Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
O país rural complementou-se com um país urbano, de vilas e cidades concelhias, que
impulsionou o desenvolvimento do reino.
Se a presença régia prestigiava uma urbe, não menor engrandecimento derivava das
suas funções eclesiásticas. As sedes de bispado eram as únicas a merecerem a
designação de cidades.
Concluindo:
O espaço amuralhado
Delimitação do
espaço urbano
Muralhas
Proteção e
segurança
Prestígio e
admiração
Rendimentos
Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante
espaço. Nele estava o castelo, a torre de menagem do alcaide, à Sé ou igreja municipal, ao paço
episcopal, aos paços do concelho, às moradias dos mercadores e mesteirais abastados, uma
praça ou rossio.
As ruas iam diretamente de um ponto ou outro da cidade, ligando duas as suas portas.
Chamavam-se ruas direitas e, tal como as ruas novas enchiam de satisfação os citadinos, que aí
abriram as suas melhores oficinas, lojas e estalagens.
As minorias étnico-religiosas
Judeus: eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também médicos,
astrónomos, cobradores de renda. Mais letrados que o comum dos cristãos, mais abastados,
dados à usura e ao negócio, embora os humildes não faltassem, os judeus viviam em bairros
próprios, as judiarias, como seus funcionários, juízes e hierarquia religiosa.
O arrabalde
O termo
Era a fonte de sobrevivência da cidade. Espraiava-se para além do arrabalde. Era um espaço de
olivais, vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Nele se exercia a jurisdição e o domínio fiscal;
nele se impunha obrigações militares. Havia uma feira semanalmente de produtos da terra.
2.3.3. O exercício comunitário de poderes concelhios; A afirmação política das elites urbanas
Povoar e defender as
zonas habitadas e de
fronteiras
Proover o
Objetivos da criação dos desenvolvimento
concelhos económico e coleta de
impostos
Extensão da autoridade
régia sobre as novas
áreas povoadas e
desenvolvidas
Concelho - Comunidade de homens livres (vizinhos) cujos
privilégios e obrigações eram recohecidos na carta de foral
(Assembleia ou concilium) Os
Vizinhos: eram todos os homens vizinhos integram a administração
livres, maiores de idade, que do concelho, principa órgão
habitavam a área concelhia há um deliberativo. (Administração
certo tempo e que nela comunitária, distinata da do
trabalhavam ou eram proprietários. senhorio que pertence a um único
titular)
Homens -Bons
(designados cavaleiros-vilãos durante a
Reconquista)
Cavaleiros-
Peões
Vilãos
•Constituíam as "elites urbanas" • Maioria do habitantes dos concelhos
•Participavam na guerra com cavalos •Pequenos proprietários de terras
•Possuíam armas de ferro •Nas cidades eram os mesteirais ( artesãos e
•Isentos da maioria dos tributos (jugada e comerciantes)
pousadia) para efeitos judiciais eram •Pagavam a maior parte dos impostos
equiparados a cavaleiros desempenhando •Participavam na guerra
cargos e magistraturas municipais.
Concelhos são territórios de extensão variável cujos moradores (ou vizinhos) eram dotados de
maior ou menos autonomia administrativa, as suas obrigações e privilégios estavam
consagrados na carta de foral.
O número mais significativo de concelhos situava-se nas regiões fronteiriças das Beiras, na
Estremadura e no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou perfeitos.
Chamavam-se vizinhos a todos os homens livres, maiores de idade, que habitavam a área
concelhia há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários. A eles competia a
administração do concelho. Revestia o carater de uma administração comunitária, distinta da
do senhorio que pertencia a um único titular. Os vizinhos integravam a assembleia (concilium),
que era o grande órgão deliberativo do concelho. Conhecidas por posturas municipais, as
decisões da assembleia dos vizinhos regulamentavam questões económicas, … Mas as
competências mais significativas do concelho eram as que se relacionavam com a administração
da justiça e a eleição dos magistrados.
Procurador
Chanceler
• Competia-lhe guardar o selo e a bandeira do concelho.
Alcaides ou Juizes
Almotacés
Monarquia Feudal- Monarquia na qual o rei se assume como o maior e mais poderoso dos
senhores feudais; em troca de doações e da concessão de proteção faz convergir para a sua
figura aos laços de dependência pessoal de vassalos e súbditos.
Os primeiros tempos de Portugal como Estado independente foram vividos sob o signo de uma
monarquia feudal. Podemos caraterizá-la como uma monarquia tocada pelas vivências e
relações de dependência feudal, que o rei habilmente manejava para se afirmar e impor. A tal
ponto o fez que a monarquia feudal se transformou em monarquia centralizada.
Nessa monarquia feudal não se distinguia a esfera pública da privada, pelo que a realeza se
concebia de forma patrimonial. O reino era possuído como um bem pessoal que se herdava e,
juntamente com a função régia, se transmitia em testamento na pessoa do filho primogénito.
O reino eram várias parcelas que se alienaram à boa maneira feudal. Doaram-se honras e coutos
a senhores nobres e eclesiásticos, como recompensa de serviços prestados nos primórdios da
monarquia. Concederam-se, a título precário, cargos públicos (fundiários, militares, judiciais e
fiscais), criou a realeza uma corte de vassalos, que lhe devia fidelidade e apoio nas tarefas de
defesa, expansão e administração do reino. Em Portugal, considerava-se o rei como o único e
verdadeiro senhor feudal, convergindo, diretamente para ele, as dependências vassálicas. O rei
era o mais rico e mais poderoso dos senhores, o Dominux Rex.
E não lhe bastava cobrar rendas ou exercer o poder público nos seus domínios pessoais, os
reguengos. Também os alódios (pequenas propriedades livres) e nos concelhos não desdenhava
o rei, sempre que possível, exigir prestações públicas de natureza judicial, militar ou fiscal. Entre
elas, a voz e coima, a fossadeira, a anúduva, a jugada, a pousadia.
Só ao rei competia a chefia militar na guerra externa contra os inimigos da Cristandade, tanto
para defender como para dilatar.
O rei assumia-se como o responsável como o responsável máximo pela manutenção da paz e
da justiça. Cabia-lhe a luta contra as formas de abuso e de violência, o direito de julgar os nobres
e outros detentores do poder. Como juiz supremo, o rei reservava para si a justiça maior, que
lhe permitia condenar à morte ou ao talhamento de membros, e a função de tribunal de
apelação.
Mas não só a autoridade judicial régia pairava acima das jurisdições senhorias e concelhias.
Desde 1211, reinava Afonso II, a monarquia portuguesa assumiu o exclusivo da legislação
suprema. Aplicadas em todo o reino e a todos os súbditos, as Leis Gerais evidenciaram um poder
régio fortalecido, capaz de se sobrepor aos particularismos e poderes locais. Algumas dessas leis
destinaram-se a combater os privilégios senhoriais, como o direito de vindicta dos nobres e a
recuperar o património e os poderes da Coroa, declarados inalienáveis e indivisíveis. Outras
regulamentaram questões monetárias, já que ao rei cabia o exclusivo da cunhagem da moeda,
bem como a sai manipulação. Outras ainda tabelaram os preços, como a Lei de Almotaçaria do
reinado de D. Afonso III.
A Idade Média foi marcada pela itinerância da corte e, com ela, o governo central. Compunham-
no um corpo de funcionários (alfer-mor; mordomo-mor; chanceler) e assembleias (cúria régia)
que o monarca convocava. Davam-lhe conselho sério e avisado e aprestavam-se a executar as
suas resoluções.
O funcionalismo
Desde o reinado de D. Afonso Henriques que os altos funcionários da corte eram o alferes-mor,
mordomo-mor e o chanceler.
Alferes-mor ocupava o lugar de maior relevo na medida em que desempenhava o mais alto
posto da hierarquia militar. Nas batalhas transportava o pendão real e, na ausência do monarca,
ele próprio chefiava o exército.
Chanceler- competia-lhe a redação dos diplomas régios e a guarda do selo real. Distinguia-se
dos restantes funcionários pelos seus conhecimentos superiores e pela sua cultura jurídica.
A Cúria Régia
Cúria Régia- Conjunto de conselheiros que ajudavam o soberano no exercício das suas funções.
Como órgão de apoio à administração, dispunham os nossos monarcas de uma cúria régia, nela
se debatiam todos os problemas relativos à administração do reino, desde os assuntos de
governação quotidiana às questões económicas, como o lançamento de tributos e a quebra da
moeda, desde a confirmação das doações régias às questões da paz e da guerra. A estas vastas
atribuições a Cúria Régia acrescentava importantes funções judiciais. Competia-lhe o
julgamento dos pleitos da nobreza,… Cabia ainda à Cúria Régia o papel de supremo tribunal do
reino, decidindo da aplicação da justiça maior e dos casos que apelavam para o rei.
As reuniões ordinárias da Cúria contavam com a presença dos membros da corte que
acompanhava o rei: a rainha e outros membros da família real, ricos-homens e prelados, o
governador da terra ou o alcaide da cidade onde a corte estanciava, para além dos altos
funcionários atrás referidos.
Quando os assuntos a tratar revestiam uma dimensão nacional, o monarca convocava um Cúria
extraordinária em que os elementos da Cúria ordinária se acrescentavam os prelados das várias
dioceses, os abades das principais comunidades monásticas, os governadores das terras e os
alcaides das cidades, os membros da mais alta nobreza, os chefes das ordens religioso-militares.
Com tão vasta representação era natural que dos conselhos da Cúria Régia resultassem
importantes resoluções. Assim aconteceu com a primeira Cúria extraordinária realizada, em
1211; nela se elaboraram as primeiras Leis Gerias, reveladoras da influência do direito romano
no reino.
A evolução sofrida prende-se com a nova dinâmica política da centralização do poder real.
Assim, no Conselho Régio há, relativamente aos seus membros, um grau de exigência
incomparavelmente maior ao registado na Cúria Régia. Não bastava pertencer à família real,
residir acidentalmente na corte ou ser rico-homem ou prelado para merecer a dignidade de
conselheiro. Para legislar e administrar convenientemente o reino, exigia-se agora uma
preparação vastíssima em matéria jurídica, que só os novos letrados estavam em condições de
oferecer.
Legista- Termo empregado durante a Idade Média, na Europa Ocidental, para designar os
juristas instruídos no direito romano.
Aos legistas foi a realeza buscar os seus novos conselheiros privados (os privati), cuja opinião
sábia e competência técnica não podia dispensar.
Para além dos assuntos tratados oriundos da iniciativa régia, era possível lá ouvir as queixas,
agravamentos ou pedidos dos três estados do reino. Muitos diziam respeito a matéria fiscal e
financeira, contribuindo as pretensões do rei de lançar novos tributos ou proceder à quebra da
moeda. Especialmente frequentes eram as queixas os povos contra os abusos dos senhores e os
excessos do poder senhorial.
A todos o rei ouvia, com todos se aconselhava. E se os conselhos e queixas fossem levados em
conta poder-se-ia dizer que as Cortes também deliberavam.
D. Afonso III estabeleceu uma nova organização administrativa nas regiões que estavam sob a
dependência direta da Coroa. Divididas em comarcas, julgados e almoxarifados, eram,
respetivamente, dirigidas por meirinho e depois por corregedores, juízes, almoxarifes e
mordomos.
Nas áreas concelhias não deixou a realeza de se intrometer ao longo dos séculos XIII e XIV. Nos
concelhos fazia-se o rei representar:
Com esta intervenção não pretendeu a realeza anular a autonomia dos concelhos. Como atrás
dissemos, interessava-lhe zelar pelos seus direitos; mas, sobretudo, estava o rei empenhado,
como guardião supremo da paz e da justiça, em promover o bem público, eliminado abusos e
arbitrariedades do poder local. Esta mesma finalidade levaria, desde cedo, a realeza a intervir
nos senhorios.