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JOSÉ AFONSO
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1
1. Interpreta os pensamentos de Simão no momento em que é surpreendido por Mariana. [15 PONTOS]
2. Considerando os sete primeiros parágrafos, aponta dois dos traços caracterizadores de Mariana. Justifica a
tua resposta com elementos textuais. [20 PONTOS]
3. Atenta no momento em que se descreve a chegada de Tadeu e Baltasar.
3.1. Interpreta a expressão com que o narrador conclui a sua observação de Baltasar: “gesticulava com
aprumo de quem dá as suas irrefutáveis razões, e consola tomando a riso a dor alheia” (ll. 21-22).
[15 PONTOS]
3.2. Caracteriza a relação existente entre tio e sobrinho, comprovando as tuas afirmações com passagens do
excerto. [20 PONTOS]
Parte B
B
Lê, atentamente, o seguinte texto.
Mariana colou os ouvidos aos lábios roxos do moribundo, quando cuidou ouvir o seu nome.
«Tu virás ter connosco; ser-te-emos irmãos no céu… O mais puro anjo serás tu… se és deste mundo,
irmã; se és deste mundo, Mariana…»
A transição do delírio para a letargia completa era o anúncio infalível do trespasse.
5
Ao romper da manhã apagara-se a lâmpada. Mariana saíra a pedir luz, e ouvira um gemido estertoroso.
Voltando às escuras, com os braços estendidos para tatear a face do agonizante, encontrou a mão convulsa,
que lhe apertou uma das suas, e relaxou de súbito a pressão dos dedos.
Entrou o comandante com uma lâmpada, e aproximou-lha da respiração, que não embaciou levemente
o vidro.
10
– Está morto! – disse ele.
Mariana curvou-se sobre o cadáver, e beijou-lhe a face. Era o primeiro beijo.
Algumas horas volvidas, o comandante disse a Mariana:
– Agora é tempo de dar sepultura ao nosso venturoso amigo… É ventura morrer quando se vem a este
mundo com tal estrela. Passe a senhora Mariana ali para a câmara, que vai ser levado daqui o defunto.
15
Mariana tirou o maço das cartas debaixo do travesseiro, e foi a uma caixa buscar os papéis de Simão. Atou o
rolo no avental, que ele tinha daquelas lágrimas dela, choradas no dia da sua demência, e cingiu o
embrulho à cintura.
Foi o cadáver envolto num lençol, e transportado ao convés.
Mariana seguiu-o.
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Do porão da nau foi trazida uma pedra, que um marujo lhe atou às pernas com um pedaço de cabo. O
comandante contemplava a cena triste com os olhos húmidos, e os soldados que guarneciam a nau, tão
funeral respeito os impressionara, que insensivelmente se descobriram.
Mariana estava, no entanto, encostada ao flanco da nau, e parecia estupidamente encarar aqueles
empuxões que o marujo dava ao cadáver, para segurar a pedra na cintura.
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Dois homens ergueram o morto ao alto sobre a amurada. Deram-lhe o balanço para o arremessarem
longe. E, antes que o baque do cadáver se fizesse ouvir na água, todos viram, e ninguém já pôde segurar
Mariana, que se atirara ao mar.
À voz do comandante desamarraram rapidamente o bote, e saltaram homens para salvar Mariana.
Salvá-la!…
Viram-na, um momento, bracejar, não para resistir à morte, mas para abraçar-se ao cadáver de Simão,
que uma onda lhe atirou aos braços.
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, Edição genética e crítica de Ivo Castro,
5.a edição, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2012.
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
2
4. Explicita o duplo sentido da expressão «Ao romper da manhã, apagara-se a lâmpada» (l.5).
[15 PONTOS]
5. Interpreta a última frase (último parágrafo) do excerto, relacionando-a com a abnegação de Mariana ao longo
da obra. [15 PONTOS]
José Luís Peixoto. “Os olhos que nos veem lá no fundo”. In Notícias Magazine, 20-12-2015.
Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opção correta. Escreve, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida. [35 PONTOS]
1. O tema do texto “Os olhos que nos veem lá do fundo” é
(A) a importância das escolhas individuais no nosso crescimento.
(B) a cobardia que nos impede de fazer as escolhas apropriadas.
3
(C) o impedimento social perante a liberdade de escolha individual.
(D) a ausência de responsabilidade perante as escolhas que fazemos.
2. De acordo com a leitura do texto, o titulo “Os olhos que nos veem lá do fundo” representa a
(A) a consciência de cada de um de nós.
(B) a forma como a sociedade nos vê.
(C) aquilo que a família espera de nós.
(D) as nossas origens.
3. Na oração “Aquilo […] impedia-nos de muito pouco”, l.5, o pronome pessoal desempenha a função sintática
de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento oblíquo.
4. Na afirmação “Ao responder pelas escolhas que fizemos, fomos tecendo uma longa manta de
autojustificações”, ll. 7-8 está presente uma
(A) hipérbole.
(B) metonímia.
(C) anáfora.
(D) metáfora.
5. Os elementos linguísticos “Primeiro” e “depois” (l.9) contribuem para assegurar a coesão textual
(A) frásica.
(B) temporal.
(C) interfrásica.
(D) lexical.
6. Quanto ao seu processo de formação, a palavra “autopreservação” é formada por
(A) derivação.
(B) parassíntese.
(C) amálgama.
(D) composição.
7. Nas frases “quando repetimos que não há nada a fazer”(ll.21-22) e “Esta é a constatação que mais nos
desanima”(l.23), a palavra “que” pertence, respetivamente, à classe
(A) dos pronomes relativos.
(B) das conjunções subordinativas causais e completivas.
(C) das conjunções subordinativas completivas e dos pronomes relativos.
(D) das conjunções subordinativas.
8. Identifica a função sintática do elemento “esta voz” em “antes da erosão, estava já esta voz”. [5 PONTOS]
9. Divide e classifica as orações presentes em “O brilho que sustentam não se extinguiu”. [5 PONTOS]
10. Indica o antecedente do pronome pessoal que ocorre em “No entanto, não é dessa maneira que conseguimos
fazê-lo desaparecer”.(ll.24-25) [5 PONTOS]
FIM