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Aula 03
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Assuntos tratados:
1º Horário.
Regime Geral de Previdência Social / Dependentes / Artigo 16, inciso I, Lei
8.213/91.
2º Horário.
Artigo 16, inciso II, Lei 8.213/91 / Artigo 16, inciso III, Lei 8.213/91 /
Pluralidade de dependentes / Benefícios / Carência / Cálculo dos benefícios.
3º Horário.
Cálculo dos benefícios (continuação).
1º Horário
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Quanto a esses três últimos, não há previsão expressa no inciso I do artigo 16, motivo por que sua
dependência é presumida. Com relação aos demais, uma vez que gozam de previsão legal palpável,
detêm presunção absoluta de dependência econômica (posicionamento majoritário da jurisprudência).
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Direito Previdenciário
Aula 03
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1.1.1. Artigo 16, inciso I, Lei 8.213/91
Lei 8.213/91, Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na
condição de dependentes do segurado:
I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de
qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz,
assim declarado judicialmente;
a. Cônjuge
Cônjuge é a pessoa legalmente casada. Hodiernamente, Inexiste discriminação
detrimentosa no tocante à percepção da pensão por morte pelo supérstite varão,
situação que, no passado, era diferente, porquanto somente a mulher detinha o
direito ao beneplácito.
A situação jurídica do ex-cônjuge (divorciado, separado judicialmente ou
separado de fato) é solucionada pelo artigo 76, §2º, da Lei de Benefícios. Estará em
igualdade de condições com os demais dependentes da primeira categoria, dês que
comprove a percepção de alimentos.
Lei 8.213/91, Art. 76, § 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com
os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei.
Reputou por bem a jurisprudência flexibilizar a regra contida no preceptivo em
comento. Isso porque existem ex-cônjuges detentores do direito de perceber a
prestação alimentícia por parte do ex-cônjuge por vários motivos (medo,
desconhecimento, etc.). Nessa senda, o Superior Tribunal de Justiça sumulou
entendimento segundo o qual a necessidade econômica, ainda que a pessoa não
esteja recebendo pensão alimentícia, ensejará a concessão da pensão por morte.
Verbete nº 336 – Súmula do STJ
A mulher [ou homem] que renunciou aos alimentos na separação judicial
[divórcio, separação de fato] tem direito à pensão previdenciária por morte do
ex‑marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.
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Direito Previdenciário
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Note-se que a divergência havida no direito de família, segundo a qual se
discute sobre se existe renúncia a alimentos entre cônjuges, no âmbito previdenciário,
é irrelevante. A ‘superveniência’ a que alude o enunciado não é o momento da morte,
mas, sim, a separação. Nesse contexto, se surgida a necessidade econômica até a
morte, materializar-se-á o direito à pensão por morte; caso se dê após a morte,
inocorrerá o direito.
b. Companheiro
Coetaneamente, a relação de companheirismo, no direito previdenciário, situa-
se em idêntico patamar ao da união estável no direito de família. Tradicionalmente,
aquele ramo sempre deteve pensamento mais liberal que este último. Nada obstante,
de tempos para cá, de um lado houve considerável avanço em razão do
reconhecimento da união homoafetiva pelo STF; de outro, o direito previdenciário
retrocedeu em sua análise sobre as relações concubinárias, típica de um anacrônico
direito de família.
Na doutrina previdenciária, majoritariamente, encontrar-se-ão autores
protetores do concubinato, o que também era defendido na jurisprudência. Contudo,
tal situação modificou-se no seio jurisprudencial a partir de um julgamento do
Supremo Tribunal Federal.
Assim, a teor do que preconizou a Suprema Corte, a união concubinária não
merecia amparo previdenciário, haja vista contrariar uma cláusula especial de
proteção do casamento.
Nota: a comprovação da união estável pode ser realizada mediante prova
exclusivamente testemunhal.
Enunciado nº 63 – Súmula da TNU
A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte
prescinde de início de prova material.
c. Filho
Aqui, trata-se dos filhos até 21 anos , inválidos e com deficiência.
Enunciado nº 37 – Súmula da TNU
A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela
pendência do curso universitário.
2º Horário
A redação original do artigo 16, §2º, da Lei 8.213, alocava o menor sob guarda
ao lado do enteado e do tutelado. Posteriormente, a Lei 9.528/97 excluiu-o do rol de
dependentes. Administrativa, não se concede o benefício a tais indivíduos.
Coetaneamente, a jurisprudência oscila. De um lado, posiciona-se o Superior
Tribunal de Justiça, o qual assevera que, por não lhe ser permitido fazer controle de
constitucionalidade, aplica inveteradamente a legislação; o menor sob guarda,
portanto, não é dependente. Do outro, a TNU tem decisões no sentido de que o menor
sob guarda deve ser mantido no rol de dependentes em razão do princípio da vedação
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Diz-se ‘provavelmente’ porque o legislador não deixou tal orientação prevista expressamente.
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do retrocesso, porquanto não se pode retroceder na proteção integral já alcançada em
favor desse indivíduo.
Nota: ainda não há decisão do STF acerca do assunto. Espera-se por uma
posição da Corte para o ano 2014, eis que a OAB ajuizou ação direta requerendo a
declaração de inconstitucionalidade da Lei 9.528/97.
Lei 8.213/91, Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será
rateada entre todos em parte iguais.
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Direito Previdenciário
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1.2. Benefícios
Insere-se no campo do estudo das prestações do Regime Geral de Previdência
Social, as quais compreendem: (i) serviços, que se cindem em (re) habilitação
profissional e serviço social; e (ii) benefícios, que consistem em aposentadorias (idade,
tempo de contribuição e especiais) auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-família,
salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão.
Os serviços abarcam tanto segurados, quanto dependentes. Em contrapartida,
somente os benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão são devidos aos
dependentes, sendo os demais concedidos aos segurados.
Apenas o auxílio-acidente e o salário-família visam à complementação da renda
do segurado, motivo por que se chamam indenizatórios e podem situar-se abaixo do
salário-mínimo. Os demais beneplácitos, cujo escopo é substituir a renda e, por isso,
nominam-se de remuneratórios, por força de comando constitucional, estão
submetidos ao piso do salário-mínimo.
1.2.1. Carência
Lei 8.213/91, Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas
a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.
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Por consubstanciar-se em número mínimo de contribuições, carência é um
conceito bastante distinto de tempo de contribuição.
Exemplo: João começa a trabalhar em 30.01.2014 e encerra suas atividades
laborais em 01.03.2014. Possui exatos 30 dias de contribuições, ou seja, 1 mês.
Entretanto, detém três meses de carência, eis que, ainda que se trabalhe em um único
dia do mês, este se caracterizará como uma contribuição para efeitos de carência.
a. Cômputo da carência
Lei 8.213/91, Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as
contribuições:
I - referentes ao período a partir da data da filiação [início das atividades
laborativas] ao Regime Geral de Previdência Social, no caso dos segurados
empregados e trabalhadores avulsos referidos nos incisos I e VI do art. 11;
Decreto 3.048/99, Art. 26, §4º Para efeito de carência, considera-se presumido o
recolhimento das contribuições do segurado empregado, do trabalhador avulso e,
relativamente ao contribuinte individual, a partir da competência abril de 2003, as
contribuições dele descontadas pela empresa na forma do art. 216.
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Direito Previdenciário
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aos empregados domésticos a presunção de recolhimento de contribuições e, assim,
melhorar sua situação jurídica, haja vista ser a classe que, talvez, mais sofra com a
informalidade.
Observação2: em provas, de regra, deve-se dizer que os empregados
domésticos situam-se ao lado dos demais segurados do artigo 27, inciso II, da Lei de
Benefícios.
3º Horário
a. Salário de contribuição
Lei 8.212/91, Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração efetivamente recebida
ou creditada a qualquer título, durante o mês em uma ou mais empresas, inclusive
os ganhos habituais sob a forma de utilidades, ressalvado o disposto no § 8° e
respeitados os limites dos §§ 3°, 4° e 5° deste artigo;
II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em
regulamento para a comprovação do vínculo empregatício e do valor da
remuneração;
III - para o trabalhador autônomo e equiparado, empresário e facultativo: o
salário-base, observado o disposto no art. 29.
b. Salário de benefício
Consistirá na base de cálculo do benefício. Trata-se da média dos 80% maiores
salários de contribuição corrigidos monetariamente, a partir de julho/1994 (instituição
do Real como moeda de curso legal).
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Além desse percurso, no cálculo das aposentadorias por idade e por tempo de
contribuição, incidirá o fator previdenciário, que se caracteriza como um instrumento
de desestímulo de aposentadorias precoces.
CRFB, Art. 201, § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência
social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se
mulher; (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,
reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
O artigo 201, §7º, da Constituição da República, cuja redação foi dada pela EC
nº 20/98, estatuiu requisitos para as aposentadorias por tempo de contribuição e por
idade. Intencionou o Governo consignar requisitos cumulativos. Contudo, por um erro
de um parlamentar da bancada governista, que se confundiu com o sistema de
votação eletrônica, operou-se uma derrota por um único voto. Assim, inobstante as
vitórias no regime de servidores e nas regras de transição, não logrou o Governo a
proibição da aposentadoria precoce. Realizando uma manobra, no ano seguinte, criou-
se a Lei 9.876/99 e estabeleceu-se o fator previdenciário, o qual se fez como
instrumento de desestímulo da aposentadoria prematura.
Observação: houve quem argumentasse sobre a inconstitucionalidade do fator
previdenciário, porquanto este, numa via transversa, estaria a descortinar-se como
uma exigência cumulativa de idade e tempo de contribuição no RGPS. A
jurisprudência, contudo, não acatou a tese.
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Algumas remissões
Lei 8.213, Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)
c/c
Lei 9.876/99, Art. 3º Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior
à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a
concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do
salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores
salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo
o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o
disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a
redação dada por esta Lei.
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