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Alessandro de Melo1
Esta é minha primeira coluna neste Diário de Guarapuava, e o desafio é grande para
conseguir uma identidade e ocupar um tempo/espaço do jornal e a atenção dos leitores. Uma
coisa é certa: não gosto nenhum pouco do pensamento preguiçoso e fácil. Sou do time dos que
sofrem e cansam pensando sobre algo que merece a atenção. Tenho gosto também pelas
provocações, e, portanto, estejam convidados a aceitar as provocações. Ou a responder a elas!
Já é uma provocação.
Nasci em São Paulo e vivi na maior cidade brasileira até os dezoito anos, portanto,
conheço-a razoavelmente. Visitei este mês de abril e maio a Cidade do México, uma das três
maiores cidades do mundo. Penso que estas cidades podem nos ensinar grandes lições.
Sem dúvidas não temos em Guarapuava e nas cidades da região os problemas básicos
que as metrópoles enfrentam. Mas, sabem de uma coisa? Existem nestas cidades muitas
iniciativas culturais interessantes, que visam humanizar a convivência e a vida pública, ou, pelo
menos, elevar o nível cultural das pessoas.
Além desta iniciativa pululam naquela cidade outras voltadas para a difusão de novos
talentos da literatura. No bairro do Bixiga, talvez o bairro mais famoso de São Paulo, acontece o
Sarau Suburbano (http://sarausuburbano.blogspot.com.br/). O Coletivo Perifatividade
Voltando para Guarapuava, Irati e outras cidades da região, podemos fazer a seguinte
questão: será que estas cidades, pequenas, estão tomando iniciativas para elevar o nível da
vida cultural das pessoas? À primeira vista o que vejo é uma letargia das pessoas e pouca
iniciativa interessante como as enunciadas acima. Faltam ações oficiais, isso parece evidente,
assim como parece evidente a inércia dos departamentos culturais das pequenas cidades, e as
razões para isso não são poucas: da falta de orçamento à ausência de iniciativa e criatividade.
Faltam também iniciativas das pessoas e de grupos organizados. Faltam agitadores culturais
que possam mobilizar pessoas, revelar talentos, criar alternativas à cultura massacrante que
recebemos de todos os lados.
Estes grandes exemplos mostram que mais vale a criatividade para buscar soluções, e,
portanto, não é possível eternizar desculpas para não fazer. Um passo a frente, e faremos
nossas cidades ainda melhores para viver. Não podemos viver de exceções. Estas têm que se
tornar regra se quisermos um povo melhor educado e culto, capaz de distinguir os caminhos
perante o massacre da cultura massificante e conformadora.