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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 524.020 - SC (2019/0221683-0)

RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA


IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
VINÍCIUS MOTTA SCALIANTE - PR069456
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PACIENTE : GUILHERME HENRIQUE MARTINAZZO (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
EMENTA
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO ESPECIAL.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. HOMICÍDIO
QUALIFICADO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE
AUTORIA OBTIDOS NA FASE POLICIAL. VIABILIDADE.
PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira
Seção deste Superior Tribunal de Justiça, diante da utilização
crescente e sucessiva do habeas corpus, passaram a restringir a sua
admissibilidade quando o ato ilegal for passível de impugnação pela via
recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem,
de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem admitido a
prova obtida em sede policial como apta a autorizar a pronúncia,
desde que, a partir da sua análise, seja possível se colher indícios
suficientes de autoria. Isto é, precisamente, o que ocorre no caso
destes autos, em que o depoimento do ora paciente, corroborado por
outros elementos probatórios coletados na fase pré-processual,
apontam a existência de indícios de autoria suficientes para sustentar a
decisão de pronúncia.
3. Convém salientar que, na fase do judicium accusationis, eventual
dúvida acerca da robustez dos elementos probatórios resolve-se em
favor da sociedade, com a determinação de prosseguimento do feito,
conforme o princípio do in dubio pro societate.
4. Habeas corpus não conhecido.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não
conhecer do pedido. Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik e Jorge Mussi
votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Leopoldo de
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Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ/PE).

Brasília (DF), 04 de fevereiro de 2020(Data do Julgamento)

Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA


Relator

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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 524.020 - SC (2019/0221683-0)
RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
VINÍCIUS MOTTA SCALIANTE - PR069456
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PACIENTE : GUILHERME HENRIQUE MARTINAZZO (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA:


Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso especial impetrado em
favor de GUILHERME HENRIQUE MARTINAZZO contra acórdão proferido pela Quarta
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, no julgamento do
Recurso em Sentido Estrito n. 0007362-63.2017.8.24.0018.

Colhe-se dos autos que o paciente foi denunciado pela suposta prática de
homicídio qualificado contra André Luiz Fortes. Segundo a denúncia, no dia 8 de julho de
2016, o paciente teria atingido a vítima com dois disparos de arma de fogo. Após o
recebimento da denúncia, paciente foi preso preventivamente e, em seguida, pronunciado pela
suposta prática do crime previsto no art. 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal.

A defesa, então, interpôs recurso em sentido estrito, pretendendo reformar a


decisão de pronúncia, alegando, para tanto, nulidade do interrogatório colhido na fase de
investigação e falta de indícios suficientes de autoria. O recurso não foi provido, conforme se
extrai da leitura da ementa do acórdão de julgamento (e-STJ, fl. 528):

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO JÚRI.


HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART. 121, § 2º, IV, DO CÓDIGO
PENAL). DECISÃO DE PRONÚNCIA.
PRELIMINAR. NULIDADE DO INTERROGATÓRIO COLHIDO NA
FASE INVESTIGATÓRIA POR AUSÊNCIA DE CIENTIFICAÇÃO DO
RÉU QUANTO AO DIREITO À ASSISTÊNCIA DE ADVOGADO.
ACUSADO DEVIDAMENTE ALERTADO SOBRE SEUS DIREITOS
CONSTITUCIONAIS. ADEMAIS, FASE MERAMENTE
ADMINISTRATIVA DA PERSECUTIO CRIMINIS. AUSÊNCIA DE
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA QUE SUPERA
EVENTUAL IRREGULARIDADE NO INQUÉRITO. PRELIMINAR
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RECHAÇADA.
MÉRITO. ALMEJADA IMPRONÚNCIA DO RÉU. ALEGADA FALTA
DE INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA. DECISÃO QUE NÃO
EXIGE PROVA PLENA. SIMPLES JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
DA ACUSAÇÃO. CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL CORROBORADA
POR OUTRO ELEMENTOS. POSSIBILIDADE DE
FUNDAMENTAÇÃO SOMENTE EM EVIDÊNCIAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DO STJ.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Nesta impetração, a defesa reafirma a necessidade de cassação da decisão


de pronúncia considerando que a denúncia tem por base apenas provas produzidas na fase
policial, sem quaisquer outros elementos produzidos sob o crivo das garantias constitucionais
inerentes ao processo, violando o art. 155 do Código de Processo Penal.

Diante disso, requer, liminarmente, a suspensão dos efeitos da pronúncia até


o julgamento definitivo deste writ, por meio do qual busca obter a cassação da decisão que
determinou a apresentação do paciente perante o Tribunal do Júri.

O pedido liminar foi indeferido pela Presidência desta Corte (e-STJ, fls.
549/550).

Em seu parecer, o Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento


da impetração, ou pela denegação da ordem, nos termos da seguinte ementa (e-STJ, fls.
599/600):

HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE


NULIDADE DO INTERROGATÓRIO POLICIAL EM QUE
SUPOSTAMENTE NÃO FORA ASSEGURADO O DIREITO AO
SILÊNCIO E A UM ADVOGADO, BEM COMO NA SENTENÇA DE
PRONÚNCIA QUE SE BASEOU NAS DECLARAÇÕES DO
PACIENTE. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO. MÉRITO.
PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM.
1.Ainda que supostamente fosse admitido que não fora respeitado o
denominado Aviso de Miranda (Miranda Rights), em sede de
interrogatório policial, o que não restou provado no presente feito,
é oportuno ressaltar que o inquérito policial, conforme bem
ressaltado na doutrina e na jurisprudência, é procedimento
informativo dispensável e eventuais nulidades ali produzidas, via de
regra, não contaminam a ação penal.
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2. Por fim, ao contrário do alegado pela Defesa, a decisão de
pronúncia foi fundamentada e individualizada, levando em
consideração todas as provas dos autos e não somente as
declarações do Paciente, em sede extrajudicial.
3. O Ministério Público Federal requer o não conhecimento do
Habeas Corpus. Caso conhecido, a devida denegação da ordem.

É o relatório.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA:

O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e a Terceira Seção


deste Superior Tribunal de Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas
corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passível de
impugnação pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de
ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. Esse entendimento objetivou preservar a utilidade e a
eficácia do mandamus, que é o instrumento constitucional mais importante de proteção à
liberdade individual do cidadão ameaçada por ato ilegal ou abuso de poder, garantindo a
celeridade que o seu julgamento requer.

Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados, exemplificativos dessa


nova orientação das Cortes Superiores do País: HC n. 320.818/SP, Relator Ministro FELIX
FISCHER, Quinta Turma, julgado em 21/5/2015, DJe 27/5/2015; e STF, HC n. 113890/SP,
Relatora Ministra ROSA WEBER, Primeira Turma, julg. em 3/12/2013, DJ 28/2/2014.

Assim, de início, incabível o presente habeas corpus substitutivo de recurso.


Todavia, em homenagem ao princípio da ampla defesa, passa-se ao exame da insurgência,
para verificar a existência de eventual constrangimento ilegal passível de ser sanado pela
concessão, de ofício, da ordem.

O objetivo desta impetração é cassar a decisão que determinou a


apresentação do paciente perante o Tribunal do Júri em razão da suposta prática do delito de
homicídio qualificado em razão do emprego de recurso que dificultou ou tornou impossível a
defesa do ofendido, ocorrido no dia 8 de julho de 2016, na cidade de Chapecó, Santa
Catarina, e que vitimou André Luiz Fortes.

A alegação da defesa é no sentido de que a decisão de pronúncia não se


sustenta em nenhum elemento probatório produzido em juízo, mas apenas na confissão
extrajudicial do paciente.

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Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que a decisão de pronúncia,
descrita no art. 413 do Código de Processo Penal, não é sede própria para o enfrentamento
de matérias relacionadas com o próprio mérito da imputação, pois não define a
responsabilidade penal do acusado, representando apenas um juízo de admissibilidade da
acusação.

Ao Juiz da instrução compete tão somente verificar se existem indícios


suficientes para que o réu possa ser levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. Na
fundamentação, ele não deve aprofundar-se no debate acerca das provas e enfrentar teses de
defesa que, nos termos do art. 415 do mencionado diploma legal, só podem ser conhecidas na
hipótese de ser admitida a absolvição sumária.

A propósito, precisa é a lição doutrinária de Nestor Távora e Rosmar


Rodrigues Alencar, in verbis:

"Entendendo por admitir a acusação, o juiz pronunciará o réu. A


pronúncia é uma decisão com fundamentação técnica. Não deve
tecer valorações subjetivas em prol de uma parte ou de outra. As
teses da acusação e da defesa não são rechaçadas na totalidade. O
magistrado fará menção da viabilidade da imputação e da
impossibilidade de se acolher naquele momento, por exemplo, a tese
da legítima defesa, salientando a possibilidade do júri acolhê-lha
ou rejeitá-la. É o júri o juiz dos fatos e a pronúncia fará um recorte
deles, admitindo os que se sustentam e recusando aqueles
evidentemente improcedentes. O juiz togado não deverá exarar
motivação tendenciosa ou que tenha o condão de influenciar os
jurados ao receberem cópia da peça.
(...) A argumentação do juiz em torno das teses de defesa deve se
situar em uma postura de neutralidade, sem dizer que são sem
cabimento, eis que, para pronúncia, o pressuposto é que não há
certeza de que, por exemplo, uma excludente de ilicitude restou
configurada." (TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues.
Curso de Direito Processual Penal. 4 ed. rev. e atual. Editora
JusPodivm. Salvador: 2008. p. 502).

Por outro lado, a impronúncia, embora não aprecie os fatos com


profundidade, ocorre quando o Juiz não se convence da materialidade do fato ou da existência
de indícios suficientes de autoria/participação, nos termos do art. 414 do Código de Processo

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Penal.

A absolvição sumária, nas hipóteses do art. 415 do CPP, exige-se prova


suficiente a fim de afastar qualquer dúvida acerva de possível excludente de ilicitude. No caso
de dúvida, o Magistrado pronunciará o acusado, submetendo-o ao Tribunal do Júri.

Feitas essas considerações, é necessário, ainda, relembrar que a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem admitido a prova obtida em sede policial
como apta a autorizar a pronúncia, desde que, a partir da sua análise, seja possível se colher
indícios suficientes de autoria.

Isso é o que, precisamente, ocorre na hipótese submetida a apreciação. O


acusado afirmou ter efetuado três disparos de arma de fogo, atingindo a vítima por duas vezes
no rosto. Essas circunstâncias foram confirmadas pelo exame realizado no cadáver, que
demonstrou que a vítima fora atingida no rosto e na região superior das costas. Além disso, o
calibre dos projéteis é compatível com a arma mencionada pelo acusado em seu depoimento.
Em seu depoimento, o acusado confirmou que reconheceu a vítima pelas suas características
físicas e pelo veículo por ela utilizado, o que foi confirmado por outros depoimentos de
testemunhas (e-STJ, fls. 537/538).

Portanto, se há o reconhecimento de que elementos colhidos exclusivamente


na fase extrajudicial demonstram indícios de autoria do crime doloso contra a vida, ainda que
de maneira não plenamente conclusiva, o juízo de pronúncia deve, sim, considerá-los, sob
pena de contrariar as disposições do art. 413 do Código de Processo Penal, lembrando que,
nesta fase (judicium accusationis), eventual dúvida acerca da robustez dos elementos
probatórios resolve-se em favor da sociedade, com a determinação de prosseguimento do
feito, conforme o princípio do in dubio pro societate.

Ilustrativamente:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. HOMICÍDIO. TRIBUNAL DO JÚRI. MATERIALIDADE
COMPROVADA. INDÍCIOS DE AUTORIA. PRONÚNCIA.
ELEMENTOS COLHIDOS NA FASE INQUISITORIAL.
POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. É entendimento pacífico neste Superior Tribunal de Justiça que a
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Superior Tribunal de Justiça
prova realizada em sede policial é apta a autorizar a pronúncia,
desde que, a partir da sua análise, seja possível se colher indícios
suficientes de autoria. Cumpre registrar, que a pronúncia não exige
plena prova da autoria, sendo suficiente os indícios de que nessa
fase podem ser fundados em provas produzidas tão somente no
inquérito policial.
2. De acordo com o entendimento desta Corte, "para o
oferecimento da denúncia, exige-se apenas a descrição da conduta
delitiva e a existência de elementos probatórios mínimos que
corroborem a acusação. Mister se faz consignar que provas
conclusivas acerca da materialidade e da autoria do crime são
necessárias tão somente para a formação de um eventual juízo
condenatório. Embora não se admita a instauração de processos
temerários e levianos ou despidos de qualquer sustentáculo
probatório, nessa fase processual, deve ser privilegiado o princípio
do in dubio pro societate" (RHC 51.751/SP, de minha Relatoria,
QUINTA TURMA, julgado em 25/10/2016, DJe 09/11/2016).
3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp
1256930/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado
em 17/5/2018, DJe 23/5/2018)

HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. SENTENÇA DE


PRONÚNCIA. INDÍCIOS DE AUTORIA BASEADOS EM PROVAS
OBTIDAS DURANTE INQUÉRITO POLICIAL. ALEGADA
VIOLAÇÃO DO ART. 155 DO CPP. NÃO OCORRÊNCIA. PARECER
ACOLHIDO.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade
da acusação e exige a existência do crime e apenas indícios de sua
autoria, não demanda os requisitos de certeza necessários à
prolação de um édito condenatório. As dúvidas, nessa fase
processual, resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade, a teor
do disposto no art. 413 do Código Processual Penal. Precedentes.
2. A jurisprudência desta Corte admite que os indícios de autoria
imprescindíveis à pronúncia decorram dos elementos probatórios
colhidos durante a fase inquisitorial, sem que isso represente
afronta ao art. 155 do Código de Processo Penal. 3. O
entendimento do Superior Tribunal de Justiça é de que a eficácia
probatória do testemunho da autoridade policial não pode ser
desconsiderada tão somente pela sua condição profissional, sendo
plenamente válida para fundamentar um juízo, inclusive,
condenatório. 4. No caso, o acórdão impugnado concluiu pela
presença dos indícios de autoria após ampla análise do conjunto
probatório, não estando a pronúncia fundamentada - como quer
fazer crer o impetrante - somente em elementos colhidos no
inquérito policial, mas poderia ter sido. 5. Para se chegar a
conclusão diversa da que chegou o Tribunal de Justiça, seria
inevitável o revolvimento do arcabouço probatório carreado aos
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autos principais, procedimento sabidamente inviável na via eleita.
6. Ordem denegada. Pedido de reconsideração prejudicado. (HC
485.765/TO, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma,
julgado em 21/2/2019, DJe 28/2/2019)

Nessa esteira, considerando o fato de que o Tribunal a quo expressamente


admitiu a existência de indícios de autoria decorrentes das informações que defluem do
inquérito, a pronúncia do réu é medida que se impõe.

Ante o exposto, não constato coação ilegal apta a ensejar a atuação ex


officio deste Superior Tribunal, de modo que não conheço do habeas corpus.

É como voto.

Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA


Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

Número Registro: 2019/0221683-0 HC 524.020 / SC


MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00006747120198240000 00024732920188240019 00073626320178240018


082017002623344 082018003959390 24732920188240019 6747120198240000
73626320178240018 82017002623344 82018003959390

EM MESA JULGADO: 04/02/2020

Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MÔNICA NICIDA GARCIA
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
VINÍCIUS MOTTA SCALIANTE - PR069456
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PACIENTE : GUILHERME HENRIQUE MARTINAZZO (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, não conheceu do pedido."
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik e Jorge Mussi votaram com o Sr.
Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador
convocado do TJ/PE).

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