se para a escassez que certamente haveria de vir.
José deu-lhes o exemplo ; construiu grandes armazéns e armaze-
nou para a emergência futura todo o excedente do ,que o povo
produziu . Comprou-o com os fundos do govêrno . Finalizados os
sete anos de abundância, chegou a crise.
E' possível que alguns fossem prudentes e tivessem se prepa-
rado para a fome, porém, num curto tempo todos ficaram sem
alimentos . Não havia quem empregasse outros, porque não houve
colheitas, por causa das sêcas . Encontravam-se completamente
impotentes . O govêrno tinha bastante, mas o povo não tinha
nada, a não ser uma carestia terrível que havia de durar por
sete anos.
Quando o povo procurou a ajuda do govêrno, Faraó disse:
"Ide a José e fazei o que êle vos disser ." — Dá-nos pão — pedi-
ram a José . Porém, José não o deu ; vendeu-o.
Depois de terminado seu dinheiro, trocou o alimento por
gado . Terminado o gado, trocou-o por terras e, finalmente, o
povo acabou vendendo-se a si próprio a troco de pão . Não houve
condolência na administração de José . 0 povo pagou por tudo
o que recebeu . José aqui parece um tirano sem compaixão.
Havia comprado o povo e tudo o que êle tinha.
Porém vemos, a seguir, qual foi o seu objetivo . Reuniu o
povo em lugares centrais onde pudessem ser organizados e as-
sistidos . Deve ter designado a cada homem certa mordomia,
dando a cada um a quantia de terra que pudesse cultivar e, sem
dúvida, as sementes, ferramentas e animais que necessitasse para
o cultivo . Deve ter-lhes adiantado provisões, a fim de que prin-

226 PRINCIPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

cipiassem a trabalhar ; porém, em nenhum dêsses negócios re-


ceberam algo por nada : tiveram que pagar por tudo o que
receberam.
Por todos êsses favores êle cobrou para o Faraó apenas uma
quinta parte de tudo o que produziram . O povo, cheio de grati-
dão, assim se expressou : "A vida nos tens dado ; achemos graça
nos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó ." (Gên.
41 :32-57 ; 47 :13-26).
José resolveu os problemas da crise . Salvou a vida e o amar
próprio dos egípcios . Ninguém pereceu por causa da carestia e
ninguém recebeu algo sem que tivesse que pagar por êle de al-
guma forma . Até o fim êle estabeleceu uma espécie de sistema
cooperativo, no qual cada um se tornava o mordomo ou dono
de sua terra, sob a direção do govêrno, e retinha o que produzia
para o sustento de sua família, entregando ao rei ~ente uma
parte pequena que, sem dúvida, era necessária para os gastos
do governo.
0 rei Salomão teve uma experiência parecida . Os últimos
anos do reinado de seu pai Davi haviam sido anos de guerra,
interna e externa . É provável que o reino se achasse completa-
mente sem fundos . Salomão foi um organizador muito sábio.
Pôs o povo a trabalhar . Edificou o templo, seu palácio real,
armazéns e boas estradas por tôdas as partes do pais . Construiu
uma frota naval que enviou a países estrangeiros . Desenvolveu a
agricultura e a criação de animais domésticos . Durante sua vida
houve bem poucas contendas materiais ; o povo encontrava-se
demasiadamente ocupado para dedicar-se a isso . Seu sistema
econômico teve êxito, porém, mais tarde, quando se esqueceu
do Senhor, casou-se com muitas mulheres estrangeiras e estas
introduziram a idolatria no país, seu reino e povo sofreram, vindo,
mais tarde, a dividir-se.
Agora deixaremos transcorrer alguns séculos e passaremos
ao tempo posterior à morte de Cristo . A Igreja estava crescendo
com bastante rapidez . Pedro e os outros apóstolos estavam su-
mamente ocupados com a direção do ministério . A fim de se
aliviarem um pouco de seus muitos afazeres, adotaram o sistema
cooperativo de vida, sem dúvida alguma segundo o modela do
plano da cidade de Enoque . Faltam-nos detalhes do que fizeram,
mas a empresa finalmente falhou . Parece que todos os membros
entregavam seus bens mundanos a um fundo comum . Dêste
fundo se repartia a cada um segundo suas necessidades . Não
se menciona que buscaram trabalho para os membros, como nos
casos de José e Salomão . Sem esta provisão qualquer sistema
PRINCíPIOS OPERANTES DA' IGREJA RESTAURADA z27"

cooperativo de vida tem que fracassar . "O ocioso não comerá


o pão do trabalhador ."
O mesmo plano de cooperação foi posto à prova entre os
nefitas . Não sabemos como o efetuaram, nem quanto durou.
Da mesma forma que a experiência na Palestina, acabou fra-
cassando . A causa provável do fracasso em ambos os casos pode-
ter sido o egoísmo e a falta da devida organização.
Nos primeiros dias de nossa Igreja o plano foi novamente
posto em ação . Porém, fazia muito pouco tempo que o povo-,
havia se convertido ao evangelho ; faltava-lhes a experiência.
A verdadeira Ordem de Enoque exigia que se entregassem tôdas.
as riquezas pessoais ou individuais . Requeria que se eliminasse
completamente o egoísmo . Enfim, pedia que todos vivessem
de acôrdo com os mandamentos dados por Jesus:
"Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração e de tôda
tua alma e de tôda tua mente e de tôdas tuas forças ; êste é
o primeiro mandamento . E o segundo é semelhante a êle : Ama-
rás a teu próximo como a ti mesmo ." (Marcos 12 :30,31) .
Depois dos membros da Igreja chegarem ao oeste procurou-se-
estabelecer a Ordem de Enoque{ em vários lugares, mas foi neces-
sário abandonar os esforços. O egoísmo foi a causa fundamental
destes fracassos . Ainda não aprendemos a amar aDeus de todo
nosso coração e a nosso próximo como a nós mesmos.
Por não podermos viver de acôrdo com a lei maior de Deus,.
como o fizeram na cidade de Enoque, nos foi dada a lei menor
do dízimo, a qual espera que entreguemos a décima parte de
nossos ganhos, em vez da quantidade total . Muitos de nós não
podemos nem mesmo viver de acôrdo com esta lei menor ; não,
podemos pagar nem a décima parte . Como, pois, poderemos levar
uma vida perfeita sendo tão egoístas? Algum dia o conseguire-
mos . Talvez nos dias de vocês 'que são mais jovens.

DISCUSSÃO
1. Porque razão o dízimo não .é suficiente para satisfazer
todos os requisitos da Igreja?
2. O que são as ofertas de jejum e qual o seu uso?
3. Quais as condições temporais de Adão no jardim?
4. Compare-se suas condições no jardim com suas condições
fora dêle . Quais eram melhores? Porque?
5. O que significa a "Ordem de Enoque"?
6. Mencionem-se as características principais do plano de José ..

228 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

7. Por ,que razão foi melhor vender o alimento ao povo, em


vez de dá-lo?
8. Compare-se êste plano com o plano do govêrno . Como provê
o govêrno emprêgo para o povo?
9. ' Qual a atitude da Igreja concernente à ajuda aos neces-
sitados?
Lição XLVIII
O GUARDA DE MEU IRMÃO

Dissemos que em 1831 o condado ou distrito de Jackson, no


estado de Missouri, foi apartado para sítio da estaca central de
Sião, sendo esta a época em que o profeta Joseph Smith consa-
grou um lugar para um templo em Independente e disse que
tal templo seria construído nesta geração . Quado será construído
e quem são os que regressarão a fim de efetuar essa obra?
A alguns dos irmãos foi prometido em suas bênçãos patriar-
cais que haverão de ajudar na construção do templo.
Certamente nenhum de nós sabe quando, nem quem o fará.
Sem dúvida alguma dependerá de nosso povo . É razoável supor
que aquêles que não pagam seus dízimos ou não guardam os
outros mandamentos do Senhor não farão esta obra . Quem está
construindo nossos templos? Apenas alguns engenheiros e arte-
sões, porém, todos os que pagam dízimos e outras contribuições
à Igreja estão pagando as contas, estão ajudando a construi-los.
É possível que o mesmo aconteça na construção do templo de
Independente.

PROBLEMAS DA ATUALIDADE

Aprendemos que a Igreja foi organizada a fim de trazer


a salvação ao mundo, através dos princípios e ordenanças do
evangelho . Porém, é fácil compreender que para efetuar essa
obra ela deve ter fundos . Tem que edificar templos e casas de
oração, organizar novas missões, estacas e ramos . Tem que levar
o evangelho a todo o mundo e a obra do evangelho tem que ser
ainda mais completa e firme em Sião . Para tudo isso são neces-
sários muitos obreiros e muito fundo monetário.
Atualmente há outros e importantes problemas e responsa-
bilidades a serem enfrentados pela Igreja . Através de experiências
durante os últimos anos aprendemos com que facilidade carestias
e depressões podem surgir, sem qualquer aviso, pegando-nos
completamente desprevenidos .

230 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA 'RESTAURADA

Vimos que a verdadeira religião inclue o cuidado tanto do


espírito como do corpo . O plano de Sião está baseado em leis
espirituais e temporais . O espiritual não pode ser separado do
temporal ; são duas fases da mesma coisa . Não podemos amar
verdadeiramente a Deus se nos recusamos a ajudar nosso pró-
ximo que está sofrendo . Somos realmente "o guarda de nosso,
irmão . "
O mundo passou por uma séria catástrofe durante a Segunda
Guerra Mundial e, embora ela tenha acabado, ainda não se aca-
baram nossas dificuldades . Fome e doenças afligem tôdas as
nações . Porém, chegará o tempo em que o mundo compreenderá
sua terrível condição e muitos se voltarão para o Senhor, em
busca de consôlo e ajuda . Muitos fugirão para Sião, vindos do
norte, do sul, do oriente e do poente, como o declaram as Escri-
turas.
"E acontecerá nos últimos dias — disse Isaías — que . . . virão
muitos povos, e dirão : Vinde, subamos ao monte do Senhor, à
casa do Deus de Jacó, para que nos ensine o que concerne aos
seus caminhos, e. andemos nas suas veredas ; porque de Sião sairá
a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor ." (Isaías 2 :2).
O que faremos com 'estes povos quando vierem? Como os
haveremos de vestir, alimentar e abrigar? Tudo indica a definida
necessidade de nosso Plano de Bem-Estar . Porém, êste plano
deve ser aumentado e desenvolvido através dos esforços abne-
gados dos membros da Igreja, a fim de que todos os que merece-
rem ajuda a possam obter . Da mesma forma que José, no Egito,
nossos líderes atuais, através de inspiração e revelação, nos deram
êste extenso plano de salvação temporal.
ANOS DE ABUNDÂNCIA
Quão parecido é o tempo atual aos dias em que José viveu.
Houve anos de abundância no tempo de José, durante os quais.
êle aconselhou o povo a armazenar tudo o que fôsse excedente,
afim de se prepararem para os dias de escassez futura . Poucos
indivíduos prestaram atenção à sua advertência . Comeram,
beberam e se divertiram, até o dia em que a necessidade chegou
e colheu-os completamente desprevenidos . Enquanto isso José
havia estabelecido seu Plano de Bem-Estar e . estava preparado'
quando chegou o tempo de escassez . Livrou o povo da carestia,
mas êle teve que pagar por seu sustento . Preparou trabalho para
todos e êles se sustentaram a si mesmos.
Que temos nós a ver com isso? Também somos constante-
mente advertidos . As autoridades de nossa Igreja estão sempre

PR :INOIPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA 231

nos aconselhando e rogando que não desperdicemos, que faça-


mos economia, que enlatemos frutas e legumes e armazenemos
víveres de tôda a classe, a fim de estarmos preparados para
qualquer emergência que possa sobrevir-nos.
Atualmente estamos em anos de abundância . Porém, quantos
estarão preparados para a crise quando ela chegar?

O PLANO DE BEM-ESTAR DA IGREJA


Agradecemos ao Senhor por lideres como José, os quais podem
ver o que nos trará o futuro e, sem desanimar, estão se preparan-
do para êsses dias . Também estão edificando armazéns por todo
o país e enchendo-os com tudo o que sobre ou não se use . Êste
plano, da mesma forma que o de José, não será um plano de
donativos . .Éle não fomenta nem apoia a ociosidade . Tem por
lema "o ocioso não comerá o pão do trabalhador ." O princípio
fundamental dêste plano tem expressão nas palavras do presi-
dente Brigham Young:
"Através de minhas experiências aprendi . . . que não faze-
mos benefício algum quando damos a um homem ou mulher
dinheiro, alimento, roupa ou qualquer outra coisa, se gozam de
boa saúde e podem trabalhar e ganhar o que necessitam, caso
haja na terra o que possam fazer . . . Quando seguimos uma regra
contrária, pomos a perder qualquer comunidade do mundo, con-
vertendo seus cidadãos em ociosos ."
Éste programa tem por objetivo ajudar o povo a ajudar-se
a si mesmo (da mesma forma que o plano de José), desenvolver
um sistema que elimine a necessidade de dar esmolas, evitar á
anátema da ociosidade e estabelecer novamente entre o povo
a independência e o respeito próprio.
Já vimos que 'estes planos e projetos de beneficência não
são de origem moderna . São tão antigos como o próprio mundo.
Deus fêz o mundo ; preparou a terra, as sementes e a água ; po-
rém, decretou que teríamos que fazer o trabalho e pagar nosso
alojamento . De forma que, se não semearmos, cultivarmos e re-
garmos, não colheremos tampouco.
A organização do Plano de Bem-Estar é perfeita e de simples
operação. Há divisões, segundo o ramo ou ala, estaca e região,
cada uma delas presidida por um indivíduo competente . À cabeça
de tôdas estão as autoridades gerais da Igreja . É uma organi-
zação permanente da igreja e realizará mais e mais à proporção
que os membros tenham mais conhecimento da mesma .

232 PRINCÍPIOS OPERANTES DA IGREJA RESTAURADA

Há grandes armazéns, situados em várias partes da Igreja,


onde se recolhem e distribuem os artigos de primeira neces-
sidade. Através dêsses centros são satisfeitas as necessidades dos
pobre e o excedente vai para o armazem central em Salt Lake
City, onde é trocado por outros artigos e produtos que sejam
necessários . No armazem alimentos são enlatados, faz-se roupa
nova, altera-se e remenda-se roupa velha . 0 armazem central
é, em si, um projeto gigantesco, onde trabalham os que têm ne-
cessidade de trabalho.
q Plano de Bem-Estar é um grande exemplo da religião
prática : mostra que é possível combinar a fé às obras . A religião,
o evangelho, não se limita a orações e sermões . Tem seu inte-
rêsse voltado às fases física, espiritual, intelectual e moral do
desenvolvimento humano . Não expressa apenas em palavras,
mas também em atos que amamos nosso próximo como a nós
mesmos . Quanto a isto o irmão John Widtsoe escreveu:
"Se Deus tanto nos ama, deveríamos amar-nos uns aos ou-
tros . . . Se nos amamos uns aos outros, Deus mantém comunica-
ção conosco e nosso amor por êle atinge a perfeição em nossos
corações . . . É ,êste o mandamento que recebemos : Aquêle que
ama a Deus também deve amar seu irmão ."
Em apôio a êste Plano de Bem-Estar, temos uma das ex-
pressões do Senhor Jesus Cristo :
"Tive fome e me destes de comer ; tive sêde e me destes de
beber ; estrangeiro, me hospedastes ; e, desnudo, me cobristes ; en-
fêrmo, me visitastes ; estive no cárcere e viestes ver-me ."
O FUTURO
E agora, que diremos quanto ao futuro? "Cremos . . . que
Sião será construída nêste continente (o americano) ; que Cristo
reinará pessoalmente sôbre a terra, a qual será renovada e rece-
berá a sua glória paradisíaca ." A Ordem de Enoque entrará em
função e o reino de Deus será estabelecido sôbre a terra da
mesma forma ,que está estabelecido nos céus . Enquanto isso
viveremos de acôrdo com o princípio dos dízimos, o aio que nos
ensinará a viver de acôrdo com a lei mais alta . O Plano de
Bem-Estar da Igreja é um passo em direção a esta organização
futura mais perfeita.
q Irmão Talmage, em seu livro "Vitality of Mormonism",
capítulo 57, declarou o seguinte : "Com esta esperança não fa-
zemos vagas alusões a um sistema de comunismo . . . dando ao
ocioso uma desculpa para esperar viver às custas do industrioso ;

PRINCIPIOS OPERANTES DA . IGREJA RESTAURADA 233

mas sim, a segurança de ,que cada homem será o mordomo da


propriedade confiada a seu cargo, sabendo que imprescindivel-
mente ser-lhe-á requerido prestar conta exata de sua mordomia.
As várias e diferentes ocupações ainda existirão ; haverá traba-
lhadores cujas habilidades se prestam ao trabalho físico ; gerentes
que tenham dado prova de sua capacidade para dirigir e admi-
nistrar ; alguns poderão servir melhor com a pena, outros com
o arado ; haverá engenheiros e mecânicos, artesões e artistas,
agricultores e professôres, mestre e autores — cada qual traba-
lhando, conquanto isto seja prático, no campo que selecionou;
porém, requerer-se-á que todos trabalhem . Todos gozarão de
igualdade de direitos, porque o Senhor assim o afirmou:
"Sereis iguais . . . tereis igual direito às propriedades, a fim
de facilitar a direção dos assuntos de vossas mordomias, cada
homem segundo suas necessidades, sejam essas necessidades
justas . . . Não sereis ociosos ; porque o ocioso não comerá o pão
nem vestirá a roupa do trabalhador ."
Juventude de Sião, tendes verdadeiramente um glorioso
futuro diante de vós . Conservai vossa fé em Deus e nas autori-
dades de sua Igreja e sereis felizes até o fim de vossas vidas.
DISCUSSÃO

1. Por que razão se preocupa a Igreja com as condições físicas


e temporais de seus membros?
2. Por que estamos presentemente vivendo num tempo seme-
lhante àquele dos sete anos de abundância, nos dias de José
no Egito?
3. Qual o propósito do Plano de Bem-Estar da Igreja?
4. O que disse o presidente Brigham Young a respeito das
doações ou esmolas?
5. Como se divide o Plano de Bem-Estar?
6. Como são os fundos e produtos recolhidos aos armazéns
centrais?
l -.

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dit8ra Gráfica Rossolillo Ltda . - Fone 32-1577 - S . Paulo

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