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2.

3- O país urbano e concelhio


A multiplicação de vilas e cidades concelhias

O país rural complementou-se com um país urbano, de vilas e cidades concelhias, que
impulsionou o desenvolvimento do reino.

Em 1064, Coimbra é definitivamente conquistada aos muçulmanos. Em 1075, a


construção da Catedral de Santiago de Compostela, onde se abrigava o túmulo do
apóstolo, faz deste local um dos centros de devoção mais concorridos da Cristandade
medieval. Tal significa que o espaço a norte do Mondego, que em breve fará parte do
Reino de Portugal, se vê sulcado de peregrinos e caminhos que demandam a cidade do
Noroeste da Galiza.

Entretanto a Reconquista prosseguia e, com ela, territórios de forte presença urbana,


que o domínio muçulmano além de preservar soubera estimular, acrescentavam-se ao
Norte tradicionalmente rural e senhorial.

A presença da corte, então verdadeiramente itinerante, nas cidades do Centro


(Coimbra, Leiria) e Sul (Santarém, Lisboa, Évora), contribuiu para a consolidação das
estruturas urbanas do reino nos seus primeiros séculos de existências.

Se a presença régia prestigiava uma urbe, não menor engrandecimento derivava das
suas funções eclesiásticas. As sedes de bispado eram as únicas a merecerem a
designação de cidades.

A urbanidade de uma povoação media-se, em grande parte, pelo seu grau de


superintendência jurídica. A cidade e a vila concelhia dispunham, na verdade, de uma
capacidade auto administrativa, maior ou menor, que os monarcas e, às vezes, um
senhor lhe concederiam através da carta de foral.

Concluindo:

Beneficiando das peregrinações a Santiago de Compostela, do avanço da Reconquista,


da estância da corte régia, do restauro das sés episcopais, da criação de concelhos e do
dinamismo comercial, o território português recuperou, desse o século XII, uma
fisionomia urbana.

2.3.2. A organização do espaço citadino

 Urbanismo cristão e urbanismo muçulmano


As urbes medievais portuguesas já nada revelavam o urbanismo latino.

O território distinguia-se por um urbanismo cristão, a norte, de um urbanismo


muçulmano a sul. Apesar de não faltarem no primeiro as ruas tortuosas e os becos sem
saída, como qualquer cidade medieval que se prezava, o facto é que a urbe cristã sempre
dispunha de uma ou mais praças e, de um modo geral, irradiava a partir de um centro,
enquanto a cidade muçulmana se distribuía pela alcáçova, reservada a dirigentes, e pela
almedina, a zona popular.

De fundação cristã ou de influência muçulmana, há, no entanto traços comuns no


urbanismo medieval, tanto mais quanto os contatos económicos e culturais não
escasseavam, mesmo quando os dois mundos se digladiavam; e tanto mais quanto, à
medida que a Reconquista progredia, a interação das diferenças se processava.

 O espaço amuralhado

Delimitação do
espaço urbano
Muralhas

Proteção e
segurança
Prestígio e
admiração

Rendimentos

A cidade medieval portuguesa destacava-se na paisagem uma cintura de muralhas. Estas


davam-lhe proteção e proventos (pelas inúmeras taxas nas portas e postigos), além de
embelezá-la!

Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante
espaço. Nele estava o castelo, a torre de menagem do alcaide, à Sé ou igreja municipal, ao paço
episcopal, aos paços do concelho, às moradias dos mercadores e mesteirais abastados, uma
praça ou rossio.
As ruas iam diretamente de um ponto ou outro da cidade, ligando duas as suas portas.
Chamavam-se ruas direitas e, tal como as ruas novas enchiam de satisfação os citadinos, que aí
abriram as suas melhores oficinas, lojas e estalagens.

Tudo o resto eram ruas secundárias, autênticas vielas.

 As minorias étnico-religiosas

As minorias étnico-religiosas: judeus e mouros.

Judeus: eram mesteirais (ourives, alfaiates, sapateiros), mas houve-os também médicos,
astrónomos, cobradores de renda. Mais letrados que o comum dos cristãos, mais abastados,
dados à usura e ao negócio, embora os humildes não faltassem, os judeus viviam em bairros
próprios, as judiarias, como seus funcionários, juízes e hierarquia religiosa.

Mouros: Tinham também bairros próprios, as mourarias e situavam-se no arrabalde.

 O arrabalde

O arrabalde acabou por se transformar num prolongamento da cidade. Nele se encontravam as


hortas, os ofícios poluentes… Para muitos mesteirais e mercadores, o arrabalde constituía um
local privilegiado. No arrabalde não faltava a animação (malabaristas, saltimbancos e touradas).
Um certo ar de marginalidade rodeava o arrabalde. Os pedintes e leprosos, que eram
considerados parasitas na época medieval, confinavam-se ao arrabalde.

 O termo

Era a fonte de sobrevivência da cidade. Espraiava-se para além do arrabalde. Era um espaço de
olivais, vinhas ou searas e aldeias várias incluídas. Nele se exercia a jurisdição e o domínio fiscal;
nele se impunha obrigações militares. Havia uma feira semanalmente de produtos da terra.

2.3.3. O exercício comunitário de poderes concelhios; A afirmação política das elites urbanas

Povoar e defender as
zonas habitadas e de
fronteiras

Proover o
Objetivos da criação dos desenvolvimento
concelhos económico e coleta de
impostos

Extensão da autoridade
régia sobre as novas
áreas povoadas e
desenvolvidas
Concelho - Comunidade de homens livres (vizinhos) cujos
privilégios e obrigações eram recohecidos na carta de foral

Direitos e obrigações consagradas na carta


de foral

Designação de magistrados próprios;


Respeito pelos costumes locais;
Criar leis próprias;
Organizar as suas funções militares - que participam no exército do rei;
Administração da justiça e da fiscalidade;
Exclusão do exercicio dos direitos senhoriais no interior da área do conceho;
Garantia da posse da terra e instrumentos de produção;
Pagamentos de tributos ao rei;
Pagamentos de portagens.

(Assembleia ou concilium) Os
Vizinhos: eram todos os homens vizinhos integram a administração
livres, maiores de idade, que do concelho, principa órgão
habitavam a área concelhia há um deliberativo. (Administração
certo tempo e que nela comunitária, distinata da do
trabalhavam ou eram proprietários. senhorio que pertence a um único
titular)
Homens -Bons
(designados cavaleiros-vilãos durante a
Reconquista)

Constituíam a elite social do concelho;

Eram grandes proprietários rurais ou comerciantes;

Tinham privilégios fiscais e fiscais, nomeadamente a isenção


do pagamento da jugada (tributo em cereais, proporcional
ao nrº de junta de bois utilizadas no amanho das terras) e
de pousadia ( dever de alojar o rei e a resposta comitiva).

Monopolizavam os cargos e as magistraturas dos


concelhos, tendo competências relacionadas com
a administração da justiça e a eleição dos
magistrados e funcionários.

Diversidade de estatutos na sociedade concelhia

Cavaleiros-
Peões
Vilãos
•Constituíam as "elites urbanas" • Maioria do habitantes dos concelhos
•Participavam na guerra com cavalos •Pequenos proprietários de terras
•Possuíam armas de ferro •Nas cidades eram os mesteirais ( artesãos e
•Isentos da maioria dos tributos (jugada e comerciantes)
pousadia) para efeitos judiciais eram •Pagavam a maior parte dos impostos
equiparados a cavaleiros desempenhando •Participavam na guerra
cargos e magistraturas municipais.

Concelhos são territórios de extensão variável cujos moradores (ou vizinhos) eram dotados de
maior ou menos autonomia administrativa, as suas obrigações e privilégios estavam
consagrados na carta de foral.

O número mais significativo de concelhos situava-se nas regiões fronteiriças das Beiras, na
Estremadura e no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou perfeitos.

Chamavam-se vizinhos a todos os homens livres, maiores de idade, que habitavam a área
concelhia há um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram proprietários. A eles competia a
administração do concelho. Revestia o carater de uma administração comunitária, distinta da
do senhorio que pertencia a um único titular. Os vizinhos integravam a assembleia (concilium),
que era o grande órgão deliberativo do concelho. Conhecidas por posturas municipais, as
decisões da assembleia dos vizinhos regulamentavam questões económicas, … Mas as
competências mais significativas do concelho eram as que se relacionavam com a administração
da justiça e a eleição dos magistrados.

A estes magistrados, escolhidos pela Assembleia, acrescentavam-se, os vereadores, nomeados


pelo rei entre os vizinhos. Possuíam vastas competências legislativas e executivas, vindo a
sobrepor-se, inclusivamente, à Assembleia dos vizinhos e aos restantes magistrados.

Procurador

• Exercia o cago de tesoureio e representava externamente o concelho

Chanceler
• Competia-lhe guardar o selo e a bandeira do concelho.

Alcaides ou Juizes

•Também chamados de alvazis, eram os supremos dirigentes da comunidade.

Almotacés

• Estavam encarregados da vigilância das atividades económicas ( mercados,


preços e medidas), da sanidade e das obras públicas.

Alcaides, Almotacés, procuradores ou vereadores, todos os magistrados pertenciam à elite


social do concelho, sendo comummente chamados de homens – bons. Eram proprietários rurais
e donos de razoáveis cabeças de gado nas terras A realeza engrandecera-os fazendo-os
cavaleiros-vilãos. Serviam na guerra a cavalo, com as suas armas de ferro e os seus séquitos de
peões. Mereciam um tratamento judicial reservado aos infanções, não podendo receber açoites.
De ponto de vista fiscal, estavam isentos do pagamento da jugada e dispensados de fornecer a
pousadia.

Ao protagonismo social os homens-bons somaram a preeminência política.


2.4. O poder régio, fator estruturante da coesão interna do reino

2.4.1. Da Monarquia Feudal à centralização do poder

Monarquia Feudal- Monarquia na qual o rei se assume como o maior e mais poderoso dos
senhores feudais; em troca de doações e da concessão de proteção faz convergir para a sua
figura aos laços de dependência pessoal de vassalos e súbditos.

Á figura régia e à instituição monárquica cabia o difícil e importante papel de unificar os


particularismos, dotando o espaço territorial de coesão interna e conferindo às suas gentes uma
identidade nacional.

Os primeiros tempos de Portugal como Estado independente foram vividos sob o signo de uma
monarquia feudal. Podemos caraterizá-la como uma monarquia tocada pelas vivências e
relações de dependência feudal, que o rei habilmente manejava para se afirmar e impor. A tal
ponto o fez que a monarquia feudal se transformou em monarquia centralizada.

Nessa monarquia feudal não se distinguia a esfera pública da privada, pelo que a realeza se
concebia de forma patrimonial. O reino era possuído como um bem pessoal que se herdava e,
juntamente com a função régia, se transmitia em testamento na pessoa do filho primogénito.

O reino eram várias parcelas que se alienaram à boa maneira feudal. Doaram-se honras e coutos
a senhores nobres e eclesiásticos, como recompensa de serviços prestados nos primórdios da
monarquia. Concederam-se, a título precário, cargos públicos (fundiários, militares, judiciais e
fiscais), criou a realeza uma corte de vassalos, que lhe devia fidelidade e apoio nas tarefas de
defesa, expansão e administração do reino. Em Portugal, considerava-se o rei como o único e
verdadeiro senhor feudal, convergindo, diretamente para ele, as dependências vassálicas. O rei
era o mais rico e mais poderoso dos senhores, o Dominux Rex.

E não lhe bastava cobrar rendas ou exercer o poder público nos seus domínios pessoais, os
reguengos. Também os alódios (pequenas propriedades livres) e nos concelhos não desdenhava
o rei, sempre que possível, exigir prestações públicas de natureza judicial, militar ou fiscal. Entre
elas, a voz e coima, a fossadeira, a anúduva, a jugada, a pousadia.

Na monarquia portuguesa havia uma inegável superioridade da função régia.

 A centralização do poder: defesa, justiça, legislação e fiscalidade

Os monarcas fundamentaram o seu poder na doutrina do direito divino, considerando-se os


representantes de Deus na Terra. Este princípio levou-os a intitularem-se reis por “graça” ou
“clemencia” de Deus e a assumirem o papel de órgão máximo do poder público.

Só ao rei competia a chefia militar na guerra externa contra os inimigos da Cristandade, tanto
para defender como para dilatar.

O rei assumia-se como o responsável como o responsável máximo pela manutenção da paz e
da justiça. Cabia-lhe a luta contra as formas de abuso e de violência, o direito de julgar os nobres
e outros detentores do poder. Como juiz supremo, o rei reservava para si a justiça maior, que
lhe permitia condenar à morte ou ao talhamento de membros, e a função de tribunal de
apelação.

Mas não só a autoridade judicial régia pairava acima das jurisdições senhorias e concelhias.
Desde 1211, reinava Afonso II, a monarquia portuguesa assumiu o exclusivo da legislação
suprema. Aplicadas em todo o reino e a todos os súbditos, as Leis Gerais evidenciaram um poder
régio fortalecido, capaz de se sobrepor aos particularismos e poderes locais. Algumas dessas leis
destinaram-se a combater os privilégios senhoriais, como o direito de vindicta dos nobres e a
recuperar o património e os poderes da Coroa, declarados inalienáveis e indivisíveis. Outras
regulamentaram questões monetárias, já que ao rei cabia o exclusivo da cunhagem da moeda,
bem como a sai manipulação. Outras ainda tabelaram os preços, como a Lei de Almotaçaria do
reinado de D. Afonso III.

A fiscalidade constitui mais um dos domínios de intervenção da realeza, empenhada em pôr


cobro a isenções várias. Ponto alto desta luta foi conseguido, em 1387, com o estabelecimento
das sisas gerais, impostos que incidiam sobra a compra e venda de todos os bens, se aplicavam
a todo o país e a que todos estavam obrigados, incluindo os privilegiados, o próprio rei e a rainha.

Nessa altura a construção do Estado Moderno ganhava visibilidade. A monarquia feudal e


guerreira dos primeiros tempos, em que o rei, era um senhor, embora o maior, e recompensava
largamente centralizada, com rei transformado em chefe dos exércitos, juiz supremo e
legislador, isto é, intérprete do poder público.

2.4.2. A reestruturação da administração central

A Idade Média foi marcada pela itinerância da corte e, com ela, o governo central. Compunham-
no um corpo de funcionários (alfer-mor; mordomo-mor; chanceler) e assembleias (cúria régia)
que o monarca convocava. Davam-lhe conselho sério e avisado e aprestavam-se a executar as
suas resoluções.

 O funcionalismo

Desde o reinado de D. Afonso Henriques que os altos funcionários da corte eram o alferes-mor,
mordomo-mor e o chanceler.

Alferes-mor ocupava o lugar de maior relevo na medida em que desempenhava o mais alto
posto da hierarquia militar. Nas batalhas transportava o pendão real e, na ausência do monarca,
ele próprio chefiava o exército.

Mordomo-mor superintendia na administração civil do reino. Era coadjuvado por um vedor a


para assuntos privativos do monarca, chamado dapífero.

Chanceler- competia-lhe a redação dos diplomas régios e a guarda do selo real. Distinguia-se
dos restantes funcionários pelos seus conhecimentos superiores e pela sua cultura jurídica.

A centralização do poder régio originou um notável acréscimo da produção documental e o


reforço dos poderes da chancelaria régia. O chanceler tornou-se uma personalidade
indispensável na administração do Reino, superintendendo num número apreciável de
funcionários. Entre eles contavam-se vários notários e escrivães.

 A Cúria Régia

Cúria Régia- Conjunto de conselheiros que ajudavam o soberano no exercício das suas funções.

Como órgão de apoio à administração, dispunham os nossos monarcas de uma cúria régia, nela
se debatiam todos os problemas relativos à administração do reino, desde os assuntos de
governação quotidiana às questões económicas, como o lançamento de tributos e a quebra da
moeda, desde a confirmação das doações régias às questões da paz e da guerra. A estas vastas
atribuições a Cúria Régia acrescentava importantes funções judiciais. Competia-lhe o
julgamento dos pleitos da nobreza,… Cabia ainda à Cúria Régia o papel de supremo tribunal do
reino, decidindo da aplicação da justiça maior e dos casos que apelavam para o rei.

As reuniões ordinárias da Cúria contavam com a presença dos membros da corte que
acompanhava o rei: a rainha e outros membros da família real, ricos-homens e prelados, o
governador da terra ou o alcaide da cidade onde a corte estanciava, para além dos altos
funcionários atrás referidos.

Quando os assuntos a tratar revestiam uma dimensão nacional, o monarca convocava um Cúria
extraordinária em que os elementos da Cúria ordinária se acrescentavam os prelados das várias
dioceses, os abades das principais comunidades monásticas, os governadores das terras e os
alcaides das cidades, os membros da mais alta nobreza, os chefes das ordens religioso-militares.

Com tão vasta representação era natural que dos conselhos da Cúria Régia resultassem
importantes resoluções. Assim aconteceu com a primeira Cúria extraordinária realizada, em
1211; nela se elaboraram as primeiras Leis Gerias, reveladoras da influência do direito romano
no reino.

 O Conselho Régio e as Cortes

A evolução sofrida prende-se com a nova dinâmica política da centralização do poder real.
Assim, no Conselho Régio há, relativamente aos seus membros, um grau de exigência
incomparavelmente maior ao registado na Cúria Régia. Não bastava pertencer à família real,
residir acidentalmente na corte ou ser rico-homem ou prelado para merecer a dignidade de
conselheiro. Para legislar e administrar convenientemente o reino, exigia-se agora uma
preparação vastíssima em matéria jurídica, que só os novos letrados estavam em condições de
oferecer.

Legista- Termo empregado durante a Idade Média, na Europa Ocidental, para designar os
juristas instruídos no direito romano.

Aos legistas foi a realeza buscar os seus novos conselheiros privados (os privati), cuja opinião
sábia e competência técnica não podia dispensar.

De salientar que, aquando a institucionalização do Conselho Régio, este perdeu as funções


judiciais que estavam adstritas à Cúria Régia. Ficaram entregues a tribunais superiores, de que
faziam parte os sobrejuízes, os ouvidores da suplicação e os ouvidores da corte.
Quanto às Cortes, cuja primeira assembleia teve lugar em Leiria, em 1254, apresentavam-se
bem mais representativas do que as anteriores Cúrias Régias extraordinárias. Delas se
distinguiam pela diversidade social dos seus membros, bem como pela origem dos assuntos
nelas debatidos. Com efeito, para além dos representantes do clero secular e regular, das ordens
religioso-militares, dos ricos-homens e outros fidalgos, as Cortes contavam nas suas fileiras com
os procuradores dos concelhos das grandes cidades e vilas. Com a presença dos três estados do
reino (clero, nobreza e povo), as Cortes desempenhavam, se bem que de uma forma
embrionária, a função de organismo nacional interveniente na governação.

Para além dos assuntos tratados oriundos da iniciativa régia, era possível lá ouvir as queixas,
agravamentos ou pedidos dos três estados do reino. Muitos diziam respeito a matéria fiscal e
financeira, contribuindo as pretensões do rei de lançar novos tributos ou proceder à quebra da
moeda. Especialmente frequentes eram as queixas os povos contra os abusos dos senhores e os
excessos do poder senhorial.

A todos o rei ouvia, com todos se aconselhava. E se os conselhos e queixas fossem levados em
conta poder-se-ia dizer que as Cortes também deliberavam.

2.4.3. A intervenção na administração local

O reforço da autoridade régia repercutiu-se igualmente na administração local. Ciosa da sua


autoridade e das suas prerrogativas judiciais, fiscais e militares, para já não falar da cobrança de
rendas e prestações dominiais, tratou a realeza de superintender na sua execução.

D. Afonso III estabeleceu uma nova organização administrativa nas regiões que estavam sob a
dependência direta da Coroa. Divididas em comarcas, julgados e almoxarifados, eram,
respetivamente, dirigidas por meirinho e depois por corregedores, juízes, almoxarifes e
mordomos.

Nas áreas concelhias não deixou a realeza de se intrometer ao longo dos séculos XIII e XIV. Nos
concelhos fazia-se o rei representar:

 Pelo alcaide-mor, que comandava as tropas ao serviço da Coroa e vigiava as atividades


judiciais locais;
 Pelos almoxarife e mordomo, que cobravam os direito e as rendas devidos ao rei;
 Pelo corregedor e juízes de fora, que inspecionavam os magistrados e a administração
municipal;
 Pelos vereadores, os novos magistrados concelhios, cuja escolha competia ao rei desde
1340.

Com esta intervenção não pretendeu a realeza anular a autonomia dos concelhos. Como atrás
dissemos, interessava-lhe zelar pelos seus direitos; mas, sobretudo, estava o rei empenhado,
como guardião supremo da paz e da justiça, em promover o bem público, eliminado abusos e
arbitrariedades do poder local. Esta mesma finalidade levaria, desde cedo, a realeza a intervir
nos senhorios.

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