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1. INTRODUÇÃO
2. SOCIOLINGUÍSTICA E GRAMÁTICA
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Para a gramática normativa, a noção de regra é vista como obrigação de uso
do falante, ou seja, o indivíduo é obrigado a falar corretamente, por exemplo, dentro de
uma determinada situação comunicativa sob pena de sofrer exclusão de determinada
situação. Isso é imposto à língua culta como uma forma de manter os padrões de
constância da língua em determinada situação de uso. Assim, a gramática normativa, de
certa forma, permanece unificando o código uma vez que (...) “a língua corresponde às
formas de expressão observadas produzidas por pessoas cultas, de prestígio”
(POSSENTI, 1997, p. 74).
Existe outro tipo de gramática que descreve as línguas como são faladas no
cotidiano. Possenti (1997, p. 64.) classifica essa gramática como Descritiva e a
caracteriza como “um conjunto de regras que são seguidas”. Através dessa gramática é
possível conhecer as atuais regas que os falantes do português utilizam ou seguem para
se comunicarem. A Gramática Descritiva e a Gramática Normativa possuem
particularidades próprias que as tornam bastante diferentes. Assim, vejamos os
seguintes exemplos: na perspectiva da gramática normativa, usa-se “vou dormir”; nos
dias atuais, a forma do infinitivo não tem mais o “r”, então, usa-se “vou dormi”; outro
exemplo é o uso de “a gente” no lugar de “nós”, afirma Possenti (1997, p. 65-67, Grifo
do autor).
Para a Gramática Descritiva, diferentemente da Normativa, a noção de erro
se refere à variação linguística tanto na língua falada como na escrita, motivada pelos
aspectos socioeconômico, regionais e grau de escolaridade. Possenti (1997, p. 76)
afirma que “os sociolinguístas em geral defendem a hipótese de que as regras são de
natureza variável, de forma que é muito difícil para qualquer pessoa falar durante um
certo tempo sem passar inconscientemente de uma variedade a outra”, isto é, as regras
que são seguidas pelo falante da língua são variáveis e frequentes.
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A Língua Escrita A Língua Falada
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consideram que o processo de alfabetização envolve uma sequência de ajustamentos
cognitivos, linguísticos e sociais” (GUMPERZ, KALTMAN e O’OCONNOR Apud
CARDOSO, 2000, p. 146).
Além da espera de um “amadurecimento linguístico”, outro fator
determinante rege a questão: os contextos de uso da linguagem. Citamos Kato que nos
dá a seguinte afirmação: “Há variação na forma pela qual as atividades linguísticas são
distribuídas entre as duas modalidades – escrita e falada – variação essa que depende
das diferenças sociais e, principalmente, funcionais, havendo, além disso, variação
individual” (KATO, 2004, p.41). Os alunos ainda não têm uma consciência firme,
concretizada de que, para cada contexto comunicativo, há uma forma adequada de uso
da linguagem, seja ela escrita ou falada. Escrever um texto escolar não é a mesma coisa
de escrever um bilhete para o colega. Este não requer um tratamento mais formal no uso
da linguagem; aquele, em regra, tem de ser escrito de acordo com a Norma Culta. Essa é
uma diferença funcional que ainda parece ser difícil de ser compreendida.
Passando das questões sociais, linguísticas e cognitivas para a efetiva
relação fala/escrita, muitos pesquisadores defendem a ideia de um continuum entre
ambos. Significa, então, dizer que as ideias dicotômicas existentes sobre a fala e a
escrita são relativas. Nesse sentido, “a dicotomia entre linguagem oral e escrita,
apresentada por muitos linguístas, pode ser mais um resultado de diferenças na
formalidade e propósito do discurso do que uma distinção fala/escrita propriamente
dita” (Beamen Apud Cardoso, 2000, p. 146).
4. GÊNERO CONTO
MARCAS DE ORALIDADE
ALUNO FRAGMENTO DO FRAGMENTO DO
TEXTO ESCRITO TEXTO REESCRITO
F.H.S.L. “- Pai não presizava eu “Pai não era pra trazer esse
tava escondendo esse gato, gato, eu tava escondendo
mas já que você trouse essa esse gato aqui”
gatinha vamos ficar com os
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dois.”
J.F.P.N. “Um certo dia ele ficou “Um certo dia ele fez
tirando onda. Pois um dia brincadeira de mau gosto.
ele entrou em uma Pois um dia ele entrou em
enroscada e agente achava uma enrascada, a gente
que ele estava achava que ele estava
mentindo...(...)” mentindo, (...)”
M.H.P.S. “(...)- Você pode fazer a “(...)- Você pode fazer a
gente desaparecer do mapa. gente desaparecer do mapa.
Só é nos levar a uma Só é nos levar a uma
viajem pela floresta e nos viajem pela floresta e nos
deixar lá.Então dito e feito, deixar lá.Então dito e feito,
ela sem desconfiar leveu ela sem desconfiar leveu
eles para a floresta(...)” eles para a floresta(...)”
T.B.S. “Era uma vez uma linda “Era uma vez uma linda
menina que se chamava menina que se chamava
Aninha ela gostava muito Aninha ela gostava muito
de ler livros, mas ela só de ler livros, mas ela só
tinha dois livros só que ela tinha dois livros só que ela
já estava abusada dos já estava abusada dos
contos que ela tinha(...)” contos que ela tinha(...)”
T.R.N. “Ele tinha uma tara era o Não fez reescrita
ioiô.”
V.S.N. “Um belo dia Mônica “Um belo dia Mônica
estava passeando pela estava passeando pela
praça ai encontrou seus praça e encontrou seus dois
amigos ai dois amigos amigos Xarles e Bruno
Xarles e Bruno fizeram
uma armação e enganou
Mônica.”
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Assim, observa-se que mesmo após a reescrita dos textos, a maior parte dos
alunos continuou a fazer uso das marcas da oralidade para conseguir expressar e/ou
enfatizar o que desejavam em suas produções textuais.
ERROS GRAMATICAIS
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social baixa e com pouca escolaridade, forte influência da oralidade, ou seja, o modo
como eles falam é passado para os textos, como por exemplo, “disculpa”, “mesmo
estante”, “os pais de Henrique disse”, “que ia sai vivo mais saio morto”, “As
professoras dizia a ele” e em outros casos a forte influência dos meios digitais que
utilizam a economia linguística para adquirir eficácia na comunicação, no caso dos
textos, essa economia resultou em truncamentos sintáticos, usos indevidos de pronomes
para retomada e ambiguidades. Após a reescrita dos textos foi observado que as
variações da língua foram desfeitas e os parágrafos foram refeitos, a fim de trazer
coerência para o texto e fornecer a fluência de ideias.
6. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS