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why:

O texto que vou abordar, "Hierarquias Sociais e Hierarquias Culturais", de


Denys Cuche, aborda a problemática das relações que se estabelecem entre os
diferentes grupos sociais e culturais, questionando os mecanismos que estão
por detrás destas relações e propondo uma nova abordagem ao entendimento
destes.
Ele pretende que não se aborde este tema com fórmulas redutoras, mas que se
compreenda a
complexiade da realidade e das interacções sociais e culturais.

What:

O que é a cultura?

PAra começar a perceber a lógica do texto, convém estabelecer o que é a


cultura.
A palavra derivou dos significados "cuidar do gado, "terreno cultivado"
passando depois de um estado ( a coisa cultivada) para uma acção, a
cultivação. Associou-se também ao sentido de formação de uma faculdade
passando para "educação" passando a designar um "estado de ser".
A cultura é assim vista como um processo de afastamento do estado natural e
inculto.

*A cultura não é como um dado natural, uma vez que não é herdada
intrinsecamente, mas faz parte de uma aprendizagem e de um contexto socio-
histórico em contínua mudança.
Assim a cultura é uma construção histórica feita a partir da história das
relações dos grupos sociais. Logo, se a cultura surge das relações sociais, e
estas relações não são relações equalitárias, existe também uma hierarquia
cultural inter-dependente da hierarquia social.
*Esta ideia de hierarquia cultural é mais forte se pensarmos que as culturas
não existem
independentemente umas das outras. Dizer que esta hierarquia existe é dizer
também que existem culturas que são hierarquicamente "superiores" - as
"dominantes"-, e por oposição, as "dominadas".
*À cultura dominante corresponde sempre o grupo social dominante - e isto
não advém do seu valor cultural mas do poder do grupo social que a sustenta;
porém, ao contrário dos grupos sociais que conseguem impor poder uns sobre
os outros, uma cultura dominante não impõe necessáriamente a sua ordem
cultural às dominadas.
E isto não quer dizer, mais uma vez, que a relação entre ambas seja
equalitária.
*
*No fundo, falar de "dominação" e "subordinação" entre culturas é uma
metáfora, uma vez que esta relaçãos se define pelos dois grupos sociais
envolvidos e não pela cultura em que um e outro participam.
Mas convém relembrar que as culturas não se comportam como os grupos
sociais e os efeitos da dominação social muitas vezes são contra-efeitos na
dominação cultural. A dominação cultural não é total nem garantida.

*À cultura dominada associam-se as culturas das classes populares, e à


dominante, as culturas ditas de elite ou cultivadas.
*A somar a estas duas, existe também o conceito - posterior - de cultura de
massas.

****

Grande tradição/peq. tradição/cul. de massas

Explicação pelo texto de M. L dos Santos

Para perceber o que Cuche defende é importante fazer uma revisão de como
foram definidos estes conceitos, e de qual foi a sua evolução na história; para
tal vou utilizar exemplos que recolhi do texto de Maria de Lurdes Lima dos
Santos,
"Questionamento à volta de três noções, A grande cultura, a cultura popular, a
cultura de massas". Segundo esta autora, as designações de cultura cultivada
e de cultura popular são por vezes vistas como noções que estão para além da
história, como se existisse sempre uma cultura do domínio dos "clássicos" e
outra do "povo". Nesta visão, os dois conceitos existem simetricamente
separados: o primeiro do primado da autênticidade e o segundo da
ingenuidade.
Posteriormente surgiu também a cultura de massas, que para muitos vem
ocupar o lugar da pequena tradição - que sobrevive residualmente-, e em
realação à qual os participantes da cultura dominante tendem a demarcar-se
dela.
Existe uma visão compartimentada das diferentes culturas, que tanto esta
autora como Cuche pretendem substituir por uma concepção de culturas
coexistentes e inter-relacionadas.

(os tópicos deste texto são:


A génese do estado moderno;
Revoluções burguesas;
O desenvolvimento da industrialização nas sociedades capitalistas; )

Através dos próximos exemplos históricos, um dos apresentados no texto,


pretendem-se tornar mais claros os mecanismo de afirmação das culturas
através das práticas de contra-legitimização, manifestações de ruptura,
reconfigurações dos jogos de distinção e o impacto do desenvolvimento do
mercado, dos bens culturais e da produção em série.

Nas concepções mais antigas da produção de cultura, até ao séc. XIX,


entendia-se que a dinâmica entre as duas era uni-direccional, ou a cultura
vinha das elites para o povo, ou era somente do povo que brotava a
criatividade. Contudo, é possível observar nas sociedades pré-capitalistas a
existência de trocas - ainda que assimétricas por não deixarem de se inserir
numa hierarquia - entre duas culturas opostas:
a cultura popular, que era aberta, vernacular e transmitida em locais públicos,
e a cultura cultivada, que era exclusiva, específica e formal.
A assimetria funcionava de modo a limitar o acesso do vulgo a esta última.
Na Europa, numa época anterior à modernidade, as trocas entre estas eram
potenciadas por determinados actores sociais: de um lado inserindo a cultura
cultivada no seio das classes populares estariam, por exemplo, membros do
clero que pregavam em latim, e do outro,
as trupes de actores e músicos, bem como as amas que transmitiam a
pequena tradição junto da nobreza. Isto não significa que entre as duas não
existissem conflitos, porque, mais uma vez, era uma troca desigual.
Um outro exemplo, que serve para ilustrar o poder da exclusividade cultural é o
da prática da medicina; se de um lado estavam as bruxas e "curandeiros",
e de outro os médicos legitimados que utilizavam muitos dos recursos dos
primeiros, não deixavam de existir sanções para os que exerciam a
"arte da medicina" sem autorização. A distinção entre eles fazia-se
fundamentalmente pelo acesso, ou não, ao poder social e cultural.

Por outro lado é também conhecido da parte das culturas populares um acto de
"desforra", através da insubordinação que, nesta altura se
traduzia pelas paródias do "mundo às avessas", em que se pantominavam os
elementos das classes superiores. Era uma forma de resistência e
de criação de alternativas frente À dominação social simbólica. Estes jogos
tácticos da pequena tradição em relação à grande existiram desde sempre.

As estratégias de dominação foram-se refinando, passando da violência - por


exemplo, a caça às bruxas - para um tipo de violência mais
simbólica, o "bom-gosto", que serve como demarcação social e para obstáculos
"oficiais", através da burocracia.

Já se falou sobre a relação (criação por conflito) da cultura popular em com a


cultura erudita, que ia buscar alguns dos seus elementos para os
descontextualizar, deformar e parodiar, inscrevendo-os no rol de objectos
culturais, mas também o contrário se pode observar.
Um exemplo de como a cultura popular foi valorizada e reinterpretada pelas
elites foi na época do romantismo, em que se contrapunham os
valores da pureza e ingenuidade (o mito do Bom Selvagem), aos da
artificialidade da vida da corte. Estes valores foram também recriados na
produção artística, que se viu subitamente retirada da exclusividade quase
absoluta das elites - mecenas e clero - para fazer parte da vida pública,
em cafés e galerias, graças à libertação do autor face ao patrono. A revoluçã
cultural romântica abriu portas à reavaliação da legitimização cultural
e permitiu o largamento do público. Mas o incremento da produção em série e
a comercialização da cultura popular iriam abrir novas questões - entre
as quais, "o que aconteceu à cultura popular com o surgimento da cultura de
massas?".

As novas formas ligadas à produção em série tinham já percursores na cultura


popular: a literatura de cordel, as estampas, o circo, ainda que
longe do tipo de acessibilidade que hoje o "grande público" tem aos bens
culturais. Mas com o avanço da industrialização e a necessidade da
sujeição ao gosto fácil do público para o aumento de lucro, vieram associar
este tipo de produção cultural a um gosto fraco - por ser avaliado
por gente pouco culta. Uma vez que os bens culturais já não eram exclusivos a
determinadas classes, surgiu a necessidade de repor a assimetria
entre elas e entre as suas poduções culturais, através da figura do crítico, que
surge como árbitro entre o que é o "gosto cultivado" e o
"gosto comum". É prezada a obra única em relação aos objectos produzidos em
série, para as massas.
Mas, se é a crítica que garante ou retira legitimidade a um objecto, torna-se
mais difícil disinguir à partida o que será a cultura de massas,
a cultura cultivada e a cultura popular, uma vez que as froteiras entre estas
são mais ténues e mais facilmente transponíveis. Para além disso,
a mercantilização da cultura veio potenciar a deslocação de certos fenómenos
culturais para outro contexto - por exemplo, a inclusão das culturas
juvenis contestatárias na indústria cultural, onde são aproveitados os valores e
identidade destas para serem associados a produtos culturais
que não foram produzidos por elas.
Aparentemente, com a acompanhar uma maior democratização mediática e
cultural, existe uma maior porosidade e mobilidade social.

*** Depois destas considerações sobre as formas de cultura e retomando o


texto de Cuche:

O autor cita e refuta duas teses dominantes opostas: a primeira descreve as


culturas populares como meros derivados da
cultura dominante: são cópias mais pobres, deformações e incompreensão da
cultura dominante, o que significa que
a verdadeira cultura é a das elites.
A segunda tese propõe que as culturas populares são iguais às culturas de
elite, que não se encontram dentro duma
hierarquia por serem independentes desta.
***

How:

Como é que o autor resolve isto?

A visão do autor situa-se, na verdade, entre as duas, defendendo uma maior


complexidade:
Começa por re-afirmar que a cultura popular é a dos grupos sociais dominados
e que se constrói numa situação de dominação. As reacções
a esta dominação podem fazer-se sentir atavés do escárnio e outros
mecanismos, como já explicamos anteriormente. Mas nem só na
contestação se encontra esta produção cultural, uma vez que aí se poderia
voltar ao conceito redutor de falta de autonomia e autenticidade.
Na verdade é mais correcto pensar nestas culturas como tendo um conjunto de
"maneiras de lidar com" essa situaçãe e não um movimento de
resistência sistemática. A cultura das classes populares é uma cultura feito do
quotidiano, pragmática e multi-forme, que se renova através
da bricolage de vários elementos e muitas vezes se afasta da produção cultural
padronizada e "para as massas".
Este conceito de bricolage, que vem de Lèvi-Strauss, significa aqui a expressão
a partir do que se "tem à mão", um arranjo novo de elementos
que já existem - uma cultura dominada tem que agir pelo menos em parte
como tal, tem que lidar com aquilo que a cultura dominante lhe
impõe ou recusa.
Mas outra faceta das culturas dominadas é o esquecimento desta dominação,
que lhe garante a autonomia, evitando o confronto entre
culturas. Simbolicamente, quanto mais marginais e distanciadas, mais criativas
e produtivas são estas culturas.
Trazendo a cultura de massas para a equação, é primeiro deixar claro que uma
"cultura para as massas" não gera necessariamente uma
"cultura de massas", uma vez que os diferentes grupos de indivíduos terão
entendimentos diferentes de uma mesma mensagem.
Tal como é errado supor uma uniformização da recepção da mensagem,
também é errado assumir que serão as classes populares as mais
susceptíveis a este tipo de cultura. Ne realidade, estas são muito mais cépticas
e reservadas em relação a ela que a classe média, a sua
principal consumidora. Assim se demonstra que estar num lugar mais baixo da
hierarquia cultural não significa uma completa
subordinação e impotência perante as outras culturas.

Cultura de Classe

O autor avança com outro exemplo bastante ilustrativo desta situação, que
apresenta também o conceito de "Cultura de Classe".
Nas grandes superfícies comerciais, que os participanetes de vários estratos
sociais acabam por utilizar, não existe uma
homogeneização de consumo: aliás, é através dos hábitos de consumo que as
classes se continuam a destacar.
Através de inquériots de ordem empírica em França, conseguiram detectar-se
padrões:
Existem as "carnes burguesas", o carneiro e a vitela, e as mais "popupares",
como o porco; no campo dos legumes, as endívias
eram os mais requintados, enquanto que as batatas o legume das classes
operárias. A cultura inculca nos indivíduos mesmo
a forma de preparar estes alimentos.As mais simples acções são reveladoras
do gosto de classe.
Mas que ligação existe entre os factores culturais e as classes sociais?
O primeiro a tentar explicar este tópico foi Max Weber; o seu estudo mais
conhecido pretendia demonstrar que não havia acaso
no aparecimento do capitalismo no Ociedente. A introdução do trabalho livre -
graças ao salário - e a valorização do trabalho como
fim em si mesmo transformavam o homem moderno em alguém livre e
responsável. O lucro obtido servia para acumular e investir
de forma útil - isto revela da parte destes indivíduos uma forma de "ascese",
controlo e reserva - as novas virtudes são o sentido de
poupança, abstinência e esforço que se traduzem na disciplina das sociedades
industriais.
Mas de onde partiram estes princípios? Weber aponta que a sua ispiração
parece provir do ascetismo protestante, da negação de
ostentação, a ideia que a vocação cristã se traduz nas acções do quotidiano e
não na meditação. Seguindo esta lógica, o sucesso
profissional fruto do esforço é garante de graça divina. Existe uma afinidade
entre esta étida e o espírito capitalista, que se observa
também na progressiva racionalização da vida social.
Deixando agora a classe dos empresários capitalistas e abordando a classe
operária, o autor cita os estudos do inglês Richard Hoggart.
Este escreve que na cultura operária existe um forte sentido de identificação e
pertença a esta, que se traduz numa divisão entre o que
somos "nós" e "eles", desde o núcleo familiar à sociedade em geral e numa
acentuada solidariedade familiar e colectiva. Por exemplo, a
nível do consumo estes valores são visíveis na prioridade dada a bens que
sejam de uso colectivo e não particular.
Ao contrário da cultura operária, a cultura burguesa não é tão fechada dentro
de si, expande-se antes ao exterior com inúmeras
representações de si própria - no cinema, na literatura,... - e, paradoxalmente,
não se admite como tal e os seus participantes não
se reconhecem como burgueses. Não é uma cultura reclamada ou a que
alguém se orgulhe de pertencer. De qualquer modo, a ela
estão também associadas características próprias, tanto a nível individual
como da colectividade, de onde se realça uma crescente
preferência pelo ensino privatizado e católico - por exemplo, os colégios
Jesuístas.

Bourdieu e a noção de habitus

Por último, o Cuche traz-nos de volta a um tema já relativamente conhecido da


Sociologia, o "habitus", termo que Bourdieu
utilizou sistematicamente. Citando Bourdieu, os "habitus" são "princípios
geradores e organizadores de práticas e de representações
que podem ser objectivamente adaptadas ao seu fim sem supor a mira
consciente de finalidades"; são eles, portanto, que caracterizam
uma classe ou grupo social em comparação com outras que não se inserem
nas mesmas condições sociais. São a razão pela qual
membros de uma mesma classe social se comportam de uma determinada
maneira sem terem que o dizer, para se conseguirem
adaptar ao seu espaço social e agir de acordo com ele. Os "habitus" vão tão
fundo nessa influência que se revelam na própria atitude
corporal, que muitas vezes é só aparentemente natural - e, não sendo natural,
é uma construção, faz parte da cultura.
É o habitus que permite a homogeneização do gosto, ele determina o gosto de
classe, a cultura de classe.
Mas o "habitus" não é um sistema rígido, não se predispõe apenas à mera
reprodução social - ele está sujeito a mutações; as diferentes
trajectórias dos indivíduos e grupos sociais levam às suas variações e à
mutabilidade duma mesma cultura.

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