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Aqui o autor, a partir do uso figurativo das posições solares no céu, nos faz
compreender a extensão do império português. A colonização do extremo oriente por
Portugal faz com que o império veja primeiro o Sol ao nascer, sendo nessas as terras
distantes que o próprio Camões escreveu parte de suas obras. Esse império também vê
o Sol no meio do hemisfério já que Portugal e diversas colônias portuguesas se
encontram em semelhante longitude, devido as colônias portuguesas na África e as
ilhas do Atlântico. Já as colônias nas Américas são aquelas que acompanham o astro-
rei quando esse desce e o deixa derradeiro. A partir desse processo, o poeta louva a
grandeza do império português com a conquista de suas colônias.
O turco oriental, que têm origem otomana, que também não partilha da fé em Cristo, é
colocado como se conquistado e subjugado por Camões. Por último, Camões espera que
o império português domine “o gentio que inda bebe o licor do santo rio”, ou seja, os
hindus, que julgam a água do rio Ganges como purificadora ao bebê-la. A esses povos
Camões exorta o rei D. Sebastião a subjuga-los, expandindo o império luso e
espalhando a mensagem de Cristo.
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Nessa estância, que confirma o amor do poeta à pátria, Camões justifica ao rei quais são
os motivos que o fizeram compor o poema: não é recompensa em dinheiro que o poeta
busca, não está movido por interesses baixos em busca de um prémio vil, mas de algo
superior e quase eterno.
Diz, finalmente que o rei verá engrandecido o nome do povo português, de quem o rei é
o senhor, e que o rei, ao fim e ao cabo, poderá julgar o que é ser maior: ser rei do
mundo ou rei dos portugueses, o povo que conquistou novos mundos.
A partir da estância 11, Camões descreve ao rei os grandes feitos portugueses e
estabelece um comparativo entre os feitos portugueses e outros feitos antigos.
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Aqui afirma ao rei que as histórias que contará foram verdadeiras, o que as torna
melhores e mais admiráveis do que aquelas inventadas pelo gênio humano.
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Egas Moniz, o primeiro citado nessa terceira rima, é uma figura histórica de enorme
importância para a consolidação do reino português: foi aio de D. Afonso Henriques,
primeiro rei de Portugal. Sobre os feitos desse herói, o canto III entra em maiores
detalhes sobre a vida e os feitos de Egas. O segundo a ser citado, é D. FuasRoupinho,
guerreiro e capitão da armada de D. Afonso Henriques. Sua importância também é
simbólica nos Lusíadas, já que D. Fuas obteve a primeira de muitas vitórias navais do
incipiente reino português.
Mais uma vez é citado um instrumento musical, dessa vez a cítara, utilizada no mundo
antigo para acompanhar o canto. Em outras obras, como em algumas éclogas, Camões
utiliza a cítara para simbolizar os cantos dos heróis imortalizados por Homero e
Virgílio.
Citado no canto VI, os Doze Pares de Inglaterra faz parte de um ciclo de histórias
medievais que será retomado por Camões para expor a excelência dos ideais de nobreza
e valentia dos cavaleiros portugueses.
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Nessas últimas rimas Camões cita mais quatro reis de grande importância e feitos
notáveis para Portugal: D. João I, D. Afonso III, D. Afonso IV e D. Afonso V.
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Nessas primeiras três rimas, Camões afirma não se atrever a cantar as glórias de D.
Sebastião, restringindo-se a apenas cantar os feitos portugueses para honra do rei
português.
E afirma que o rei dará matéria, ou seja, alcançará feitos que inspirarão cantos jamais
imaginados para louvar a sua futura glória. E que nas terras da África e nos mares do
Oriente suas conquistas serão inigualáveis.
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Mais uma vez o poeta retoma o antagonismo entre cristãos e muçulmanos, afirmando
que estes veem na figura do Rei o seu exício, ou seja, sua ruína, sua própria morte.
E que os árabes, com a simples aparição do rei já inclinam seu pescoço em sinal de
obediência e inferioridade.
Aqui aparece uma das principais divindades da obra: Tetyhs, ninfa do mar, esposa de
Oceano e divindade das águas, oferece o mar, o cerúleo senhorio, para aquele que for
seu genro. Para o poeta, o rei português é quem deve desempenhar esse papel de
senhor dos mares.
Narração
Como vimos na primeira aula desse módulo, a narração é a característica principal da
epopeia em relação aos modos. A tragédia e a comédia compõem o modo dramático,
enquanto que na epopeia o modo narrativo possibilita a esse gênero literário algumas
características: a narração permite que a obra se estenda ou encolha ao bel-prazer do
narrador, que também pode organizar do seu modoa cronologia dos fatos narrados ou
os diversos pontos de vista a serem tratados. É importante tocar nesse ponto porque
de agora em diante o narrador pode dar voz às personagens, como ocorre com Vasco e
Paulo da Gama ou com o marinheiro Fernão Veloso.
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Essa estância tem como função ligar o fim da dedicatória ao rei D. Sebastião na estância
18 ao concílio dos deuses na estância seguinte. Para isso, Camões se utiliza da descrição
dos navios portugueses, que cortam as ondas, das velas infladas pelos ventos e da
espuma que cobre o mar. Ao tratar do gado de Próteo (ou na forma mais conhecida
Proteu), Camões fala da vida marinha. Por ser filho de Netuno, deus dos mares, Proteué
o guardião dos peixes e de outras vidas marinhas. Essa divindade tinha a capacidade de
mudar de forma e é citado em alguns momentos em que o mar é o cenário das ações
transcorridas.
Nesse trecho, que vai da estância 20 até a 41, analisaremos o trecho do canto que ficou
conhecido como Concílio dos Deuses, ou seja, a reunião de deuses da cultura greco-
romana para avaliar as ações dos portugueses. É de extrema importância a presença da
mitologia greco-romana na condução narrativa, uma vez que abrilhanta e enriquece
ainda mais sua coesão, como afirma António José Saraiva:
“Formalmente, a unidade d’Os Lusíadas é estabelecida pela intriga dos deuses. Baco,
Vênus, Júpiter, Netuno, estão em cena desde o princípio ao fim do poema (descontando
a introdução e o fecho), o qual abre com o concílio dos deuses e termina na Ilha dos
Amores.”
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Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Percebemos pelo uso do verbo “vêm”, acentuado, indicando sujeito plural, que os
deuses, dispersos pelo cosmo, ajuntam-se a partir da convocação feita por Mercúrio
(importante lembrar Mercúrio, filho de Maia e Júpiter e neto por parte de mãe de
Atlante (ou Atlas),é o mensageiro dos deuses, e aqui exerce esse papel informando aos
deuses a necessidade urgente de reunião), seguindo a ordem do Tonante, ou seja, de
Júpiter, o maior dos deuses.
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Utilizando-se do seu conhecimento astronômico, Camões relata que dos sete céus
vieram os deuses. A teoria astronômica do século XVI, baseada no sistema ptolomaico,
descrevia a existência de onze céus. Esse sistema consiste na Terra como centro do
sistema cósmico, com cada céu como uma esfera com características e velocidade
próprias, que formavam esferas concêntricas. Ou seja, o primeiro céu envolve a Terra, o
segundo envolve a Terra e o primeiro céu, o terceiro envolve a Terra, o primeiro e o
segundo céu, e assim por diante. Esses sete primeiros céus citados por Camões dizem
respeito aos céus ocupados por sete planetas. São eles em ordem de proximidade com a
Terra: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.
É tão grande o poder de Júpiter que um simples pensamento do maior dos deuses faz
com que ordene os quatro elementos que formam o cosmo.
É de tão grande importância o concílio que dos quatro pontos cardeais vêm deuses para
discutir a empreitada portuguesa pelos mares: do Arcturo, a estrela mais brilhante da
constelação do Boieiro e aqui serve como metonímia para o pólo Norte pela sua
proximidade com esse pólo. O Austro representa o ponto cardeal sul, enquanto que
onde a aurora nasce e o Sol se esconde são, respectivamente, o Oriente e o Ocidente.
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Nessas duas estâncias, o poeta prepara a fala de Júpiter (o padre) sobre o concílio.
Mostra seu poder ao vibrar os seus raios, forjados por Vulcano, seu filho e deus do fogo.
Vemos que para dar vivacidade e realismo à cena Camões não poupa adjetivos:
Cristalino, alto, severo, soberano, divino, rutilante. Todos eles indicam a seriedade de
Júpiter para decidir junto aos deuses o destino dos feitos portugueses. De certa forma,
a seriedade de Zeus no momento de sua fala serve como índice para vermos como
magnânimo o feito os portugueses a ponto de reunir todos os deuses para tomarem um
importante de difícil decisão: auxiliar ou não auxiliar os portugueses.
BIBLIOGRAFIA
ABDALA JÚNIOR, Benjamin. Camões: épica e lírica. São Paulo: Editora Scipione,
1993.
CAMÕES, Luiz Vaz de. Os Lusíadas. São Paulo: W. M. Jackson Inc., 1948.