Ao contrário do tempo em que vivemos, caracterizado pela existência de
Estados duráveis, com um poder central forte e bem estruturado, nos tempos medievais as fronteiras alteravam-se com frequência e o poder político revestia formas variadas: um império, reinos, senhorios, cidades independentes (comunas) eram as principais formas de organização política da Europa medieval. Contrariando esta fragmentação política, a Europa Ocidental possuía uma forte unidade religiosa. A fé era vivida intensamente e todos se consideravam sob a autoridade espiritual do Papa. A igreja católica funcionava como um fator de coesão, fazendo com que os ocidentais se vissem a si próprios como um conjunto distinto das outras religiões do Mediterrâneo: o Cristianismo Ortodoxo, que tinha Constantinopla, capital do Império Bizantino, como centro, e o Islão, cujos seguidores eram considerados “infiéis” e inimigos. Contra eles, desencadearam-se grandes ofensivas militares – as cruzadas – que a Igreja incentivou, olhando-as como uma guerra santa.
Crescimento económico e demográfico nos séculos XI a XIII
Os séculos XI a XIII foram, para os Europeus, um tempo de prosperidade.
Beneficiando de um clima geral de paz, o número de homens aumentou, povoando regiões quase desertas. O setor agrícola contou com novas técnicas de cultivo: a maior utilização do ferro nos instrumentos agrícolas e um aproveitamento mais eficaz do solo, por exemplo, proporcionaram colheitas mais abundantes. O aumento dos excedentes agrícolas permitiu intensificar as trocas, impulsionando os setores do comércio e artesanato. Este dinamismo económico fez renascer as cidades. As cidades tornaram-se importantes centros económicos. Habitadas sobretudo por artesãos e comerciantes – os “burgueses”, não só reanimaram a produção e o comércio europeus, como dinamizaram o campo, que as abastecia de produtos alimentares. Imprescindível como meio de pagamento, a moeda voltou a circular em abundância. No século XIII, tinham-se já desenvolvido na Europa importantes polos económicos: a Flandres, centro do comércio europeu e importante produtor de lanifícios; o Norte da Alemanha e as margens do mar Báltico e do mar do Norte, onde dominavam os mercadores da Hansa Teutónica; a região de Champagne, centro das mais importantes feiras internacionais; o Norte de Itália, em especial as cidades de Veneza e Génova, que estabeleciam as ligações com os comerciantes muçulmanos, trazendo para a Europa os produtos do Oriente. Para apoiar todo o comércio, surgiram as primeiras sociedades comerciais, novos meios de pagamento, como a letra de câmbio, e uma nova profissão, a dos cambistas ou banqueiros.
Quebra demográfica no século XIV
Cerca de 1330, o tempo da prosperidade dava sinais de ter chegado ao fim. As
más colheitas sucederam-se e as grandes fomes regressaram à Europa. Mal alimentados, os corpos não resistiam às doenças e as epidemias, proliferaram, devastadoras. A mais terrível de todas, a Peste Negra , terá ceifado, entre 1347 e 1350, cerca de um terço dos Europeus. Revoltas populares e guerras entre Estados completaram este quadro recessivo. A Europa entrou, novamente, num período de dificuldades económicas e de acentuado recuo demográfico.