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MAIO 2010
ARTIGO TÉCNICO
ARTIGO:
“A Metodologia PDCA para redução de custos em Sistemas de Despoeiramento”
PALAVRAS-CHAVES:
PDCA, Sustentabilidade, Sistemas de Despoeiramento, Filtro de Mangas, Emissões Atmosféricas.
REFERÊNCIA:
Artigo baseado na Palestra do mesmo autor ministrada no SENGE / RS pela Associação dos
Profissionais de Engenharia Química em 05/05/2010.
SOBRE O AUTOR:
Eng. Químico Tito de Almeida Pacheco – Formado em Engenharia Química pela UFRGS, MBA em
Gerenciamento de Projetos pela FGV, especialista em sistemas de controle de poluição atmosférica, tendo
atuado na solução de problemas crônicos em inúmeros sistemas de despoeiramento. Com tecnologia 100%
brasileira, desenvolveu o primeiro Simulador de Filtração Industrial (PROTEUS), bem como, a metodologia
de Avaliação Dinâmica de Processos, utilizada com sucesso ao longo dos últimos 15 anos na Reengenharia
de Sistemas de Despoeiramento falhos ou na otimização de Sistemas ainda em fase de Projeto. Atualmente
atua como Diretor na Vortex Consultoria Industrial Ltda. e na Gaia Equipamentos Industriais Ltda. EPP.
E-mail: titoap@vortexindustrial.com.br
Skype: titoap
Fone: +55 (51) 3737 3760
Vortex Consultoria Industrial Ltda. / Porto Alegre – RS – Brasil
Contudo, no ambiente tecnológico sua aplicação não é trivial e nem imediata, pois demanda
diversas ferramentas para cada uma das 4 etapas do PDCA. Como sempre, somente o uso cotidiano
destas ferramentas permitirá seu domínio de aplicação.
O presente artigo aborda justamente a aplicação das ferramentas para implementação da
metodologia PDCA em Sistemas de Despoeiramento, obtendo com isso, sensível redução de custos
na aquisição, manutenção e operação destes Sistemas.
Entretanto, antes de aprofundar na solução que o Método PDCA proporciona é preciso
conhecer como medir a performance de um Sistema de Despoeiramento e quais suas causas de falha
tradicionais.
Medidor de Particulado
(mg/Nm3)
P(mmCA)
Entupimento
185
Alarme
165 Faixa de
PPROJETO = 150 Operação
Ideal
135
5 a 15
Tempo (minutos)
Fig.3: variação da Perda de Carga (∆P) do filtro de mangas ao longo do tempo.
Contudo, devido a requisitos intrínsecos, é sempre recomendável que este valor seja superior a
60mmCA para permitir a formação de uma boa pré-capa de filtração com o próprio particulado filtrado
e inferior a 185mmCA para evitar entupimento irreversível das mangas.
Obviamente, não se está dizendo que todas as falhas são de projeto, mas que, quando
nenhuma ação em termos de Operação resolve, o problema certamente está em algum dos modos de
falha acima e assim por diante.
Por outro lado, ao longo da prestação de serviços de consultoria em mais de 3000 sistemas de
despoeiramento cronicamente problemáticos dos processos das indústrias cimenteira, alumínio,
siderúrgico, fundições, químico, entre outros, de fato, foi verificado que a maioria dos problemas em
sistemas de despoeiramento se deve a falhas de projeto.
É muito simples identificar as diferentes falhas de projeto. Quando ocorre falha de PROJETO
DETALHADO, uma reforma com custo de até 15% do valor do equipamento pode resolver. Quando
há falha de PROJETO BÁSICO, estamos falando de falha de dimensionamento do equipamento, cujo
custo da solução pode estar em torno de 50% de seu custo original.
Mas quando a falha é no PROJETO CONCEITUAL, significa que a tecnologia foi mal aplicada,
ou seja, a solução é retirar o equipamento existente e comprar outro equipamento com a tecnologia
apropriada. Neste caso, o custo da solução é de 100% do valor do equipamento de despoeiramento
adquirido. Daí advém a importância do Projeto Conceitual, o qual, por incrível que pareça, não
demanda cálculos, nem equações matemáticas, sendo baseado unicamente no conhecimento de
Engenharia de Processos!
Após análise de milhares de sistemas de despoeiramento foi possível concluir dois aspectos
primordiais na geração da falha de projetos de despoeiramento: a cultura atual brasileira e o
desconhecimento de causa.
a) A Cultura atual brasileira – a lógica por detrás da falha dos sistemas de despoeiramento
CONSEQUÊNCIA 2: Se ele orçar caro, perderá competitividade, por isso, é comum orçar para menos.
Devido à imprecisão do orçamento, ao fechar o negócio, seguidamente é necessário fazer
“economias” que afetam a qualidade do produto, gerando erros de Projeto Detalhado devido a
imprudência original do Usuário, Cliente destes equipamentos.
PLANEJAR - Para poder ser orçado e fornecido algum equipamento de controle de poluição, antes
de mais nada é necessário realizar medições dos gases e do particulado na fonte poluidora. Se não
há sistema de ventilação para canalização destes poluentes, então o primeiro passo é instalar um
sistema de ventilação com a devida plataforma na chaminé para viabilizar estas medições.
Com elas, são obtidas as informações técnicas necessárias para realização de um Estudo dos
Poluentes. Este estudo visa verificar se as condições destes gases permitem a utilização de sistemas
de despoeiramento diretamente e, em caso de impossibilidade, deve ser dimensionada e instalada a
Planta Vortex de Pré-tratamento de Gases e Particulados efluentes.
Desta forma, sendo conhecidos os valores mínimos e máximos dos parâmetros dos gases e
particulados poluentes, é viável a realização de um projeto virtualmente à prova de falhas, com o
devido conhecimento de causa, obviamente.
Por fim, somente após o Projeto Detalhado é que é possível definir a lista de materiais e então,
a partir dela, orçar um equipamento com margem de erro no custo menor que ±5%.
EXECUTAR – Depois do devido planejamento, é possível fornecer aos Fabricantes uma carta-
consulta com um projeto básico ou detalhado amarrando a performance técnica. Com isso, não
haverá exagerada discrepância em termos de preços e tecnologias nas propostas recebidas e só
poderão concorrer realmente aqueles Fabricantes que tem condições técnicas compatíveis entre si.
VERIFICAR – Mais do que fornecer um Projeto Básico e Carta-Consulta, é necessário que a Empresa
de Projetos audite a fabricação, instalação e supervisione a partida do Sistema de Despoeiramento
independentemente de quem tenha vencido a concorrência.
Sem isso e nos casos de falha, perpetuará a eterna disputa de razão entre a empresa
Projetista e a empresa Fabricante, caso em que, o Usuário Cliente aguarda indefinidamente um
consenso das empresas contratadas enquanto seu equipamento permanece falho!
Graças a isso, falhas na partida do equipamento são coibidas ou corrigidas antes que elas
danifiquem suas peças ou subsistemas e acarretem paradas precoces do processo fabril para
realização de manutenção corretiva no sistema de despoeiramento.
CORRIGIR – OK, o equipamento é de alta performance, foi fabricado e instalado corretamente e sua
partida foi um sucesso. Mas depois de 6 meses é necessário trocar peças (por exemplo: mangas
filtrantes) porque foi negligenciada a importância da correção de pequenos desvios na operação e/ou
manutenção.
PLANEJAR – Se o Sistema está ainda sob a Garantia do Fabricante e está apresentando falhas, se
faz necessário o Serviço Vortex de Auditoria e Perícia de Sistemas de Despoeiramento.
Seu resultado é um Relatório com o Plano de Ação, ao estilo 5W1H, para correção das não-
conformidades, estejam elas no Projeto, Especificação de componentes, Operação ou Manutenção.
Portanto, sua implementação demanda uma boa negociação entre o Usuário e Fabricante do Sistema
intermediado tecnicamente pela Vortex Consultoria Industrial.
CORRIGIR – Valem aqui, idênticas considerações já realizadas para a etapa Corrigir de novos
Sistemas de Despoeiramento.
Para exemplificar os conceitos até então apresentados, são citadas as variáveis de influência
no projeto de um filtro de mangas, as quais devem ser muito bem avaliadas na Etapa de
Planejamento, vide Fig.7.
Usual Alta
Variáveis para projeto de Filtros de
performance Mangas
Densidade Absoluta,
Densidade Aparente,
Emissão < 50 mg/Nm3 5 mg/Nm3 Partículas
Granulometria, composição
química, formato.
Vazão, temperatura,
130 a 150
Perda de carga < 170mmCA Gás composição química,
mmCA
concentração de partículas.
Faixa de variação das variáveis
Partículas* > 30 m > 1 m Processo acima com o tempo em função
do processo de geração de pó.
Fig.7: Distinção entre um filtro de mangas usual e outro de alta performance e listagem das variáveis
de interesse no seu projeto.
Por fim, a prova cabal de que é jogar dinheiro fora comprar um Sistema de Despoeiramento de
Alta Performance (cujo preço é de 5 a 10 vezes o preço de um Sistema Usual de despoeiramento
para o processo gerador de particulado) se não há cultura de manutenção e operação compatível com
o mesmo, vide Fig.9.
Nesta figura, é possível observar os valores típicos de emissão adicional àquela nominal do
equipamento devido a falhas de vedações na partida de jogos de mangas novas ou devido a falhas de
manutenção preventiva.
CONCLUSÕES
Ao final deste artigo, verificam-se diferentes ferramentas para adoção da Metodologia PDCA
para um novo Sistema de Despoeiramento em relação a um já existente.
Além disso, foi demonstrado que a inclusão no Ciclo PDCA após o equipamento ter sido
adquirido, sempre terá um custo maior do que a aplicação do PDCA antes de sua aquisição.
Por fim, é possível visualizar uma alternativa para correção rápida e eficaz ou coibição de
falhas de Sistemas de Despoeiramento, atendendo assim, ao anseio da Sociedade por ambientes de
trabalho salubres e atividade industrial sustentável ecologicamente.