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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ____

VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL.

ENIO JOSÉ VERRI, brasileiro, casado, portador da carteira de


identidade RG nº 1973095-6, SSP/PR, inscrito no CPF nº 397.377.059-04 e
título de eleitor nº 037623650663 – Zona 066 - Seção 0052 (doc. 1),
atualmente no exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/PR e,
ainda, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal,
com endereço na Câmara dos Deputados, anexo IV, gabinete 627, Brasília/DF
e endereço eletrônico dep.enioverri@camara.leg.br, PAULO ROBERTO
SEVERO PIMENTA; brasileiro, casado, jornalista, portador da cédula de
identidade de 2024323822 – SSP/RS, CPF nº 428.449.240-34 e título de
eleitor nº 008832570493 – Zona 147 - Seção 207 (doc. 2), atualmente no
exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/RS e, ainda, Líder da
Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, com endereço na
Praça dos Três Poderes – Câmara dos Deputados, gabinete 552, anexo IV e
endereço eletrônico dep.paulopimenta@camara.leg.br; vêm à presença de
Vossa Excelência, juntamente com os advogados infra-firmados (procuração
– doc. 3), com base nos arts. 5º, LXXII e 37, “caput” da Constituição Federal e
forte nos dispositivos da lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, propor a
presente

AÇÃO POPULAR

contra o Sr. JOSÉ VICENTE SANTINI, ex-Secretário Executivo da Casa Civil da


Presidência da República, brasileiro, portador do CPF nº 996.933.481-68,
estado civil e endereço desconhecidos pelo Autor Popular, em face de ato
ilegal e lesivo ao patrimônio público perpetrado pelo ex-servidor público,
consistente na irregular utilização de aeronave da Força Aérea Brasileira –
FAB, para fins particulares, com o único objetivo de obter vantagem pessoal,
em prejuízo do erário, tudo a teor dos fatos e fundamentos de direito
narrados em seguida.

I – Dos Fatos.

Com efeito, o Decreto nº 4.244 (doc. 4), de 22 de maio de 2002,


que dispõe sobre o transporte aéreo, no País, de autoridades em aeronave do
Comando da Aeronáutica, estatui o seguinte:

“Art. 2º. Sempre que possível, a aeronave deverá ser compartilhada


por mais de uma das autoridades.
Art. 4º. As solicitações de transporte serão atendidas nas situações
abaixo relacionadas, observada a seguinte ordem de prioridade:
I – por motivo de segurança e emergência médica;
II – em viagens a serviço; e
III – deslocamentos para o local de residência permanente (vedado,
nesse caso, para Ministros de Estado e Comandantes das Forças
Armadas ou cargo equivalente, em função do Decreto nº 8.432, de
9 de abril de 2015 – doc. 5).”

Veja Excelência que as aeronaves da Força Aérea Brasileira, cujos


gastos são suportados por toda a sociedade, só podem e devem ser usadas
em situações específicas, sendo altamente recomendável que haja um
correto planejamento, de modo a otimizar o transporte conjunto de
passageiros (evitando requisições isoladas e desarrazoadas), sempre
divisando a perspectiva de contemplar um número maior de autoridades,
reduzindo a quantidade de voos e os gastos perpetrados.

Não obstante essa realidade, os meios de comunicação


divulgaram recentemente que o ex-Secretário-Executivo da Casa Civil, que
estava em compromisso oficial em Davos, na Suíça, juntamente com outras
autoridades da área econômica, requisitou, ao que tudo indica, para uso
privado, individual (os demais agentes públicos e políticos usaram voos
comerciais) um avião da Força Aérea Brasileira – FAB, para se deslocar da
Suíça para Nova Delhi, na Índia, onde se encontraria, sem compromissos

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oficiais ou agenda de trabalho para ele (Réu), com o Presidente da República,
que fazia visita diplomática naquela Nação.

Tratam-se de fatos públicos e notórios, que independem de


comprovação (matérias anexas – doc. 6), na medida em que o próprio
mandatário da Nação e superior hierárquico do Réu, não só o repreendeu,
asseverando a imoralidade do ato (requisição de voo particular da FAB para
deslocamento que outros Ministros e autoridades fizeram em voo comercial)
como o exonerou do cargo que ocupava, o que demonstra o reconhecimento
público da mácula perpetrada pelo Requerido em face dos princípios que
norteiam o funcionamento da Administração Pública.

A propósito, na RECOMENDAÇÃO Nº 89/2017-GPJ/PRDF/MPF


(doc. 7), a Procuradoria da República no Distrito Federal, sugere ao então
Presidente da República, as seguintes precauções na utilização dos aviões da
FAB por autoridades governamentais:

“(...)
(ii) que se defina objetivamente ‘viagens a serviços’ e
‘compromissos oficiais’, especificando os eventos com tais
características, de modo a ser possível distingui-los daqueles
considerados eminentemente de interesse particulares da
autoridade;
(iii) incluir a previsão de ressarcimento aos cofres públicos pelo uso
indevido do transporte da FAB;
(v) que as viagens para comparecimento a compromissos constem
previamente da agenda pública do Ministro requisitante com o
indicativo de uso da aeronave oficial, bem como o retorno seja
programado para o mesmo dia ou o próximo, ainda que não útil;
(...)”

Como se pode observar, mesmo que o Réu, na condição de


Ministro substituto da Casa Civil, tivesse algum compromisso oficial na Índia
(o que não foi informado pelo Governo ou demonstrado a partir da
publicidade do caso), não se mostra razoável a requisição de uma aeronave
oficial (com todos os custos envolvidos) para transporte individual de uma
pessoa, quando todos os demais integrantes do Governo, que foram à Nova
Delhi, usaram voos comerciais, à toda evidência menos dispendiosos para a
sociedade brasileira, quem efetivamente sustenta esses gastos públicos.

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Há, como se observa, clara violação ao princípio da moralidade
na ação perpetrada pelo Réu José Vicenti Santini, de modo que ele deve
ressarcir aos cofres públicos pela despesa desarrazoada que provocou à
sociedade brasileira.
Tratam-se de fatos que demonstram uma conduta que se vê
proliferar, nos dias de hoje, na Administração Pública. Altos dirigentes,
investidos em cargos públicos de elevado escalão, fazem uso e gozo de
privilégios que não integram as prerrogativas dos cargos que ocupam ou,
quando detém, em determinadas situações, tais direitos, os utilizam de forma
abusiva e imoral. Valem-se, como se fossem mordomias, de favores obtidos
às custas do erário, como se donos fossem da coisa pública.

Com efeito, o Sr. Ex-secretário, na condição de alto servidor da


República viajou à Davos, na Suíça às custas do erário, recebendo vultosas
diárias e tendo à disposição, passagens pagas pela sociedade brasileira em
voos comerciais, de modo que nada justifica a requisição, para uso privado e
individual, de uma aeronave da Força Aérea para viagem até a Índia, cujos
custos do deslocamento efetuado, certamente custaram aos cofres públicos
milhares de reais que seriam economizados com o pagamento de um voo
comercial.

Inexiste, por outro lado, qualquer instrumento legal que autorize


a autoridade pública a utilizar, em proveito pessoal, aeronave ou qualquer
outro meio de transporte. Ao contrário, a Lei nº 1.081, de 13 de abril de 1950,
expressamente veda o uso de automóveis oficiais para fins particulares, como
se verifica em seu artigo 4°.

Na verdade, já há algum tempo, os “donos do Poder” se arvoram


no direito de exigir ou requisitar, como se em serviço estivessem, e para fins
privados, aeronaves públicas, mantidas pelas Forças Armadas para finalidades
específicas de interesse da Administração Pública.

II – Do direito.

A ação popular, segundo Hely Lopes Meirelles, é o meio


constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos, ou a este equiparados,
4
ilegais lesivos do patrimônio público (in Mandado de Segurança, Ação
Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Habeas Data, 20ª ed.,
Malheiros, 1998, p. 113-114).

Leciona o festejado autor que a Constituição vigente, mantendo


o conceito da Carta anterior “aumentou a sua abrangência, para que o
cidadão possa ‘anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural. E, com efeito, o instrumento de é assim
disciplinado pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LXXIII, litteris:

“Artigo 5º...
...
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência; ”

No mesmo sentido é a disposição contida no caput do artigo 1º


da Lei 4.717, de 29/06/65.

Por seu turno, inscreve o artigo 37 “caput” da CF, entre os


princípios a serem observados pela Administração Pública o da legalidade e o
da moralidade.

Trata-se a Ação Popular, inequivocamente, de instrumento que


permite que o cidadão possa buscar o respeito, pela autoridade
administrativa, a esse princípio básico, e que visa assegurar que cada cidadão
tenha assegurado o seu direito, público e subjetivo, a um governo honesto.

Segundo Carmem Lúcia Antunes Rocha, a moralidade


administrativa “é o princípio segundo o qual o Estado define o desempenho
da função administrativa segundo uma ordem ética acordada com os valores
sociais prevalentes e voltada a realização de seus fins. Esta moral
institucional, consoante aos parâmetros sociais, submete o administrador
público” (Princípios Constitucionais da Administração Pública, Ed. Del Rey,
1994, p. 193). Assim, a prática do administrador público há de ser orientada
5
pelo acatamento desse princípio, por um comportamento virtuoso, marcado
por uma conduta conforme a natureza do cargo por ele desenvolvida, dos fins
buscados e consentâneos com o Direito, e dos meios utilizados para o
atingimento destes fins (Idem, ibidem, p. 193).

Todavia, os fatos que são trazidos à luz na presente Ação Popular


não se reportam apenas a indícios de mácula ao princípio da legalidade na
administração da coisa pública, mas também, e com relevante evidência, ao
princípio da moralidade administrativa, seja pela configuração de abuso de
direito, seja pelo desvio de poder, ou ainda, pela inadequação do ato
praticado, que, como se demonstrou alhures, é caracterizado pelo
rompimento com o dever de agir com honestidade, comum a todo o homem
público.

Como afirma o insígne Hely Lopes Meirelles, “é inegável que a


moralidade administrativa integra o Direito como elemento indissociável na
sua aplicação e na sua finalidade, erigindo-se em fator de legalidade”, sendo
pois, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública. Com
efeito, o agente administrativo, ao atuar, não poderá desprezar o elemento
ético de sua conduta. Ou seja, não terá que decidir somente entre o legal e o
ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o
inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.

O uso e gozo, por parte do Réu, de bem público para satisfazer,


ao que tudo indica, interesse particular, configura, ainda, afronta ao disposto
no art. 2º, “e” da Lei nº 4.717:

“Art. 2º. São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades


mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-
se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas
atribuições legais do agente que o praticou;

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b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta
ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade
do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa
em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou
de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente
ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio da finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente,
na regra de competência.”

A hipótese de desvio de finalidade configura, ainda, ato de


improbidade administrativa, nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, cujo artigo 11 consigna:

“Art. 11 Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra


os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
daquele previsto, na regra de competência;
.......”

O desvio de poder no caso em tela é evidente, à medida que a


autoridade fez uso dele para lograr favorecimento pessoal. A prerrogativa
empregada está fora do alcance do cidadão comum, e mesmo de
praticamente todas as autoridades: fazer uso de aeronave pertencente à
Força Aérea para fim particular, haja vista que não tinha compromisso oficial
e que poderia, sem prejuízo de encontrar, se fosse o caso, o Presidente da
República na Índia, fazer uso de um voo comercial, como fizeram os demais
Ministros e autoridades.

Na lição de Diogenes Gasparini, “o uso do poder só se legitima


quando normal, isto é, quando aplicado para a consecução de interesses
públicos e na medida em que for necessário para satisfazer tais interesses. ”
Qual o interesse público no deslocamento do Réu para encontrar o
Presidente em outro País, quando esse trajeto poderia ser feito em voo
comercial, devidamente bancado pela sociedade brasileira? Com efeito, está-
se, aqui, diante de fato condenável, quer pelos seus fins, quer pelos meios
empregados, o que configura o desvio de finalidade, ou desvio de poder,
consumado na prática administrativa do Sr. José Vicente Santini.

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Assim, evidencia-se, essencialmente, a ofensa ao princípio da
moralidade, que no caso acarretou danos ao erário, haja vista que o ofensor
fez uso e gozo de aeronave pública fora das hipóteses moralmente
permitidas.

Além disso, o ato objeto da presente Ação Popular fere o art. 9º


da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, notadamente os seus incisos IV e XII,
que assim dispõem:

“ Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa


importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas no ART.1 desta Lei, e notadamente:
......
IV - Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no ART.1 desta Lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados
por essas entidades;
....
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta Lei.

Também no campo jurisprudencial encontra-se o entendimento


de que o princípio da moralidade é inafastável na conduta do agente público,
como demonstra a seguinte decisão do Superior Tribunal de Justiça:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EM MANDADO DE


SEGURANÇA 6234/DF
DJ DATA:17/08/1998 PG:00022
Relator Ministro JOSÉ DELGADO (1105)
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
1. O acórdão deve expressar, de forma explícita, as razões pelas quais
determinou a conclusão assumida, para que a parte possa analisar o
conteúdo de sua fundamentação e preparar o recurso cabível.
2. A prática de qualquer ato administrativo, quer da administração direta,
quer da administração indireta, não terá apoio do ordenamento jurídico se
não se apresentar rigorosamente vinculado ao princípio da moralidade.
3. A defesa da moralidade administrativa pode ser efetuada via qualquer
forma legislativa ou até mesmo sem norma expressa. É dever do
administrador.
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4. Não há ofensa ao princípio da legalidade e ao ato jurídico perfeito
quando o Tribunal de Contas, em decisão colegiada, impede que sociedade
de economia mista assuma encargos financeiros de pessoa jurídica de
direito privado que rege interesses particulares.
5. Não é lícito que o Banco de Brasília pague as despesas administrativas
de pessoal da empresa Regius S/C de Previdência Privada.
6. Embargos de declaração acolhidos.
Data da Decisão: 19/05/1998 Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA

III – Finalidade da Ação popular.

Afirma o Mestre Hely Lopes Meirelles que “os direitos pleiteáveis


na ação popular são de caráter cívico-administrativo, tendentes a repor a
Administração nos limites da legalidade e a restaurar o patrimônio público do
desfalque sofrido” (op. Cit., p. 123)

A atitude do Réu exige integral ressarcimento ao erário dos


recursos utilizados, bem como, uma indenização pelos prejuízos morais
causados a sociedade. Além disso, tal conduta pode se caracterizar como
improbidade administrativa, sujeitando os infratores às penalidades da lei,
conforme adverte o já citado administrativista, verbis:

“Pois bem, qualquer ato que importe burla ao preceito constitucional,


expressa ou dissimuladamente, estará irremediavelmente acoimado
de nulidade por desvio de finalidade, podendo ser combatido através
dos remédios processuais existentes para a defesa do patrimônio
público (ação popular, ação civil pública, etc.). Isso porque a afronta a
tais princípios (moralidade e impessoalidade) informativos do
princípio da publicidade, e a violação a proibição de personalização,
por qualquer forma, é ato nulo, lesivo, e ilegal, caracterizando
improbidade administrativa não só pela simples violação desses
primados, mas pela lesividade (presumida pelo próprio ordenamento
jurídico: art. 37 § 1º da Carta Magna. Lei federal 4.717/65, Lei federal
8.429/92) dessa conduta marcada por inegável desvio de finalidade,
indesmentível enriquecimento ilícito, e inescondível utilização de
renda e serviços públicos em benefício particular, potencializando a
incidência dos art. 9º XII, 10, II e XII, e 11, I da Lei Federal 8.429/92,
que exemplifica atos de improbidade administrativa e estabelece as
penalidades correlatas previstas no art. 37 § 4º da Carta Magna. ”

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E, com efeito, busca a presente Ação Popular o integral
ressarcimento dos prejuízos causados ao erário pelo Réu, servindo a sua
eventual condenação, nos termos do pedido, como verdadeiro exemplo a ser
levado em conta por todas as autoridades que vêm, sem conhecimento da
opinião pública, adotando idêntica conduta, privatizando o Estado e seus
bens em benefício próprio, dado que se trata de autoridade que
notoriamente goza de estreito contato e é da inteira confiança do Exmo. Sr.
Presidente da República, não podendo, por isso, julgar-se impune às penas da
lei.

É lamentável a utilização de recursos públicos, em prejuízo da


coletividade, para esse tipo de favorecimento, sobretudo, se envolve a pessoa
de um Ministro de Estado. Com efeito, o Réu, ao fazer uso de maneira
irregular e imoral de bem público, transmitiu aos seus subordinados, e a
todos os servidores públicos, a idéia de que podem fazer o mesmo, numa
clara manifestação de desprezo pelas regras mínimas de valorização da coisa
pública.
A punição, nos termos da Lei nº 4.717/65, bem assim a
cominação das penas previstas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, em
decorrência do que estipula o art. 37, § 4º (“os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
função pública, a indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”)
seriam capazes de satisfazer o interesse público, coibindo, ainda, abusos
semelhantes de outros agentes públicos.

Trata-se, sem dúvida, de hipótese em que se impõe a aplicação


das penalidades previstas nos art. 12, I e III da Lei nº 8.429, de 1992, dentre
as quais o ressarcimento integral do dano, a perda da função pública, a
suspensão dos direitos políticos e o pagamento de multa, conforme a
extensão do dano causado. Inobstante, observa-se, aqui, mais uma vez, a
lição de Hely Lopes Meireles, segundo o qual “além da invalidade do ato ou
do contrato e das reposições ou indenizações devidas, a sentença em ação
popular não poderá impor qualquer outra sanção aos vencidos” (Op. Cit., p.
140).

Outrossim, ensina o Mestre que “se, no final da ação, ficar


comprovada alguma infringência de norma penal ou falta disciplinar, a que a

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lei comine pena de demissão ou rescisão do contrato de trabalho, o juiz
determinará, de ofício, a remessa de peças ao Ministério Público, à
autoridade ou administrador a quem competir a aplicação de pena” (idem,
ibidem).

Assim que, diante dos breves fatos expostos e dos dispositivos


legais apontados ao longo do presente, sem prejuízo de outras ilegalidades
ou imoralidades porventura apurados, apresentamos a presente ação popular
com vistas ao ressarcimento dos prejuízos sofridos pelo erário e visando a
aplicação de sanção às autoridades que venham a ter seus atos declarados
imorais e ilegais, em especial o Sr. José Vicente Santini, por representar
direito da cidadania brasileira e interesse coletivo constitucionalmente
assegurado.

IV – Do pedido.

Diante dos fatos expostos e dos dispositivos legais supracitados,


sem prejuízo de outras ilegalidades ou imoralidades porventura apuradas,
apresentamos a presente AÇÃO POPULAR para requerer a este juízo a
aplicação de sanção ao Réu, em face da declaração de ilegalidade e
imoralidade dos atos aqui relatados, por representar direito da cidadania
brasileira e interesse coletivo constitucionalmente assegurado.

Despiciendo, portanto, nesse momento, tecer outras


considerações acerca da já caracterizada e reconhecida ofensa aos princípios
constitucionais da legalidade e da moralidade, culminando com ofensa aos
cofres públicos e apontando cristalinamente a responsabilidade do Réu.

Assim, é a presente para REQUERER:

a) a determinação à Força Aérea Brasileira e/ou Ministério da


Defesa, para que informe, oficialmente, as despesas
efetuadas com o uso indevido de aeronave para fins de
transporte privado do Sr. José Vicente Santini, objeto da
presente Ação Popular, bem como informações sobre
outras pessoas e/ou autoridades transportadas no mesmo

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voo, custos operacionais, diretos e indiretos, da "missão" de
transporte.

b) seja determinada por esse juízo, nos termos do §1º, do art.


319 do Código de Processo Civil, a realização de diligências,
com vistas a identificação do endereço do Réu, onde se
requer, desde logo, a sua citação, a fim de responder à
presente ação, se quiser, dentro dos prazos legais e sob as
penas de confissão e revelia.

c) a eventual inclusão futura de novos réus no pólo passivo da


ação, se assim impuser os elementos que vierem junto com
as informações requisitadas acima;

d) a citação da União - Presidência da República, bem assim a


intimação do "parquet" na figura competente, para intervir
e acompanhar a presente ação, dentro dos prazos legais.

Requer, ao final, seja julgada procedente a presente Ação


Popular para, por Sentença, declarar a existência de lesão ao patrimônio
público levado a efeito pelo Réu José Vicente Santini, determinando que o
mesmo promova o integral ressarcimento dos prejuízos causados ao
patrimônio público, e o consequente encaminhamento dos Autos ao
Ministério Público Federal, a fim de que seja impetrada a competente ação
civil por ato de improbidade administrativa, com vistas à imposição ao Réu
das penas previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92.

Requer, ainda, seja o autor isento das custas processuais,


honorários de advogado, de eventual perito, bem como das demais despesas
no correr da ação, em virtude do caráter gratuito e público do presente
procedimento.

Requer, por fim, seja incluída na condenação dos réus o


pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais,
"bem como os honorários de advogado" (art. 12, da Lei nº 4.717/65).

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Finalmente, protesta pela produção de prova documental,
testemunhal, pericial e todas as admitidas em direito, além das que
acompanham a inicial.

Protesta ainda, pela juntada, no prazo legal, do instrumento


procuratório.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Termos em que
Pede e espera deferimento,

Brasília, (DF) 31 de janeiro de 2020.

ENIO VERRI PAULO PIMENTA


Deputado Federal PT/PR Deputado Federal – PT/RS

ALBERTO MOREIRA RODRIGUES DESIRÉE GONÇALVES DE SOUSA


OAB/DF nº 12.652 OAB/DF nº 51.483

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