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Direito Financeiro

Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Assuntos tratados:
1º Horário.
 Bibliografia / Conceito e objeto do Direito Financeiro / A Constituição financeira
e suas normas gerais / Receita pública / Introdução / Conceituação e
Diferenciação entre Receitas, Entradas e Ingressos / Classificação das Receitas
Públicas.
2º Horário.
 Classificação apresentada pela Lei de Responsabilidade fiscal / Estágio da
receita pública / Renúncia de receitas / Despesa pública / Conceito /
Classificação das Despesas Públicas / Classificação da Lei nº 4.320/64 /
Classificação da Lei de Responsabilidade Fiscal /Fases da Despesa Pública /
3º Horário.
 Despesa Pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal / Despesa Pública e final de
mandato eleitoral / Regime Constitucional dos precatórios

1º horário

1. Bibliografia
 TORRES, Ricardo Lobo, Curso de Direito Financeiro e Tributário, Ed.
Renovar.
 ABRAHAM, Marcus, Curso de Direito Financeiro, Ed. Campus.
 ARAÚJO, Eugênio Rosa, Direito Econômico e Financeiro, Ed. Impetus.

2. Conceito e objeto do Direito Financeiro


Para grande parte dos autores, o termo “finanças” vem do latim medieval, do
verbo finire, do qual surgiram o verbo finare e o termo finatio, desta palavra, mais
tarde, se originou na França o termo Finanças.
Já o termo finanças públicas diz respeito ao dinheiro público e à atividade do
Estado de obter, gerir e gastar recursos financeiros (atividade financeira do Estado).
Porém, para executar sua atividade financeira o Estado necessita de respaldo
jurídico, cabendo, portanto, ao Direito Financeiro estabelecer as normas que
possibilitem ao Estado executar sua atividade financeira, fixando-lhe limites e dando
maior garantia aos particulares.

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Em vista do que foi acima dito, Luis Emydio Fraco da Rosa Júnior, conceitua o
Direito Financeiro da seguinte forma: “O ramo do Direito Público que estuda o
ordenamento jurídico das finanças do Estado e as relações jurídicas decorrentes de sua
atividade financeira que se estabelecem entre o Estado e o Particular”.
José Souto Maior, de forma mais simples conceitua da seguinte forma: “(...) a
parte do Direito Público que tem por objeto a ordenação jurídica das atividades
financeiras”.
Em vista das conceituações acima realizadas, o objeto do Direito Financeiro
decorre da atividade financeira do Estado, sendo, portanto, o orçamento, a receita
pública, a despesa pública, a dívida e o crédito públicos.
De forma clara, afirma Eugênio Rosa de Araújo com base em Ricardo Lobo
Torres que incumbe ao Direito Financeiro “disciplinar a constituição e a gestão da
Fazenda Pública, estabelecendo regras e procedimentos para a obtenção da receita
pública e a realização dos gastos necessários à consecução dos objetivos do Estado”.

3. A Constituição financeira e suas normas gerais


A CRFB trata do tema nos art. 163 a 169.
Segundo Ricardo Lobo Torres, a Constituição vigente – CF/88 - possui
Constituição Financeira Material e Constituição Financeira Formal.
A Constituição Financeira Formal estaria nos arts. 163 a 169, já a Constituição
Financeira Material é toda a constituição tributária abrangendo ainda “o lado da
despesa pública, pelo que pertencem materialmente as normas sobre orçamento e
sobre estruturação da receita e da despesa pública, empréstimos públicos,
financiamento dos direitos fundamentais, discriminação de despesas públicas entre as
diferentes esferas de governo, princípios constitucionais, como os da legalidade e da
responsabilidade pelos gastos públicos e do da equidade no conceder incentivos
financeiros. Compõe basicamente a Constituição Financeira material a limitação do
poder financeiro do Estado ou, especificamente, a limitação do poder de gastar. A
Constituição Financeira, que ‘constitui’ o Estado Financeiro, abrange, em suma, o
Direito das Prestações Financeiras, o sistema de discriminação da despesa pública, o
Direito Orçamentário e o Direito Financeiro Federado, todos em harmonia com o
Direito Constitucional Tributário”.
Acrescente-se a Constituição material as disposições dos arts. 70 a 75
(Fiscalização Contábil Financeira e Orçamentária), art. 100 (Precatórios), além da
previsão no art. 24, I e II que define ser competência comum da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios legislar sobre direito financeiro e orçamentário.

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Antes de adentramos na análise dos artigos constitucionais, é importante frisar
que segundo Ricardo Lobo Torres, a Constituição Financeira é uma das
subconstituições do Estado Democrático e Social de Direito. Tal afirmação vem do fato
de que são as finanças públicas que garantem o respeito e exercício dos direitos
fundamentais, mesmo os de cunho liberal (vide obra de Stephen Holmes e Cass R.
Sunstein – The Cust of the Rights – Why liberty depends on taxes), a prestação de
serviços públicos, o exercício do poder de polícia e a manutenção do regime de
concorrência.
A. Normas gerais sobre finanças públicas.
Nesse momento cabe apenas sobre algumas normas gerais, uma vez que
grande parte dos artigos constitucionais da chamada Constituição Financeira Formal
serão tratados ao logo das matérias desse curso.
A Constituição prevê no art. 163 que as matérias afetas ao direito financeiro
estão sujeitas ao princípio da Reserva Legal, não por outra razão que a Lei de
Responsabilidade Fiscal foi editada como Lei Complementar (Lei Complementar nº
101/2000).
Ocorre que há leis que versam sobre direito financeiro, editadas antes da
vigência da CF/88 como leis ordinárias e que ainda vigem. Com relação a esses
diplomas normativos, o qual, o de maior destaque é a Lei nº 4.320/64, deve-se
compreender que essas leis foram recepcionadas pela CF/88 como se Lei
Complementar fossem, em fenômeno idêntico ao que ocorre com o CTN, assim, não
há que se falar em não recepção dessas leis, mas sim em recepção com o status de Lei
Complementar.
Para fins de esclarecimento, são matérias reservadas à Lei Complementar:
1. Finanças Públicas;
2. Divida pública externa e interna, incluída a das autarquias e fundações e
demais entidades controladas pelo Poder Público;
3. Concessão de Garantias pelas entidades públicas;
4. Emissão e resgate de títulos da dívida pública;
5. Fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
6. Operações de Câmbio realizadas por órgão da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
7. Compatibilização das funções das instituições Oficiais de Créditos da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao
desenvolvimento regional (Lei 4.595/64).

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Além dessas disposições, o art. 165, §9º da CF/88 prevê que Lei complementar
deverá dispor sobre o exercício financeiro, prazo e vigência do PPA, LDO e LOA, além
de normas de gestão financeira e condições para funcionamentos de fundos.
No que diz respeito às normas constitucionais sobre o orçamento, será tratado
em outra oportunidade.
Quanto às funções do Banco Central como emissor de moedas e sua atuação
como cedente de empréstimos, trataremos do tema quando versarmos sobre a dívida
pública.
Já os limites com gastos de pessoal serão tratados no contexto da Despesa
Pública, tendo o foco nas disposições da LRF sobre o tema.

3. Receita pública
3.1. Introdução
A legislação aplicável será art. 163 a 169 da CRF/88 e Lei nº 4.320/64.
A Constituição Federal prevê uma série de compromissos aos entes federativos,
o que significa prover a sociedade de uma série de bens e serviços públicos e que
acarretam grande ônus financeiro para o Estado.
Para fazer frente às suas obrigações constitucionais o Estado necessita de
Recursos, que podem vir essencialmente das seguintes fontes: a) Pilhagem ou extorsão
de povos conquistados; b) Escravidão; c) Confiscos; d) exploração econômica direta
pelo Estado; e) tributos.
As três primeiras fontes apresentadas são incompatíveis com o Estado de
Direito, sendo que as duas seguintes são previstas pela CRFB/88, admitindo-se a
exploração econômica direta pelo Estado apenas em caso de imperativo à segurança
nacional ou interesse coletivo.
Aliomar Baleeiro ao discorrer sobre a evolução histórica da receita pública
apresenta as seguintes fases históricas da receita pública: a) parasitária: nessa fase
prevalecia a exploração e a extorsão de bens de povos conquistados: b) dominial:
presente na idade média. Nessa fase preponderava a exploração de bens do próprio
Estado; c) Regaliana: corresponde à cobrança de direitos reais ou régios ou por
concessões de privilégios reconhecidos à nobreza para explorar bens, terras ou
serviços, como o direito sobre minas e portos: d) Tributária: conforme se nota,
cobrança de tributos, com fins arrecadatórios: e) Social. Nessa fase a arrecadação
deixa de ter fins puramente arrecadatórios e passa também a ter fins sociais (função
extrafiscal).

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3.2. Conceituação e Diferenciação entre Receitas, Entradas e Ingressos.
A doutrina denomina a entrada pública todo tipo de ingresso financeiro nos
cofres públicos. A entrada de capital nos cofres estatais é temporária, ou seja,
corresponde ao surgimento de um passivo, temos o chamado ingresso público. Já
quando a entrada é definitiva temos a chamada Receita Pública.
Assim, o termo Receita Pública é conceituado como todo tipo de ingresso
financeiro definitivo que não corresponde a um passivo nas contas públicas,
integrando-se definitivamente no patrimônio do Estado.
Já o Ingresso público é a entrada temporária, que corresponde a um passivo e
dotado de temporariedade.
Ilustrativamente, as rendas auferidas por um tributo são classificadas como
receitas públicas em vista da inexistência de um passivo correspondente e por
ingressar definitivamente nas burras estatais, já um empréstimo obtido pelo Estado é
classificado meramente como um ingresso público, uma vez que forma um passivo nas
contas públicas classificado como dívida pública.
Assim, os elementos diferenciadores relevantes entre receita e ingresso público
é a transitoriedade/definitividade no patrimônio estatal.

3.3. Classificação das Receitas Públicas


A partir do conceito acima trazido de Receita Pública (tudo que é acrescido de
forma definitiva no patrimônio do Estado) podemos trazer classificações de Receitas
Públicas sob as seguintes distinções:
A. Quanto a periodicidade
Quanto a periodicidade as receitas públicas podem ser classificadas como
ordinárias ou extraordinárias.
Serão classificadas como ordinárias as receitas obtidas de forma regular e
constante, tal como ocorre, por exemplo, com os impostos.
Já as receitas públicas que adentram de forma eventual e circunstancial são
classificadas como receitas extraordinárias. Isso ocorre, por exemplo, com doações
realizadas ao Estado, de heranças jacentes e impostos extraordinários.
Por serem verbas imprevisíveis e eventuais, as receitas extraordinárias nem
sempre são consideradas na previsão orçamentária. Já as receitas ordinárias devem
necessariamente estar previstas nos cálculo orçamentário (art. 11 da LRF).

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ART. 11 – CONSTITUEM REQUISITOS ESSENCIAIS DA RESPONSABILIDADE NA
GESTÃO FISCAL A INSTITUIÇÃO, PREVISÃO E EFETIVA ARRECADAÇÃO DE TODOS OS
TRIBUTOS DA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO ENTE DA FEDERAÇÃO.

B. Quanto a finalidade dos recursos

Sob o prisma da finalidade as receitas podem ser classificadas em Receitas


Públicas Fiscais e Receitas Públicas Extrafiscais.

As Fiscais dizem respeito aos recursos arrecadados com a única finalidade do


Estado fazer frente a suas despesas. Já as extrafiscais dizem respeito a receitas que
tem como finalidade primária outros fatores como, por exemplo, a regulação de
mercado o fomento ou o desestímulo a determinadas condutas da sociedade, a
proteção ambiental, a distribuição de riquezas, combate a inflação, etc. (exemplo:
Deposito Bancário Compulsório realizado pelas Instituições Financeiras no BACEN).

Por fim, dentro das Receitas Públicas fiscais, também se encontram as receitas
para-fiscais, que são arrecadas pelo Estado tem como destino não as burras Estatais,
mas o cofre de entidades paralelas ao Estado como, por exemplo, os Órgãos de Classe
e as Sociedades Integrantes dos Chamados “Sistema S”.

C. Quanto a forma de percepção do recurso

Quanto a forma de percepção de recursos as receitas podem ser classificadas


em originárias ou derivadas.

Serão consideradas originárias as receitas advindas da exploração direta pelo


Estado de Bens e serviços, ou seja, de renda auferida pelo Estado como se particular
fosse.

Já as receitas derivadas são aquelas oriundas do patrimônio da coletividade, a


partir do poder coativo de cobrança que é dotado.

D. Quanto a alteração do patrimônio líquido

Sob esse prisma, as receitas públicas podem ser classificadas em efetivas e não
efetivas.

As receitas públicas efetivas são aquelas em que a entrada de disponibilidade


não gera obrigações correspondentes, alterando, portanto, o patrimônio líquido
(exemplo, receitas tributárias)

As receitas não efetivas, não alteram o patrimônio líquido do ente público, pois
gera a chamada “mutação patrimonial”, seja diminuindo o ativo, seja aumentando o
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passivo. (exemplo, alienações de bens, recebimento de crédito já contabilizado –
inscrito em DAU).

3.4. Classificação apresentada pela Lei nº 4.320/64

A classificação legal das receitas públicas está apresentada pela Lei nº 4.320/64
(art. 9º a 11). Insta frisar que essa classificação é realizada com base em critérios
eminentemente econômicos

A mencionada lei divide as receitas em duas categorias: RECEITAS CORRENTES


(art. 11, §1º) e RECEITAS de CAPITAL.
Art. 11, [...] § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
Despesas Correntes.

Ao tentar definir o que é a Receita Corrente, Luis Emydio F. Rosa Jr., afirma:
“(As Receitas Correntes) consistem em todas as transações que o Governo realiza
diretamente ou através de seus órgãos de administração indireta, e cujo esforço não
resulta acréscimo no seu patrimônio ou na criação de bens de seu capital,
consumindo-se no mercado as dotações para operações correntes ao se converterem
em moeda”. (Manual de Direito Financeiro e Tributário, 18ª ed., p. 64/65,).

Versando sobre o tema de forma mais simplificada, Silvio Aparecido Crepaldi e


Guilherme Simões Crepaldi, afirmam: “(As receitas correntes) são aquelas destinadas a
atender ao funcionamento da máquina administrativa do Governo, como pagamento
de pessoal, material de consumo, juros da dívida etc.”.

Observação: o pagamento dos juros da dívida não gera acréscimo patrimonial,


por isso é receita corrente. Já quando amortiza a dívida está diminuindo o débito (gera
ganho patrimonial).

O §4º do mesmo artigo ainda subdivida as Receitas Correntes em:

1. Receitas Tributárias (impostos, taxas, contribuições...);

2. Receita Patrimonial (Receitas Imobiliárias, Valores Mobiliários e Participações


e dividendos);

3. Receita industrial (receita de serviços industriais outras receitas industriais);

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4. Transferências Correntes (art. 13 – Subvenções sociais e econômicas,
inativos, pensionistas, salário família, juros da dívida pública, contribuições de
previdência social);

5. Receitas Diversas (multas, cobranças da Divida Ativa e outras receitas


diversas);

2º horário

Já as RECEITAS de CAPITAL estão definidas no art. 11, §2º:


Art. 11, [...] § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em
espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de
Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

Observação: o orçamento fixa as despesas e estima as receitas. As receitas


oscilam de acordo com a atividade econômica. Assim, se a estimativa for inferior a real
arrecadação haverá superávit orçamentário. Esse valor será contabilizado como receita
de capital.

Afirma Marcus Abraham que enquanto as receitas correntes têm como


característica a sua estabilidade como fonte de recursos, ou seja, essas receitas fazem
parte da arrecadação estatal de forma ordinária e não eventual, as receitas de capital
possuem natureza eventual, pois para existirem dependem de atos específicos e de
circunstâncias próprias, como no caso das receitas originárias dos empréstimos na
emissão de títulos da dívida pública.

A lei em comento, ainda apresenta as seguintes subdivisões das receitas de


capital:

1. Operações de Crédito;

2. Alienação de Bens móveis e Imóveis;

3. Amortização de Empréstimos Concedidos;

4. Transferências de Capital (transferência com a finalidade de formar um bem


de capital, constituição ou aquisição de insumos);

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5. Outras Receitas de Capital.

3.5. Classificação apresentada pela Lei de Responsabilidade fiscal


A LRF (LC nº 101/2001) adota a ideia de RECEITA CORRENTE LÍQUIDA para fins
de determinação de limites de gastos nela previstos (limite com gasto de pessoal,
reserva de contingência e limite com serviço de terceiros) sendo, por isso, de grande
importância para os candidatos e administradores públicos.
A RECEITA CORRENTE LÍQUIDA é tudo aquilo que foi arrecadado pelo ente
público, menos:
1. Contribuição dos servidores para a previdência social;
2. As receitas da compensação financeira da contagem recíproca do tempo de
contribuição para a aposentadoria na administração pública e na atividade privada.
Devem ser consideradas na Receita Corrente Líquida as transferências
constitucionais (inclusive da Lei Kandir – LC nº 87 e FUNBEB – art. 60 da ADCT). A
chamada Lei Kandir trata de fundo de compensação financiada pela União em favor
dos Estados em vista da desoneração de ICMS sobre operações de exportação.
Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda
Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos
recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção
e desenvolvimento da educação básica e à remuneração condigna dos
trabalhadores da educação, respeitadas as seguintes disposições:

3. 6. Estágio da receita pública


O primeiro estágio é o da PREVISÃO, ou seja, o orçamento deve estimar a
receita a ser realizada no ano. A existência de previsão é obrigatória e prevista na LRF
em seus art. 11 e 12, devendo ser considerada “as normas técnicas e legais,
considerando os efeitos das alterações na legislação, da variação dos índices de preços,
do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e será acompanhada
de demonstrativo de sua evolução nos últimos 3 anos, da projeção para os dois anos
seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas”.
Após temos a fase do LANÇAMENTO, conforme previsto no art. 53 da Lei
4320/64.

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Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição competente, que verifica a
procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito
desta.

Em seguida tem-se a ARRECADAÇÃO, que é o recebimento do valor por parte


do poder público. É de extrema importância que os candidatos saibam que na
contabilidade pública a receita adota o regime de competência, ou seja, a receita
pertence ao exercício financeiro em que foi arrecadada. Situação diversa ocorre na
contabilidade de particulares, onde se adota o chamado Regime de Caixa (é
contabilizado apenas o que efetivamente entrou e saiu do caixa no período).
Por último, tem-se a fase do RECOLHIMENTO, que é simplesmente a
transferência da verba para conta do Tesouro.

3.7. Renúncia de receitas


A CF/88 em seu artigo 150, §6º traz que qualquer renuncia de receita deve ser
prevista por lei exclusiva, tendo a LRF em seu art. 14, §1º dado maior concretude ao
dispositivo constitucional.
Art. 150,[...] § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas
ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas
ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155,
§ 2.º, XII, g.

Art. 14, [...] § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito


presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

A LRF ainda acrescentou que a renúncia de receitas deverá ser acompanhada


de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar a
vigência e nos dois seguintes além de obrigatoriamente ou estar demonstrado que a
renuncia foi considerada na Lei Orgânica ou estar acompanha de medidas de
compensação (corte de despesa ou aumento de receita) no período de sua vigência
Por fim, no caso dos tributos que a CF/88 excepciona o princípio da legalidade –
art. 153, §1º, não se aplica as exigências da LRF acima mencionadas.
Art. 153, [...] § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.

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4. Despesa pública
4.1. Conceito

De forma simples, pode-se conceituar a despesa pública como sendo o


conjunto de gastos do Estado em sua atividade diária.
Utilizando-se uma conceituação mais técnica, Dejalma Campos conceitua a
despesa pública como sendo: “a aplicação de certa importância em dinheiro, por
autoridade, de acordo com autorização do Poder Legislativo, para a execução de
serviços a cargo do Governo”.
O conceito acima traz uma importante característica da despesa pública, desse
modo toda despesa pública deve ser antecedida de autorização legal específica. De
certa forma, essa assertiva pode ser verificada no conteúdo do art. 167, I e II da CF/88.
Art. 167. São vedados:
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os
créditos orçamentários ou adicionais;

Ao discorrer sobre a despesa pública, Marcus Abraham afirma ser ela dotada de
características: econômica, política e jurídica. Afirma o mencionado autor: “Pode-se
dizer (sobre a despesa pública) que se trata de recursos financeiros estatais
(econômica), destinados a satisfazer e atender as necessidades coletivas identificadas
pelo respectivo governo (política), cuja aplicação deverá ser devidamente autorizada
pela lei orçamentária (jurídica)”.

4.2. Classificação das Despesas Públicas


Assim como ocorre com as receitas públicas as doutrina traz uma série de
classificação das despesas públicas, somando-se a isso a classificação apresentada pela
Lei n. 4320/64, alvo de maior destaque.
No que diz respeito à classificação doutrinária, apresentamos as seguintes:
A. Quanto a previsão orçamentária:
* Despesas Orçamentárias: como o próprio nome já diz, são aquelas previstas
nas leis orçamentárias.
* Despesas extraorçamentárias: são as despesas não previstas no orçamento,
abrangendo saídas de numerários como os restos a pagar, resgate de Operação de crédito
com antecipação de receita (ARO). Em geral correspondem a gastos transitórios.
B. Quanto a competência do ente
Aqui, as despesas podem ser classificadas em Federais, Estaduais e Municipais.

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C. Quanto a natureza
* Obrigatórias: são aquelas que o Estado não possui discricionariedade para o seu
não pagamento, quando ocorre, por exemplo, com despesas decorrentes de sentenças
judiciais, benefícios previdenciários e gastos com pessoal.
* Discricionárias: gasto de realizado de acordo com a disponibilidade de recursos e
escolha do administrador. Ocorre, por exemplo, na despesa para a construção de um
prédio, o na melhoria da rede de computadores de uma repartição pública.
D. Quanto a regularidade
* Ordinárias: são das despesas regulares da administração pública, como o gasto
com pessoal e manutenção de estrutura.
* Extraordinárias: são as decorrentes de situações excepcionais, com a qual
normalmente se depara o ente. (exemplo: Catástrofes naturais e guerras).

4.2. 1. Classificação da Lei nº 4.320/64


Apesar de todo o esforço doutrinário, a classificação mais importante é aquela
apresentada pela legislação, uma vez que é aquela observada pelo administrador público e
também é a que deverá ser observada pelos julgadores tanto ao julgarem contas da
administração pública (Tribunais de Contas), quanto ações que versem sobre questões de
finanças Públicas (Poder Judiciário).
A classificação legal das despesas públicas está presente nos arts. 12 a 21 da lei em
comento, sendo mencionados os seguintes tipos de despesas públicas:
a) DESPESAS CORRENTES
a.1) despesas de custeio;
a.2) transferências correntes
b) DESPESAS DE CAPITAL
b.1) Investimentos;
b.2) Inversões Financeiras;
b.3) Transferências de Capital
a) DESPESAS Correntes: Conforme afirma Marcus Abraham, elas caracterizam
por serem contínuas, rotineiras ou periódicas, destinando-se, por exemplo, ao
pagamento de funcionários e manutenção do serviço estatal
a.1) DESPESAS de CUSTEIO: São caracterizadas como despesa de custeio os
gastos em que há um contra-prestação ao pagamento realizado pelo Estado. O art. 13

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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
da Lei n. 4320/64 traz as seguintes espécies de despesas de custeio: Pessoal Civil,
Pessoal Militar, Material de Consumo, Serviço de terceiros, Encargos Diversos.
a.2) TRANSFERÊNCIAS CORRENTES: apesar de também se referirem a despesas
periódicas, essas são aquele tipo de despesa que não correspondem a uma contra-
prestação estatal. O mesmo art. 13 traz os seguintes casos de Transferências
Correntes: Subvenções Sociais, Subvenções Econômicas, Inativos, Pensionistas, Salário
Família e Abono Familiar, Juros da Dívida Pública, Contribuições da Previdência Social e
Diversas Transferências Correntes.
b) DESPESAS DE CAPITAL
Essas despesas caracterizam por serem eventuais, desprovidas de
periodicidade, além de apresentarem a realização de uma operação financeira
referente à aquisição patrimonial ou redução de dívida pública:
b.1) INVESTIMENTOS: “caracterizam-se como sendo aquelas dotações para o
planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis
considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas
especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente
e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial
ou financeiro”. (Curso de Direito Financeiro Brasileiro – Marcus Abraham. 2ª Ed.)
b.2) INVERSÕES FINANCEIRAS: O art. 12, §5º, da Lei nº 4.320/64 traz que
inversões financeiras são as dotações destinadas: I – aquisição de imóveis, ou de bens
de capital já em utilização; II – aquisição de títulos representativos do capital de
empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não
importe em aumento de capital.
b.3) Transferências de capital: art. 12, § 6º: “...são as dotações para investimentos
ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar,
independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas
transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de
Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da
dívida pública” (Grifo nosso) O art. 13 traz as seguintes hipóteses de transferências de
capital:
Amortização da Dívida Ativa; Auxílios para Obras Públicas, Auxílios para
Equipamentos e Instalações, Auxílios para Inversões Financeiras; Outras Contribuições.

4.2.2. Classificação da Lei de Responsabilidade Fiscal


A Lei de Responsabilidade Fiscal inovou a trazer uma conceituação própria de
Despesa Pública. Esse dispositivo legal trouxe ao direito pátrio a ideia de Despesa
Obrigatória de Caráter Continuado (art. 17).
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Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente
derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para
o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios.
Observação: A despesa obrigatória de caráter continuado não se confunde com
dívida pública fundada ou receita corrente líquida.

4.3. Fases da Despesa Pública


Para se evitar descontrole nos gastos públicos a legislação impõem fases que
devem ser obedecidas pelo administrador público para a ocorrência da despesa pública,
sendo essas fases as seguintes (art. 58 a 70 da Lei nº 4.320/64), além da prévia fase da
licitação:
Empenho liquidação Ordem de Pagamento Pagamento
Além das fases acima mencionadas e presentes na Lei nº 4.320/64, a LRF trouxe
mais existências que serão tratadas em tópico a seguir, sendo essas fases anteriores ao
empenho (impacto financeiro e declaração do ordenador de despesas).
EMPENHO = Esse ato está conceituado pelo art. 58.
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que
cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de
condição.

De forma simplificada, o empenho é a ato de reserva orçamentária para o


pagamento da despesa realizada. Para cada empenho é gerado o documento chamado
nota de empenho, conforme art. 61.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de
empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da
despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

Após, tem-se a etapa da LIQUIDAÇÃO, que é a condição prévia para o


pagamento. Consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os
títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, apurando-se a origem e o
objeto do que se deve pagar, a importância exata a ser paga, a identificação do credor,
tendo por base o contrato ou ajuste respectivo com a administração pública e os
comprovantes de entrega de material ou da prestação efetiva do serviço (art. 63).
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo
credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo
crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

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II - a importância exata a pagar;
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá
por base:
I - o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo;
II - a nota de empenho;
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Uma vez regularmente empenhada e liquidada a empresa, tem-se a ORDEM DE


PAGAMENTO que é simplesmente o despacho da autoridade ordenadora de despesa
determinando que a despesa seja paga (art. 64). Por fim ocorre o efetivo PAGAMENTO,
realizado pela tesouraria.
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente,
determinando que a despesa seja paga.
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos
processados pelos serviços de contabilidade

3º horário

4.4. Despesa Pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal


A LRF trata especificamente da Despesa Pública nos artigos 15 a 29, sendo essa
uma das maiores preocupações desta lei uma vez que seu objetivo é justamente
garantir a responsabilidade na gestão fiscal e o devido equilíbrio das contas públicas.
Logo de início (art. 15) a LRF afirma que ser considerada como não autorizada,
irregulares e lesivas ao patrimônio público o aumento de despesa não acompanhado
de estimativa de impacto orçamentário-financeiro no exercício que entrar em vigor e
nos dois subsequentes, além do não acompanhamento de declaração do ordenador de
despesas de que o aumento tem adequação financeira-orçamentária e está em
consonância com o PPA e LDO.
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio
público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o
disposto nos arts. 16 e 17.

Nota-se que, no que diz respeito ao impacto orçamentário, há idêntica


exigência no que diz respeito à renúncia de receitas, o que deixa explicitada a intenção
do legislador de proteger a probidade e a saúde das finanças públicas.
Frise-se ainda que também no caso de despesa obrigatória de caráter
continuado, deve anteriormente ser realizada a estimativa do impacto orçamentário,
bem como a declaração de que o gasto está em consonância com o PPA e LDO.

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Outro ponto de grande importância na LRF diz respeito aos Limites de Despesa,
principalmente com pessoal.
Nesse ponto, afirma a LRF que a despesa de pessoal engloba: “as despesas com
ativos, inativos e pensionistas, detentores de cargo públicos, mandados eletivos,
funções ou empregos civis, militares e membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias como vencimentos, vantagens fixas, variáveis, subsídios, proventos de
aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, hora-extra e vantagem
pessoal de qualquer natureza, bem como os encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente à entidades de previdência”.
O que se vê portanto, é que praticamente inexiste exceção, devendo todas as
verbas pagas a agentes públicos ativos e inativos, bem como dependentes serem
classificadas como despesa de pessoal. A abrangência dada pela Lei é de extrema
importância, em vista da necessidade de se evitar manobras contábeis que
permitiriam aos Entes Federativos desrespeitar os limites impostos. Basta lembrar que
antes da LRF havia Estados da Federais que os gastos apenas com pessoal ultrapassava
80% do orçamento.
Pode-se dizer que uma exceção ao enquadramento do pagamento de pessoal
na rubrica despesa de pessoal diz respeito aos terceirizados. Caso esses terceirizados
estejam substituindo servidores e empregados públicos, as despesas são classificadas
como “outras despesas de pessoal” (art. 18, §1º da LRF).

Art. 18, [...] § 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se


referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados
como "Outras Despesas de Pessoal".

Quanto aos limites, é importante que o candidato saiba que o limite da União é
inferior aos limites impostos aos Estados e Municípios, sendo eles os seguintes:
Limites com gasto com pessoal da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA:
• União = 50%;
• Estados = 60%;
• Municípios = 60%.
O limite acima, no caso da União é dividido da seguinte forma entre os Poderes:
Executivo: 40,9%, Legislativo= 2,5% (inclui o TCU), Judiciário = 6% e MPU = 0,6%.
Dos 49% do Executivo Federal, 3% deve ser destinado a financiar o Judiciário,
MP e Defensoria Pública do Distrito Federal, além dos Policiais militares dos antigos
Territórios Federais (cargos em extinção)

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Já para os Estados e Municípios os limites são diferentes, seja pelo fato do
limite global ser diferente, seja pela ausência de Poder Judiciário e MP mantidos por
verba Municipal:
* Estados: 49% Executivo; 3% Legislativo (inclui o TCE), 2% para o MPE e 6%
para o Judiciário;
* Municípios = 54% Executivo e 6% para o Legislativo.
Insta frisar ainda que a LRF prevê expressamente alguns gastos que, apesar em
tese serem gastos com pessoal, não devem ser considerados como tal para fins de
observância do limite legal com esse tipo de gasto. Essas exceções podem ser
classificadas como:
• Gastos decorrentes de demissões (indenização por demissão, adesões a
PDVs);
• Gastos devidos a decisões judiciais envolvendo vencimentos de períodos
anteriores (exemplo, auxílios moradias retroativos);
• Despesas com inativos não oriundos do orçamento público (arrecadação da
contribuição dos segurados, compensação financeira, despesas de fundos vinculados).
O LIMITE PRUDÊNCIAL é o fato do gasto com pessoal atingir 95% do limite
previsto na lei. Ao se ultrapassar esse percentual o Ente Federativo tem o dever de nos
próximos 02 quadrimestres diminuir o gasto com pessoal para patamar inferior ao
limite prudencial de 95%.
O simples fato de ultrapassar o limite prudencial já cria restrições ao ente
federativo, sendo essas as seguintes:
• O Ente fica impedido de conceder aumentos, vantagens e readequação de
remunerações;
• Fica impedido de criar cargo, emprego e função pública;
• Fica impedido de prover cargo público e contratar pessoal a qualquer título,
ressalvada a reposição de pessoas das áreas de saúde, segurança e educação em caso
de aposentadorias e falecimentos;
• Proibido de contratar horas extras (exceto convocação extraordinária do
Congresso – art. 57, §6º, II da CRFB).
Art. 57, [...] § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as
Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses
deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.
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A ultrapassagem do limite com gasto de pessoal pelo art. 23 da LRF prevê que o
excedente ao limite deve ser diminuído em, no mínimo 1/3 no primeiro quadrimestre
e o restante no posterior, devendo ser adotadas as providências do art. 169, §§ 3º e 4º
da CF/88 (redução em 20% das despesas com cargo em comissão, exoneração de
servidores não estáveis, redução de servidor estável).
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20,
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se,
entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.
§ 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos
valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos
vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o
excesso, o ente não poderá:
I - receber transferências voluntárias;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento
da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com
pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos
titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Vale lembrar que o STF, por meio da ADIN nº 2.238-5 suspendeu a eficácia do
art. 23, §2º da LRF, previa entre as medidas de redução de custo com pessoal a
possibilidade de se reduzir a carga horária de trabalho com a consequente redução de
vencimentos. (Isso é possível ocorrer nos EUA – vide recente discussão envolvendo a
presidência de Barack Obama e o Congresso sobre o limite dos gastos fiscais daquele
país e que resultou na paralisação de parte dos serviços públicos).
ADI 2238-5 / STF
CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 04 DE MAIO DE 2000
(LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL). MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.980-22/2000. Lei
Complementar nº 101/2000. Não-conhecimento. [...]
XXV - Art. 23, §§ 1º e 2º: a competência cometida à lei complementar pelo § 3º do
art. 169 da Constituição Federal está limitada às providências nele indicadas, o
que não foi observado, ocorrendo, inclusive, ofensa ao princípio da irredutibilidade
de vencimentos. Medida cautelar deferida para suspender, no § 1º do art. 23, a
expressão "quanto pela redução dos valores a eles atribuídos", e, integralmente, a
eficácia do § 2º do referido artigo.

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Caso o ente público não consiga reduzir os gastos com pessoal para dentro do
limite legal no período de 02 quadrimestres ou se a extrapolação do limite ocorrer no
primeiro quadrimestre do último ano do mandato, ele poderá ficar impossibilitado de:
I – Receber transferências voluntárias; II – Obter garantia, direta ou indireta de outro
ente; III – Contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao
refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem redução de despesa de pessoal.
Esse mecanismo de penalização é muito criticado pela doutrina e
administradores públicos, sobretudo do poder executivo, uma vez ser esse o principal
afetado pela extrapolação dos gastos. O que vem se notando na prática é a
extrapolação de limites pelos demais poderes constituídos, sendo que as punições
recaem, na prática sobre o executivo.
O Limite Alerta é o patamar de 90% do limite de gasto com pessoal. O alcance
desse limite o TRIBUNAL DE CONTAS deve lançar um alerta para o Ente Público que
atingiu esse patamar.
No que diz respeito à Limitação com Despesas em Geral.
A limitação de Empenho fixa as despesas, mas apenas estima as receitas. Tendo
em vista a volatilidade da econômica pode ocorrer que a receita seja inferior à
estimada comprometendo a realização de metas de superávit fiscal ou nominal fixadas
no anexo da LRF denominado metas fiscais. Desta forma, não resta alternativa aos
Governos senão diminuir as despesas, sendo isso chamado pela LRF de Limitação de
Empenho, ou seja, passa-se a gastar menos que o previsto.
O cumprimento ou não da estimativa das receitas é verificada bimestralmente
e quando não verificado o cumprimento a limitação de empenho ocorrerá nos 30 dias
subsequentes, verificado posteriormente que a arrecadação voltou aos patamares
previstos, ainda que parcialmente, as dotações que tiveram o empenho limitado, serão
recompostas proporcionalmente.
Contudo, a limitação acima não atinge as despesas decorrentes de obrigações
constitucionais, tais como os gastos mínimos com educação e saúde e as ressalvas
previstas pela LDO (art. 9º da LRF).
Insta frisar que o STF suspendeu a eficácia do art. 9º, §3º da LRF (ADIN nº
2.238-5) que prevê que caso o Legislativo, Judiciário ou MP não façam a limitação de
empenho no prazo de 30, o Poder Executivo poderia realizar essa limitação. De
qualquer forma, esses poderes estão obrigados a realizar a limitação de empenho,
tendo sido vedado apenas a intromissão do Executivo.
Art. 9º, [...] § 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério
Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder

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Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados
pela lei de diretrizes orçamentárias.

A limitação de empenho também ocorrerá caso o Ente Federativo supere o


limite de sua dívida consolidada (art. 31, §1º, II DA LRF).
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo
limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos
três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por
cento) no primeiro.
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido: [...]
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite,
promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9o.

4.5. Despesa Pública e final de mandato eleitoral


O tema despesa pública é assaz espinhoso em finais de mandato, isso porque
infelizmente e não raro os administrativos públicos detentores de cargo eletivo
abandonam (abandonavam) a responsabilidade fiscal e promovem (promoviam) uma
quantidade considerável de gastos com vistas a obter reeleição ou eleger pessoa por
ele apoiada. Não raro, a conta de tais despesas tinha que se paga pelo governo
seguinte, o que muitas vezes o inviabilizava devido a insuficiência de ativos para
honrar com todos os compromissos assumidos anteriormente.
Visando proteger a probidade administrativa, a LRF apresentou em seu art. 42,
um de seus mandamentos mais importantes, possuindo a seguinte redação:

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados
os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

Conforme se nota, a vedação aplica-se apenas aos dois últimos quadrimestres e


se refere apenas a despesas assumidas que atinjam o governo seguinte e que não
possuem a contrapartida nos cofres públicos.
As despesas Constitucionais Obrigatórias obedecem aos seguintes limites: na
educação os limites estão previstos no art. 212 da CF/88, sendo para a União 18% e
25% para os Estados e Municípios. Percentuais esses resultantes da arrecadação
tributária e com transferências.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
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resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino.

Na área da Saúde as previsões estão nos arts. 198, §§ 2º e 3º da CF/88 e art. 77


da ADCT. A União deve gastar, no mínimo, o valor empenhado em 2004 corrigido pela
variação nominal do PIB. Os Estados devem gastar 12% da arrecadação, deduzido os
valores transferidos aos Municípios e esses 15% da arrecadação com impostos em
transferências. Já o DF deve investir 12% dos impostos arrecadados sob a competência
estadual e 15% do arrecadado sob a competência municipal.

5. Regime Constitucional dos Precatórios


O sistema de pagamento das dívidas públicas de origem judicial, chamado de
Precatórios foi criado no intuito de dar tratamento equânime entre os credores ao
mesmo tempo em que se evita o desequilíbrio orçamentário.
Como bem lembrado por Marcus Abraham (Curso de Direito Financeiro
Brasileiro), as dívidas públicas oriundas de decisão judicial não podem ser
programadas, por isso não são incluídas em orçamento, da mesma forma, não pode
ser classificada como extraordinária, pois apesar de saber que ela ocorrerá anualmente
não é possível saber o seu valor exato e quando deverá ser paga, assim, o sistema de
precatórios tenta solucionar o problema presente.
Pode-se conceituar o precatório como sendo a requisição formal de pagamento
que a Fazenda Pública é obrigada a realizar oriunda de decisão condenatória transitada
em julgado.
O Precatório tem base legal no art. 100 da CF/88 (redação dada atualmente
pela EC nº 62/2009). O caput do artigo deixa claro que os pagamentos deverão seguir a
ordem cronológica e faz menção apenas aos pagamentos realizados pelos Entes
Públicos (União, Estados, DF e Municípios) nada falando sobre as autarquias. Apesar
disso, não há dúvidas na doutrina e jurisprudência sobre a submissão das autarquias
ao regime de pagamentos por precatórios.
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais,
Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

Situação diversa diz respeito à submissão ou não de empresas públicas e


sociedades de economia mista a esse regime.
Após grande celeuma, o STF fixou o entendimento de que as empresas públicas
e sociedades de economia mista que prestam serviços públicos estatais e atuantes em
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regime de monopólio e que não realizem distribuição de lucros estão sujeitas ao
regime de precatórios, apesar de sua personalidade jurídica.
Segue a seguir julgado ilustrativo sobre o tema:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT.
IMPENHORABILIDADE DOS BENS. EXECUÇÃO FISCAL. OBSERVÂNCIA DO REGIME
DE PRECATÓRIOS. COMPETÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL
SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos são impenhoráveis, e a execução deve observar o regime
de precatórios. 2. Nas comarcas onde não há Vara da Justiça Federal, os Juízes
Estaduais são competentes para apreciar a execução fiscal.
(RE 393032 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em
27/10/2009, DJe-237 DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-
07 PP-01119 RT v. 99, n. 893, 2010, p. 167-170 LEXSTF v. 32, n. 373, 2010, p. 180-
185)

Quanto ao rito de formação e pagamento dos precatórios, uma vez transitada


em julgado a ação definido o valor devido pela Fazenda Pública, cabe ao magistrado de
primeira instância realizar requisição, por meio do chamado Oficio Requisitório para
que esse requisite a verba para o pagamento do credor junto à Fazenda Pública.
Caso a requisição ao Presidente do Tribunal ocorra até 01º de julho, o
pagamento é realizado no ano seguinte, caso ocorra após tal data o pagamento ocorre
apenas no ano subsequente. Essa ordem de pagamento visa garantir o tratamento
isonômico entre credores ao mesmo tempo em que possibilita que o Poder Público
faça a devida previsão orçamentária.
Embora a regra seja o pagamento do precatório em parcela única, os artigos 33,
78 e 86 da ADCT previram a possibilidade de parcelamento dos precatórios.
O art. 33 do ADCT previu que os precatórios pendentes de pagamento na data
da promulgação da CF/88 poderiam ser parcelados em 8 anos a contar do primeiro dia
de 1989. (EC nº 03 de 1993).
Art. 33. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor dos precatórios
judiciais pendentes de pagamento na data da promulgação da Constituição,
incluído o remanescente de juros e correção monetária, poderá ser pago em
moeda corrente, com atualização, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no
prazo máximo de oito anos, a partir de 1º de julho de 1989, por decisão editada
pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da
Constituição. (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do
disposto neste artigo, emitir, em cada ano, no exato montante do dispêndio,

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títulos de dívida pública não computáveis para efeito do limite global de
endividamento.

Já o art. 78 do ADCT previu a possibilidade de parcelamento em 10 anos do


pagamento dos precatórios pendentes na data da promulgação da emenda
constitucional que previu a norma (EC nº 30 de 13 de setembro de 2000).
Já o art. 86, §2º do ADCT previu o parcelamento de precatório em duas
parcelas anuais (EC nº 37 de 2002).
A EC nº 62/2009 inovou de forma substancial no regime de precatórios, criando
o chamado regime especial de pagamento de precatórios (art. 100, §15º e art. 97 do
ADCT).
Art. 100, [...]§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta
Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de
crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre
vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).

Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da
Constituição Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de
publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de
precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive
os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este
artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas,
sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em
seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos
conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda
Constitucional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009) (Vide
Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Esse regime especial seria aplicável ao ente público que estejam em mora no
pagamento de precatórios vencidos e se determinada que a Ente Federado aderente
depositasse cada mês em conta judicial específica 1/12 do percentual da receita
corrente líquida determinada. Previa-se ainda que até metade da verba destinada ao
pagamento de precatório sob esse sistema o fosse destinada ao pagamento por meio
de leilão (paga-se primeiro que oferece o maior deságio sob o valor do crédito),
negociação direta com credores ou, em desrespeito à ordem cronológica, o
pagamento em ordem única e crescente de valores.
A previsão constitucional é que esse regime deveria valer enquanto o valor do
passivo de precatórios for superior ao de recursos vinculados ou pelo prazo fixo de até
15 anos.

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Em vista da grande polêmica criada com o tal regime especial foram
apresentadas ao STF as ADI nº 4.357 e 4.425, alegando-se, dentre outros fundamentos,
ofensa à separação de poderes, violação de isonomia entre o Estado e o Particular,
violação ao direito de propriedade, violação à efetividade da tutela jurisdicional.
Em 14 de março de 2013 o STF julgou tais ADI, tendo as acolhido em parte e
declarado inconstitucional o Regime Especial de Pagamento dos Precatórios,
afirmando-se:
O regime “especial” de pagamento de precatórios para Estados e Municípios
criado pela EC nº 62/09, ao veicular nova moratória na quitação dos débitos
judiciais da Fazenda Pública e ao impor o contingenciamento de recursos para
esse fim, viola a cláusula constitucional do Estado de Direito (CF, art. 1º, caput), o
princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), o postulado da isonomia (CF, art.
5º), a garantia do acesso à justiça e a efetividade da tutela jurisdicional (CF, art.
5º, XXXV), o direito adquirido e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). 9. Pedido de
declaração de inconstitucionalidade julgado procedente em parte.

Em vista do resultado do julgamento e considerando que vários Estados da


Federação já estavam fazendo o planejamento financeiro nos termos da EC nº
62/2009, bem como que no período ocorreram inúmeras compensações de débitos de
particulares com precatórios a serem expedidos, foram apresentados requerimentos
de modulação dos efeitos da decisão no que diz respeito ao tema em comento.
Em outubro de 2013, o STF iniciou o julgado da modulação de efeitos, tendo o
Ministro Luiz Fux (Primeiro a votar a questão), se posicionado no sentido de modular
os efeitos da decisão no que diz respeito ao regime especial de pagamentos, passando
a decisão a ter efeitos a partir de 05 anos da votação, tendo afirmado o seguinte (INFO
725 do STF):
Defendeu que a presente proposta de modulação manteria, por cinco anos, com
base no princípio constitucional da segurança jurídica, todas as demais previsões
do regime jurídico especial criado pela EC 62/2009. Acentuou que essa proposta
conteria as seguintes regras: a) seriam considerados válidos os pagamentos
realizados até o trânsito em julgado das ADI 4425/DF e 4357/DF nas modalidades
leilão e quitação por acordo, porque essas formas de pagamento teriam sido
declaradas nulas com eficácia ex nunc, certo que não poderiam ser utilizadas
doravante; b) seriam mantidos os percentuais mínimos da receita corrente líquida,
vinculados ao pagamento do precatório (ADCT, art. 97, §§ 1º e 2º), o que
permitiria que Estados, Distrito Federal e Municípios dessem continuidade à
quitação de suas dívidas sem prejudicar o atendimento de outras finalidades de
interesse público; c) até o final do exercício financeiro de 2018, Estados, Distrito
Federal e Municípios devedores que pagassem precatórios pelo regime especial
aqui modulado não poderiam ter valores sequestrados, exceto no caso de não
liberação tempestiva dos recursos de que tratariam o §§ 1º, II, e 2º do art. 97 do

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ADCT, por força do art. 97, § 13, do ADCT. Esclareceu que, caso não houvesse
liberação tempestiva dos recursos vinculados ao pagamento dos precatórios
(ADCT, art. 97, § 10): I) haveria “... o sequestro da quantia nas contas de Estados,
Distrito Federal e Municípios devedores, por ordem do Presidente do Tribunal
referido no § 4º do art. 97 do ADCT, até o limite do valor não liberado”; II)
constituir-se-ia, “... alternativamente, por ordem do Presidente do Tribunal
requerido, em favor dos credores, de precatórios contra Estados, Distrito Federal e
Municípios devedores, direito líquido e certo, autoaplicável e independentemente
de regulamentação, à compensação automática com débitos líquidos lançados
por esta contra aqueles e, havendo saldo em favor do credor, o valor terá
automaticamente poder liberatório ao pagamento de tributos de Estados, Distrito
Federal e Municípios devedores, até onde se compensarem”; e III) “o chefe do
Poder Executivo responderá na forma de legislação de responsabilidade fiscal e de
improbidade administrativa” (art. 97, § 10, I, II e III, do ADCT).

Após o voto do Ministro Luiz Fux, foi pedido vista pelo Ministro Barroso. O
julgamento do requerimento de modulação dos efeitos deve ocorrer ao longo de 2014.
Nas mesmas ADINs ainda foram declarados inconstitucionais a sistemática de
compensação de precatórios com eventuais dívidas do particular com o Estado,
assunção das dívidas de precatórios dos Estados, Municípios e DF pela União e a nova
sistemática de atualização dos juros dos precatórios (TR) prevista na Lei nº 9.494/97
(inconstitucionalidade por arrastamento).
É importante ressaltar a possibilidade de SEQUESTRO DO VALOR do precatório
em caso de não alocação orçamentária ou a preterição da ordem cronológica de
valores. Para ocorrer esse sequestro o credor deverá requerer diretamente ao
presidente do tribunal o sequestro informando a ocorrência de uma dessas duas
situações.
Conforme já afirmado, a compensação de precatórios com dívidas do credor
com o Estado foi introduzida pela EC b. 62/2009 e Declarada Inconstitucional pelo STF
no julgamento das ADINS 4.357 e 4.425, sob o argumento de que essa compensação
unilateral ofenderia a coisa julgada e afetaria o princípio da separação dos poderes. Foi
asseverado ainda que a Fazenda Pública disporia de métodos mais eficazes de
cobrança.
Em sentido contrário ao entendimento do STF, Marcus Abraham ressalta que o
procedimento da compensação garantiria a efetividade e eficiência e simplificação na
recuperação do crédito público, sem impor ao Estado a realização de pagamento ao
seu próprio credor.
MIGUEL REALE ainda afirma que a compensação exprimiria uma diretriz da
eticidade afigurando-se equitativo não obrigar aquele que seja ao mesmo credor e

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devedor de uma determinada pessoa a realizar o pagamento, uma vez que poderia
ficar sem receber caso houvesse insolvência da contraparte.
Por fim, em relação ao precatório, a EC n. 62 ainda introduziu a possibilidade de
o credor, desde que autorizado em lei, utilizar o precatório para a compra de imóveis
do ente federativo. (§11)
Foi possibilitado ainda, pelo §13º, a cessão parcial ou total do precatório a
terceiros, independentemente da concordância do devedor, não aplicando ao
cessionário as regras do RPV e crédito alimentícios. Essa previsão constitucional
mostrou-se de grande importância no âmbito estadual em vista da já anterior
existência de um mercado informal de precatórios formado, principalmente, com o
intuito de se compensar com débitos tributários, situação essa nem sempre aceita
pelos Estados.
Ademais, a previsão constitucional abre possibilidade do Sistema Financeiro
atuar nesse mercado comprando precatórios com deságio sobre o seu valor de face,
transformando-o em verdadeiro título de crédito cambiável.

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