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O coletivo através do singular: EP Virtudes & Sonhos

Diretamente dos Mirantes de periperi e Rio Sena na Suburbana, o rapper


Admiral nos convida, assim como nos filmes em primeira pessoa, a compartilhar um
pouco da sua “vizão” de mundo em seu primeiro EP Virtudes & Sonhos. Em 8 faixas
nos é descrito os medos e anseios, as virtudes e os sonhos de um jovem negro de
quebrada. Com a grande variação de flow e batidas que vão do trap ao boombap,
facilmente percebe-se a versatilidade tanto como rimador quanto produtor deste
jovem MC, assinando a maioria dos beats através do seu selo SeitaRecords,
juntamente aos beatmakers Muñoz e Enconre. É um trabalho precioso. Para quem
está cansado dessa nova leva de discursos repetidos daqueles que estão no “hype”,
eis um respiro longe de tudo isso, é uma obra sentimental, de histórias reais.

É estabelecido logo na primeira faixa, Short da nike, tudo aquilo que “os
menor” quer e os meios para se conseguir. Em uma relação de poder e autoestima, os
trajes na nike simbolizam um tipo de inclusão através do consumo. No mundo
capitalista, dinheiro é poder. E principalmente onde as possibilidades são escassas, os
pivete quer poder(em todas as suas dimensões). Prata, segunda faixa do ep, numa
espécie de chamado para voltar a realidade, um puxão de orelha em toda essa cena de
falsos bandidos, onde o crime é ostentação. Nessa “sociedade do espetáculo” em que
se vive, onde as mídias sociais apenas intensificam a importância da imagem pública,
aparentar ser é muito importante. Querem aparentar ser bandido, ou qualquer coisa
que lhe confira algum status dentro destas redes. Mas como salienta o próprio MC,
“eu só fico castelando em vocês entrando em laranjada”. Na terceira faixa, que carrega
o nome do título do EP, Virtudes e Sonhos retrata a dificuldade que é ter de subverter
a realidade através dum sonho. Em meio a panelas vazias e a violência das ruas, o
amor e a raiva se completam como combustível, querer mudar o mundo e viver de
arte pode soar utópico, distante, mas é essencial para criar novas rotas e
possibilidades de vida. Se para alguns, esta obra soa como um mergulho dentro de
uma realidade diferente, para muitos, emociona por indiretamente contar suas
próprias histórias. E talvez esse seja uma das grandes forças deste trabalho, ser um
diário, um desabafo em batida, como o próprio MC diz em sua quarta faixa Aonde o
tempo não passa mas que comunica justamente por essa singularidade. Facilmente
um jovem de periferia se encontrará em algumas dessas linhas, e por isso, na faixa
seguinte Sempre Jovens a batida mais alegre nos convida a abraçar essa juventude,
que aqui, não se restringe a idade, somos todos jovens, estamos sempre aprendendo a
como viver e a driblar as dificuldades. Em Eliete e Maria, sexta faixa do EP , o rapper
nos conta sobre sua base, sobre quem esteve do seu lado para apoiá-lo e agora, ele
deseja poder retribuir. É sem dúvidas, uma das mais emocionantes de toda a obra,
mostra a grande importância desse afeto como alicerce e base de sua construção. Pois,
se as bases são fortes, nos sentimos invencíveis, intocáveis, capazes de mudar o
mundo. Esta é, inclusive, tema da penúltima faixa, Intocável como o Sol, onde aqui,
somos nós que matamos a morte. A arte mata a morte(mais uma vez). No fim desta
jornada em Eternays, num importante registro, eterniza-se aquilo que fez parte de sua
vida, os amigos, a rua, como se dissesse após todo esse caminho, que este não é um
desabafo de uma só pessoa, e sim, um desabafo de uma experiência coletiva.

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