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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício


ISSN 1981-9900 versão eletrônica
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COMPARAÇÃO ENTRE DIFERENTES QUANTIDADES DE EXERCÍCIO FÍSICO


NO RENDIMENTO ACADÊMICO E DESENVOLVIMENTO DE SINAIS DO OVERTRAINING

Thiago Guimarães1,2, Daniel Costa1


Marcella Alonso1, Ercole Rubini1
Wagner Coelho1,3

RESUMO ABSTRACT

O objetivo do estudo foi verificar se o Comparison between different amounts of


rendimento acadêmico está correlacionado physical exercise in academic performance
com o estado de overtraining, além de and development of overtraining signs
comparar os sinais de overtraining entre
praticantes de diferentes quantidades de The objective of this study was to verify if the
exercício. Testamos a hipótese do academic performance is correlated with the
comprometimento no rendimento acadêmico state of overtraining, besides comparing the
decorrente do overtraining e de uma maior signs of overtraining among practitioners of
presença de sintomas do overtraining em different amounts of exercise. We tested the
pessoas fisicamente superativas. A amostra hypothesis of impairment in academic
consistiu de 186 estudantes da graduação de performance due to overtraining and a greater
diferentes cursos na área da saúde (idade: presence of overtraining symptoms in
25±6,65 anos; massa corporal total: 68±14,26 physically overactive individuals. The sample
kg; estatura: 1,67±0,09 m). Utilizamos uma consisted of 186 graduate students from
anamnese para verificar o status de atividade different health courses (age: 25±6.65 years,
física e dividir a amostra em três grupos: weigth: 68±14.26 kg, height: 1.67±0.09 m). We
sedentários ou insuficientemente ativos used an anamnesis to verify the status of
(n=75), moderadamente ativos (n=69) e physical activity and to divide the sample into
superativos (n=41). Além disso, aplicamos o three groups: sedentary or insufficiently active
Questionário de Sintomas Clínicos do (n = 75), moderately active (n = 69) and
Overtraining, e o rendimento acadêmico foi overactive (n = 41). In addition, we applied the
obtido através do resultado da avaliação Overtraining Clinical Symptoms Questionnaire,
curricular na disciplina fisiologia humana. Os and the academic achievement was obtained
resultados não revelaram diferença estatística through the results of curricular evaluation in
na correlação entre os escores de overtraining the human physiology discipline. The results
e o rendimento acadêmico (rs=-0,11; p=0,377). showed no statistical difference in the
A ANOVA indicou diferença estatística nos correlation between overtraining scores and
escores de overtraining entre sedentários academic performance (rs=-0.11, p=0.377).
(34,40 ± 13,35) e moderadamente ativos The ANOVA indicated a statistical difference in
(25,86 ± 13,23) (p<0,01), e entre sedentários e the overtraining scores between sedentary
superativos (20,00 ± 13,36) (p<0,001). (34.40 ± 13.35) and moderately active (25.86 ±
Concluímos que o rendimento acadêmico não 13.23) (p<0.01), and between sedentary and
foi afetado pelo estado de overtraining, porém, overactive (20.00 ± 13,36) (p<0.001). We
pessoas sedentárias ou insuficientemente conclude that academic performance was not
ativas podem ser acometidas por sintomas affected by the overtraining state, however,
característicos do overtraining. Existem sedentary or insufficiently active people may
questões relacionadas ao desenvolvimento da be affected by characteristic symptoms of
síndrome do overtraining que não são overtraining. There are issues related to the
justificadas exclusivamente pela frequência, development of overtraining syndrome that are
intensidade, duração e o intervalo das sessões not justified only by the frequency, intensity,
de exercício físico. duration, and interval of physical exercise
sessions.
Palavras-chave: Cognição. Supertreinamento.
Excesso de exercício. Treinamento físico. Key words: Cognition. Overtraining. Physical
Burnout. training. Physical performance. Burnout.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.76. p.526-533. Jul./Ago. 2018. ISSN 1981-9900.
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INTRODUÇÃO humor, como ansiedade aumentada,


depressão, irritabilidade e nervosismo, maior
O engajamento em programas de suscetibilidade a gripes e resfriados, aumento
exercícios físicos, regulares e adequadamente dos níveis plasmáticos do hormônio cortisol e
orientados é reconhecido como determinante redução dos níveis de testosterona, entre
para a promoção e manutenção de saúde e outros (Guimarães, 2016; Kellmann, 2010;
qualidade de vida (Fiuza-Luces e Portugal e colaboradores, 2013; Reardon e
colaboradores, 2013; Heinonen e Factor, 2010; Schaal e colaboradores, 2011).
colaboradores, 2014). Não se tem conhecimento de um único
Nos últimos anos, estudos vêm marcador objetivo, preciso e confiável, de
demonstrando que um estilo de vida aplicação prática e simplificada para o
moderadamente ativo está associado à monitoramento das distribuições das cargas
promoção da saúde e à prevenção de doenças de treinamento ao longo do tempo (Matos e
crônico-degenerativas (Fiuza-Luces e colaboradores, 2013).
colaboradores, 2013; Hallal e colaboradores, Não há um consenso sobre o
2012; Heinonen e colaboradores, 2014). diagnóstico do overtraining a partir de
Pessoas que praticam exercício físico parâmetros fisiológicos e bioquímicos
por no mínimo 30 minutos, cinco dias por clássicos que indicam anormalidades e danos
semana, em intensidade moderada podem teciduais, como a variabilidade da frequência
reduzir em 14% o surgimento de doença cardíaca em repouso, creatina quinase
coronariana e em 20%, no caso de 300 plasmática, mioglobina, lactato desidrogenase
minutos por semana (Sattelmair e e fragmentos da cadeia pesada da miosina,
colaboradores, 2011). por exemplo.
Por outro lado, indivíduos que se Neste contexto, aspectos
exercitam acima de dez vezes o mínimo psicofisiológicos recebem cada vez mais
recomendado parecem experimentar atenção por parte da comunidade científica, já
benefícios reduzidos sugerindo que respostas que a síndrome do overtraining envolve
positivas ocorrem de forma potencializada até distúrbios cognitivos e comportamentais. A
uma determinada dose (Arem e cognição pode ser entendida como um
colaboradores, 2015). conjunto de aspectos relacionados à
Uma das possíveis consequências do percepção visual, atenção, memória,
excesso na dose de treinamento é o programação de movimentos, inteligência e
overtraining, que compromete o desempenho resolução de problemas (Kandel e
e a saúde. O overtraining é um distúrbio colaboradores, 2014).
neuroendócrino, resultado do desequilíbrio O comportamento pode ser entendido
entre a alta carga de estresse associado ao como um conjunto de aspectos relacionados
tempo de recuperação insuficiente para o ao afeto, emoção e sentimento (Kandel e
organismo (Freitas e colaboradores, 2009; colaboradores, 2014).
Kellmann, 2010). Nederhof e colaboradores (2006)
A manifestação clínica do overtraining levantaram a hipótese de que o tempo de
ocorre através de uma série de sinais e reação, determinado por aspectos cognitivos,
sintomas responsáveis por alterações pode ser uma variável importante para
fisiológicas, psicológicas e comportamentais, discussão de mecanismos envolvidos na
neuroendócrinas, bioquímicas, hormonais, fadiga crônica e excesso de exercícios físicos.
imunológicas e relacionadas ao rendimento Matos e colaboradores (2013)
(Freitas e colaboradores, 2009; Kellmann, verificaram que o tempo de reação simples
2010). apresentou um aumento significativo no grupo
Dentre essas alterações, pode-se supertreinado em comparação ao grupo
destacar a diminuição dos estoques de controle.
glicogênio muscular, a queda do desempenho Sendo assim, o objetivo do estudo foi
e fadiga crônica, dores musculares, verificar se o rendimento acadêmico está
incapacidade de completar as sessões de correlacionado com o estado de overtraining,
exercícios, perda do estímulo competitivo e além de comparar o estado de overtraining
determinação, alterações de apetite e perda entre pessoas fisicamente superativas,
de peso, distúrbios do sono, distúrbios de moderadamente ativas e sedentárias.

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Testamos a hipótese de que o curricular na disciplina fisiologia humana, com


overtraining compromete o desempenho pontuação variando entre zero a 10.
acadêmico e de que sinais e sintomas do Realizamos uma análise descritiva
overtraining são mais presentes em pessoas para caracterizar a amostra (média e desvio
superativas. padrão da idade, massa corporal, estatura e
frequência semanal de exercícios).
MATERIAIS E MÉTODOS Posteriormente, com o intuito de medir
uma possível relação linear entre o
A amostra consistiu de 186 estudantes overtraining e o rendimento acadêmico,
(idade: 25 ± 6,65 anos; massa corporal total: utilizamos a correlação não paramétrica de
68 ± 14,26 kg; estatura: 1,67 ± 0,09 m) dos Spearman (rs).
cursos de graduação em Educação Física, Em seguida, efetuamos uma ANOVA
Fisioterapia, Nutrição, Enfermagem, nos escores obtidos do Questionário de
Biomedicina e Farmácia na Universidade Sintomas Clínicos do Overtraining para
Estácio de Sá, campi Taquara e Nova verificar possíveis diferenças entre os grupos
Friburgo. sedentários ou insuficientemente ativos,
Esta investigação foi submetida ao moderadamente ativos e superativos.
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Todos os procedimentos estatísticos
Estácio de Sá, e após parecer favorável do foram efetuados no programa estatístico
órgão, sob número 2.073.574, deu-se início a Graphpad Prism 5.01®, assumindo-se o nível
coleta de dados, a qual ocorreu entre 2016 e de significância P < 0,05.
2017.
Utilizamos uma anamnese para RESULTADOS
verificar o status de atividade física e dividir a
amostra em três grupos: sedentários ou Os resultados da correlação não
insuficientemente ativos (n=75), paramétrica de Spearman não revelaram
moderadamente ativos (n=69) e superativos diferença estatística significativa entre os
(n=41). escores de overtraining e o rendimento
Além disso, foi aplicado o Questionário acadêmico (rs=-0,11; p=0,377).
de Sintomas Clínicos do Overtraining (Filho e A ANOVA indicou diferença estatística
colaboradores, 2010). significativa nos escores de overtraining entre
Quanto maior a sua pontuação, que sedentários (34,40 ± 13,35) e moderadamente
pode variar de zero a 87, mais evidentes os ativos (25,86 ± 13,23) (p<0,01), e entre
seus sintomas. O rendimento acadêmico foi sedentários e superativos (20,00 ± 13,36)
obtido através do resultado da avaliação (p<0,001). O Gráfico 1 revela a comparação
intergrupos para os escores de overtraining.

Escore de overtraining
40
Pontuação no QSCO

30 *
20
**

10

0
D

P
SU
SE

O
M

Legenda: Grupos: sedentários ou insuficientemente ativos (SED), moderadamente ativos (MOD) e superativos
(SUP). *p<0,01 entre SED e MOD; **p<0,001 entre SED e SUP.
Gráfico 1 - Comparação intergrupos dos escores obtidos no Questionário de Sintomas Clínicos do
Overtraining (QSCO).

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DISCUSSÃO não transmissíveis está frequentemente


associado ao estresse mental (Pêgo e Pêgo,
O presente estudo teve como objetivo 2016).
verificar se o rendimento acadêmico está A Síndrome de Burnout abrange sinais
correlacionado com a presença de sinais e como a exaustão emocional,
sintomas de overtraining, além de comparar o despersonalização, ceticismo, sentimento de
estado de overtraining entre pessoas culpa e realização profissional reduzida em
insuficientemente ativas, moderadamente decorrência ao trabalho prolongado,
ativas ou superativas. estressante e com grande carga tensional
Testamos as hipóteses de que (Pêgo e Pêgo, 2016).
pessoas com mais sintomas de overtraining A Síndrome de Burnout consta como
possuem um rendimento acadêmico Transtorno Mental e do Comportamento
comprometido e de que superativos Relacionado com o Trabalho, no Grupo V da
fisicamente são mais suscetíveis ao Classificação Internacional das Doenças –
overtraining. CID-10.
As hipóteses testadas foram refutadas, Seus sintomas podem ser físicos
pois não encontramos correlação significativa (fadiga, dores musculoesqueléticas, distúrbios
entre o rendimento acadêmico e o do sono, perturbações gastrointestinais,
overtraining, e não verificamos uma maior imunodeficiência, transtornos
presença de sinais e sintomas do overtraining cardiovasculares, disfunções sexuais, por
em superativos. exemplo), psíquicos (falta de atenção/
Nossos achados podem servir para concentração, alterações da memória,
alertar a comunidade acadêmica e profissional instabilidade emocional, baixa autoestima, por
envolvida com exercícios e esportes sobre exemplo) ou comportamentais (irritabilidade,
questões relacionadas ao desenvolvimento incapacidade para relaxar, tendência ao
crônico da fadiga e exaustão que não sejam isolamento, por exemplo) (Pêgo e Pêgo,
exclusivamente o intervalo, duração, 2016).
intensidade e frequência das sessões de Os aspectos negativos associados ao
treinamento físico. overtraining que impactam na qualidade de
Existem interações de outros fatores vida, saúde física e mental de atletas dos mais
como o estresse mental, sono irregular, tempo diferentes níveis de aptidão também estão
de lazer e ócio, alimentação inadequada, presentes no burnout. Ou seja, o estresse
condições climáticas, satisfação com a vida e físico não constitui a única possibilidade de
felicidade, por exemplo, que podem ser tão ou desenvolvimento da exaustão física e mental.
mais determinantes para o desenvolvimento Além de uma maior vulnerabilidade ao
do overtraining do que o próprio estresse estresse mental, especulamos que os
físico. estudantes insuficientemente ativos possam
O estresse mental, por si só, ter atingido pontuações mais elevadas no
representa um importante estímulo Questionário de Sintomas Clínicos do
perturbador da homeostase. O excesso na Overtraining em função de um sono com
ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal menos qualidade.
pode provocar o aumento da circulação de A privação de sono é uma condição
cortisol, que em longo prazo, afeta a saúde e que representa grande risco para o
vida de células em diferentes tecidos (Hasan e desenvolvimento da exaustão física e mental
colaboradores, 2012). (Maric e colaboradores, 2017; Micic e
O desequilíbrio entre a atuação do colaboradores, 2011; Vgontzas e
sistema nervoso periférico autônomo simpático colaboradores, 1999a, 1999b).
e parassimpático (Guyton e Hall, 2006; Hasan Um dos fatores frequentemente
e colaboradores, 2012; Mcardle e associados à Síndrome de Burnout em
colaboradores, 2011) e do sistema imune profissionais do corpo de bombeiros, por
(Guimarães e colaboradores, 2017; Terra e exemplo, é o sono irregular.
colaboradores, 2012) também contribuem para A qualidade do sono influencia
o desenvolvimento do caos a partir do diretamente a homeostase dos sistemas
estresse mental. O desenvolvimento da nervoso, cognitivo e comportamental,
Síndrome de Burnout e de doenças crônicas endócrino, cardiovascular, respiratório, renal,

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digestório e imunológico (Maric e Sugerimos que futuros estudos


colaboradores, 2017; Micić e colaboradores, investiguem de forma mais aprofundada os
2011; Vgontzas e colaboradores, 1999a, hábitos alimentares entre os diferentes grupos
1999b). de praticantes de atividades físicas, como por
Uma das limitações do nosso estudo exemplo, a ingestão diária ou semanal de
foi não analisar a diferença nas horas de sono proteínas, vitaminas e, inclusive, uso ou abuso
entre os grupos insuficientemente ativos, de suplementos.
moderadamente ativos e superativos. Futuros Pessoas que se exercitam de forma
trabalhos devem considerar esta importante extenuante não necessariamente
variável. desenvolvem o overtraining. A exaustão
O ócio e lazer associados com provocada pela rotina extrema de exercícios
atividades físicas leves em ambientes naturais físicos pode ser temporária ou crônica (Halson
podem contribuir para o reestabelecimento da e Jeukendrup, 2004).
homeostase. O overtraining ocorre quando há uma
Bratman e colaboradores (2015) má adaptação a um período crônico de
demonstraram que pessoas que realizam trilha estresse excessivo, resultando em perda de
pela floresta desligam áreas do cérebro desempenho e desenvolvimento de sinais e
responsáveis pelo pensamento ruminante, sintomas característicos de sua síndrome
associadas a ressentimentos, por exemplo, (Halson e Jeukendrup, 2004).
muito ativadas em casos de depressão e Já a exaustão temporária induzida
esgotamento mental. A interação com a pelo excesso de treinamento é uma condição
natureza em momentos de lazer e ócio é relativamente fácil de ser recuperada em curto
capaz de preencher espaços vazios, prazo, entre duas e quatro semanas, promove
reequilibrar sistemas fisiológicos e conferir a supercompensação fisiológica e proporciona
mais qualidade às funções psíquicas. uma melhora no desempenho (Halson e
Cabe ressaltar que os autores da Jeukendrup, 2004).
intervenção não verificaram reduções na A exaustão temporária revertida em
atividade do córtex pré-frontal em caminhadas aprimoramento do rendimento é chamada de
no meio urbano (Bratman e colaboradores, overreaching (Halson e Jeukendrup, 2004).
2015). Apontamos como mais uma
Essas informações podem ser úteis importante limitação deste estudo e sugestão
tanto em intervenções contra a exaustão física para futuras investigações o estabelecimento
e mental, decorrentes do overtraining e/ou criterioso do período de treinamento em que
burnout, como no desenvolvimento de futuros os superativos se encontram no momento da
estudos (definições de variáveis intervenientes coleta de dados, ou até mesmo a realização
e delimitações amostrais, por exemplo). de cortes longitudinais.
Uma dieta considerada saudável inclui Dependendo do período de
alimentos com capacidade antioxidante e de treinamento os sinais e sintomas podem ser
regulação do metabolismo energético com mais prevalentes sem que necessariamente a
impacto positivo na saúde de células, tecidos, síndrome do overtraining tenha se
órgãos, sistemas e funções orgânicas, como o desenvolvido, ou, por outro lado, a ausência
humor e ansiedade (Duman, 2005), tão de sinais e sintomas do overtraining em função
afetados na exaustão física e mental. de rotinas intensas, porém, não extenuantes
Empiricamente é possível observar de treinos, alimentação, sono e estresse
que pessoas fisicamente ativas normalmente mental fora de períodos considerados críticos.
apresentam uma maior preocupação com a
alimentação em relação aos congêneres CONCLUSÃO
sedentários.
A alimentação é um fator determinante Concluímos que o rendimento
no desempenho atlético e dependendo do acadêmico não é afetado pelo estado de
objetivo no exercício ou esporte um ligeiro overtraining, porém, pessoas sedentárias ou
descuido pode ser suficiente para o fracasso, insuficientemente ativas podem ser
com impacto não apenas no rendimento, mas, acometidas por sintomas característicos do
sobretudo, na saúde. overtraining.

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Existem questões relacionadas ao 7-Guimarães, T. T. Paradoxo do exercício


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Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.76. p.526-533. Jul./Ago. 2018. ISSN 1981-9900.
533
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
w w w . i b p e f e x . c o m . b r / w w w . r b p f e x . c o m . b r

1-Laboratório de Fisiologia do Exercício


(LAFIEX/UNESA-R9), Rio de Janeiro-RJ,
Brasil.
2-Laboratório de Imunofisiologia do Exercício
(LIFE/UERJ) Rio de Janeiro-RJ, Brasil.
3-Centro de Ciências Biológicas da Saúde,
Unidade de Farmácia, Centro Universitário
Estadual da Zona Oeste (UEZO), Rio de
Janeiro-RJ, Brasil.

E-mails dos autores:


danielcsilva1985@gmail.com
marcellaalonsosobral@gmail.com
ercolerubini@yahoo.com.br
wagscoelho@hotmail.com

Endereço para correspondência:


Thiago Guimarães
E-mail: thiagotguimaraes@yahoo.com.br
Endereço: Rua Sargento João Lopes, 608.
Jardim Carioca, Ilha do Governador, Rio de
Janeiro-RJ.
CEP: 21931-420.

Recebido para publicação 04/09/2017


Aceito em 27/11/2017

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo. v.12. n.76. p.526-533. Jul./Ago. 2018. ISSN 1981-9900.

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