Sunteți pe pagina 1din 8

O Paraı́so de Cantor

João Araújo e Mário Edmundo

Lisboa
28 de Setembro de 2010
BREVE HISTÓRIA DO INFINITO

1 Motivação e Inversão

O que vamos ver nas próximas páginas é algo que Hilbert, a figura tutelar da
matemática no século XX, considerou ”o mais espantoso produto do pensamento
matemático”.

Se num baile estiverem tantos homens como mulheres, sabemos que é possı́vel
fazer pares mistos de forma a que ninguém fique sem par para dançar. Ou seja,
se temos tantos homens quantas mulheres podemos arumar todas as pessoas em
pares mistos.

G. Cantor deu o passo inverso: se numa sala temos homens e mulheres ar-
rumados em pares mistos, então é porque temos tantos homens como mulheres.
Qual a utilidade desta inversão?

Bom, vamos supor que temos o António, o Bernardo e o Carlos e temos a


Antónia, a Branca e a Carlota. Nós já sabemos que há 3 homens e 3 mulheres,
pelo que sabemos que há tantos homens como mulheres. OK. Mas, em vez de
saltar para o resultado a olho, vamos usar a aproximação de Cantor. O que diz
ele? Se numa sala temos homens e mulheres arrumados em pares mistos, então
é porque temos tantos homens como mulheres. E no nosso caso: temos tantos
homens como mulheres? Para responder a esta questão temos de tentar arrumar
as pessoas todas em pares mistos. Se houver alguma forma, então saberemos
que a resposta é afirmativa. Vamos lá tentar:

António, Branca, Carlota


Carlos, Antónia
Bernardo, Carlota

Conseguimos arrumar todas as pessoas aos pares? Não, porque a Carlota


está a dançar com dois ao mesmo tempo. Vamos a nova tentativa:

António, Branca, Carlota


Carlos, Antónia
Bernardo, Antónia, Branca, Carlota

1
Conseguimos arrumar todas as pessoas em pares? Não, porque todas as
mulheres estão a dançar com mais de um homem. Vamos a nova tentativa:

António, Branca
Carlos, Antónia
Bernardo, Carlota

Conseguimos arrumar todas as pessoas em pares mistos? Agora sim! Todas


as pessoas estão arrumadas em pares mistos e por isso, de acordo com Cantor,
temos na sala tantos homens quantas mulheres.
Cantor dizia também que se temos homens e mulheres numa sala, é possı́vel
arranjar um par para cada mulher, mas não é possı́vel arranjar um par para
cada homem, então na sala há mais homens que mulheres.

Exercı́cio Mostre que se tivermos numa sala o António, o Bernardo e a


Carlota, na sala há mais homens que mulheres.
Resolução Temos de provar duas coisas. Primeiro provamos que é possı́vel
arranjar par para cada mulher que está na sala. Depois temos de provar que
não é possı́vel arranjar par para todos os homens.
Para provar que é possı́vel arranjar par para todas as mulheres é simples: o
António e a Carlota formam um par misto; como não há mais mulheres, está
provado que é possı́vel arranjar par para todas as mulheres.
Quanto aos homens. Vamos supor que temos o par António-Carlota. Pode-
mos arranjar par para o Bernanrdo? Claro que não porque a única mulher já
está com o António.
Bem, se o par for António-Carlota, já vimos que não é possı́vel arranjar par
para todos os homens. Mas talvez o problema esteja em termos escolhido mal o
primeiro par. Vamos tentar Bernardo-Carlota. Será que agora arranjamos par
para o António? Também não.
Haverá outras formas de fazer o primeiro par? Claramente não. Portanto
esgotámos todas as possibilidades, e não conseguimos arrumar todas as pessoas
da sala em pares mistos.
Uma vez que conseguimos par para todas as mulheres e não conseguimos
par para todos os homens, dizemos que há amis homens que mulheres.

2 Primeiro Exemplo Infinito


Com o instrumento produzido por Cantor vamos agora saltar para conjuntos
infinitos. Vamos supor que temos um conjunto infinito de homens cujos nomes
são os números naturais: 1, 2, 3 . . .
E temos um conjunto infinito de mulheres cujos nomes são os números pares:
2, 4, 6, . . .
Questão: haverá mais homens do que mulheres?
Para reponder a esta questão vamos aplicar o critério de Cantor: se houver
uma forma de agrupar todas as pessoas em pares mistos, então temos tantos

2
homens quantas mulheres. Vamos então ver se há forma de agrupar todas as
pessoas em pares mistos.
Uma forma de o fazer será juntar o homem n com a mulher 2n. Assim,
teremos os pares (1, 2), (2, 4), (3, 6), etc. Será que todas as pessoas estão em-
parelhadas? Por exemplo, quem é o par da mulher 1000? resposta: é o homem
500. E quem é o par do homem 2240 (o número de partı́culas do universo)? É
a mulher 2241 .
É certo que o conjunto dos pares etá contido no conjunto dos números. Apa-
rentemente haveria mais homens que mulheres, mas como conseguimos agrupar
todas as pessoas em pares mistos, isto significa que há tantos homens quan-
tas mulheres e bem assim o número de números naturais é igual ao número de
números pares.

Exercı́cio Prove que há tantos números naturais como há números naturais
maiores que 1000.

Exercı́cio Prove que há tantos números naturais como há números inteiros.

3 Infinitos Numeráveis e Não Numeráveis


Aqui chegados temos uma conjectura. Dados quaisquer dois conjuntos infinitos,
vai sempre ser possı́vel juntar os elementos aos pares mistos e por isso todos os
conjuntos infinitos têm o mesmo número de elementos.
Será verdade? Consegue-se provar? Bom, vamos tomar dois conjuntos infi-
nitos. Os homens vão ter os números reais do intervalo [0, 1]. As mulheres vão
ter os números naturais 1, 2, 3, . . ..
Será que podemos arrumar todas as pessoas em pares mistos?
Vamos começar por mostrar que há pelo menos um homem para cada mulher.

3
1 0.1
2 0.2
3 0.3
4 0.1
5 0.2
6 0.3
7 0.1
8 0.2
9 0.3
10 0.01
11 0.11
12 0.21
... ...
123 0.321
... ...
1000 0.0001
... ...

Em geral, qual é o par (homem) da mulher nº 1234567? É o homem


0.7654321. Qual é o par homem da mulher a1 . . . an ? É o homem 0.an . . . an .
Não há dúvida que existe um homem para cada mulher pelo que o número
de homens é maior ou igual ao número de mulheres.
Vamos agora ver se é possı́vel encontrar uma mulher para cada homem. Nós,
acima, já construı́mos pares mistos que envolvem todas as mulheres. Será que al-
gum homem ficou de fora? Sim, ficaram muitos. Por exemplo o 0.333333333 . . .
não tem mulher na listagem acima porque não existe nenhum número natural
3333333 . . ..
OK. Mas pode ter sido que no processo acima fizemos uma má escolha de
pares. Não haverá outra escolha que nos permita arranjar par para todos os
homens? Por exemplo, na escolha feita acima vamos passar cada homem para
a mulher acima (por exemplo, o homem 0.2, que está com a mulher 2, passará
para a mulher 3; e assim sucessivamente). Portanto a mulher 1 ficou sozinha
e por isso podemos fazer o par (1, 0.333333 . . .). Será que já temos todos os
homens com par?
Como é óbvio, os homens 0.1111 . . ., 0.22 . . ., 0.101010 . . ., 0.123123123 . . .
etc. continuam sem par. Pelo que o truque de passar homensa para a frente
liberando uma mulher teria de ser repetido um número infinito de vezes, e ainda
assim restaria a dúvida: será que já não sobra nenhum homem?
Bom. Como resolveu Cantor este problema? O Problema é este: já vimos
que num emparelhamento concreto não é possı́vel encontrar uma mulher para
cada homem; e por isso fomos alterando esse emparelhamento inicial, sempre
sem conseguir arranjar um par para todos os homens. Ou seja, sempre que
tinhamos um novo emparelhamento havia sempre um homem de fora. Será que
isso é uma propriedade e todos os emparelhamentos possı́veis? Será que para
qualquer emparelhamento haverá sempre um homem de fora?
Neste ponto Cantor só tinha uma possibilidade. Pegar num emparelhamento
arbitrário e mostrar que havia um homem de fora. Consideremos o seguinte
emparelhamento arbitrário,

4
1 0.a1 a2 a3 a4 . . .
2 0.b2 b2 b3 b4 . . .
3 0.c1 c2 c3 c4 . . .
4 0.d1 d2 d3 d4 . . .
... ...

Será que existe um homem que não aparece na tabela? Cantor responde.
Seja a um número entre 0 e 8. Vamos denotar por ā o número seguinte; além
disso 9̄ = 0. Com esta notação construı́mos o seguinte número do intervalo
[0, 1]: ω = 0.a¯1 b¯2 c¯3 d¯4 . . .. E agora a questão é esta: ω aparece na tabela? Bom,
se aparece na tabela está emparelhado com a mulher n. Contudo o homem que
faz par com a mulher n tem na n-ésima casa décimal o algarismo a, enquanto ω
tem na n-ésima casa decimal o algarismo ā. E a 6= ā. Portanto, não é possı́vel
que ω faça par com a mulher n. Como n era arbitrário, conclui-se que nenhuma
mulher da lista 1, 2, 3, . . . faz para com ω.
Ou seja, existe uma forma de —seja qual for o emparelhamento— construir
um número do intervalo [0, 1] que não tem par. Assim concluı́mos que é im-
possı́vel arranjar par para todos os homens e consequentemente os conjuntos
(infinitos) 1, 2, 3 . . . e [0, 1] têm cardinalidades diferentes.

Factos e Curiosidades

1. Ao infinito mais pequeno Cantor chamou ℵ0 ; é a cardinalidade dos números


naturais (inteiros, racionais, etc.).

2. Pergunta: será que existe algum estritamente maior que ℵ0 e estritamente


menor que a cardinalidade de [0, 1]?

4 Infinitos Infinitos... e muito mais!


Depois de determinar a existência de conjuntos infinitos de cardinalidades di-
ferentes Cantor saltou para o problema seguinte: será que há infinitos ainda
maiores? Para responder a esta pergunta precisamos do conceito de partes de
um conjunto.

4.1 Partes de um Conjunto


Consideremos o conjunto X = {1, 2, 3}. As parte de X, representada por 2X ,
são todos os subconjuntos de X. No nosso caso dá

2{1,2,3} = {{}, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}.

O conjunto acima tem 8 elementos; como 8 = 23 percebe-se facilmente a


origem da notação 2X para o conjunto das partes de X. Evidentemente, para
conjuntos finitos, temos sempre 2n > n. Portanto, para conjuntos finitos, a
cardinaldiade de um conjunto X é sempre (muito) inferior á cardinaldiade do
conjunto das partes de X. A cardonalidade de um conjunto representa-se por
|X|. Ou seja, |{1, 2, 3}| = 3; |2{1,2,3} | = 8; |{1, 2, 3, 4, . . .}| = ℵ0 ; etc.

5
4.2 O Teorema de Cantor
Podemos agora enunciar o resultaado mais famoso de Cantor e assim responder
à questão colocada no inı́cio desta secção.

Teorema Seja X um conjunto (finito ou infinito). Então

|2X | > |X|.

Nestes termos a pergunta inicial tem uma resposta afirmativa: é fácil en-
contrar uma sequência infinita de infinitos cada vez maiores; nomeadamente,
começando com um conjunto infinito X temos
X 2X
|X| < |2X | < |22 | < |22 | < ...

Pergunta Quantos cardinais infinitos há? ℵ0 ? 2ℵ0 ? Mais? Muitos mais?


Tantos que não há nenhum infinito suficientemente grande para os contar?

S-ar putea să vă placă și