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Curso – Design
Disciplina – Teoria da Percepção Visual
Discente – Rodrigo Passos Custodio
Docente – Rosa Gabriella de Castro Gonçalves
Gerald Brom
Entre os grandes pintores do gênero Fantasy Art, Gerald Brom tem como diferencial a
influência em artistas pré-rafaelitas e escolas de artes realistas dos dois últimos séculos,
somado à imersão em um cenário obscuro, com atmosferas e seres entre encontrados a fina
linha que separa a densidade da leveza. A arte, muitas vezes, tem que falar por si, livre de
analogias ou críticas que a conectam ao mundo laico. Nesse contexto, Brom executa os seus
trabalhos fugindo da compreensão humana, tendo suas pinturas mais parecidas com
fotografias de dimensões paralelas.
“Eu sinto como eu tivesse nascido desenhando – isso parece o mais longe que posso lembrar. Eu
tinha um giz de cera em minha mão, então não sinto que cheguei a fazer uma decisão consciente para
ser um artista. Eu realmente acredito que nasci com essa aflição.”
Autodidata, Gerald Brom começou seu trabalho a partir dos 20 anos, dedicando-se como
ilustrador. Seus clientes eram a Coca-Cola, IBM, CNN e Columbia Pictures. Mais tarde, passou a
entrar no universo do RPG 1 através do cenário literário de Dark Sun 2, dando ao artista a
1
Role Playing Game: Tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas
colaborativamente. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras predeterminado, dentro das
quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá
tomar.
2
Parte integrante do jogo de RPG Dungeons & Dragons, na época pertecente à empresa TSR Inc., que foi
incorporada atualmente pela Wizards of the Coast, outra empresa do ramo.
oportunidade de desenvolver seu foco na estética da Fantasy Art, devido à sua total
contribuição à construção e identidade visual desse cenário RPGístico. Após quatro anos de
trabalho com a TSR, Brom decide continuar sua carreira como free-lancer, focando-se ainda no
mundo do RPG, como outrora, além de Comics, Graphic Novels, arte conceitual para livros de
Ficção Científica, jogos de Computador e filmes, com destaque para os longas: Sleepy Hollow,
de Tim Burton e Van Helsing.
Atualmente, Brom está se voltando para o mundo literário também como escritor,
produzindo suas próprias Graphic Novels com ilustrações próprias. Sua primeira obra do
gênero, com muitas indicações e ganhadora de prêmio em Chesley, foi “The Plucker”,
considerada um “livro infantil para adultos”.
“Amo artistas do Pré-Rafaelismo e a maioria das escolas do final do século XIX e começo do XX de
realismo estético. Grandes como Waterhouse, Alma Tadema e Mucha. Este período foi o pináculo da
técnica unida com a estética, além que o grupo tinha tanta paixão pelo trágico.Eu não me canso de
pinturas de amantes perdidos sob águas sombrias e lily pads de lagos solitários ingleses.”
É impossível não esboçar uma reação de desconforto com muitas das obras de Brom, que
adota com insistência um estilo que facilmente pode ser compreendido como influenciado
pelo barroco: nota-se o efeito drástico das cores claras e escuras que competem na atmosfera
de seus quadros. Na verdade, sua Fantasy Art tende a uma estética tida como Gothic
Fetishism, com tendência a um erotismo velado, subentendido, rico em elementos da Cultura
Gótica alternativa, iniciada no século XX, e do Steampunk 3.
Sua técnica é obtida com base da mistura da tinta à óleo e acrílica, explicada pelos curtos
prazos que tinha para entregar suas obras. As formas eram dadas com a tinta acrílica, de
secagem rápida e, logo após, era dada uma fina camada de tinta à óleo para delinear sombras
e detalhes, o que acelerava a arte-finalização. Suas cores são excessivamente contrastantes e
seus contornos são dados pelos limites desses contrastes. É muito comum aparecerem fundos
neutros no lugar de cenários, que chegam a emoldurar e delinear ainda mais as formas de suas
figuras. Gerald Brom maniqueiza o belo e o grotesco, a luz e o breu, o erotismo e o pudor,
costurando-os nas carnes de seus personagens.
3
Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história
humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram
obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões
movidos a vapor.
O Maniqueismo Costurado