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CAO-Crim
Boletim Criminal Comentado - maio 2018
(semana 4)
Assessores:
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Paulo José de Palma
Rogério Sanches Cunha
Analista de Promotoria:
1 Ana Karenina Saura Rodrigues
Boletim Criminal
Comentado – maio 2018
(semana 4)
Sumário
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Comentado – maio 2018
(semana 4)
ESTUDOS DO CAOCRIM
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: (Redação dada
pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. (Incluído
pela Lei nº 11.689, de 2008)
O objetivo da inovação trazida com a reforma de 2008, neste dispositivo, consiste em vedar
às partes, durante os debates em plenário, qualquer menção ao silêncio do acusado no
interrogatório, à utilização das algemas, à sentença de pronúncia ou acórdão que a confirmou.
Procura, dessa maneira, disciplinar a postura das partes, indicando tópicos que não podem
ser objeto de comentários. Para muitos, o legislador, indevidamente, impôs verdadeira e
inaceitável censura. É claro que a disciplina deve sempre imperar. Parece, todavia, mais fácil
deixar essa tarefa ao juiz presidente, na análise do caso concreto, do que se estabelecer, de
antemão, assuntos proibidos.
Nesse tanto, o Superior Tribunal de Justiça, no n. 75, de sua Jurisprudência de Teses, fixou o
seguinte entendimento: “A simples leitura da pronúncia no Plenário do Júri não leva à
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nulidade do julgamento, que somente ocorre se a referência for utilizada como argumento de
autoridade que beneficie ou prejudique o acusado.” (tese n. 8).
“A vedação constante do artigo 478, inciso I, do Código de Processo Penal, de não se poder fazer referência à
pronúncia ou outras decisões que julgaram admissível a acusação durante os debates no Júri, tem por objetivo
preservar a imparcialidade dos jurados. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, todavia, firmou
entendimento no sentido de que a leitura da decisão de pronúncia não acarreta, necessariamente, a nulidade
do julgamento, devendo o réu demonstrar o prejuízo sofrido. Na espécie, a observação feita pela acusação, de
constar da pronúncia a existência de qualificadora, não teve o condão de influenciar ou comprometer a
imparcialidade dos jurados e em prejuízo do réu, inexistindo a alegada nulidade” (STJ – AgRg no REsp. n.
1346253-SP, Rel. Jorge Mussi, j. 19.11.2015, DJe 25.11.2015).
“A interpretação conjunta e sistemática dos dispositivos do Código de Processo Penal que disciplinam os
debates em Plenário do Tribunal do Júri leva à conclusão de que a simples leitura da pronúncia ou demais
decisões que julgaram admissível a acusação não conduz, por si só, à nulidade do julgamento, o que só ocorre
quando a menção a tais peças processuais é feita como argumento de autoridade, de modo a prejudicar o
acusado. Doutrina. Precedente” (STJ – HC n° 248617-MT, Rel. Jorge Mussi, j. 05.09.2013, DJe 17.09.2013).
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PROCESSO PENAL. JÚRI – “Alegada nulidade por violação ao disposto no artigo 478, inciso I, do código de
processo penal. Leitura em plenário, pelo Ministério Público, da ementa do acórdão que anulou julgamento
anterior. Hipótese não prevista no art. 478, inciso I, do código de processo penal. Ausência de demonstração
de prejuízo pela defesa. Nulidade inocorrente. Preliminar afastada” (TJSC – Apelação n° 2009.043370-1, Rel.
José Antônio Torres Marques; DJ 02.12.2009, p. 388)
Tendo como objetivo propiciar maior celeridade na colheita da prova, o legislador contemplou
a possibilidade de registrar as audiências em geral por meio audiovisual, ou seja, tudo quanto
ocorrido seria gravado por câmeras e cópias das gravações entregues às partes.
O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do seu órgão de execução que esta
subscreve, com fundamento no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal, no artigo 1º e
seguintes da Lei nº 12.016/09 e no artigo 32, inciso I, da Lei Federal nº 8.625/93, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, impetrar Mandado de Segurança, com pedido
liminar, contra ato do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara do Júri da
Comarca de ___, que indeferiu a transcrição de depoimentos armazenados em meio digital.
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I – Dos Fatos
Tramita pela ___ Vara do Júri da comarca de __________ o processo-crime autuado sob nº
2222/12, visando à apuração de crime de homicídio perpetrado por “A”.
Esse requerimento foi deferido pelo MM juiz substituto da ___ Vara do Júri da comarca de
_________ (fls...). Contudo, o douto magistrado titular da mesma Vara reconsiderou tal
decisão e indeferiu o pedido, conforme fls..., sob o argumento de haver expressa previsão
legal acerca da colheita de provas por meio digital.
II – Do Direito
Vislumbra o Ministério Público do Estado De São Paulo ter havido violação de direito líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, por ilegalidade e abuso de poder
praticado pela autoridade coatora, e de cuja decisão não cabe nenhum outro recurso previsto
na legislação processual penal.
Direito líquido e certo porque se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua
extensão e apto a ser exercido no momento da impetração porquanto a lei não contempla
poderes ao magistrado para impedir a transcrição dos depoimentos colhidos por meio digital
a fim de que possam estar à disposição das partes, do juiz presidente e, principalmente, dos
senhores jurados em meio impresso e de rápida e fácil consulta durante o julgamento, com as
limitações temporais inerentes ao procedimento legal que regulamenta os debates em
plenário.
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O mandado de segurança tem sido admitido em matéria criminal contra atos inconstitucionais
ou ilegais de autoridade, que violem direito líquido e certo, e nos casos em que não há efeito
suspensivo para o recurso cabível.
O Ministério Público de primeira instância já havia sido reconhecido como parte legítima para
impetrar o “mandamus”- (Ada Pellegrini Grinover em parecer emitido no Mandado de
Segurança nº. 10368-3 da 3ª. Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo e Hely Lopes
Meirelles, Mandado de Segurança, editora RT, 7ª. edição, pg. 25) quando o advento da Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público inseriu expressamente a legitimidade em texto de lei.
Assim é que o inciso I do artigo 32 da Lei nº 8.625/93 dispõe ser atribuição do promotor de
Justiça, órgão de execução em primeiro grau de jurisdição, “impetrar habeas corpus e
mandado de segurança e requerer correição parcial, inclusive perante aos Tribunais locais
competentes”. A matéria também foi regulada pela Lei Estadual nº 734/93, em seu artigo 121,
inciso I, que estabelece ser atribuição do promotor de Justiça, no exercício de sua função em
primeira instância, “impetrar ‘habeas corpus’ e mandado de segurança e requerer correição
parcial, inclusive perante os Tribunais Estaduais competentes”.
No presente caso, verifica-se claramente que a r. decisão ora combatida constitui inegável
cerceamento à atividade do Ministério Público, ao qual incumbe provar os fatos alegados na
denúncia.
Não se ignora que o artigo 405 do CPP admite o registro das audiências por recursos de
gravação magnética, sem necessidade de transcrição. Contudo, não se pode olvidar que tal
dispositivo se refere à instrução criminal do procedimento comum. O procedimento relativo
aos processos de competência do Tribunal do Júri é específico e apresenta peculiaridades cuja
inobservância acarretaria grave prejuízo ao esclarecimento da verdade real, fim precípuo da
justiça criminal. De fato, a ausência da transcrição dos depoimentos implica em grave
cerceamento da atividade das partes em plenário, sobretudo da acusação, a quem incumbe o
ônus da prova dos fatos articulados na denúncia.
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3) É direito das partes e dos senhores jurados pedir ao orador que indique a folha dos autos
onde se encontra a peça por ele lida ou citada (art. 480 do CPP). Evidente que tal direito será
inevitavelmente negado se as gravações não forem transcritas. Nem se argumente que a parte
adversa ou o jurado poderão pedir a exibição do CD no curso dos debates a exemplo do que
fariam em relação ao documento escrito. Os inconvenientes desse procedimento para o
desenvolvimento do julgamento seriam manifestos. A exposição seria interrompida a fim de
que o CD fosse exibido. Seria impossível selecionar o trecho relativo ao debate, razão pela
qual todo o depoimento teria de ser exibido. A exposição seria irremediavelmente
prejudicada, bem como grande quantidade de tempo seria despendida para a solução de uma
simples e corriqueira controvérsia que ocorre com frequência nos julgamentos do Tribunal do
Júri.
Em resumo, o disposto no artigo 405, § 1º, do CPP, aplica-se ao procedimento comum. Tal
dispositivo, nos crimes de competência do Tribunal Popular, não pode ser interpretado
isoladamente, eis que o legislador, ao tratar dos procedimentos, deixa bem claro que “Nos
processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições
estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código” (art. 394, § 3º, do CPP). Assim, a norma
processual penal que permite o registro audiovisual da instrução criminal deverá observar a
sistemática própria do Júri. Com efeito, a prova produzida durante o denominado sumário da
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culpa não se destina tão somente ao juízo de admissibilidade de acusação, mas também e
principalmente aos jurados, os quais poderão formar livremente a sua convicção pela prova
colhida durante todo o processado. As próprias peculiaridades do julgamento pelo Júri fizeram
com que o legislador, mesmo ao prever a possibilidade do registro audiovisual da instrução,
determinasse, com ressalva explícita e peremptória, que: “A transcrição do registro, após feita
a degravação, constará dos autos” (art. 475, § único, do CPP); trata-se de norma cogente, de
observância obrigatória. Ora, se tal providência (transcrição) é determinada no judicium
causae, quando a prova é imediatamente produzida perante o jurado, e já ocorre na coleta de
depoimentos e interrogatórios pelo sistema de estenotipia, com maior fundamento deverá
ser levada a efeito sobre a prova coligida durante o sumário da culpa.
V – Do Pedido
Requer-se, mais, a concessão da medida liminar de que trata o art. 7º, inc. III da Lei n. 12.016,
de 07 de agosto de 2009, para que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, uma vez
relevantes os fundamentos apresentados e porque do ato impugnado pode resultar a
ineficácia da medida, eis que o júri já se encontra designado (fls...).
Termos em que,
Local, data
Promotor de Justiça
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A Turma afirmou que o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo
criminal é de cinco dias (RE 94.013/DF). O Ministério Público não possui, em matéria criminal,
ao contrário da Defensoria Pública, a prerrogativa de prazo recursal em dobro (HC 120275/PR,
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.5.2018).
Comentários do CAO-CRIM
Há mais de vinte anos, ao julgar o habeas corpus 70.514/RS, o STF analisou a compatibilidade
da prerrogativa do prazo em dobro com a Constituição Federal. Na ocasião, o tribunal
considerou válida a norma que atribui o benefício à Defensoria Pública e fez referência à
denominada norma em trânsito para a inconstitucionalidade, aquela que, no momento da
análise, ainda é constitucional, mas, devido a modificações circunstanciais que ocorrem ao
longo do tempo, tornam-se inconstitucionais. No caso específico do prazo em dobro, o STF se
ateve ao fato de que, naquele momento (em 1994), as defensorias não dispunham da mesma
estrutura administrativa do Ministério Público, razão pela qual o prazo maior se justificava
para conferir aos órgãos de defesa pública melhores condições de atuação, compensando-se
assim eventuais falhas estruturais.
Desde então, é notório que as defensorias têm se estruturado de forma muito mais ampla e
organizada, tanto que sua atuação tem se estendido inclusive para áreas tradicionalmente
não abrangidas, como a dos direitos transindividuais. Mas isso não quer dizer que o
incremento da estrutura administrativa levou as defensorias à plenitude de atuação. Não é
preciso uma análise aprofundada para constatar que tais órgãos ainda não conseguem atuar
plenamente em favor dos hipossuficientes. Não é por acaso, aliás, que ainda se mantêm
convênios entre as defensorias e a Ordem dos Advogados do Brasil para que se garanta
assistência judiciária gratuita suplementar.
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Diante disso, parece-nos plenamente válido que se garantam às defensorias prazos maiores
do que os regulares para que sua atuação possa ter o máximo de eficiência. Mas não é razoável
que o mesmo não se garanta ao Ministério Público.
É fato que o Ministério Público desfruta de estrutura mais extensa do que as defensorias, mas
não é menos verdade que essa estrutura – especialmente no que tange aos quadros funcionais
– muitas vezes não é compatível com a extensão de suas atribuições. É preciso ter em mente
que, nos feitos criminais, o Ministério Público atua sempre, em qualquer situação. Na maioria
das vezes, na qualidade de acusador; em algumas outras, na de custos legis. Mas a atuação
ministerial é sempre imprescindível, desde o momento em que se inicia a apuração da infração
penal. Somem-se a isso diversas outras atribuições que se acumulam em promotorias não
especializadas e temos situação semelhante – quando não pior – àquela das defensorias
públicas.
“(…) Dito isto, entendemos que o argumento utilizado para a concessão de prazo em dobro
para a Defensoria Pública é justificável e fundado, conforme exige a doutrina, em motivação
objetiva (excesso de serviço) e razoável (possibilitar aos desfavorecidos economicamente uma
defesa técnica de qualidade), mas a ela somente não se aplicam. Junto ao Ministério Público
também ele encontra guarida, e até com muito mais força. Já se disse acima que o Parquet
atua em todo e qualquer feito criminal, o que ocorre desde a fase pré- processual, como é o
caso do inquérito policial. De sã consciência, não cremos que alguém duvide que, entre as
partes existentes na esfera criminal, alguém atue mais do que o órgão ministerial, que,
inclusive, pode fazer sua própria investigação criminal.
Não estamos aqui, ao contrário do que possa parecer, incidindo em contradição, ao afirmar a
constitucionalidade do prazo em dobro pelo excesso de trabalho dos Defensores Públicos,
sendo que este volume de tarefas não se equipara ao enfrentado pelo Ministério Público. Para
nós, a carga de serviço destinada à Defensoria Pública, motivadora da prerrogativa do prazo
em dobro, deve ser vista em seu conjunto, ou seja, englobando a atuação no processo civil e
penal, realidade que toca à imensa maioria dos Defensores Públicos do país, pois a
especialização na atuação somente ocorre nas capitais dos Estados, exceção que vem a
confirmar a regra.
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Parquet igual prerrogativa, fato que não encontra amparo, seja na doutrina nacional, seja na
doutrina estrangeira.
Com efeito, nestas circunstâncias, o defensor público terá sempre mais oportunidade de fazer
prevalecer os interesses do acusado, especialmente em momentos cruciais como a
apresentação de memoriais e de interposição de recursos. Se é de suma relevância a função
desempenhada pelas defensorias públicas, que atuam para garantir direitos e garantias
individuais elementares, é também de inegável importância a função do Ministério Público,
que opera na seara criminal – na qualidade de titular privativo da ação penal pública – para
defender os interesses da sociedade diante da violação da lei penal. A promoção da efetiva
justiça só é possível se todos os que tomam parte no sistema processual penal tiverem
garantidas, tanto quanto possível, plenas condições de atuação.
O ministro Marco Aurélio (relator) deferiu a ordem de “habeas corpus” para reconhecer o
direito à remição a título de indenização. Afirmou que o paciente não pode sofrer prejuízo
diante da postura omissiva do Estado.
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Comentado – maio 2018
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direito faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem remição, fato que
causaria substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir a
esfera do Poder Executivo.
Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista dos autos (HC 124520/RO, rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 15.5.2018).
Comentários do CAO-CRIM
É importante lembrar que, essa tese, no sentido de ser possível, na hipótese tratada pelo HC,
de remição ficta, direito do preso e sanção para o Estado que não cumpre sua obrigação,
nunca prevaleceu nos Tribunais Superiores. Renato Marcão, sobre o tema, nos explica: “o
pedido de remição da pena embasado no fato de se encontrar recolhido o sentenciado em
estabelecimento penal inadequado, onde teve cerceado seu direito de trabalhar e assim remir
parte de sua pena, posto inexistir no local condições para o exercício de atividade
laborterápica, não encontra amparo legal vez que inexiste previsão do trabalho como direito
do condenado e obrigação do Estado em nenhum dispositivo legal seja no CP seja na Lei de
Execução Penal (art. 126). Diversamente, neles o trabalho surge sempre como imposição da
lei e obrigação do sentenciado, consequência da execução da pena privativa e liberdade” (ob.
cit. pp. 222-3).
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DIREITO PENAL:
Comentários do CAO-CRIM
“[…] Assim, a definição desta matéria sob o rito dos recursos repetitivos, precedente
qualificado de estrita observância pelos juízes e tribunais nos termos do art. 121-A do RISTJ e
do art. 927 do CPC, orientará todas as instâncias ordinárias, com importantes reflexos na
análise de admissibilidade de recursos. Ademais, poderá evitar decisões divergentes nos juízos
de origem e o envio desnecessário de recursos ao Superior Tribunal de Justiça, bem como a
interposição de habeas corpus perante esta Corte. […]”.
No último dia 22 de maio, no entanto, o mesmo ministro tornou sem efeito a afetação antes
promovida devido às recentes modificações promovidas pela Lei 13.654/18 no art. 157 do
Código Penal.
A Lei 13.654/18 alterou, dentre outros dispositivos, os parágrafos do art. 157 do CP,
revogando o inciso I do § 2º (que tratava do emprego de arma) para criar, no inciso I do novo
§ 2º-A, a majorante do emprego de arma de fogo. O que antes era uma menção genérica a
armas tornou-se, portanto, específico quanto a armas de fogo.
Diante da alteração legal, o ministro Sebastião Reis Junior houve por bem suspender a
afetação dos recursos especiais porque alterou-se o objeto do recurso repetitivo (art. 157, §
2º, inc. I, do CP), o que por sua vez impediria que o caso utilizado como parâmetro fosse
idêntico aos casos futuros, cujos julgamentos estariam vinculados à decisão tomada.
A controvérsia, portanto, permanece até que, utilizando como paradigma a nova disposição
legal, o tribunal volte a adotar o procedimento da afetação para que a Terceira Seção decida
definitivamente sob o rito dos recursos repetitivos. Ao menos até lá, a orientação que vinha
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sendo seguida sugere que o tribunal dispensará a apreensão da arma de fogo para que a pena
do roubo sofra o aumento:
“Consoante entendimento firmado pela Terceira Seção deste Tribunal Superior, para o
reconhecimento da causa de aumento de pena prevista no inciso I do § 2º do art. 157 do
Código Penal, mostra-se dispensável a apreensão do objeto e a realização de exame pericial
para atestar a sua potencialidade lesiva, quando presentes outros elementos probatórios
que atestem o seu efetivo emprego na prática delitiva (EResp 961.863/RS)” (AgRg no Ag no
REsp 1.561.836/SP, j. 19/04/2018).
Comentários do CAO-CRIM
Pune-se no caput do art. 217 do Código Penal o agente que tem conjunção carnal ou pratica
outro ato libidinoso com vítima menor de 14 anos de idade. A conduta de praticar atos
libidinosos abrange tanto o ato sexual no qual tem a vítima um comportamento passivo
(permitindo que com ela se pratiquem os atos) como aquele em que tem um comportamento
ativo (praticando ela mesma os atos de libidinagem no agente). Interpretação diversa, com
efeito, implicaria deficiente proteção do Estado e ofenderia o postulado da proibição da
proteção deficiente.
Ensina a doutrina, no geral, que o delito se consuma com a prática do ato de libidinagem,
sendo perfeitamente possível a tentativa quando, iniciada a execução, o ato sexual visado não
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Considerando, no entanto, algumas decisões tomadas ultimamente pelo STJ, tornam-se cada
vez mais restritas as possibilidades de que se caracterize o conatus.
O STJ já decidiu, por exemplo, que o crime pode se caracterizar inclusive em situações nas
quais não há contato físico entre o agente e a vítima (RHC 70.976/MS, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, DJe 10/8/2016).
No caso julgado, um homem foi surpreendido enquanto passava seu órgão genital nas costas
e nas nádegas de uma criança de apenas quatro anos de idade. Em primeira instância foi
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condenado a nove anos de reclusão, mas, na apelação, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
reformou a sentença para reconhecer a tentativa em virtude da ausência de penetração.
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Notícias STF
21 de maio de 2018
23 de maio de 2018
3- 1ª Turma condena deputado Paulo Maluf por crime de falsidade ideológica para fins
eleitorais
5- Relator e revisor votam para condenar Nelson Meurer por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro
7-Relator substitui prisão preventiva de delegado investigado na Operação Pão Nosso por
medidas cautelares
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(semana 4)
9- Relator suspende lei do RJ que limitava em 180 dias prazo para prisão preventiva
24 de maio de 2018
10- Negado pedido de reconsideração de decisão que manteve preso deputado estadual
Edson Albertassi (MDB-RJ)
11- Ministro julga inviável HC contra execução imediata da pena de Delúbio Soares
Notícias STJ
23 de maio de 2018
12-Quinta Turma mantém condenação por corrupção, mas reduz pena de Carlinhos Cachoeira
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25 de maio de 2018
15-Quinta Turma reconhece inépcia da denúncia e tranca ação penal em caso de homicídio
culposo
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