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Bial e bolsonaristas atacam Petra Costa.


Por que diretora incomoda tanto?
Nina Lemos 04/02/2020 10h03
5-7 minutos

Divulgação

"A sua narração é miada, insuportável". "Ela fica choramingando o tempo inteiro." "É
um filme de uma menina dizendo para a mamãe dela que fez tudo direitinho." As frases
foram usadas ontem por Pedro Bial para falar de Petra Costa, a cineasta de 36 anos que
é a única brasileira a participar da competição do Oscar esse ano, com o filme
"Democracia em Vertigem."

Como se não bastasse, Petra concorre a um prêmio importante: melhor documentário.


Uau.

O filme fala sobre os últimos acontecimentos políticos do Brasil sob sua ótica (de
esquerda). O tema é, sim, polêmico, ainda mais em um tempo em que os ânimos estão
mais que exaltados. Ela certamente sabia disso ao resolver fazer o filme e estava
preparada.
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Mas quanto mais o filme faz sucesso, mais os ataques aumentam e parecem dizer:
"como essa garotinha se atreve?" Petra é uma mulher de 36 anos, ela não é uma
"menina". Ela é uma cineasta adulta, não uma pessoa que quer agradar a mamãe. A
mesma coisa é dita quando "homens valentes" decidem dar opinião política? Eles são
chamados de "moleques", eles estão querendo agradar o "papai"?

Quando um homem faz a narração de um filme suas vozes são comparados a miados ou
choros? Ok, homens, em geral, têm vozes mais grossas, mas alguém diz que eles
"grunhem"?

Outro motivo, imagino, para os ataques, é que Petra ousa entrar em um território
masculino: a política. Esse costuma ser um assunto de gente grande! E as pessoas
consideradas gente grande, claro, na maioria dos casos são homens. Em qualquer
discussão política (seja de direita, centro ou esquerda), as mulheres têm que gritar
quando querem dar opinião (e geralmente são ignoradas pelos homens, esses seres que
nasceram com PHD em ciência política).

Mulheres que trabalham com política, em geral, têm que adotar um ar sério. Petra Costa
não fez isso, pelo contrário. Ela comemorou a vitória do Oscar postando nas redes
sociais um vídeo em que ri deitada no chão na companhia do seu cachorro. Se ela
fingisse que não estava feliz, fosse blasé, seria mais fácil?

A crítica é livre

Claro, de forma alguma todo mundo é obrigado a gostar de um filme. Se o Pedro Bial, e
tantos outros, odiaram, isso é apenas normal. Não tem nada demais. Você pode gostar
ou não. Criticar também é normal. Existe até uma profissão chamada "crítico".
Ninguém é obrigado a obrigado a gostar de nada e nem de achar que a indicação do
filme ao Oscar foi justa. Mas, por que tanto ódio?

O tom paternalista de Pedro Bial e muitos comentários na internet parecem deixar claro:
mulher com voz incomoda (não falo do tom, mas metaforicamente). Ainda mais
quando essa mulher conquista coisas que muitos homens sonham. Uma nominação
como melhor documentário para o Oscar. Uau.

Petra Costa também tem tido a audácia de dar entrevistas em que fala da situação
política do Brasil e critica duramente o governo Bolsonaro. Ela não é a única. Artistas
brasileiros com projeção internacional, como Wagner Moura, para citar um, tem feito o
mesmo sempre que tem oportunidade. Claro, isso pode desagradar muitos, mas é um
direito.

O ódio que isso tem causado é desproporcional ao fato de uma cineasta dar opinião, mas
também nada surpreendente. Atualmente, jornalistas são ameaçados de morte no Brasil.
Caso da repórter da Folha Patrícia Campos Mello, que depois de publicar uma matéria
investigativa na Folha sofreu ameaças reais.

Durante todo o dia de ontem, Petra ficou nos trend topics do Twitter como
"PetraCostaLiar" (Petra Costa mentirosa). A TAG foi subida por bolsonaristas e foi
turbinada por um dos filhos do presidente, Eduardo Bolsonaro.

Eduardo acusa Petra de coisas que ela nunca escondeu. Ela é sim, neta dos herdeiros de
uma das maiores construtoras do país, Gabriel Donato de Andrade, um dos fundadores
da Andrade Gutierrez. É filha de pais que lutaram contra a ditadura e foram presos. Isso
também poderia ser normal, já que é apenas a sua história de vida.

Mas o fato de ser rica atrai críticas à esquerda e à direita, que tentam reduzir Petra a
uma "menina mimada".

Por isso, a frase de Pedro Bial é uma síntese perfeita do tratamento que Petra tem
recebido ao falar que ela "era uma menina que queria agradar a mamãe".

Não posso falar em nome de Petra. Mas sei que nós, mulheres, como qualquer pessoa,
não queremos agradar mamães e papais. Como qualquer pessoa, queremos ter sucesso
no nosso trabalho, realizar coisas, fazer, correr riscos.

Seria bom se, além de poder fazer nosso trampo, a gente não incomodasse tanto as
pessoas e fosse atacada quando fizesse sucesso.

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