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VII Simpósio Regional de Diversidade

Biológica do Piauí e XVI Semana de


Biologia do Campus Poeta Torquato Neto:
Meio Ambiente e Biotecnologia

Anais: Resumos e Trabalhos Completos


9 a 13 de setembro de 2019

Realização: Fundação Universidade Estadual do Piauí – UESPI

Teresina – PI
2019
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

Reitor
Nouga Batista Cardoso

Vice-Reitor
Evandro Alberto de Sousa

Diretor do Centro de Ciências da Natureza


Manoel Gabriel Rodrigues Filho

Coordenação do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas


Rosemary Cordeiro Tôrres Brito

Coordenação do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas


Maria de Fátima Veras Araújo

ii
COORDENAÇÃO GERAL DO EVENTO

Francielle Alline Martins


Beatriz Meireles Barguil
Francisca Lúcia de Lima

COMISSÃO CIENTÍFICA

Beatriz Meireles Barguil


Emília Ordones Lemos Saleh
Fábio José Vieira
Francisco Soares Santos-Filho
José Rafael da Silva Araujo
Josiane Silva Araújo
Lucas Ramos Costa Lima
Márcia Percília Moura Parente
Maura Rejane de Araújo Mendes
Pedro Marcos de Almeida
Roselis Ribeiro Barbosa Machado
Veruska Cronemberger Nogueira Rebêlo
Wellington dos Santos Alves

COLABORADORES:

André Nunes de Oliveira


Cleanto Luiz Maia Silva.
Dayla Geovana Pereira Bezerra
Débora Clarisse Gomes da Costa
Gabriely Gonçalves Lima.
Ingryd Luzia de Farias Andrade.
Jefferson Railson dos Santos Cruz
Juniel Marques de Oliveira.
Luana Daniela de Oliveira Lustosa
Matheus Pereira Barbosa
Sarah De Moura Pires
Vanessa Gomes do Nascimento
Wanessa Alves Lima

iii
SUMÁRIO

RESUMOS .................................................................................................................................... 1
COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM ÁREA DE CERRADO EM
DIFERENTES ESTÁDIOS DE REGENERAÇÃO APÓS DESMATAMENTO NO MUNICÍPIO DE
CORRENTE -PI ............................................................................................................................. 2
FLORÍSTICA E CARACTERÍSTICAS DE DISPERSÃO DA COMUNIDADE ARBÓREA EM
ÁREAS EM DIFERENTES ESTÁDIOS REGENERAÇÃO APÓS DESMATAMENTO,
CORRENTE -PI ............................................................................................................................. 3
VIGOR DE SEMENTES DE MILHO PROVENIENTES DE DIFERENTES MUNICÍPIOS DO
PIAUÍ ............................................................................................................................................. 4
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS COMO PREVENÇÃO ÀS ISTS E GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA .......................................................................................................................... 5
A CONSTRUÇÃO DE HISTÓRIAS FILOGENÉTICAS NO ENSINO DE SISTEMÁTICA E
FILOGENIA: APRENDENDO DE MANEIRA LÚDICA .............................................................. 6
COLEÇÕES BOTÂNICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE SISTEMÁTICA E
MORFOLOGIA VEGETAL NO ENSINO MÉDIO ........................................................................ 7
COLEÇÃO DIDÁTICA DE BIOLOGIA: UM LABORATORIO PEDAGÓGICO PARA ENSINO
DE BIOLOGIA NA UNIDADE ESCOLAR ÁLVARO RODRIGUES DE ARAÚJO –
ITAINOPOLIS PI ........................................................................................................................... 8
O USO DE EXPOSIÇÃO NO AUXÍLIO DO ENSINO DE ZOOLOGIA: ESTUDO DE CASO ..... 9
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - CAMPUS HERÓIS DO JENIPAPO, CAMPO MAIOR
(PI) ............................................................................................................................................... 10
A PERCEPÇÃO E VULNERABILIDADE SOBRE HIV/AIDS DOS ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA ESTADUAL DE TERESINA-PI .......................... 11
O USO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE AS FUNÇÕES BENÉFICAS DAS
BACTÉRIAS ................................................................................................................................ 12
PRODUÇÃO DE VIDEO COMO ALTERNATIVA DE RELATÓRIO EM ATIVIDADES
INVESTIGATIVAS SOBRE ÁGUA E CARBOIDRATOS .......................................................... 13
CANDIDÍASE: APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO .......................................................... 14
INTERVENÇÕES EDUCATIVAS SOBRE PARASITOSES INTESTINAIS ............................... 15
ABORDAGEM INVESTIGATIVA COM USO DE PRÁTICAS PARA APRENDIZAGEM DO
CONTEÚDO FERMENTAÇÃO .................................................................................................. 16
USO DE EXPERIMENTOS QUÍMICOS: UMA FERRAMENTA DE CONTEXTUALIZAÇÃO DE
ENSINO ....................................................................................................................................... 17
CONSTRUÇÃO DE MODELOS DIDÁTICOS COMO FACILITADORES PARA O ENSINO DE
BIOLOGIA NA UNIDADE ESCOLAR ÁLVARO RODRIGUES DE ARAUJO ......................... 18
METABOLISMO ENERGÉTICO: COMPREENDENDO A FERMENTAÇÃO ATRAVÉS DE
ATIVIDADES PRÁTICAS........................................................................................................... 19
EFEITO MODULADOR DA PIPERINA SOBRE A AÇÃO GENOTÓXICA DA
DOXORRUBICINA EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE Drosophila melanogaster ...................... 20

iv
POTENCIAL TOXICOLÓGICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Croton floribundus SPRENG EM
Allium cepa L................................................................................................................................ 21
TAXA DE SOBREVIVÊNCIA DE Drosphila melanogaster TRATADA COM KAVAIN ........... 22
EFEITO ANTIGENOTÓXICO DO EXTRATO ETANÓLICO FOLIAR DE Poincianella bracteosa
(TUL.) L.P. QUEIROZ EM Allium cepa L. ................................................................................... 23
MUTAGENICIDADE DA CAPSAICINA EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE Drosophila
melanogaster ................................................................................................................................ 24
EFEITO MUTAGÊNICO DA PIPERINA EM Drosophila melanogaster EM CRUZAMENTO DE
ALTA BIOATIVAÇÃO ............................................................................................................... 25
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE EXTRATOS AQUOSOS DE GENGIBRE E
NEEM NO CRESCIMENTO MICELIAL DE Colletotrichum sp. ................................................. 26
LEVANTAMENTO DA SUBFAMÍLIA FORMICOIDEA EM ÁREAS ANTROPOMORFIZADAS
NO CAMPUS POETA TORQUATO NETO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ –
TERESINA – PI............................................................................................................................ 27
SUCESSO REPRODUTIVO DE Malacoptila minor (AVES, BUCCONIDAE) NA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL DO INHAMUM, CAXIAS, MARANHÃO ...................................... 28
PREVALÊNCIA DE ÓBITOS POR LESÕES AUTOPROVOCADAS NO ESTADO DO PIAUÍ DE
2012 A 2016 ................................................................................................................................. 29
ANÁLISE DO pH DE POLPAS DE FRUTAS TROPICAIS CONGELADAS
COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPiO DE TERESINA, pIAUÍ ............................................... 30
COMPARAÇÃO DOS VALORES DE pH DO SUCO DE CAJU INDUSTRIALIZADO E
NATURAL ................................................................................................................................... 31
EFEITO ALELOPÁTICO DE EXTRATOS AQUOSOS E ETANÓLICOS DE FOLHAS DE
AROEIRA (Schinus terebinthifolius Raddi) .................................................................................. 32
TRABALHOS COMPLETOS .................................................................................................... 33
A FAMILIA ARACEAE JUSS. NO CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, TERESINA -PI........................................................... 34
CULTIVO DE MUDAS DE MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) EM SUBSTRATOS
COMERCIAL E NATURAL NO SUL DO PIAUÍ........................................................................ 41
LEVANTAMENTO DA FAMÍLIA FABACEAE Lindl. NO CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO
PORTELA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, TERESINA -PI .................................. 46
AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS E OCUPACIONAIS: ESTUDO DE CASO EM UMA
CLÍNICA DE FISIOTERAPIA DE ESPECIALIDADE EM REABILITAÇÃO, TERESINA -PI.. 52
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE UMA EMPRESA DA ÁREA DE GASTRONOMIA
LOCALIZADA NO BAIRRO DE FÁTIMA (LESTE) NA ZONA URBANA DE TERESINA,
PIAUÍ. .......................................................................................................................................... 58
A BIOLOGIA FORENSE COMO FERRAMENTA INVESTIGATIVA PARA O ENSINO DE
GENÉTICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE CANTO DO BURITI - PI . 63
A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSIO
DA CIÊNCIA ............................................................................................................................... 68
ABORDAGEM INVESTIGATIVA SOBRE O CICLO CELULAR EM UMA ESCOLA
ESTADUAL DE FLORIANO-PI .................................................................................................. 71

v
ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO MÉDIO COM USO DA FLORA NATIVA DO
MUNICÍPIO DE ESPERANTINA-PI. .......................................................................................... 76
FICOLOGIA NO CONTEXTO ESCOLAR DO ENSINO MÉDIO: ATIVIDADES PRÁTICAS E
PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO .................................................................................. 81
INTERVENÇÃO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM ACERCA DAS CÉLULAS VEGETAIS E
ANIMAIS ..................................................................................................................................... 86
O USO DE ATIVIDADE LÚDICA (JOGO BATATA-QUENTE) COMO FORMA DE AVALIAR
O APRENDIZADO DE ALUNOS DO 1° ANO DO ENSINO MÉDIO SOBRE RELAÇÕES
ECOLÓGICAS ............................................................................................................................. 90
OFICINAS EXPERIMENTAIS COM Drosophila melangaster NA CONSOLIDAÇÃO DO
APRENDIZADO EM GENÉTICA ............................................................................................... 95
PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: SEPARAÇÃO DE LIXO ...................................... 100
PRÁTICA PEDAGÓGICA: BIOLÓGICA CAÇA AO TESOURO ............................................. 103
EFEITO PROTETOR DA KAVAÍNA EM CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa L.
................................................................................................................................................... 106
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DE HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE
BURITI DOS LOPES NO PERÍODO DE 2012 A 2016. ............................................................. 111
PELOS CORREDORES DA ILEGALIDADE: CAPTURA E COMERCIALIZAÇÃO DE
ANIMAIS SILVESTRES EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO NORDESTINO
BRASILEIRO ............................................................................................................................. 116

vi
RESUMOS

1
COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ARBÓREA EM ÁREA DE CERRADO
EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE REGENERAÇÃO APÓS DESMATAMENTO NO
MUNICÍPIO DE CORRENTE -PI

Autores: Alex Lopes da Cunha; Joedina Reis; Jardilene Medeiros de Souza; Edna Maria Matias
Borges; Joelson Lopes Lustosa; Rodrigo Ferreira de Morais

E-mail para correspondência: alexlopes9393@gmail.com

Instituições: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado Jesualdo Cavalcante/ Laboratório


de Botânica/ Corrente/ PI

Palavras-chave: Sucessão; diversidade; fitossociologia.

A caracterização da comunidade em áreas com diferentes estádios sucessionais é fundamental para


avaliar a conservação de áreas sem perturbações e definir estratégias para acelerar o curso da sucessão
de áreas perturbadas. O objetivo deste trabalho foi verificar as diferenças nos parâmetros estruturais
e a similaridade da comunidade arbórea entre áreas em diferentes estádios de regeneração após o
desmatamento para agricultura. Selecionamos três áreas: uma sem desmatamento (A), uma em
regeneração a 4 anos (B) e outra com 20 anos em regeneração (C). Em cada área foi implantada uma
parcela de 50x50m subdivididas em 25 subparcelas 10x10m. Foram aferidos a altura e PAP
(perímetro à altura do peito) dos indivíduos com PAP ≥10cm. Diferenças nas médias de diâmetro e
altura foram verificadas pela ANOVA e teste Tukey (p<0,05). As riquezas foram estimadas pelo
Jackniffe I e as similaridades pelo índice de Jaccard. Na área A amostramos 231 indivíduos, nove
famílias e 14 espécies. A densidade foi 924 ind./ha e área basal 2,72m2/ha. Eugenia dysenterica
(Mart.) DC. apresentou 164 indivíduos (70,99% dos indivíduos) e VI (valor de importância) 45,10%.
Na B amostramos 336 indivíduos, nove famílias e 14 espécies. A densidade foi 1.334 ind./ha e área
basal 4,81m2/ha. E. dysenterica apresentou 246 indivíduos (73,2%) e VI 48,14%. Na C amostramos
397 indivíduos, oito famílias e 13 espécies. A densidade foi 1.588 ind./ha e área basal 1,96m 2/ha.
Combretum leprosum Mart. apresentou 231 indivíduos (58,1%) e VI de 42,74%. As médias de
diâmetro das áreas B (5±3cm) e C (6±4cm) diferiram da área A (9±8cm) (p<0,001). A média de altura
da área B diferiu das áreas A 5±3m e C 4±3m (p< 0,001). A estimativa de riqueza foram: área A=
20±2, B= 16±1 e C= 16±2. A similaridade entre a área A e B foi de 0,33, entre A e C foi de 0,35 e
entre B e C foi de 0,50. A área C apresentou estrutura e composição de espécies similar a área B,
podendo indicar que a área C não está avançando nos processos sucessionais, no entanto, um
diagnóstico mais preciso seria por meio da avaliação do banco de plântulas e sementes.

2
FLORÍSTICA E CARACTERÍSTICAS DE DISPERSÃO DA COMUNIDADE ARBÓREA
EM ÁREAS EM DIFERENTES ESTÁDIOS REGENERAÇÃO APÓS DESMATAMENTO,
CORRENTE -PI

Autores: Edna Maria Matias Borges; Jardilene Medeiros de Souza; Alex Lopes da Cunha; Joedina
Reis; Joelson Lopes Lustosa; Rodrigo Ferreira de Morais

E-mail para correspondência:alexlopes9393@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado Jesualdo Cavalcante/ Laboratório


de Botânica/Corrente/PI

Palavras-chave: Cerrado; Fauna; Sucessão

A dispersão influencia a estrutura da comunidade vegetal, pois por meio dela os diásporos são
transportados distante da planta matriz, contribuem para chuva e banco de sementes importantes para
regeneração da vegetação. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento da comunidade
arbórea em três áreas de Cerrado Stricto Sensu em diferentes estádios de regeneração após
desmatamento para agricultura e, caracterizá-las quanto à síndrome de dispersão. Uma área não foi
desmatada (I), a segunda com 4 anos de regeneração (II) e a terceira com 20 anos em regeneração
(III). Em cada área foi implantada uma parcela de 50x50m que foi subdivididas em 25 subparcelas
10x10m, para amostragem dos indivíduos com PAP (perímetro à altura do peito) ≥10cm. Diferenças
nas médias de número de indivíduos e espécies entre síndrome de dispersão foram verificadas pela
ANOVA e teste Tukey (p<0,05). A Two Way Indicator Species foi utilizada para explorar as
diferenças na composição das comunidades e verificar espécies indicadoras. Na área I amostramos
231 indivíduos, nove famílias e 14 espécies. Na II foram 336 indivíduos, nove famílias e 14 espécies.
Na III 397 indivíduos, oito famílias e 13 espécies. Verificamos diferenças na composição florística
entre as áreas e, a presença de espécies indicadoras, sendo: I - Terminalia fagifolia Mart.
(anemocórica), Magonia pubescensA.St.-Hil. (anemocórica); II - Myracrodruon urundeuva Allemão
(anemocórica), Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng (anemocórica) e Curatella americana L.
(zoocórica); III-Andira fraxinifolia Benth. (zoocórica), Tachigali aureum Tul. (anemocórica) e
Combretum leprosum Mart. (anemocórica). Na área I foram 167 indivíduos e quatro espécies
zoocóricas, 37 indivíduos e oito espécies anemocóricas, 11 indivíduos e uma espécie autocórica; II-
267 indivíduos e sete espécies zoocóricas, 48 indivíduos e cinco espécies anemocórica, 14 indivíduos
e uma espécies autocóricas; III-112 indivíduos e três espécies zoocóricas, 261indivíduos e seis
espécies anemocóricas, três indivíduos e três espécies autocóricas. A ANOVA evidenciou que em
todas as áreas, as médias de espécies e indivíduos zoocóricos e anemocóricos foram maiores que
autocóricos (p<0,001). O maior número de indivíduos e espécies zoocóricas e anemocóricas
propiciam a entrada de propágulos de áreas distantes podendo refletir na composição de espécies e
na formação do banco de sementes.

3
VIGOR DE SEMENTES DE MILHO PROVENIENTES DE DIFERENTES MUNICÍPIOS
DO PIAUÍ

Autores: Virginia de Area Leão Rocha; Andressa Fernanda Silva Viana; Anne Dayane da Silva;
Gleide Ribeiro Oliveira; Glênio Auricelio Lima Gois; Vinícius Soares Torquato Brito; Beatriz
Meireles Barguil

E-mail para correspondência: virginia.rocha391@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Biologia Geral / Teresina/ PI

Palavras-chave: Desenvolvimento; Germinação; Zea mays

O milho (Zea mays L.) é uma importante planta comercial, sendo uma das culturas mais antigas, com
centro de diversidade no México, América Central e Sudoeste dos Estados Unidos. A importância
econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a
alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Em virtude de sua importância, todos os estados
brasileiros são produtores de milho, seja em grandes ou pequenas áreas. Este trabalho teve como
objetivo analisar o vigor das sementes de milho utilizadas no Piauí. Para isso, foram obtidas amostras
em seis municípios do Estado: Angical, Bom Jesus, Lagoa do Piauí, Picos, Regeneração e Teresina,
colhidas no ano de 2017. Foram selecionados cinquenta grãos de cada amostra, colocados sobre dupla
camada de papel filtro umedecido com água destilada esterilizada, que foram enrolados e
armazenados em bandeja plástica coberta para manter a umidade. Após sete dias as plântulas foram
avaliadas quanto ao comprimento de raiz e de parte aérea. As dez maiores plântulas de cada
tratamento foram pesadas. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias separadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As amostras de Angical, Lagoa do Piauí e Picos
apresentaram os maiores valores de comprimento de raiz (8,5; 8,5 e 8,4 cm respectivamente) e não
diferiram entre si estatisticamente. Em relação ao comprimento de parte aérea, a amostra com o maior
valor foi a de Picos com 6,1 cm, diferindo das demais amostras. A partir do peso das plântulas,
observou-se que a amostra de Lagoa do Piauí (0,96 g), não diferiu das amostras provenientes de
Angical, Bom Jesus e Picos (0,89; 0,87; 0,89 g, respectivamente). Dessa forma, conclui-se que existe
diferença no vigor das sementes de milho plantadas no Piauí.

4
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS COMO PREVENÇÃO ÀS ISTS E GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA

Autores: Albino Veloso de Oliveira; Jeferson Luiz Lima

E-mail para correspondência: albino@diocesano.g12.br; jefersonscorpions@hotmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Mestrado
Profissional em Ensino de Biologia/ Teresina/ PI

Palavras-chave: Ensino Médio; Intervenção Escolar; Saúde

Os altos índices de gravidez na adolescência vêm ocupando um espaço crescente na vida acadêmica
dos alunos do Ensino Médio de escolas públicas. Esse fato ilustra a necessidade de uma maior atenção
para a área da educação sexual, que frequentemente é subvalorizada quanto a forma de abordagem
em sala de aula. Considerando os números expressivos de ocorrência desse fenômeno na cidade de
Timon-MA e sua tendência crescente na população jovem da cidade, torna-se necessário e urgente
um conjunto de medidas voltado para sua educação sexual. Tais medidas devem buscar respostas às
demandas emergentes no universo da sexualidade, assim como suas graves consequências biológicas,
psicológicas e sociais diretamente relacionadas que envolvem prevenção às ISTs (Infecções
Sexualmente Transmissíveis), utilização correta e orientada de métodos contraceptivos, compreensão
de aspectos de anatomia e fisiologia dos sistemas reprodutores, dentre outros aspectos, situados nos
domínios da prevenção à gravidez na adolescência e à busca de uma sexualidade saudável. Além
disso, há também as consequências educacionais como diminuição de assiduidade às aulas e aumento
nos índices de abandono e evasão escolar. É sob esta égide que se fundamentou o presente trabalho,
que se caracteriza como uma atividade de intervenção escolar, desenvolvida em duas turmas de
primeiro ano de ensino médio, sendo uma turma na modalidade regular e outra na modalidade EJA
(Educação de Jovens e Adultos), perfazendo uma unidade amostral de 63 alunos, os quais
responderam a um questionário com dez questões objetivas, de modo prévio, para aferição do
conhecimento acerca de métodos contraceptivos e ISTs. Foram ministradas três aulas expositivas
interativas/dialogadas aos alunos, com duração de cinquenta minutos e oportunizado a eles que
transcrevessem suas dúvidas à medida que surgiam e anonimamente. As atividades foram concluídas
com a formação de grupos de discussão para análise das dúvidas e síntese final por parte do professor.
Posteriormente foi reaplicado o questionário de avaliação e, após a análise dos resultados, pode-se
constatar uma melhora dos indicadores de compreensão e aprendizagem sobre o tema, orientando-os
quanto às situações que já vivenciaram e potencializando atitudes corretas em relação aos dilemas
associados à sexualidade.

5
A CONSTRUÇÃO DE HISTÓRIAS FILOGENÉTICAS NO ENSINO DE SISTEMÁTICA E
FILOGENIA: APRENDENDO DE MANEIRA LÚDICA

Autores: Antonio Jeovani Carvalho Ferreira; Shirliane de Araújo Sousa

E-mail para correspondência: antonio.jeovani@aluno.uece.br / shirliane.araujo@uece.br

Instituição: Universidade Estadual do Ceará/ Campus Faculdade de Educação de Crateús/ Crateús/


CE

Palavras-chave: Biologia Evolutiva; Evolução; Sistemática Filogenética

A sistemática filogenética é uma ferramenta para a análise do padrão evolutivo de organismos e como
eles conectam-se ao longo de sua história. Ensinar os conceitos de biologia evolutiva nos dias atuais
de modo a promover o estudo de conceitos, nomenclaturas e metodologias desse campo de
conhecimento é desafiador, visto que, estes conceitos não fazem parte do cotidiano dos alunos. Por
isso, torna-se relevante a elaboração de métodos e técnicas de ensino e aprendizagem, como
estratégias que visem melhorar o ensino da evolução dos organismos na sala de aula. Diante do
exposto, criou-se um experimento investigativo com objetivo de analisar o seu potencial no ensino
de sistemática e filogenia, com a construção de histórias filogenéticas e evolutivas. A investigação
foi feita com três turmas (2016.2 – 04 alunos, 2017.1 – 16 alunos e 2017.2 – 05 alunos), totalizando
25 alunos matriculados na disciplina de Sistemática Geral e Filogenia de um Curso de Graduação em
Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Ceará, em Crateús/CE. Foi realizada uma análise
qualitativa, utilizou-se do estudo de caso como método, e os materiais utilizados foram moedas como
5, 10, 25, 50 centavos e 1 real. As turmas foram divididas em equipes, cada uma ficou com cinco a
sete moedas e o tempo dado para a conclusão da investigação foi de três semanas a partir de um
roteiro que abordasse os conhecimentos adquiridos durante as aulas teóricas (34 horas aula / 02 cr).
Os resultados foram obtidos por meio de relatório escrito (descrição e caracterização do método,
definição das espécies e suas características, identificação dos conceitos evolutivos, proposição da
filogenia final e história evolutiva) e apresentação expositiva. Ao longo do estudo percebeu-se a
participação efetiva dos alunos, importante observar que o sucesso da atividade dependeu da
estruturação e o esclarecimento de dúvidas por parte do professor, como também, o interesse dos
alunos em esclarecer as dúvidas. Concluiu-se que o mesmo se caracterizou como excelente estratégica
pedagógica que proporcionou aos discentes uma percepção integrada do assunto explorado,
demonstrando que o experimento investigativo contribuiu para a melhoria da aprendizagem dos
conteúdos trabalhados na disciplina de sistemática geral e filogenia.

6
COLEÇÕES BOTÂNICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE
SISTEMÁTICA E MORFOLOGIA VEGETAL NO ENSINO MÉDIO

Autores: Francisco Alberto Batista Rodrigues1; Francisco Soares Santos Filho2

E-mail para correspondência: albertorodriguesbio@gmail.com; fsoaresfilho@gmail.com

Instituições: 1Secretaria de Estado da Educação do Maranhão/Unidade Regional de Educação de


Timon/ Centro de Ensino João Paulo I/ Matões/MA; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus
Poeta Torquato Neto/ CCN/Teresina/PI

Palavras-chave: aulas práticas; ensino de botânica; herbário escolar

Tradicionalmente, o estudo da botânica não costuma atrair apreciadores, tanto por parte dos
estudantes como professores. Diante desta premissa faz-se necessária a elaboração de estratégias
pedagógicas visando a aproximação dos estudantes com esta área da Biologia. A construção de
coleções botânicas, aliada às aulas teóricas pode contribuir consideravelmente para o ensino da
botânica no ensino médio, especialmente no que se refere à sistemática e a morfologia das plantas
angiospermas. Esta pesquisa objetivou avaliar as contribuições do uso de coleções botânicas para o
ensino de sistemática e morfologia vegetal no ensino médio. A mesma foi executada em quatro turmas
de ensino médio, sendo duas da 2ª série (Grupo Experimental) e outras duas da 3ª série (Grupo
Controle) de uma escola da rede estadual de ensino do Maranhão, compostas por 76 e 82 estudantes,
respectivamente. Inicialmente, foi aplicado um instrumental com 20 questões objetivas com os
estudantes da 3ª série, afim de se avaliar os conhecimentos básicos em botânica e a metodologia
utilizada para o ensino de botânica. Na etapa seguinte, os estudantes da 2ª série iniciaram os estudos
com os conteúdos de botânica por meio de aulas expositivas, alternadas com atividades práticas que
envolveram coletas, herborização e descrição de material botânico. Nessas práticas, os estudantes
foram organizados em quatro grupos por turma e receberam previamente orientações técnicas para a
montagem da coleção botânica, que foi organizada em duas categorias: diversidade dos grupos de
plantas e morfologia das plantas angiospermas. Ao final da etapa experimental, os estudantes foram
avaliados por meio do mesmo instrumental que serviu como diagnóstico para os alunos da 3ª série.
Pôde-se concluir que a associação de aulas teóricas com atividades práticas por meio da construção e
uso de coleções botânicas, trouxe resultados quantitativos significantes, verificados através do teste
z que apontou um P-valor < 0,0001, evidenciando extrema significância. Além disso, a grande
aceitação e o entusiasmo dos estudantes durante a execução da pesquisa, constatados empiricamente
e através do instrumental, mostrou resultados qualitativos relevantes para essa estratégia de ensino.
O desenvolvimento da pesquisa resultou ainda, em produtos que permitirão a continuidade desse tipo
de intervenção para estratégias pedagógicas futuras.

7
COLEÇÃO DIDÁTICA DE BIOLOGIA: UM LABORATORIO PEDAGÓGICO PARA
ENSINO DE BIOLOGIA NA UNIDADE ESCOLAR ÁLVARO RODRIGUES DE ARAÚJO
– ITAINOPOLIS PI

Autores: Francisco Danilo Carvalho Costa¹; Guilherme de Sousa Barbosa Guerra²; Maria Eduarda
Martins Rodrigues Moura²; Valtânia Ana de Oliveira³; Ruthe de Fátima Oliveira4.

E-mail para correspondência: danilocarvalho12@hotmail.com

Instituições: ¹Universidade Federal do Piauí/ Campus Amílcar Ferreira Sobral/ Curso de


Licenciatura em Educação do Campo/ Floriano/PI; ² Alunos da Unidade Escolar Álvaro Rodrigues
de Araújo/ Itainópolis/ Piauí; ³Universidade Federal do Piauí/ Campus Senador Helvídio Nunes de
Barros/ Curso de Licenciatura plena em Ciências Biológicas/ Picos/PI; 4Professora da Unidade
Escolar Álvaro Rodrigues de Araújo/Itainópolis/PI.

Palavras-chave: Aulas Experimentais; Ensino-aprendizado; Materiais didáticos.

Estudar Biologia nem sempre é uma tarefa fácil para alunos do ensino fundamental e médio,
principalmente nas escolas em que não existe laboratório. O desinteresse, muitas vezes, se dá pela
não materialização do conteúdo teórico com o cotidiano. De acordo com a tradição, o ensino de
Biologia nas escolas se tornou, na maioria das vezes, acúmulo de informações que desenvolvem
habilidades estreitamente mecânicas no que diz respeito ao ensino. Aulas práticas são uma das
alternativas em que o professor explica o conteúdo e o aluno tem a oportunidade de aprender na
prática e assim conseguir fixar o que foi trabalhado. Pensando nessa problemática, o projeto fomenta
a ideia de uma educação com qualidade, com alternativa acessível, já que a maioria das escolas não
possui laboratório de Biologia. Assim, objetivou-se, confeccionar materiais didáticos para sanar
algumas dificuldades que estão presentes em sala de aula, como conteúdo de Biologia Celular,
Genética, Zoologia (Invertebrados e Vertebrados). O presente trabalho foi desenvolvido na escola
Álvaro Rodrigues de Araújo, localizado na cidade de Itainópolis, Piauí. Para confeccionar os
materiais foram utilizados biscuit, tintas e isopor, custeados com ajuda da escola. Foram produzidos
corte histológico da epiderme, platelmintos, nematelmintos, ciclo da esquistossomose, célula vegetal
e animal. As peças didáticas foram utilizadas e expostas aos 300 alunos das noves turmas de 1° a 3°
ano do ensino médio durante as aulas e eventos como a mostra de Biologia realizada nos dias 22 e
23 de novembro de 2018 na própria instituição. Os materiais ficam expostos em uma sala que foi
adaptada para manter e preservar os materiais, e conta com o trabalho voluntário de alguns alunos na
curadoria da coleção. Os passos seguintes serão a confecção de novas peças e a apresentação em
escolas da região.

8
O USO DE EXPOSIÇÃO NO AUXÍLIO DO ENSINO DE ZOOLOGIA: ESTUDO DE CASO

Autores: Francisco Ramon de Sousa Severiano1; Geysa Leal Sero1; Otávia Caracas Câmara 2

E-mail para correspondência: franciscoraamon18@outlook.com

Instituições: 1Acadêmicos de Ciências Biológicas/ Universidade Estadual do Piauí/ Campus


Professor Barros Araújo/ Picos/ PI; 2Professora/Universidade Estadual do Piauí/ Campus Professor
Barros Araújo/Picos/PI.

Palavras-chave: Educação; Teoria; Dinossauros.

A Zoologia é uma disciplina da grade curricular do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas,


que estuda os animais vertebrados e invertebrados, sua morfologia, anatomia e evolução. A educação
nos dias atuais se encontra de forma precária, por falta de investimentos e recursos, fazendo que os
profissionais da educação enfrentem barreiras ao explanarem sobre determinados assuntos,
limitando-se as formas tradicionais de ensino, com problemas de associa-los com a prática. Diante
das dificuldades o presente trabalho tem como objetivo analisar a contribuição que uma feira
expositora pode trazer para as aulas de Zoologia na perspectiva do professor. Como estudo de caso
foi realizada uma exposição “Era dos Dinossauros” no dia 10 de julho com carga horária de 4 horas
aula, com maquetes e apresentação do conteúdo na Universidade Estadual do Piauí pelos discentes
dos blocos V e VIII do curso de Biologia, sendo 38 alunos envolvidos, e com orientação da docente
responsável pela disciplina de Zoologia. Após a exposição, um questionário online com cinco
perguntas foi criado pela ferramenta “Formulário Google” e enviado para seis professores do curso
de Biologia da UESPI. O questionário abordava sobre a forma que os professores de Biologia
analisam as feiras expositoras para o ensino de Zoologia e demais disciplinas. Como resultado,
obteve-se que todos os docentes acreditam que a utilização de exposições contribue para a
compreensão dos alunos e que o mesmo não os tira do foco, mas que pode facilitar o aprendizado
durante as aulas para o professor e para os discentes. Auxiliando também no interesse dos mesmos,
na utilização de metodologias alternativas e contribuindo para a sua formação profissional. Diante
dos fatos citados, conclui-se que o uso de exposições contribui para o aprendizado dos alunos,
possibilitando assimilar teoria e pratica, sendo que a exposição sobre a “Era dos Dinossauros” serviu
como experiência para vida acadêmica favorecendo o entendimento.

9
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE: PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - CAMPUS HERÓIS DO JENIPAPO, CAMPO
MAIOR (PI)

Autores: Halane Vanderley Dias; Maria Beatriz da Silva Sousa; Elenice de Abreu Oliveira; Carla
Ledi Korndörfer
E-mail para correspondência: maria.sousa28@outlook.com
Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Heróis do Jenipapo/Núcleo de Educação
Ambiental Paulo Freire (NEAP-UESPI)

Palavras-chave: Ensino; Formação de professores; Meio Ambiente

Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (EA), a EA deve superar a visão despolitizada,
acrítica e naturalista ainda muito presente na prática pedagógica das instituições de ensino. Entretanto,
se observa nas escolas uma EA direcionada para práticas preservacionistas, voltada para ações
esporádicas, relacionada a datas comemorativas e desenvolvimento de miniprojetos específicos. Tais
práticas desvinculadas com a realidade dos sujeitos, não educam, não promovem reflexão, não
transformam hábitos. A EA está presente em todos os níveis de ensino, entretanto o fazer pedagógico
ainda tergiversa sobre os fundamentos da EA. Neste sentido, o presente estudo parte da hipótese que
as experiências em EA trazidas da Educação Básica podem refletir na percepção que graduandos dos
cursos de Licenciatura apresentam sobre EA. Assim, o objetivo desse estudo é conhecer a percepção
sobre EA dos acadêmicos da UESPI de Campo Maior. A pesquisa apresentou caráter qualitativo e
descritivo e teve como instrumento de coleta de dados um questionário contendo 14 perguntas,
divididas em abertas e fechadas, que foi desenvolvido com alunos dos cursos de Licenciatura Plena
em Biologia, Geografia, História e Pedagogia. Foram amostrados 25% de alunos de cada turma, sendo
três turmas de pedagogia, quatro de biologia, quatro de história e duas de geografia, resultando em
um total de 81 participantes. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva. A maioria
dos respondentes é do sexo feminino (64%), com idade entre 15 e 25 anos (74%) e residem em Campo
Maior – PI (80%). Para 49% Meio Ambiente representa natureza. Para 72% o principal objetivo da
EA é conscientização e apenas 6% acham que seja o pensamento crítico. Somente 20% responderam
que já participaram de ações de EA na Universidade e 98% acham importante trabalhar EA no ensino
superior, 34% por meio de disciplina obrigatória. 79% responderam que Sustentabilidade é o tema
principal de EA. Podemos perceber que os acadêmicos ainda possuem uma visão fragmentada e
preservacionista sobre a EA e meio ambiente. Sendo assim, os resultados contribuíram com a hipótese
de que as experiências em EA trazidas da Educação Básica podem refletir na percepção dos
estudantes de nível superior sobre EA.

10
A PERCEPÇÃO E VULNERABILIDADE SOBRE HIV/AIDS DOS ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA ESTADUAL DE TERESINA-PI

Autores: Hamilton Kelton de Sousa Silva1; Lucas Ramos Costa Lima2

E – mail para correspondência: hamiltonkel@hotmail.com ; Lucaslima_86@hotmail.com

Instituições: 1Secretaria estadual de educação do estado do Piauí – SEDUC – PI/24ª GRE/Unidade


escolar Caluzinha Freire/Teresina – PI; 2Universidade Estadual do Piauí/Campus Poeta Torquato
Neto/CCS/Teresina – PI.

Palavras-chave: Adolescentes; estudantes; sexualidade

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é o causador da síndrome da imunodeficiência adquirida


(AIDS) e é considerado um grave problema de saúde pública. Estudos recentes apontam que, mesmo
com a diminuição no número de mortes devido ao desenvolvimento de tratamentos que aumentam a
expectativa de vida dos infectados, no mundo inteiro, diversas pessoas foram contaminadas nos
últimos anos. Dentre as principais vítimas, jovens em idade escolar, de 15 a 24 anos. A presente
pesquisa objetivou averiguar a percepção de jovens em relação às infecções sexualmente
transmissíveis ISTs, sobretudo o HIV/AIDS. A mesma foi realizada com estudantes de 3 turmas da
2ª série do ensino médio, cerca de 54 alunos, de uma instituição estadual de ensino público na cidade
de Teresina – PI. Após submissão no conselho de ética, a pesquisa se iniciou com a aplicação de
formulário com 33 questões objetivas que avaliaram os conhecimentos e comportamentos sobre a
temática. Em seguida foram desenvolvidas metodologias educativas baseadas na modalidade de sala
de aula invertida. Estas envolveram ciclos de palestras, ministradas pelo autor da pesquisa,
totalizando 4 horas/aulas e mesas redondas com perguntas e respostas visando sanar dúvidas e ampliar
conhecimento. Finalmente, os alunos foram novamente avaliados por meio da aplicação de
formulário similar ao inicial. Como resultados, embora 92,5% dos estudantes consideraram
importante o uso de preservativo, 54,1% afirmaram não ter usado durante sua primeira relação sexual.
Além disso, apresentaram lacunas de conhecimento quanto a outras formas de prevenção e
transmissão das ISTs. Contudo, as estratégias metodológicas desenvolvidas refletiram em melhora
no conhecimento destes alunos uma vez que passaram a reconhecer diferentes formas de transmissão
e prevenção das IST´s. Pode-se perceber alto nível de satisfação dos estudantes com a execução da
pesquisa, 98,1% a consideraram de grande relevância e 61,1% a classificaram como ótima ou
excelente. Esse estudo resultou ainda, em produtos, cartilha e sequência didática, que permitirão a
continuidade desse tipo de intervenção contribuindo para que jovens possam melhorar seu
conhecimento e capacidade de discernir sobre possíveis atitudes de risco e assumir posturas
compatíveis com sua saúde sexual se colocando assim, em posição de menor vulnerabilidade.

11
O USO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE AS FUNÇÕES BENÉFICAS DAS
BACTÉRIAS

Autor: Kleber de Oliveira Macedo

E-mail para correspondência: kleber.macedo02@hotmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Mestrado
Profissional em Ensino de Biologia – PROFBIO/Teresina/ PI

Palavras-chave: Bactéria; Ensino-aprendizagem; Microrganismos

Desde a descoberta dos microrganismos e suas funcionalidades, que eles passaram a ser, quase
sempre, associados a capacidade de causar danos ou doenças. Na maioria dos livros didáticos, os
conteúdos referentes costumam manter esse mesmo ponto de vista, levando à conclusão errônea de
que os microrganismos não contribuem para a vida do ser humano, para os demais seres vivos ou
para o meio ambiente. Desta forma, cabe ao professor buscar métodos variados que promovam um
ensino efetivo e significativo sobre o tema citado. Assim, este trabalho teve como objetivo
proporcionar o desenvolvimento do conhecimento, com embasamento científico, sobre funções
benéficas das bactérias, com ênfase na fermentação lática como processo energético e como processo
utilizado na produção de alimentos, utilizando uma sequência didática. O trabalho se desenvolveu em
duas turmas do segundo ano do Ensino Médio, durante o primeiro semestre letivo de 2019, em uma
unidade escolar do interior do Piauí, sendo que uma turma representou o grupo experimental (GE) e
a outra, o grupo controle (GC), tendo 22 participantes em cada. Esta pesquisa não foi previamente
submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa. Uma sequência didática foi elaborada para a execução
do trabalho, sendo dividida em cinco etapas: 01. Aplicação do questionário inicial, sobre o tema; 02.
Explanação teórica sobre os conteúdos; 03. Aplicação da prática sobre fermentação lática e do
questionário com questões problematizadoras; 04. Apresentação das resoluções das questões
problematizadoras. 05. Aplicação do questionário final, idêntico ao inicial, contendo três questões
subjetivas e uma objetiva com quinze alternativas. Sendo que o GE participou de todas as etapas, e o
GC, apenas das etapas 01, 02 e 05. Após a análise dos dados obtidos pelos questionários, referente
ao número de acertos, percebeu-se que os alunos participantes, inicialmente, pouco conheciam ou
entendiam sobre o tema. Entretanto, após a aplicação da sequência didática, os dois grupos,
apresentaram uma melhoria no rendimento, onde o GE obteve melhor resultado. Assim, a
metodologia utilizada alcançou resultados positivos sobre o processo de ensino-aprendizagem,
possibilitando a reflexão sobre o uso de variados métodos de ensino, seus alcances, suas limitações,
flexibilidade e importância no processo educativo.

12
PRODUÇÃO DE VIDEO COMO ALTERNATIVA DE RELATÓRIO EM ATIVIDADES
INVESTIGATIVAS SOBRE ÁGUA E CARBOIDRATOS

Autores: Luciane Maria Alves de Moura; Maria Milany Pinheiro da Silva; Paula Rebeca Alencar e
Silva; Raíza Campos Sousa; Emilia Ordones Lemos Saleh

E-mail para correspondência: lumoura17@yahoo.com.br

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/Campus Torquato Neto/CCN/Profbio/


Teresina-PI

Palavras-chave: Biologia, ensino, metodologia

O conteúdo de Bioquímica Celular está entre os que mais os alunos lembram e aprendem em Biologia.
Entretanto é abordado de maneira a privilegiar a teoria. A utilização de metodologias ativas é uma
alternativa válida para a efetividade do processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, as atividades
investigativas podem ser utilizadas pelos professores para despertar a curiosidade dos alunos,
estimular a investigação e obter resultados positivos que possam promover a compreensão do
conhecimento, não dissociando teoria e prática. Os vídeos podem ser um recurso tecnológico
proveitoso em atividades investigativas. Sendo assim, o presente trabalho é um relato de experiência
das aulas ministradas pela professora, sem submissão ao Comitê de Ética, que teve como objetivo
aprofundar o conhecimento sobre água e carboidratos por meio de atividades práticas investigativas
e produção de vídeos que tornam a aprendizagem mais significativa. A metodologia utilizada foi uma
problematização inicial sobre a temática, a qual buscou ter ciência do conhecimento prévio dos
alunos, em seguida uma exposição dialogada e continuou com experimentos de caráter investigativo.
Os alunos, foram desafiados a desenvolver os experimentos propostos, observar os resultados,
responder as perguntas norteadoras e no final apresentar vídeos como relatório contendo todo o
procedimento da prática, os resultados alcançados e explicações, sem tempo determinado de duração.
O público-alvo foram 42 alunos, divididos em 6 grupos com 6 a 7 componentes, da 2ª série do Ensino
Médio de uma escola estadual de Caxias-MA. Como avaliação da atividade realizada pelos alunos
foi quantificado a frequência dos alunos, a participação ativa nas atividades práticas em laboratório e
em sala de aula, a produção dos vídeos como relatório das práticas investigativas e se responderam
as questões de forma satisfatória. Todos esses critérios foram quantificados e transformados em nota.
Um questionário contendo oito perguntas foi aplicado ao final e mostrou que ocorreu aprendizagem
de forma significativa após as práticas investigativas aplicadas. Portanto, foi uma experiência
inovadora na prática profissional do Ensino de Biologia e significativa para os alunos, uma vez que
os envolveu, desafiou, atraiu a atenção e os fez passar de apenas receptores do conhecimento para
protagonistas ativos do processo ensino-aprendizagem.

13
CANDIDÍASE: APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO

Autores: Maria Clara Bezerra Lopes; Andressa Pereira dos Santos Lima; Everson Santos de Melo;
Francisca Lucia de Lima

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/Campus Poeta Torquato Neto/ Licenciatura em


Ciências Biológicas.

Palavras-chave: Candida; Infecção; Micose

A Candidíase é uma micose bastante comum, causada por fungos do gênero Candida, que fazem
parte da microbiota do ser humano. Entretanto, quando o corpo se encontra com a imunidade baixa,
pode ocorrer proliferação desses fungos causando a candidíase. Essa infecção pode se apresenta em
vários locais, sendo as mais comuns a candidíase vaginal e a oral. A vaginal acomete inúmeras
mulheres ao longo de sua vida, pois a região íntima pode apresentar frequentemente níveis de pH
variáveis, causando a proliferação dos fungos, enquanto a oral ocorre principalmente em bebês, por
conta do sistema imune ainda em desenvolvimento. Esse projeto foi aplicado no Centro de Ensino
Básico Professor James Azevedo, Teresina-PI, em uma turma do segundo ano do ensino médio. Com
aproximadamente 30 alunos matriculados, 5 alunas na sala já são mães ou estão grávidas, publico
mais sujeito a essas infecções. O objetivo desse trabalho foi explicar as causas e consequências da
candidíase em seres humanos. A estratégia teve início com uma aula expositiva, com o auxílio de
slides, na qual foi explicado o que é a doença, seus tipos, suas formas de prevenção, causas e cuidados
que se deve ter. Em seguida, foi aplicado um caça palavras com 15 palavras chave sobre o conteúdo,
e após, uma conversa com os alunos para observar o que eles entenderam e também suas dúvidas
sobre o conteúdo apresentado. Foi possível observar que o conteúdo é de fácil compreensão, os alunos
aprenderam rapidamente o conteúdo exposto e agora são capazes de passar as informações adiante,
divulgando as informações sobre a candidíase.

14
INTERVENÇÕES EDUCATIVAS SOBRE PARASITOSES INTESTINAIS

Autores: Matheus Pereira Barbosa1; Vinicius Soares Torquato de Brito1, Zaira Brasil Silva2;
Francisca Lúcia de Lima3

E-mail para correspondência: Srmthpereira@gmail.com / Mthpereira2@gmail.com

Instituições:1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Teresina/ PI; 2
Supervisora do PIBID na Escola Ceb Pro James Azevedo; 3 Coordenadora de Área do PIBID-
Subprojeto Biologia Torquato Neto

Palavras-chave: Ensino fundamental; Parasitos intestinais; Recursos Didáticos

Ao longo dos anos, os recursos didáticos tradicionais contribuíram para o pouco de interesse dos
estudantes nos conteúdos, especialmente na matéria de Ciências, cujo quadro é agravado pela a
dificuldade da linguagem científica e pelos muitos conceitos da área. As parasitoses intestinais são
temáticas curriculares obrigatórias onde se destacam as questões econômicas e sociais, que tornam
um relevante problema de saúde pública, atingindo adultos e crianças em todo o mundo. Este trabalho
teve como objetivo ensinar os estudantes do ensino fundamental sobre a importância na manipulação
correta de alimentos e de práticas de higiene pessoal, com a finalidade de precaver este tipo de
contaminação a utilização de intervenções educativas e lúdicas sobre parasitoses intestinais, através
de jogos e aulas práticas. Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência da Universidade Estadual do Piauí (PIBID-UESPI) em uma turma de
7 ano do Ensino fundamental, com 25 alunos, de uma escola de rede pública do município de
Teresina/PI. Com a carga horária de 2 horas no total, foram utilizados meios pedagógicos como:
palestra com cartazes explicativos, exposição de um parasita em uma aula prática, jogos de caça
palavras e um de tabuleiro. Também houve a aplicação de dois questionários avaliativos, um prévio
e um pós, elaborados com 10 questões objetivas, quatro alternativas cada, sobre os parasitos: suas
formas infectantes e profilaxia. A aula prática aconteceu no laboratório da própria escola, e os
materiais usados foram: microscópio óptico, lamínulas, lâminas e alguns exemplares de parasitos
intestinais. Os resultados obtidos do questionário pós foram muito superiores ao do prévio, pois o
número de acertos nas questões foi maior. Assim, ficou demonstrado que o uso da ludicidade é um
importante fator para a aprendizagem dos conteúdos. O jogo deixa as aulas mais dinâmicas e também
fez com que os alunos que participaram, obtivessem uma melhora no conhecimento sobre o assunto
proposto, sobre os hábitos de higiene pessoal e hábitos de saúde para prevenir as parasitoses
intestinais.

15
ABORDAGEM INVESTIGATIVA COM USO DE PRÁTICAS PARA APRENDIZAGEM
DO CONTEÚDO FERMENTAÇÃO

Autores: Raíza Campos Sousa; Maria Milany Pinheiro da Silva; Paula Rebeca Alencar e Silva;
Luciane Maria Alves de Moura; Thâmara Chaves Cardoso

E-mail para correspondência: raizacampos1990@hotmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/Campus Poeta Torquato Neto / CCN / Profbio /


Teresina-PI

Palavras-chave: aprendizagem significativa, ensino, fermentação.

A fermentação é um processo de obtenção de energia realizado por alguns seres vivos como fungos,
bactérias e células musculares humanas. As aulas tradicionais não conseguem fazer uma aproximação
do conteúdo visto em sala de aula com a vida dos alunos, tornando o aprendizado insatisfatório. Uma
maneira de conseguir uma aprendizagem significativa é utilizando abordagens investigativas pois elas
permitem essa aproximação, tornando o aprendizado mais eficaz e se apropriando do fazer científico.
O presente estudo teve o objetivo de utilizar uma abordagem investigativa com o uso de práticas para
aprendizagem do conteúdo fermentação e não foi previamente avaliado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa. O estudo foi realizado numa escola estadual de Canto do Buriti – PI com uma turma de 30
alunos do 2° ano do ensino médio. A metodologia aconteceu com aplicação de um questionário com
10 questões para avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre o conteúdo, uma aula expositiva
dialogada de 50 min. da qual surgiram perguntas problematizadoras sobre o assunto em questão. Os
estudantes foram desafiados a investigar e executar práticas nas duas aulas seguintes para responder
aos questionamentos com materiais escolhidos por eles. Cada grupo de alunos trouxe pelo menos
uma prática sobre fermentação: a preparação do pão, a verificação de gás na fermentação e as
condições que influenciam a fermentação. Ao final das práticas houve um debate para sanar dúvidas
remanescentes. Como resultado, observamos a motivação e estímulo dos estudantes a investigarem
as práticas para explicar os questionamentos, como também em refletir e discutir sobre a
problematização. Para completar os alunos responderam novamente o questionário para avaliar se
houve melhora na aprendizagem do conteúdo. A intervenção contribuiu para aprendizagem
significativa dos alunos sobre o conteúdo fermentação uma vez que a abordagem desafiou os
estudantes e estes participaram ativamente inclusive do debate. No pós-questionário obtiveram um
melhor desempenho em relação ao pré-teste pois 50 % dos alunos acertaram pelo menos a metade
das questões contra 23% no pré-teste. A metodologia trouxe estímulo e atenção dos alunos e estes
passaram de apenas receptores do conhecimento pronto para protagonistas de seu próprio
aprendizado.

16
USO DE EXPERIMENTOS QUÍMICOS: UMA FERRAMENTA DE
CONTEXTUALIZAÇÃO DE ENSINO

Autores: Ruthe de Fátima Oliveira¹; Guilherme de Sousa Barbosa Guerra²; Maria Eduarda Martins
Rodrigues Moura²; Francisco Danilo Carvalho Costa³; Valtânia Ana de Oliveira4.

E-mail para correspondência: ruthefatimaoliveira@gmail.com

Instituições: 1 Professora da Unidade Escolar Álvaro Rodrigues de Araújo/Itainópolis/PI; ²Alunos


da Unidade Escolar Álvaro Rodrigues de Araújo/ Itainópolis/ Piauí; ³Universidade Federal do Piauí/
Campus Amílcar Ferreira Sobral/ Curso de Licenciatura em Educação do Campo/ Floriano/PI;
4
Universidade Federal do Piauí/ Campus Senador Helvídio Nunes de Barros/ Curso de Licenciatura
em Ciências Biológicas/Picos/PI.

Palavras-chave: Ciências da natureza; Educação; Estudantes.

São nítidos os problemas enfrentados pela educação no Brasil e o ensino de ciências sofre com esse
caos que vivemos no sistema educacional, seja por falta de incentivo ou de planejamento. Por ser uma
área que requer o uso de metodologias voltadas para o desenvolvimento do conhecimento científico,
as ciências da natureza muitas vezes têm sua origem ilustrativa, lúdica, analítica e demonstrativa
ocultada por uma didática sistematizada e descontextualizada. Diante dessa realidade nas escolas o
cenário é de desinteresse nos estudantes, pois não há o estabelecimento de uma relação entre o
trabalhado durante as aulas expositivas e a aplicação destes conhecimentos ao cotidiano. Com intuito
de tornar o ensino de química mais atrativo, professores da Unidade Escolar Álvaro Rodrigues de
Araújo realizaram uma mostra, em que 24 estudantes do terceiro ano A e 36 estudantes do terceiro
ano C do ensino médio foram estimulados a buscar na internet experimentos químicos que
estimulassem o seu interesse em relação a essa disciplina. Os experimentos deveriam ser produzidos
com materiais de baixo custo, pertencerem ao seu cotidiano e, posteriormente serem apresentados aos
pais, sendo uma forma de estímulo ao amadurecimento do conhecimento científico e aproximação da
família com a escola. Devido à grande quantidade de experimentos encaminhados durante no prazo
proposto foi necessária a escolha dos mais viáveis. Dentre os experimentos apresentados foram
selecionados 6, tendo como critério o tipo de material utilizado e o grau de periculosidade: 1 – a
mágica das cores; 2 – violeta que desaparece; 3 – derretendo isopor; 4 – explosão de cores; 5 – tinta
invisível; 6 – o liquido que quer ser sólido. A execução desse projeto fez com que os estudantes se
tornaram sujeitos ativos no processo de ensino e aprendizagem, além de haver um estímulo ao
interesse na disciplina de química, que por vezes é vista como vilã, e aproximar a família da escola.

17
CONSTRUÇÃO DE MODELOS DIDÁTICOS COMO FACILITADORES PARA O
ENSINO DE BIOLOGIA NA UNIDADE ESCOLAR ÁLVARO RODRIGUES DE ARAUJO

Autores: Valtânia Ana de Oliveira¹; Guilherme de Sousa Barbosa Guerra²; Maria Eduarda Martins
Rodrigues Moura²; Francisco Danilo Carvalho Costa³; Ruthe de Fátima Oliveira³

E-mail para correspondência: valtaniaoliveira@gmail.com

Instituições: ¹Universidade Federal do Piauí/ Campus Senador Helvídio Nunes de Barros/ Curso de
Licenciatura Plena em Ciências Biológicas/ Picos-PI; ²Alunos da Unidade Escolar Álvaro
Rodrigues de Araújo/ Itainópolis/ Piauí; ³Universidade Federal do Piauí/ Campus Amílcar Ferreira
Sobral/ Curso de Licenciatura em Educação do Campo/ Floriano/PI; ³ Professora da Unidade
Escolar Álvaro Rodrigues de Araújo/ Itainópolis/Piauí.

Palavras-chave: Citologia; Materiais de baixo custo; Peças de biscuit.

A Citologia, ou Biologia celular, é uma área de extrema relevância no campo da Biologia, pois
analisa-se desde a base da vida, ao seu total funcionamento. Sendo um dos grandes paradigmas no
ensino dessa área justamente a questão da visualização e entendimento da estrutura das células,
organelas e suas atividades, por serem de tamanhos microscópicos. Na sala de aula, o ensino ofertado
na maioria das escolas públicas traz apenas o auxílio do livro didático e algumas imagens ilustrativas.
Foi no intuito de poder conciliar o teórico e o prático, e poder propiciar maior conhecimento aos
alunos, que professores da escola Álvaro Rodrigues de Araújo, em Itainópolis-PI, confeccionaram
materiais didáticos como: células eucarionte e procarionte, destacando suas organelas, bem como
célula animal e vegetal, evidenciando as suas diferenças, também a molécula de DNA. Todo esse
material foi construído com massa de biscuit, tinta de tecido, base de acrílico, verniz, comprados com
a ajuda da escola, pois possuem preço acessível, de fácil acesso e são duráveis. Esses modelos
possibilitam aos alunos a visualização e o toque em estruturas vistas anteriormente apenas com o
auxílio de microscópio. Foram elaboradas seguindo o mais próximo possível de sua forma real,
contribuindo assim para maior entendimento do conteúdo de Citologia. Ressalta-se que essa proposta
didática tem sido de grande valia para os aproximadamente 300 alunos da instituição, sendo
perceptível uma maior participação discente no dia a dia escolar e um maior desempenho nas
avaliações. Além disso, as peças didáticas facilitam uma interação com a sociedade através de
exposições, amostras de Biologia e posteriormente podem ser apresentadas em escolas próximas ao
município, sem contar que incrementou a coleção didática da escola e já é utilizada como atividade
dinâmica pelos professores de todas as séries do ensino médio auxiliando no processo ensino-
aprendizagem.

18
METABOLISMO ENERGÉTICO: COMPREENDENDO A FERMENTAÇÃO ATRAVÉS
DE ATIVIDADES PRÁTICAS

Autor: Wagner Saraiva Lima

E-mail: ws.lima33@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Torquato Neto – UESPI/Mestrando


PROFBIO – Mestrado Profissional em Ensino de Biologia.

Palavras-chave: Contextualização; Educação; Protagonismo

No modelo de educação que temos hoje, o ensino é tratado como um conjunto de informações que
são meramente passadas dos professores para os alunos, refletindo uma aprendizagem deficitária.
Sempre que possível deve se dar aos alunos a oportunidade de agir, pôr em prática o objeto do
conhecimento somando-se a isso a problematização e a contextualização dos conteúdos. Quando se
aborda o metabolismo energético no que se refere a fermentação por exemplo, há uma preocupação
de contextualizar esse tema, relacionando os eventos que o envolvem ao cotidiano do aluno? Nesse
sentido é necessário que se aplique estratégias que permitam ao aluno vivenciar os conteúdos de
Biologia associando-os ao seu cotidiano, e executando o protagonismo no seu aprendizado através de
práticas de ensino que possibilite ao aluno construir seu conhecimento através da observação e
investigação e que ele seja capaz de propor soluções aos desafios apresentados. Com esses objetivos,
foi proposto a 21 estudantes da 2ª série do ensino médio do CE Raimundo Soares da Cunha, que
desenvolvessem três práticas de investigação científicas envolvendo o processo fermentativo,
culminando com experimentos que apontaram o entendimento global do processo aliando teoria e
prática. As atividades tiveram um total de 6 horas/aulas, sendo 2 horas destinadas a parte teórica e 4
horas a parte prática. As práticas realizadas como: observação da mudança do aspecto da solução de
repolho roxo, mediante o desprendimento de gás da fermentação, crescimento da massa do pão e
observação da fermentação em três soluções diferentes, possibilitou uma abordagem diferente do
tema culminando com uma aprendizagem mais contextualizada à vida do estudante. A metodologia
adotada permitiu a interação entre a teoria e a prática, tendo relação mais direta com o conhecimento
formal permitindo uma reflexão crítica sobre as questões que envolvem o entendimento de fenômenos
da Biologia e a sua importância para a vida no planeta como um todo. Dessa forma, as atividades
educativas desenvolvidas no presente trabalho permitiram aos alunos agregar conhecimentos sobre o
tema proposto aliado a uma prática interdisciplinar e contextualizada desenvolvendo habilidades e
atitudes relacionadas ao ensino da Biologia.

19
EFEITO MODULADOR DA PIPERINA SOBRE A AÇÃO GENOTÓXICA DA
DOXORRUBICINA EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE Drosophila melanogaster

Autores: Bruno Oliveira Silva1; Raquel Gomes Rodrigues1, Sylluana Ribeiro Corrêa1; Pedro
Marcos de Almeida²; Francielle Alline Martins1

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCS/
Teresina/ PI

Palavras-chave: Efeito protetor; pimentas; SMART

A piperina é um alcaloide presente principalmente na pimenta preta (Piper nigrum). Estudos


demonstraram que a piperina quando ingerida como suplemento alimentar foi capaz de prevenir ou
mesmo reduzir os efeitos citotóxicos e genotóxicos causados pela aflatoxina B1 em frangos de corte.
Além disso, no organismo animal, uma vez ingerida, a piperina é absorvida no intestino e rapidamente
biotransformada no fígado, pelo sistema microssomal do citocromo P-450 dos hepatócitos. Diante de
vários trabalhos na literatura que mostram potencial uso da piperina na saúde/agropecuária, o objetivo
deste estudo foi avaliar o potencial antigenotóxico da piperina por meio do Teste para detecção de
Mutação e Recombinação Somática (SMART) em Drosophila melanogaster através do cruzamento
de alto bioativação. Piperina foi diluída em óleo de soja nas concentrações de 1,2; 2,4; 3,6 e
4,8mg/mL. Larvas, em terceiro estágio do cruzamento entre machos da linhagem multiple wing hair
e fêmeas virgens da linhagem OREGON-R receberam tratamento crônico, via alimentação em frascos
de vidro contendo 2,0 g de meio de cultura alternativo (purê de batata instantâneo, Yoki®) preparado
com diferentes concentrações da piperina em óleo de soja, ao qual foi acrescido 6 mL de cloridato de
doxorrubicina (DXR - 0,125mg/mL), um agente quimioterápico indutor de danos ao DNA. Os adultos
foram coletados e conservados em etanol 70% até a preparação das lâminas. Para cada tratamento,
40 pares de asas foram avaliados ao microscópio quanto à presença dos diferentes padrões de manchas
mutantes (manchas simples pequena (MSP), mancha simples grande (MSG), mancha gêmea (MG) e
total de manchas (TM)). A análise estatística dos dados foi realizada por meio do teste binomial
condicional (Teste de Kastenbaum Bowman) a 5% de probabilidade. Foi observada a diminuição
quanto ao número de MSP e TM nas asas das moscas tratadas simultaneamente com piperina e DXR
nas concentrações de 60, 120 e 180 mg/Kg, logo, observou-se que o produto da metabolização da
piperina pelo sistema enzimático do citocromo P-450 foi capaz de modular a atividade genotóxica da
DXR inibindo a ocorrência de mutações em 57,69; 53,85 e 51,92%, respectivamente. Dessa forma, a
piperina mostra-se uma droga promissora no tratamento de neoplasias como câncer.

20
POTENCIAL TOXICOLÓGICO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Croton floribundus SPRENG
EM Allium cepa L.

Autores: Dayla Geovana Pereira Bezerra¹; André Nunes De Oliveira¹; Bianca Cristina dos Santos
Fernandes1; Francisco Artur e Silva Filho2; Francielle Alline Martins1; Pedro Marcos Almeida3.

E-mail para correspondência: daylageovana@hotmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Professor Alexandre Alves de
Oliveira/ Curso de Licenciatura em Química; 3Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta
Torquato Neto/ CCS/ Teresina/ PI;

Palavras-chave: Capixingui; Planta Medicinal; Tamanho das Raízes

Croton floribundus Spreng, conhecida pelo nome popular de capixingui, é uma espécie de planta
lactescente de porte arbóreo, distribuída na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. Apresenta potencial
no tratamento de câncer, como leucemia, tumores e sífilis. Contudo, ainda são incipientes pesquisas
com relação a ação tóxica dessa espécie. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o
potencial toxicológico do óleo essencial de C. floribundus S. (OECf) nas raízes de Allium cepa L.
Cinco placas com 100 sementes por placa de A. cepa foram germinadas em água destilada a 24 °C
por 4 dias, até a raiz alcançar cerca de 1,0 cm de comprimento. Em seguida, as sementes germinadas
foram transferidas para o controle negativo (dimetilsulfóxido, DMSO 1%), positivo (10 µg/mL de
metilmetanosulfonato, MMS) e para seis concentrações do OECf (0,00032; 0,0016; 0,008; 0,04; 0,2
e 1,0 mg/mL) diluídas em DMSO 1% por 48 h. Posteriormente, 22 raízes de cada controle e
tratamento foram medidas com régua milimétrica, fixadas em metanol: ácido acético (3:1) e
armazenadas a 4°C. Os dados foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis seguido pelo teste de
Student-Newman-Keuls (p < 0,05) no programa BioEstat 5.3. O resultado evidenciou menor tamanho
médio (1,21 ± 0,83 cm) significativo das raízes de A. cepa com o MMS quando comparado com o
DMSO 1% (2,67 ± 1,12 cm). Ao comparar a média do tamanho das raízes nas seis concentrações
analisadas do OECf com o DMSO 1% foi observado um valor significativo e menor (1,76 ± 0,51 cm)
apenas na maior concentração (1,0 mg/mL), o que evidenciou o seu efeito tóxico. Enquanto nas outras
concentrações de OECf (0,00032; 0,0016; 0,008; 0,04 e 0,2 mg/mL), não se verificou toxidade. Pode-
se concluir que o óleo essencial de C. floribundus na maior concentração interferiu no crescimento
das raízes. Além disso, estudos posteriores com as menores concentrações estão sendo realizados para
avaliar os efeitos citogenotóxicos e antigenotóxicos.

21
TAXA DE SOBREVIVÊNCIA DE Drosphila melanogaster TRATADA COM KAVAIN

Autores: Júlia Braga Martins; Francielle Alline Martins

E-mail para correspondência: juliabm10@outlook.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI

Palavras-chave: Kavalactonas, moscas das frutas, toxicidade.

A planta Piper methysticum G. Forst, popularmente conhecida como Kava, pertence à família
Piperaceae, e tem como principais componentes ativos as kavalactonas. A maior parte da atividade
farmacológica total pode ser conferida à presença de seis kavalactonas: metisticina,
dihidrometisticina, kavain, dihidrokavain, desmetoxiyangonin e yangonina. A Kavain que é
componente principal está em maior quantidade entre as kavalactonas, e apresenta atividades
farmacológicas que ainda não foram suficientemente investigadas, tais como: anticonvulsiva,
analgésica, ansiolítica, antiepiléptica, antitrombótica e psicotrópica. Dado seu amplo interesse na
medicina, este estudo tem como objetivo avaliar o potencial toxicológico da Kavain. Para tanto,
avaliou-se a taxa de sobrevivência de Drosophila melanogaster tratadas com Kavain em meio de
cultura nas concentrações de 32, 64 e 128 µg/mL, as quais foram administradas tanto separadas
quanto em conjunto com Doxorrubicina (DXR - 0,125 mg/mL), um quimioterápico amplamente
utilizado. No total, 300 larvas de terceiro estágio do cruzamento entre fêmeas wts (wts/TM3, Sb1 ) e
machos mwh (mwh/mwh) foram transferidas para frascos contendo 2g de purê de batata instantâneo
e 6 mL das diferentes concentrações de Kavain preparadas isoladamente ou em combinação com a
DXR, além dos controles: positivo (DXR isolada), e negativo (água deionizada) e controle do
solvente (Acetona 2%). Os adultos emergentes do cruzamento foram coletados, contados e
conservados em etanol 70%. Diariamente o número de moscas adultas sobreviventes em cada
concentração foi contabilizado e os resultados foram comparados com os controles por meio do teste
de qui-quadrado, com nível de significância de 5% de probabilidade. Nas concentrações de 32, 64 e
128 µg/mL, as taxas de sobrevivência nas preparações com Kavain isolada foi 0,82; 0,80 e 0,88,
respectivamente. Já para as mesmas concentrações de Kavain combinadas com DXR, observou-se
que 0,91; 0,90 e 0,85 das larvas sobreviveram, respectivamente. Não foram observadas diferenças
significativas entre as taxas de sobrevivência dos tratamentos quando comparadas ao controle
negativo (0,94), desta forma a molécula não foi considerada tóxica para as larvas de D. melanogaster,
uma vez que a presença de Kavain ou da combinação Kavain + DXR no meio de cultura não alterou
a taxa de sobrevivência.

22
EFEITO ANTIGENOTÓXICO DO EXTRATO ETANÓLICO FOLIAR DE Poincianella
bracteosa (TUL.) L.P. QUEIROZ EM Allium cepa L.

Autores: Marcos Vitor Rosa Ferreira1; Bianca Cristina dos Santos Fernandes1; Erasmo Pereira do
Vale Junior1; Francielle Alline Martins1; Pedro Marcos Almeida2

E-mail para correspondência: Marcos_RFerreira@hotmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/CCS
/Teresina/PI

Palavras-chave: Catingueira; Efeito Protetor; Bioensaio

Poincianella bracteosa, conhecida como catingueira, é nativa do Nordeste brasileiro e muito utilizada
na medicina popular no tratamento da tosse, bronquite, diarreia e hepatite. Contudo, ainda não há
trabalhos em relação ao efeito protetor dessa espécie. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar
o potencial antigenotóxico no pós-tratamento do extrato etanólico foliar de P. bracteosa (EEFPb)
pelo bioensaio Allium cepa. Cem sementes de A. cepa foram colocadas em placa de Petri contendo
água destilada a 24°C por 5 dias. Após a germinação, vinte sementes com raízes foram transferidas
para o controle negativo (dimetilsulfóxido 1%) e positivo (10 μg/mL de metilmetanosulfonato, MMS)
por 48 h. No pós-tratamento, as raízes foram expostas por 24 h em MMS e por mais 24 h em cada
concentração do EEFPb (2, 4, 8 e 16 mg/mL). Posteriormente, o material foi fixado em metanol:
ácido acético (3:1) e armazenado a 4°C. Para a confecção das lâminas, as raízes foram lavadas em
água destilada, hidrolisadas (HCl) em banho Maria à 60°C (10 min.) e coradas com Reativo de Schiff
por 2 h. Duas mil células meristemáticas foram analisadas em microscópio óptico (400x) para avaliar
o efeito antigenotóxico do EEFPb. Os dados foram analisados pelo teste de Tukey (p < 0,05) no
programa BioEstat 5.3, comparando as médias dos tratamentos com o MMS. Nos resultados
observados não houve diferença significativa do índice mitótico (IM) dos tratamentos quando
comparado com o MMS, não evidenciando o efeito citoprotetor. Enquanto nas concentrações
intermediárias (4 e 8 mg/mL) foi observado a redução significativa do total de alterações
cromossômicas de A. cepa, principalmente de micronúcleos, evidenciando o efeito antigenotóxico do
EEFPb em relação ao MMS. Desta forma, constatou-se que o extrato etanólico foliar de P. bracteosa
tem importante atividade de reparo dos danos provocados pelo MMS, que está indiretamente
correlacionada com a prevenção e/ou tratamento de doenças degenerativas, como o câncer e, portanto,
pode ter aplicações terapêuticas.

23
MUTAGENICIDADE DA CAPSAICINA EM CÉLULAS SOMÁTICAS DE Drosophila
melanogaster

Autores: Raquel Gomes Rodrigues1; José Luiz Silva Sá2; Pedro Marcos Almeida3; Francielle
Alline Martins1

E-mail para correspondência: raquellgrs@gmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/
Laboratório de Síntese Orgânica do GERATEC/ Teresina/ PI; 3Universidade Estadual do Piauí/
Campus Poeta Torquato Neto/ CCS/Teresina/PI

Palavras-chave: Pimentas; Teste SMART, Toxicidade

A capsaicina é um componente ativo das pimentas que está presente naturalmente nas plantas do
gênero Capsicum, pertencentes à família Solanaceae. Amplamente utilizada como aditivo alimentar,
está presente na dieta de habitantes de todo o mundo. Ademais, carrega uma ampla variedade de
atividades biológicas e fisiológicas que desempenham funções antiobesidade, cardiovascular e, em
especial, efeito antitumoral. Decerto, sua propriedade mais explorada seja a de analgesia, sendo
utilizada em tratamentos tópicos destinados ao alívio de diferentes condições de dor crônica. Embora
seja uma molécula de grande importância na área medicinal, estudos toxicogenéticos são incipientes
e seu efeito sobre o DNA pouco conhecido. Para tanto, nesse estudo objetivou-se avaliar a
mutagenicidade da Capsaicina por meio do Teste de Mutação e Recombinação Somática (SMART)
em células somáticas de Drosophila melanogaster, a partir do cruzamento padrão (ST) entre fêmeas
virgens flare (flr³) e machos múltiplos (mwh). Larvas de terceiro estágio deste cruzamento foram
colocadas em frascos de vidro contendo 2 g de meio de cultura alternativo (puré de batata Yoki©),
preparado com 1 mL de óleo de soja contendo capsaicina nas concentrações de 0,0012; 0,0024;
0,0036 e 0,0048 mg/mL e adição de 6 mL de água destilada. Como controle negativo foi utilizado
óleo de soja puro e como solvente água destilada. Após a eclosão dos indivíduos, os adultos
emergentes foram estocados em álcool 70% e as asas foram destacadas com auxílio de pinças
entomológicas e colocadas aos pares em lâminas contendo a solução fixadora (Faure) para posterior
visualização em microscópio óptico (aumento de 400x). No total, foram avaliados 30 pares de asas
por tratamento. A frequência dos diferentes tipos de manchas mutantes foi comparada com o controle
negativo. Para a análise estatística, foi aplicado o teste binomial condicional Kastenbawn Bowman a
5% de probabilidade. Não foram observadas diferenças significativas no número de manchas simples
pequenas, grandes e de manchas gêmeas na descendência do cruzamento. Dessa forma, nas condições
experimentais avaliadas, a capsaicina não foi considerada mutagênica.

24
EFEITO MUTAGÊNICO DA PIPERINA EM Drosophila melanogaster EM CRUZAMENTO
DE ALTA BIOATIVAÇÃO

Autores: Sylluana Ribeiro Corrêa1; Bruno Oliveira Silva1; Aline Aparecida Carvalho França1; José
Luiz Silva Sá1; Pedro Marcos de Almeida2; Francielle Alline Martins1

E-mail para correspondência: sylluka@gmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/CCS/
Teresina/PI

Palavras-chave: Mutagenicidade; Pimenta do reino; Teste SMART

A piperina é um alcaloide presente na pimenta do reino, sendo que apresenta diversas atividades
biológicas e farmacológicas como: ação inseticida, antipirética, analgésica, anti-inflamatória e
antioxidante. Além disso, a piperina é interessante para os diversos setores da agropecuária, visto que
possui baixo custo de produção, não possui acúmulo de resíduos no organismo animal e possui
propriedade citoprotetora, sugerindo seu uso terapêutico em mamíferos. No entanto, a piperina atua
inibindo diferentes isoformas do citocromo P-450 e outras enzimas envolvidas no metabolismo de
xenobióticos, prolongando a ação de certas drogas no organismo, por inibição do metabolismo das
mesmas em nível hepático. Portanto, o objetivo desse experimento foi avaliar o potencial efeito
mutagênico da piperina por meio do Teste para detecção de Mutação e Recombinação Somática
(SMART) em Drosophila melanogaster em cruzamento de alta bioativação (HB). Machos de D.
melanogaster da linhagem mwh, com altos níveis de enzimas de metabolização (citocromo P450),
foram cruzados com fêmeas virgens da linhagem ORR/flr3. As larvas de terceiro estágio de
desenvolvimento, 72 ± 4 horas, foram lavadas com água corrente e transferidas para frascos de vidros
contendo 2g de purê de batata instantâneo (Yoki®) e 5 mL das diferentes concentrações (1,2; 2,4;
3,6 e 4,8 mg/mL) de piperina em óleo de soja, o qual foi utilizado como controle negativo.
Aproximadamente 24.400 células foram analisadas por asa e um total de 40 pares de asas por
tratamento. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do teste Binomial condicional (Teste
de Kastenbaum Bowman) a 5% de probabilidade, descrito por Frei e Würgler (1988). A frequência
do total de manchas nos tratamentos variou entre 0,18 e 0,35 manchas/mosca e não foi significativa
quando comparada ao controle negativo. A frequência de mutações foi estimada e observou-se que a
taxa de mutação nos tratamentos, que variou entre 3,59 e 6,66 x 10 -6 células foi menor do que no
controle negativo (7,17 x 10-6) indicando assim, que a piperina não apresentou efeito mutagênico,
mas sim um possível efeito antimutagênico, o qual precisa ser investigado com mais cautela em
experimento específico para essa finalidade.

25
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE EXTRATOS AQUOSOS DE
GENGIBRE E NEEM NO CRESCIMENTO MICELIAL DE Colletotrichum sp.

Autores: André Nunes de Oliveira; Dayla Geovana Pereira Bezerra; Felipe do Espirito Santo Costa;
Louisse de Fátima Pereira de Oliveira; Beatriz Meireles Barguil

E-mail para correspondência: beatriz_barguil@hotmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Teresina/ PI

Palavras-chave: Antimicrobiano; Antracnose; Fitopatógeno

Os fungos filamentosos do gênero Colletotrichum são importantes fitopatógenos, pois estão


amplamente disseminados nas regiões tropicais e subtropicais. Eles causam doenças economicamente
importantes, comumente conhecidas como antracnoses, que ocorrem em extensa gama de
hospedeiros e as plantas estão sujeitas a essa doença em todas as fases de desenvolvimento. Estudos
já comprovaram a eficácia da atividade antifúngica de produtos vegetais, os quais testaram extratos
contra várias espécies de fungos filamentosos e leveduriformes, obtendo-se bons resultados. Diante
do amplo potencial de atividade biológica apresentada pelo neem (Azadirachta indica) e pelo
gengibre (Zingiber officinale), este estudo teve como objetivo avaliar a atividade in vitro dos extratos
aquosos dessas plantas no desenvolvimento de Colletotrichum sp. Sete tratamentos foram avaliados:
testemunha (sem extrato), extrato de folhas de neem a 5; 10 e 20% e extrato de rizoma de gengibre a
5; 10 e 20%. Os extratos foram incorporados ao meio de cultura BDA de acordo com a concentração
desejada. Após a esterilização e plaqueamento dos meios, discos de meio de cultura contendo micélio
de Colletotrichum sp. com 0,5 cm de diâmetro foram posicionados no centro das placas. As placas de
Petri foram incubadas em câmara de crescimento a 25ºC e fotoperíodo de 12 horas. As avaliações do
crescimento micelial foram realizadas a cada dois dias e cada tratamento contou com cinco repetições.
Após a análise estatística dos dados pode-se constatar que os extratos aquosos de neem e de gengibre
não inibiram o crescimento micelial de Colletotrichum sp. e que na concentração de 10% dos dois
extratos houve estímulo do crescimento fúngico. Portanto, conclui-se que os extratos testados não
apresentam propriedades antifúngicas para o fungo Colletotrichum sp.

26
LEVANTAMENTO DA SUBFAMÍLIA FORMICOIDEA EM ÁREAS
ANTROPOMORFIZADAS NO CAMPUS POETA TORQUATO NETO DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – TERESINA – PI

Autores: Iron Jonhson de Araujo Veras; Bruno Oliveira Silva; Ana Paula Alves da Mata; Lays
Sousa do Nascimento; Silvia Maria Colturato Barbeiro

E-mail para correspondência: ironjonhson@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/Campus Poeta Torquato Neto/CCN/Laboratório de


Biologia Geral/Teresina/PI.

Palavras-chave: comunidade; formigas; riqueza de gêneros

As formigas constituem, aproximadamente, um terço de toda a biomassa animal da América do Sul.


De acordo com Baccaro et al. (2015), são conhecidas aproximadamente 13.000 espécies de formigas,
distribuídas em 16 subfamílias e 330 gêneros. No entanto, pondera-se que existam mais de 30 mil
espécies de formigas na região Neotropical, sendo a maior parte delas desconhecidas para a ciência
(Sendoya, 2004). Para Fernández e Sendoya (2004), nesta mesma região, o Brasil e a Colômbia são
os países mais ricos em números de espécies de formigas. Este trabalho tem como finalidade levantar
os gêneros de formigas encontradas em áreas antropomorfizadas, especificamente locais de
alimentação, na Universidade Estadual do Piauí, no campus Poeta Torquato Neto. Para a coleta das
formigas foram selecionados, aleatoriamente, quatro locais próximos às lanchonetes e em suas
respectivas áreas de preparação de alimentos e em cada ponto, foram instaladas, seis armadilhas, do
tipo isca de solução açucarada, no solo, dispostas ao ar livre, distantes 2m entre si e expostas durante
cerca de 3 horas. Cada armadilha consistiu de uma placa de Petri, preenchida até a metade de seu
volume com a solução açucarada, composta de cerca de 13,3mL de água e 5g de açúcar para cada
uma. O material coletado foi primeiramente triado e armazenado em placas de Petri contendo álcool
70%. A separação dos indivíduos coletados foi feita com base na morfologia, separando-os em
morfogêneros, para o processo de identificação através da chave de Baccaro et al. (2015). Foram
coletadas 1018 formigas, sendo os gêneros encontrados Camponotus, Paratrechina, Tapinoma e
Tetramorium, apresentando respectivamente: 30, 833, 45 e 110 indivíduos, com prevalência genérica
de 2,5%, 81,82% 4,42% e 10,81%, respectivamente, e riqueza genérica de 0,0108; 0,3009; 0,0162 e
0,0397, respectivamente. A realização deste trabalho contribuiu para o conhecimento sobre formigas
que podem ser encontradas na Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Campus Poeta Torquato
Neto, pois fornece dados sobre a riqueza de gêneros das mesmas dentro da instituição.

27
SUCESSO REPRODUTIVO DE Malacoptila minor (AVES, BUCCONIDAE) NA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL DO INHAMUM, CAXIAS, MARANHÃO

Autores: Januário da Conceição Junior, Hilda Raianne Silva de Melo, Flávio Kulaif Ubaid

E-mail para correspondência: januariojunior05@gmail.com

Instituição: Laboratório de Ornitologia, Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC),


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Palavras-chave: Biologia reprodutiva; história natural; predação

Informações acerca da biologia reprodutiva da maioria das espécies de aves neotropicais ainda são
escassas, sendo desconhecidos inclusive seus ninhos e ovos. Malacoptila minor (Piciformes,
Bucconidae) é uma ave endêmica do Brasil, restrita aos estados do Maranhão e Piauí. É classificada
como ‘em perigo’ de extinção de acordo com a lista de ameaça global da IUCN e pouco se conhece
sobre sua história natural. Nesse estudo objetivou-se conhecer o sucesso reprodutivo de M. minor na
Área de Proteção Ambiental do Inhamum, Caxias, Maranhão. Os ninhos foram localizados por busca
ativa ao longo de duas estações reprodutivas, no período de maio/2017 a março/2019. Foram
encontrados 27 ninhos, 14 na estação de 2017/18 e 13 na estação de 2018/19. Os ninhos encontrados
tinham em média 2 a 3 ovos, os ovos eram brancos e sem marcas e mediram em torno de 20, 30 (DP
0, 22) mm por 24, 23 (0, 21) e pesavam 4, 25 (0,96) g (n=4). Foi observado sucesso reprodutivo em
27% dos ninhos (n = 7), sendo de 40% (n = 6) na estação reprodutiva de 2017/18 e de apenas 8% (n
= 1) na estação de 2018/19. A predação foi atribuída como a principal causa do fracasso reprodutivo
(n = 15), com oito ninhos predados durante a incubação e sete durante a fase de ninhego. Na estação
reprodutiva de 2017/18, um ninho foi predado durante a incubação e três durante a fase de ninhego,
enquanto na estação de 2018/19 foram predados sete ninhos na fase de incubação e quatro na fase de
ninhego. Três predadores foram identificados: o cachorro-do-mato Cerdocyon thous, a formiga
Solenopsis saevissima e o teiú Salvator merianae. Os resultados deste estudo representam as
primeiras informações sobre a biologia reprodutiva de M. minor, preenchendo uma lacuna de
conhecimento sobre a história natural dos representantes de Bucconidae, assim como para as espécies
de aves da região Neotropical.

28
PREVALÊNCIA DE ÓBITOS POR LESÕES AUTOPROVOCADAS NO ESTADO DO
PIAUÍ DE 2012 A 2016

Autores: Janne Kathyelle Moreira Ferreira do Bonfim; Antonia Jarciele Marques; Francisca
Eduarda dos Santos; Jhonnatas de Carvalho Silva; Luciana dos Santos; Carlos Leonardo Mendes
Amaral; Francielle Alline Martins

E-mail para correspondência: jannekathyelle@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN

Palavras-chave: Depressão, Óbitos, Suicídio

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é um ato intencional, no qual o indivíduo
extingue a própria vida, e constitui uma importante questão de saúde pública no mundo. A análise
epidemiológica do suicídio entre brasileiros de diferentes regiões é importante para o
desenvolvimento de políticas de saúde pública, visto que em parte das vezes está associado a
distúrbios emocionais e psiquiátricos. O objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência dos casos de
suicídio no estado do Piauí entre os anos de 2012 e 2016. Para isso, dados sobre óbitos por lesões
autoprovocadas, assim como: ano, sexo e faixa etária foram coletados do Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
Os dados foram analisados de forma descritiva e comparados a outros estados. No total foram
registrados 1306 casos de óbitos por lesões autoprovocadas no período estudado. Observou-se que a
prevalência dos casos ocorre na população jovem entre 20-29 anos (298 casos, 22,8% do total),
seguido pela população entre 30-39 anos (294 casos, 22,5% do total), a população entre 40-49 anos
(198 casos, 15,1% do total), a população de 50-59 anos (163 casos, 12,4% do total), 60-69 anos (123
casos, 9,4% do total), 15-19 anos (92 casos, 7% do total), 70-79 anos (79 casos, 6% do total), < de 80
anos (42 casos, 3,2% do total), 10-14 anos (15 casos, 1,1% do total), em 2 casos (0,1%) a idade foi
ignorada. Quanto ao sexo, à maioria dos casos registrados envolvem pessoas do sexo masculino, 1006
casos (77,1%), apenas 300 dos registros (22,9%) envolviam pessoas do sexo feminino. Observou-se
que de 2012 a 2016 houve um aumento de 27,4% das notificações no Estado, aumento maior que a
média do País (9,7%), o que demonstra a necessidade urgente de que medidas de prevenção sejam
tomadas pelos órgãos de saúde pública ou de educação, a fim de conter e/ou minimizar a ocorrência
de suicídio no Estado. Ademais, os dados apresentados servem de alerta a toda sociedade no
diagnóstico precoce de situações de risco que possam levar alguém ao suicídio.

29
ANÁLISE DO pH DE POLPAS DE FRUTAS TROPICAIS CONGELADAS
COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPiO DE TERESINA, PIAUÍ

Autores: Isadora da Cruz de Sousa Marques¹; Gabriela Leal de Carvalho Lopes¹; Letícia Drielly
Pereira de Sousa¹; Marcos Vitor Rosa Ferreira3; Emília Ordones Lemos Saleh²; Francielle Alline
Martins³

E-mail para correspondência: isadoramarques800@gmail.com

Instituições: ¹Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
MicologiaTeresina/ PI; ²Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/
CCN/Laboratório de Fisiologia Vegetal/Teresina/PI; ³Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta
Torquato Neto/ CCN/Laboratório de Genética/Teresina/PI

Palavras-chave: Acidez; erosão dentária; polpa congelada

A comercialização de polpas de frutas congeladas cresce a cada ano, o Brasil destaca-se pelo fato de
ser o maior produtor, embora a produção esteja concentrada em poucas espécies frutíferas. O
consumo exagerado de bebidas ácidas é um fator extrínseco para erosão dentária na infância. Cada
polpa de fruta deve possuir as características físicas, químicas e sensórias provenientes do fruto de
origem, observando-se os limites mínimos fixados pelo Decreto Nacional de nº 6.871/2009. Este
trabalho teve como objetivo avaliar o pH de seis marcas de polpa de frutas tropicais congeladas dos
sabores: abacaxi, goiaba, acerola e caju comercializados no município de Teresina-PI. Para cada sabor
foram escolhidas três marcas diferentes entre seis marcas (1, 2, 3, 4, 5 e 6) e cada polpa foi diluída
em água destilada (pH 7) conforme a indicação na rotulagem do produto. A análise de pH foi realizada
em triplicas para as três marcas de cada sabor. Os dados foram tratados estatisticamente através do
Teste de T de Student com 5% de significância para a comparação das médias de pH. As marcas 1 e
2 no sabor abacaxi não diferiram entre si, porém a marca 3 apresentou diferença quando comparada
com as duas e é a marca mais ácida do sabor. Para o sabor acerola todas as marcas diferiram entre si
com relação ao pH, todavia a marca 5 estava mais ácida. Em relação ao sabor caju, houve distinção
entre o pH da marca 3 e o pH das marcas 5 e 6, porém entre as duas não houve diferença estatística e
estavam com o pH abaixo do determinado pelo Decreto, que é de 3,80 para polpa de caju. Para o
sabor goiaba, as marcas 1 e 2 estavam com a média de pH diferente entre si e a marca 5 não apresentou
diferença entre as duas marcas, sendo a marca 2 com acidez maior. Portanto é necessária uma
fiscalização mais rigorosa por conta dos estabelecimentos comerciais que adquirem polpas de frutas
congelas para revenda e uma preocupação maior dos fabricantes quanto à qualidade das polpas de
frutas que estão sendo produzidas.

30
COMPARAÇÃO DOS VALORES DE pH DO SUCO DE CAJU INDUSTRIALIZADO E
NATURAL

Autores: Jefferson Railson dos Santos Cruz; Andreza de Maria Silva Pires; Isaac Regis Carvalho
Sena; Juniel Marques de Oliveira; Sarah de Moura Pires; Emília Ordones Lemos Saleh.

E-mail para correspondência: jeferson.railson05@gmail.com

Instituição: Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Biologia Vegetal (LABIOVEG) / Teresina/ PI.

Palavras-chave: Acidez; Polpa de Caju; Pseudofruto

O cajueiro é uma espécie frutífera cultivada em muitos estados do Brasil, principalmente na região
Nordeste. O caju é utilizado na preparação de sucos e fabricação de doces, possui bastante acidez e é
rico em vitamina C. Devido ao grande consumo alimentício, o pH (Potencial Hidrogeniônico) neutro
é de grande importância nos alimentos, pois propicia uma boa digestão dos alimentos e
aproveitamento dos nutrientes e vitaminas. Assim, objetivou-se avaliar os sucos de caju
industrializados: de “caixinha” e de pacote em pó, além da polpa industrializada e o suco natural da
fruta, por meio da determinação do nível de acidez de cada amostra. Foram utilizados três pacotes de
suco de caju em pó, três caixinhas de suco, três polpas congeladas, cada amostra de uma marca
distinta, e o suco de três frutas naturais de caju. As amostras foram adquiridas em mercados na cidade
de Teresina-PI. Após a preparação do suco de acordo com a recomendação do fabricante, mediu-se o
pH de todas as amostras, com auxílio do pHmetro, no Laboratório de Biologia Vegetal (LABIOVEG)
da UESPI. Após a coleta dos dados, foi realizada a ANAVA e feita a comparação das médias pelo
teste estatístico T de Student. Os resultados obtidos após a análise mostraram que o pH do suco da
fruta natural foi de 4,54, enquanto os valores para os demais sucos foram: pacote em pó pH 4,13;
polpa de fruta pH 3,93; caixinha pH 3,50. Portanto, conclui-se que o pH do suco de caixinha é o mais
ácido, o que acaba dificultando o aproveitamento dos nutrientes e vitaminas, podendo prejudicar a
saúde do organismo, em relação ao suco de fruta natural, que apresentou a menor acidez.

31
EFEITO ALELOPÁTICO DE EXTRATOS AQUOSOS E ETANÓLICOS DE FOLHAS DE
AROEIRA (Schinus terebinthifolius Raddi)

Autores: Liliana Soares de Carvalho1; Gabriela Leal de Carvalho Lopes1; Letícia Drielly Pereira de
Sousa1; Samara Isabelly do Nascimento Ribeiro1; Emília Ordones Lemos Saleh2

E-mail para correspondência: lilianasoares852@gmail.com

Instituição: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Curso de
Bacharelado em Ciências Biológicas Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta
Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de Biologia Vegetal/ Teresina/ PI

Palavras-chave: alelopatia; germinação; sementes

A alelopatia é o efeito provocado por uma planta sobre outro organismo, seja de forma positiva ou
negativa, causado pela liberação no ambiente de compostos do metabolismo secundário. Esse efeito
tem importância na ecologia das espécies e possui diversas utilizações na agricultura. A aroeira
(Schinus terebinthifolius Raddi) é uma espécie nativa do Brasil que produz uma variedade de
aleloquímicos, incluindo componentes de óleos essenciais, que tanto inibem a germinação de
sementes, quanto o crescimento de plantas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
influência dos extratos aquosos e etanólicos de folhas de aroeira na germinação de sementes de alface,
em condições de laboratório. Para a realização do experimento, utilizaram-se folhas frescas de aroeira
para a obtenção de extrato aquoso, fervido ou não, e de extrato etanólico (70%), nas concentrações
de 0%, 5% (5g/100ml) e 10% (10g/100ml). Os extratos foram adicionados a placas de Petri com 25
sementes de alface em cada placa, com 10 repetições de cada tratamento. As placas com as sementes
foram mantidas em câmara de germinação durante 3 dias, com temperatura de 25 ±1 °C e fotoperíodo
de 16h de luz. Os dados foram analisados estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott a 5% de
significância utilizando o Programa SISVAR. Verificou-se que os extratos de aroeira apresentaram
ação alelopática comprovada pela redução da germinação das sementes de alface. O extrato aquoso a
10%, não fervido, apresentou a maior inibição de germinação, com apenas 16% das sementes de
alface germinadas. Os tratamentos: aquoso a 5% não fervido, aquoso a 10% fervido e os extratos
etanólicos a 5 e 10% reduziram a germinação para 78%, em média. Apenas o extrato aquoso a 5%
fervido não apresentou atividade alelopática; este foi semelhante ao controle (0%), com valores de
germinação acima de 90%. Os resultados permitem concluir que o extrato de folhas frescas de aroeira
possui atividade alelopática sobre as sementes de alface.

32
TRABALHOS COMPLETOS

33
A FAMILIA ARACEAE JUSS. NO CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, TERESINA -PI

Autores: Lorran André Moraes¹; Joana Darc Costa Pereira²; Karen Veloso Ribeiro³; Francisco
Soares Santos Filho4

E-mail para correspondência: joanadarcc21@hotmail.com

Instituições: 1Pós-graduanda em Ciências Ambientais e Conservação da Natureza -FAMEP; 2


Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal do Piauí/UFPI; ³
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal do Piauí/UFPI.
Orientador e Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente -
Universidade Federal do Piauí/UFPI / Professor Associado II da Universidade Estadual do
Piauí/UESPI.

Palavras-chave: Araceae; Botânica; Flora Nativa.

Introdução
A família Araceae Juss. é popularmente conhecida por seu potencial ornamental e sua
importância paisagística devido a sua diversidade de folhagens que fazem com que a mesma seja
considerada como uma das mais belas do reino vegetal (BOYCE; CROAT, 2014). Ela pertencente ao
grupo das monocotiledôneas, possui distribuição cosmopolita, sendo predominantemente
característica de regiões tropicais e subtropicais da América, África, Arquipélago Malaio, Ilhas
Seychelles, Madagascar e Sudoeste da Ásia (MAYO et al., 1997).
Atualmente, Araceae Juss. está distribuída em 9 subfamílias, 125 gêneros e,
aproximadamente, 3550 espécies (BOYCE; CROAT, 2016). No Brasil, a família está presente em
todo o território nacional, com 511 espécies pertencentes a 38 gêneros. Ao todo 264 espécies e seis
gêneros são endêmicas. A região Nordeste compreende 124 espécies e 27 gêneros, sendo deste total,
15 espécies e 11 gêneros ocorrentes no Piauí (COELHO et al., 2019). Além disso, é representada por
uma variedade de formas de vida, tais como: epífitas, aquáticas, hemiepífitas, hemiparasitas, rupícola
e terrícola (COELHO et al., 2019), o que confere grande potencial de colonização de habitats
diferentes.
No Brasil, alguns estudos relacionados ao levantamento florísticos dessa família foram
realizados, como: Espécies de Araceae ocorrentes no Morro do Convento da Penha, município de
Vila Velha-ES (VALADARES et al., 2012); Araceae aquáticas ocorrentes no município de Parnaíba,
Piauí (FREITAS et al., 2013); Levantamento florístico das Araceae epífitas em uma área de Mata
Atlântica da Serra do Guararu, Guarujá, SP (OLIVEIRA et al, 2013); O gênero Philodendron
(Araceae) no Estado do Paraná (BUTURI et al., 2016); A Família Araceae Juss. nas restingas do
Estado do Espírito Santo (VALADARES; SAKURAGUI, 2016) e Flora de Araceae das cangas da
Serra dos Carajás, Pará (COELHO, 2018), entre outros.
Em geral, no Brasil, existem números consideráveis de estudos voltados para levantamentos
florísticos realizados em Universidades, porém, ainda não se tem dados com esse viés dirigido
exclusivamente para a família botânica Araceae Juss. Por esta razão, e considerando a importância
desta família em projetos de arborização e ornamentação no Campus de Instituição de Ensino
Superior (IES), objetivou-se com a pesquisa realizar o levantamento florístico das espécies da família
Araceae Juss. utilizadas na arborização e ornamentação das áreas construídas do Campus Ministro
Petrônio Portela, Universidade Federal do Piauí - UFPI.

Metodologia
Área de estudo, coleta e análise dos dados
O estudo foi feito na Universidade Federal do Piauí (UFPI), localizada no Bairro Ininga,
Teresina, Piauí. Para o levantamento das espécies da família Araceae Juss., foram procedidas visitas
34
exploratórias durante os meses de abril a julho de 2019, a fim de verificar a flora usada na arborização
e ornamentação dos espaços verdes das áreas construídas do campus da IES.
Foram coletados e amostrados todos os indivíduos plantados na IES que se apresentavam em
estágio reprodutivo fértil, seguindo as metodologias e técnicas botânicas usuais especializadas de
autores como Mori et al. (1989) e Peixoto e Maia (2013), para o seu processamento e herborização.
Os espécimes foram identificados in loco, quando possível, mas também por meio de comparações
com materiais testemunhos depositados no Herbário Graziela Barroso (TEPB/UFPI), ou ainda, por
taxonomistas. Chaves analíticas e literatura especializada também subsidiaram o reconhecimento das
espécies, tanto para plantas nativas como exóticas, sendo, as exsicatas, posteriormente incorporadas
na coleção do TEPB, desta IES. Dados sobre o uso das espécies foram pesquisadas em literatura
especializada.
A grafia, a atualização dos nomes das espécies e seus respectivos autores, bem como suas
origens, foram autenticados conforme informações atuais contidas nas bases de dados da Flora do
Brasil 2020 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/), Reflora (http://reflora.jbrj.gov.br/), IPNI (2019)
(https://www.ipni.org/), The Plant List (http://www.theplantlist.org/), MOBOT
(http://www.tropicos.org/), além de literatura específica. A listagem das espécies disponibilizada nos
resultados (Quadro 1) seguiu o ordenamento estabelecido pelo Angiosperm Phylogeny Group - APG
(APG IV, 2016). Em seguida, os dados qualitativos foram analisados e inseridos em planilha do
Microsoft Excel, Subsidiando as discussões desta pesquisa.

Resultados e Discussão
A partir do inventário realizado no Campus Ministro Petrônio Portela foi possível identificar
14 espécies pertencentes a família Araceae Juss, as quais estão distribuídas em nove gêneros,
conforme pode ser visualizado no Quadro 1.

Quadro 1 –Lista de espécies da Família Araceae Juss. localizadas no Campus Ministro Petrônio Portela –
UFPI.

Nome científico Nome vulgar Origem Uso


1- Aglaonema commutatum Schott Café de salão E O (6)
2 - Alocasia macrorrhizos (L.) Schott Orelha de elefante E O (6)
3 - Caladium bicolor (Aiton) Vent. Pinica-pau N O (4)
4 - Caladium x hortulanum Birdsey. Tinhorão E O (7)
5 - Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott Comigo-ninguém-pode N M (8)
6 - Monstera obliqua Miq. Taja brava N O (5)
7 - Monstera deliciosa Liemb. Costela-de-adão E O (9)
8 - Philodendron bipinnatifidum Schott ex Endl. N M (4)
9 - Philodendron hederaceum (Jacq.) Schott Filodendro-brasil N O (10)
10 - Philodendron imbe Mart. ex Engl. N M (3)
11 - Syngonium auritum (L.) Schott Singônia E D
12 - Syngonium podophyllum Schott E D
13 - Zantedeschia aethiopica (L.) Spreng. Copo-de-leite E O (1)
14 - Zamioculcas zamiifolia (Lodd.) Engl. Zamiocúla E O (2)
Legendas. Origem: N=Nativa; E=Exótica. Uso: Ma - Madeira; M - Medicinal; O - Ornamental; D -
Desconhecido. Literatura especializada para uso das plantas: 1. Delunardo (2010); 2. Ribeiro, (2010); 3.
Madaleno (2011); 4. Oliveira (2011); 5. Zanca et al., (2013); 6. Siverio et al. (2014); 7. Silva et al. (2014); 8.
Lobato et al. (2016); 9. Turchetti (2016); 10. Vichiato et al. (2017).

Comparando os resultados com outros levantamentos florísticos desenvolvidos, percebe-se


que os mesmos diferem dos encontrados por Eisenlohr et al. (2008), ao estudar a flora fanerogâmica
do Campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa, Minas Gerais, apresentando
números inferiores (três espécies e três gêneros) ao obtido nessa pesquisa; Leal, Pedrosa-Macedo e
Biondi (2009) ao realizar o censo da arborização do Campus III - Centro Politécnico Da Universidade
Federal Do Paraná (UFPR), com apenas um espécie e um gênero; Silva, Santos e Conceição (2014)
ao verificar a diversidade de plantas ornamentais no Centro de Estudos Superiores de Caxias, da
35
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com três espécies e dois gêneros; e Diegues, Etges,
Santos (2015), ao pesquisar a vegetação em áreas verdes urbanas no Campus do Vale da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde foram encontrados dois gêneros e duas
espécies. Entretanto, assemelhou-se aos levantamentos de Valadares et al. (2012), ao levantar as
espécies de Araceae ocorrentes no Morro do Convento da Penha, município de Vila Velha – ES,
Brasil, com 10 espécies e quatro gêneros; e com o estudo de Buturi et al. (2016), ao pesquisar o gênero
Philodendron (Araceae) no Estado do Paraná, apresentando 13 espécies.
Relativo a origem das espécies de Araceae da UFPI, oito são espécies exóticas, o que
representa 57,1%, enquanto seis são nativas ou 42% (Figura 1).

Figura 1. Origem das espécies da família Araceae da UFPI.


Origem das espécies
10
8 57,1%
6 42,9%
4 Nativas
2 Exóticas
0
Nativas Exóticas
Espécies 6 8

Fonte: Autores (2019).

Os resultados relacionados a origem das espécies deflagraram-se preocupante, tendo em vista


que espécies exóticas contribuem para a perda da biodiversidade global e para o desequilíbrio
econômico e social (MCNEELY et al., 2001). De acordo com Matos e Queiroz (2009), desde o
período da colonização que estas espécies vêm sendo introduzida no Brasil, no entanto, Heiden (2006)
destaca a necessidade de substituição destas por espécies nativas, uma vez que estas reduzem os
impactos gerados.
As espécies pertencentes a família Araceae Juss são conhecidas por apresentarem diferentes
formas de usos, podendo ser utilizadas como fitoterápicos, na alimentação e, principalmente, na
ornamentação, sendo consideradas importantes economicamente, devido a beleza de suas folhagens
exuberantes, assim como ecologicamente, em florestas tropicais (RIBEIRO et al., 1999; COELHO,
2000). Além disso, elas são admiráveis por apresentarem grande variedade de morfologias e hábitats,
o que favorece a sua distribuição em grande parte do globo terrestre (KEATING, 2000).
No tocante ao uso das espécies inventariadas, nove espécies possuem características
ornamentais e três medicinais, de acordo com a literatura (Quadro 1). Duas delas possuem uso
desconhecido. Alguns gêneros merecem destaque, como: Dieffenbachia que devido ao seu potencial
ornamental são frequentemente encontradas em locais públicos e em residências, e também em
ambientes internos por apresentar uma adaptação a ambientes com baixa luminosidade (CARNEIRO
et al., 1985; SIMÕES et al., 2004). Para o Brasil são conhecidas 22 espécies (LEFB, 2019). O gênero
é considerado tóxico tanto para plantas como para animais, logo é importante ter conhecimento prévio
sobre os mecanismos de toxicidade de plantas deste gênero.
Outro gênero que merece destaque é o Philodendron, considerado o segundo maior gênero da
família Araceae, com cerca de 700 espécies distribuídas pelo mundo. No Brasil são reconhecidas 168
espécies (GAUTHIER, 2008; LEFB, 2019). As espécies deste gênero são comumente usadas na
medicina popular, podendo ter diversas atribuições, como: antiparasitário, antihidrópico e
adstringente, bactericida, diurético e purgativo (COELHO, 2000; FEITOSA, 2007).
O gênero Caladium também merece realce, sendo representado por espécies nativas da
América do Sul, estando presentes nas regiões norte da Argentina e do Brasil, além de regiões
neotropicais da América Central (SANTOS, 2011). Segundo Lefb (2019), existem nove espécies
deste gênero descritas para o Brasil. Geralmente, são cultivadas como plantas ornamentais, devido

36
ao encanto de suas folhagens, que apesar de ser tóxica, também é utilizada como bioadsorventes de
metais pesados em águas residuais (HORSFALL JNR et al., 2005; 2006).
O número de espécies da família Araceae Juss. encontradas no Campus Ministro Petrônio
Portela é relevante, quando aferido com outros levantamentos feitos para essa mesma família, todavia,
a sua utilização merece atenção, sobretudo quando destinadas para fins de arborização, em virtude de
sua elevada toxicidade, tendo em vista que, de acordo com a Lei Municipal 2.798 de 08/07/1999 que
trata da regulamentação e monitoramento da vegetação arbórea na zona urbana de Teresina, tais
espécies deverão ser desprovidas de princípios tóxicos (SEMAM, PI, 2019), como disposto em seu
artigo 7º.

Conclusão
Esse estudo contribuiu como o primeiro levantamento de espécies da família Araceae Juss.
em Universidades do Brasil, sendo que o Campus Ministro Petrônio Portela – UFPI, apresentou um
número considerável de espécies e gêneros, quando comparado a outros trabalhos de levantamento
florístico da família Araceae, de forma geral. Outro dado a ser considerado é que essa pesquisa pode
servir de subsídio para projetos futuros que visem a melhoria da arborização do Campus, além de
auxiliar no conhecimento sobre a importância dessa família, de suas características e usos potenciais.

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40
CULTIVO DE MUDAS DE MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) EM SUBSTRATOS
COMERCIAL E NATURAL NO SUL DO PIAUÍ

Autores: Paloma Pereira de Sousa1; Aléxia Torres Magalhães da Cunha1; Darleano Borges da
Costa2; Gustavo Neres da Silva3; Liliane Pereira Campos4.

E-mail para correspondência: palomabiosousa@gmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado Jesualdo Cavalcanti Barros/


Acadêmica em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas/ Corrente/ PI; 1Universidade Estadual do
Piauí/ Campus Deputado Jesualdo Cavalcanti Barros / Acadêmica em Licenciatura Plena em
Ciências Biológicas /Corrente/PI; 2Uiversidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado Jesualdo
Cavalcanti Barros / Bacharel em Agronomia/UESPI/Pós graduação em Geooreferenciamento de
Imóveis Rurais- ITCO/MBA Perícia Auditória e Gestão Ambiental no IPOG/ Monte
Alegre/PI;3Uiversidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado Jesualdo Cavalcanti
Barros/Acadêmico do Curso de Agronomia; 4Universidade Estadual do Piauí/ Campus Deputado
Jesualdo Cavalcanti Barros/Doutora em Agronomia e Professora da Universidade Estadual do
Piauí-UESPI

Palavras-chave: Frutífera de Cerrado; Nutrição vegetal e Substratos Orgânicos.

Introdução
A mangaba; (Hancornia speciosa Gomes) é uma fruta nativa do Brasil, sendo distribuída na
América do Sul nós seguintes países: Peru, Bolívia e Paraguai. Apesar de sua importância econômica
no brasil, sendo o IBGE 2007, anualmente são coletadas 1.222 toneladas de polpa de mangaba para
fornecer o mercado nacional. A polpa da mangaba é rica em proteínas, sais minerais e açúcares sendo
uma alimento que apresentar sabor marcante o que elevar o seu valor para nas indústrias alimentícias,
não há variedades comerciais dessa espécie, que estejam domesticadas pelo homem e a sua produção
ainda é predominantemente extrativista (GANGA et al., 2010). No Brasil ela é encontrada em
diferentes regiões principalmente nos tabuleiros costeiros e planícies litorais costeiras na região
Nordeste, em regiões sob Cerrado no centro-oeste, e em pequena quantidade nas regiões norte e
sudeste do país (AMORIM et al., 2017).
A mangabeira pertence à classe Dicotyledoneae, ordem Gentianales, família Apocynaceae,
gênero Hancornia e à espécie speciosa e possui seis variedades botânicas diferentes: H. speciosa
var. cuyabenses, H. speciosa var. gardneri, H. speciosa var. lundii, H. speciosa var. maximiliani, H.
speciosa var. pubescens e H. speciosa var. speciosa (LÉDO et al., 2015). A variedade com maior
predominância encontra-se na região nordeste é a variedade speciosa (SILVA JÚNIOR; LÉDO,
2011). A devastação das mangabeiras nativas tem aumentado significativamente em todas as áreas
que a planta é nativa a região Nordeste é a mais afetada por essa devastação. Esse fato vem de
contramão com a alta demanda da fruta nas indústrias locais de polpa para o seu uso em fabricação
de derivados, a espécie tem sofrido uma acelerada erosão genética uma das principais razões e
expansão imobiliária na faixa litorânea e a monocultura da cana-de-açúcar nos tabuleiros.
De acordo com KAMPF (2000), um substrato de boa qualidade é determinante para que tenha
um bom plantio e uma colheita satisfatória. O substrato deve ser formado de solo mineral ou orgânico
ou ainda de diversos materiais, constituindo assim uma mistura e, deve apresentar um equilíbrio
adequado entre umidade e aeração; poroso o suficiente para permitir trocas gasosas eficientes; livre
de patógenos ou microrganismos saprófitos e de baixa densidade para atender as necessidades da
planta.
A mangabeira pode atingir de 2 a 10 metros de altura, copa irregular, caule com até três
bifurcações, toda a extensão da planta libera um látex de cor branca, flores brancas com um
agradável cheiro seu fruto e de cor amarelo com pequenas manchas na casaca, polpa carnosa e cada
fruto pode possui de 2 a 30 sementes. Sua propagação na natureza ocorre por meio de dispersões de
41
suas sementes por pequenos animais, já para que a propagação ocorra de forma artificial tem três
métodos usados: Sementes, enxertias e germinação em vitro.
A falta de conhecimento sobre a cultivo da mangaba em condições que suas mudas sejam
feitas à base de substratos comerciais e naturais ainda é bastante limitada para o clima e solos
característicos do Piauí (IBRAF, 2013). Dessa forma se tornado um limitador da exploração
comercia dessa cultura em grande escala no Estado. Diante do exposto, o presente trabalho tem
como objetivo avaliar o crescimento da cultura da mangabeira sob aplicação de doses de substrato
comercial e natural, em Latossolo piauiense.

Metodologia
O experimento foi conduzido na cidade de Monte Alegre-PI, na Fazenda Touro Forte,
localizado dentro da área urbana (453m de altitude, 9°42'22.39” S de latitude sul e 45º15'40 O de
longitude oeste); as sementes obtidas para a realização do experimento foi proveniente da doação á
UESPI, pela empresa responsável da construção do Parque Solar que encontra-se no município de
São Gonçalo-PI. O clima de acordo com Köppen (1936) é o tropical chuvoso (Aw’), com temperatura
média anual de 25 º C e precipitação média anual de 1051 mm.
As mudas da mangaba foram levadas ao laboratório de solos da Universidade Estadual do
Piauí, Campus Deputado Jesualdo Cavalcanti onde foram analisados os respectivos critérios adotados
aos 90 dias após a semeadura bem como os seguintes parâmetros: Altura da planta (H): realizada
com auxílio de régua graduada em cm, medida da base do caule até o ápice meristemático;
Comprimento das raízes (CR): medida a partir da área de inserção do caule a raiz ao ápice radicular
com auxílio de régua graduada em cm; Diâmetro do caule (DC): medido a 0,5 cm do colo da muda
com o uso de paquímetro manual; Área Foliar Total (AFT): foram medidas todas as folhas por meio
do método de estimativa proposto por BARROS et al. (1973) que utilizaram como padrão o método
gravimétrico descrito por KEMP (1960). Formula: ÂF = 0,667 x C x L; Onde: AF = área foliar; C =
comprimento da folha e L = Largura da folha; Número de folhas (NF): obtido pela contagem direta
de folhas expandidas presente na planta; Massa seca da parte aérea e raiz (MSPA e MSR); a massa
seca da raiz e da parte aérea foi obtida após secagem em estufa de circulação forçada de ar a 60 º C,
até atingirem peso constante, procedendo, em seguida, à pesagem em balança analítica; Massa seca
total (MST): obtida após uma secagem em uma estufa de circulação forçada de ar a 65 °C, até
atingirem peso constante, procedendo, em seguida, a pesagem em balança analítica; Massa fresca
Total (MFA): colhidas e pesadas em uma balança analítica de precisão.

Resultados e Discussão

Tabela 1. Resultados da análise de variância (teste F) dos parâmetros da produção de mudas de mangaba em
substrato comercial e natural: número de folhas, comprimento da parte aérea (CPA), comprimento radicular
(CR) e diâmetro do caule (DC) e comprimento total (CT).
TRATAMENTO Nº DE CPA CR DC CT
FOLHAS (cm) (cm) (mm)

T1 8,4 a 14,6 a 7,0 a 0,1 a 22,0 a

T2 7,6 a 10,7 a 6,5 a 0,1 a 16,3 a

F 1,1 7,2 0,1 1,0 2,6

CV (%) 14,5 21,7 25,2 0,0 28,6

C.V. = coeficiente de variação; n.s.: não significativo (P > 0,05); Médias seguidas pela mesma letra na coluna,
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. T1 =100% substrato
comercial; T2 = (50% areia + 50% solo) substrato natural.

42
Resultados diferentes foram encontrados por SILVA et al., (2009) ao comparar o
desenvolvimento das folhas de mangaba cultivadas em substratos comercial (Plantmax) e natural
(associado ao esterco bovino). Os autores constataram que as folhas da mangaba se desenvolveram
melhor em substrato natural devido às características químicas ser favoráveis à eficiência
fotossintética da planta, juntamente com a condição de cultivo e a quantidade de energia luminosa.
Percebe-se então que para os substratos avaliados neste experimento (Tabela 1), os mesmos podem
ter tido baixa eficiência quanto à taxa fotossintética das mudas de mangaba.
No comprimento da parte aérea (CPA) foi observado efeito não significativo entre os
tratamentos avaliados (Tabela 1). De acordo MARTINS FILHO et al, (2007), para que haja
crescimento e desenvolvimento da copa da muda nutrida por substrato, o mesmo deve atender a
todos os requisitos necessários que a planta necessita, principalmente em seu sistema radicular que
será um fator determinante para o bom desenvolvimento da plântula pois é através dele que os
nutrientes, água e sais mineiras são transportadas para toda a extensão da planta.
Observou-se que não houve diferença significativa entre os substratos quanto ao
comprimento radicular (CR), conforme Tabela 1. Segundo SILVA et al., (2001) o substrato só afeta
o crescimento de raiz se sua composição tiver a capacidade de disponibilizar os nutrientes favoráveis
ao seu desenvolvimento, principalmente quanto à influência hormonal. Estudos sobre a avaliação
em plantas de Cerrado como a mangaba (SILVA et al., 2009) e a cagaita (SOUZA et al., 2000)
cultivadas em substratos comerciais e orgânicos tem demonstrado nenhuma influência desses
materiais quanto ao crescimento de raízes. Isso coloca em evidência a necessidade de mais estudos
específicos.
Para a avaliação do desenvolvimento do diâmetro do caule (DC) não houve efeito
significativo a partir dos tratamentos. Segundo SOUZA et al. (2006), o diâmetro do colo e a altura
são fundamentais para a avaliação do potencial de sobrevivência e crescimento no pósplantio de
mudas de espécies nativas. Segundo os autores, dentro de uma mesma espécie, as plantas com maior
diâmetro apresentam maior sobrevivência, por apresentarem capacidade de formação e de
crescimento de novas raízes. Isso ocorre por conta da reserva de nutrientes que a planta possui em
toda a extensão do caule. Possivelmente não houve formação de reserva de nutrientes nas mudas de
mangaba, a partir da nutrição por parte dos substratos avaliados (Tabela 1).
Ao analisar o comprimento total (CT) das mudas de mangaba notou-se também a ausência
de efeito significativo (Tabela 1). SILVA et al. (2001) atribui ao nível de fósforo que deve estar
presente em uma maior quantidade em qualquer substrato para que o mesmo possa ser
disponibilizado e estimular o crescimento da parte aérea da planta e principalmente das raízes. Isso
porque o fósforo é um macronutriente com participação direta na ativação enzimática e na formação
inicial de tecidos vegetais que influencia o sistema radicular e todo o comprimento da planta
(GRANT et al., (2001). O nível de fósforo do substrato comercial 200 mg dm-3, sendo este com
resultados semelhantes ao natural (dados não publicados) e cuja composição não influenciou o CT
da mangaba.
Os valores observados para as massas secas e frescas totais das mudas de mangaba (Figura
1) refletem a ausência de efeito não significativo dos parâmetros descritos anteriormente.

43
Figura 1. Massa fresca total (MFT) e seca (MST) de mudas de mangaba produzidas em substrato
comercial e natural. T1 = 100% MEC PLANT; T2 = 50% solo + 50% areia

Conclusão
O uso do substrato comercial MEC PLANT não foi satisfatório na produção de mudas de
mangaba, podendo as mesmas serem cultivadas em substrato natural, sem prejuízo ao seu
crescimento inicial. Substratos orgânicos e comerciais precisam ser melhores avaliados quanto a sua
composição e efeito na nutrição de plantas de mangaba nas condições edafoclimáticas do Piauí.

Referências

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45
LEVANTAMENTO DA FAMÍLIA FABACEAE Lindl. NO CAMPUS MINISTRO
PETRÔNIO PORTELA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ, TERESINA -PI

Autores: Joana Darc Costa Pereira¹; Lorran André Moraes²; Karen Veloso Ribeiro³; Francisco
Soares Santos Filho4

E-mail para correspondência: joanadarcc21@hotmail.com

Instituições: 1Pós-graduanda em Ciências Ambientais e Conservação da Natureza -FAMEP; 2


Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal do Piauí/UFPI; ³
Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal do Piauí/UFPI.
Orientador e Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente -
Universidade Federal do Piauí/UFPI / Professor Associado II da Universidade Estadual do
Piauí/UESPI.

Palavras-chave: Diversidade Vegetal; Espécies Nativas; Florística.

Introdução
O Brasil é considerado um país megadiverso, apresentando 46.097 espécies de plantas, algas
e fungos, possuindo assim, a maior flora do mundo, sendo que 43% desta, é endêmica
(FIORAVANTI, 2016). Quando se trata de biodiversidade a família Fabaceae é uma das que possuem
o maior número de organismos vegetais do planeta, reconhecida como a terceira maior família de
angiospermas, com 770 gêneros e 19.500 espécies (LPWG, 2017). Atualmente, compreende seis
subfamílias: Caesapinioideae DC. (onde está incluido o clado Mimosoideae DC), Cercidoideae
LPWG, Detarioideae Burmesist., Dialiodeae LPWG, Duparquetioideae LPWG e Papilionoideae DC,
sendo esta última, responsável pelo maior número de gêneros e espécies (LPWG, 2017).
Essa família possui ampla distribuição no País, na qual já foram catalogadas, até o momento,
2845 espécies e 222 gêneros, sendo, respectivamente, 1508 e 15 endêmicas (LEFB, 2019). Ocorre
em todos os domínios fitogeográficos brasileiros, sendo a riqueza de espécies distribuída nos biomas
Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal (BFG, 2015; LIMA et al., 2015; DRYFLOR,
2016). Para a região Nordeste, foram catalogadas 1105 espécies e 170 gêneros (BFG, 2015). Destas
para o estado do Piauí são conhecidas 372 espécies e 94 gêneros (LEFB, 2019).
A família Fabaceae Lindl. possui distribuição cosmopolita sendo encontrada em todas as
variedades de relevo, desde floresta tropicais úmidas e secas até os desertos. As espécies dessa família
possuem uma variedade de usos, tais como: ornamentação, medicinal, madeireira, forragens e
adubação, mas também podem ser utilizadas na arborização para a recuperação de áreas degradadas,
sendo, portanto, importantes economicamente (SOUZA; LORENZI, 2012). De acordo com Lewis et
al. (2005), quando se trata de importância econômica, a mesma fica em segundo lugar, perdendo
apenas para a família Poaceae.
Diante da variedade de espécies e usos para Fabaceae, existem poucos trabalhos de
levantamentos florísticos em Universidades voltados para esta família, onde podem ser citados os
trabalhos da Universidade Federal do Amapá (GAMA et al., 2013) e da Universidade Federal de
Santa Maria (SILVA; LOCATELLI; ESSI, 2013). Os levantamentos florísticos são essenciais para o
conhecimento da flora de uma determinada área ou região, assim, objetivou-se com a pesquisa
inventariar as espécies da família Fabaceae Lindl., presentes nas áreas construídas da Universidade
Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portela, bem como sua origem e formas de uso.

Metodologia
Área de estudo, Coleta e análise dos dados
Este estudo ocorreu no Campus Ministro Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), ocalizada no Bairro Ininga, Teresina, Piauí. Para o levantamento das espécies da família
Fabaceae Lindl., utilizadas na arborização e ornamentação dos espaços verdes das áreas construídas
46
do campus da IES supracitada, realizou-se visitas exploratórias durante os meses de abril a julho de
2019.
Foram coletados e amostrados todos os indivíduos plantados na IES, que se apresentavam em
estágio reprodutivo fértil, segundo as metodologias e técnicas botânicas usuais especializadas (MORI
et al., 1989; PEIXOTO; MAIA, 2013). Os espécimes foram identificados in loco, quando possível,
como também por meio de comparações com vouchers depositados no Herbário Graziela Barroso
(TEPB), na Universidade Federal do Piauí (UFPI), ou ainda, por taxonomistas. Chaves analíticas e
literatura especializada também subsidiaram o reconhecimento das espécies, tanto para plantas
nativas como exóticas, sendo, as exsicatas, posteriormente incorporadas na coleção do Herbário
supramencionado, desta IES. Dados sobre o uso das espécies foram pesquisadas em literatura
especializada. A grafia, a atualização dos nomes das espécies e seus respectivos autores, bem como
suas origens, foram autenticados conforme informações atuais contidas nas bases de dados da Flora
do Brasil 2020 (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/), Reflora (http://reflora.jbrj.gov.br/), IPNI (2019)
(https://www.ipni.org/), The Plant List (http://www.theplantlist.org/), MOBOT
(http://www.tropicos.org) e em literatura especializada. A listagem das espécies disponibilizada
(Tabela 1) seguiu o reagrupamento estabelecido pelo Angiosperm Phylogeny Group - APG (APG IV,
2016).
Em seguida, os dados qualitativos obtidos foram analisados e tabulados em planilha do
Microsoft Excel, os quais subsidiaram as discussões da pesquisa, a partir da construção de gráficos e
tabelas.

Resultados e Discussão
A família Fabaceae Lindl. do Campus Ministro Petrônio Portela está representada por 20
espécies e 18 gêneros (Quadro 1).

Quadro 1. Lista de Espécies da Família Fabaceae encontradas no Campus Ministro Petrônio Portela – UFPI.
Nome científico Nome vulgar Origem Uso
1-Adenanthera pavonina Linnaneus Olho de pombo E MA (1)
2-Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart N UD
3-Anadenanthera colubrina (Vell) Brenan Angico preto N M (5)
4-Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Angico branco N O (4)
5- Bauhinia forficata Link Pata de vaca N UD
6-Cassia fistula L. Chuva de Ouro E O (9)
7-Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw. Flamboyanzinho E O (7)
8-Cenostigma macrophyllum Tul. Caneleiro N O (3)
9-Clitoria fairchildiana R.A. Howard Sombreiro N O (10)
10-Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. Flamboyant E O (6)
11- Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Orelha de macaco N O (4)
12-Hymenaea courbaril L. Jatobá N MA (4)
13- Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Leucena E O (9)
14 - Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz var. ferrea Pau -ferro N MA (4)
15 -Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis Pau Brasil N O (8)
16 -Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula N O (5)
17 - Samanea tubulosa (Benth.) Barneby & J.W.Grimes Bordão de velho E MA (4)
18 - Senegalia bonariensis (Gillies ex Hook. & Arn.) Seigler & Ebinger Unha de gato N UD
19 - Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose Espinheiro N O (5)
20 - Tamarindus indica L. Tamarindo E A (4)
Legendas. Origem: N= nativa; E= exótica. Uso: MA= madeira; M= medicinal; O= ornamental; UD= uso
desconhecido. Literatura especializada para uso das plantas: 1. Ribeiro et al. (1999); 2. Lorenzi (2002); 3.
Machado (2006); 4. Inpa (2009); 5. Silva et al. (2012); 6. Silva et al. (2014); 7. Silverio et al. (2014); 8. Lobato
et al. (2016); 9. Turchetti (2016); 10. Felix et al. (2017).

De forma geral, o número de espécies obtidas na UFPI diferiu do observado no campus II da


Faculdades Integradas de Santa Fé (FUNEC); Campus ESEFID da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRS); Campus do Vale (UFRGS); Centro Universitário UNIVATES; Universidade
47
Federal do Maranhão (UFMA); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP); Campus Poeta Torquato Neto (UESPI), Centro de estudos Superiores de Caxias, da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), nos quais foram encontradas 15, 14, 13, 11, 10, 7, 4,
2 espécies/11, 11, 11, 10, 9, 6, 3, 2 gêneros, respectivamente (COSTA; MACHADO, 2009; SOUZA;
PAIVA, 2014; BICA; GONÇALVES; JASPER, 2013; DIEGUES; ETGES; SANTOS, 2015;
NUNES; LEITE, 2016; MITSUMORI et al., 2017). No entanto, os resultados se assemelharam aos
encontrados na Universidade Federal de Viçosa (UFV), Campus de Patos da Universidade Federal
de Campina Grande (UFPB), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal
do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Amapá (UFAP), onde foram encontradas 31, 26 , 23,
23, 20 espécies/24, 21, 16, 15 gêneros, respectivamente (LEAL et al., 2009; BRIANZEZI et al., 2013;
GAMA et al., 2013; SILVA; LOCATELLI; ESSI, 2013; CABREIRA; CANTO DOROW, 2016;
SOUSA et al., 2019).
Esses dados podem ser atribuídos ao fato da família ter muitas espécies de ampla distribuição.
Além disso, suas espécies possuem beleza exuberante, com inflorescências vistosas e cores vivas, a
arquitetura de suas copas colabora para o fornecimento de sombra, entre outros fatores que
contribuem para que as mesmas sejam inseridas em projetos de arborização (EISENLOHR et al.,
2008), além de serem de fácil dispersão, considerando a estrutura dos seus frutos. Além disso, existem
diversas espécies dessa família que realizam associações simbióticas com bactérias, realizando dessa
forma a fixação do nitrogênio e garantindo a fertilidade do solo (JUDD et al., 2009; MIOTTO, 2011).
Com relação a origem das espécies de Fabaceae da UFPI, 13 são nativas do Brasil e 7 são
exóticas. A predominância de espécies nativas é importante em qualquer projeto de paisagismo, uma
vez que colaboram para a manutenção da biodiversidade e identidade local. Dessa forma, quando não
é feito um bom de planejamento de arborização, introduzindo-se espécies exóticas invasoras, sérios
desequilíbrios podem ser ocasionados ao meio, tendo em vista que estas ameaçam os habitats e
ecossistemas, em razão de possuírem disseminação descontrolada, o que contribui para a diminuição
da diversidade de espécies locais, gerando, consequentemente, impactos ambientais, sociais,
econômicos e culturais.
Com o objetivo de tornar a paisagem brasileira semelhante a da Europa, as espécies exóticas
começaram a ser introduzidas no Brasil, desde o período colonial (MATOS; QUEIROZ, 2009).
Conforme Mcneely et al. (2001), espécies exóticas são consideradas a segunda maior ameaça a
biodiversidade global, contribuindo assim, para o desequilíbrio social e econômico, além de poder
afetar a saúde humana. Para Heiden et al. (2006), a nova tendência do paisagismo moderno seria a
substituição de espécies exóticas por nativas da região, isso porque as espécies nativas contribuem
para a redução do impacto ambiental, todavia, existe uma escassez de dados quanto a demanda por
espécies nativas, sendo possível afirmar que o seu desígnio para utilização em projetos paisagísticos
ainda não é atendido pelo setor produtivo.
Quanto ao uso no meio científico das espécies de Fabaceae presentes no Campus (Quadro 1),
tem -se que a ornamental é a que apresenta a maior quantidade de citação (55%), seguido da
madeireira (5%) e medicinal (5%). Assim, percebe-se que as plantas desta família podem ser
utilizadas para fins diversos, a citar: alimentícios, forragens, medicinais, madeireiros e ornamentais.
Com isso, sugere-se que a gestão da IES, implemente mais espécies dessa família, em especial as
frutíferas, com o intuito de aumentar a biodiversidade da avifauna e mastofauna, pois além de
fornecerem alimentos ofertam abrigo também.

Conclusão
Depreende-se que a família Fabaceae Lindl. apresentou número variado de espécies na
Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portela. Acrescenta-se, ainda, que esse
estudo é pioneiro na realização de inventário de espécies da família botânica Fabaceae a ser
desenvolvido em uma IES no Estado do Piauí, o que pode subsidiar informações importantes para o
órgão gestor das áreas verdes da IES, no tocante as espécies presentes no Campus, seus usos, origem
e recomendações. Esses dados, portanto, poderão contribuir em ações corretivas futuras da IES, em

48
relação as espécies aqui amostradas, de modo a propiciar uma ambientação local satisfatória para a
conservação e preservação da biodiversidade vegetal e para a comunidade universitária.

Referências

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51
AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS E OCUPACIONAIS: ESTUDO DE CASO EM
UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA DE ESPECIALIDADE EM REABILITAÇÃO,
TERESINA -PI

Autores: Beatriz Bacelar Barbosa¹; Mariane Larissa da Silva Nascimento²; Lorran André Moraes³;
Sara Zilanda Lima da Silva 4

E-mail para correspondência: beatrizbacelar_@hotmail.com

Instituições: 1 Mestranda em Biodiversidade, Ambiente e Saúde-PPGBAS- Universidade Estadual


do Maranhão/ Campus Caxias -MA; 2Universidade Federal do Piauí/ Campus Ininga/
CCN/Teresina/PI; ³Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal do
Piauí/PRODEMA, Teresina/PI; 4 Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade
Federal do Piauí/PRODEMA, Teresina/PI

Palavras-chave: Riscos, Saúde, Trabalho.

Introdução
O avanço tecnológico a partir da revolução industrial permitiu que a produção aumentasse e
que houvesse uma modificação severa do ambiente de trabalho. Diante disso, o trabalhador ficou
exposto a riscos dantes inexistentes ou pouco significativos, em consequência disso eleva-se a
quantidade de acidentes de trabalho. No Brasil, o cenário acompanhou o que ocorria no mundo, com
aumento expressivo de acidentes de trabalho. Atualmente é grande a quantidade de acidentes
ocorridos, como pode ser observado no Anuário Estatístico da Previdência Social, onde mostra que
no período entre os anos de 2004 a 2008, a quantidade de acidentes foi de 465.700 para 755.980
(CAMANHO, 2012).
A nova tendência mundial é de integrar qualidade, ambiente, segurança e saúde no trabalho,
de forma ampla e prioritária, dentro do sistema gerencial das empresas, para que não comprometam
o ambiente, o bem-estar e a saúde de seus trabalhadores e da comunidade (GONÇALVES FILHO;
RAMOS, 2015). Diante do exposto, uma avaliação de riscos é o início do processo de gestão de
riscos. Permite as ações necessárias a empregar para melhorar os locais de trabalho, saúde, segurança
e produtividade. Desde a adaptação da Diretiva Comunitária em 1989 (89/391/CE), que a avaliação
de riscos passou a ser um conceito familiar para a gestão da prevenção ocupacional (SUARD, 2008).
Atualmente é exigido por lei que toda empresa tenha elaborado uma NR 09, conhecido como
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que visa a proteção e a preservação da saúde
e da integridade dos trabalhadores. A NR 09 tem por finalidade a antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a
existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais (BRASIL, 2014). Esta pesquisa corresponde a uma atividade de campo, que ocorreu no dia
21 de fevereiro de 2019, como componente curricular da disciplina avaliação biomonitoramento,
controle, diagnóstico e estudos ambientais, referente ao curso de Especialização em Ciências
Ambientais e Conservação da FAMEP, turma 2018.1.
O objetivo geral deste estudo foi avaliar os principais riscos ambientais e o PPRA existente
em uma clínica de Fisioterapia da cidade de Teresina, Piauí. Já para os específicos, buscou-se
identificar os riscos ambientais identificando as fontes geradoras, os EPI’s fornecidos e utilizados
pelos colaboradores e a Elaboração de um mapa dos riscos existentes na empresa.

Metodologia
Área de estudo
O presente estudo foi realizado em uma clínica que atua no ramo da reabilitação de pessoas
na cidade de Teresina, Piauí. O município possui uma população com base no último censo de 2010
em 814.230 pessoas e uma estimativa de 2018 em 861.442 habitantes (IBGE, 2019).
52
Coleta e análise dos dados
A pesquisa de campo ocorreu no mês fevereiro de 2019, em dois dias consecutivos na clínica
de fisioterapia. Para a realização deste estudo foi realizada uma pesquisa aplicada por meio de um
estudo de caso (GIL, 2009).
A pesquisa abrangeu os processos da empresa em foco que ofereciam mais riscos ao
trabalhador através de observação sistemática. As informações a respeito dos riscos foram levantadas
com base na metodologia estabelecida pelo PPRA e a análise dos dados foi realizada de forma
qualitativa. Por fim, foi realizada a comparação e análise crítica entre os dados levantados e o PPRA
existente na empresa. Assim, para a realização dessa pesquisa, seguiu-se as seguintes etapas:
Etapa 1: Estudo bibliográfico de conceitos relacionados ao desenvolvimento do tema, sendo eles:
segurança do trabalho, gestão de riscos e normas referentes à saúde e segurança do trabalho. Etapa
2: Realização qualitativa da identificação dos riscos existentes na empresa, por meio da observação
do processo produtivo, e coleta de dados secundários de alguma ocorrência devido ao trabalho
desenvolvido. Identificação no ambiente dos processos que apresentam algum tipo de risco (físico,
químico, biológico, de acidentes ou ergonômico), mesmo que não exista, assim como fontes
geradoras desses riscos de acordo com a PPRA. Etapa 3: Avaliação dos riscos levantados, EPI’s
fornecidos e utilizados pelos colaboradores e a elaboração do Mapa de Riscos a partir dos riscos
levantados, com base no Livro: Mapa de Riscos Ambientais (Gilberto Ponzetto), a partir do exemplo
apresentados nos capítulos 02, 09 e 10.

Resultados e Discussão
Caracterização da empresa
A empresa foco desse estudo é uma clínica de fisioterapia, localizada na cidade de Teresina,
Piauí. A clínica atua no ramo de reabilitação e existe no mercado a 20 anos, desde 25 de janeiro de
1999. Em relação a estrutura física, a clínica conta com oito leitos, três banheiros, uma sala de
equipamentos, uma sala de administração, um consultório, recepção, copa e área de serviço. A
empresa possui um total de 11 funcionários, os funcionários apresentam-se conforme o quadro 1.

Quadro 1. Cargos e descrição de atividades desenvolvidas pelos funcionários da clínica.


CARGOS DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Presidente Função de organizar e gerenciar os demais departamentos da empresa.

Administrador Responsável por organizar, planejar e orientar o uso dos recursos financeiros, físicos,
tecnológicos e humanos das empresas.

Tesoureiro Responsável por organizar, planejar e orientar o uso dos recursos financeiros, físicos,
tecnológicos e humanos das empresas.

Fisioterapeuta Trata e previne doenças e lesões, decorrentes de fraturas ou má-formação.

Recepcionista Realiza atendimento ao público, recepção e atendimento telefônico.

Auxiliar Geral Serviços de manutenção e limpeza.


Fonte: Pesquisa direta, março de 2019.

Atividades realizadas na empresa


A empresa presta serviço de atendimento específico à comunidade, entre eles, consultas,
diagnósticos e tratamentos voltados para pessoas lesionadas fisicamente. As principais especialidades
oferecidas pela clínica são a Fisioterapia motora, Trauma ortopédico, Reumatológico, Neurologia
pediátrica e adulta, respiratória pediátrica e adulta. Em relação aos atendimentos aos pacientes, a
clínica funciona nos turnos manhã e tarde, com estimativa de 40 atendimentos por turno das mais
variadas especificidades. Durante cada turno trabalha um fisioterapeuta e dois estagiários.
53
Serviços de Segurança e Higiene da empresa
Com relação à estrutura as instalações da clínica, essa possui uma boa condição para esses
parâmetros, apresenta além dos itens comuns outros importantes, como rampas para cadeirantes
facilitando o deslocamento do paciente, banheiros adaptados, extintor, tomadas bem distribuídas, os
funcionários fazem o uso dos EPI (luvas, máscaras, jalecos). É previsto em lei que qualquer cidadão
ou pessoa com algum tipo de deficiência tem seus direitos a acessibilidade garantidos , de acordo
com a NBR 9050, Abnt (2004), essa estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida em determinados
estabelecimentos, como: possui rampas para cadeirantes o que facilita o deslocamento do paciente,
banheiros adaptados com porta de entrada com largura e espaço interno, barras de apoio nas paredes,
extintor , tomadas bem distribuídas e o uso dos EPI (luvas, máscaras , jalecos) pelo funcionários.
Durante a observação foi possível constatar que a clínica é um local limpo, apresenta várias
lixeiras dispostas em todas as repartições. A limpeza da clínica acontece nos intervalos dos turnos. A
higiene e segurança do trabalho é outra forma onde as organizações estabelecem um plano de manter
condições adequadas à saúde e ao bem-estar dos funcionários. Para Tachizawa, Ferreira e Fortuna
(2001, p. 229) a higiene no trabalho “é uma ciência voltada para o conhecimento, avaliação e controle
dos riscos para a saúde dos funcionários, visando a prevenção das doenças ocupacionais, aquelas
relacionadas a profissão”.
O quadro 2, apresenta uma relação das principais categorias e tipos dos grupos de risco
encontrados presentes na clínica de Fisioterapia.

Quadro 2. Principais categorias e tipos dos grupos de risco encontrados presente na clínica de Fisioterapia.
Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de
Físicos químicos Biológicos Ergonômicos acidentes

Ruídos; Poeiras; Vírus; Esforço físico intenso; Arranjo físico inadequado;


Vibres; Substâncias, Bactérias; Exigência de postura; Máquinas e equipamentos sem
Radiações compostos Protozoários; Controle rígido de proteção;
ionizantes; ou produtos Fungos; produtividade; Ferramentas inadequadas ou
Frio; químicos. Parasitas; Imposição de ritmos defeituosas;
Calor; Bacilos. excessivos; Probabilidade de incêndio ou
Pressões Monotonia e explosão;
anormais; repetitividade; Armazenamento inadequado;
Umidade Outras situações Outras situações de risco que poderão
causadoras de stress físico contribuir para a ocorrência de
e/ou psíquico. acidentes.
Fonte. Elaborado pelos autores, abril de 2019.

Em relação ao quadro 1, percebe-se que alguns riscos foram identificados na empresa, os mais
evidentes em nível de preocupação seria o biológico por haver um fluxo considerável de pessoas,
principalmente os locais que apresentam ambiente fechado o que pode ocasionar em uma maior
chance de transmissão e o risco ergonômico por conta de posturas incorretas e dos esforços repetidos
por parte dos fisioterapeutas durante o atendimento. Essa preposição descrita corrobora com os
achados da pesquisa de (Silva et al., 2017), sobre a inadequação da sala para o ajuste ergonômico dos
profissionais e pacientes, isso acaba afetando positivamente na persistência do risco ergonômico, bem
como interfere na tensão que envolve o processo de atendimento diante da grande demanda por
assistência médica.
Além disso, por consequência dessas interferências pode haver a presença dos riscos
psicossociais. As condições indevidas no ambiente de trabalho são capazes de gerar agravos à saúde
de natureza física e psicológica, originando transtornos alimentares, de sono, fadiga, entre outros que
podem levar a acidentes de trabalho e consequentemente culminar em licenças para tratamento de
saúde (RUIZ; ARAUJO, 2012).

54
Mapa de risco ambiental da Unidade de Fisioterapia Santa Luzia
Os riscos ocupacionais podem ser determinados por um conjunto de condições individuais ou
institucionais que podem deixar os profissionais mais vulneráveis a sofrer um acidente de trabalho
ou provocar uma enfermidade. Nesse contexto, insere-se a importância do Mapa de Riscos que
segundo Jakobi (2008), é uma técnica que resulta numa representação gráfica de identificação dos
riscos e fatores prejudiciais à saúde e à segurança do trabalhador, relacionados ao conjunto de
variáveis originados no ambiente de trabalho, no processo de trabalho, na forma de organização e nos
demais fatores implicados na relação entre o trabalho e o processo saúde-doença do trabalhador.
Para minimizar acidentes, os riscos envolvidos são agrupados em cinco classes, os quais são
mostrados através das cores verde, vermelho, marrom, amarelo e azul que representam os riscos
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, respectivamente. A intensidade do risco
também deve ser explicitada, e esta é demostrada através de círculos de diâmetros 1cm, 2cm e 4cm,
que indicam pequena, média e grande gravidade nas diversas atividades, respectivamente (BRASIL,
2001).
A figura 1 apresenta os principais riscos ocupacionais existentes nos processos e áreas da
clínica de fisioterapia. Esses riscos são considerados por apresentar pequena gravidade, o risco em
evidência é o biológico na cor marrom por haver exposição de indivíduos à contaminação por
variados microrganismos, o ergonômico também em prevaleça esse vale mais para os profissionais
de fisioterapia por conta de esforços repetitivos durante o procedimento com os pacientes. Portanto,
considera-se o risco ergonômico como qualquer ocorrência que interfira nas características psíquicas
ou fisiológicas do indivíduo, gerando desconforto ou afetando sua saúde (GARCIA; ZANETTI-
RAMOS 2004). Estes riscos podem ter como consequências cansaço, dores musculares, fraquezas,
hipertensão arterial, diabetes, úlcera, doenças nervosas, acidentes e problemas da coluna vertebral.
Para minimizar os efeitos nos trabalhadores é necessário treinar e orientar todos os funcionários em
relação a postura correta ao realizar suas atividades (SILVA, 2013). Os riscos físicos e químicos
aparecem com menor frequência.

Figura 1. Mapa de risco detalhado dos locais e áreas na clínica de fisioterapia que apresentam
possíveis riscos ambientais.
Físico
Biológico
Ergonômico
Mecânico

Símbolos Tipos de riscos

Elevado

Médio
Pequeno
Fonte. Elaborado pelos autores, fevereiro de 2019.
Legenda: *L1 a L8: Leito.

Conclusão
Com esse estudo foi possível detectar a situação de ações das medidas de segurança do
trabalho em uma clínica de fisioterapia, Teresina –PI, por meio da metodologia adotada, com a
comparação entre o Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais e o levantamento dos riscos
existentes na empresa. Nota-se que os possíveis riscos identificados no ambiente supracitado são
toleráveis, a citar os riscos ergonômicos e físicos, em tratando-se do biológico, permeia-se assim uma
maior preocupação por existir o fluxo de pacientes e pelo contato direto e constante com os
profissionais fisioterapeutas. Estudos como esse, permitem visualizar por meio do diagnóstico de
55
riscos, o estado de implantação de ações de medida de segurança do trabalho e direcionam a indicar
e informar instituições no intuito de diminuir seus próprios riscos e consequentemente melhorar a
promoção da saúde. Os levantamentos podem ser utilizados em conjunto como uma forma de melhor
abranger todos os riscos envolvidos nos ambientes e processos produtivos na execução de atividades
para minimização deles.
Esse trabalho mostrou-nos também a importância do desenvolvimento do mapa de risco em
empresas de trabalho para prevenir e evitar risco de acidentes ocupacionais, os quais podem ser
plenamente eliminados com o uso adequado de EPI´S, fato constatado nessa empresa, visto que
acidentes são raros, quando não, nulos e dentre suas metas destaca-se a de acidentes ZERO em todos
os setores.
Em suma, o desenvolvimento do trabalho foi satisfatório, na qual diferentes análises dos riscos
contidos em um ambiente de trabalho foram realizadas. O estudo proporcionou também destacar a
importância do desenvolvimento do mapa de risco em empresas de trabalhos, para prevenir e evitar
riscos de acidentes ocupacionais. Permitindo ainda que os trabalhadores do local pudessem conhecer
a respeito de riscos ambientais.

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57
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE UMA EMPRESA DA ÁREA DE GASTRONOMIA
LOCALIZADA NO BAIRRO DE FÁTIMA (LESTE) NA ZONA URBANA DE TERESINA,
PIAUÍ.

Autores: Caroline Fernanda Alves Feitosa de Sousa1; Adrielly da Silva Vieira2; Lucas Kelvin da
Silva Franklin Lima3; Lorran André Moraes4

Instituições: 1,2,3Faculdade do Médio Parnaíba / Teresina -PI; 4Universidade Federal do Piauí


/Campus Ministro Petrônio Portela/ Teresina – PI

Palavras-chave: Meio ambiente; restaurantes; serviços.

Introdução
A natureza é de suma importância para permanência dos seres humanos no planeta Terra, pois
é de onde as sociedades humanas retiram matéria – prima para se desenvolverem. Assim faz se
necessária toda uma preocupação em conservar e preservar a natureza, porém esta preocupação veio
entrar em destaque muito tardiamente considerando o desenvolvimento humano com a prática da
agricultura, mercado, a produção de produtos e mais tarde a revolução industrial.
Com o desenvolvimento da agricultura o homem deixou de ser nômade e com o tempo o meio
natural em que vivia passou a sofrer com a retirada predatória de recursos. Então as sociedades foram
se desenvolvendo e com a revolução industrial as práticas comerciais aumentavam a produção
degradante do ambiente. Com passar dos anos e a supervalorização do consumo a natureza passou a
sofrer cada vez mais com as práticas humanas.
Por conta disso, chegou um momento que o mundo despertou para a problemática sobre a
questão ambiental, como destaca Wada (2002): “A preocupação de que algo deveria ser feito devido
à degradação do meio ambiente só teve início entre a década de 1960 e 1970”. Nesta visão, a mesma
autora relata que:
Nessa época começou a ser analisado os altos índices de poluição e de
degradação ambiental em diversas partes do mundo devido a atuação da
industrialização. A primeira proposta para resolução dessa questão surgiu na
década de 60 através do “Relatório do Clube de Roma”, redigido com a
participação de representantes dos países industrializados com a proposta de
“crescimento zero”. (WADA, 2002. p2).
Essas discussões não foram favoráveis na visão dos países menos desenvolvidos que
buscavam equiparar sua industrialização com os países já industrializados. Nota-se a crescente
discussão entre as nações mundiais acerca do meio ambiente. O grande marco das reuniões foi a
“ECO-92” - Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
que segundo Wada (2002) entrou em discussão metas para com que os países em desenvolvimento
tivessem acesso às tecnologias não agressivas ambientalmente e como os mesmos pudessem
fortalecer suas instituições que eram dedicadas aos estudos dessas tecnologias.
As preocupações de reuniões posteriores, vão desde a redução das emissões de componentes
que interferem no clima da Terra até avaliar o progresso das metas determinadas em encontros
anteriores, como foi o caso da Conferência de Johannesburgo que segundo Rutkowski (2000, p. 4)
resultou em:
O resultado desse movimento de mais de 50 anos foi para prover as
necessidades das gerações presentes sem comprometer as futuras gerações de
prover as suas próprias, além de fazer com que as sociedades se conscientizem
cada vez mais, resultou numa série de mecanismos que visam impedir a
deterioração ambiental, tais como: Políticas ambientais, Auditorias
Ambientais, Sistemas de Gestão Ambiental, Levantamentos de Passivos
Ambientais e Projetos de Desenvolvimento Sustentável.

58
Todos esses debates levaram o mundo a despertar e procurar atingir metas para reverter os
problemas ambientais provocados pelo modelo de desenvolvimento instalado pelo modo capitalista
de produção que ainda resiste nos dias atuais. Sendo assim, o meio ambiente é formado ao mesmo
tempo por um espaço e por um sistema de relações que ocorrem neste espaço, através de troca de
energia e de matéria, onde suas alterações podem desencadear modificações, desencadeando sua
dinâmica. Estes encontros também foram importantes para aprimorar a temática.
Compreende-se que o meio ambiente está intrinsicamente relacionado com a sociedade e com
as ações desta. Com o crescimento das cidades e das empresas que oferecem diferentes serviços a
população, é extremamente necessário que este movimento esteja pautado pelo modelo do
desenvolvimento sustentável. Assim a presente pesquisa objetivou verificar a percepção para
questões ambientais de uma empresa da área gastronômica do município de Teresina – PI.

Metodologia
Área de Estudo
A cidade de Teresina está localizada na porção centro norte do estado do Piauí, possuía até o
ano de 2010, 814.230 moradores de acordo com último censo realizado pelo IBGE, com salário médio
de 2,8 salários mínimos e 61,6% da cidade com esgotamento sanitário adequado. Quanto à coleta de
lixo, essa é feita por empresas terceirizadas e todo e resíduo coletado é levado ao aterro.
Inicialmente a cidade de Oeiras era capital do estado do Piauí, mas, por conta das más
condições de acesso e avanços econômicos, ela foi remanejada em 1852 para a região do Vale do
Parnaíba, na Vila Nova do Poty, que logo foi elevada a cidade e nomeada Teresina pelo Presidente
José Antônio Saraiva, pois, encontrava-se as margens do rio Parnaíba conferindo-lhe acesso por dois
rios e melhor fluxo das riquezas da província (GANDARA, 2011).
Para a realização da pesquisa foi escolhido o Restaurante Budega do Sapo, por ser novo no
mercado e ter concordado em participação. Ele localiza-se no bairro de Fátima, zona leste da cidade
que possui 29 bairros que somam 21% da população urbana de acordo com dados retirados do site da
Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (SEMPLAM, 2018). Dentre eles, o bairro de
Fátima abrigava em 2010, 1,09 % da população teresinense, possuindo coleta de lixo três dias na
semana e dois pontos de coleta voluntária. Pesquisas realizadas pela SDU leste em 2015 apontam que
52% das empresas existentes nesse bairro eram micro empresas, como alguns restaurantes, lojas e
mercadinhos. Esse bairro é considerado nobre, engloba vários restaurantes e a Ponte Estaiada, um
famoso ponto turístico da cidade.

Levantamento de Campo
Foi realizada uma visita ao estabelecimento, no dia 26 de junho de 2019 e uma entrevista
abordando questões como os produtos comercializados ou produzidos, processo de produção,
poluentes, destinação de resíduos e gestão ambiental do estabelecimento. Além da verificação quanto
a descarte de resíduos, o esgotamento do local, a emissão de poluentes, possível produção e descarte
de contaminantes.

Analise dos Dados


Após a entrevista foi preenchido um quadro de informações disponibilizado pelo livro curso
básico de gestão ambiental publicado pelo SABRAE em 2004, também foi realizada uma pesquisa
na internet e nas redes sociais do restaurante para complementar as informações apresentadas na
entrevista.

Resultados e Discussão
Os dados obtidos pela entrevista com o gerente foram resumidos no quadro 1:

59
Quadro 1. Informações sobre as atividades, produtos e serviços de uma empresa gastronômica do bairro
de Fátima do município de Teresina – PI.
Empresa Restaurante Budega do Sapo
Objetivos da empresa Oferecer serviço de qualidade com a culinária da região de
Jericoacoara. Por isso o slogan “um pedaço de Jeri em
Teresina”.
Anos de existência Budega – 9 meses. Matriz – 14 anos
Nº de empregados Possui 20 empregados. Cozinha (10) / salão (06) / limpeza
(02) / administração (02)
Produtos Intencionais Comidas e bebidas
Abrangência dos produtos Mercado local
Diagramas da situação; quadro da Funcionários e funções
estrutura organizacional: Cozinha: cozinheiro (03); churrasqueiro (01); pizzaiolo
(01); auxiliar de cozinha (05) (02 de produção). Salão:
caixa (01), barman (01), atendente (04). Limpeza: 02 func.
Administração: gerente (01) e aux. Adm (01)
Principais tipos de clientes Variado/ amplo. Público jovem e adultos.
Metas comerciais para os próximos Dobrar o movimento e o faturamento. Melhorar o
dois anos: atendimento em 30%.
Materiais utilizados Serviços:
Frutos do mar, carnes, verduras, frutas, bebidas e outros
gêneros alimentícios.
Manutenção/Funcionamento:
Freezers, fogões, forno a lenha, matérias descartáveis
(embalagens), materiais de limpeza, computadores,
equipamentos de áudio e imagem, som etc.
Tipos de resíduos produzidos Resíduos sólidos gerais como: plásticos (sacolas,
embalagens descartáveis, canudos, copos e etc.), metais,
vidros, papel e papelão e restos de alimento são recolhidos
por uma empresa terceirizada chamada Resolve;
Óleo de cozinha – recolhido pela empresa IDAMA
Tipos de emissões no ar Material particulado do forno a lenha.
Tipos de efluentes líquidos Esgoto e Fossa Sanitária – responsabilidade da empresa
Sanear, que é um serviço público.
Substâncias químicas perigosas Nenhuma. (Nem nos serviços de limpeza)
usadas
Licenças obrigatórias Alvará da Prefeitura: Vigilância Sanitária Municipal;
SEMAM; Corpo de bombeiros.
Autoridades fiscalizadoras Fiscalização feita por todos os órgãos licenciadores.
Outras fontes de alteração ambiental Não há degradação de áreas naturais, pois localiza-se na
na área da empresa: zona urbana.
Há efluentes líquidos e ocupação desordenada.
Ruído/ Poluição Sonora: Música ao vivo, todos os dias,
trânsito frequente de carros, ônibus e motocicletas e
pessoas conversando.
Fonte: Autores (2019)

Segundo a cartilha do SEBRAE “Minha Empresa Sustentável: Bares & Restaurantes”:


“O mercado de bares e restaurantes é um setor em expansão no Brasil. Com
um crescimento anual em torno de 10% na última década, o setor agrega mais
de 1,5 milhão de bares e restaurantes, gerando 6 milhões de empregos diretos
em todo o país. Até 2020, espera-se que mais da metade das refeições sejam
atendidas por esse segmento. (SEBRAE, 2016).”

60
Isto demonstra que há um crescimento no hábito de fazer as refeições fora de casa, e com isso
a criação de novos estabelecimentos de bares e restaurantes que prestam esse serviço.

Figura 1. Imagens do Estabelecimento: localização por satélite (à esquerda) e fachada da entrada


do restaurante (à direita). Fonte: Google Imagens e Google Maps.

Umas das principais preocupações em decorrência desse crescimento é a produção de resíduos


e o desperdício de matéria prima. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12305/10,
é necessário que exista:
“Padrões sustentáveis de produção e consumo, ou seja, produção e consumo
de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e
permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental
e o atendimento das necessidades das gerações futuras. (BRASIL, 2010)”
Com isso entende-se que estes estabelecimentos precisam adotar medidas de gestão ambiental
na produção dos seus serviços e produtos. Um dos resíduos de produção gastronômica é o óleo de
cozinha, que necessita de um descarte adequado. O óleo vegetal utilizado para frituras, que pode ser
reciclado e transformado em sabão, biodiesel, massa de vidraceiro ou ração. Por outro lado, quando
descartado inadequadamente nas redes de esgoto, causa entupimento de canos e ao chegar aos rios
polui o solo e a água (GONÇALVES et al., 2018).
Segundo o gerente da Budega do Sapo, o descarte do óleo utilizado nas frituras é recolhido
por uma empresa intitulada INDAMA. Segundo o site, a empresa INDAMA é uma empresa que atua
no ramo de indústria, tendo como principal finalidade a reciclagem de subprodutos de origem animal
e vegetal, destacando-se no desenvolvimento de Logística Reversa e Logística Verde.
A Prefeitura de Teresina elaborou uma Lei Complementar Municipal que se baseia na Lei
12.305/2010. Nesta lei, os estabelecimentos comerciais de Teresina não contarão mais com a coleta,
transporte e destinação final de seus resíduos sólidos extradomiciliares mantidos pela Prefeitura
Municipal. Por isso a Budega do Sapo e outros restaurantes da cidade tem seus resíduos sólidos
coletados por uma empresa terceirizada chamada Resolve: Limpeza ambiental. Esta empresa é
prestadora de serviços de coleta, transporte e destinação final de resíduos.
Além dos resíduos, há também as emissões na atmosfera, como material particulado do e
poluição sonora, no caso de restaurantes com forno à lenha e música ao vivo. Por estar localizado em
uma área bem urbanizada, a Budega do Sapo além de emitir poluentes atmosféricos também os sofre,
pois existem outros estabelecimentos da mesma categoria e uma avenida com o tráfego moderado de
veículos e grande e médio porte.

Conclusão
A questão ambiental vem tomando espaço nas discussões mundiais, trazendo preocupação e
a busca por conhecimento sobre a manutenção dos recursos ambientais e conservação da natureza,
61
com isso a adoção de um sistema de gestão ambiental por empresas traz ganhos significativos para o
meio ambiente. E com a percepção ambiental abrem-se os horizontes da sociedade para enxergar as
suas condições ambientais e integrarem-se ao meio, principalmente quando se atingem empresas que
são grandes poluidoras ou extratoras direta ou indiretamente de recursos.
Como foi verificado, a empresa estudada está dentro das normas, possuindo licença para
funcionar, descartando seus resíduos por empresas ou pela própria prefeitura de forma legal.
Conferindo riscos, até então, apenas à saúde por conta da poluição sonora ou emissão de material
particulado do forno a lenha.
Assim, faz se necessária à fiscalização pelo órgão responsável no cumprimento da Lei nº 3.508
de 25 abril de 2006 que regulamenta os níveis aceitáveis de emissão de ruídos e sons decorrentes de
qualquer atividade desenvolvida no município. Além da busca de tecnologias para a diminuição ou
fim da emissão de material particulado pelo forno a lenha do restaurante, que em grandes quantidades
pode trazer o agravamento de problemas climáticos e de doenças respiratórias.

Referências

BRASIL. Prefeitura de Teresina. Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação


(SEMPLAM), Teresina: Perfil dos bairros, regional, SDU leste, bairro Fátima. Teresina, PI, 2018.

GANDRA, G. S. Teresina: a capital sonhada do Brasil oitocentista, História, São Paulo, V. 30, n. 1,
p. 90 -113, 2011.

GONÇALVES, L. C., et al. Sustentabilidade Ambiental em Restaurantes Comerciais da Zona Central


de Pelotas-RS. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 7, n. 2, p. 525-539, 2018.

GP1 Notícias. Estabelecimentos de Teresina terão que arcar com Resíduos Sólidos. Disponível
em : https://www.gp1.com.br/noticias/estabelecimentos-de-teresina-terao-que-arcar-com-residuos-
solidos-446508.html. Acesso: 28/06/2019 ás 19:00.

IDAMA: Coleta de Óleo de Fritura. Disponível em: http://indama.com.br/a-empresa. Acesso:


28/06/2019 às 08:00.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades. Teresina - PI.


Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pi/teresina/panorama> Acesso em: 26 de julho de
2019.

Resolve: Limpeza Ambiental. Perfil no Instagram. Disponível em:


https://www.instagram.com/p/Bw-ExnCjSN1/ . Acesso 28/06/2019 às 20:00.

RUTKOWSKI, Emília. Histórico dos Movimentos Ambientais Mundiais. São Paulo. 2000.

WADA, C. Histórico dos Movimentos Ambientais no Brasil e no mundo. São Paulo. 2002.

62
A BIOLOGIA FORENSE COMO FERRAMENTA INVESTIGATIVA PARA O ENSINO DE
GENÉTICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE CANTO DO BURITI -
PI

Autores: Thâmara Chaves Cardoso1; Michelle Mara de Oliveira Lima2; Francielle Alline Martins1;
Pedro Marcos Almeida1.

E-mail para correspondência: thamarachavescardoso@gmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ Laboratório de


Genética/ Teresina/ PI; 2Instituto Federal do Piauí/ Campus Floriano/Departamento de Licenciatura
em Ciências Biológicas/Floriano-PI.

Palavras-chave: Ensino médio; Modelos lúdicos; Prática laboratorial.

Introdução
A fim de minimizar as dificuldades e melhorar a aprendizagem dos alunos no ensino de
Biologia, muitos autores defendem o uso de práticas pedagógicas que possam ir além da transmissão
de conhecimentos (LIMA e BRAGA, 2016), estimulando os alunos a construírem seu próprio saber
de forma que possam questioná-lo e utilizá-lo além do meio escolar (VEIGA-NETO, 2002;
CARVALHO e GUIMARÃES, 2016).
Para melhorar o ensino e a aprendizagem é necessário o contato dos alunos com situações
didáticas que os levem a expor suas concepções e construírem explicações a partir de dados obtidos
experimentalmente (CARVALHO e GUIMARÃES, 2016). Nesse contexto, é possível promover o
ensino investigativo, onde o professor apresente a questão a ser solucionada, instigue e oriente seus
alunos no levantamento de hipóteses, na busca de explicações próprias para os resultados, e
finalmente fazendo associações com conceitos científicos, o aluno construa seu próprio conhecimento
(OLIVEIRA, 2016).
Dessa forma, algumas práticas pedagógicas como a utilização de vídeos didáticos, montagem
de peças teatrais, técnicas laboratoriais, e modelos lúdicos de simulação de técnicas laboratoriais
podem facilitar a compreensão de temas abstratos, como a Genética Molecular. Estudos que incluem
técnicas moleculares para o ensino de Genética na escola foram realizados por Ramos et al. (2019),
Pinhati (2015), Silva et al. (2015), Peixe et al. (2016), entre outros. Contudo a abordagem
investigativa envolvendo a biologia molecular ainda é incipiente. Nesse contexto, buscando métodos
de ensino de Genética onde os alunos sejam protagonistas do processo educacional e tenham um
aprendizado significativo, o objetivo deste estudo foi utilizar uma Sequência de Ensino Investigativa
(SEI) sobre a genética forense, com modelos lúdicos e uma prática da biologia molecular como
elementos que permitam a integração de situações reais encontradas na sociedade com o cotidiano
dos alunos.

Metodologia
O público alvo foram 30 alunos de uma turma do 3° ano do Ensino Médio da rede pública
estadual do município de Canto do Buriti (PI). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) sob o protocolo 3.196.797. A
aplicação de cada uma das etapas que compõem este estudo ocorreu durante os meses de março a
junho de 2019, utilizando uma carga horária total de 10 h/a. A idade média dos estudantes
participantes foi de 17 anos.

Instrumento de coleta de dados


Os dados para a pesquisa foram coletados a partir de um questionário de percepção e avaliativo
com 12 questões abertas realizadas após cada etapa da SEI. Os alunos que afirmavam “lembrar bem”
de um determinado tópico deveriam formular uma resposta sobre as técnicas e mecanismos
63
moleculares utilizados na forense. As questões subjetivas foram avaliadas de acordo com as classes
(notas variando de 0 a 4) propostas por Carneiro e Silva (2007), com adaptações. Com o intuito de
conhecer a percepção dos estudantes quanto às metodologias empregadas na SEI foi aplicado o
questionário feedback com cinco perguntas objetivas com notas de zero a cinco.

Aplicação da SEI sobre a Biologia Molecular e genética Forense


Na problematização geral, foram levantados os seguintes questionamentos com os alunos:
Como é possível a identificação de pessoas pelo DNA? Que ferramentas moleculares são utilizadas
neste processo? Qual a importância e aonde a genética forense pode ser aplicada? A partir desse
passo, os alunos foram divididos em seis grupos para a realização das etapas da SEI.
Na primeira etapa, os alunos criaram um grupo de Whatsapp (Aluno - perito) para discussões
fora da sala de aula. Nesse grupo os alunos compartilharam e discutiram vídeos sobre técnicas
moleculares da Genética Forense que foram contextualizados na aula seguinte. Na segunda etapa da
SEI, os alunos investigaram seis diferentes situações envolvendo a paternidade que foram expostas
aos colegas e juntos buscaram resoluções para as situações propostas. Na terceira etapa, os alunos
criaram uma cena de crime utilizando molho de tomate, fita de isolamento e canetas hidrocor que
deveria ser solucionada com o auxílio de técnicas moleculares. A quarta etapa foi realizada em
laboratório, com a extração de DNA, segundo o protocolo de Silva et al. (2015), com modificações.
A última etapa da SEI consistiu de modelos lúdicos da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) com
a construção de um termociclador artesanal com caixa de papelão e cartolina (RAMOS et al., 2019)
e da Eletroforese, construindo uma cuba lúdica de eletroforese com recipientes de plástico e fios de
cobre adaptado de PINHATI (2015). Todas as etapas foram norteadas por questões motivadoras onde
os alunos deveriam buscar a resposta e no decorrer das atividades propostas irem construindo seu
conhecimento sobre o conteúdo.

Análise estatística
Os resultados das questões subjetivas foram expressos em frequência percentual e
apresentados na forma de gráficos. O questionário feedback foi expresso em média e desvio-padrão
e os dados foram analisados pelo teste de Kruskall-Wallis com o teste de Student-Newman-Keuls a
posteriori (p < 0, 05) no programa BioEstat 5.3 (AYRES et al., 2007).

Resultados e Discussão
A análise das respostas obtidas nas questões subjetivas evidenciou que a maioria dos alunos
demostrou “lembrar bem” das técnicas referentes a paternidade/criminalística, cena do crime e
extração do DNA (Figura 1). O interesse por filmes, séries e jogos de investigação policial parece ter
ajudado os alunos a lembrarem desses temas, assim como a mídia os ajudou a lembrar sobre o teste
de paternidade. A abordagem de temas atuais, como a Biotecnologia tem se mostrado eficiente na
aprendizagem de conceitos de biologia pelos alunos do Ensino Médio. A escola deve estar próxima
da ciência e o saber gerado pela ciência deve ser convertido para a linguagem escolar (PEIXE et al.,
2017, OLIVEIRA et al., 2015).
Para Ceolin et al. (2015) as concepções pedagógicas afirmam que se deve estimular o
desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos, bem como a compreensão de conceitos
fundamentais na área estudada, obtendo-se assim, um conhecimento mais sólido e duradouro. Além
de facilitarem a aprendizagem, práticas pedagógicas investigativas estimulam o desenvolvimento do
pensamento crítico e científico e são mais “duráveis”, tornando o aprendizado mais eficiente
(CAMPOS et al., 2016).
A análise das notas obtidas pelos alunos no questionário avaliativo apresentou escores
bastante elevados, sendo que as maiores notas foram encontradas nas questões 3 e 4 (Paternidade e
criminalística), questão 6 (Cena do crime) e nas questões 9, 10, 11 e 12 (Extração do DNA) (Figura
2). A partir desses dados, observou-se que as etapas realizadas da SEI foram importantes para a
compreensão dos alunos sobre a Genética Forense.

64
Figura 1: Percepção dos estudantes da escola pública Estadual no município de Canto do Buriti (PI)
que envolviam situações de paternidade/criminalística, cena do crime e extração de DNA.

Frequência Percentual (%)


100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Questões

Não sei
Lembro vagamente (prefiro não opinar)
Lembro bem (escreva sua resposta)

Questões abertas: 1 a 5 (Paternidade/criminalística). 6 e 7 (Cena do crime). 8 a 12 (Extração do DNA).

O interesse dos alunos por questões policiais ajudou a despertar a disposição dos mesmos
ajudando no processo de aprendizagem, refletindo na qualidade das suas respostas (Figura 2). Apesar
da positividade das notas registradas ressalta-se que os alunos ainda apresentam dificuldades quando
foram solicitados a produzirem uma resposta mais elaborada, com argumentações e conexões com
outros temas (questões 7 e 8).

Figura 2: Questionário referente aos alunos que marcaram a opção “lembro bem” após aplicação
lúdica das situações de paternidade/criminalística, cena do crime e extração de DNA.
Frequência Percentual (%)

100
80
60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Questões

0 1 2 3 4

Questões abertas: 1 a 5 (Paternidade/criminalística). 6 e 7 (Cena do crime). 8 a 12 (Extração do DNA). Classe


0 (Sem resposta - Resposta do tipo não sei, erradas ou em branco); Classe 1 (Resposta pobre/Sem informação
- Respostas que não indicam compreensão do aluno sobre o tema); Classe 2 (Resposta fraca/Racionalidade e
estabelecimento de conexões dos conceitos não satisfatórias - Respostas que manifestam certa compreensão
dos conceitos, mas sem fundamentação teórica; Classe 3 (Resposta Satisfatória/Racionalidade e
estabelecimento de conexões dos conceitos - Respostas que demonstram compreensão dos elementos
científicos mais importantes) e Classe 4 (Resposta Excelente/Racionalidade e estabelecimento de conexões
dos conceitos e aplicações - Percebe-se a compreensão total sobre a resposta, podendo apresentar refinamento
nas respostas).

A SEI contribuiu bastante para o aprendizado dos alunos de forma que os permitiu responder
as questões de maneira satisfatória. Nesse contexto enfatiza-se que a ciência é o meio mais eficiente
de gerar conhecimentos significativos, ao invés de apenas transmiti-los a fim de serem memorizados
(OLIVEIRA et al., 2015). Abordagens diferenciadas e investigativas como o uso de maquetes;
recursos multimídias (exibição de vídeos); práticas laboratoriais; simulação de métodos de
experimentação científica; excursões; projetos e peças teatrais; situações problemas e consequente

65
discussão de soluções pelos alunos tem se mostrado bastante eficiente na melhora da aprendizagem
em Biologia (OLIVEIRA, 2016).
Após a aplicação da SEI, os estudantes responderam a um questionário feedback para
conhecer suas percepções quanto as práticas realizadas. Quanto a metodologia utilizada (Figura 3A),
as médias do vídeo/zap, paternidade/criminalística, cena do crime e extração do DNA não foram
significativas entre si, apresentaram as maiores médias e foram significativas em relação a PCR e
eletroforese. Quanto ao nível de satisfação (Figura 3B), a Paternidade/Criminalística apresentou a
maior média e foi significativa em relação a extração do DNA, PCR e eletroforese e não apresentou
diferença significativa em relação ao vídeo e a cena do crime. Enquanto a PCR e eletroforese
apresentaram as menores médias. Quanto a contribuição da metodologia (Figura 3C) para o
aprendizado, a maior média foi observada para a cena do crime que foi significativa em relação ao
vídeo, a paternidade, extração do DNA, PCR e eletroforese. PCR e eletroforese com as menores
médias. Quanto ao nível de interesse (Figura 3D), a maior média foi observada para a cena do crime
que foi significativa em relação a paternidade, extração do DNA, PCR e eletroforese. Quanto ao nível
de dificuldade (Figura 3E), as metodologias não apresentaram diferença significativa entre elas. De
forma geral, as técnicas tiveram boa aceitação pelos estudantes, no entanto, os mesmos apresentaram
dificuldades em executá-las que foi relatado durante as conversas no Zap (Aluno - perito).

Figura 3: Média das respostas do questionário feedback para avaliar a metodologia utilizada, o nível
de satisfação, contribuição da metodologia, nível de interesse e nível de dificuldade realizadas por 30
estudantes da escola pública Estadual no município de Canto do Buriti (PI).

*
Significativo no teste de Kruskall-Wallis com teste de Student-Newman-Keuls a posteriori (*p < 0,05; **p <
0,01; ***p < 0,001). *Comparado com a maior média da metodologia utilizada.

Com os novos conhecimentos e as modernas técnicas de manipulação do DNA é preciso


repensar a abordagem da Biologia Molecular, buscando novas formas de contextualizar essa temática
com o meio extraescolar e estimular os alunos a investigar e tirar suas próprias conclusões
(NASCIMENTO e MEIRELLES, 2015). Dessa forma, os estudantes tiveram ainda a oportunidade
de se deparar com resultados, nem sempre previstos, instigando sua imaginação e raciocínio,
despertando um forte interesse (SANTIAGO e SANTOS, 2015).

Conclusão
Os resultados evidenciaram que os alunos melhoraram a percepção e a compreensão em várias
questões relativas ao tema. Durante a aplicação da SEI, foi possível observar o empenho e
envolvimento dos alunos em buscar as respostas para as perguntas motivadoras a partir do uso das
metodologias empregadas. O uso da SEI modificou a postura dos alunos tornando-os protagonistas
na construção dos conhecimentos a partir da análise, reflexão e discussão das suas percepções sobre
66
o conteúdo. A SEI contribuiu para que os estudantes conseguissem visualizar de forma mais concreta
o que ocorre durante as diferentes etapas da biologia molecular aplicada à Forense, diminuindo as
dificuldades existentes na abstração do conteúdo. Além disso, no questionário feedback, foi
verificado que a SEI teve boa aceitação pelos alunos como metodologia para o aprendizado da
biologia molecular aplicada à Forense.

Referências

CARVALHO, L. J.; GUIMARAES, C. R. P. Tecnologia: um recurso facilitador do ensino de Ciências


e Biologia. In: Anais do Encontro Internacional de formação de professores, Aracaju. Anais
eletrônicos. Aracaju: UNIT, 2016.

CAMPOS, L. M. L., BORTOLOTO, T. M., FELÍCIO, A.K.C. A produção de jogos didáticos para o
ensino de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. Cadernos dos Núcleos
de Ensino, São Paulo, 2003. Disponível em:
<www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproduçãodejogos.pdf> Acesso em: 30 setembro 2018.

CARNEIRO, J. M. T.; SILVA, J. F.; ROCHA, A.; DIB, L. A. R. Building a better measure of business
performance. RAC-Eletrônica, v. 1, n. 2, p. 114-135, 2007.

COELIN, I; CHASSOT, A. I.; NOGARO, A. Ampliando a alfabetização científica por meio do


diálogo entre saberes revista fórum identidades. | ISSN: 1982-3916 Itabaiana: Gepiadde, Ano 9,
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LIMA, M. S. L; BRAGA, M. M. S. C. Relação ensino-aprendizagem da docência: Traços da


pedagogia de Paulo Freire no Ensino Superior. Educar em revista. v. 32, n. 61, 2016.

OLIVEIRA, T. L. S. Influência dos propósitos epistêmicos e das ações típicas do professor na


promoção da argumentação em aula investigativa de ciências. Digital Library USP: 2016.

PEIXE, P.D.; PINHEIRO, L.G.; ARAÚJO, M.F.F.; MOREIRA, S.A. Os temas DNA e Biotecnologia
em livros didáticos de biologia: abordagem em ciência, tecnologia e sociedade no processo educativo.
Acta Scientiae, v.19, n.1, p.177-191, 2017.

PINHATI, F. R. Eletroforese de DNA: Dos Laboratórios de Biologia Molecular para as Salas de


Aula. Quím. nova esc. São Paulo-SP, BR. Vol. 37, N° 4, p. 316-319, 2015.

RAMOS, V. D. S, AIRES, R. M.; GÓES, A. C. S. O princípio elementar de Mendel aplicado a um


teste de paternidade: Uma simulação a partir do triangulo amoroso de Dom Casmurro. Genética na
escola, v. 13, n 1. 2018.

SANTIAGO, M. A. C.; SANTOS, M.; S. Difusão da Ciência: oficinas em Biologia Molecular para
professores e alunos do ensino médio no município de Passos (MG) e seu entorno. Ciência Et Praxis
V. 8, N. 16, 2015.

SILVA, A. T.; BEZERRA, M. L. M; BALTAR, S. L. S. M. A; SILVA, N. P. O. Contribuições da


atividade prática para o ensino e a aprendizagem de Biologia: Experiência com a extração do DNA
do morango. Anais do Congresso de Inovação Pedagógica em Arapiraca. v. 1, n. 1, 2015.

VEIGA-NETO, A. Olhares. In: COSTA, Marisa. V. (Org.). Caminhos investigativos: novos olhares
na pesquisa em educação. Rio de Janeiro. DP &A, p. 23-38. 2002.

67
A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O
ENSIO DA CIÊNCIA

Autores: Débora Luana Silva Costa1; Matheus Pereira Barbosa2; Francisca Lúcia de Lima3

E-mail para correspondência: debora12luana@gmail.com

Instituições: 1,2Graduando Bolsista de Iniciação à Docência -PIBID- CAPES; 3Docente da


Universidade Estadual do Piauí / Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Coordenadora do Projeto
PIBID.

Palavras-chave: Atividade Prática; Ensino fundamental; PIBID.

Introdução
As aulas práticas são uma interação entre aluno e objetos de estudos, sejam eles microscópios,
lupas, livros, lâminas, etc. Esses objetos tornam a aula mais didática estabelecendo curiosidades e
novos conhecimentos para os alunos (VASCONSELLOS, 1995). Esse tipo de atividade prática é
usado em ciências para reforçar o aprendizado dos conteúdos que foram ministrados nas aulas
teóricas.
De acordo com Andrade e Massabni (2011), essas práticas permitem que os alunos possam
adquirir conhecimentos em que só as aulas teóricas não poderiam proporcionar, portanto é de extrema
importância que o professor de ciências juntamente com a escola oferecer essa oportunidade de
aprendizado. Infelizmente algumas escolas não oferecem essas atividades por falta de recursos ou por
desinteresse do professor.
A principal função da aula pratica é instigar o interesse dos alunos para que eles possam ter a
capacidade de resolver problemas. E também, desenvolver habilidades de investigação cientifica para
que eles possam pensar como um cientista e perceberem a importância da ciência para o homem.
(KRASILCHIK 2004). A disciplina de ciências no ensino fundamental oferece essas aulas como
recurso didático auxiliando no conhecimento do docente, essas práticas também servem para que os
alunos possam trabalhar em equipes e assim facilitar a formação de hipóteses e tirar suas próprias
conclusões (PILLETTI, 1988). Na aula teórica o aluno recebe as informações do professor, mas não
sabe o objetivo que o professor quer repassar, com a aula prática o aluno pode ter o contato físico
com os objetos de estudo e assim compreender os conceitos da aula teórica.
A atividade prática faz com o que o aluno tenha um envolvimento e compromisso maior com
a disciplina de ciências. As práticas auxiliam aos alunos a terem uma visão ampla do assunto abordado
em sala de aula e compreendendo os fenômenos que acontecem em sua volta. Esse método de ensino-
aprendizagem pode ser feito através de trabalho de campo, computadores, livros e até mesmo utilizar
a sala de aula como um ambiente de pesquisa (HODSON, 1994). No entanto, as práticas em
laboratório podem despertar a curiosidade do aluno que poderá ter um contato com um microscópio,
ver os microrganismos e conhecer cada objeto que é utilizado dentro de um laboratório. Essa vivencia
vai despertar o interesse do aluno a querer conhecer muito mais sobre o conteúdo, ampliando seus
estudos para a disciplina de ciências, com a oportunidade de interagir com algumas montagens de
objetos específicos que eles não têm contato em sala de aula (BORGES,1997).
Além de ser um método de ensino-aprendizagem facilitando o desenvolvimento dos alunos,
as práticas tornam-se uma aula dinâmica e com isso tornando a disciplina de ciências uma matéria
mais agradável de estudar. Essas aulas tornam-se uma ferramenta de extrema importância para
facilitar a didática do professor e assim motivando cada vez mais os alunos para o estudo da ciência.
Diante de tal perspectiva, o presente trabalho apresenta como objetivo discutir a importância das aulas
práticas no ensino fundamental mostrando a relevância dessas atividades práticas para o ensino da
ciência.

Metodologia
68
A seguinte pesquisa foi realizada com estudantes do ensino fundamental da escola pública
CEB Professor James Azevedo localizada na rua Alto Longa no bairro Alto alegre CEP 64008140 na
zona norte da capital de Teresina-PI. Foi aplicado um questionário através de estudantes universitário
da Universidade Estadual Do Piauí localizada na zona norte de Teresina rua João Cabral CEP 64002-
150. O questionário possuía 10 perguntas para avaliar o interesse sobre as aulas práticas e outro com
5 perguntas sobre o assunto que foi abordado sem a identificação do aluno. Houve participação de
três turmas do ensino fundamental, somando um total de 51 alunos; no sexto ano foi aplicado 13
questionários; no oitavo ano 8 questionários e no nono ano foi aplicado 30 questionários. A partir
desses questionários fizemos uma análise de informações de aula teórica e aula prática para avaliar a
importância da atividade prática, após com o resultado dos questionários obtidos foi aplicada aulas
teóricas e em seguida a atividade prática.
Foi feito uma coleta de dados através de questionários com cinco questões realizadas com os
alunos durantes as aulas e dividida em três etapas:
1º ETAPA: Aula teórica - Realizou-se uma aula teórica sobre célula vegetal e animal onde foi
evidenciada cada função de suas organelas e diferenciação de células animal e vegetal. E após essa
aula foi realizada a atividade prática. Para auxiliar a aula teórica foi aplicado um questionário
chamado de Pré-Teste que constituiu em questões do assunto abordado sobre célula.
2° ETAPA: Aula prática -Depois da aula teórica foram realizados uma atividade prática e um roteiro
para auxiliar em que foi mostrado lâminas de Célula vegetal e animal já prontas. Essa prática
aconteceu na sala de aula usando o microscópio próprio da escola.
3° ETAPA: Aplicação do mesmo questionário de aula teórica -Foi aplicado o mesmo questionário
(Pós-Test) de aula teórica para comparar os resultados obtidos antes da prática e após a mesma.

Resultados e Discussão
O trabalho foi realizado em 3 etapas respectivamente: Questionário, Aula teórica com um
questionário avaliativo (Pré-teste) e Aula prática com um questionário avaliativo (Pós-Teste).
Primeiro foi desenvolvido e aplicado um questionário, que teve a participação de 51 alunos,
que frequentam o 6º, 8° e o 9º ano do ensino fundamental, para avaliar o interesse e o conhecimento
prévio sobre as aulas práticas laboratoriais e afinidade com a matéria de ciências. Observou-se que
96% dos alunos não tiveram nenhuma aula prática em sua vida acadêmica. E constatou que 84%
gostam da matéria de ciências.
No segundo momento foi realizado uma aula teórica e um questionário avaliativo chamado de
Pré-teste que foi composto por cinco perguntas de múltipla escolha com quatro alternativas cada,
sobre o assunto Célula vegetal e animal. Ao analisar os dados, referente ao Pré-teste, constatou-se,
no primeiro momento, 80% dos alunos não respondeu célula vegetal e 25% respondeu célula animal.
Podemos observar a visualização dos alunos e as lâminas preparadas (Figura1)

Figura 1: Aluno observando a célula vegetal e animal no microscópio, aumentos 200X e 400X .

Em seguida foram realizadas atividades práticas laboratoriais sobre os assuntos abordados nas
questões do Pré-teste, e por fim foi aplicado novamente um questionário chamado de Pós-Teste, e foi
possível notar que 100% dos alunos conseguiram responder todas as questões corretamente.
69
Os dados obtidos nesse trabalho comprovam as observações de Poletti (2001) que enfatiza
que a realização de atividades práticas é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois
vivemos em um mundo com constantes mudanças. O método de ensino deve acompanhar este
desenvolvimento, fazendo com que o aluno analise, aprenda e compreenda o conhecimento adquirido.
Diante desse contexto, as aulas deixam de ser vistas como entediantes e estressantes. Pois as práticas
devem despertar em geral um grande interesse nos alunos, além de propiciar uma situação de
investigação. Essas aulas quando bem planejadas constituem momentos particularmente ricos no
processo de ensino aprendizagem (DELIZOICOV et al, 2000).

Conclusão
A aula prática é importante para o desenvolvimento do aluno na disciplina de ciências, pois
ajuda a compreender melhor o assunto abordado e isso é uma maneira de deixar as aulas mais
interessantes para o aluno. Para que ocorra um desenvolvimento positivo do aluno o professor tem
que se adequar a essa metodologia de ensino. As aulas práticas possibilitam um diálogo maior entre
aluno e professor e também o direcionamento para uma visão do mundo científico.

Referências

ANDRADE, M. L. F; MASSABNI, V. G. O desenvolvimento de atividades práticas na escola: Um


desafio para professores de Ciências. Ciência & Educação, v.17, n.4, p. 835-854, 2011.

BORGES, A.T. O papel do laboratório no ensino de ciências. In: MOREIRA, M.A.;


ZYLBERSZTA J.N.A.; DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.A.P. Atlas do I Encontro Nacional de
Pesquisa em Ensino de Ciências. Editora da Universidade – UFRGS, Porto Alegre, RS, 1997. 2–
11.

DELIZOICOV, D. et al. Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 2000.

HODSON, D. Hacia um enfoque más crítico del trabajo de laboratório. Enseñanza delas Ciencias,
v.12, n. 13, p.299-313, 1994.

PILETTI, Claudino. (Org.) Didática especial. 6.ed. São Paulo: Ática S.A, 1988.

POLETTI, N; Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental. 26 ed. São Paulo: Ática,


2001.

VASCONCELLOS, C. D. S. Planejamento: plano de ensino, aprendizagem e projeto educativo.


4.ed. São Paulo: Libertad, 1995.

70
ABORDAGEM INVESTIGATIVA SOBRE O CICLO CELULAR EM UMA ESCOLA
ESTADUAL DE FLORIANO-PI

Autores: Michelle Mara de Oliveira Lima1; Francielle Alline Martins2; Pedro Marcos Almeida3

E-mail para correspondência: michellelima@ifpi.edu.br

Instituições: 1Instituto Federal do Piauí/ Campus Floriano/Departamento de Licenciatura em


Ciências Biológicas/Floriano-PI. 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/
CCN/ Laboratório de Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ FACIME/
CCS/Teresina/PI

Palavras-chave: Allium cepa; ensino; modelo didático.

Introdução
Na tentativa de melhorar o ensino de Biologia e de estimular a participação e a integração dos
estudantes na construção do conhecimento, estudos buscam incorporar o ensino investigativo
(BRITO et al., 2018). Esta estratégia utiliza métodos didáticos que envolvam ativamente os
estudantes na resolução de questões e problemas, em que a reflexão, a análise e a discussão sejam
condições para solucioná-los. Assim, modelos lúdicos e/ou práticas podem integrar sequências de
ensino investigativas para alcançar uma aprendizagem significativa (SCARPA; CAMPOS, 2017).
Modelos didáticos são metodologias de ensino eficazes no ensino de biologia celular, auxiliando na
aprendizagem de conceitos e processos abstratos (ZIERER, 2017) e minimiza as dificuldades
encontradas pelos estudantes na compreensão do ciclo celular (SILVA et al., 2018). Além disso, aulas
práticas também despertam a curiosidade dos estudantes, favorecendo a observação e a investigação
de fenômenos biológicos. Estudos utilizando a prática de Allium cepa no ensino de ciclo celular foram
relatados apenas por Carneiro e Silva (2007) na graduação e Kieling et al. (2018) no ensino médio,
que mostraram a importância da prática no ciclo celular. Contudo, a utilização de A. cepa na educação
básica ainda é incipiente a partir de uma perspectiva investigativa.
Sendo assim, considerando a importância de utilizar metodologias de ensino que estimulem
os estudantes a analisar e refletir sobre problemas propostos para a construção do conhecimento, o
objetivo deste estudo foi desenvolver e aplicar uma Sequência de Ensino Investigativa (SEI) sobre o
ciclo celular utilizando um modelo didático e células meristemáticas de A. cepa com alunos do ensino
médio de uma escola Estadual em Floriano-PI.

Metodologia
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UESPI 2.609.879) e
realizada com 21 estudantes do terceiro ano do Ensino Médio de uma escola da rede Estadual de
ensino na cidade de Floriano-PI. A aplicação de cada uma das etapas que compõem este estudo
ocorreu no mês novembro de 2018, sendo 3 h/aula no primeiro dia e 5 h/aula no segundo. A idade
média dos estudantes participantes foi de 18 ± 1,4 anos, sendo 13 do sexo feminino e 8 do sexo
masculino.

Instrumento de coleta de dados


Os dados para a pesquisa foram coletados a partir de um questionário com 14 questões (7
subjetivas e 7 objetivas) aplicado antes (pré-teste) e após (pós-teste) a utilização da SEI. A avaliação
das respostas das questões subjetivas foi realizada segundo Carneiro e Silva (2007), com adaptações.
As questões objetivas foram compostas contendo apenas uma alternativa correta (nota 1) ou nota 0
(zero) para alternativas incorretas ou em branco. Com o intuito de conhecer a percepção dos
estudantes quanto às metodologias empregadas na SEI foi aplicado o questionário feedback com dez
perguntas objetivas (cinco para o modelo didático e cinco para A. cepa). Os estudantes avaliaram as
metodologias com notas de zero a cinco.
71
Aplicação da Sequência de Ensino Investigativa (SEI) sobre o ciclo celular
Na problematização geral, os estudantes foram estimulados a refletir sobre o conteúdo do ciclo
celular de um modo geral a partir de questões motivadoras. Para a utilização do modelo didático
desenvolvido, os estudantes foram divididos em cinco grupos e receberam o kit contendo a peça base
e peças de biscuit com as estruturas que participam das fases do ciclo celular (Figura 1A). Foi
solicitado que os grupos dispusessem as peças de biscuit em cima da mesa para que observassem cada
estrutura individual, questionando-se sobre o seu papel nas fases correspondentes. Em seguida,
montaram cada uma das fases que caracteriza o ciclo celular, inicialmente de forma sequencial
(Figura 1B) respeitando a ordem de ocorrência de cada uma e, em seguida de forma aleatória,
relacionando as estruturas e as funções das peças com suas respectivas fases, para que fosse possível
avaliar a correta correlação das peças às suas respectivas funções em cada fase.

Figura 1 – A - Peças do modelo didático. Peça base (verde e branco), envoltório nuclear (azul);
cromatina e cromossomos (vermelho e roxo); centrômeros (laranja e azul); centríolos e fuso mitótico
(amarelo). B - Fases do ciclo celular no modelo didático. (1) Intérfase, (2) Prófase, (3) Metáfase, (4)
Anáfase, (5) Telófase.

Na prática A. cepa os estudantes foram subdivididos em dois grupos e cada turma realizou
uma prática de 2 h no Laboratório de Biologia do Instituto Federal do Piauí (IFPI) - Floriano. Cada
estudante recebeu um roteiro de aula prática e os procedimentos prévios da prática foram explicados
aos estudantes. Sementes de A. cepa (cv. Vale Ouro IPA-11) foram germinadas em placas de Petri
durante cinco dias em água de torneira. Posteriormente, o material foi fixado em Carnoy (3 etanol: 1
ácido acético; v:v) por 6-8 h, à temperatura ambiente, e estocadas à -4ºC. Em seguida, os estudantes
realizaram a confecção das lâminas seguindo a metodologia de Bianchi et al. (2015) com
modificações. As raízes foram lavadas três vezes em água destilada, de 5 min cada, e hidrolisadas a
60ºC, por 10 min, em HCl 1N. Após a hidrólise, as raízes foram novamente lavadas em água destilada
e transferidas para frascos de vidro âmbar, contendo o Reativo de Schiff, onde permaneceram em
local escuro, por 30 min. Após esse período, as raízes foram lavadas e transferidas para as lâminas,
onde foram esmagadas em uma gota de carmim acético 2% e montadas com lamínulas.

Análise estatística
Os resultados dos questionários pré e pós foram expressos em média e desvio-padrão e os
dados foram comparados e analisados pelo teste t para dados pareados (p < 0,05) no programa
BioEstat 5.3 (AYRES et al., 2007). A avaliação do ganho normalizado de aprendizagem (g) foi
realizada a partir da equação de Hake (1998), que permite avaliar o quanto a turma progridiu na
compreensão de determinado tópico. O g é categorizado em três classes: baixo (g < 0,30), médio
(0,30 ≤ g < 0,70) e alto (g ≥ 0,70).

72
Resultados e Discussão
A partir das concepções prévias referentes à problematização geral da SEI, os estudantes
mostraram dificuldades em compreender como o material genético se divide, a dinâmica dos eventos
e as estruturas celulares participantes do ciclo celular, corroborando com os resultados encontrados
no pré-teste das questões subjetivas e objetivas (Figura 2).

Figura 2 - Média comparativa das respostas do pré-teste com o pós-teste das questões subjetivas (A)
e objetivas (B) realizadas por 21 alunos da escola Estadual na cidade de Floriano-PI.

Fonte: Dados da pesquisa.


*Significativo no teste t, para dados pareados (***p < 0,001), (**p < 0,01), (*p < 0,05). As médias do pós-
teste foram comparadas com o pré-teste. Questões Subjetivas: 1 - esquema das estruturas celulares
participantes do ciclo celular; 2 - definição de ciclo celular; 3 - características da mitose; 4 - características da
intérfase e sua importância para o ciclo celular; 5 - fases do ciclo celular a partir da análise de figuras; 6 -
células que realizam mitose no corpo humano e 7 - doenças relacionadas à mitose. Questões objetivas 1- fase
do rompimento do envoltório nuclear; 2 - fase da duplicação dos cromossomos; 3 - fase da condensação dos
cromossomos; 4 – estrutura envolvida na migração das cromátides irmãs; 5 - sequência das fases do ciclo
celular; 6 - fase da formação da placa equatorial e 7 - estrutura responsável por promover a ligação do fuso
mitótico aos cromossomos.

As dificuldades apresentadas no pré-teste pelos estudantes reforçam a maior resistência na


compreensão de conteúdos ligados as estruturas microscópicas, como relatado por Zierer (2017).
Muitos estudantes apresentam dificuldades em compreender conceitos abstratos por não conseguirem
criar imagens dos processos biológicos, o que leva os mesmos a memorização de figuras nos livros
didáticos. Além disso, outro desafio para o ensino é a presença de termos e processos que, a priori,
se apresentam de forma desconexa com a observação cotidiana dos estudantes (DURÉ et al., 2018).
Para compreender o quanto a SEI contribuiu para o aprendizado dos estudantes sobre o ciclo
celular foi realizado o cálculo do ganho normalizado de aprendizagem (g) proposto por Hake (1998),
a partir da porcentagem de acertos das respostas obtidas nos questionários pré e pós das questões
subjetivas ou objetivas. O cálculo permite avaliar o quanto a turma progrediu na compreensão do
conteúdo. Segundo esta avaliação, os estudantes apresentaram ganho médio tanto para as questões
subjetivas e objetivas. Embora o ganho normalizado de aprendizagem total para ambas as questões
tenha se apresentado com valor total médio, é importante destacar a questão 5 (objetiva e subjetiva)
em que os valores de g foram considerados alto (Tabela 1). A SEI proporcionou a inserção dos
estudantes em um ciclo investigativo, onde as hipóteses sugeridas por eles estimularam a discussão
com a professora e com os outros grupos. Esta percepção corrobora com o que foi observado por
Brito et al. (2018) onde, a abordagem investigativa colocou o estudante como protagonista no
processo ensino aprendizagem tendo a construção dos conhecimentos mediadas pelo professor que
atua como orientador, fomentando discussões, explicações e viabilizando a sistematização do
conhecimento.
Após a aplicação da SEI, os estudantes responderam a um questionário feedback para
conhecer suas percepções quanto às metodologias empregadas. De forma geral, foi observado que os
estudantes apresentaram notas altas para as metodologias de ensino, aprendizagem, nível de interesse
e grau de satisfação e baixa dificuldade no desenvolvimento dos dois modelos utilizados (Figura 3).

73
Tabela 1 - Percentual de acertos (pré e pós-teste) e o ganho normalizado de aprendizagem (g) da escola
Estadual em Floriano – PI.
Questão Número Pré-teste Pós-teste g
1 4,76 59,52 0,58
2 5,95 33,33 0,29
3 0,00 19,05 0,19
Subjetiva 4 0,00 14,29 0,14
5 0,00 77,38 0,77
6 0,00 3,57 0,04
7 0,00 16,67 0,17
TOTAL 1,53 31,97 0,31
1 4,76 42,86 0,40
2 0,00 14,29 0,14
3 0,00 23,81 0,24
Objetiva 4 4,76 52,38 0,50
5 0,00 95,24 0,95
6 0,00 38,10 0,38
7 0,00 28,17 0,29
TOTAL 1,36 41,50 0,41

Fonte: Dados da pesquisa.


g - Valores para ganho normalizado de aprendizagem, segundo Hake: baixo (g < 0,30), médio (0,30 ≤ g < 0,70)
e alto (g ≥ 0,70). Questões Subjetivas: 1 - esquema das estruturas celulares participantes do ciclo celular; 2 -
definição de ciclo celular; 3 - características da mitose; 4 - características da intérfase e sua importância para
o ciclo celular; 5 - fases do ciclo celular a partir da análise de figuras; 6 - células que realizam mitose no corpo
humano e 7 - doenças relacionadas à mitose. Questões Objetivas: 1- fase do rompimento do envoltório
nuclear; 2 - fase da duplicação dos cromossomos; 3 - fase da condensação dos cromossomos; 4 – estrutura
envolvida na migração das cromátides irmãs; 5 - sequência das fases do ciclo celular; 6 - fase da formação da
placa equatorial e 7 - estrutura responsável por promover a ligação do fuso mitótico aos cromossomos.

Figura 3 - Média das respostas do questionário feedback para o modelo didático e para a prática de
A. cepa realizadas por 21 estudantes da escola Estadual na cidade de Floriano-PI.

5
4
3
2
1
0
Metodologia Dificuldade Aprendizagem Interesse Satisfação

Modelo Didático A. cepa

Fonte: Dados da pesquisa

O uso de modelos didáticos propostos por Silva et al. (2018) também permitiu a maior
compreensão dos estudantes quanto ao ciclo celular através de sua participação ativa durante as aulas.
Enquanto Kieling et al. (2018) a partir do método da Engenharia Didática (ED) utilizaram um modelo
didático sobre a molécula de DNA, o jogo didático “Trilha do Ciclo Celular” e a prática A. cepa para
compor uma sequência didática para o ensino sobre o ciclo celular. Segundo os autores, aliar modelos
e jogos didáticos às aulas possibilitou aos estudantes uma melhor compreensão da definição e do
papel desempenhado pelas estruturas celulares, e que a partir da prática de A. cepa houve um melhor
entendimento das fases da mitose e maior assimilação e aplicação dos conceitos.
74
Conclusão
Durante a aplicação da SEI, foi possível observar o empenho e envolvimento dos alunos em
buscar as respostas para as perguntas motivadoras a partir do uso das metodologias empregadas. A
SEI modificou a postura dos alunos tornando-os protagonistas na construção dos conhecimentos a
partir da análise, reflexão e discussão das suas percepções sobre o conteúdo. Assim, destaca-se a
importante necessidade de metodologias ativas incorporadas a sequência de ensino investigativa,
similares às que foram propostas neste estudo nas escolas de ensino básico, principalmente naquelas
em que há pouca infraestrutura, como as escolas Estaduais, para que os alunos possam atribuir maior
significado aos conteúdos que estão sendo ensinados, superando o ensino meramente informativo,
descontextualizado e fragmentado.

Agradecimentos
À CAPES pela concessão da bolsa de Mestrado e ao PROFBIO/UESPI, pela oportunidade de
capacitação.
Referências

AYRES et al. Aplicações estatísticas nas áreas das ciênicas biomédicas. 2007.Disponível em:
<https://www.mamiraua.org.br/ptbr/publicacoes/publicacoes/2007/livros/bioestat-50/>. Acesso em:
20 mar. 2019.

BIANCH, et al. Analysis of the genotoxic potencial of low concentration of Malathion on the
Allium cepa cells and rat hepanoma tissue culture. JES – Journal of Environmental Sciences, v.
36, p. 102 – 111, 2015.

BRITO, et al. Ensino por investigação: uma abordagem didática no ensino de ciências e biologia.
Revista Vivências em Ensino de Ciências, v. 2, n. 1, p. 54–60, 2018.

CARNEIRO, S. P.; SILVA, J. DA. O Teste Allium cepa no ensino de Biologia Celular : um estudo
de caso com alunos da graduação. Acta Scientiae, v. 9, n. June 2015, 2007.

DURÉ, et al. Ensino de Biologia e contextualização do conteúdo: quais temas o aluno de ensino
médio relaciona com o seu cotidiano? Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n. 1, p. 259–
272, 2018.

HAKE, R. R. Interactive-engagement versus traditional methods: A six-thousand-student survey of


mechanics test data for introductory physics courses. American Journal of Physics, v. 66, n. 1, p.
64–74, 1998.

KIELING, et al. Ciclo celular : construção e validação de uma sequência didática pela metodologia
da engenharia didática. Journal of Biochemistry Education, v. 16, n. 2, 2018.

SCARPA, D. L.; CAMPOS, N. F. Potencializades do ensino de Biologia por investigação. Estudos


Avançados, v. 32, n. 94, p. 25–42, 2018.

SILVA, et al. Modelização didática como possibilidade de aprendizagem sobre divisão celular no
ensino fundamental. Revista Thema, v. 15, n. 4, p. 1376–1386, 2018.

ZIERER, M. DE S. The construction and application of didactic models in Biochemistry teaching.


Journal os Biochemistry Education, v. 15, 2017.

75
ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO MÉDIO COM USO DA FLORA NATIVA
DO MUNICÍPIO DE ESPERANTINA-PI.

Autores: Patrícia Silva Carvalho¹; Maura Rejane de Araújo Mendes².

E-mail para correspondência: patty_carvalho11@hotmail.com.

Instituições: ¹ CEEP-Leonardo das Dores-SEDUC/PI/ PROFBIO/ Teresina-PI; ² Universidade


Estadual do Piauí/ Campus de Parnaíba/ Parnaíba/PI/PROFBIO.

Palavras-chave: Vegetação do Piauí. Estratégias didáticas. Aprendizagem. Biologia.

Introdução
Percebe-se entre os estudantes certo desinteresse pela Botânica, que pode ser causado pela
“cegueira botânica”, que é definida como a dificuldade de perceber as plantas ao redor
(WANDERSEE e SCHUSSLER, 2001; ARRAIS, SOUSA e MASRUA, 2014; CORRÊA et al.,
2016), e pelo distanciamento entre o que é ensinado e o cotidiano dos mesmos. O próprio livro
didático explora muitas vezes plantas exóticas, enquanto deixa de lado as plantas nativas da região,
não valorizando os ecossistemas locais (SALES; LANDIM, 2009; CORRÊA et al., 2016). Tais
fatores associados a outros, como nomenclatura difícil, poucas aulas práticas, causam desinteresse
para o estudo das plantas (AMADEU; MACIEL, 2014). Vários trabalhos na literatura científica são
voltados para a discussão das dificuldades enfrentadas pela prática docente no ensino de Botânica,
como exemplo, pode se citar a “cegueira botânica”, ausência de estratégias diversificadas e livros
descontextualizados com a realidade do aluno (AMADEU e MACIEL, 2014; ARRAIS, SOUSA e
MASRUA, 2014; CORRÊA et al. 2016; SALES e LANDIM, 2009)
Então, como aproximar a Botânica do cotidiano do estudante e contextualizá-la com a sua
realidade já que o Brasil é um país com uma enorme biodiversidade. O Piauí, por sua vez, apresenta
fragmentos de grandes biomas brasileiros, tais como Cerrado, Caatinga (ARAÚJO et al., 2010),
várias áreas de transição entre mata de Cerrado/Caatinga, Babaçu/Cerrado, Mata seca/Cerrado e cada
um como uma biodiversidade bem característica (FARIAS e CASTRO, 2004) e zona Costeira com
uma fisionomia vegetal diversificada (SANTOS FILHO, 2009).
A literatura sobre este tema nos diz que seria necessário tornar acessível aos estudantes
conhecimentos a respeito da riqueza e diversidade dos biomas brasileiros, para despertar nos mesmos
o senso de responsabilidade com a preservação do ambiente e o interesse pelo estudo das plantas
(BRASIL, 2006).
Com base neste pensamento, este trabalho realizou uma pesquisa com estudantes de uma
escola pública estadual do município de Esperantina-PI, cujo objetivo principal era o de analisar o
estudo da flora nativa da região como ferramenta didática para um melhor aprendizado da Botânica,
aplicada por meio de estratégias diferenciadas e desta forma verificar as vantagens da metodologia
como facilitadora do ensino.

Metodologia
A escola em que esse trabalho de pesquisa foi realizado, localiza-se no município de
Esperantina-PI, e pertence a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEDUC). O presente projeto
encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - CONEP e CEP/UESPI; CAAE:
89926518.7.0000.5209, e possui Cadastro no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e
do Conhecimento Tradicional Associado- SISGEN nº A3CE061. Foram selecionados 84 estudantes
do 2º ano para participarem da pesquisa. Os estudantes foram divididos em dois grupos, ora
denominados de grupo experimental e grupo controle.
Para a execução desse projeto foram selecionadas previamente 10 espécies da vegetação
nativa da região (Tabela 1), que já haviam sido listadas na literatura que descrevia a flora do município
de Esperantina (FRANCO e BARROS, 2006; TORQUATO, 2006; SILVA et al., 2008; ARAÚJO et
76
al., 2010). O critério de escolha das espécies, incluía a disponibilidade de estudos sobre as mesmas,
bem como por serem bastante conhecidas na região e de fácil identificação por parte dos estudantes.

Tabela 1. Espécies nativas selecionadas da literatura para intervenção na escola.


Espécie Família Nome vulgar Hábito

Anacardium occidentale L Anacardiaceae Caju Árvore


Attalea speciosa Mart. ex Spreng Arecaceae Babaçu Árvore
Bromelia karatas L Bromeliaceae Croatá Erva
Byrsonima gardneriana A. Juss Malpighiaceae Murici Arbusto
Caryocar coriaceum Wittm Caryocaraceae Pequi Árvore
Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore Arecaceae Carnaúba Árvore
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Fabaceae Jatobá Árvore
Lecythis cf. pisonis Cambess Lecythidaceae Sapucaia Arvore
Parkia platycephala Benth Fabaceae Faveira Árvore
Platonia insignis Mart. Clusiaceae Bacuri Árvore
Fonte: Elaborada pela autora.

Para a realização deste trabalho de pesquisa foram elaboradas estratégias didáticas que
exploravam aspectos botânicos das plantas pertencentes a flora nativa previamente selecionada. Essa
pesquisa foi executada em três etapas.
I ETAPA
Nesta etapa executou-se atividades diversificadas que explorassem aspectos botânicas das
plantas selecionadas (Tabela 1). Analisou-se informações como nome científico, popular e utilizações
pelo homem, dados que foram previamente levantadas na literatura especializada. Realizou-se aula
passeio no entorno da escola, com coletas e observação das estruturas das flores, discutindo-se sua
importância sobre seu papel na reprodução. Em seguida, iniciou-se a atividade de confecção de
modelos didáticos. Os estudantes foram organizados em grupos, cada grupo ficou responsável por
confeccionar modelos de um determinado aspecto botânico. Para finalizar o encontro foi realizada a
última atividade proposta, os jogos didáticos que forma elaborados utilizando diversos aspectos das
plantas nativas. Foram executados dois jogos, um jogo da memória e um jogo de tabuleiro.
II- ETAPA
O segundo encontro foi a aula de campo ao Parque Ecológico Cachoeira do Urubu, os
estudantes puderam observar in loco e analisar alguns espécimes da flora nativa. Esta atividade teve
como objetivo a concretização do aprendizado em sala de aula sobre morfologia vegetal de flores e
frutos, interação com os seres vivos do ambiente. Os estudantes receberam instruções sobre a coleta
de plantas e preenchimento das fichas de identificação das espécies. Os materiais coletados foram
utilizados posteriormente na produção de exsicatas.

III- ETAPA
Neste encontro foi realizada a atividade de confecção dos modelos de raiz e caule de
monocotiledôneas e eudicotiledôneas e montagem das exsicatas com o material coletado no Parque
Ecológico Cachoeira do Urubu. Como encerramento do projeto foi realizada uma pequena exposição
Botânica na escola com todos os materiais produzidos pelos participantes, desenhos, modelos e
exsicatas.
Os dados analisados nesta pesquisa foram coletados com aplicação de questionários
destinados ao grupo experimental, ao grupo controle. Para algumas questões foi atribuída uma tabela
de valor, sendo 0-nenhum, 1-pouco, 2-médio e 3-muito para quantificação dos dados. A análise de
dados do grupo experimental, obtidos antes e depois da atividade, foi realizada com a aplicação do
teste T student. A análise estatística dos dados do grupo controle, foi feita pelo teste de Kruskal-
Wallis, em que se comparou os dados desde grupo com os do grupo experimental. Todas as análises
estatísticas utilizaram o programa BIOESTAT 5.4.
77
Resultados e Discussão
Conforme a realização da aula passeio no entorno da escola percebeu-se que não haviam
plantas nativas neste ambiente, mas ocorriam algumas espécies exóticas, demonstrando que a
desvalorização da vegetação nativa não é exclusiva apenas do livro didático (SALES e LANDIM,
2009), mas também do próprio ambiente escolar.
Com o objetivo de verificar se a execução das atividades foi capaz de influenciar o interesse
dos estudantes pela Botânica, foi questionado aos estudantes se gostavam da disciplina, a maioria
gosta do tema, e o interesse cresceu após a realização das atividades de intervenção (Tabela 2), com
diferença significativa conforme revela o teste estatístico.

Tabela 2. Média da afinidade dos estudantes com a Botânica antes e depois das atividades de intervenção e p-
valor calculado pelo teste T student.
Antes Depois
Indivíduos 45 45
Média 1,3778 2,3778
Desvio Padrão 0,6498 0,4903
Erro Padrão 0,0969 0,0731
Desv. Padrão da Diferença 0,7977 ---
Erro Padrão da Diferença 0,1189 ---
Média das diferenças -1 ---
(t)= -8,4092 ---
Graus de Liberdade 44 ---
(p) unilateral = < 0,0001 ---
Fonte: Elaborada pela autora.

Para verificar se essas metodologias foram eficientes foi perguntado aos estudantes se acharam
interessante e se essas atividades haviam contribuído com a aprendizagem. Considerou-se que as
atividades aplicadas tiveram uma contribuição média para a aprendizagem, esse resultado foi obtido
após se calcular a média das médias das atividades realizadas, obtendo-se o valor 2,03, que segundo
a tabela estabelecida seria o médio (Tabela 3). Dentre as atividades a que obteve maior média foi a
aula no entorno da escola, obtendo média 2,08, sugerindo que essa teria sido mais interessante e
contribuiu mais com a aprendizagem. Os resultados deste trabalho corroboram com outros autores,
ao afirmarem que aulas de campo são uma forma do professor proporcionar ao estudante um contato
mais direto com o meio ambiente, fazendo perceber a fauna e a flora local e restabelecer sua relação
com a natureza (BRASIL, 2006; FIGUEIREDO, 2009; SENICIATO e CAVASSAN, 2009;
FREITAS, 2012; DUTRA e GÜLICH, 2014). É possível que tenha sido essa a razão pela qual essa
atividade tenha obtido uma média maior.

Tabela 3. Consideração dos estudantes sobre a contribuição das atividades para a aprendizagem. A- Aula de
campo no entorno da escola; B- Aula de campo a cachoeira; C- Modelos didáticos; D- Jogos didáticos; E-
Atividade tornou a botânica mais interessante; F- A exploração da flora nativa contribui para aprendizagem.
Abreviações: fi: frequência simples; Fi: frequência relativa.

A B C D E F
VALOR fi Fi fi Fi fi Fi fi Fi fi Fi fi Fi
0 0 0% 0 0 0 0% 2 4.44% 0 0% 0 0%
1 5 11.11% 4 8.89% 11 24.44% 5 11.11% 5 11.11% 7 15.56%
2 31 68.89% 30 66.67% 25 55.56% 31 68.89% 32 71.11% 31 68.88%
3 9 20% 11 24.44% 9 20% 7 15.56% 8 17.78% 7 15.56%
Média 2.08 2,15 1,95 1,95 2.06 2
Fonte: Elaborada pela autora.

78
Conclusão
Este trabalho de pesquisa teve como objetivo apresentar mais opções de metodologias que
busquem facilitar a aprendizagem de Botânica, com o uso da flora nativa da região em que a escola
está inserida, de forma a valorizar a realidade do estudante e seu cotidiano. Foram realizadas
atividades diversificadas que exploravam aspectos de algumas plantas pertencentes a vegetação da
região. As atividades executadas apresentaram-se satisfatórias quanto ao seu propósito, conforme
demonstram dados estatísticos. Porém, a respeito da utilização das estratégias sugeridas foram
identificados alguns obstáculos, existe pouco material disponível para o ensino de Botânica
envolvendo a flora nativa, principalmente do Nordeste, os próprios livros didáticos são carentes
dessas informações. Então cabe ao professor buscar e elaborar seus materiais e metodologias.
Acredita-se pela análise da literatura disponível e pelos resultados obtidos neste trabalho, a
metodologia é viável como facilitadora do ensino de Botânica. Seria interessante que no futuro mais
estudos sejam desenvolvidos com essa abordagem, buscando mais estratégias de ensino que explorem
a flora nativa como recurso didático eficiente no ensino de Botânica, para a valorização dos
ecossistemas locais e conscientização dos estudantes sobre a importância dos mesmos, além da
valorização do ambiente em que o estudante vive.

Referências

AMADEU, S. O.; MACIEL, M. D. A dificuldade dos professores de educação básica em implantar


o ensino prático de botânica. Revista de Produção Discente em Educação Matemática., v. 3, n. 2,
p. 225–235, 2014.

ARAÚJO, J. l. et al. Atlas Escolar Piauí Geo-histórico e Cultural. 1st ed. João Pessoa: Grafset,
2010.

ARRAIS, M. G. M.; SOUSA, G. M.; MASRUA, M L. O ensino de Botânica: investigando


dificuldades na prática docente. In: V Enebio e II Erebio Regional 1, São Paulo. Revista
SBEnBio, n. 7, p. 5409-5418, 2014.

Brasil. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, v. 2, p.


135, 2006

CORTE, V. B.; SARAIVA, F. G.; PERIN, I. T. A. L. Modelos didáticos como estratégia


investigativa e colaborativa para o ensino de botânica. Revista Pedagógica, Chapecó, v. 20, n. 44,
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DUTRA, A. P.; GÜLLICH, R. I. C. A Botânica e suas metodologias de ensino. In: V Enebio e II


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FARIAS, R. R. S. DE; CASTRO, A. A. J. F. Fitossociologia de trechos da vegetação do Complexo


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FRANCO, E. A. P.; BARROS, R. F. M. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo


Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 8, n. 3, p.
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79
FREITAS, ET AL. Uma abordagem interdisciplinar da BotÂnica no Ensino Médio. 1a ed. São
Paulo: IESDE Brasil, 2012.

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biologia usados em escolas de aracaju – se (Analysis of the native flora contents in biology
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WANDERSEE, J. .; SCHUSSLER, E. Toward a theory of plant blindness. Plant Science Bulletin,


v. 47, n. 1, p. 2–9, 2001.

80
FICOLOGIA NO CONTEXTO ESCOLAR DO ENSINO MÉDIO: ATIVIDADES
PRÁTICAS E PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

Autores: 1Rogers Stanley da Silva Quadros; Maria Gardênia Sousa Batista2

E-mail para correspondência: rogersbio@hotmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCS/Teresina/PI

Palavras-chave: Ensino; Fitoplâncton; Material Didático;

Introdução
Para facilitar o interesse dos estudantes para uma aprendizagem através de um processo
contínuo e de descobertas, a aula não deve ser apenas um processo rotineiro e mecânico. Na procura
por uma melhor aprendizagem, a metodologia deve ser variada e apresentar multimodos nas formas
de abordar um conteúdo específico. A maneira de se trabalhar um conteúdo possibilita que os alunos
tragam seu cotidiano para a sala de aula, sendo assim, o uso de aulas práticas, em campo e em
laboratório constitui-se como uma tentativa de tornar os tópicos mais concretos e interessantes para
o ensino, com a finalidade de melhoria da qualidade da aprendizagem (ZOMPERO; LABURÚ 2010).
Destacamos que as aulas práticas no ensino das ciências têm as funções de despertar e manter o
interesse dos estudantes, envolver os estudantes em investigações científicas, desenvolver habilidades
e capacidade de resolver problemas e compreender conceitos básicos. Essas ideias vão ao encontro
do que está nos eixos cognitivos comuns a todas as áreas de conhecimento da matriz de referência
para o ENEM 2009 (os ENEMs seguintes foram estruturados na mesma matriz de referência de 2009)
divulgado pelo MEC, onde se destaca a necessidade de desenvolver nos estudantes do Ensino Médio
a compreensão de fenômenos, o enfrentamento de situações-problema, a construção de argumentação
e a elaboração de propostas (LIMA; GARCIA, 2011).
Quando um conteúdo apresenta significado, o educando deixa de ser um analfabeto científico,
ao desenvolver uma capacidade de leitura, embasada em vocabulário básico de conceitos científicos,
podendo se tornar suficiente para perceber a existência de visões contrárias às veiculadas em revistas,
jornais e até mesmo livros didáticos (MARANDINO et al., 2011).
É interessante chamar a atenção de que nas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio existe uma recomendação de que o ensino de Biologia seja pautado na alfabetização científica.
Para Miller (1983, p. 31), a alfabetização científica implica três dimensões: a) a aquisição de um
vocabulário básico de conceitos científicos, b) a compreensão da natureza do método científico e c)
a compreensão sobre o impacto da ciência e da tecnologia sobre os indivíduos e a sociedade.
Embora a maioria dos estudantes saiba da existência das microalgas, pouquíssimas
experiências com as atividades de aulas teórico-práticas utilizando o microscópio, são realizadas para
evidenciar esses organismos, podendo ser bastante úteis como subsídios a uma maior aprendizagem
deste conteúdo em Biologia. Assim o conhecimento acerca das algas no ensino médio é extremamente
fragmentado.
O uso de aulas práticas e de material didático-pedagógico utilizados no sentido de facilitar o
processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos de microalgas na Biologia no ensino médio, poderá
promover a prática do conhecimento e discussão das questões trabalhadas, principalmente daquelas
relacionadas ao reconhecimento dos grupos e à morfologia das algas.

Metodologia
Esta pesquisa foi desenvolvida através do estudo do tipo qualitativo com a utilização da
metodologia da pesquisa-ação. Esta metodologia associa a ação com atividade de pesquisa e
pressupõe que os participantes da pesquisa devem ser considerados sujeitos ativos em todo o processo
de desenvolvimento da pesquisa. Para isso os participantes foram solicitados e motivados a buscar
em conjunto com os pesquisadores soluções para os problemas em estudo (THIOLLENT, 2005). Este
81
trabalho foi realizado com a colaboração de estudantes e professores do ensino médio de uma Escola
Estadual da rede pública do estado do Piauí. Os estudantes foram selecionados mediante o seguimento
dos seguintes critérios de inclusão: estar cursando o ensino médio no momento da realização da
pesquisa, e aceitar participar do estudo.
O procedimento adotado para participação na pesquisa feito mediante o seguimento das
seguintes etapas:
Solicitação e obtenção da autorização da diretoria da escola para desenvolver a pesquisa com
os alunos e professores da Instituição.
Na sequência, foi entregue os Termos de Consentimentos Livres Esclarecidos - TCLE para os
estudantes e professores que consentiram em colaborar, momento em que assinaram o termo, com o
devido consentimento para realizar este tipo de colaboração. Nele, estavam explicitados os objetivos
da pesquisa e a forma de participação.
A etapa seguinte deu-se com o planejamento da aula em campo, tendo sido organizada
observando-se a definição do local a ser estudado, onde optou-se pelo Parque Municipal Lagoas do
Norte situado na Zona Norte, tratando-se de uma área de preservação com acompanhamento de um
centro administrativo que disponibilizou técnicos para monitoramento, manutenção e aplicação de
informações para os estudantes.
A seguinte etapa do projeto deu-se com o desenvolvimento da aula em laboratório. Esta
ocorreu no Laboratório de Ficologia da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, sob a supervisão
da responsável pelo laboratório, incluindo o pesquisador do projeto e os estudantes de graduação em
ciências biológicas, monitores e estagiários do referido laboratório. Nessa etapa, foi realizada uma
atividade de observação do material coletado, onde foram confeccionadas lâminas e analisadas em
microscópio óptico, seguindo as técnicas usuais em ficologia (BICUDO et al, 2006).
Foram conduzidos ao parque das Lagoas do Norte, 260 estudantes distribuídos em três turmas
de 1º ano, duas turmas de 2º ano e duas turmas de 3º do ensino médio.
Ao iniciar a trilha os estudantes foram orientados quanto ao percurso e as observações a serem
feitas contidas no roteiro da aula que foi entregue a cada dupla de estudantes. O roteiro serviu de
auxílio para o desenvolvimento da aula em campo, destacando o objetivo em despertar no estudante
o interesse pela investigação da relação às algas. Foram abordados alguns termos tais como
eutrofização e ações antrópicas que seriam responsáveis em fazer alterações no ambiente aquático e
a ocorrência de cianobactérias. Bem como a metodologia para coleta de uma amostra de água para
observação no laboratório, para visualização das microalgas.

Figura 1. Atividades dos alunos em campo - Parque Lagoas do Norte em Teresina – Pi.

Fonte: Pesquisa direta, 2019.

No laboratório os estudantes foram orientados quanto as normas e condutas no laboratório e


seguindo o roteiro para a aula prática sobre observação de microalgas, e utilizando-se de microscópios
óptico, tiveram a oportunidade de visualizarem nas amostras de águas coletadas do Parque Lagoas do
Norte a ocorrência da diversidade de algas fitoplanctônicas, incluindo cianobactérias.

82
Figura 2: Atividades dos alunos em laboratório – Laboratório de Ficologia/UESPI, Teresina – Pi.

Fonte: Pesquisa direta, 2019.

Resultados e Discussão
Seguindo-se o percurso metodológico foi elaborado um livro com informações básicas e
complementares ao estudo das algas, em especial ao fitoplâncton. Esse material didático
complementar tem como título: O Fitoplâncton: uma gota de conhecimento.

Figura 3: Capa do livro

Fonte: Pesquisa direta, 2019.

Todo o processo de construção do livro, foi permeado pela atenção voltada à adequação da
linguagem. Este trabalho foi caracterizado pela identificação dos termos técnicos e a transformação
deles em exemplos através de imagens, de modo a facilitar compreensão do livro por seus usuários.
Houve o cuidado em relação à adequação da linguagem, no sentido de facilitar sua compreensão, de
acordo com o nível de ensino; e o emprego de termos técnicos se restringiu ao estritamente necessário
e, neste caso, os devidos esclarecimentos foram feitos através de um glossário, priorizando-se a
utilização através de imagens. Vale ressaltar que todas as imagens fizeram parte da explanação em
laboratório e tiveram como objetivo de promover o conhecimento da ficoflórula local, sendo incluídas
ilustrações exclusivas, selecionadas a partir de materiais coletados em âmbito regional.
Para a composição do livro propriamente dita, foi enviado o material a uma gráfica ao qual
foi solicitado realizar o trabalho de edição, diagramação e sua impressão. Os critérios adotados para
o texto foi de uma linguagem compreensível para o ensino médio, e uma diagramação arejada, com
visual suave e limpo, sendo respeitadas algumas regras: o uso de letras maiores do que as usuais, de
boa definição e sem contrastes de cores ao fundo; ilustrações claras que remetessem efetivamente ao
texto; frases e parágrafos curtos e sintéticos que concentrassem uma informação de cada vez com

83
espaçamento e entrelinhamento generosos que permitissem a leitura em várias situações; adoção de
um tipo de texto capaz de convencer esse leitor da necessidade e da importância da leitura.
Aqui são apresentados alguns depoimentos de estudantes sobre a aplicação das aulas em
campo e no laboratório de Ficologia, além da análise do livro didático, reforçando o entendimento
dos estudantes em relação ao conteúdo de Ficologia abordado no contexto escolar do ensino médio
numa Escola Estadual, em Teresina, Piauí.
“Duas aulas realizadas fora da escola que além de experiência ganhamos conhecimento, no Parque
Lagoas do Norte, conhecemos a Lagoa do Lourival e Lagoa dos Orixás. Coletamos água das Lagoas
e visualizamos no microscópio no Laboratório de Ficologia da UESPI, estudando as várias espécies
de microalgas, e com essas aulas, adquirimos aprendizado e experiência”. (estudante 1)
“Aprendemos muitas coisas sobre as lagoas e foi muito bom! No meu ponto de vista essa aula em
campo é melhor que está em sala de aula de aula; e no laboratório foi possível aprofundar mais no
nosso aprendizado”. (estudante 2)
É importante que a aprendizagem seja entendida como uma mudança de comportamento
provocada pela experiência do outro ser humano e não meramente pela experiência própria e prática
em si, ou pela repetição ou associação automática de estímulos e respostas.
Opiniões a respeito do livro foram dadas pelos alunos, em geral constatou-se que todos fizeram uma
avaliação positiva do livro.
“O livro é bastante informativo, além de possuir uma ótima organização. Impressiona por ter
pesquisas originais, imagens originais. O livro possui um glossário no final o que facilita bastante a
leitura. Gostei da apresentação, e fiquei com vontade de ler (estudante A.L.)”.
Portanto as aulas práticas, em campo e no laboratório, são formas sinestésicas de
representação, pois a Ciência não fala apenas do mundo na linguagem das palavras, e em muitos
casos, simplesmente não pode fazê-lo. A linguagem natural da Ciência é uma integração sinérgica de
palavras, com diferentes linguagens para ensinar, especialmente de forma prática, vivenciada,
observada e materializada (LABURÚ; SILVA, 2011). Segundo a teoria Freire (1997) torna-se
necessário experienciá‑la.
Deste modo, a realização de experimentos (aulas práticas), representa um excelente
mecanismo para que o aluno relacione a teoria à prática.

Conclusão
Com o desenvolvimento das atividades, verificou-se que os alunos se sentiram mais
estimulados com as atividades propostas pelo professor, cumprindo todas as etapas exigidas pelos
dois momentos: as aulas passeio e a visita ao laboratório de Ficologia, alcançando os principais
objetivos que traziam como etapas a pesquisa e a ação. Boa parte considerada dos estudantes se
colocaram à disposição para participarem, redigindo os pareceres das aulas passeio e da análise do
material didático, o livro sobre Ficologia, construído após todos os momentos aplicados, sabendo que
seria parte de uma terceira avaliação correspondente ao período letivo de 2019.
Observou-se que num ambiente não formal como o Parque Ambiental Lagoas do Norte, e o
Laboratório de Ficologia da UESPI, serviram como incentivos para o enriquecimento das aulas,
despertando nos alunos, um espírito de investigação do saber, proposto pelo professor pesquisador
dando ênfase para a construção de atitudes responsáveis que os tornam capazes de modificar,
conservar o espaço onde vivem e perpetuar as suas ações com a postura adquirida, exaltando o
respeito ao meio ambiente com perspectiva de conservar os recursos hídricos, não somente para si,
mas também para as futuras gerações.

Agradecimentos
Ao PROFBIO, a CAPPES, a UESPI, ao Laboratório de Ficologia da Universidade Estadual
do Piauí (UESPI).

Referências

84
BICUDO, C. E. M.; MENEZES, M. Gêneros de algas continentais do Brasil: chave para
identificação e construções. São Carlos: Rima, 2006.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1997.

LABURÚ, C. E.; SILVA, O. H. M. Multimodos e múltiplas representações: fundamentos e


perspectivas semióticas para a aprendizagem de conceitos científicos. Investigações em Ensino de
Ciências 16: 7-33, 2011.

LIMA, D. B. de; GARCIA, R. N. Uma investigação sobre a importância das aulas práticas de Biologia
no Ensino Médio. 2011. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/CadernosdoAplicacao/article/viewFile/22262/18278. Acesso em: 20 mar. 2019.

MARANDINO, M. et al. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos.


São Paulo: Cortez, 2009.

MILLER, J. D. Scientific literacy: a conceptual and empirical review. Daedalus, v. 112, n. 2, p. 29-
48, 1983.

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. 14. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2005.

ZOMPERO, A. F.; LABURU, C. E. Atividades investigativas no ensino de ciências: aspectos


históricos e diferentes abordagens. Ensaio: pesquisa em educação em ciências, Belo Horizonte, v.
13, n. 3, p. 67-80, 2011.

85
INTERVENÇÃO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM ACERCA DAS CÉLULAS VEGETAIS
E ANIMAIS

Autores: Francisco dos Santos Paiva¹; Marcelo Augusto Alves de Lima²

E-mail para correspondência: francisco_paiiv@hotmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ PIBID -
Biologia/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/
PIBID - Biologia/Teresina/PI

Palavras-chave: animais; células; vegetais.

Introdução
Atualmente, um dos grandes desafios que se têm no ensino da Biologia é superar o modelo de
“Educação Bancária”, em que o professor deposita o conhecimento em um aluno desprovido de seus
próximos pensamentos, modelo esse, tão condenado por Paulo Freire e outros educadores. Esse
modelo está incluso dentro de certa lógica e ideologia que aparenta um sentido educacional para o
objeto do fazer docente, independente do campo específico, qual seja, o próprio ensino e sua
finalidade última (COELHO; MARQUES, 2007).
Conforme Carvalho (2005), um significativo número de pesquisas no ensino de Ciências tem
abordado questões como o quê, quando e como ensinar as disciplinas científicas. Entretanto, como
nos mostra o autor, pouco se tem investigado no âmbito dos sentidos de se ensinar tais disciplinas, o
que nos remete as questões do por que e para quê ensinar Ciências, Biologia, Física, Química.
Para Delizoicov (2002), os sentidos de ensinar Ciências estão muito associados à ideia de
auxiliar os estudantes para incorporarem nas suas representações a ciência e a tecnologia como
cultura. O progresso científico e tecnológico inegavelmente tem gerado, em algum nível, uma
melhora da qualidade de vida de uma parcela da população mundial e de nosso país ao longo do
processo histórico.
A educação é o resultado da relação entre aluno e professor, acontece que nesta concepção,
os dois possuem papéis distintos, mas fundamentais na construção do conhecimento. O objetivo
principal que cerca o professor é assegurar a didática entre ensino e aprendizagem através do processo
de ensino. O ensino e a aprendizagem são duas etapas de um mesmo processo. O professor planeja,
dirige e controla o processo de ensino, tendo como objetivo gerar a atividade própria dos alunos para
a aprendizagem (LIBÂNEO, 1994).
É função do professor, selecionar, organizar e problematizar conteúdos para promover um
avanço no desenvolvimento intelectual do aluno, na sua construção como ser social. Entretanto, é de
grande importância que o professor incentive o aluno a formular suposições e perguntas, pois esse
processo permite conhecer as representações e conceitos, orientando o processo de construções de
conhecimentos (PCN, 2001).
De acordo com BASTOS (1991), a disciplina citologia surgiu dos trabalhos dos cientistas do
século XVII, estudos esses, que ficaram por conta da morfologia e divisão celular que foram
avançando gradualmente através das investigações. Esses eventos possibilitaram originar, a partir de
1930, uma nova disciplina, a Biologia Celular, impulsionada pelas descobertas da bioquímica. Da
mesma forma, Junqueira (1997), afirma que os estudos sobre a célula levaram ao surgimento da
Biologia Celular e Molecular que é o estudo integrado das células, através de todo o trabalho técnico
disponível.
O estudo da célula é importante por se tratar da menor unidade de vida que compõem os seres
vivos, desde os unicelulares até o os pluricelulares. É por meio delas que é possível formação dos
diversos tecidos e das diversas estruturas que desempenham funções nos seres vivos (DE ROBERTIS,
2016).

86
Comparado aos estudos de ensino de Física e Química, é possível compreender dificuldade
característica à Biologia, pois os processos e fenômenos que se passam a nível celular, na maioria das
vezes, são impossíveis de serem manipulados pelos estudantes, pois a atividade experimental depende
do microscópio e quando não tem, só pode ser feito através de fotografias, modelos e esquemas
(CERRI, 2012).
Ainda de acordo com Cerri (2012), as estratégias didáticas utilizadas pela maioria dos
professores de Biologia para o ensino da célula têm sido através de modelos tridimensionais,
representações esquemáticas ou por fotografias de suas partes e componentes que são veiculadas em
livros didáticos da área. A respeito da ênfase dada a tal conteúdo nos programas escolares, os alunos
apresentam ideias inconsistentes, equivocadas e isoladas sobre a célula.
Segundo Silva e Ramos (2006), a escola é uma instituição social que se concretiza pelas
relações de entre educação, sociedade e cidadania, e que pode se expressar como instituição concreta,
com objetivos, funções bem definidas e se expondo como instituição mediadora entre os cidadãos
escolarizados e as necessidades de autorrealização das pessoas, em conjunto com a sociedade e
colaborando também para essa transformação.
Para Goulart e Oliveira (2012), A velocidade das dinâmicas mudanças nas áreas do
conhecimento, exige uma contínua atualização, colocando novas exigências à formação do educando.
O seguinte projeto de intervenção tem como objetivo apresentar, discutir, problematizar e
elucidar dúvidas a respeito das diferenças entre células eucariontes (vegetal e animal). Deste modo,
pretende-se promover, uma forma diferente de abordar o tema “estudo da célula”, a fim de buscar o
melhor aprendizado dos discentes, visando também, a aplicação de metodologias de ensino com
atividades práticas, experimentais e lúdicas.

Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida com alunos do 8º ano do ensino fundamental, na turma B, na
Escola Centro Norte - Bairro Alto Alegre, Teresina - PI, com 20 alunos do 8o ano B do ensino
fundamental, cuja faixa etária está em torno de 13 anos. Teve como amostragem 25 alunos que
participaram da aula prática dividida em três etapas: Teste diagnóstico, aula expositiva com maquete
de célula eucariótica e posteriormente visualização de lâminas contendo amostras de tecidos vegetais
de cebola e células animais preparados no laboratório com auxílio de um microscópio monocular, e
um pós teste.
Teste diagnóstico: Foi entregue inicialmente para todos os alunos participantes um
questionário sobre os assuntos de citologia. No presente questionário constava questões que foram
respondidas pelos alunos no tempo de 20 minutos de duração. Após o termino do tempo foram
recolhidos, sem acréscimo todos os questionários.
Aula expositiva utilizando maquete de uma célula eucariótica: Foi ministrada uma aula teórica
sobre citologia, usando uma maquete de uma célula eucariótica que será produzida pelos alunos do
programa de iniciação à docência (PIBID – Subprojeto Biologia – Torquato Neto). Esta foi
confeccionada em material EVA de variadas cores, cola de isopor, cola super bonder, tesoura e
estilete. Após a aula teórica os alunos foram conduzidos para o microscópio com objetivo de
visualizar células vegetais e células animais. Todos os alunos visualizaram as células ao microscópio
esse momento foi importante para os alunos reforçar tudo que foi explicado na aula e proporcionou
um maior aprendizado por parte dos estudantes sobre a célula anteriormente citada.
Pós-teste: Após a aula expositiva usando a maquete de uma célula eucarionte de EVA e a aula
prática usando o microscópio para visualização de células vegetais (cebola) e célula animal (mucosa
bucal). Foi novamente entregue um novo questionário sobre o assunto abordado com os alunos. No
questionário constava a mesma quantidade de questões e nível semelhante à do teste diagnóstico, e a
aplicação teve o mesmo tempo de duração, que após o término, os resultados foram analisados e com
base nas respostas deste segundo teste foi feito uma comparação com as respostas do teste
diagnóstico.

Resultados e Discussão
87
No primeiro momento, os resultados alcançados a partir da aplicação do diagnóstico, antes da
intervenção na sala de aula, revelaram o baixo conhecimento dos alunos acerca das células. Dos 25
alunos, 16 não sabiam responder porque um célula é considerada eucarionte, 19 não responderam
porque a célula animal tinha forma irregular e a vegetal te forma geométrica, 18 alunos não souberam
diferenciar uma célula animal de uma célula vegetal, tendo como principal deficiência, o
conhecimento acerca das organelas que diferenciam as células animais e vegetais, 10 alunos não
souberam responder qual das duas células se era a animal ou a vegetal que realizava fotossíntese e
qual organela envolvida nesse processo.
A aplicação do pós teste sobre a morfologia e componentes da célula animal e vegetal ocorreu
depois da apresentação do seminário, da maquete e da observação das células no microscópio. O
número de acertos acerca da morfologia, componentes e particularidades de cada tipo de célula obteve
números de acertos expressivos. Dos 25 alunos, 21 responderam que as células vegetais contêm forma
geométrica e a célula animal possui morfologia irregular, 20 alunos responderam que as células
vegetais possuem organela fotossintetizante (cloroplastos), 22 alunos disseram que as paredes
celulares de celulose pertencem à célula vegetal. 18 alunos responderam que somente as células
vegetais possuem vacúolo e por fim 22 alunos responderam que as células.
Esses resultados demonstraram que foi possível os alunos compreenderem os conceitos
básicos relacionados às células animais e vegetais. Tal feito foi facilitado a partir da apresentação
com imagens, maquete e observação direta das células no microscópio. Desse modo, é possível
afirmar, que o lúdico e o prático associados a uma linguagem simples, são ferramentas importantes
na construção do conhecimento e, além disso, desperta o interesse e a curiosidade dos alunos.

Conclusão
É perceptível que a fuga dos métodos tradicionais de ensino são meios de melhorar o
entendimento e o aprendizado dos alunos em conteúdos dificultosos. A aplicação de aulas lúdicas e
práticas são ferramentas importantes, pois além de além de atrativas, estimulam o interesse do aluno
nas aulas, fixando melhor o conteúdo.

Agradecimentos
Agradecimentos: Universidade Estadual do Piauí; PIBID - Biologia; CAPES.

Referências

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TORTORA G. J; FUNK B.R; CASE C.L. Microbiologia. 10ª ed. Artmed, 2012.

89
O USO DE ATIVIDADE LÚDICA (JOGO BATATA-QUENTE) COMO FORMA DE
AVALIAR O APRENDIZADO DE ALUNOS DO 1° ANO DO ENSINO MÉDIO SOBRE
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Autores: Wanessa Alves Lima1, Janne Kathyelle Moreira Ferreira do Bonfim2, Jhonnatas de
Carvalho Silva 3, Mayara Cristina de Sousa Vaz4, Francisca Lúcia de Lima5

E-mail para correspondência: wwanessa13@hotmail.com

Instituições: Graduando bolsista de iniciação à docência – PIBID - CAPES; 1, 2, 3 Docente da


Unidade Escolar Benjamim Baptista – supervisora do projeto PIBID4; Docente da Universidade
Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto – Coordenadora do projeto PIBID5;

Palavras-chave: ecologia; ensino; jogos didáticos.

Introdução
Os organismos de uma comunidade interagem exercendo influências recíprocas que se
refletem nas populações envolvidas. Essas interações podem ocorrer entre indivíduos da mesma
população (intraespecíficas) ou entre indivíduos de populações de espécies diferentes
(interespecíficas). Quando analisadas isoladamente, essas interações podem se revelar harmônicas ou
desarmônicas. As interações harmônicas ou positivas são aquelas em que não há prejuízo para
nenhuma das populações da interação. Já nas interações desarmônicas ou negativas, pelo menos uma
das populações sofre algum tipo de desvantagem. (LOPES; ROSSO; 2016)
As interações intraespecíficas harmônicas são as sociedades e as colônias. Sociedades são
grupos de indivíduos da mesma espécie com divisão de trabalho, como por exemplo as abelhas, que
podem colmeias de 50 mil a 100 mil indivíduos. A sociedade das abelhas apresenta três castas:
operárias (são fêmeas estéreis, cuja função é realizar todos os trabalhos da colmeia), rainha
(geralmente uma só por colmeia, encarregada da reprodução) e zangão (o macho, encarregado da
fertilização de fêmeas. Já as colônias caracterizam-se pela associação mais ou menos íntima ou pela
continuidade anatômica de indivíduos de uma mesma espécie, geralmente aparentados ou
geneticamente idênticos. As colônias também podem ser isomorfas ou heteromorfas, isto é,
constituídas, respectivamente, por indivíduos de uma única forma ou com diferenciação morfológica.
Os corais são um exemplo em que não ocorre diferenciação morfológica. As colônias que vivem fixas
ao substrato, no ambiente marinho, são isomorfas e os indivíduos não apresentam divisão de trabalho.
Nas colônias heteromorfas (polimorfas) podem ocorrer várias formas diferentes de indivíduos. É o
que acontece, por exemplo, com a Physalia sp., conhecido popularmente como caravela, cuja colônia
apresenta indivíduos especializados para flutuação, reprodução e defesa. (LOPES; ROSSO; 2016)
Nas interações intraespecíficas desarmônicas estão: a competição intraespecífica e o
canibalismo. Na competição intraespecífica refere-se à disputa entre indivíduos da mesma espécie
por recursos do ambiente que não existem em quantidade suficiente para todos. É o caso da disputa
por alimento, da competição entre plantas por luz, nutrientes e água do solo e da disputa entre machos
da mesma espécie pela fêmea na hora da reprodução. No canibalismo ocorre quando há predação
entre indivíduos da mesma espécie. É o caso do besouro-castanho (Triboliumcastaneum), cujas larvas
se alimentam de ovos de sua própria espécie. (LOPES; ROSSO; 2016)
Nas interações interespecíficas harmônicas encontramos o mutualismo, protocooperação,
comensalismo e inquilinismo. O mutualismo é um tipo de relação interespecífica em que os
participantes se beneficiam e mantêm relação de dependência. Às vezes, essa relação é extremamente
íntima, como acontece com os liquens. Eles representam uma associação de fungos e algas
dependentes funcionalmente e integrados morfologicamente. Já na protocooperação, embora os
participantes se beneficiem, eles podem viver de modo independente, sem a necessidade de se unir.
Um exemplo muito comum de protocooperação são as aves que pousam sobre bois e vacas para se
alimentar de carrapatos. No comensalismo, a associação ocorre em função da obtenção de alimento.
90
No inquilinismo, a associação ocorre frequentemente por proteção, abrigo ou suporte físico.
Um exemplo de comensalismo é a associação do tubarão com o peixe-piloto. Os peixes-piloto vivem
ao redor do tubarão, alimentando-se dos restos de comida que escapam da boca desse predador. Um
exemplo de inquilinismo envolve o fierásfer, um pequeno peixe que vive como um inquilino dentro
do corpo do pepino-do-mar (gênero Holothuria). Nesse caso de inquilinismo, o peixe encontra
proteção no corpo do pepino-do-mar, o qual, por sua vez, não recebe benefício nem sofre
desvantagem. (LOPES; ROSSO; 2016)
As interações interespecíficas desarmônicas são o amensalismo, predação, parasitismo e
competição. No amensalismo indivíduos de uma população secretam substâncias que inibem ou
impedem o desenvolvimento de indivíduos de populações de outras espécies. É o caso bem conhecido
dos antibióticos produzidos por fungos, impedem a multiplicação das bactérias. Já a predação ocorre
quando o consumidor mata e come outro indivíduo, suprimindo-o da população. Por exemplo quando
uma coruja come um rato. A interação é do tipo parasitismo quando o consumidor (parasita) retira
seus alimentos orgânicos do corpo de um indivíduo vivo (hospedeiro), prejudicando-o, mas
geralmente não o matando. Quanto à localização no corpo do hospedeiro, os parasitas podem ser
ectoparasitas (externos) como o piolho ou endoparasitas (internos) como a lombriga. A competição
interespecífica ocorre quando indivíduos de duas populações de espécies diferentes, em uma mesma
comunidade, apresentam nichos ecológicos iguais ou muito semelhantes. Caso um recurso do meio
não seja suficiente para suprir as duas populações, é desencadeado um mecanismo de disputa pelo
recurso. (LOPES; ROSSO; 2016)
Segundo Fernandes (1998) a maioria dos alunos vê a biologia apresentada em sala, como uma
disciplina cheia de nomes, ciclos e tabelas a serem decorados, enfim, uma disciplina “chata” e inútil.
aprendizagem. O professor, no entanto, deve comprometer-se de forma eficaz, visando despertar
interesse no educando, para com o contexto da ecologia. Essa curiosidade deve ser estimulada para
que os sujeitos (estudantes) não percam essa “vontade de saber” (VILELA, et al., 2009).
Além da ludicidade, é importante que o professor busque associar os conceitos de biologia
com as vivências pessoais dos alunos, pois esta forma o aluno irá consolidar seu conhecimento.

“É muito importante que o professor saiba que o cérebro humano


se organiza em torno da formação de significados. Um campo de
significação é uma rede de informações e experiências
relacionadas entre si que constituem sentidos para o indivíduo e
possibilitam a formação de outros significados. A aprendizagem
formal ocorre se houver, no procedimento pedagógico, previsão
de trazer o novo relacionado a um conhecimento prévio do
indivíduo, o que facilita construções e desdobramentos de
sentidos”. (LEAL, 2011)

Diante do exposto acima, nota-se que as relações ecológicas são fundamentais para a
existência de um ecossistema harmônico e dinâmico. Nesse sentido, observa-se que com a existência
das relações ecológicas, torna-se possível um fluxo de matéria orgânica, energia, e muitos outros
fatores. Torna-se importante então o estudo dessas relações para que o aluno possa compreender não
apenas a função de outros organismos na biosfera, mas também sua própria função como ser humano,
como também sua responsabilidade no que diz respeito a preservação e manutenção do equilíbrio
natural. Além do ato de expor um conteúdo, o professor também precisa estar apto a avaliar o nível
de aprendizado dos alunos. O trabalho então propõe uma forma de avaliação de alguns alunos sobre
os conhecimentos adquiridos com relação a temática “relações ecológicas”, buscando quais os
conceitos ou temas do conteúdo os alunos apresentam menor conhecimento.

Metodologia

91
Este trabalho apresenta uma atividade desenvolvida na disciplina de biologia com alunos do
1º ano do ensino médio da Unidade Escolar Benjamim Baptista na cidade de Teresina-PI, no âmbito
do projeto PIBID.
Realizou-se uma atividade lúdica baseada na brincadeira popular “batata quente” adaptada ao
tema “relações ecológicas”. Foram impressas e recortadas 24 imagens que retratavam as relações
ecológicas, das quais havia 2 imagens representando cada interação: sociedade, colônia, competição
intraespecífica, canibalismo, mutualismo, protocoperação, comensalismo, inquilinismo,
amensalismo, predação, parasitismo e competição interespecífica.
Essas imagens foram coladas em papel cartão para que ficassem com a aparência de fichas,
que foram colocadas em um depósito simbolizando a batata (Figura 1). Foi solicitado aos alunos que
se organizassem suas cadeiras em forma de círculo, dessa forma o depósito poderia ser passado de
aluno para aluno.

Figura 1: Depósito representando a batata com fichas dentro.

Fonte: autor

Em uma caixinha de som foi colocado para tocar a música da batata quente. De forma aleatória
a música era interrompida e o aluno que estivesse com o depósito em mãos nesse exato instante,
deveria abri-lo, retirar uma ficha e responder qual relação aquela imagem mostrava. Após ser
discutida, a ficha não era colocada novamente no depósito. Dessa forma, a música foi pausada 24
vezes, para que assim todas as fichas pudessem ser discutidas. Se a pessoa que retirasse a ficha não
soubesse identificar a relação ecológica, seria aberto para que qualquer pessoa da turma respondesse.
Caso nenhum aluno soubesse a resposta, o professor discutiria o conceito com eles, para assim
identificar o motivo da dificuldade deles em aprender esses termos.

Resultados e Discussão
Durante a atividade havia na sala um total de 38 alunos que ficaram empolgados com a
brincadeira e colaboraram para a realização da atividade (figura 2 e 3).

Figura 2. Alunos durante a realização da atividade. Figura 3. Disposição dos alunos em sala.

Fonte: autor. Fonte: autor.

Os resultados foram organizados no quadro 1 a partir do qual pode-se verificar quais os


conceitos que a turma possui mais dificuldade, de acordo com a capacidade dos alunos em classificar
as imagens de forma correta.

92
Observa-se que os alunos conseguiram responder sem tanta dificuldade sobre imagens
relacionadas a competição (intraespecífica e interespecífica), canibalismo, parasitismo e predação.
Porém não conseguiram classificar corretamente as imagens referentes ao comensalismo e ao
amensalismo. Os demais termos, pode-se dizer que tiveram uma dificuldade “intermediária” pois na
primeira tentativa não conseguiram classificar as imagens corretamente, porém quando se colocava
o questionamento sobre a imagem “em aberto” geralmente alguém conseguia responder ao menos
uma das duas imagens que representavam as relações ecológicas.

Quadro 1:Desempenho dos alunos ao tentar identificarem as relações ecológicas.


Relação ecológica Acertos Respondido
Sociedade 50% Turma*
Colônia 50% Turma*
Competição intraespecífica 100% Ambas pelo primeiro**
Canibalismo 100% Ambas pelo primeiro**
Mutualismo 50% Turma*
Protocooperação 50% Turma*
Comensalismo 0%
Inquilinismo 50% Pelo primeiro**
Amensalismo 0%
Parasitismo 100% Ambas pelo primeiro**
Predação 100% Ambas pelo primeiro**
Competição interespecífica 100% Ambas pelo primeiro**
* O aluno que retirou a ficha não soube identificar a relação, então o aluno da turma que soubesse
poderia responder. ** O aluno que retirou a ficha soube identificar a relação ecológica nela presente,
corretamente. Fonte: autor.

Ao discutir com os alunos sobre os termos presentes no conteúdo e consequentemente na


brincadeira observou-se que grande parte da turma já havia tido contato com conceitos presentes no
conteúdo (competição, parasitismo, predação, canibalismo, entre outros) no dia-a-dia através de
filmes, documentários, experiencias pessoais, o que pode ter os levado a memorizar com mais
facilidade esses conceitos, pois já não eram tão desconhecidos. Entretanto, em relação a termos como
amensalismo e comensalismo, os alunos afirmaram que não obtinham nenhum conhecimento prévio,
até passarem por uma aula sobre o assunto, consequentemente apresentaram mais dificuldade em
memorizá-los, pois achavam a nomenclatura “estranha”, incomum e “fora da realidade deles”.
Uma alternativa para melhorar a memorização desses termos e consequentemente o
entendimento e aprendizado mais completo do assunto seria o uso de outras ferramentas para revisar
o conteúdo como vídeos, aulas de campo e palestras.

“A diversificação de atividades e de recursos didáticos contribui


para motivar os estudantes, possibilitando atender as distintas
necessidades e interesses dos alunos [...] Assim, um pluralismo
em nível de estratégias pode garantir maiores oportunidades para
a construção do conhecimento, além de fornecer subsídios para
que mais alunos encontrem as atividades que melhor os ajudem a
compreender o tema estudado”. (VIVEIRO, 2009)

O trabalho mostrou que é possível avaliar os alunos em determinados assuntos de forma lúdica
e descontraída não apenas no sentido de gerar uma nota, mas também de investigar quais as
dificuldades da turma para posteriormente tentar amenizá-las através de outras metodologias.

Conclusão
O diagnóstico realizado a partir da atividade lúdica baseada na brincadeira da batata quente
foi importante por trazer ao corpo docente informações sobre quais os principais termos que
precisavam ser reforçados com os alunos em aulas posteriores. Estas devem ser baseadas nas
93
considerações feitas pelos autores aqui citados, que relatam a necessidade de buscar estratégias para
o ensino-aprendizagem em ecologia, e este requer um grande esforço de pesquisa. As aulas
posteriores deverão levar em consideração também, o cotidiano dos alunos, pois observou-se que a
facilidade dos alunos em absorver o conteúdo foi diretamente proporcional a suas vivências pessoais.

Agradecimentos
A CAPES pela concessão de bolsas pelo programa PIBID e a UESPI.

Referências

FERNANDES, H. L. Um naturalista na sala de aula. Ciência & Ensino. Campinas, Vol. 5,1998.

LOPES, S; ROSSO, S. Bio, volume 1 -- 3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.

VILELA, P. M. O. L.; VIEIRA, E. B.; MAXIMIANO, E. S.; FERREIRA; M. V.; MINUCCI, L. V.


Avaliação do ensino de biologia nas escolas da rede pública de Ituiutaba-MG. In: X SEMABIO
– Semana da Biologia: Impactos ambientais X Soluções, 2009, Ituiutaba-MG.

VIVEIRO, A. A.; DINIZ, R. E. S. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação


ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Ciência em
Tela, v.2, n. 1, 2009.

LEAL, GLÁUCIA. Valorizar experiências pessoais dos alunos aumenta aprendizado. Scientific
american: mente cérebro, edição 225 – Outubro, 2011.

94
OFICINAS EXPERIMENTAIS COM Drosophila melangaster NA CONSOLIDAÇÃO DO
APRENDIZADO EM GENÉTICA

Autores: Antonio Marcos Nogueira Sodré1; Pedro Marcos Almeida2; Francielle Alline Martins3

E-mail para correspondência: amsodre@hotmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ Laboratório de


Genética/ Teresina/ PI.

Palavras-chave: Ensino de Genética, Investigação científica e Oficinas de experimentação.

Introdução
O ensino de Biologia e Genética vem enfrentando algumas dificuldades, dentre elas estão:
despertar o interesse do aluno, fazê-lo entender processos que envolvem conceitos abstratos e
descobrir formas de ajudar o aluno a perceber a relação que existe entre os conhecimentos científicos
e o cotidiano (HERMANN, 2013).
Hodiernamente ainda é comum um processo educativo centrado no livro didático e aulas
teóricas descontextualizadas que acabam por não corresponder as expectativas e necessidades
almejadas pelos estudantes do ensino médio. Isto, afeta negativamente a educação brasileira
dificultando o ensino aprendizado.
É preciso, portanto, selecionar conteúdos e escolher metodologias coerentes com nossas
intenções educativas. O ensino de Biologia de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) precisa ir além dos conteúdos curriculares transmitidos aos alunos, entretanto na maioria das
vezes dentro do espaço limitado das salas de aula é reduzido a uma transmissão livresca (BRASIL,
1999). As análises, investigações, comparações e avaliações contempladas nas competências e
habilidades da área Ciências da Natureza e suas Tecnologias podem ser desencadeadoras de
atividades envolvendo procedimentos de investigação (BRASIL, 2018).
Uma opção no ensino de genética, especificamente de padrões de herança é o uso de drosófilas
no ensino. Drosophila melanogaster, conhecida como a mosca do vinagre, mas denominada “fruit
fly” a nível internacional, é um excelente modelo biológico para realizar análise genética (SILVEIRA,
2014). Apresentam ciclo reprodutivo curto, completando o ciclo vital em 10 dias, a 25°C; são
facilmente mantidas em laboratório; e apresentam fecundidade alta, pois uma fêmea põe centenas de
ovos de cada vez. Apresentam dimorfismo sexual, sendo fácil a distinção dos sexos; as culturas
ocupam pouco espaço; são de fácil manuseio, poucas exigências nutricionais e baixo custo de
manutenção (SEPEL e LORETO, 2010).
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo principal avaliar o uso de D.
melanogaster em oficina experimental de genética na 3ª série do ensino médio de uma escola pública
estadual em Bacabal-MA como forma de despertar nos alunos o interesse na área de genética e
verificar a contribuição da oficina para fixação do conteúdo explorado durante as aulas teóricas.

Metodologia
Este estudo foi realizado por meio de pesquisa exploratória e descritiva na qual foi investigado
o tema proposto a um grupo de 36 estudantes, regularmente matriculados na 3ª série do Ensino Médio
numa escola na cidade de Bacabal-MA.
Inicialmente os estudantes foram divididos em 6 equipes e apresentados ao modelo D.
melanogaster para conhecer a espécie em estudo, quanto ao ciclo de vida, observação da variabilidade
de fenótipos e diferenciação entre machos e fêmeas.
As linhagens de D. melanogaster que foram utilizadas são mantidas no Laboratório de
Genética da Universidade Estadual do Piauí e foram cedidas para a realização da oficina. Os seguintes
cruzamentos foram propostos:
• Cruzamento 1: fêmea olhos selvagens (vermelho) x macho olhos White (branco);
95
• Cruzamento 2: fêmea olhos white x macho olhos selvagem.
Cada equipe ficou responsável por um cruzamento, assim cada um desses foi realizado em
triplicata. Em cada frasco foram colocadas 6 fêmeas virgens e 12 machos. Os descendentes F1 e F2
de cada cruzamento foram avaliados quanto ao sexo e a ocorrência do fenótipo em estudo. Todas as
observações foram anotadas em planilha.
As oficinas ocorreram semanalmente, a carga horária presencial estimada para cada equipe
foi de 30h de atividades. Após a finalização dos experimentos, os alunos verificaram se as proporções
observadas nas gerações filiais aderiram às proporções propostas por Mendel de acordo com as leis
da hereditariedade.

Avaliação da oficina
Antes da realização da oficina, após explanação em sala de aula do conteúdo de Genética
Mendeliana os estudantes responderam a um Questionário Avaliativo 01 (QA.01) contendo uma
situação problema com 06 perguntas para avaliar a fixação da teoria. Para cada uma das questões os
estudantes tinham três opções: NF - não faço a mínima ideia, LV - lembro vagamente, prefiro não
opinar e LB - lembro bem. Ao marcar a opção “lembro bem”, os estudantes precisavam apresentar a
resposta em seguida. As respostas apresentadas para essa opção foram atribuídas os seguintes scores:
2 (resposta correta e bem fundamentada), 1 (resposta esperada, mas apresenta inadequações) e 0
(resposta com ausência de dados importantes). Ao final das oficinas responderam um segundo
Questionário Avaliativo (QA.02) contendo uma nova situação problema com 05 perguntas
estruturado de forma similar ao QA.01, com o acréscimo de questões de V (verdadeiro) ou F (falso).
Em ambos os questionários (QA.01 e QA.02) foi atribuído um score para cada questão de acordo com
o número de respostas certas e a qualidade das mesmas, e em seguida a média para os alunos antes
(QA.01) e depois das oficinas (QA.02) foram comparadas pelo Teste t para dados pareados com
auxílio do Programa Bioestat 5.3 (AYRES et al, 2007) a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão
Nos cruzamentos 1 e 2 os estudantes avaliaram a cor dos olhos em D. melanogaster (Figura
1). Na descendência do cruzamento 1 entre fêmeas de olhos selvagens (vermelho) x machos de olhos
white (branco) nasceram, em F1, 524 moscas, todas selvagens independentes do sexo, já na F2
observou-se fêmeas apenas de fenótipo selvagem e machos selvagens ou white.
No cruzamento 2, no qual as fêmeas de olhos white foram cruzadas com machos de olhos
selvagens, em F1 observou-se a herança cruzada, as filhas apresentaram olhos selvagens, assim como
os pais, e os filhos olhos brancos assim como as mães. Na F2 observou-se a distribuição de ambos os
fenótipos em ambos os sexos.
Comparando os cruzamentos recíprocos 1 e 2 para a cor do olho selvagem/white verificou-se
que a distribuição de ambos os fenótipos ao longo das gerações foi diferente, o que reforçou a hipótese
de que o gene que determina essa característica em D. melanogaster está localizado num cromossomo
sexual. A utilização de mutantes white configura uma excelente ferramenta para análise de padrões
de herança condicionados por genes ligado ao sexo (LINHARES et al, 2016).

Avaliação da oficina
Ao comparar as respostas dos Questionários Avaliativos 01 e 02 par a par, observou-se que a
frequência de respostas “não faço a mínima ideia” diminuiu após a realização das oficinas e a
frequência de respostas “lembro bem” (LB-RF), respondidas de forma bem fundamentada aumentou
(Figura 2). Dessa maneira, os resultados sinalizam que as oficinas com drosófilas ampliaram o
conhecimento dos alunos.

96
Figura 1 - Esquema representativo dos dados observados nos Cruzamentos 1 e 2 de D.
melanogaster no estudo do padrão de herança da cor do olho (selvagem/white).

Fonte: Khan (2018) adaptado pelo autor

Após a realização das oficinas, o percentual de respostas fundamentadas passou de 23% para
79% dentre as respostas assinaladas como “lembro bem”. Nesse sentido, pode-se inferir que as
oficinas experimentais com drosófilas não só ampliaram como também foram eficazes na
consolidação da aprendizagem. Para tanto, é essencial que os professores possuam inteiro domínio
deste recurso como ferramenta didática, desta forma a mesma poderá ser usada com o objetivo de
potencializar o ensino da Genética.
Atividades que promovam uma maior participação dos alunos na construção do
conhecimento, por meio do uso de recursos audiovisuais, jogos e atividades práticas, podem ser as
melhores alternativas na construção de um ambiente mais favorável à aprendizagem de conceitos
(SOUZA et al., 2013).
As notas atribuídas às respostas dos questionários antes e depois das oficinas para essa amostra
de 36 estudantes foram comparadas par a par e observou-se um aumento significativo da média após
a participação nas oficinas que era de 1,36 ± 1,84 e passou para 6,25 ± 2,59 (p-valor: 9,08.10-11).

97
Figura 2 - Frequência com que cada opção foi marcada antes (A) e depois (B) da realização das
oficinas. Em que: “NF” – não faço a mínima ideia, “LV” – lembro vagamente, “LB” – lembro bem,
“LB-RI” - resposta esperada, mas apresenta inadequações, “LB-RF” – resposta fundamentada e
“LB-RA” – resposta com ausência de dados importantes.

Fonte: Próprio autor


Conclusão
O presente estudo demonstrou que a aprendizagem em Biologia/Genética pode ser facilitada
quando o professor consegue relacionar a teoria com a prática, incorporando o conteúdo de forma
mais consistente, visto que, valoriza a construção do conhecimento.
Constatou-se que a oficina experimental com drosófilas promoveu a interdisciplinaridade e
contextualização do ensino de Genética, proporcionando uma aprendizagem de forma interativa e
funcional, uma vez que, motivou os estudantes a serem investigativos e críticos, posto que, a
linguagem utilizada durante as oficinas foi acessível aos estudantes.
Ressalta-se que é essencial o professor de Biologia/Genética esteja constantemente
aprimorando-se e capacitando-se para o uso de novas metodologias a serem implantadas em suas
aulas, com o propósito de potencializar a melhoria do aprendizado, oportunizando um
ensino/aprendizagem centrado não apenas em conceitos e sempre que possível promovendo a
investigação científica.

Agradecimentos
A CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

98
Referências

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Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biomédicas. MAMIRAUA, O. Belém-PA, 2007

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SILVEIRA, L. Recriação da “sala de moscas” de Morgan com alunos do Ensino Médio.


Trabalho de conclusão de curso (graduação) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

SOUZA, V. S. de; DORNELLES, R. C; COIMBRA, J; CARLOS, E. A; SANTOS, R. V. História


da genética no Brasil: um olhar a partir do Museu da Genética da universidade Federal do rio
Grande do Sul. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, rio de Janeiro, v.20, n.2, abr.-jun. 2013,
p.675-694.

99
PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: SEPARAÇÃO DE LIXO

Autores: Elias Juan de Sousa Batista¹, Cleanto Luiz Maia Silva², Júlia Adelaide Cardeal da Silva³,
Mayara Cristina de Sousa Vaz4, Francisca Lúcia de Lima5.

Instituições: 1,2, 3Graduando Bolsista de Iniciação à Docência – PIBID – CAPES; 4Docente da


Unidade Escolar Benjamin Baptista – Supervisora do Projeto PIBID; 5Docente da Universidade
Estadual do Piauí – Campus Poeta Torquato Neto – Coordenadora do Projeto PIBID.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Prática Pedagógica; Separação de Lixo.

Introdução:
A produção de conhecimento que relaciona o meio social com o meio natural deve-se ser
acentuada ao máximo. O motivo está relacionado ao fato de que a maior parte da população brasileira
vive em cidades, um local onde o contato com o meio ambiente não é tão presente, e como se não
bastasse, os avanços tecnológicos apenas ajudam a prender a atenção dos jovens, tornando então,
cada vez mais desinteressante o tema. Essa situação nos remete a uma necessária reflexão sobre as
formas de pensar e agir em torno da questão ambiental, visto que preservar o meio ambiente é
fundamental para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que moram nele (JACOBI,
2003).
Porém, antes de entrarmos em uma reflexão sobre nossa forma de pensar e agir, temos que
primeiro entender o que de fato significa a educação ambiental, sendo assim, temos que: a educação
ambiental é um conjunto de ideias e práticas que tem por finalidade retratar a importância de ações e
atitudes para conservação e proteção do meio ambiente. Há aqueles que acreditam que como a
educação ambiental rege melhorias na qualidade de vida e equilíbrio dos ecossistemas, deveria então
ser tratada com uma filosofia de vida (TEIXEIRA, 2007).
Considerando a grande importância do tema, as escolas tornam-se espaços importantíssimos
para a implantação de atividades que visam dar a devida atenção ao assunto, incentivando desde cedo
à visão reflexiva sobre a proteção ambiental. Com essa aplicação, teremos então uma nova geração
que será capaz de ter uma visão sensível sobre o tema, passando-a para os seus descendentes, criando
uma nova visão que se tem atualmente sobre o meio ambiente e sua relação com as pessoas.
Infelizmente, as escolas não possuem essa sensibilidade sobre o tema, não dando tanta importância,
explicando ou de maneira superficial ou até mesmo nem dando destaque a tais assuntos (EFFTING,
2007).
O projeto objetiva apresentar de maneira lúdica aspectos importantes da Educação Ambiental,
como a importância da separação do lixo, visando sensibilizar os alunos ao tema e influenciando os
mesmos a praticarem o que foi ensinado por meio das práticas e sempre que se deparar com uma
situação no qual ele deverá fazer separação de lixo, fará de forma correta, contudo repassando os
ensinamentos para as pessoas ao seu redor, sendo de suma importância para conscientização não
apenas do aluno, mas das pessoas que posteriormente, ensinará sobre o que aprendeu.

Metodologia
A turma que recebeu a dinâmica foi 1º ano do ensino médio da Unidade Escolar Benjamin
Baptista, localizada na rua Jônatas Batista, 791 – Centro (sul), Teresina – PI, 64002-450, tendo um
total de 38 alunos, com idades de 15 a 16 anos. No início, aplicou-se um seminário abordando as
formas de tratamento e reutilização do lixo, explicando a importância da divisão dos compostos,
frisando sobre os impactos ambientes se a separação não ocorra corretamente.
Depois do seminário, a prática teve seu começo. Para a prática, utilizaram-se um total de
quatro caixas de papelão, quatro rolos de TNT das cores azul, amarelo, verde e vermelho. Uma tesoura
com ponta e uma fita adesiva transparente, um tubo de cola branca, quatro folhas brancas (usadas
para imprimir os símbolos de lixo recicláveis). Com os materiais, confeccionaram-se quatro caixas
que representam as quatro lixeiras de coleta seletiva.
100
Com as quatro caixas confeccionadas, recolheu-se uma vasta quantidade de lixo, sendo eles –
garrafas de vidro secas, plásticos que estavam usados, restos de papeis e latinhas amassadas.
No ambiente de sala de aula, separou-se um total de quatro grupos, onde cada grupo teria um
responsável, sendo esse responsável um dos monitores e um grupo com a supervisora. Cada grupo
ficava responsável por uma das caixas, ou seja, responsável por um tipo específico de lixo. Com todos
os grupos separados e as caixas distribuídas, todo o lixo é depositado no centro da sala e assim,
sinaliza-se o começo da dinâmica, onde cada grupo era responsável por coletar apenas o lixo
específico de sua caixa, e enquanto os alunos faziam toda a ação de correr, pegar o lixo e colocar na
caixa, os responsáveis pelos grupos utilizavam cronômetros para marcar o tempo que cada grupo
levava com determinada caixa.
À medida que o lixo era coletado, novamente era posto no centro, e as caixas sofriam um
rodízio, onde em sentido horário, os grupos trocavam suas caixas, fazendo com que em uma volta
completa, todos sejam capazes de coletar todos os tipos de lixo, onde a cada rodízio, o tempo
cronometrado era parado, anotado e marcado de novo. Ao final da prática, com um ciclo completo,
soma-se o tempo total, e o grupo com menor tempo é eleito o vencedor, ficando em primeiro, e com
isso, tira as outras posições utilizando o sistema de menor até o maior tempo.
A bonificação dos grupos é dada de duas formas. A primeira é pela atribuição de pontos extras
para compor a nota individual de cada aluno – lembrando que a nota é em grupo. A quantidade de
pontos varia de acordo com o planejamento do(a) professor(a). A segunda é por prêmios extras que
podem ser dadas para os grupos, como uma recompensa pela interação, no caso dessa prática,
entregaram-se bombons variados para cada grupo.

Resultados e Discussão
Durante o seminário, dúvidas a respeito da importância da educação ambiental e o impacto
dos maus tratos ao ambiente foram tiradas, revelando que o conhecimento sobre o tema era
extremamente superficial, situação evidenciada com a grande surpresa dos alunos ao perceberem o
impacto que alguns hábitos banais do cotidiano fazem com o ambiente.
A interação durante a prática deu-se de modo bastante agitado. O espírito competitivo dos
alunos mostrou-se muito presente, mas isso não atrapalhou no desempenho de cada um, pelo
contrário, até mesmo ajudou a melhorar a reação de cada um deles, fazendo do que cada um se
empenhasse ao máximo para conseguir fazer a atividade e conseguir a vitória.
Além da competitividade, o espírito esportivo foi o que prevaleceu na turma. Aqueles que não
conseguiram ficar em primeiro ou segundo lugar não pareciam desanimados, pelo contrário, haviam
gostado do estilo de aula diferenciado, reforçando a importância das atividades lúdicas como
ferramentas de apoio ao processo de ensino.
A avaliação dos alunos é baseada em perguntas propostas no final da dinâmica, um
questionário simples e rápido que aborda sobre a importância da separação do lixo, trazendo a
diferença que cada cor da lixeira representa.
A educação torna-se importante devido proporcionar uma nova visão sobre o meio ambiente,
transformando as ações dos indivíduos a respeito da conservação ambiental. A importância da
educação ambiental nas escolas é que se torna mais fácil conscientizar crianças sobre as questões
ambientais do que os adultos, visto que as crianças ainda estão firmando suas ideologias, estando
então abertos para novas ideias e orientações (MEDEIROS, 2011).
A conscientização visa iluminar a mente dos jovens, fazendo-os entender que o ser humano
não é o único ser vivo do planeta e que não temos o direito de destruí-lo. Uma nova visão de mundo
é necessária, uma visão onde o ser humano é consciente e equilibra sua existência com a de outras
espécies, evitando a destruição de ecossistemas e o pior, reduzindo o número de espécies que entram
até mesmo em extinção (NARCIZO, 2009).

101
Conclusão
A conscientização por meio da dinâmica se deu de maneira satisfatória chamando a atenção
dos alunos, o que ficou bastante evidente com suas participações na prática respostas a respeito da
importância da separação do lixo.
Por fim, reforça-se a importância da educação ambiental no ambiente escolar desde a sua fase
infantil até o ensino superior, afinal, esse tema abrange todas as áreas de ensino e é imprescindível
para os seres humanos.

Referências

EFFTING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: realidade e desafios.
Monografia (Pós Graduação em “Latu Sensu” Planejamento Para o Desenvolvimento Sustentável) -
Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste, 2007.

JACOBI, Pedro Roberto. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de


pesquisa, n. 118, p. 189-205, 2003.

MEDEIROS, Aurélia Barbosa de et al. A Importância da educação ambiental na escola nas


séries iniciais. Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2011.

NARCIZO, Kaliane Roberta dos Santos. Uma análise sobre a importância de trabalhar
educação ambiental nas escolas. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação
Ambiental, v. 22, 2009.

TEIXEIRA, António Carlos. Educação ambiental: caminho para a sustentabilidade. Revista


brasileira de educação ambiental/Rede Brasileira de Educação Ambiental, v. 2, p. 23-31, 2007.

102
PRÁTICA PEDAGÓGICA: BIOLÓGICA CAÇA AO TESOURO

Autores: Júlia Adelaide Cardeal da Silva¹, Cleanto Luiz Maia Silva², Elias Juan de Sousa Batista³,
Mayara Cristina de Sousa Vaz4, Francisca Lúcia de Lima5.

Instituições:1,2, 3Graduando Bolsista de Iniciação à Docência – PIBID – CAPES; 4Docente da


Unidade Escolar Benjamin Baptista – Supervisora do Projeto PIBID; 5Docente da Universidade
Estadual do Piauí – Campus Poeta Torquato Neto – Coordenadora do Projeto PIBID.

Palavras-chave: Biologia; Ciclos Biogeoquímicos; Ensino.

Introdução
Os ciclos biogeoquímicos são processos naturais que ocorrem na natureza no intuito de
reciclar os elementos químicos do meio. Devido essa capacidade de reaproveitamento, temos então
uma interação desses elementos com o meio ambiente e os seres vivos. Os principais ciclos
biogeoquímicos são: ciclo da água, do carbono, do oxigênio e do nitrogênio (SANTOS, 2019).
A transdisciplinaridade significa ir além da disciplina, além daquilo que caracteriza o corpo
científico de conhecimentos, isto é, abrir a mente dos alunos para o que está além da sala de aula,
destituindo o antigo pensamento que o aprendizado só pode acontecer por Transmissão, onde o
professor é aquele que vai transmitir as ideias, os estímulos aos alunos que por sua vez, terão que
pegar as ideias e armazena-las, recebendo então um papel passivo, tratando-os como meros
receptáculos de informações. O aprendizado por Transmissão associa-se as teorias behavioristas, que
traz à linha de pensamento do comportamento humano como resultado das influências dos estímulos
do meio (VASCONCELOS et. al. 2003).
Nas relações transdisciplinares, o aluno larga o papel de um mero receptáculo, passando
então, a ser aquele que busca as ideias, o conhecimento. As atividades lúdicas estão perfeitamente
associadas as relações transdisciplinares, transformando o ato de ensinar em não mais algo
sistemático, e sim, em uma atividade divertida, onde os próprios alunos são aqueles que buscam as
ideias (FREIRE; FEIJÓ, 2008).
Na prática de caça ao tesouro, temos a presença da teoria de ensino de Bruner, sendo o
Aprendizado por Descoberta. Essa prática mostra-se bastante importante, devido explora as próprias
capacidades do aluno em buscar as informações, construindo o conhecimento a partir das descobertas
e a própria ação (MARQUES, 2002).
O projeto tem como objetivo apresentar de maneira prática e lúdica os ciclos biogeoquímicos,
explorando a competitividade e o pensamento rápido dos alunos do primeiro ano do ensino médio da
Unidade Escolar Benjamin Baptista.

Metodologia
A turma alvo da dinâmica em questão são os alunos do 1º “E” (cerca de 36 alunos), com
idades entre 15 a 16 anos. Em um primeiro momento, abordou-se todos os tópicos do assunto, isto é,
todos os ciclos biogeoquímicos, utilizando como recursos o Datashow da escola e um notebook,
explicando de maneira teórica, com finalidade de preparar o aluno para responder seis questões de
apoio e poderem realizar a prática.
As seis questões de apoio estão divididas em de duas questões para cada ciclo, sendo
envolvidos apenas os ciclos da água, carbono e oxigênio. Devido os ciclos de nitrogênio e fósforo
mostrarem-se mais complicados para o entendimento dos alunos, a prática realizada abordou esses
ciclos, onde um total de quatro roteiro de questões (com as respostas), juntamente com quatro cópias
das respostas (separadas) foram impressos.
A prática aconteceu na quadra de esportes da Unidade escolar, com auxílio de fita durex e
uma tesoura com ponta, cortou-se todas as respostas, e fixou-as em espaços diferentes da quadra,
envolvendo toda a sua estrutura interna como nos arredores, escondendo e embaralhando as respostas.

103
Após o ato de preparação, a turma foi levada até a quadra, onde a prática foi apresentada, tratando-se
da Biológica Caça ao Tesouro, trazendo as seguintes regras:
• Primeiro, tem-se a divisão da turma em quatro grupos, cada grupo com nove
integrantes, onde em cada grupo, ficará um membro dos monitores (observadores) e
o quarto grupo com a professora (supervisora).
• Com os grupos divididos, um membro de cada grupo irá utilizar o livro didático como
apoio, sendo então, aquele que porta o “mapa” do tesouro, que é a resposta.
• Após decidido o membro que portará o mapa, os monitores juntamente com a
supervisora, que estão com o papel de questões com as respostas, começam a ler as
questões, enquanto que os alunos vão atrás da resposta escondida no pátio. O jogo
funciona de forma que, só pode-se passar de questão, quando os alunos trazem a
respectiva resposta da questão lida.
• A prática só será encerrada, quando todos os grupos acharem as respostas de suas
questões.
A cada grupo finalizado, o roteiro de questões é revisado e durante o esse período todos
param, continuando após a checagem. Após todos os grupos responderem, e termos a definição do
primeiro, segundo, terceiro e quarto lugar, aborda-se a questão das recompensas.
As recompensas são duas. A primeira, que é igualmente distribuída para os alunos, é a questão
de pontos extras, afinal, trata-se de uma atividade em grupo avaliativa. A quantidade de pontos é
variável, dependendo do planejamento e do plano do professor. A segunda recompensa é distribuída
conforme a posição de cada grupo, variando entre os praticantes. No caso em questão, atribuiu-se a
bonificação de diversos tipos de bombons.

Resultados e Discussão
Durante o discorrer da Biológica Caça ao Tesouro, notou-se uma interação além do
imaginado. O espirito competitivo e a vontade de ser o primeiro grupo a achar todas as respostas
motivou todos os alunos a trabalharem em equipe, enquanto que se mostrou perceptível a forma como
os alunos conseguiam ir aprendendo conforme fossem em busca da resposta de determinada pergunta,
e o motivo disso está no fato que a prática exigia o raciocínio rápido e movimentação constante.
No final da prática, com a definição da posição de cada grupo, os alunos apresentaram
bastante satisfação com a forma que a prática de fixação aconteceu, sair do ambiente fechado de uma
sala de aula serviu perfeitamente para a descontração, enquanto que a mesclar o estudo intelectual
com o esforço físico, revelou-se uma ótima combinação, facilitando o processo de fixação das
palavras chaves (respostas) de cada definição (pergunta), isso demonstra que o incentivo a mais
práticas desse mesmo estilo devem ser amplamente incentivadas.
A avaliação individual de cada aluno será dada conforme alguns fatores, sendo eles:
comprometimento com a prática (participando), interação com os demais membros de seu grupo
(trabalho em equipe) e o seu entendimento sobre o assunto, onde este último é dado com uma última
revisão sobre o roteiro de questões, onde responderão as questões que eles mesmos buscaram a
resposta.
O tipo de ensino por descoberta, modifica o modelo de aprendizagem que trata o aluno como
um recipiente para as ideias do professor, o que modifica bastante os seus resultados e sua própria
interação com a sala de aula. Segundo Cabrera;Salvi (2005), o ser que brinca é um agente que age,
sente, pensa e se desenvolve intelectualmente e socialmente. A atividade lúdica de caça ao tesouro
visa criar uma ponte entre o lado ativo e pensante do estudante, fazendo-o aprender conforme se
esforça fisicamente (SANTANA; REZENDE, 2008).

Conclusão
A prática conseguiu atingir seu objetivo, explicando o conteúdo de maneira ativa e prática
para os alunos. Reforça-se então, a necessidade de mais aulas dinâmicas, aulas que buscam sair do
ambiente fechado e comum que é a sala de aula, diversificando a forma como o professor pode ensinar
seus alunos.
104
Referências

CABRERA, W.B.; SALVI, R. A ludicidade no Ensino Médio: Aspirações de Pesquisa numa


perspectiva construtivista. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM
CIÊNCIAS, 5. Atas, 2005.

FREIRE, J. B; FEIJÓ, Atagy Terezinha Maciel. Oficinas do jogo: uma abordagem pedagógica
transdisciplinar nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Brasileira de Ciências do
Esporte, v. 29, n. 3, 2008.

MARQUES, R. A pedagogia de Jerome Bruner. Consultado em http://www. eses.


pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A% 20Pedagogia% 20de% 20JeromeBruner.pdf acedido em, v.
20, 2002.

SANTANA, E. M de; REZENDE, D. B. O Uso de Jogos no ensino e aprendizagem de Química:


Uma visão dos alunos do 9º ano do ensino fundamental. XIV Encontro Nacional de Ensino de
Química (XIV ENEQ). UFPR, v. 21, 2008.

SANTOS, V. S. dos. "Ciclos biogeoquímicos"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/biologia/ciclos-biogeoquimicos.htm.Acesso em 18 de julho de 2019.

VASCONCELOS, C; PRAIA, J. F; ALMEIDA, L. S. Teorias de aprendizagem e o


ensino/aprendizagem das ciências: da instrução à aprendizagem. Psicologia escolar e educacional,
v. 7, n. 1, p. 11-19, 2003.

105
EFEITO PROTETOR DA KAVAÍNA EM CÉLULAS MERISTEMÁTICAS DE Allium cepa
L.

Autores: Erasmo Pereira do Vale Junior1; Marcos Vitor Rosa Ferreira1; Bianca Cristina dos Santos
Fernandes1; Francielle Alline Martins1; Pedro Marcos Almeida2

E-mail para correspondência: erasmojr2017@outlook.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ CCN/ Laboratório de
Genética/ Teresina/ PI; 2Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/
CCS/Teresina/PI

Palavras-chave: Alterações cromossômicas; Antigenotóxico; kavalactona.

Introdução
Piper methysticum Forst também conhecida como kava-kava é originária das ilhas do
Oceano Pacífico. As suas raízes e rizomas são utilizados para a produção de bebida psicoativa não
alcoólica consumida em rituais religiosos e celebrações (LEBOT; LEGENDRE, 2016). Em algumas
sociedades ocidentais, a kava-kava passou a ser utilizada como uma alternativa para aliviar a
ansiedade induzida por estresse e insônia (CHUA et al., 2016). P. methysticum apresenta em sua
composição química diversos constituintes, sendo os principais denominados kavapironas ou
kavalactonas (KETOLA et al., 2015). No total, já foram identificados dezoito kavalactonas presentes
em kava-kava, sendo que destas, as seis que apresentam maior importância farmacológica são a
kavaína, iangonina, desmetoxiangonina, dihidrocavaína, metisticina e dihidrometisticina (KUCHTA;
DE NICOLA; SCHMIDT, 2018).
A kavaina foi isolada pela primeira vez a partir da raiz e rizoma da P. methysticum e
apresenta o maior potencial ansiolítico e analgésico (WANG et al., 2018) e ação neurodegenerativa
em ratos (MULHOLLAND; PRENDERGAST, 2002). Esse composto demonstra uma inibição nos
canais de sódio dependentes no tecido neural, o que poderia explicar às propriedades analgésicas
observadas nos camundongos (MARTIN et al., 2002).
Neste sentido, a utilização de testes vegetais para o monitoramento da atividade de extratos,
frações e compostos isolados tem sido frequentemente incorporada à identificação de substâncias
potencialmente com efeito protetor (LUZ et al., 2012). Esse efeito, conhecido também como
quimiopreventivo, pode ocorrer por dois processos: desmutagênese e bioantimutagênese (ROCHA et
al., 2016). O primeiro interrompe a ação mutagênica ou genotóxica antes de causar danos no DNA.
Isso ocorre através de (1) reação química diretamente contra o agente mutagênico, inativando-o; (2)
reação enzimática (depois do mutágeno ser metabolizado); e (3) sequestro de radicais livres derivados
do mutágeno (ROCHA et al., 2016). Já o segundo atua na modulação dos sistemas de reparo,
auxiliando na correção de erros induzidos no DNA (OLIVEIRA et al., 2009). Dentre os métodos
disponíveis para análise da antimutagenicidade e antigenotoxicidade, destaca-se o sistema teste
Allium cepa L. por ser um excelente bioindicador na avaliação da citogenotoxicidade e
antigenotoxicidade, devido ao seu baixo custo, confiabilidade e concordância com outros organismos
testes de genotoxicidade, auxiliando os estudos de prevenção de danos à saúde humana (OLIVEIRA
et al., 2013).
Considerando a importância da kavaína e a necessidade de análises toxicogenéticas, o
presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial antigenotóxico desta molécula em células
meristemáticas de A. cepa.

Metodologia
A kavaína (CAS 3155-48-4;Sigma-Aldrich Brasil) foi diluída em acetona 2%, obtendo-se as
concentrações de 32, 64 e 128 µg/mL. As raízes de A. cepa previamente germinadas em placas de
Petri com água destilada foram submetidas aos controles e aos tratamentos pré, simultâneo e pós de
106
acordo com MAURO et al. (2014), com modificações. No controle negativo, as sementes germinadas
foram expostas a 2% de acetona durante 48 h. No controle positivo, as sementes germinadas foram
expostas por 24 h em água destilada e por mais 24 h em solução aquosa de metilmetanosulfonato
(MMS, 10 μg/mL), substância de ação clastogênica (FERNANDES et al., 2009). No pré-tratamento,
as raízes foram expostas nas três concentrações da solução de kavaína (32, 64 ou 128 µg/mL) por 24
h e por mais 24 h no MMS. No tratamento simultâneo, as raízes foram expostas em água destilada
durante 24 h e depois nas três concentrações da kavaína e MMS, adicionados simultaneamente, por
mais 24 h. No pós-tratamento, as raízes foram expostas em MMS durante 24 h e por mais 24 h na
solução de kavaína.
Após os tratamentos, as raízes foram fixadas em Carnoy (3 etanol:1 ácido acético) por 6-8 h
e estocadas a -20°C até o preparo das lâminas. Para a confecção das lâminas, as raízes foram lavadas
três vezes em água destilada por 5 min cada e hidrolisadas a 60 °C por 10 min em HCl 1N. Após a
hidrólise, as raízes foram novamente lavadas em água destilada e transferidas para frascos de vidro
âmbar, contendo o Reativo de Schiff, onde permaneceram em local escuro, por 2 h. Após esse
período, as raízes foram lavadas, até a total retirada do reativo, transferidas para lâminas, onde foram
esmagadas em uma gota de carmim acético 2% e montadas.
O total de 5.000 células meristemáticas (10 lâminas/500 células por lâmina) para cada
controle e concentração da Kavaína foi analisado em microscópio óptico (400x) para avaliar o efeito
protetor pela porcentagem de redução de danos (%RD) de acordo com a seguinte fórmula: %RD =
[(a-b)/(a-c)] x 100 (onde: a = média das alterações cromossômicas do controle positivo; b = média
das alterações cromossômicas em cada tratamento e c = média das alterações cromossômicas no
controle negativo). Os dados foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis e pelo teste de Student-
Newman-Keuls “a posteriori” (p<0,05) no programa BioEstat 5.3 (AYRES et al., 2007) comparando
os tratamentos com o MMS.

Resultados e Discussão
Há uma grande preocupação dos pesquisadores com o desenvolvimento de fármacos que
sejam mais eficientes contra o câncer, buscando substâncias que possam ser mais eficazes na proteção
e reparo do DNA, prevenindo a formação de tumores. Assim os estudos para avaliação de compostos
com atividade antimutagênica são de extrema importância (SŁOCZYŃSKA et al., 2014) como os
realizados no presente trabalho.
Nas células de A. cepa expostas a kavaína foi observada diferença significativa no Índice
Mitótico (IM) na maior concentração do pré-tratamento (128 μg/mL) e nas duas menores do pós-
tratamento (32 μg/mL e 64 μg/mL) quando comparados com o MMS. Dessa forma, é possível
evidenciar que a Kavaína, nessas concentrações, foi capaz de neutralizar a ação citotóxica do MMS
(Tabela 1). Enquanto nas outras concentrações do pré (32 e 64 μg/mL), em todas do simultâneo e na
maior do pós-tratamento (128 μg/mL) não houve diferença do IM entre os tratamentos e o MMS, o
que diminui a entrada das células em divisão celular (BIANCHI et al., 2015).
O composto testado promoveu o efeito protetor em todas concentrações do pré, simultâneo e
na maior concentração do pós-tratamento (128 μg/mL) contra a ação genotóxica do MMS (Tabela
1). A porcentagem de redução de danos (%RD) foi maior para o tratamento simultâneo, variando de
81,74 a 100,95% e foi menor para o pós-tratamento (85,35%). Estes resultados indicam que a Kavaína
interagiu com o MMS de forma desmutagênica (pré-tratamento), ou seja, impedindo a ação do MMS.
A neutralização foi maior no simultâneo, o que mostra que a Kavaína interagiu com o MMS no meio
extracelular ou no meio intracelular, impedindo ação tóxica do MMS. Por outro lado, também foi
observada a capacidade de Kavaína em estimular vias de reparo do DNA no pós-tratamento,
demonstrando ação bioantimutagênica na maior concentração, induzindo a reversão do efeito
mutagênico e impedindo a fixação de mutações como observados por MAURO et al. (2014) e
FEDEL-MIYASATO et al. (2014). Resultado similar do efeito protetor da kavaina também foi
observado contra a toxicidade do 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina (MPTP), que é uma
neurotoxina que provoca sintomas da doença de Parkinson ao destruir os neurônios dopaminérgicos
em células nervosas de ratos (SCHMIDT; FERGER, 2001).
107
Tabela 1 - Efeito citoprotetor e antigenotóxico da kavaína em células meristemáticas de Allium cepa após a
exposição por 48 h.
Concentrações Índice Alterações Porcentagem de
(μg/mL) Mitótico Cromossômicas Redução de Danos
(Média ±DP) (Média ± DP) (%RD)
CN 38,79 ± 13,67++ 1,67 ± 1,69++ -
Controles 18,20 ± 9,67 19,29 ± 19,28 -
CP
32 27,47 ± 13,01 5,79 ± 6,96+ 76,60
Pré- 27,17 ± 15,05 2,80 ± 3,38++ 93,54
64
tratamento
128 37,01 ± 5,18++ 3,83 ± 3,32+ 87,74
32 25,32 ± 9,28 4,88 ± 5,88+ 81,74
Simultâneo 64 16,79 ± 5,40 1,96 ± 2,26++ 98,35
128 23,47 ± 10,28 1,50 ± 1,58++ 100,95
32 38,57 ± 21,57++ 14,77 ± 18,25 25,62
Pós- 31,67 ± 17,41++ 11,33 ± 8,38 45,18
64
tratamento
128 24,72 ± 12,06 4,25 ± 5,43++ 85,35
CN: Controle Negativo (Acetona 2%). CP: Controle Positivo (MMS: Metilmetanossulfonato, 10 mg/L).
Pré-tratamento: raízes expostas a Kavaína (24 h) e depois ao MMS (24 h). Tratamento Simultâneo: raízes
em água destilada (24 h) e depois na Kavaína e MMS (24 h), adicionados simultaneamente. Pós-tratamento:
raízes expostas ao MMS (24 h) e por mais 24 h na Kavaína. DP: Desvio-padrão. +Comparado estatisticamente
com o MMS para avaliar efeito proteror. +Significativo no teste de Kruskal-Wallis (+p < 0,05, ++p < 0,01;
+++
p<0,0001). Resultados referentes a 5.000 células por concentração.

O MMS foi utilizado no presente estudo como indutor de danos ao DNA no ensaio A. cepa.
Há dois mecanismos principais que esse composto pode atuar. O primeiro é a sua conhecida
capacidade de alquilação e metilação, que pode causar quebras na cadeia dupla do DNA e inibição
da forquilha de replicação (CHATTERJEE; WALKER, 2017). O segundo é a sua indução de altos
níveis de estresse oxidativo, que pode levar a apoptose, morte celular e danos no DNA (JIANG et al.,
2016). Muitos estudos demonstram a capacidade de depleção dos níveis de Glutationa-S-transferase
pelo MMS (LIU et al., 1996) e da Glutationa (SIDDIQUE et al., 2019), que compromete as defesas
antioxidantes celulares e leva ao acúmulo de radicais livres gerados como subprodutos da função
celular normal (RAZA et al., 2011).
Provavelmente, a Kavaína atuou neutralizando ação do MMS pelos dois mecanismos citados,
uma vez que impediu ação mutagênica direta do MMS, que foi observada pela redução da média total
das alterações cromossômicas de A. cepa quando comparadas ao MMS (Tabela 1). Além disso, a
Kavaína também pode ter atuado pelo segundo mecanismo citado, na qual a molécula isolada teria
neutralizado os radicais livres resultantes da ação do MMS, uma vez que o isolado apresenta atividade
antioxidante, devido à sua capacidade de neutralizar a ação de radicais livres, atividade quelante de
metais ou capacidade de doação de elétrons ou hidrogênio (TSOI et al., 2015). O potencial
antioxidante é apontado como dos principais fatores que contribuem para sua ação antimutagênica e
antigenotóxica (MAURO et al., 2014).

Conclusão
A Kavaína apresentou efeito citoprotetor apenas no pré (128 μg/mL) e no pós-tratamento (32
μg/mL e 64 μg/mL). Contudo o isolado não se mostrou muito eficiente em neutralizar o MMS quanto
aos danos no ciclo celular na maioria das outras concentrações. Por outro lado, a Kavaína apresentou
efeito protetor em todas as concentrações dos protocolos pré e simultâneo e na maior concentração
do pós contra ação genotóxica e/ou mutagênica do MMS, pois foi observado um efeito modulador
dos danos induzidos pelo MMS no material genético de A. cepa. A porcentagem de redução de danos
foi maior no simultâneo, seguida do pré-tratamento, o que reforça ação desmutagênica como principal
mecanismo relacionado com o efeito protetor. A Kavaína demonstrou importante atividade
quimiopreventiva, que está indiretamente correlacionada com a prevenção e/ou tratamento de
doenças como o câncer, e, portanto, pode ter aplicações terapêuticas.

108
Agradecimentos
PIBIC (CNPq)

Referências

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110
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DE HANSENÍASE NO MUNICÍPIO
DE BURITI DOS LOPES NO PERÍODO DE 2012 A 2016.

Autor: Flávio Ibiapina Rodrigues1

E-mail para correspondência: flavio.ibi@gmail.com

Instituição: 1Universidade Estadual do Piauí/ Campus Poeta Torquato Neto/ Mestrado Profissional
em Ensino de Biologia – PROFBIO/Teresina/PI.

Palavras-chave: Hanseníase; Mycobacterium leprae; Prevalência.

Introdução
Brasil (2010) define a hanseníase como uma doença crônica granulomatosa, curável,
proveniente de infecção etiologicamente associada ao Mycobacterium leprae. Esse bacilo infecta um
grande número de indivíduos, todavia, poucos adoecem.
Brasil (2002) indica que a transmissão é inter-humana e ocorre essencialmente através de
gotículas (saliva, secreção nasal, respiração, tosse, fala, espirro) e/ou contato direto de soluções de
continuidade da pele ou mucosa do indivíduo doente multibacilar (virchowianos ou dimorfos). Melão
et. al. (2011) destaca que dentre os fatores determinantes e condicionadas para o adoecimento estão:
condições ambientais, fatores genéticos, estado nutricional, vacinação com a BCG (Bacilo de
Calmette Guérin) e a condição imunológica do organismo.
Brasil (2010) refere ainda, que dentre as principais manifestações da doença estão lesões
cutâneas com diminuição de sensibilidade: térmica, dolorosa e tátil; área de pele seca e com falta de
suor; queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas; dor e sensação de choque ao longo dos nervos
dos braços e pernas; inchaço de mãos e pés; atrofias, mão em garras, parestesias e paralisias
musculares. A hanseníase tem período de incubação médio que varia de 2 a 7 anos.
Dominguez (2015) informa que em 2003 a taxa brasileira de prevalência da hanseníase foi de
4,52; já em 2013 foi de 1,42 por 10 mil habitantes. Embora significativa essa redução ainda é diferente
da meta de eliminar a hanseníase até o fim de 2015, ou seja, uma prevalência de um caso a cada 10
mil habitantes. Em 2014 a taxa de detecção geral da doença foi de 12,14 por 100 mil habitantes, com
prevalência de 1,56 casos, ou seja, houve um aumento em relação a 2013. Desse modo, o Brasil é o
único país do mundo que não conseguiu eliminar a doença e é o que concentra mais casos novos dela
a cada ano.
OMS (2016) destaca que em 2014, a nível mundial, foram notificados 213 899 casos de
hanseníase, o que corresponde a uma taxa de detecção de 3/100 mil por habitantes. Desse total 94%
dos pacientes com eram dos seguintes países: Bangladesh, Brasil, República Democrática do Congo,
Etiópia, Índia, Indonésia, Madagascar, Mianmar, Nepal, Nigéria, Filipinas, Sri Lanka e República
Unida da Tanzânia.
Notícia jornalística publicada pelo site G1 em 2017 dá conta que no ano de 2015 a Secretaria
Estadual de Saúde do Piauí (SESAPI) notificou 1.040 casos novos de hanseníase. Tais resultados
colocam o Piauí na segunda maior taxa de detecção do nordeste e a décima primeira posição se
comparados aos demais membros da federação em número de casos. Em Buriti dos Lopes não há
dados consolidados.
Tendo em vista a ausência de dados consolidados acerca desse assunto no município busca-
se através desse trabalho descobrir as características epidemiológicas dos portadores de hanseníase
em Buriti dos Lopes, objetivando caracterizar os pacientes acompanhados nas Unidades Básicas de
Saúde da Estratégia Saúde da Família em Buriti dos Lopes no período de 2012 a 2016.

Metodologia
Trata – se de um estudo quantitativo de caráter descritivo realizado no município de Buriti
dos Lopes, Piauí, nordeste brasileiro. As informações constituintes dessa pesquisa referem – se a
111
todos os pacientes, atendidos nas Unidades Básicas se Saúde (UBS’s) do município e com diagnóstico
confirmado de hanseníase no período compreendido entre janeiro de 2012 a dezembro de 2016.
A pesquisa utilizou – se as referências contidas nas Fichas de Notificação e de Investigação
da Hanseníase. Estes são instrumentos de coletas de dados para o Sistema de Informação de Agravos
de Notificação – SINAN. Ressalta – se que o acesso a esses materiais foram fornecidos pelo Diretor
do Serviço de Informática, mediante a prévia autorização da Secretária Municipal de Saúde de Buriti
dos Lopes.
Os parâmetros analisados nesse estudo foram os seguintes: quantidade de casos conforme o
ano de notificação, índice de prevalência, faixa etária, sexo, cor, escolaridade, quantidade de lesões
cutâneas (ignorado, pacientes com até cinco lesões; e aqueles com mais de cinco lesões), forma clínica
(indeterminada, tuberculoide, dimorfa, virchowiana e ignorado), classificação operacional
(paucibacilar ou multibacilar), grau de incapacidade (não classificado, zero, um e dois) e esquema
terapêutico adotado no período considerado.
A pesquisa obedeceu às diretrizes estabelecidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde, e foi aprovada pelo Plenário do Conselho Municipal de Saúde de Buriti dos Lopes segundo
o parecer 001/2017. Os resultados foram tabulados com auxilio do programa BioEstat 5.0 versão para
Windows.

Resultados e Discussão
A consolidação das informações coletadas nas bases de dados do SINAN nos permite afirmar
que entre janeiro de 2012 a dezembro de 2016, foram notificados, acompanhados e curados 51
pacientes portadores de hanseníase no município de Buriti dos Lopes, Piauí. Os aspectos
sociodemográficos estão sistematizados na Tabela 1. Nela observamos que em 2016 foram
notificados 33,3% (17) casos, o maior quantitativo da série histórica.
A faixa etária mais atingida foi a de pessoas a partir de 60, com 35,3% (18). Verifica – se
também que a hanseníase é mais frequente em mulheres: 56,9% (29); a maioria dos portadores se
declararam pardos: 78,4% (40); e que o Ensino Fundamental é a escolaridade mais comum entre os
portadores com 47,1% (24).

Tabela 1. Características Sociodemográficas dos Portadores de Hanseníase do Município de Buriti dos


Lopes, PI, no período de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2009.
Variáveis N %
Distribuição dos Casos por Ano
2012 12 23,5
2013 4 7,9
2014 7 13,7
2015 11 21,6
2016 17 33,3
Faixa Etária
10 Ⱶ 20 5 9,8
20 Ⱶ 30 5 9,8
30 Ⱶ 40 9 17,6
40 Ⱶ 50 8 15,7
50 Ⱶ 60 6 11,8
60 ou + 18 35,3
Escolaridade
Analfabeto 8 15,7
Ensino Fundamental 24 47,1
Ensino Médio 7 13,7
Ensino Superior 7 13,7
Ignorado 5 9,8
Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/Secretaria Municipal de Saúde de 2012 a
2016.

A figura 1 explicita o Coeficiente de Prevalência (CP), importante indicador no que tange aos
casos de hanseníase. As taxas (por 10 000 habitantes) variaram de de 2,07 em 2013 e 8,74 em 2016.
112
Podemos então estimar que o CP médio dessa série histórica foi de 5,2 por ano com um desvio padrão
2,5.

Figura 1. Coeficiente de Prevalência dos Portadores de Hanseníase do Município de Buriti dos


Lopes, PI, no período de Janeiro de 2012 a Dezembro de 2009.
10.0
8.7
8.0
6.3
6.0
5.7
4.0
3.6
2.0
2.1
0.0
2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/Secretaria Municipal de Saúde de 2012 a
2016.

A Tabela 2 destaca a distribuição dos casos de Hanseníase de acordo com os aspectos clínicos.
Nela se destaca que a maioria dos casos, ou seja, 37,3% (19) não foi clinicamente classificado.
Contudo que dentre as classificações realizadas a dimorfa é a mais frequente, correspondendo a
33,3% (17) dos casos. Para fins de tratamento a forma multibacilar representa 66,7% (34) dos casos.
No que tange ao tratamento mais corriqueiro, a poliquimioterapia multibacilar foi prescrita em 64,7%
(33) dos casos.

Tabela 2. Distribuição dos Casos de Hanseníase conforme Forma Clínica, Classificação Operacional e
Esquema Terapêutico entre os anos de 2012 a 2016.
Variáveis N %
Forma Clínica
Indeterminada 6 11,8
Tuberculoide 4 7,8
Dimorfa 17 33,3
Virchowiana 5 9,8
Ignorado 19 37,3
Classificação Operacional
Paucibacilar 17 33,3
Multibacilar 34 66,7
Esquema Terapêutico
PQT/PB/ 6 doses 17 33,3
PQT/MB/ 12 doses 33 64,7
Outros Esquemas Substitutos 1 2,0
Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/Secretaria Municipal de Saúde de 2012 a
2016.

A análise compreensiva da tabela 3 demonstra que 60,8% (31) dos usuários notificados
apresentavam menos de 6 lesões. Um percentual de 66,7% (34) não evidenciavam nenhum tipo de
incapacidade.

113
Tabela 3. Distribuição dos Casos de Hanseníase conforme Quantidade de Lesões Cutâneas e Grau de
Incapacidade entre os anos de 2012 a 2016.
Variáveis N %
Quantidade de Lesões Cutâneas
0Ⱶ6 31 60,8
6 Ⱶ 12 17 33,3
12 Ⱶ 18 2 3,9
18 Ⱶ 24 1 2,0
Grau de Incapacidade
Grau Zero 34 66,7
Grau I 0 0,0
Grau II 7 13,7
Grau III 10 19,6
Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)/Secretaria Municipal de Saúde de 2012 a
2016.

O registro de casos ao longo dos anos revelam que a maior taxa de prevalência se desenvolveu
no ano de 2016, atingindo um patamar de 8,7 casos. Dominguez (2015) relata que no ano de 2014 a
taxa de prevalência de no Brasil foi de 1,56 casos por 10 mil habitantes. Saúde (2017) informa que
no ano passado o Piauí apresentou uma taxa de prevalência de 2,09.
A maioria dos portadores de hanseníase tem idade de 60 anos ou mais Miranzi et. al. (2010)
afirma que em Uberaba (MG), a maior incidência de hanseníase era entre 34 e 49 anos em 31,4% dos
casos. A elevada faixa etária dos hansenianos em Buriti dos Lopes pode estar associada a de
diagnóstico tardio.
As mulheres representam 56,9%. Saúde (2017) informa que no Brasil em 2015 o sexo
masculino representou 57,2% dos casos e os sexo feminino 42,8%. Ao analisarmos a distribuição dos
casos segundo critério da autodeclaração da cor, constatamos o maior quantitativo de indivíduos
pardos: 78,4%; seguidos brancos: 7,8% e pretos: 5,9%.
Na perspectiva da escolaridade, deslindou – se que 47,1% possuiam ensino fundamental;
seguidos por 15,7% analfabetos. Esses dados corroboram com ideia segundo a qual a hanseníase é
mais prevamente em pessoas de baixa escolaridade. Souza et. al. (2013) informa que em um estudo
realizado Fortaleza, capital cearence, 67,3% possuiam apenas o ensino fundamental e 11% eram
analfabetos.
Em relação a forma clínica 7,7% dos pacientes teve sua classificação “ignorada”, seguida pela
dimorfa, representando 33,7% e indeterminada 11,8%. Brito (2014) afirma que na Paraíba a dimorfa
representou 32,0%; tuberculoide 27,4%; e a virchowiana 22%. A dimorfa é a mais frequente forma
de hanseníase e está intimamente associada ao potencial de transmissibilidade da doença.
Do ponto de vista operacional, a forma Multibacilar (MB), representou 66,7% e a Paucibacilar
(PB): 33,3%. Resultado semelhante também foi encontrado por Helene (2001); em pesquisa realizada
em em São Paulo, 79% dos paciente analisados foram classificados no grupo do MB. Oliveira e
Macedo (2012) dão conta ainda que 75,87% dos pacientes realizaram tratamento de PQT/MB/12
doses. Brito (2014) afirma que na Paraíba 54,4% dos casos foram tratados como MB e 45,6%
conforme o esquema terapêutico de PB.
Sobrinho (2008) assevera que o quantitativo de lesões cutâneas é uma dimensão essencial a
classificação operacional ( Paucibacilar ou Multibacilar) e por corolário para a definição do tipo de
tratamento a ser instituído. Nesse estudo 60,8% dos casos analisados revelaram pacientes com até 05
lesões. Já aqueles que somaram 06 ou mais lesões totalizaram 39,2%.
Comprovou - se nesse estudo que a maioria dos usuários apresentaram grau de incapacidade
zero, estes corresponderam a 66,7%. É relevante destacar que é incomum “o grau zero de
incapacidade” numa maioria de pacientes Multibacilares.

Conclusão

114
Verificou – se que a distribuição clínico - epidemiológica dos casos de hanseníase predominou
em pessoas a partir dos 60 anos; sexo feminino; com o ensino fundamental; “ignorada” foi a forma
clínica mais diagnosticada seguida pela dimorfa; o tratamento multibacilar foi o mais frequente; e a
prevalência mais alta se deu no ano de 2016.
A análise desse perfil é essencial para o correto desenvolvimento de políticas de saúde que
reúnam, entre outras, ações de: promoção, proteção, diagnóstico precoce, tratamento oportuno,
quebra do ciclo de transmissão e reabilitação dos pacientes com hanseníase. Do ponto de vista clínico,
a hanseníase é patologia de fácil diagnóstico, possui tratamento pouco invasivo, tem reduzidos efeitos
colaterais e é gratuito no SUS. Estes e outras condições são potencializadoras da Eliminação da
Hanseníase enquanto problema de Saúde Pública do cenário nacional.

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2017.

115
PELOS CORREDORES DA ILEGALIDADE: CAPTURA E COMERCIALIZAÇÃO DE
ANIMAIS SILVESTRES EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO
NORDESTINO BRASILEIRO

Autores: Marcos Paulo Lopes Rodrigues1; Maria Taís Aleixo Paz1; Jones Baroni Ferreira de
Menezes1; Shirliane de Sousa Araújo3

E-mail para correspondência: marcosesm7@gmail.com

Instituições: 1Universidade Estadual do Ceará/ Campus Faculdade de Educação de Crateús;


3
Universidade Estadual do Ceará/ Campus Faculdade de Educação de Crateús

Palavras-chave: Tráfico de animais; Conservação; Etnobiologia.

Introdução
No Brasil a utilização de animais, e produtos derivados destes, é uma prática exercida desde
o período colonial, herdado culturalmente de práticas indígenas e perpetuada até os dias atuais por
atividades de extrativismo animal. A escassez de estudos que avaliam a utilização desses recursos
animais é limitada pelo caráter clandestino associado aos diversos usos desses animais que, na maioria
das vezes, são oriundos de atividades da caça predatória, abastecendo a cadeia ilegal do comércio de
animais silvestres (ALVES et al., 2016; SOUTO, 2017).
Esse comércio ilegal, é um dos ramos da biopirataria, que atinge fortemente o Brasil em razão
da sua vasta diversidade biológica (KLEBIS, 2014; LAGES 2016). Assim, como o comércio ilegal,
a caça de subsistência é apontada como uma das principais ameaças a biodiversidade faunística na
região, visto que é uma atividade bastante presente nas populações locais que vivem na Caatinga,
exercendo um papel socioeconômico e de caráter predatório nessas comunidades (BARBOSA;
AGUIAR, 2015).
Baseados nesses aspectos, é imprescindível explorar a dinâmica que envolve a captura e a
comercialização de animais silvestres nas comunidades locais do semiárido cearense, visto que, nessa
pesquisa são apresentadas as preliminares de uma cadeia comercial clandestina que envolve a fauna
silvestre. Neste contexto, a finalidade do estudo é identificar os principais animais capturados para
comercialização e os fatores econômicos e culturais que circundam essa atividade, bem como as
implicações na manutenção e conservação da biodiversidade local.

Metodologia
O estudo foi realizado na comunidade rural Vila Nova Roma, pertencente ao município de
Tamboril, cidade situada no semiárido do Estado do Ceará, Brasil (IBGE, 2017). A população do
município é de 26.260 habitantes, dos quais aproximadamente 70% moram na zonal rural (IPECE,
2017). A comunidade de estudo, fica situada a 34 km da sede do município, e nela residem 86
famílias.
A pesquisa foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2018, com uma amostra total de
20 moradores, caçadores ativos e ex-caçadores. Os dados foram coletados por meio de um
questionário estruturado com 16 questões, complementados de entrevistas livres, conversas informais
(ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004), fotos e com auxílio de técnicas de amostragem como, “bola
de neve” (BAILEY, 1994), oportunista (SHIVELY et al., 2011; KAMINS et al., 2011) e de rapport
(relação de confiança) para seleção dos entrevistados e facilitar a coleta de dados. A pesquisa foi
iniciada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa humana da UFPI (número CCAE de
aprovação em comitê de ética: 08731119.0.00005214).
Para determinar a importância de cada espécie localmente, foi utilizado o cálculo Valor de
Uso (UV), um índice etnobiológico baseado em Phillips et al. (1993), adaptado por Rossato et al.
(1999), o qual pode ser obtido pela seguinte equação: VU = ΣU/n, onde U é o número de citações por
espécies e n é o número de participantes da pesquisa.
116
Resultados e Discussão
Foram entrevistadas 20 pessoas (ex-caçadores e caçadores ativos), a maioria homens (n= 18,
90%), que relataram superficialmente o envolvimento com a captura e comercialização de animais
silvestres na comunidade Vila Nova Roma, Tamboril, CE.
A maioria (80%) já não exercem as práticas de caça com tanta frequência, como antigamente
e por isso, se descrevem como ex-caçadores. Todavia, uma pequena parte dos entrevistados (20%),
são caçadores ativos – jovens entre 20 a 26 anos – que costumam capturar essas espécies silvestres
por razões esportivas e de cunho comercial.
De acordo com os relatos dos entrevistados, as práticas de captura e comercialização
subsistem há muitas gerações na comunidade, atuando na complementação alimentar e econômica
familiar dos mesmos. Devido as mudanças socioeconômicas ocorridas ao longo dos anos na
localidade, a dinâmica de abastecimento do comércio ilegal da fauna silvestre advém tanto dos fatores
de subsistência, como das razões esportivas.
Esta última, além de ser definida como um hobby, ela oportuniza aos envolvidos ter uma fonte
lucrativa com a venda dos vertebrados capturados vivos ou mortos. De fato, o tráfico ilegal de animais
silvestres é a terceira maior atividade ilícita e mais lucrativa do mundo, movimentando cerca de 10 a
20 milhões de dólares, ficando atrás somente do tráfico de drogas e de armas (ECO21, 2016;
RENCTAS, 2017).
Foi observado também que os indivíduos com renda menor (com média de até 01 salário
mínimo) relacionam os usos da fauna silvestre com a atividades de subsistência (consumo) ou para
obtenção de renda complementar (comércio), no qual é comercializado partes ou subprodutos do
material biológico coletado para aquisição de produtos essenciais para sobrevivência de suas famílias.
Por outro lado, os indivíduos com maiores rendimentos financeiros (acima de 2 salários mínimos),
em geral, utilizam as modalidades de uso da fauna, como pets e alimentação, por motivo esportivo
ou comercial.
Com relação ao uso da fauna para a alimentação, as aves continuam correspondendo o maior
número de espécies citadas, principalmente as famílias Columbidae e Tinamidae (Figura 1). A
preferência por essas famílias deve-se a disponibilidade e grande massa corporal. Elas são descritas,
similarmente em outros estudos, como um importante recurso alimentar presente no cardápio das
comunidades tradicionais do semiárido nordestino (SANTOS; COSTA-NETO, 2007; BEZERRA et.
al., 2011).
Muitos animais comercializados na comunidade estão interligados a zooterapia, que é a
utilização de animais ou subpartes para fins medicinais. O uso zooterápico mais frequente está no
grupo dos répteis. O lagarto Salvator merianae (teju) (VU= 0,35) é a espécie mais usada para fins
medicinais na localidade, entretanto a Crotalus durissus (cascavel) (VU= 0,45) apresenta maior
preciosidade, pois sua banha possui um alto custo comercial (de 30 a 80 reais, a colher).
Ainda em relação ao comércio para fins medicinais, de acordo com os moradores, a Crotalus.
durissus a Boa constrictor (cobra-de-veado), encontram-se em declínio populacional, e o principal
motivo são as mudanças climáticas na região. No entanto, pode-se inferir a partir dos relatos dos
entrevistados, que a diminuição da ocorrência desses animais, está na verdade mais relacionado a
atividade de caça para uso medicinal e o abate dessas espécies, por serem uma ameaça a humanos e
outros animais, do que relacionado a fatores ambientais.
Ademais, também é perceptível as diversas pressões antrópicas que esses animais estão
submetidos na região, como: a caça predatória, captura para comércio ilegal, abate dessas espécies
por atacarem animais domésticos, destruição de habitat (causados pela agricultura e desmatamento),
e também, atropelamentos nas estradas (ALVES et al., 2012; SOUZA; OLIVEIRA, 2014; PEREIRA
et al., 2017), que ampliam a diminuição da população destes animais.

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Figura 1 – Algumas das espécies silvestres capturadas e comercializadas pelos moradores
de Vila Nova Roma, Tamboril, Ceará. (A) aves das famílias Columbidae e Tinamidae; (B) Galea
spixii (preá); (C) Euphractus sexcinctus (tatu-peba).

É interessante observar que os moradores têm conhecimento acerca dos riscos que estas
atividades provocam em relação a diminuição e desaparecimento de algumas dessas espécies na
região, porém, os mesmos não conseguem relacionar esse desaparecimento com problemas
ambientais maiores futuros, por exemplo, a extinção de espécies. Isso é enfatizado, por exemplo, na
fala de um entrevistado: “o culpado somos nós mesmo”. Porque na hora que eles aparecem nós
pegamos uma baladeira, nós vamos lá, a tendência é de matar e não se lembra que ele vai reproduzir”.
Os entrevistados em sua maioria, não sabem ou não compreendem, os riscos que estão
submetidos ao estarem expostos diretamente com animais silvestres, pois estes são reservatórios e
portadores doenças

Conclusão
Os dados adquiridos nessa pesquisa demonstram a profunda relação cotidiana da comunidade
Vila Nova Roma com a comercialização ilegal de animais silvestres, principalmente com os grupos
de aves, mamíferos e répteis que também se interligam em outras linhas incentivadoras dessa
atividade como alimentação e zooterapia. Ainda, verificou-se que essa prática está correlacionada
com o perfil socioeconômico, cultural e educacional dos entrevistados.
A cadeia de comércio, subsiste pelos corredores da ilegalidade na comunidade, interligado por
omissões e desconfianças, por parte dos entrevistados de falar sobre a comercialização dessas
espécies silvestres; e de fato, tal situação, é resultante do caráter ilegal das atividades de caça no Brasil
(Art. 29 da Lei Federal 9605/98).
Percebeu-se que a comunidade apresenta um tímido conhecimento sobre os perigos das ações
de comercialização ilegal dos animais, todavia eles não conseguem associar essas atividades com as
implicações futuras relacionadas ao declínio populacional faunístico e impactos ecológicos mais
amplos, como desestruturação de cadeias alimentares, além de afetar diretamente na dinâmica e
manutenção dessas espécies no ecossistema.

Referências

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