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DECISÃO
Por tais razões, requer a concessão de tutela de urgência para determinar à ré:
a) que se abstenha de cobrar a taxa de conveniência sob pena de multa diária de
R$ 100.000,00 (cem mil reais) a ser recolhida ao Fundo de Defesa dos Direitos do
Consumidor (FDDC) do Procon do Distrito Federal;
b) que deixe de realizar cobrança da taxa de conveniência ou qualquer outra
cobrança na comercialização de ingresso para o jogo do dia 16 de fevereiro de
2020, entre Flamengo e Athlético Paranaense, disponibilizando o acesso do
consumidor ao ingresso de forma eficiente e gratuita, tanto no local do evento
quanto no momento da compra, sendo ofertado na forma impressa ou na mídia
digital, a escolha do consumidor;
Compulsando os autos, verifico que os fundamentos apresentados pela parte
autora são relevantes e amparados em prova idônea. Dessa forma, permite-se
chegar a uma alta probabilidade de veracidade dos fatos narrados.
Nesse ponto em particular, impende frisar que o STJ, no REsp 1737428/RS,
relatado pela Ministra Nancy Andrighi e datado de 12/3/2019, considerou ilegal
a cobrança de taxa de conveniência na venda de ingressos para shows e eventos
pela internet, por considerar que “a venda do ingresso para um determinado
espetáculo cultural é parte típica e essencial do negócio, risco da própria
atividade empresarial que visa o lucro e integrante do investimento do
fornecedor, compondo, portanto, o custo embutido no preço”. Ademais,
entenderam os Ilustres Ministros que tal conduta caracteriza “venda casada”,
vedada pela legislação brasileira.
Noutro giro, deve ser destacado que o perigo de dano é intuitivo ante o impacto
da cobrança da taxa de conveniência sem que sequer seja oferecida outra
alternativa ao consumidor que não deseja desembolsar tal montante, como a
possibilidade de aquisição presencial dos ingressos.
Ante o exposto, DEFIRO A LIMINAR, para determinar à ré que, IMEDIATAMENTE:
a) Abstenha-se de cobrar a taxa de conveniência sob pena de multa diária de R$
100.000,00 (cem mil reais), até o limite de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais), a ser recolhida ao Fundo de Defesa dos Direitos do Consumidor (FDDC) do
Procon do Distrito Federal;
b) Deixe de realizar cobrança da taxa de conveniência ou qualquer outra
cobrança na comercialização de ingresso para o jogo do dia 16 de fevereiro de
2020, entre Flamengo e Athlético Paranaense, disponibilizando o acesso do
consumidor ao ingresso de forma eficiente e gratuita, tanto no local do evento
quanto no momento da compra, sendo ofertado na forma impressa ou na mídia
digital, a escolha do consumidor;
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Relatado, decido.
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§ 2º A venda deverá ser realizada por sistema que assegure a sua agilidade e
amplo acesso à informação.
[...].
§ 5º Nas partidas que compõem as competições de âmbito nacional ou regional
de primeira e segunda divisão, a venda de ingressos será realizada em, pelo
menos, cinco postos de venda localizados em distritos diferentes da cidade”.
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DISPOSITIVO
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O RELATOR,
Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO
(1) Direito sem sujeito? In: Justiça entre Gerações: Perspectivas Interdisciplinares. Jorge
Pereira da Silva e Gonçalo de Almeida Ribeiro (Coords). Lisboa: Universidade Católica
Editora, 2017, p. 19-40.
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