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CADERNO:
A CRIANÇA E A LINGUAGEM ORAL
CONTAGEM
2010
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A CRIANÇA E A LINGUAGEM ORAL
1. DELIMITAÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO
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A linguagem tem também papel fundamental na constituição do pensamento e,
consequentemente, na formação da subjetividade, nos constituindo como seres
humanos, participantes da cultura na qual estamos inseridos. Para Vygotsky
(1996), a linguagem é matéria prima para o pensamento. Segundo ele, em
suas origens, pensamento e linguagem possuem raízes diferenciadas e linhas
diferentes de evolução. Num determinado momento do desenvolvimento
humano, as linhas do pensamento e da linguagem se cruzam, possibilitando
que a linguagem se torne intelectual e o pensamento verbal.
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cultural oral, como os contos, lendas, poesias, parlendas, trava-línguas,
adivinhas, ditados populares, trovinhas, dentre muitos outros gêneros.
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Na Educação Infantil, já que a linguagem é mediadora das diversas interações
ocorridas na IEI, quer seja entre adultos e crianças, quer entre as próprias
crianças, é fundamental propiciar experiências ricas e significativas de fala e
escuta, desde os bebês. É nesse sentido que as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil, em seu Art. 9º, Inciso III, dizem que:
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A partir do uso da linguagem oral, os indivíduos passaram a se beneficiar das
experiências dos outros, modificando e transformando a natureza, produzindo
instrumentos e técnicas mais sofisticados mais elaboradas. Isso lhes garantiu
maiores possibilidades de sobrevivência, melhor adaptação ao meio e melhor
forma de interação com o outro. Essas práticas e ações sociais, envolvendo
crenças e comportamentos, foram transmitidas entre os povos, por meio da
linguagem, produzindo, assim, a cultura.
Desde a ferramenta de pedra com que gravavam suas marcas nas cavernas
até o minério usado na fabricação de chips de computadores, o homem sempre
utilizou a comunicação. Telégrafo, telefone, cinema, rádio, televisão,
informática, internet, ao lado do avanço das ciências da comunicação,
comprovam que tecnologia e linguagem não se separam.
Muitas crianças, desde muito cedo, têm acesso a esses bens culturais,
ampliando suas oportunidades de desenvolvimento da linguagem oral. No
entanto, ainda em nossos dias, em função das suas precárias condições de
vida, outras crianças têm pouco acesso a esses bens. Principalmente para
essas crianças a escola tem uma importância fundamental, na medida em que
possibilita esse contato e o amplia por meio da criação de situações
significativas nas quais ocorrem o diálogo, a escuta e as narrativas.
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2.3. COMO A CRIANÇA POR MEIO DESSE CAMPO DE EXPERIÊNCIA
APRENDE, SE DESENVOLVE E TORNA-SE PROGRESSIVAMENTE
HUMANA?
A função social da fala é dada pelos sujeitos falantes à sua volta que
começam a dar significados àqueles sons. Por exemplo, o bebê emite
aleatoriamente o som “pa- pa” no meio de tantos outros, e o pai logo se
entusiasma, supondo que foi uma fala intencional. Retorna, então, aquela fala
para a criança, buscando estabelecer um diálogo com ela. Assim, na interação
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com outros sujeitos integrantes da cultura onde está inserida, ela passa,
progressivamente, a se comunicar e a perceber o mundo e as pessoas ao seu
redor, usando, olhares, sorrisos, gestos e sons. Vão internalizando os
significados dados pelo outro às suas manifestações, apropriando-se dos
modos de comunicação próprios daquela cultura. Inicia-se, assim, o
desenvolvimento da linguagem, numa estreita relação com a constituição do
pensamento e com a formação da subjetividade.
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social (interpessoal) para o individual (intrapessoal). A capacidade de
compreensão vai se ampliando progressivamente.
A partir daí, começam a falar duas palavras e pequenas frases. À medida que
vão ampliando suas possibilidades de interação social e se desenvolvendo, os
conceitos também vão se transformando de acordo com a lógica de seu
pensamento.
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Os relatos de suas vivências, a exploração de livros de história, bem como as
possibilidades de contar e recontar histórias são experiências fundamentais
para que as crianças desenvolvam essa capacidade de construir narrativas.
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3. OBJETIVOS
4. EXPERIÊNCIAS
escutar;
ser chamada pelo próprio nome;
ser interpretado pelo outro;
brincar de esconde –esconde (cadê? achou!);
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nomear objetos;
explorar oralmente ou participar da exploração oral de revistas,
livros, figuras, gravuras e objetos;
descrever fotos, gravuras, situações diversas;
pedir;
expressar desejos, sentimentos e idéias;
expressar necessidades e intenções;
conversar;
contar e ouvir vivências, casos, curiosidades;
ouvir, contar e recontar histórias, lendas, fábulas, poesias;
fazer e responder perguntas;
fazer e ouvir relatos;
ouvir e dar orientações e instruções;
participar da construção de regras e combinados;
utilizar expressões de cortesia (cumprimentar, agradecer,
despedir);
inventar histórias, poesias;
ouvir e recitar parlendas e trava-línguas;
ouvir e contar piadas;
propor e fazer adivinhas;
expor e ouvir idéias, opiniões, sentimentos, dúvidas;
relatar e ouvir novidades, curiosidades;
relatar e ouvir fatos do dia a dia;
conversar sobre assuntos diversos;
dar e ouvir notícias;
entrevistar e ser entrevistado;
planejar e avaliar;
levantar hipóteses;
discutir, confrontar idéias e pontos de vista;
participar de brincadeiras cantadas;
participar de brincadeiras com rimas e aliterações;
perceber e inventar rimas;
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refletir sobre as semelhanças sonoras entre as palavras;
participar de jogos e brincadeiras de linguagem (jogos de
contrários, jogos de absurdo, jogos de organização e agrupamento
de palavras etc.);
negociar situações, dialogar, resolver conflitos;
avaliar;
cantar;
brincar;
dramatizar;
encenar.
5. SABERES E CONHECIMENTOS
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6. DINAMIZAÇÃO DO CAMPO DE EXPERIÊNCIA DO CURRÍCULO NA
RELAÇÃO COM OS ELEMENTOS DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
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em relação à linguagem oral. Nessas vivências, é fundamental que o professor
respeite o modo como as crianças falam, compreendendo que não existe uma
forma “certa ou errada” de falar, mas uma variedade lingüística, determinada
pelas diferentes formas como a língua é realizada em uma determinada região
ou em um contexto social específico. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental
que sejam ampliadas as possibilidades de as crianças experenciarem
situações comunicativas diferentes, para que tenham acesso tanto a maneiras
informais, quanto a modos mais formais de se expressar por meio da
linguagem oral.
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produzindo diálogo. E neste processo, o envolvimento de crianças de todas as
faixas etárias é muito rico e importante, na perspectiva de se possibilitar
interações diversas.
Toda pessoa nasce predisposta a aprender a falar uma ou mais línguas e isto
depende totalmente do ambiente na qual ela está inserida, suas relações e
necessidades. Daí a importância do papel do profissional da Educação Infantil
nessa mediação, um provocador de oportunidades, de experiências para o
início ou ampliação da linguagem. Estamos criando oportunidades de
ampliação do trabalho com a linguagem oral com nossas crianças? Momentos
de interação? Quer momento mais rico que uma hora do banho. Ali nosso
contato é direto com a criança, momento do toque, em que ela se entrega,
conversa, canta e nos conta como foi uma brincadeira. Estamos neste
momento instigando, levantando questões, dialogando, ampliando seu
vocabulário?
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imaginam, ampliam seu repertório lingüístico, transformam, fazem de conta que
são outras pessoas, desenvolvendo assim sua linguagem.
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trabalhos em grupos pequenos – nos quais, a partir de uma tarefa
proposta, tal como a discussão de um tema polêmico ou a preparação
de uma apresentação para a turma, as crianças poderão trocar idéias,
expor argumentos e opiniões, vivenciar a prática do diálogo como forma
de construção de conhecimento coletivo;
debates com a turma – em que, a partir de um eixo-motivador, como
uma imagem, um texto lido, um filme assistido, as crianças poderão
confrontar os próprios posicionamentos com os dos demais;
roda de conversas - a partir das quais a criança se exercitará no falar de
si mesma, na auto-análise e na auto-avaliação, ao mesmo tempo em
que o trabalho se torna mais personalizado e o profissional passa a se
relacionar mais diretamente com as crianças;
conversas informais do profissional com a turma – momentos em que,
espontaneamente, a educadora pode abrir espaço para a troca de
idéias, entre uma atividade e outra;
dramatização de textos ou de situações do cotidiano – em que as
crianças assumam diferentes papéis, em contextos diversos, e possam
perceber a necessidade de adequação da linguagem e da utilização de
diferentes recursos lingüísticos em função das situações vividas pelas
personagens; além disso, as dramatizações são oportunidades para o
estímulo da capacidade de memorização. Esse recurso tem diversas
outras vantagens: torna o processo da aprendizagem mais agradável;
permite que a criança se coloque em relevo, exterioze sentimentos,
sonhos ou condutas que, em geral, passam despercebidos. Facilita a
mudança de atitudes e postura da criança frente ao grupo, na medida
em que ele se expõe e obtém a aceitação dos demais, sendo um valioso
instrumento para lidar com a auto-estima das crianças;
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realizar com as crianças sínteses orais - o que, quando, onde, como,
quem: de histórias, notícias, desenhos animados, etc;
instituir o dia da caixa surpresa - em que uma criança da turma, a cada
semana, através de sorteio, trará um objeto que será surpresa. Esse
objeto pode estar relacionado com algum tema trabalhado. A criança vai
dando pistas sobre os objetos e os colegas tentam descobrir;
preparar entrevistas, oralmente, para conhecer os profissionais que
trabalham na escola;
criar situações em que as crianças possam transmitir recado às pessoas
que trabalham na IEI, ou da educadora para a família, etc;
usar a língua falada em diferentes situações, buscando empregar a
variedade lingüística adequada (jogral, dramatizações, declamação de
poemas, rimas ou parlendas, trava-línguas, etc);
ler para as crianças histórias, músicas, poemas, parlendas, avisos,
notícias, instruções de jogos, bulas e receitas;
propor várias brincadeiras e jogos em que as crianças deverão ouvir
orientações e regras, para depois desenvolvê-las (macaco disse,
amarelinha, bingo, dominó, memória, entre outras.);
propor atividades de culinária - em que as crianças têm de ouvir o
passo a passo da receita para depois desenvolvê-la.
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7. REFERÊNCIAS
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Origem da Linguagem, Internet, disponível em:
<htt://.shvoong.com/humanities/676881 –origem-da-linguagem/ acesso em 10
de novembro 2009.
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FICHA TÉCNICA
PREFEITA MUNICIPAL
Marília Aparecida Campos
VICE – PREFEITO
Agostinho da Silveira
CONSULTORIA PEDAGÓGICA
Fátima Regina Teixeira de Salles Dias
Vitória Líbia Barreto de Faria
CO-AUTORES(AS)
Profissionais da Educação Infantil da Rede Municipal e da Rede Conveniada de Contagem
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