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Direito Previdenciário

Aula 04
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Assuntos tratados:
1º Horário.
 Benefícios em espécie / Benefícios por incapacidade / Auxílio-doença.
2º Horário.
 Aposentadoria por invalidez.
3º Horário.
 Auxílio-acidente / Benefícios acidentários.

1º Horário

1. Benefícios em espécie
Para todos os beneplácitos, estabelecer-se-á uma espécie de formulário, no
qual se analisarão cinco aspectos inerentes à sua concessão, quais sejam: (i)
necessidade social; (ii) exigências pessoais; (iii) carência; (iv) valor; (v) data de início do
benefício (DIB); (vi) outras observações.
Do artigo 201 da Carta de Outubro, extrai-se o fundamento de validade de
todos os benefícios previdenciários.

1.1. Benefícios por incapacidade


1.1.1. Auxílio-doença
Especificamente, no caso do auxílio-doença, o fundamento constitucional
cuida-se do artigo 201, inciso I, CRFB.
CRFB, Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

O legislador trata do auxílio-doença na Lei 8.213/91 a partir do artigo 59 e


seguintes:
Lei 8.213/91, Art. 59. O auxílio‑doença será devido ao segurado que, havendo
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15
(quinze) dias consecutivos.

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Da perquirição do artigo em tela, extraem-se os pontos de análise da concessão


do benefício.

1º. Necessidade social


Como necessidade social, tem-se a incapacidade parcial e/ou temporária
superior a 15 dias. Incapacidade parcial é aquela que inabilita o segurado para o
exercício de sua atividade.
Exemplo: digitador com a mão quebrada não pode desenvolver o seu mister.
Por sua vez, a incapacidade temporária é aquela passível de recuperação.
Nota1: a incapacidade tem recuperação. Inexiste preocupação com a reversão
da doença do indivíduo, porquanto o foco da Previdência não é saúde. Interessante à
Previdência Social é a capacidade laborativa, ainda que a doença de que se acometeu
o segurado seja incurável.
Nota2: na análise da incapacidade, levam-se em conta os recursos terapêuticos
disponíveis no momento. Obsta-se a que se façam previsões sobre possíveis
tratamentos que venham a revertê-la.
Nota3: somando-se as assertivas explanadas, factível conceituar a incapacidade
temporária como aquela detentora de prognóstico positivo disponíveis no momento.
Nota4: imperiosa a duração da incapacidade por período superior a 15 dias,
marco cronológico oponível a qualquer tipo de segurado sem o qual não se materializa
o fato gerador do beneplácito.
Nota5: doença ou lesão preexistentes ao ingresso/reingresso do indivíduo no
sistema do RGPS obstam à concessão do auxílio-doença, salvo se a incapacidade
decorre do agravamento ou progressão da doença/lesão.
Exemplo: indivíduo diabético não é segurado do INSS. Faz controle de sua
doença sem sequer precisar de medicamentos; apenas, com dietas. Começa, então, a
trabalhar em seu primeiro emprego, de motorista. Após muitas comemorações pela
vitória obtida, sua doença torna-se descontrolada, resultando em redução de sua
acuidade visual. In casu, conquanto seja a doença preexistente, a incapacidade é
posterior à filiação ao RGPS. Fará, pois, jus ao benefício.
Lei 8.213/91, Art. 59, Parágrafo único. Não será devido auxílio‑doença ao
segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da
doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a
incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença
ou lesão.

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Observação: se tanto a doença quanto o agravamento, e por consequência a


incapacidade, forem anteriores ao ingresso no RGPS, não terá o segurado direito ao
beneplácito.
Exemplo: indivíduo cego começa a trabalhar em seu primeiro emprego,
instante a partir do qual ingressa no RGPS. Ser-lhe-á defeso eventual pleito de auxílio-
doença/aposentadoria por invalidez com fincas exclusivamente na cegueira, haja vista
tal condição existir previamente à filiação no Regime Geral.
Nota6: não há se cogitar em afastamento do direito ao benefício em virtude de
possível culpa do segurado, como, por exemplo, uma tetraplegia decorrente da prática
de esportes radicais.
Nota7: não necessariamente a incapacidade decorrerá da doença. Pode esta
advir de acidente. O nome ‘auxílio-doença’, malgrado o evidente equívoco, assim foi
definido por razões históricas. Exemplifica-se com o caso do entregador de pizzas que,
a bordo de sua bicicleta, sofre um acidente, quebrando a perna. Sua incapacidade,
parcial e temporária, derivou não de uma doença, mas, sim de um acidente.
Caso esse sujeito venha a ficar em coma, com prognóstico de retorno às
atividades laborais após 12 meses, sua incapacidade será total, porém temporária.
Malgrado a totalidade da impossibilidade do exercício de seu mister, ser-lhe-á pago
auxílio-doença, em virtude da temporalidade.
Se, na mesma ilustração, em vez de ficar em coma, o sujeito quebrar as pernas
e perder o movimento de genuflexão. Ficará incapaz parcialmente, porém de maneira
permanente. A ele será concedido o auxílio-doença, até a ocorrência da sua morte,
invalidez total ou reabilitação profissional (exemplo: fornecer um curso de assistente
administrativo para que o entregador volte à mesma pizzaria exercendo outra função).
Lei 8.213/91, Art. 62. O segurado em gozo de auxílio‑doença, insusceptível de
recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter‑se a processo de
reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o
benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova
atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável,
for aposentado por invalidez.

2º. Exigências pessoais


Tão-só, a qualidade de segurado.
Observação1: o desempregado pode receber auxílio-doença, dês que se
encontre no período de graça.

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Observação2: a aferição da preexistência da doença incapacitante é


engendrada em conformidade com a atual filiação no RGPS. Explique-se: caso um
indivíduo, que já ostentou qualidade de segurado atualmente sequer encontra sob os
auspícios do período de graça, venha a verter contribuições ao regime acometido de
doença incapacitante, não se lhe concederá o benefício, porquanto sua incapacidade é
posterior ao reingresso no RGPS. Vide entendimento sumulado da TNU.
Verbete nº 53 – Súmula da TNU
Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime
Geral de Previdência Social.

3º. Carência
Consubstancia-se no número mínimo de contribuições necessárias à concessão
do benefício.
Lei 8.213/91, Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas
a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.

Lei 8.213/91, Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de
Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o
disposto no artigo 26:
I – auxílio‑doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições
mensais;

A carência para o benefício em comento é curta pelo fato de ninguém se


programar para tornar-se incapaz.
Conjeture-se hipótese de indivíduo, detentor de 100 contribuições, que,
atualmente, encontra-se sem qualidade de segurado e não mais está no raio de
alcance da graça. Consegue nova atividade laborativa, por meio da qual verte mais 6
contribuições e, após, é acometido de uma incapacidade. Nesse contexto, conforme
expressa previsão legal, a recuperação de sua qualidade de segurado dá-se com o
pagamento de 1/3 da carência necessária à consecução da benesse, situação na qual,
inclusive, resgata as contribuições anteriores.
Lei 8.213/91, Art. 24. [...]
Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições
anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o
segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo,
1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da
carência definida para o benefício a ser requerido.

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De outro giro, se em vez de 06 fossem pagas 03 contribuições, não teria havido


o preenchimento de 1/3 carência do auxílio-doença. Tal situação implica a não
consideração das 100 contribuições pretéritas, sendo certo que, conquanto haja
recuperado a qualidade de segurado, ao indivíduo faltaria o cumprimento da carência.
Pois bem. Tendo em conta a lógica do fator surpresa de que os eventos
incapacitantes, de regra, trajam-se, há outros fatos da vida que, tamanha a
improbabilidade de previsão de sua ocorrência, mostram-se ainda mais
surpreendentes. E o legislador, de olhos atentos a isso, para tais fatos não exigiu uma
carência pequena (12 meses do auxílio-doença/aposentadoria por invalidez). Ao revés,
despiu-os desse requisito, delegando ao Poder Executivo a função de estabelecer as
doenças imiscuídas no bojo da prescindibilidade do pagamento do número mínimo de
contribuições.
Exemplo: cardiopatia grave, neoplasia maligna, hanseníase, AIDS, etc.
Lei 8.213/91, Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes
prestações:
II – auxílio‑doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de
qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como
nos casos de segurado que, após filiar‑se ao Regime Geral de Previdência Social,
for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada
pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos,
de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou
outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado [vide IN 45/2010 do INSS];

4º. Valor
Imperioso descobrir o coeficiente de cálculo. No caso do auxílio-doença, é de
91% do salário de benefício.
Observação: apenas as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição
sofrem a incidência do fator previdenciário, sendo que, naquela primeira, o fator tem
aplicação facultativa.

5º. Data de início do benefício


Para o empregado, de regra, o auxílio-doença será concedido a partir do 16º dia
da incapacidade, uma vez que os 15 primeiros dias são de responsabilidade do
empregador. Diferentemente, para os demais segurados, será devido desde a data do
início da condição incapacitante. Note-se que a incapacidade deverá, nesse benefício,
ser superior a 15 dias. No caso dos demais segurados, o pagamento terá data
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retroativa ao início da incapacidade, e não a partir do 16º dia, como ocorre com o
empregado.
Vide o artigo 75 do Decreto 3.048/99 e pequeno quadro esquemático sobre
empregado e auxílio-doença no período de 60 dias:

QUADRO ESQUEMÁTICO

(i) Empregado em gozo de auxílio-doença O empregador não pagará os 15 primeiros,


teve alta e, dentro de 60 dias da tal, fica como de praxe, os quais ficarão a cargo do
incapacitado pelo mesmo motivo INSS.

(ii) Empregado fica afastado (exemplo, por 10 Receberá os 05 dias restantes pelo
dias), porém não chega a obter auxílio- empregador e, logo em seguida,
doença. Dentro de 60 dias, fica incapacitado permanecendo a incapacidade, ficará em
pelo mesmo motivo gozo de auxílio-doença

Decreto 3.048/99, Art. 75. Durante os primeiros 15 (quinze) dias consecutivos de


afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe à empresa pagar ao
segurado empregado o seu salário.
§ 1º Cabe à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o
exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros quinze dias de
afastamento.
§ 2º Quando a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias consecutivos, o segurado
será encaminhado à perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social.
§ 3º Se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de sessenta
dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do
pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando‑se o
benefício anterior e descontando‑se os dias trabalhados, se for o caso.
§ 4º Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar‑se do trabalho
durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a
se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma
doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento.
§ 5º Na hipótese do § 4º, se o retorno à atividade tiver ocorrido antes de quinze
dias do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio‑doença a partir do dia
seguinte ao que completar aquele período.

Mais um quadro esquemático, agora concernente ao período de percepção do


benefício por contribuintes individuais e segurados empregados:

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QUADRO ESQUEMÁTICO

(i) Empregado incapaz por 10 dias Recebe esse período da empresa;

(ii) Contribuinte individual (Advogado) Não recebe nada;


incapacitado por 10 dias

(iii) Empregado incapaz por 30 dias Recebe os 15 primeiros dias da empresa; do


16º ao 30º, recebe do INSS;

(iv) Contribuinte individual (Advogado) Recebe todo o período do INSS.


incapacitado por 30 dias

Nota: passados 30 dias do início da incapacidade, tanto empregados, quanto


demais segurados, somente receberão a partir da data do requerimento do benefício
(DER).

6º. Outras observações


(i) Assevera a jurisprudência que, comprovando o laudo a incapacidade do
segurado, sem, contudo, fixar-lhe a data de início, essa data será a da confecção do
próprio laudo, ainda que o requerimento administrativo tenha sido realizado em
período anterior. Inexistindo prévio requerimento administrativo, a jurisprudência
considera como tal a data de ajuizamento da ação.
(ii) A teor do que preconiza a TNU, o fato de o segurado ter trabalhado não
impede a obtenção de auxílio-doença. Assim, caso o laudo fixe o início da incapacidade
em data na qual o indivíduo exercia atividades laborativas, fará jus ao benefício por
todo esse período. Trabalha-se com o raciocínio de que a necessidade de sustento, a si
próprio ou a outrem, demonstrou-se mais preponderante que o próprio fator
incapacitante.
Verbete nº 72 – Súmula da TNU
É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que
houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado
estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou.

2º Horário

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O auxílio-doença é um benefício precário, tendo em vista a transitoriedade de


sua necessidade social. Isso implica ao beneficiário, por uma tendência legislativa, o
ônus de provar à autarquia a permanência de sua condição incapacitante.
Lei 8.213/91, Art. 101. O segurado em gozo de auxílio‑ doença, aposentadoria por
invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do
benefício, a submeter‑se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo
de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

Sob pena de suspensão do benefício, além da subsunção às perícias, é dever do


beneficiário submeter-se à reabilitação profissional e aos tratamentos médicos
indicados pelo perito do INSS. Nada obstante, tal exigência está condicionada à
disponibilidade do tratamento de modo gratuito pela Previdência Social.
Observação: em razão de crenças religiosas ou filosóficas, e a própria lei
estabelece essa ressalva, não está o indivíduo a submeter-se a intervenções cirúrgicas
ou transfusões de sangue.
Coevamente, o Decreto 3.048/99 prevê, nos dizeres da doutrina e da
jurisprudência, a famigerada ‘alta programada’, que consiste na estipulação de data de
provável cessação do benefício do indivíduo quando o mesmo submete-se à perícia
que irá constatar sua incapacidade1.
Exemplo: realização da perícia em 30.01.2014 com reconhecimento da
incapacidade e, simultaneamente, designação do dia 30.03.2014 como ‘alta
programada’.
Decreto 3.048/99, Art. 78. O auxílio‑doença cessa pela recuperação da
capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez
ou auxílio‑acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que
implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
§ 1º O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico‑pericial, o prazo que
entender suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do
segurado, dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia.
§ 2º Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insuficiente, o segurado
poderá solicitar a realização de nova perícia médica, na forma estabelecida pelo
Ministério da Previdência Social.

Em um primeiro momento, a jurisprudência considerou ilegal a alta


programada, eis que o artigo 101 da Lei 8.213/91 exigiria exames constantes para
determinar a cessação do benefício. Entretanto, o entendimento prevalecente decidiu
pela legalidade do expediente.

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Tal expediente desenvolveu-se visando a reduzir o número de exames médico-periciais
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Surgiu, diante disso, uma sensível problemática, a saber, o considerável atraso


havido nalgumas agências do INSS para a marcação da perícia de constatação da
condição incapacitante alegada pelo segurado. Isso resultava, em muitas ocasiões, na
cessação do benefício indevidamente, porque o indivíduo ainda estava incapaz, porém
havia suspensão automática do beneplácito.
Como solução intermediária, a jurisprudência decidiu que o requerimento
administrativo de prorrogação do benefício passaria a gozar de efeito suspensivo.
Constatada na nova perícia uma invalidez total e permanente, o benefício a que
terá direito o segurado é a aposentadoria por invalidez.

1.1.2. Aposentadoria por invalidez


Guarda muitas semelhanças com o auxílio-doença. Tanto assim que seu
fundamento de validade, também, está no artigo 201, inciso I, CRFB.
CRFB, Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

É tratada, na Lei 8.213/91, a partir do artigo 42:


Lei 8.213/91, Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando
for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em
gozo de auxílio‑doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação
para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser‑lhe‑á paga
enquanto permanecer nesta condição.

Da perquirição do artigo em tela, extraem-se os pontos de análise da concessão


do benefício.

1º. Necessidade social


Como necessidade social, tem-se a incapacidade total e permanente.
Incapacidade total é aquela que inabilita o segurado para o exercício de qualquer
atividade capaz de lhe garantir o sustento.
Quando da aferição da totalidade da incapacidade, levar-se-ão em conta, além
dos critérios clínicos, as circunstâncias sociais que permeiam a vida do indivíduo. A isso
se chama “incapacidade psicossocial”.
Exemplo: imaginem-se dois entregadores de pizzas. Um deles tem 64 anos
idade e é analfabeto; nunca trabalhou noutra atividade. O outro é um jovem de 30
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anos, portador de diploma de curso superior em Engenharia. Os dois tiveram um


acidente de trabalho e foram diagnosticados com o mesmo fator incapacitante. Por
óbvio, dadas as condições pessoais de cada um e sociais, a incapacidade para o
primeiro é total; para o segundo, não.
A jurisprudência manifestou-se oportunamente nesse sentido, externando seu
entendimento por meio do verbete nº 47 da Súmula da TNU.
Verbete nº 47 da Súmula da TNU
Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar
as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria
por invalidez.

Observação: após a edição do enunciado, houve uma enxurrada de pedidos de


auxílio-doença/aposentadoria por invalidez pautados apenas nas condições pessoais e
sociais, sem que, de fato, existisse fator incapacitante. Com vistas a corrigir essa
distorção, a TNU editou outro enunciado, o de nº 77:
Verbete nº 77 da Súmula da TNU
O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não
reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual

Nota: as demais observações pertinentes ao auxílio-doença, tais como culpa do


segurado e doença preexistente, encaixam-se perfeitamente na aposentadoria por
invalidez.

2º. Exigências pessoais


Tão-só, a qualidade de segurado, tal como no auxílio-doença.

3º. Carência
Idêntica ao auxílio-doença.

4º. Valor
Maior do que o auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez é de
100% do salário de benefício.
Na conversão do auxílio-doença para aposentadoria por invalidez, o INSS não
calcula novamente o salário de benefício; apenas modifica o coeficiente de cálculo:
antes 91%, depois, 100%.

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Esse expediente foi questionado, e o STJ, instado, manifestou-se pela


legalidade da referida sistemática, que está inserta no artigo 36, §7º, do Decreto
3.048/99 e, consequentemente, pela possibilidade de aproveitamento por parte do
INSS do salário-de-benefício do auxílio-doença. Ou seja, não é necessário novo cálculo.
Decreto 3.048/99, Art. 36, § 7º. A renda mensal inicial da aposentadoria por
invalidez concedida por transformação de auxílio‑doença será de cem por cento
do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial
do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em
geral.
c/c
Lei 8.213/91, Art. 44. A aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de
acidente do trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem
por cento) do salário de benefício, observado o disposto na Seção III,
especialmente no artigo 33 desta Lei.

5º. Data de início do benefício


Presume o legislador que, antes da percepção da aposentadoria, o segurado
passará a receber auxílio-doença. A praxe administrativa caminha nessa senda. Assim,
a DIB será o dia seguinte à cessação do auxílio-doença.
Caso a aposentadoria por invalidez não seja precedida de auxílio-doença, sua
DIB será fixada conforme as regras desse último benefício.
Lei 8.213/91, Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia
imediato ao da cessação do auxílio‑doença, ressalvado o disposto nos §§ 1o, 2o e
3o deste artigo.
§ 1o Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e
definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida:
a) ao segurado empregado, a contar do 16o (décimo sexto) dia do afastamento da
atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a
entrada do requerimento decorrerem mais de 30 (trinta) dias;
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual,
especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da data da
entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 (trinta)
dias.
§ 2o Durante os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento da atividade por
motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário.

6º. Outras observações


(i) Precariedade
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Se convocado pelo INSS, deverá o segurado comparecer, a fim de demonstrar


que ainda permanece incapacitado, razão por que se diz que esse benefício é precário.
Entretanto, incoerente submeter tal indivíduo a reabilitação profissional, eis que sua
incapacidade é total e permanente.
Caso o segurado, voluntariamente, retorne às atividades laborais,
automaticamente, cessa o beneplácito.
Lei 8.213/91, Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à
atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do
retorno.

Constatada, por intermédio de perícia, a recuperação da capacidade laborativa


pelo segurado, necessário fazer distinção entre a recuperação rápida e a lenta ou
parcial. No ponto, vide o artigo 47 da Lei 8.213/91:
Lei 8.213/91, Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do
aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento:
I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco anos), contados da data do
início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio‑doença que a antecedeu sem
interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função
que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação
trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade
fornecido pela Previdência Social [lembre-se de que o contrato de trabalho, nas
hipóteses de percepção de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez,
permanece suspenso]; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio‑doença ou da
aposentadoria por invalidez, para os demais segurados2;
II – quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I [5
anos], ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de
trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida,
sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for
verificada a recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6
(seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Adiante, quadro esquemático destinado à explicação do aludido dispositivo:

2
Nos dizeres da doutrina, trata-se de mensalidades de recuperação, as quais serão proporcionais ao
número de anos em que ficou em gozo de benefício por incapacidade.
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ESPÉCIE DE SEGURADO MODALIDADE DE RECUPERAÇÃO SITUAÇÃO JURÍDICA DO


SEGURADO

Recuperação rápida e total Retorno imediato à função


dentro de 05 (cinco) anos que desempenhava na
(i) Empregado
empresa quando se
aposentou

(ii) Demais segurados Após o número de meses


proporcionais aos anos nos
quais recebeu aposentadoria
Recuperação rápida e total por invalidez, período no qual
dentro de 05 (cinco) anos receberá as famosas
‘mensalidades de
recuperação’.

Durante 06 (seis) primeiros


meses, recebe aposentadoria
no valor integral

(iii) Todos os segurados Recuperação lenta ou parcial Nos 06 (seis) meses


(incluídos os empregados) seguintes, sofre uma redução
de 50% no valor

Nos 06 (seis) meses finais,


sofre uma redução de 75%,
período no qual receberá
apenas 25%3

(ii) Grande invalidez


Em havendo “grande invalidez”, conforme dizeres da doutrina, que se
caracteriza como a impossibilidade de o indivíduo exercer, sozinho, os atos da vida
cotidiana, fará o segurado jus ao acréscimo de 25% à aposentadoria por invalidez.
Detém três características: (i) é reajustado da mesma forma que a
aposentadoria; (ii) personalíssimo, isto é, não se incorpora à pensão por morte; (iii) a
soma desse adicional à aposentadoria não se subsumi ao teto da Previdência Social.
Lei 8.213/91, Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que
necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%
(vinte e cinco por cento).

3
Ao término do período de 18 meses, ocorre a cessação definitiva do benefício.
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Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:


a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da
pensão.

Por curiosidade, com escopo de enriquecimento do saber, consigna-se o anexo


I do Decreto 3.048/99:
REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
ANEXOI
RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES EM QUE O APOSENTADO POR INVALIDEZ
TERÁ DIREITO À MAJORAÇÃO DE VINTE E CINCO POR CENTO
PREVISTA NO ART. 45 DESTE REGULAMENTO.
1 - Cegueira total.
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.
4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível.
5 - Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível.
6 - Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for
impossível.
7 - Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e
social.
8 - Doença que exija permanência contínua no leito.
9 - Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

3º Horário

1.1.3. Auxílio-acidente
Seu fundamento de validade, também, está no artigo 201, inciso I, CRFB.
CRFB, Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

É tratado, na Lei 8.213/91, a partir do artigo 86:


Lei 8.213/91, Art. 86. O auxílio‑acidente será concedido, como indenização, ao
segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade
para o trabalho que habitualmente exercia.

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§ 1º O auxílio‑acidente mensal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do


salário de benefício e será devido, observado o disposto no § 5º até a véspera do
início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.
§ 2º O auxílio‑acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio‑ doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento
auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qual quer aposentadoria.
§ 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de
aposentadoria, observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do
recebimento do auxílio‑acidente.
§ 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão
do auxílio‑acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre o
trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capa
cidade para o trabalho que habitualmente exercia.

No auxílio-acidente, o segurado está apto a trabalhar, no entanto, sofre


limitação em sua capacidade laborativa. Sua finalidade, portanto, é a proteção da
redução da capacidade de trabalho.
Existem duas possibilidades de redução dessa capacidade: [1ª] o indivíduo não
mais consegue exercer sua atividade habitual e é reabilitado; [2ª] o sujeito consegue
desenvolver seu mister costumeiro, no entanto, é-lhe demandado maior esforço.
Exemplo1: entregador de pizzas que, após queda, perde parte do movimento
do joelho. Conquanto consiga trabalhar, fá-lo mediante o emprego de maior esforço.
Exemplo2: entregador de pizzas que, após queda, perde o movimento de ambos
os joelhos. Não mais consegue exercer a mesma atividade, ante o que é reabilitado em
nova função (auxiliar de cozinha), na qual trabalha com notória redução na sua
capacidade.
Daí, tem-se que, dada a natureza indenizatória do benefício, sua finalidade é
complementar a renda do beneficiário.

1º. Necessidade Social


Redução da capacidade laborativa em razão das sequelas de acidente de
qualquer natureza (registre-se prescindir que se trate de acidente de trabalho).
Sustenta o INSS que apenas a redução permanente da capacidade laborativa
enseja a concessão de auxílio-acidente. Em sentido contrário, assevera a
jurisprudência a possibilidade de deferimento de pleito com base em redução de
capacidade laborativa temporária.

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Exemplo: bancária adquirente de tendinite por ocasião de seu trabalho.


Mediante perícia, constatou-se uma temporariedade na atenuação de sua capacidade
laboral a qual perduraria enquanto ela sentisse dor. Administrativamente, o INSS
negou o benefício. O Superior Tribunal de Justiça decidiu em sentido contrário,
concedendo a benesse. Entendeu a Corte que a redução temporária confere ao
indivíduo o direito de receber auxílio-acidente.
Observação: ordinariamente, o acidente não precisa estar relacionado à
atividade laboral, salvo a perda de audição, único caso em que se fará presente a
causalidade entre o trabalho e o fator de redução da capacidade laborativa.
Lei 8.213/91, Art. 86, § 4º. A perda da audição, em qualquer grau, somente
proporcionará a concessão do auxílio‑acidente, quando, além do reconhecimento
de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na
redução ou perda da capa cidade para o trabalho que habitualmente exercia.

2º. Exigências pessoais


Apenas o empregado, o trabalhador avulso e o segurado especial têm direito
ao auxílio-acidente.
Lei 8.213/91, Art. 18, § 1º Somente poderão beneficiar‑se do auxílio‑acidente os
segurados incluídos nos incisos I, VI e VII do artigo 11 desta Lei.

3º. Carência
Não há.
Lei 8.213/91, Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes
prestações:
I – pensão por morte, auxílio‑reclusão, salário‑família e auxílio‑acidente;

4º. Valor
Desde o advento da Lei 9.528/97, é de 50% do salário de benefício, podendo
ser inferior ao salário-mínimo. Anteriormente, a depender do grau de redução da
capacidade, o auxílio-acidente variava entre 30%, 40% ou 60%.
Com a edição do novel diploma em 1997, deflagraram-se discussões sobre qual
legislação seria aplicável àqueles que percebiam auxílio-acidente no patamar de 30% e
40%.

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Tais segurados desejavam receber o benefício no valor de 50%, hipótese de lei


nova regulando efeitos futuros de fatos pretéritos4. O INSS argumentava,
contrariamente, que ao beneplácito havido antes da nova lei aplicavam-se as regras
dispostas no diploma vigente à época.
Instado, o Pretório Excelso assentou a inaplicabilidade imediata de lei material.
Ou seja, a lei previdenciária, ainda que mais benéfica, não tem aplicação imediata.
Fundamentou-se na ideia de tempus regit actum.
EMENTA Agravo regimental no agravo de instrumento. Previdenciário. Pensão por
morte. Revisão. Aplicação dos efeitos financeiros da Lei nº 9.032/95 aos benefícios
em manutenção. Impossibilidade. Precedentes. 1. Pacífica a jurisprudência desta
Corte no sentido da inaplicabilidade dos efeitos financeiros introduzidos pela Lei
nº 9.032/95 aos benefícios concedidos ou cujos requisitos foram implementados
antes de sua vigência, sob pena de violação dos arts. 5º, inciso XXXVI, e 195, §
5º, da Constituição Federal. 2. Agravo regimental não provido.
(AI 602258 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em
13/09/2011, DJe-218 DIVULG 16-11-2011 PUBLIC 17-11-2011 EMENT VOL-02627-
02 PP-00146)

EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. AUXÍLIO-ACIDENTE.


LEI Nº 9.032/95. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DE SUA VIGÊNCIA.
INAPLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA NA CORTE. MATÉRIA COM
REPERCUSSÃO GERAL. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL.
(RE 613033 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 14/04/2011, DJe-110
DIVULG 08-06-2011 PUBLIC 09-06-2011 EMENT VOL-02540-02 PP-00284 )

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.


AUXÍLIO-ACIDENTE. ART. 86, § 1o., DA LEI 8.213/91, COM A REDAÇÃO DADA PELA
LEI 9.032/95. BENEFÍCIO CONCEDIDO SOB O MANTO DA LEGISLAÇÃO MAIS
BENÉFICA. CABIMENTO DA MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL.
ORIENTAÇÃO DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPERCUSSÃO
GERAL. RE 613.033/SP. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. AGRAVO
REGIMENTAL DO INSS DESPROVIDO.
1. Esta Corte, alinhando-se à orientação do Supremo Tribunal Federal, pacificou
o entendimento de que o aumento do percentual do auxílio-acidente,
estabelecido pela Lei 9.032/95, que alterou o § 1o., do art. 86 da Lei 8.213/91,
aplica-se, tão somente, aos benefícios concedidos a partir de sua vigência.
2. Em atenção ao princípio Tempus Regit Actum, o auxílio-acidente deverá ser
calculado de acordo com o disposto na legislação em vigor na data da sua

4
Ao que se denomina de “aplicação imediata”, “retroatividade mínima” ou “retroatividade imprópria”.
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concessão. No caso dos autos, o benefício foi concedido em 15.5.2005, razão pela
qual deverá observar o disposto na Lei 9.032/95.
3. Agravo Regimental do INSS desprovido.
(AgRg no REsp 1225427/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 19/12/2013)

Sepultado esse imbróglio, os embates migraram para o diploma a ser aplicado


quando da análise do cabimento do auxílio-acidente. Entendeu o Superior Tribunal de
Justiça que incidirá sobre o caso concreto a lei vigente à época do fato gerador, e não
do acidente. Por fato gerador, tem-se a consolidação das lesões com o aparecimento
das sequelas.
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART.
535 DO CPC. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OU NULIDADE. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
AUXÍLIO-ACIDENTE. NÃO CABIMENTO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE.
TRABALHO EXERCIDO. INOCORRÊNCIA. AGRAVO DESPROVIDO.
I. A omissão no julgado que enseja violação ao artigo 535 da Norma Processual é
aquela referente às questões, de fato ou de direito, trazidas à apreciação do
magistrado, e não a relativa às teses defendidas pelas partes a propósito daquelas
questões. Mesmo porque as teses jurídicas podem ser rechaçadas implicitamente
pelo julgador.
II. In casu, não padece o julgado recorrido de qualquer omissão ou nulidade,
porquanto decidiu fundamentadamente as questões trazidas à sua apreciação. É
cediço que não pode a parte tachar o julgamento de nulo tão-somente porque
contrário a seus interesses.
III - Esta Corte Superior já consolidou o entendimento no sentido de que, o
auxílio-acidente será concedido, como indenização ao segurado, quando após a
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza,
resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
eventualmente exercia. Hipótese em que não há redução da capacidade para o
exercício da atividade habitualmente desempenhada pela parte-agravante.
IV. Agravo interno desprovido.
(AgRg no REsp 1055170/PR, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado
em 26/10/2010, DJe 22/11/2010)

5º. Data de início do benefício (DIB)


Tal como na aposentadoria por invalidez, o legislador presume que, em
princípio, o indivíduo receberá auxílio-doença. Logo, de regra, a DIB será o dia seguinte
à cessação do auxílio-doença.

6º. Outras observações

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Coetaneamente, o auxílio-acidente é inacumulável com outra aposentadoria,


porquanto o valor a ele referente passará a integrar o salário de contribuição, para fins
de cálculo do benefício de aposentadoria.
Registre-se que o referido benefício não é somado à aposentadoria. Como dito,
integra, apenas, o cálculo do salário de contribuição do qual se extrairá o salário de
benefício.
Lei 8.213/91, Art. 31. O valor mensal do auxílio‑acidente integra o salário de
contribuição, para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer
aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no artigo 29 e no artigo 86,
§ 5º.
c/c
Lei 8.213/91, Art. 86, § 2º O auxílio‑acidente será devido a partir do dia seguinte
ao da cessação do auxílio‑ doença, independentemente de qualquer remuneração
ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qual quer
aposentadoria.

Até a Lei 9.528 de 1997, o auxílio-acidente era vitalício.

SITUAÇÕES POSSÍVEIS DE CUMULAÇÃO E INVERSÃO DE JURISPRUDÊNCIA

(i) Aposentadoria e auxílio-acidente Tempus regit actum. Direito adquirido à


anteriores à Lei 9.528 de 1997 mantença de ambos

(ii) Aposentadoria e auxílio-acidente Tempus regit actum. Impossibilidade de


posteriores à Lei 9.528 de 1997 acumulação entre os benefícios

(iii) Auxílio-acidente anterior à Lei 9.528 de O STJ modificou a posição sedimentada há


1997 e aposentadoria posterior à referida Lei anos5 e passou a entender que o auxílio-
acidente, ainda que concedido em época
anterior à Lei, não é vitalício e, portanto, não
pode ser cumulado

1.1.4. Benefícios acidentários


Auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente podem ter
natureza acidentária, contexto em que escapará da Justiça Federal a competência para
seu processamento e julgamento.

5
Por muito tempo, defendeu-se a vitaliciedade do auxílio-acidente concedido anteriormente à Lei
9.528/97.
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O conceito de acidente do trabalho é trazido pelo artigo 19 da Lei 8.213/91:


Lei 8.213/91, Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.

Exemplo: funcionário, durante seu expediente de trabalho, que quebra o pé


após cair sobre o membro uma pesada bigorna.
Há duas principais relevâncias que demandam a visualização do caráter
acidentário do benefício: (i) competência da justiça estadual para o julgamento; (ii)
estabilidade conferida ao segurado, por dozes meses, quando de seu retorno ao
trabalho.
O artigo 20 da Lei 8.213/91, por sua vez, consigna situações que também serão
consideradas acidente de trabalho:
Lei 8.213/91, Art. 20. Consideram‑se acidente do trabalho, nos termos do artigo
anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I – doença profissional [exemplo: tendinite em uma digitadora], assim entendida
a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho
e da Previdência Social;
II – doença do trabalho [exemplo: problemas respiratórios desencadeados em
uma digitadora por conta do ambiente empoeirado no qual trabalha], assim
entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.

O acidente do trabalho deve ser comunicado até o primeiro dia útil seguinte,
salvo se houver morte, hipótese em que a cientificação terá de ser imediata.
Lei 8.213/91, Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à
Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso
de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência
Social.

Pelo fato de a ocorrência de acidentes de trabalho implicar, dentre outras


coisas, o aumento da alíquota de algumas contribuições6, algumas empresas tentam
mascarar as doenças profissional e do trabalho.

6
O percentual da RAT variará, conforme o caso, de 1,5% a 6%, eis que pode haver redução de 50% ou
aumento de até 100%.
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De olhos bem abertos para isso, o legislador editou a Lei 11.430/2006


estabeleceu doenças relacionadas em relação às quais milita presunção de que se trate
de acidentes do trabalho. Cuida-se do nexo técnico epidemiológico, o qual consiste
numa relação de doenças vinculadas à atividade da empresa as quais engendram a
pressuposição do caráter acidentário.
Exemplo: surgimento de silicose nos trabalhadores da indústria de amianto.
Há, portanto, com o NTEP, uma inversão do ônus da prova, o qual migra para a
da empresa, a quem incumbe demonstrar que ao evento incapacitante não se pode
emprestar o manto de acidente de trabalho.
O artigo 21 da Lei 8.213/91 dispõe sobre os casos que serão equiparados a
acidente de trabalho:
Lei 8.213/91, Art. 21. Equiparam‑se também ao acidente do trabalho, para efeitos
desta Lei:
I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a
sua recuperação;
II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de
força maior;
III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício
de sua atividade;
IV – o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo
ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por
esta dentro de seus planos para melhor capa citação da mão de obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;

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d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação
de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o
empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão
que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
consequências do anterior.

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