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História de
Israel
(02 créditos – 40 horas)
Autores/as:
Mercedes de Budallés Diez
José Edmilson Schinelo
289- 07026
UCDB VIRTUAL
Palavras-chave:
1. Bíblia 2. História 3. Israel 4. Teologia
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Objetivo Geral
Propiciar noções gerais acerca da História de Israel, no contexto bíblico das
Sagradas Escrituras judaico-cristãs, incluindo informações sobre geografia e história de
Israel-Palestina, a memória que passa de geração em geração, as dominações nacionais e
internacionais, nos vários âmbitos (político, social, religioso, econômico, etc.) e os
movimentos de resistência nesse processo, percebendo o Deus da Vida nesta grande
“colcha de retalhos” que é a Bíblia.
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 82
ATIVIDADES ....................................................................................................... 83
Avaliação
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc.
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final
de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao
longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o
processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Para que possa se atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de
cada disciplina. As atividades enviadas fora do prazo serão aceitas nas seguintes condições:
• As atividades enviadas 7 dias após o vencimento do prazo serão corrigidas com a
pontuação normal, isto é, sem penalização pelo atraso.
• Após os 7 dias, o professor aplicará um desconto de 50% sobre o valor da ati-
vidade.
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A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0. Portanto, para calcular a
Média, o procedimento é o seguinte:
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda
poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual
ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:
Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 2.1
Ferramenta: Tarefas
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Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 4.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 5.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 6.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 7.1
Ferramenta: Tarefas
Atividade 7.2
Ferramenta: Questionário
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS VINDAS
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Pré-teste
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APRESENTAÇÃO
Estimado/a acadêmico/a,
Nesta disciplina apresentaremos um panorama geral sobre a História de Israel, de
modo que você tenha elementos importantes para realizar um estudo bíblico, bem como
aprofundar o conteúdo de outras disciplinas decorrentes de Bíblia. É importante que você leia os
textos, assista aos vídeos que esclarecem os conteúdos, participe e interaja nos fóruns e chats
das unidades.
O material se estrutura em sete unidades. Na primeira, abordamos a metodologia do
estudo da História de Israel e a importância da memória e da compreensão dos fatos, lugares e
tempo em que foram escritos, contados e recontados.
Na segunda unidade, trataremos da formação do povo de Israel na terra de Canaã,
organizando-se em tribos. Você vai observar que muitas vezes utilizamos a expressão Israel-
Palestina. Trata-se de uma escolha política, visto que afirmar que “Israel venceu os cananeus”,
primeiros habitantes da terra, é uma forma de justificar ideologicamente o massacre do atual
estado de Israel sobre os palestinos (como se os palestinos fossem descendentes dos primeiros
habitantes, que Deus mandou derrotar). Na verdade o povo de Israel é fruto de mistura de
grupos distintos, como veremos nessa unidade. A introdução da Monarquia também será vista
nesta unidade.
A terceira unidade abordará a divisão dos reinos na monarquia (Norte e Sul) e as
diferentes experiências de vida e de Deus que levaram a essa ruptura entre o povo de Israel.
Também trataremos do surgimento do movimento profético, que no contexto monárquico,
anuncia, denuncia e anima.
Na quarta unidade, falaremos da dominação dos impérios assírio e babilônico, a
experiência de exílio, bem como a interpretação dada a todos esses acontecimentos. Na quinta,
veremos a dominação persa. Veremos como YHWH, Deus que caminhava com seu povo nos
tempos da saída do Egito e na época das tribos, agora sob o domínio de outras culturas, passa a
ser o “Deus do Céu”. Destacaremos as consequências sociais e teológicas dessa mudança.
Na sexta unidade, a dominação grega, procurando entender a influência do helenismo
grego no judaísmo e a mudança de valores do povo da Bíblia. E por fim, na sétima unidade
abordamos a dominação romana, entendendo no contexto bíblico seus impactos, que
culminaram com a destruição de Israel.
Expressando nossa palavra de gratidão a Ana Luiza Cordeiro, que fez boas sugestões
ao texto, desejamos a todos/as um bom estudo!
Um abraço!
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UNIDADE 1
Você já fez uma boa Introdução à Sagrada Escritura e certamente já leu muitos
textos bíblicos que lhe ajudaram na vida. Isso é o mais importante, a vida! Assim, o mais
extraordinário do nosso livro sagrado é que proclama o Deus da vida. A Bíblia narra
acontecimentos e orações da vida de um povo que acreditava que Deus caminhava com ele.
Por isso é um livro tão importante para nós.
A Bíblia é, ainda, um livro de memórias e nós certamente podemos fazer a
experiência de re(cor)dar, passar pelo coração, todo o aprendido até agora e isso facilitará
nossa formação teológica.
Nem tudo que lemos nos textos bíblicos realmente aconteceu. Quem conta a
história, faz memória, sempre desde um ponto de vista. E como dizem os antigos, “quem
conta um conto aumenta um ponto”. Muitos anos contando histórias, muitos grupos
repetindo essas histórias, certamente essas narrações estão carregadas de muita fé e muito
empenho para nos ajudar.
Façamos uma comparação: na beleza de um iceberg podemos contemplar o
tamanho, a cor, as diferentes tonalidades e sombras. Mas, o que está abaixo do nível do
mar, de acordo com os/as cientistas, é até dez vezes mais do que conseguimos ver. Assim
acontece com os textos bíblicos. A vida que pulsou e ainda pulsa debaixo de cada frase é
muito maior. Na sua beleza e nas suas contradições.
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o que
vemos...
o que
o que não
vemos... vemos...
Se os fatos não são registrados tal como aconteceram, o mesmo podemos dizer dos
lugares geográficos. Muitos escritos, ao citar povoados, cidades, rios, etc., querem nos
ajudar a explicar sua força teológica. Isaías relata que Deus diz “farei jorrar rios por entre
montes desnudos, e fontes por entre os vales. Transformarei o deserto em açudes e a terra
seca em nascentes de água” (Is 41,18). Afirmar que Jesus nasceu em Belém, por exemplo,
é recuperar toda a riqueza teológica por trás desse nome. Lugar pequeno, periferia do
poder, Belém significa “casa do pão”. Aquele que nasce em Belém passa a vida lutando para
que as pessoas tenham pão em sua mesa. Jesus ensina a partilhar o pão e, ao morrer, se
faz pão.
Tomemos outro exemplo. Toda a tradição do êxodo encontra-se preservada nos
textos que relembram o deserto e a montanha no Novo Testamento: João Batista prega no
deserto (Mt 3,3) e para lá o Espírito conduz Jesus (Mt 4,1); e é no deserto que Jesus
partilha os pães (Mc 6,31). Tal como Moisés recebeu as tábuas da lei na montanha do Sinai,
ao anunciar o novo e definitivo êxodo, também numa montanha Jesus proclama a nova Lei,
que se abre com as Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12). Na montanha, Jesus vai orar (Mt
14,23), curar doentes e famintos (Mt 15,29-31) e se transfigura (Mt 17,1-9). E é a partir do
Monte das Oliveiras que ele realiza sua entrada em Jerusalém, montado num jumento (Mt
21,1), é lá, também, que está quando é traído e preso (Mt 26,30). E é a partir da montanha
que Jesus envia os seus a todas as nações (Mt 28,16-20).
Se deserto e montanha evocam a experiência do êxodo, o mesmo acontece com o
mar. Lugar de caos e de morte, na vitória sobre faraó, o mar foi aberto e o povo passou a
pé enxuto. No Novo Testamento, Jesus também é mais forte e tem poder de pisar sobre o
mar, mesmo quando ele se torna agitado e violento (Mc 6,45-51). No livro do Apocalipse, é
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a terra que se abre para engolir as águas (Ap 12,16). Na antiguidade, o dominador, o mal,
vinha pelo mar. Desde os “Povos do mar” até o Império Romano, que chamava o Mar
Mediterrâneo de “Mare Nostrum”, os que chegavam pelo mar eram temidos como invasores.
O mar era então o símbolo do mal, como afirma Jó: “Acaso sou eu o Mar ou o Dragão para
que me cerques com guardas?” (Jó 7,12). Por isso, na vida nova, não há espaço para o
mar: “Vi então um céu novo e uma terra nova, pois o primeiro céu e a primeira terra já se
foram, e o mar já não existe mais” (Ap 1,1).
Além disso, belíssimos trechos bíblicos são compreendidos melhor se sabemos que
na cultura hebraica os lugares geográficos são teológicos além de geográficos. Por exemplo,
deserto e monte são lugares de encontro com Deus. Verifique em sua Bíblia:
- Gn 16,7: O próprio Deus se encontra com Agar;
- Ex 3,1-6: Moisés vai para além do deserto, para a montanha de Deus, que Ele
mesmo diz que é terra sagrada;
- Ex 19,1-6: Moisés e o povo chegam ao deserto do Sinai e Moisés “subiu a Deus e
da montanha Deus o chamou”.
Faça uma revisão do que você já sabe a respeito da geografia da Palestina. Procure
nos mapas que estão à sua disposição os nomes geográficos que aparecem num texto
bíblico. Viaje pelas terras bíblicas. Faça a experiência! Isso facilitará muito a aprendizagem e
vivência bíblica. E agora recordemos onde está Israel-Palestina. Reveja o que você estudou
em Introdução à Sagrada Escritura (veja especialmente o item 5.3 - A Terra de Israel ocupa
lugar estratégico).
Você percebe que Israel-Palestina (esta sofrida Palestina que hoje se reconhece só
como a Cisjordânia) está num lugar estratégico? No meio de dois grandes continentes,
África e Ásia, que certamente tinham muitas coisas em comum em etnia, cultura e vida com
o antigo Canaã, terra chamada mais tarde de Israel e Palestina.
Sobre esse pequeno território que alicerçou nossa fé, relembre o que já foi
comentado, visto que até nós chegaram interpretações e pinturas com características
europeias. Hoje, para decodificar as passagens bíblicas temos que nos espelhar nas culturas
de África e Ásia. Assim entenderemos melhor a história e conteúdo dos relatos.
Para ler a Bíblia é muito importante entender de geografia e história. Se João disse
que “a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), se Paulo proclama que o nosso
Deus se fez gente “tomando a semelhança humana” (Fp 2,5-11), poderíamos deixar de
conhecer a terra que o próprio Deus pisou e a história do seu povo?
Dica de Aprofundamento
O caminho vai ser longo. A Bíblia recolhe “histórias” desde uns 1800 anos antes de
Cristo até cerca de 130 anos da era cristã. Precisamos entender os diferentes momentos, as
diversas culturas dos impérios que invadiram as terras bíblicas e seu povo dominado, bem
como as consequências para a fé do povo palestino-israelita.
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Pais e Mãess
Nesse tempo que chamamos das Mães e Pais do povo (às vezes se usa a
expressão “Matriarcas e Patriarcas”), podemos identificar pelo menos cinco diferentes
1
Confira a Epopeia de Gilgamesh. Disponível em:
<http://www.domusaurea.org/disciplinas/ao/A_Epopeia_de_Gilgamesh.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2014.
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grupos de povos migrantes pelos diversos tipos de tumbas que deixaram, pela qualidade da
sua cerâmica, etc. A força desses povos foi tão grande que acabaram com alguns impérios,
como o dos sumérios e o dos acádios. O grande Hamurabi, que reinou na Babilônia, seria de
origem amorita (o código de Hamurabi2 foi uma das primeiras legislações escritas
existentes).
Outro grupo conhecido por sua força e organização foram os Hicsos ou príncipes
estrangeiros (indo-germânicos). Dominaram o Egito entre 1900 e 1550 a.C. Na mesma
época, surgiram os Hurritas (povo não semita) vindos do Norte. Por volta de 1700 a.C.
chegaram os Hititas, de origem indo-europeia, que dominaram a região até o ponto de
acabar com os amorreus.
E por volta de 1300 a.C. chegaram os “povos do mar” (filisteus e outros)
guerreiros bem treinados e organizados que, localizados na beira mar, na área de Gaza e
chegarão mais tarde até o Egito.
Estariam entre essas migrações as mães e os pais, antepassados do povo de Israel?
Poderiam ser originalmente de Ur, estariam situados em Arã. Conforme as tradições bíblicas,
no caminho para a Palestina e o Egito passaram pelas cidades de Mambré, Hebron, etc. Há
episódios bem conhecidos daquela época, como as disputas pelos poços (Gn 26,15-25), que
respondem à problemática de falta de água da região, o que acontece de fato em todas as
ocupações.
No Egito: Pelos anos de 1550 a.C., foi constituído o que ficou conhecido como Novo
Império Egípcio. Em 1468 a.C., o Egito conquista Retenu (Palestina-Síria), conforme os
egípcios chamaram esta região em seus documentos. Controlaram este “corredor
internacional” com a vitória em Meguido.
Em 1350 a.C., Amenófis IV, que mudou seu nome por Akhenaton, fez uma revolução
cultural e religiosa fundando uma nova capital: El Amarna. Lá se encontraram muitas cartas
que nos deram diversas informações sobre essa época. Tutankamon fez a contrarreforma,
mas um golpe de estado mudou tudo de novo. Ramsés I e Seti I recuperam o Egito no
esplendor passado.
Seu sucessor Ramsés II enfrentou os hititas em Cades. Sua fama como construtor
chegou até nós. Diversos documentos confirmam que os hebreus ou hapirus ajudaram nas
grandes construções. Na estela de Merneptah, Israel é citado como grupo ou povo já
existente.
Em Canaã apareceram conflitos com os hapirus. Segundo os/as estudiosos/as,
seriam grupos de origem amorita, conhecidos também por documentos da Mesopotâmia.
2
Confira o Código de Hamurabi. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm>. Acesso em: 08 jun. 2014.
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Semitas seminômades dos quais o clã abraâmico faria parte? Parece que outros grupos
estariam dispersos por todo o Crescente Fértil de forma pacífica ou agressiva. Alguns teriam
chegado ao Egito, onde trabalharam para sobreviver. Em uma das listas genealógicas, a
Bíblia, fala de Heber como antepassado de Abraão (Gn 11,16). Quem era HeBeR? Existiria
uma relação com o povo HeBReu? E com os HaPiRu? Sabemos que o hebraico antigo só tem
consoantes, o que nos leva a suspeitar que estes diferentes nomes estão se referindo ao
mesmo grupo HBR. As cartas encontradas no Tel El Amarna confirmam nossas suspeitas.
Conheça uma:
Assim, chegamos ao Egito onde o povo da Bíblia vai viver uma profunda experiência
de “escravidão e libertação”, segundo conta o livro do Êxodo.
No leste do delta do Nilo, na terra que a Bíblia chama de Terra de Guesen, existiam
povos semitas. A carta de um oficial egípcio de Merneptah comunica que “passaram tribos
beduínas (shasu) de Edom para que elas e seus rebanhos sobrevivam”. Ou seja, no Egito
chegaram grupos de outros povos e culturas à procura de melhores condições de vida.
O grupo liderado por Mirian, Aarão e Moisés (Moisés é um nome egípcio), poderia ser
uma prova de que escribas de origem semita trabalhavam na administração do Egito, o que
nos ajudaria a entender o texto do Êxodo nesse contexto. Houve, portanto, migrações,
trabalho escravo e fuga de hebreus do Egito.
3
YHWH é a transliteração das quatro letras hebraicas utilizadas para grafar um dos nomes de Deus
na Bíblia: YHWH (ou Yahweh). Em respeito à sacralidade divina, os judeus não pronunciam esse
nome. Sempre que encontram a grafia YHWH, leem Adonai, que significa “senhor”.
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Algo importante para nós é que o livro do Êxodo conta o relato mais evocado e
repetido na Bíblia: Deus liberta seu povo da escravidão! Como lembrou Valmor da Silva
(2008), em conferência durante o II Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica, “o Êxodo é o
nosso MITO, é o relato fundante da Bíblia. É o barbante, o pavio da vela da Bíblia! O texto
que mais se repete e interpreta na Bíblia e na história”.4
4
Ver SILVA, Valmor. Leituras do Êxodo na América Latina. In: REIMER, Haroldo; SILVA, Valmor
(Org.). Libertação – Liberdade. Novos Olhares. São Leopoldo: OIKOS; Goiânia: UCG, 2008.
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justiça e fraternidade para não caírem na tentação do acúmulo, como os faraós, que
abusando do poder, submeteram o povo a um regime de opressão.
No início, o chamado Decálogo se compunha de leis curtas, como “dez palavras” (Dt
4,13; 10,4) fáceis para decorar. Com o tempo e de acordo com as necessidades, alguns
“mandamentos” foram elaborados de uma forma mais longa. O importante é entender o
que cada um quer preservar.
Desde o começo da história do povo de Israel e concretamente na caminhada pelo
deserto, Deus recebe múltiplos nomes que confirmam que diferentes grupos, culturas e
crenças foram construindo a fé de Israel. Ex 6,2-8 evidencia que YHWH foi um Deus deste
momento da história: “Deus falou a Moisés e lhe disse: Eu sou YHWH. Apareci a Abraão, a
Isaac e a Jacó como El Shaddai, mas pelo meu nome YHWH não lhes fui conhecido”.
Estamos no começo de uma rica e nova experiência: a Bíblia conta a relação do povo
com seu Deus a partir das diferentes realidades de vida!
Dica de Aprofundamento
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Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisor o
nosso estudo:
Olhando pelo retrovisor
Síntese do nosso estudo: Fonte: http://migre.me/jFtbQ
Olhando pelo
- Queremos ouvir com nossos próprios ouvidos, o que nossos pais e mães nos
retrovisor
contaram.
- No nosso estudo da Bíblia pretendemos conhecer o que dá para ver facilmente no
texto e o que está por baixo, por trás, escondido na Palavra, mas que tem a força de vida
ainda hoje.
- Desejamos entender o profundo sentido teológico dos relatos bíblicos.
- Aprender a geografia e a história descrita na Sagrada Escritura enriquecerá nossa
compreensão teológica da Palavra de Deus.
- Caminhar com o povo de Deus, rumo à libertação, enriquecerá nossa vida com
novos desafios.
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UNIDADE 2
O povo queria viver uma nova experiência, na liberdade, na sua terra. Os livros de
Josué e Juízes nos contam como se deu esse
Sabemos a formação do povo de
momento tão importante para a narrativa bíblica. O
Israel-Palestina se deu por meio da
tema central dos dois livros é a terra. Josué mistura de povos que habitavam a
apresenta a tomada da terra e sua distribuição. E o terra de Canaã. Não faz sentido,
portanto, falar de povos cananeus
livro de Juízes conta as lutas organizadas por como se fossem “pré-israelitas”. Esta é
líderes contra os cananeus para instaurar e manter a versão de muitos textos bíblicos,
escritos posteriormente para justificar
o projeto tribal.
a dominação sobre de supostos
Em Juízes 5, encontramos um dos textos israelitas contra palestinos.
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Deus único como meio de assegurar a identidade do povo de Israel. Josué 24 é considerado
uma espécie de memória celebrativa do compromisso tribal.
Mas, o que foi o sistema de vida tribal que aparece na Bíblia? De acordo
com os textos, trata-se de projeto de sociedade igualitária, sem aparelho central de
governo, caracteristicamente:
- é uma sociedade sem classes, organizada a partir da base: a família, o clã e a tribo
(Nm 1,1-2,34). O chefe é provisório e irmão do povo (Dt 17,4-20);
- com produção comunitária para atender às necessidades de todos: nada de
acúmulo (Ex 16,1-30);
- com poder descentralizado e participativo através dos conselhos de chefes de
famílias, clãs e tribos, e das assembleias (Ex 18,13-37; Nm 11,16-25; Js 24,1-28);
- sem nenhum aparelho militar ou policial: em caso de guerra, um líder convocava as
tribos a se unirem e lutarem juntas (Js 4,6-10; Jz 4,10; 6,34-35);
- com leis em defesa do sistema igualitário: (Ex 20,1-17), em defesa dos pobres (Ex
23, 3.6; Lv 23,22; Dt 17,7-11), e dos mais fracos (Ex 22,22; Dt 10,18);
- o culto celebra a vida e a história, não mitos e lendas. A comemoração dos fatos do
passado serve para renovar a esperança e o ânimo do povo (Ex 19,1-8); culto celebrado nas
famílias e nos clãs, onde os pais eram os sacerdotes (por exemplo, a festa da Páscoa),
embora tivessem santuários locais com seu culto e sacerdócio.
Experiências reais ou simbólicas? Memória ou sonho?
“Feliz és tu, ó Israel. Quem é como tu, povo vencedor?
Em Iahweh está o escudo que te socorre e a espada que te leva ao triunfo
Teus inimigos vão querer bajular-te, mas tu pisarás suas costas” (Dt 33,29).
Atualmente, os estudiosos postulam diferentes teorias para explicar o surgimento de
Israel como uma aliança de tribos. Mas, o que aconteceu para Israel conseguir entrar em
Canaã e ocupar essa terra?
1) Seria uma unidade racial primitiva? John Brigth e Yehezkel Kaufmann
sugerem que havia laços de parentesco suficientes entre as tribos para explicar a sua união.
E que Deus fez uma escolha por Israel. No entanto, podemos perguntar: Deus poderia ter
escolhido arbitrariamente um povo, os israelitas, deixando de lado outro povo, os cananeus?
2) Ou existiu uma unidade na prática do pastoreio? Hipótese defendida por
Albrecht Alt e Martin Noth, é uma teoria sociológica que postula que o conflito entre Israel e
Canaã seria um problema de pastores com agricultores, uma luta pelas terras melhores
(Josué 1-11 e Juízes).
M. Noth (1930) defende a tese da “anfictionia”, a partir do modelo grego de vida ao
redor do santuário. Noth afirma que as tribos teriam se unido a partir de três instituições: 1)
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o culto a YHWH em Siquém; 2) a lei (código da aliança - Ex 20-23), cuja promulgação anual
se fazia em Siquém; 3) a defesa comum (guerra santa).
Esta tese apresenta hoje vários problemas. Na realidade a defesa não era comum,
envolvia no máximo duas ou três tribos. A lei é cada vez mais datada como escrita no séc.
VIII a.C. O santuário comum existiu só a partir de Josias (séc. VI a.C.). Até então, cada
tribo fazia referência a seus santuários locais: Tabor, Silo, Betel, Mispa, Guilgal, Bersabeia,
etc. Também não existiu sacerdócio anfictiônico comum.
3) Teoria da insurreição camponesa. George E. Mendenhall pensou que
entender a união dos grupos seria procurar uma possível solução sociológica. Porém, foi
Norman Gottwald5 quem defendeu que as aldeias submetidas ao sistema tributário
poderiam ter subido as montanhas (com a novidade do cimento para fazer cisternas e
instrumentos de ferro para trabalhar as terras) libertando-se dos impostos dos reis cananeus
(Jz 17-18), que controlavam as pequenas cidades-estado em Canaã. Estes grupos
assumiriam os hebreus vindos do Egito com a sua experiência de libertação. O que regularia
esses grupos seria a organização tribal, mais ampla do que o clã familiar. E seria o empenho
no monojavismo, uma mesma fé em YHWH que solidificaria o sistema familiar.
Hoje, com novas informações sobre o monoteísmo, que estudaremos
posteriormente, questionamos parte desta teoria. Reconhecemos, entretanto, o quanto ela
ajudou na compreensão da história de Israel e na luta pela libertação de povos oprimidos
nos dias de hoje.
4) Uma nova tese, com elementos de algumas das teorias mencionadas
anteriormente, merece nossa atenção: Israel seria um conjunto de tribos, com vida,
tradições, religião própria, que se uniriam em determinados momentos e ao redor de
projetos de interesse comum. Entretanto, entendido como unidade política, Israel seria fruto
da monarquia quando uma ou mais tribos, movidas por interesses particulares e favorecidas
por momentos conjunturais, se sobressaíram e se impuseram no poder com a força militar,
ideológica e econômica sobre as outras tribos, com o objetivo de criar um pequeno estado-
império. Mas a ideologia imperialista, não conseguiu acabar com a vida das tribos. O
imperialismo estatal é como um vestido novo colocado por cima, mas que não acaba com o
que está por baixo. As tribos continuaram, dentro da monarquia. Umas morreram, outras
surgiram, até o tempo do exílio, onde a estrutura tribal desapareceu definitivamente.
5
Norman Gottwald (1986) é autor de um clássico As tribos de Iahweh – Uma sociologia da religião
de Israel liberto (1250-1050 a C)”, livro muito valorizado nos anos passados pela ajuda e incentivo
que deu à luta pela terra aqui no Brasil e a tantas outras lutas na América Latina.
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Mas, quais seriam as origens desse povo organizado em tribos? Quem seria seu deus
ou deuses? Lembremos que em Ex 6,2-8 YHWH foi o Deus de um momento da história.
Numa pesquisa pormenorizada dos textos Bíblicos encontramos diversos grupos que
formaram parte do povo de Israel. Levantamos os grupos mais relevantes e seu “deus”.
água das chuvas nas regiões montanhosas (ver Dt 6,11 e Nm 21,16-18); e a adoção dos
terraços, feitos com pedras para reter a terra e permitir o cultivo.
Passando a ocupar as montanhas (Js 17,14-18; Jz 1,19) esses grupos de gente
fugitiva e sem terra conseguiram organizar a sobrevivência e a resistência contra o sistema
das cidades-estado.
Denominados de Hapirus, palavra com a mesma raiz de Hebreus, eles saíram das
cidades e das planícies fugindo da opressão e da exploração, do trabalho forçado (corveia) e
dos tributos. E se instalaram nas serras, onde a terra era livre. Trabalhavam duro, mas a
vida era muito melhor do que quando moravam na cidade. O conhecido Cântico de Débora
(Jz 5 canta a vitória de grupos das montanhas enfrentando um rei Jabin, que controlava as
planícies. A história tem uma versão em prosa em Jz 4).
Os camponeses cultuavam a El, também a Baal e a Asherá. Em Gn 33,20 e 46,3
encontramos a expressão El, Deus de Israel. O termo Israel significa “Deus luta” (ou lutará).
Em nome de seu Deus, os camponeses lutaram por terra livre. E se os hebreus adotam para
si o nome Israel, significa que em sua origem, participaram da cultura e da religião
cananeia.
Pastores Seminômades de Canaã (grupos abraâmicos)
Moravam nas montanhas,
EL SHADDAY: “Estudos recentes voltaram a ligar o
na terra não cultivada e cuidavam do
epíteto ao acádico shadu, ‘montanha’, mas não no
rebanho e usavam. Sua divindade sentido estrito do termo, e sim na acepção de ‘seios’,
‘mamas’ (em hebraico, shaddayim; cf. Gn 49,25: ‘por El
era El: El Elion (“Deus Altíssimo” - Gn
Shaddai [...] bênçãos das mamas e dos seios’);
14,18-20); El Roí (“Deus que me vê” portanto, não o Deus da Montanha’, mas o ‘Deus da
- Gn 16,13-14): El Olam (“o Eterno” abundância’, como se pode observar também em outras
passagens do Gênesis (17,2; 27,1s. 35,11;49,25),nos
– Gn 21,33); El Shaddai (“Deus da quais a denominação el Shadday está ligada a
abundância”, ou “Deus das mamas”, formulações augurais de fecundidade. Nas nossas
bíblias, normalmente traduz-se por o ‘Todo
ou “o que acompanha” – Gn 17,1;
Poderoso,mas com pouco fundamento; esta tradução
28,3; 35,11; 43,14; 48,3; 49,25) – segue os LXX, que pressupõem uma raiz shdd,
‘devastar’, como ação de um ser forte.” (Vademecum
leia o quadro ao lado. Um deus que
para o Estudo da Bíblia. São Paulo: Paulinas, 2000,
acompanhava seu povo e que era p.281.
invocado com diferentes nomes (Ex
6,2-3). E em diversos lugares: árvore, poço, pedra (Gn 13,14-18; 26,24-25; 28,20.) É o
Deus que mantém a vida no caminho.
Tais grupos viviam do pastoreio de gado miúdo (ovelhas e cabras). Dele faziam
parte muitas famílias, como as dos antepassados, pais e mães do povo: Abraão, Agar e
Sara, Jacó e Rebeca, Isaac, Raquel e Lia. Enfrentavam conflitos com os camponeses que
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não gostavam de ver os rebanhos perto das suas roças. E com os donos das cidades, para
quem esses seminômades podiam ser ameaça.
c) Pastores seminômades, vindos do Sinai, em Madiã
Como o primeiro grupo, também sobreviviam da criação de gado miúdo. Mas
vieram de fora, da região de Madiã (ou Mídia), a leste do Golfo de Acaba e ao sul do Mar
Morto (confira em seus mapas). Juntando-se aos cananeus empobrecidos, aos fugitivos do
Egito, ajudaram na formação das tribos. E sua maior contribuição, com certeza, foi o culto a
YHWH.
A tradição bíblica (Ex 3) conta que foi junto aos pastores de Madiã que Moisés teve
contato com YHWH, “aquele do Sinai”, como lemos em Jz 5,4. YHWH é Deus da Montanha.
Nas origens, está ligado a fenômenos climáticos (chuva, raio, trovão) e vulcânicos
(terremoto, fumaça, fogo). Leia Ex 19,16-20. Mas aos poucos esse culto foi e tornando mais
próximo. Como que descendo da montanha ou de uma grande árvore, se manifesta numa
sarça e revela o seu nome: “Eu sou/estou contigo”, “Eu sou aquele que sou” (Ex 3, 12.14).
É possível que os grupos de Madiã já possuíssem uma experiência diferente de
exercício de poder. Confira isso lendo Ex 18,13-27. De acordo com a narrativa, mesmo bem
intencionado, Moisés estava se tornando um “pequeno faraó” na liderança de seu grupo. E
teve que aprender com seu sogro, um madianita, outra forma de exercer a liderança.
d) Outros grupos
Os quenitas: nômades, também se juntaram ao Israel tribal. Uma tradição afirma que o
sogro de Moisés era quenita (Jz 1,16; 4,11). Conforme Jz 4,17-21, foi a mulher de Heber, o
quenita que, “lutando” junto com os israelitas, matou o general Sísara.
Grupo de Cades (Nm 13,25-29; 20,1.14-22; Dt 1,19). O oásis de Cades tinha muitos
“olhos d'água”, pequenas fontes e nascentes. Seus moradores plantavam roças, criavam
rebanhos. Grupos vindos do Egito ficaram em Cades em sua viagem migratória para Canaã.
Na época da formação da Confederação de Israel, o povo de Cades, que estava sem terra,
se uniu a Israel.
Assalariados (Gn 30,28-31; Gn 49,14-15). Grupos das planícies de Jezrael, na Galileia.
Moravam nas roças como lavradores assalariados. Foram morar na cidade, esperando levar
uma vida melhor e acabaram sendo explorados. Issacar, o nome de uma tribo, significa
“homem assalariado”.
Portuários do mar (Gn 49,13; Dt 33,18-19; Jz 5,17). Pessoas que foram morar nos
portos do litoral da Terra de Canaã, porque procuravam trabalho e uma vida melhor na
cidade. Como se pode ver nos textos indicados, eram integrantes das tribos de Zabulon, Dã
e Aser.
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Dica de Aprofundamento
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REINADO DE SAUL
Situação Internacional:
Foram tempos de ameaças externas por parte dos reinos vizinhos. Os israelitas
venceram Moab, Edom, Soba e os filisteus (1Sm 13,2-4; 14,47-52).
Situação Nacional:
Sem exército permanente, só com soldados voluntários (1Sm 14,52); sem capital; a
organização se dá ao redor de Gabaá (1Sm 13,2-3; 15,34). Não há templo, nem sacerdócio
instituído (1Sm 11,14; 13,8-12; 14,34-35). Permanece o que podemos chamar de “teologia
tribal”.
Quem foi Saul?
De família influente (1Sm 9,1), foi mais um “comandante militar” mais do que rei.
Venceu aos amonitas (1Sm 11,1-15) e os filisteus, eram fortes na tecnologia do ferro (1Sm
13,19-22; 17,7). Não cobrou impostos e em seu reinado não se consolidaram classes
sociais. Retomou a Arca que os filisteus tinham levado, mas não reconstruiu o santuário de
Silo!
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REINADO DE DAVI
Situação Internacional:
Continua uma relação tensa com os reinos vizinhos (2Sm 8).
Situação Nacional:
Muitas lutas pelo poder e divisões internas (2Sm 2,8-3,1). Davi conseguiu um
exército de pobres, endividados e descontentes (1Sm 22,1-2), ainda que com dificuldade
(1Sm 25; 27,1-12). Ao chegar ao poder, primeiro governa a partir de Hebron (2Sm 2,1-4) e
depois conquista Jerusalém (2Sm 5,6-12).
Davi alicerçou a ideia de Templo. Trouxe a Arca para a nova Capital (2Sm 6,1ss) e
“comprou” o terreno do Templo (2Sm 7,1-7; 24,18ss). Os filhos de Davi oficiavam o culto
(2Sm 8,18). E Davi se fez sacerdote e foi confirmado por Deus.
Quem foi Davi?
A Bíblia apresenta Davi com uma nova teologia. Se na teologia tribal a aliança era
entre Deus e o povo, na teologia davídica a aliança é entre Deus e o Rei. E ela é eterna
(2Sm 7,12-16). Os reis são filhos de Deus (Sl 2,7-8; 89,4-5.35-36). Consequência:
Jerusalém, a cidade de Davi passa a ser a cidade de YHWH (Sl 132).
Como muitos textos bíblicos foram redigidos pela própria corte davídica, sulista, Davi
entrou para a história como um bom rei. Não teria cobrado tributo do povo e repartia os
despojos dos dominados (1Sm 30,16-31); respeitou YHWH como autoridade (2Sm 11-12) e
como Deus dos pobres (Sl 72). Sabemos que a história não foi bem assim. As revoltas de
Absalão (2Sm 15,7-12) e Seba (2Sm 20,1-3), bem como relatos de abuso de poder (2Sm
11) ou da omissão de Davi quando sua filha foi violentada (2Sm 13,1-22) permaneceram na
Bíblia. Leia o quadro abaixo.
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A grande marca do governo de Davi foi a conquista de Jerusalém, que passa a ser a
capital, a cidade de Davi.
A chegada de Davi ao poder é descrita como “vontade divina”. No entanto, uma leitura mais
atenda dos textos nos permite enxergar golpes políticos e muito “jogo sujo”. Tomemos apenas o
exemplo do acordo com Abner, quando este decide apoiar Davi ou subjugar-se a ele. Davi aceita,
mas com uma exigência: “Entrega-me a minha mulher Micol, aquela que adquiri por cem
prepúcios de filisteus” (2Sm 3.14). Moeda de negócio: a mulher, a mesma já antes comprada de
Saul (dote para o casamento), por nada menos que cem prepúcios. Aliás, na ocasião, Davi achou
pouco cem prepúcios filisteus, resolveu trazer duzentos (1Sm 18.27). Apesar dos choros do novo
companheiro de Micol (2Sm 3.16), ela é trazida. E Abner, numa traição, é assassinado. Davi, que,
segundo a narrativa, não sabia da cilada, apenas chorou e compôs um hino (2Sm 3.22-39).
Sobrava Isbaal, o filho de Saul, última ameaça aos planos de Davi. Também foi eliminado! E mais
uma vez a narrativa diz que Davi não tinha conhecimento de nada. Sua sentença, como “rei justo”
que era, para com os que lhe tinham trazido a cabeça de Isbaal: “ Aquele que me anunciou a
morte de Saul acreditava ser portador de uma boa notícia. Eu o agarrei e o matei em Siceleg, em
retribuição pela sua boa nova (...) Então Davi ordenou aos seus filhos mais novos que os
matassem. Cortaram-lhe as mãos e os pés e os penduraram perto do açude de Hebron” (2Sm
4.10-12).
Cf. NEUENFELDT, Elaine e SCHINELO, Edmilson. As relações de gênero na casa de Davi. Estudos
Bíblicos, 86, Petrópolis: Vozes, 2005, p.16-25.
REINADO DE SALOMÃO
Situação Internacional:
Egito e Assíria estavam em decadência. Salomão fez alianças, casamentos políticos e
comércio com os reinos vizinhos para expandir seu reinado (1Rs 3,1; 9,10).
Situação Nacional:
Salomão enfrentou muita resistência para subir ao trono: as forças do campo se
opuseram às forças de Jerusalém. O grupo de Adonias fez oposição (1Rs 1,11-40). Mas,
chegando ao poder Salomão teve a seu dispor um exército bem treinado. Fez uma nova
organização militar e econômica que “apagou as tribos” (1Rs 4,7-5,5). Foi mantida a capital
Jerusalém, com seu grande palácio (1Rs 7 e 9,10ss) e o Templo passou ser propriedade do
rei, com escolha dos seus sacerdotes. Ele mesmo foi sacerdote (1Rs 3,4; 8,62; 9,25).
Salomão foi o rei das elites da cidade e do comércio (1Rs 10,27ss).
Quem foi Salomão?
Foi realmente um rei sábio? A sabedoria e fama de Salomão são exaltadas
repetidamente (1Rs 3,12.16-28; 4,9-14). Logicamente, em seu palácio foi escrita pela
primeira vez uma história organizada do povo que legitima seu poder. A redação Incluiu
poesias e textos antigos, como o cântico de Débora (Jz 5), os oráculos de Balaão (Nm
22,20,31), etc. Salomão justificou a monarquia fazendo culminar a história de Abraão em
Davi e em si próprio. A promessa feita a Abraão de um “povo numeroso como as estrelas do
céu e as areias do mar” (Gn 22,17) se realiza no tempo de Salomão: “Judá e Israel eram
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tão numerosas como as areias das praias do mar. Comiam e bebiam e viviam felizes” (1Rs
4,20). A terra prometida a Abraão (Gn 15,18) é conquistada por Salomão que “dominava
todos os reinos desde o rio Eufrates até a fronteira do Egito” (1Rs 5,9-14). A organização e
o tributo da corte de Salomão são justificados pelo próprio José já que “esta lei dura até
nossos dias” (Gn 47, 26)6.
O templo se torna o centro da vida do povo. Os dez mandamentos de Deus (Ex
20,5-17) se transformam em mandamentos de Salomão (Ex 34,17-26) que justificam o
projeto de Salomão em nome de YHWH: o templo e o dízimo. Deus se alia ao trono. A
promessa a Davi se cumpre agora, com o seu filho Salomão: “Teu trono estará firme para
sempre” (2Sm 7,12-16). O Deus dos pobres passa ser o pai do rei. O Deus libertador passa
a ser usado para justificar a opressão do rei.
A grande marca do governo de Salomão foi a construção do templo, agora a
“morada de Deus”.
Fica a pergunta: Quem foi o Deus de Salomão? Foi o Deus dos oprimidos? Foi o
Deus de Jesus? A sabedoria de Salomão é a que Jesus agradece: “Eu te bendigo, Pai...
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”?
Dica de Aprofundamento
Quer conhecer um pouco mais da personalidade de Salomão e através dele o que foi a
monarquia? Intriga palaciana para a sucessão (1Rs 1,11-40). Assassino para
consolidar o poder (1Rs 2,12-35). Tributos organizados para sustentar a corte (1Rs
4,1-20; 5,1-7). Trabalhos forçados para manter o luxo da corte (1Rs 5,27-32).
Construção do palácio. Mobília para o Templo (1Rs 7,1-51). Ostentação e política
externa. Comércio (1Rs 9,10-14.26-10,13). Mulheres e idolatria (1Rs 11,1-13).
* Depois poste no fórum suas reflexões.
6
A pesquisa recente, especialmente com a ajuda da arqueologia, vem constatando que muita coisa
atribuída s Salomão foi construída na época de Josias. Este faz uso das histórias de Salomão
para justificar seu projeto expansionista.
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Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisor tdo
nosso estudo:
Olhando pelo retrovisor Fonte: http://migre.me/jFtbQ
- UmSíntese do nosso
povo na procura de terraestudo:
para viver.
Olhando
- A rica pelo
experiência da vida nas tribos.
retrovisor
- Grupos de “marginais” se unem na procura de liberdade.
- O Deus, Deuses libertadores.
- Do sistema tribal à Monarquia.
- O Rei.
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UNIDADE 3
Aconteceu uma divisão interna, já que as forças contra o poder centralizado do rei
ainda estavam vivas: houve um confronto entre o povo e Roboão, filho de Salomão (1Rs
11,26-40). Na realidade foi um conflito provocado contra o domínio e as alianças de
Salomão para manter o poder (1Rs 11,9-13). A exploração e os altos tributos se fizeram
“fardo pesado” (1Rs 12,4). A religião não era mais um recurso de integração, ao contrário,
ela favorecia a exploração. Especialmente as tribos do Norte não agüentavam tamanha
exploração.
Um servo de Salomão, Jeroboão revoltou-se contra o rei (1Rs 12,26-40) e teve que
fugir para o Egito. Mas, na hora do conflito com Roboão e a corte, foi ele, Jeroboão quem
gritou: “Que parte temos com Davi? Não temos herança com o filho de Jessé. Às tuas
tendas, ó Israel! E agora cuida da tua casa, Davi” (1Rs 12,16).
O cisma político e religioso estava consumado. O Reino do Norte, que quis voltar
para as tendas da tradição do deserto e depois das tribos, ficou com o maior território e
com as terras mais férteis. Mas, sua população diversificada e num mundo de rotas
comerciais enfrentou lutas de poder entre os dirigentes que sem dinastia monárquica
sofriam golpes militares para conseguir o comando do Reino. Já o Reino do Sul ou Judá com
território menor e de terras na maior parte desérticas, teve população mais homogênea e
uma dinastia duradoura:a família de Davi ficou mais de 400 anos no poder!.
É interessante a narrativa de 1Reis 12. O grito de Jeroboão é uma clara denúncia
contra a Monarquia: “Que parte temos com Davi? Não temos herança com o filho de Jessé.
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Às tuas tendas, ó Israel! E agora cuida da tua casa, Davi” (1Rs 12,16). De fato, Jeroboão
disse: fiquem com o poder monárquico inventado por Davi. Nós voltamos à simplicidade da
vida nas tendas.
Situação internacional
Os dois reinos foram atingidos pela mesma situação dos Impérios vizinhos. O Egito
estava em auge. O faraó Sesac atacou Palestina (1Rs 14,25). E o já temido Império da
Assíria reapareceu e venceu, aos poucos, os reinos vizinhos de Israel, que tiveram que fazer
alianças para se manter durante um tempo.
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Situação Nacional
Acompanhando o esquema que mantinha o poder precisamos entender como foi a
precária organização do Reino: o exército era de voluntários. Como já afirmamos não
tiveram dinastia familiar, mas sempre houve luta pelo poder (1Rs 15,27; 16,9).
Sua capital não foi fixa: entre elas foram relevantes Siquém e Fanuel (1Rs 12,25).
Tirsa (1Rs 14,17; 15,33) e Sumária (1Rs 16,24).
Sem templo: voltaram aos santuários tradicionais com sacerdotes do povo em Dã e
Betel (1Rs 12,26-33).
Certo ou errado? As contradições bíblicas confirmam que a Bíblia foi escrita por
diferentes autores e com ideologias diversas. Se 1Rs 12,26-33 afirma que Jeroboão voltou
ao Deus YHWH, o libertador do Egito, como aceitar os comentários a quase todos os Reis
de Israel (1Rs 15,34; 16,26ss): “Fez o mal aos olhos de YHWH e imitou a conduta de
Jeroboão e o pecado ao qual ele tinha arrastado a Israel”. Nossa suspeita é que esses
textos seriam o juízo de Jerusalém, no Reino de Judá, onde nunca aceitaram a liberdade da
vida no Norte, em Israel, e sua procura de um Deus libertador ainda que não conseguisse a
verdadeira liberdade dos filhos de Deus, que todos/as procuramos.
Quem foram os reis mais significativos do Reino de Israel?
885-874 a.C. Omri (ou Amri) fundou a Samaria e estabeleceu uma pequena dinastia.
874-853 a.C. Acab casou-se com Jezabel, filha do rei de Tiro e Sidônia.
Propagou o culto a Baal.
841-814 a.C. Jeú que “extirpou de Israel o culto a Baal” (1Rs 10,28).
783-743 a.C. Jeroboão II que restabeleceu os limites de Israel querendo ser outro
Salomão.
Em 722 a.C., a Assíria destruiu a cidade da Samaria, o que significou o fim do Reino
de Israel.
Situação Nacional:
A situação do país não mudou muito do tempo de Salomão para seu filho Roboão já
que este continuou com a mesma política do seu pai: Exército pago; Capital em Jerusalém
com os luxos e mordomias de sempre. E o Templo e seus sacerdotes submetidos ao rei.
Quem foram os reis mais significativos do Reino de Judá?
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736-716 a.C. Acaz. Isaías aconselhou ao rei não entrar na guerra siro-efraimita. Não
entrou, mas se aliou à inimiga Assíria, foi o começo do fim.
716-687 a.C. Ezequias, tentou uma pequena Reforma (2Rs 18,1-6).
687-642 a.C. Manassés foi o pior rei da história. Não houve profetas durante o seu
reinado. Os judeus contam que Isaías foi mártir nessa época.
640-609 a.C. Josias promoveu a grande Reforma. Morreu em Meguido quando enfrentou
o Egito.
598-597 a.C. Joaquin. Primeira deportação para o Exílio da Babilônia. Substituído por seu
tio Sedecias.
597- 587 a.C. Sedecias negou o tributo. A Babilônia reagiu e acabou com Jerusalém.
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explicar o fracasso da Monarquia afirmam que Deus castiga o mal que fizeram seus pais,
por isso destaca as infidelidades do próprio povo desde a época tribal. Ler os livros com
esta ideia em mente esclarece muita coisa, inclusive no entendimento da radicalidade de
alguns profetas e do próprio Jesus ao falar do Deus da Aliança, do Deus da vida. Vamos
tentar compreender!
Existem outros textos na Bíblia que dão uma visão diferente da Monarquia. Veremos
no tempo do Pós-Exílio como os livros das Crônicas, em certo modo copiados dos livros dos
Reis, mudam alguns textos porque a sua intenção é ajudar o povo no sofrimento a manter a
esperança que chamaremos “messiânica”. Neste mesmo intuito, alguns salmos, como os
Salmos 72 e 132 refletem a figura do rei ideal do futuro. A tradição tanto judaica como
cristã verá neste rei messiânico, talvez, o rei predito pelo profeta Isaías (Is 9,5; 11,1-5).
Também o profeta Zacarias nos anima a esperar o novo rei justo e vitorioso (Zc 9,9-10).
3.2 Profetismo
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Os verdadeiros profetas se diferenciam dos falsos pelo agir. Eles são chamados e enviados:
O convite é “Vai!”. (Is 6,8; Jr 1,7; Am 7,15) E eles vão. A profecia passa pelos pés.
Ainda hoje, podemos reconhecer e experimentar profetas e profetizas: mulheres e
homens num lugar concreto, num momento determinado; intérpretes da situação
sociopolítica do seu tempo, convidando-nos à ação.
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Jeremias gritando, Habacuc e todos os outros profetas nos ensinam o que é ser
profeta: com pés no chão, na realidade (pés de gazela) e com dignidade (altaneiramente).
Assim foram os profetas reais. Um encontro com dois deles num estudo um pouco mais
detalhado nos ajudará entender a realidade do que foi a Monarquia e o Profetismo.
ELIAS
Encontramos a história do profeta Elias, cujo nome significa “meu Deus é YHWH”,
nos livros dos Reis (1Rs 17-21 e 2Rs 1-2). E ainda o Novo Testamento fará memória deste
querido profeta.
O contexto político do seu tempo está bem definido. Nos primeiros 57 anos de
independência, o Reino de Israel teve 7 reis, dos quais 3 foram mortos em golpes de
estado. O Reino teve quatro capitais: Siquém, Fanuel, Tersa e Samaria. Ou seja, como já
dissemos anteriormente era tempo de grande instabilidade. Conseguiu-se certo
desenvolvimento econômico, contudo, com grande desequilíbrio social. O comércio
aumentou e as relações com outros reinos cresceram.
Assim, Israel pactuou com Tiro e depois com Judá, porém teve problemas com
Damasco. Para ganhar amigos, Acab, rei de Israel casou-se com Jezabel, filha do rei de
Tiro, a qual devia levar seus deuses à Israel.
Dentro do contexto religioso do tempo de Elias podemos considerar o fato de Acab,
que era rei israelita, adorar a Baal, deus da chuva (1Rs 18,18). Aparecem também 450
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profetas de Baal que foram vencidos pelo próprio YHWH (1Rs 18,20-40). Já o profeta fala
em nome de Deus (1Rs 21,17-24). Assim a viúva reconhece Elias como homem de Deus
(1Rs 17,7-24) e Acab o considera agitador, flagelo de Israel (1Rs 18,17).
Encontramos em Elias belos exemplos de como um profeta se relacionava com o
povo. Na falta de chuva, o profeta vai pedir alimento à uma viúva de Sarepta que partilha
com ele. E acontece a morte e ressurreição do filho
dela (1Rs 17,7-24). No entanto, também
encontramos o confronto com os profetas no monte
Carmelo (1Rs 18,1-46), e consequentemente Elias
tem que fugir para o deserto. No deserto a
manifestação de Deus (1Rs 19,1-18), a leve brisa,
enche o profeta de graça e ocorre o encontro, a
vocação e disposição de Eliseu.
O texto que mais evidencia a vocação do
nosso profeta, porém, é a narrativa sobre a vinha de
Fonte: http://migre.me/jIubd
Nabot (1Rs 21,1-29). Homem simples e fiel à tradição
dos seus pais, morre pela ambição do rei. Elias condena ao rei e defende Nabot, sempre em
favor do pequeno contra o poderoso. No fim Elias é arrebatado ao céu, mas Eliseu lhe
sucede (2Rs 2,1-18).
Elias, de acordo com a memória do povo, é o novo Moisés (como ele, Elias foge para
o deserto, sobe ao Horeb, encontra com Deus). Sempre se mostra defensor da religião
javista contra as crenças que os reis aliados aos povos vizinhos deixam introduzir em Israel.
É bom perceber que dentro da profecia além do profeta Elias, apareceram outras
sementes de resistência. O chefe do palácio Abdias contrariou a ordem da rainha, como
tinha feito Nabot. É evidente que os pobres eram fiéis ao projeto de partilha das tribos.
Assim, encontramos a viúva de Sarepta (1Rs 17,7-16). Talvez por isso Elias é tão lembrado
no Novo Testamento: João é Elias que devia vir? És tu Elias? (Mt 11,14; Jo 1,21. 25); Uns
dizem que tu és Elias (Mt 16,14); Na transfiguração (Mt 17,1-9); Elias já veio (Mt 17,10-13;
Mc 9,11-13); Nos dias de Elias havia muitas viúvas em Israel (Lc 4,25); O que diz a
Escritura a propósito de Elias (Rm 11,2); Elias que era homem semelhante a nós (Tg 5,17),
etc.
O “Ciclo de Elias” é a lembrança que seus discípulos contaram como incríveis
histórias de um homem de Deus. Este ciclo é o centro de uma roda de recordações e
releituras do Primeiro Testamento.
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AMÓS
7
REIMER, Haroldo. Amós – profeta de juízo e justiça. Revista de Interpretação Bíblica Latino-americana,
Petrópolis; São Leopoldo, v. 35/36, p.171-190, 2000.
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Dica de aprofundamento
Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisor tdo
nosso estudo:
Olhando pelo retrovisor
Fonte: http://migre.me/jFtbQ
Síntese do nosso estudo:
- Acontecimentos e rupturas dentro do próprio povo de Israel.
Olhando pelo
- Características do Reino de Israel ou Norte e do Reino de Judá ou Sul. Divergências
retrovisor
políticas e teológicas.
- Profetismo: resposta de Deus à nova situação criada pelos reis.
- Profetas: Homens e mulheres da Palavra; homens e mulheres de pé no chão.
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UNIDADE 4
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734 a.C. Teglatfalassar III, da Assíria Guerra siro-efraimita contra Acaz rei de
chegou até Galileia. Cobrou tributos de Israel que pediu ajuda à Assíria. Isaías
Acaz. interveio. Pregação de Miqueias.
722 Sargon II chegou até Egito. Fim do Reino do Norte, queda da Samaria.
Ezequias tentou reforma.
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numa nova província. Judá converteu-se em um reinado submetido à Assíria. Porém, após a
campanha de Senaquerib em 701 a.C., ficou para o reino de Judá somente a cidade e seus
arredores. Israel ficou desde a queda da Samaria totalmente incorporado a Assíria, e Judá
submisso como reino vassalo. Com esta incorporação do território de Israel ao império
assírio, ficou só Judá como o herdeiro da identidade nacional e religiosa do povo que se
conhecia como povo de YHWH.
Um outro olhar!
Fonte: http://migre.me/jGGS8
Fonte: http://migre.me/jGGS8
Logicamente o declínio desse Império deu oportunidade para a elite do reino do Sul reforçar
sua política econômica centralizada em Jerusalém.
A chamada reforma josiânica proclamada para purificar e centralizar o culto em
Jerusalém aboliu os santuários locais e forçou a população rural ir à Jerusalém para
manifestar sua fé. A elite de Jerusalém expandia assim sua política centralizadora do
estado. A imposição de uma só religião oficial fortaleceu os sacerdotes de Jerusalém e sua
situação dentro do reino de Israel.
Uma leitura fundamentalista só enxerga a fidelidade de Josias para com YHWH.
Entendendo o contexto sociopolítico da época, compreendemos a grande manipulação do
povo que a reforma conseguiu fazer.
Vejamos por exemplo a celebração da Páscoa em 2Rs 23,21-23. Conhecemos a
evolução da celebração da Páscoa na História de Israel. É bom, agora entender o porquê
essa festa passou ser celebrada no Templo quando na realidade era a festa da casa, da
família. E o significado que teve nas mudanças proclamadas por Josias8.
Analisaremos só um exemplo, a palavra “sacrifício”, o que nos ajudará entender algo
importante da realidade da celebração da Páscoa.
O sacrifício na sociedade tribal, o zebah era uma refeição comunitária das famílias
no clã. A gordura do animal sacrificado era oferecida a YHWH e a carne partilhada com
quem fazia a oferta. Era a renovação do pacto entre Deus e seu povo, a aliança. O pai de
família realizava o sacrifício sem necessidade de sacerdote.
Na sociedade monárquica, a festa passou aos poucos a ser celebrada no santuário
ou no templo (1Sm 1,1-7). O sacerdote era o ofertante que ficava com as melhores partes
da carne (1Sm 2,14-16). Depois foi o rei quem oferece este sacrifício (1Sm 15,22-23) com
reação por parte do povo e dos profetas (Am 5,22; Os 6,6). No tempo de Josias “não se
havia celebrado uma Páscoa semelhante a esta em Israel...” (2Rs 23,22). Até o acontecido
na sociedade pós-exílica quando o sacrifício foi não só cooptado pelo templo, mas celebrado
junto a outros sacrifícios (em hebraico se usam nomes diferentes como shelamim e olah
citados no livro de Levítico, capítulos 6 e 7) que não tem nada a ver com o sacrifício do
cordeiro para ser partilhado na família.
2Rs 23,26-27: Contudo, YHWH não abrandou o furor de sua grande ira,
que se havia inflamado contra Judá, por causa das provocações que
Shigeyuki. Uma história para contar: A Páscoa de Josias - Metodologia do Antigo Testamento a partir
de 2Rs 22,1-23,30. São Paulo: Paulinas, 2000.
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Agradeço esta síntese sobre o Exílio aprendido com frei Carlos Mesters, no Curso Intensivo do
Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), no ano 1987, na Universidade Metodista de São Paulo.
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SÍMBOLOS como a circuncisão, festas e espaço (que mais tarde será a sinagoga).
No fundo existiram questões profundas em relação ao poder, ao passado e à
missão.
O poder: Já não era mais dos judeus. O povo foi levado e trazido sem se perguntar
sua opinião. Durante o tribalismo: Deus dava o poder ao POVO. Durante a Monarquia, Deus
dava-o ao REI. Agora...
537 a.C.: Nabucodonosor os leva, submete, tenta acabar com sua cultura, religião.
538 a.C.: Ciro, depois precisará de um grupo para assegurar a paz. Com o decreto,
os judeus que voltam, exultam a Ciro, como salvador da Pátria!
O relacionamento com o passado: Sem patriarca, sem juiz, sem rei, sem
sacerdote, sem profeta. Para os judeus, naquele momento, a fala de Deus estava no
passado! Assim, no cativeiro da Babilônia e entre os que ficaram na terra de Israel foi um
tempo de síntese! Graças à preocupação de guardar o passado temos a Bíblia escrita.
Como ficou a missão?
A lembrança do passado não podia ser lineal. Aconteceu, passou... Tinha-se que
reconstruir a história! Escreveu-se a Bíblia como janela, porque através dela podemos ver o
passado. Mas também como espelho. O povo se olhava nele, olhava ao redor e criava uma
nova consciência: O passado faz sentido! Nosso Deus ainda é um Deus Criador, Libertador...
No sofrimento “maior” do Exílio, os feitos do nosso Deus são maiores também (por
exemplo: o rio Nilo vira sangue!).
Tratava-se de RE-CRIAR, de fazer novas todas as coisas. Se Deus libertou ao povo
com poder criador (Gênesis) hoje, também o faz assim. Temos que caminhar como Abraão,
sair da escravidão como Moisés e o povo oprimido no Êxodo. Se Abraão foi pai do povo,
fonte de vida, agora temos que reler Abraão incluindo todas as nações. Surgiu assim, o
projeto do 2º Isaías (capítulos 40-55): A missão do povo que sofre é universal, no serviço
(não no poder como nossos opressores), somos chamados a ser luz das nações, nossa
missão é universal.
Entendamos uma vez mais que a história
bíblica é como uma colcha de retalhos. Recolhendo o
mais belo das memórias contadas e escritas pelos
“nossos pais e mães” que transmitiram a fé aos/às
seus/suas filhos/as, neste tempo de exílio, de forma
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Estes textos nos trazem as experiências atuais de migração que é cativeiro, com
sofrimento na esperança de uma vida nova.
Dica de aprofundamento
Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisor nosso
estudo:
Olhando pelo retrovisor
- O domínio dos Impérios.
Síntese do nosso estudo:
- O domínio da Assíria e a queda da Samaria, que provoca o fim do Reino do Norte.
Olhando pelo
- A sobrevivência do Reino do Sul, seus reis e sua concentração do poder até conseguir
retrovisor
manipular a Religião, ao próprio Deus.
- Babilônia e seu poder destruidor. Consequências da experiência de cativeiro.
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UNIDADE 5
Fonte: http://migre.me/jFpwJ
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Situação internacional e nacional. Edito de Ciro (2Cr 36,22; Esd 1,1; 6,3-5)
Características do Imperialismo Persa:
1) Pérsia é Oriente. Judá era o fim do mundo para os persas e de repente Judá é
dominada por esse outro povo e cultura que não tinha muito interesse em conhecer e
respeitar o ocidente. Os persas estavam na rota da
seda, na cultura do macarrão sempre para o oriente,
não na cultura do vinho e do trigo do ocidente.
2) Porém, se preocuparam em preservar a
convivência pacífica. Para isso, favoreceram a
autonomia dos povos dominados (podiam ter sua
religião, seus templos, suas festas e costumes). Houve
Fonte: http://migre.me/jFpwJ uma mistura de tradições religiosas, festas, símbolos,
etc.
3) Cuidaram de organizar o território do seu Império para garantir: a unidade do
Império e o pagamento do tributo. Para isso, cogitam e têm novas estratégias de poder:
Divisão em Satrapias, estas em províncias e ainda em distritos.
Na realidade de Israel estamos no distrito de Jerusalém, na província da Samaria, na
Satrapia da Transeufratênia. Logicamente, por cima do Governador, está o Satrapo e por
cima com todo poder, o Rei. Aparecem muitos cargos
e responsabilidades (Esd 7,12-26). Cria-se um
sistema secreto de informação (a CIA?), o satrapo é
“os olhos do rei”. Nos textos apocalípticos deste
tempo aparecem muitos “olhos”... No cotidiano tinha
muita gente vigiando!
Criação de estradas: De Sardes a Susa =
2.400 km. Na estrada, o governo vai agilizar o
correio, já que cada 30 km havia um posto onde se
Fonte: http://migre.me/jFpwJ
trocava de cavalo. As notícias deviam ser enviadas e
vigiadas.
4) Centralizaram o poder de diversas formas:
- Com novas moedas: dáricos, para o tributo e o comércio.
- Com um idioma comum: o aramaico foi a língua oficial em todo o Império, ainda
não sendo a fala da Pérsia. Mas, era o mais simples e com possibilidade de ser entendido
com facilidade.
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5.2 Judaísmo
No Exílio, o povo ficou sem suas referências: sem terra - sem rei - sem templo.
Perguntavam-se: Como conservar nossa identidade? Como passar para os nossos
filhos a nossa grande experiência de nação?
Na volta do Exílio, Israel não era mais um conjunto de 12 tribos, nem era uma
nação. Era uma mistura de muitos povos. Dos filhos de Israel muitos ficaram na diáspora.
De novo a pergunta: Como conservar e até recuperar nossa identidade? Aos poucos, a lei, a
sinagoga, a circuncisão e o cumprimento do descanso do sábado foram sinais visíveis da
pertença ao povo judeu. E assim se desenvolveu o judaísmo.
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Temos dois livros na Bíblia chamados Neemias e Esdras que foram escritos lá pelos
anos 340 a.C., como sempre, falando de tempos passados, mas refletindo os problemas do
presente. O autor do livro uniu com versículos redacionais duas histórias para dar sua
mensagem. É curioso perceber que os últimos versículos das Crônicas, escritas também
neste tempo, se repetem no livro de Neemias como dando continuidade. De fato, tudo
indica que Neemias foi anterior a Esdras (ainda que na ordem dos livros que aparecem na
Bíblia encontramos primeiro a Esdras e depois Neemias).
Neemias achou a capital destruída e por isso trabalhou na sua reconstrução fazendo
a muralha, que apareceu como símbolo da reconstrução da vida do povo. Já Esdras
preocupou-se com outra segurança: a lei.
A nossa pergunta poderia ser: Como estes homens de confiança do dominador se
apresentavam como lideranças dos dominados? De que lado eles estavam?
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Para o povo simples a lei era diferente como prova o Salmo 19. Os hassidim
(piedosos) e os anawin (pobres) propõem nesse salmo e em tantos outros escritos um
novo jeito de viver a fé. O jeito que Jesus assumiria mais tarde!
A lei de YHWH é perfeita,
Consolação para a vida
O testemunho de YHWH é firme
Sabedoria para os pequenos (Sl 19,8).
É importante citar alguns outros personagens bíblicos pelo seu envolvimento social e
religioso nessa época. Pelo lado dos exilados, encontramos os profetas Ageu e Zacarias que
apoiaram com suas profecias a reconstrução do templo. Pelo lado oposto, o lado dos que
estavam sendo excluídos de participação nesse projeto, se situam os profetas anônimos,
cujas profecias foram recolhidas numa parte do livro de Isaías (Is 56 – 66).
Inicialmente os profetas que falaram por esse povo, negam qualquer interesse de
YHWH pelo templo que a Golá estava construindo, pois para eles YHWH é o criador de tudo
e não necessita do Templo. O jejum desejado por YHWH era libertar os oprimidos e
alimentar os famintos, e não o inclinar a cabeça como juncos (Is 58,1-12). YHWH é um
Deus que habita nas alturas, mas, também está com os oprimidos e humildes da terra (Is
57,15).
A complicação que as genealogias queriam verificar são questionadas pelo
testemunho profético que afirma: YHWH aceita até eunucos, os estrangeiros que guardam o
sábado e a aliança (Is 56,1-7). Pelo lado da Golá, também encontramos profetas como
Ageu e Zacarias que deram um grande impulso na construção do Templo, interpretando as
limitações econômicas como resultado das suas poucas ofertas e seus fracos esforços em
prol desta causa. Ageu via em Zorobabel o comissário responsável pela obra ante o império,
um novo Davi escolhido por YHWH como sinete para “destruir o poder das nações”.
Porém, por que será que o profeta Ageu, com tanta firmeza encorajou seus
compatriotas a construir o Templo? De fato, ele convocou os camponeses a construir o
Templo (Ag 1,5-11) dizendo: Se o Templo for reconstruído, tudo vai melhorar, pois Deus
habitará no meio do povo e espalhará suas benções. O Templo será o sinal e o lugar da paz
(Ag 2,6-9). Tratava-se de evitar a desintegração total e de proteger os fracos, os pequenos.
Ainda era tempo de viver a fartura (Ag 2,19) e a liberdade frente aos reinos das nações (Ag
2,20-23).
Já os argumentos de Zacarias, profeta contemporâneo de Ageu que também
animava o povo para reconstruir o Templo e Jerusalém como sede do governo de YHWH,
era assegurar uma dupla estrutura: Zorobabel, príncipe davídico e Josué, Sumo Sacerdote.
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Seu projeto foi monárquico-sacerdotal (Esd 4,14) e não deve ter sido assumido pelo poder
persa já que na inauguração do Templo Zorobabel não está presente (Esd 6,15-17)
Porém, aqui, em 515 a.C. acaba de vez a monarquia davídica como experiência
política. Ainda que, o davidismo, a utopia davídica permanecesse até hoje entre os judeus.
O Pós-Exílio é um tempo difícil de ser avaliado. Acerca da perspectiva ideológica, o
conflito de poder é percebido nitidamente nos escritos e
nas profecias da época. E as opções dos diferentes grupos
nos ajudam a compreender o que aconteceu no tempo de
Jesus e acontece até hoje. Afortunadamente para nós, a
Bíblia nos oferece outro tipo de literatura, livros que como
pequenas luzes iluminam nossos olhos e esquentam nosso Fonte: http://migre.me/jFpwJ
coração.
Assim, chega até nós, a narrativa de Rute. Num cenário de seca, fome, pobreza e
migração, aparece uma clara mensagem sobre a herança, reação contra a realidade vivida
no tempo do domínio persa com sua nova ideologia.
No livro de Rute aparecem em cena
Rute, mulher pobre, estrangeira,
personagens carregadas de sentido, que já, desde seu viúva. “Entra” para fazer parte do
povo de Israel. Ela, mulher
nome apresentam chaves de leitura para nós: Um casal moabita é quem resolve a trama
com todos os direitos de herança.
Elimelek (meu pai é rei) e Noemi (Graça) com dois
filhos Maalon (Doença) e Quelion (Raquítico).
Em tempo de seca e fome saem de Bethelem, a casa do pão, na procura de
alimento e vão a Moab, terra vizinha e na história, inimiga de Israel. Os filhos casam com
mulheres moabitas Rute (Amiga) e Orfa (Costas). Morrem os homens da família e Noemi
resolve voltar na procura dos seus parentes se autodenominando Mara (Amarga). Rute a
acompanha mostrando fidelidade e amor.
Na procura de soluções aparece uma trama de
amizade e relação profunda entre a sogra e nora. Rute
vai respigar10, na procura de alimento, e o faz, por
acaso no campo de Booz (Pela força) que a recebe e
acolhe até com paixão. Há casamento e nasce o filho
chamado Obed (Servo).
No livro de Rute existe uma releitura do
passado: Abraão e o seu povo deixaram sua terra. No
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Apanhar no campo as espigas que aí ficaram após a colheita.
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casa. No nosso livro: Noemi sai de Belém para Moab e volta. Rute vai até o campo e volta.
Vai até a eira e volta. Vai até a porta da cidade e volta.
Há também uma releitura do presente: O direito do pobre passou de ser esmola,
quando é direito! Se refaz a aliança na terra, lá se dá a fartura. E tudo graças a uma mulher
estrangeira. Rute é o avesso de Esdras!
Rute representa uma reação universalista frente ao nacionalismo do pós-exílio,
sobretudo depois de Esdras. Rute, uma estrangeira que se casa com Booz, passa ser uma
ascendente de Davi e até de Jesus de Nazaré.
a) Canto a providência. Não com grandes manifestações como no Êxodo. Mas
sim, de uma forma simples e discreta. As mulheres chegam a Belém no tempo da colheita
(Rt 1,22), Rute por sorte vai aos campos de Booz, parente do seu marido de Noemi (Rt
2,3), etc.
b) Universalismo. Que se opõe abertamente à atuação de Esdras tanto pelo
argumento, como pelo fim da história.
c) Mulher a serviço é reconhecida. Vó de Davi. Que em Rt 1,16-17 declara uma
das mais belas profissões de amizade e fé: "[...] para onde fores, irei também, onde for tua
moradia, será também minha; teu povo será meu povo e teu Deus será meu Deus".
O livro de Rute confirma também a fé messiânica. Sabendo que a espera do Messias
para alguns é a certeza de um enviado por Deus, como rei forte e dominador, para outros,
o Messias, o Ungido será “consagrado para anunciar a Boa Notícia aos pobres, para
proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os
oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Is 61,1-2; Lc 4, 18-21).
Poderíamos ler o livro de Rute assim dividido:
Pão, família e terra poderiam ser a solução para tantos problemas de vida na
atualidade?
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Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisoro nosso
estudo:
Olhando pelo retrovisor
Síntese do nosso estudo:
Fonte: http://migre.me/jFtbQ
Olhando pelo
- Domínio do Império Persa.
retrovisor
- Consequências para Israel: Judaísmo.
- Neemias e Esdras: o fechamento na Lei.
- O livro de Rute, resposta ao cotidiano.
- Quem é nosso Deus?
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UNIDADE 6
Houve uma passagem do domínio persa ao comando grego. A Pérsia invadiu três
vezes a Grécia destruindo cidades e massacrando povos, mas os gregos sempre
conseguiram expulsá-los. Em 356 a.C. nasceu na Macedônia Alexandre chamado depois o
Magno. Ele reinou entre 330-323 a.C., e morreu com 33 anos doente, enfraquecido por
tantas andanças e guerras. Alexandre, o Grande, conquistou um dos maiores impérios da
história em tão pouco tempo e espalhou a filosofia e as ideias gregas, sua cultura,
conhecida como helenismo (da palavra grega "Hélade", que significa Grécia), a partir da
filosofia de Aristóteles. O império dele chegou até a Índia.
Depois da morte de Alexandre, este império se dividiu em três partes:
- Macedônia e Grécia (capital Atenas), que ficou sob a dinastia dos Antígonos.
- Egito (capital Alexandria), governada pela dinastia dos Ptolomeus.
- Ásia e Síria (capital Antioquia), submetida pela dinastia dos Selêucidas (ou
Lágidas).
A Palestina, primeiro foi governada pelos Ptolomeus, desde o Egito. Depois passou
para ser conduzida pelos reis Selêucidas, desde a Síria.
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Fonte: http://migre.me/jFpwJ
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Aristóteles dizia: "Os escravos devem ser escravos porque não são homens. É bom
para o escravo ser escravo, porque, sem governante não sabe se governar. Sua única
virtude é não faltar ao trabalho".
O estado só devia servir aos homens livres, uma revolta contra o governo era uma
revolta contra a própria natureza. Tudo isso foi a legitimação do mercado. A religião dos
filósofos era a religião do mercado!
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Fonte: http://migre.me/jFpwJ
Fonte: http://migre.me/jFpwJ
Também, a Sinagoga, que existia como ideia desde o Exílio, como casa de reunião,
agora, com Ptolomeu III (247-221 a.C.) passa a existir como lugar concreto: casa de
estudo. Para ler a Torá, para rezar e discutir a lei.
Porém, os ginásios gregos, também no Egito e na Síria, eram os lugares de
formação física e mental, onde especialmente os jovens, tanto judeus como gregos se
preparavam para a guerra e para a vida.
Verificamos que desde o ponto de vista político, entre os próprios gregos houve lutas
de poder. Antíoco III, o Grande, dos Selêucidas, derrotou o exército de Ptolomeu V em
Páneas (200 a.C.) e estabeleceu sua soberania sobre Síria e Fenícia. Jerusalém, que
continuava sendo uma cidade sacerdotal, foi mudando. E durante o governo de Antíoco IV
se transformou numa cidade helenística chamada “Antioquia em Jerusalém” (2Mc 4,9).
Em 175 aC, Antíoco IV Epífanes quis acabar com a cultura e religião judaica. Como
já dissemos profanou o Templo de Jerusalém introduzindo o culto ao deus Zeus, o que no
ano 167 a.C. fez estourar a revolta dos Macabeus, para "purificar" o Templo e libertar a
Palestina do jugo dos gregos.
Se até esse momento o universalismo, a abertura, a sabedoria dos gregos ficava
com uma elite, aos poucos se confirmou dentro do judaísmo que com os pobres permanecia
o peso da lei. No Templo, os sacerdotes divinizavam a lei, que diziam ter sido escrita pela
mão de YHWH e entregue a Moisés e por isso tinha-se que cumprir ao pé da letra. Mas
eram os pobres quem deviam cumprir já que nessa mentalidade eram vistos como culpados
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da sua pobreza. Lembremos que no princípio da história, no tempo das tribos, a riqueza era
fruto da partilha. Na solidariedade do clã se ajudavam uns aos outros, partilhando a vida.
Depois do exílio, como já vimos anteriormente, o Deus que caminhava com seu povo
converteu-se num Deus castigador dos pobres que pagavam com sua pobreza e sofrimento
o pecado das gerações anteriores ou deles mesmos porque agora influenciados pela filosofia
helenista, cada um tinha o que merecia. Os pobres eram os responsáveis da sua pobreza,
ela era castigo. A Teologia da retribuição foi fortalecida neste momento histórico.
Hanuká, candelabro de
nove braços para celebrar
a festa lembrança da
vitória dos macabeus que
conseguiram óleo puro
para as lâmpadas do
Templo.
Fonte: http://migre.me/jFpwJ
Acompanhando a história contada nos livros dos Macabeus da Bíblia e outros textos
extrabíblicos, podemos confirmar que a partir de Antíoco IV o helenismo se incorporou
vitalmente ao judaísmo.
O Sumo Sacerdote Jasão, que ficou do lado dos gregos, obteve o cargo aumentando
os impostos do povo a favor do rei. Ele substitui o irmão, Onias III. Apoiado pelos
sacerdotes, estabeleceu em Jerusalém a polis com ginásio e tudo (2Mc 4,7-15). A corrupção
aumentou quando Menelau comprou o sumo sacerdócio por 300 talentos (2Mc 4,23-29). E
ainda Antíoco IV saqueou o Templo (1Mc 1,16-28) e posteriormente como já dissemos o
consagrou a Zeus Olímpico (2Mc 6,2). Talvez para humilhar os judeus, no dia do seu
aniversário proibiu a circuncisão de crianças, e obrigou sacrifícios no altar do templo a
outros deuses e participação nas procissões em honra a Dionísio (2Mc 6,7-9).
Diante desta situação, aconteceu a insurreição judaica conhecida como a Guerra dos
Macabeus (o termo macabeu significa “martelo”). Matatias, um fiel judeu, respondeu às
provocações com violência em Modim (1Mc 2,24-25), fugindo para as montanhas com filhos
e voluntários, começando a luta contra os que violavam a lei de Deus.
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Nos anos 167-63 a.C. a família dos Hasmoneus, sacerdotes levitas de Modim,
constituíram o Governo da Judeia. Depois de Matatias, Judas Macabeu (“martelo”) venceu
ao exército selêucida, tomou o Templo de volta, o purificou e consagrou de novo (1Mc 4,36-
37).
Os judeus foram derrotados em Bet-Zacarias e o rei ofereceu ao povo, cansado de
guerra, o direito de viverem suas leis (1Mc 6,59). Alcimo foi nomeado sacerdote e aceito
pelos “assidim”, os piedosos, que queriam a paz e a atrelavam ao cumprimento da lei. Mas
foi rejeitado pelos seguidores de Judas que continuaram a luta armada.
Outro momento trágico foi no ano 152 a.C. quando Jonatam, irmão de Judas, tomou
o comando e assumiu o sumo sacerdócio. Os assideus e os fariseus não queriam a luta pelo
poder nacional e também romperam com os hasmoneus.
Seu irmão Simão “sumo sacerdote, general e líder dos judeus” (1Mc 13,42)
comportou-se cada vez mais como rei, renovando alianças com Esparta e Roma. Seu filho,
João Hircano e seu neto Alexandre Janeu conseguiram completar a conquista da Palestina.
A esposa desse, Salomé Alexandra e seus filhos Hircano II e Aristóbulo II foram os últimos
hasmoneus. Esses disputaram o poder até chamar a Pompeu, general romano no Oriente,
para ajudar resolver suas brigas pelo poder. Pompeu veio, mas foi para ficar. E o domínio
romano facilmente chegou até nossas terras bíblicas e completou uma história triste de
predomínio político, social e até religioso como vimos até agora.
O fato de aparecer histórias como as narradas em 2Mc 6,1-11 das mulheres que
circuncidaram seus filhos ou da mãe e os sete irmãos (2Mc 7,1-42) mostram a realidade da
resistência e do martírio de um povo que quis defender seus valores e até dar sua vida por
esta causa.
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Todas esses últimos acontecimentos deram origem a uma nova literatura, livros que
foram incluídos nas nossas Bíblias.
Assim sendo, verificamos que grande parte da literatura sapiencial foi recolhida
nesse tempo. Ela mostra a vida do povo e a fidelidade a YHWH no cotidiano. Sapienciais são
os livros:
a) Eclesiastes (Ecl): ou em hebraico "Qhoelet" que significa "da comunidade".
Surgiu ao redor de 250 a.C. e é uma crítica a ideologia dos gregos, o helenismo: “Tudo é
vaidade!” (Ecl 1,2). Para ele, a felicidade é ter a panela cheia e poder amar. É uma forte
crítica ao sistema escravagista que deixa os pratos vazios.
b) Eclesiástico (Eclo): o nome grego significa "do clero". O livro é também
conhecido pelo nome do autor "Jesus Sirac" ou "Sirácide". O pano de fundo do livro é o
medo de que o povo perca sua identidade. Reflete a serenidade e confiança com que a
aristocracia judaica podia enfrentar os perigos do momento. Diante disso, é necessário um
ato de fé no Deus vivo, presente na história e sabedoria do povo.
c) Sabedoria (Sb): livro escrito em grego, em Alexandria, bem mais tarde, ao redor
de 50-30 a.C. Quer ajudar o povo da diáspora a viver sua fé dentro da cultura grega. A
mensagem principal é: a vida é fruto da justiça.
Dentro dos livros históricos, os livros dos Macabeus são o grito e sofrimento de
quem vê sua fé e sua cultura massacrada:
a) O 2º livro dos Macabeus: escrito ao redor de 160 a.C. provavelmente pelos
Assideus, para justificar a dinastia Asmonea. Escreveram na ótica da cidade, num tom
extremamente triunfalista.
b) O 1º livro dos Macabeus: É o livro da luta ou guerrilha dos Macabeus, à luz
da visão profética da história. Escrito na ótica do campo e na memória do Deuteronômio,
proclama a resistência ao redor de um único Deus.
Deste mesmo tempo da mesma época da revolta dos Macabeus temos a visão
apocalíptica da história no livro de Daniel, nos capítulos 7 ao 12 escritos em tempos de
perseguição, entre símbolos, visões e sonhos.
E ainda encontramos os romances ou novelas populares como:
a) Ester (de 250 a.C.): Deus vence qualquer manobra política. Aparecem mulheres
que contestam o sistema vigente.
b) Judite (167-164 a.C.): Deus derrota os poderosos através de novo por mãos de
uma mulher. Fala, na verdade, da revolta dos Macabeus. Holofernes, é Antíoco IV Epífanes.
c) Daniel 1-7.13: também da época da revolta dos Macabeus.
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Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisoro nosso
estudo:
Olhando pelo retrovisor
Síntese do nosso estudo:
Fonte: http://migre.me/jFtbQ
Olhando pelo
- Domínio do Império Grego.
retrovisor
- Grande influência do helenismo grego.
- A luta dos Macabeus.
- Muitos livros, muitas histórias.
- O sentido da vida e da morte.
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UNIDADE 7
7.1 O período de dominação romana sobre Israel (63 a.C - 135 d.C.)
Os imperadores romanos
O mundo romano é citado inúmeras vezes e por diferentes motivos em toda a Bíblia
e especificamente no Novo Testamento (Lc 2,1; Mc 12,17; Jo 11,47b-48, assim como no
livro dos Atos, nas cartas de Paulo e nas Cartas Católicas).
A seguir, uma síntese dos fatos mais importantes para a compreensão da nossa
história de Israel.
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18,2).
Fonte: http://migre.me/jFtbQ
- 54-68 d.C.: Nero perseguiu de novo aos cristãos, mais
como forma de justificar suas loucuras. Neste período morrem Pedro e Paulo (entre 64 e 67
d.C.). Após a morte de Nero, em um ano houve quatro imperadores, tamanha foi a luta pelo
poder.
- 69-79 d.C.: Vespasiano obteve vitórias na Galileia e Judeia. Depois foi proclamado
imperador, o “único Senhor do Império”. Confiou ao seu filho Tito a destruição de Jerusalém,
o que aconteceu no ano 70 d.C.
- 79-81 d.C.: Tito Imperador continuou o governo do seu pai, confirmando uma dinastia.
- 81-96 d.C.: Domiciano, irmão de Tito, Imperador provoca nova perseguição aos cristãos.
Afirma-se que mandou executar até seu primo Flávio Clemente, por ser cristão. Decretou a
expulsão de todos os que praticassem a “religio illícita”. São conservadas cartas dirigidas ao
“senhor e deus nosso” como ele se fazia chamar.
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Fonte: http://migre.me/jFtbQ
- 96-98 d.C.: Nerva, eleito pelo Senado. A partir dele, se escolhem pessoas que
responderiam ao ideal de soberano segundo o estoicismo.
- 117-138 d.C.: Adriano. Em 131-135 d.C. acontece a segunda grande revolta judaica,
liderada por Bar Kocba (o “filho da Estrela”). Jerusalém é tomada mias uma vez pelos
romanos e os judeus sobreviventes são dispersos pelo mundo.
Por que o Império Romano acumulou tanto poder com tanta violência? O Império se
apresentava como o grande benfeitor dos povos dominados, trazendo-lhes “paz, segurança e
desenvolvimento”. Era a ideologia da “Pax Romana” apoiada na ideia da “Pax Deorum” (Paz
dos Deuses). Como no panteão, onde havia hierarquia e organização entre os deuses, na
terra deveria haver ordem e perfeita harmonia. Assim, o Império podia submeter e acabar
com culturas diferentes em favor de “ordem e progresso”.
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Entre 4 a.C. a 6 d.C. os romanos repartiram o reino de Herodes entre seus filhos de.
Arquelau (4 a.C. a 6 d.C.) ficou com a Judeia e a Samaria. Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.)
com a Galileia e a Pereia. E Filipe (04 a.C. a 34 d.C.) com a Bataneia, Traconítide, Auranítide,
Gaulanítide, Paneias e Iturea. Essa informação foi registrada pelo evangelho de Lucas
(capítulo 3).
No caso da Judeia, Arquelau não conseguiu se firmar no poder. Foi destituído por
sua incompetência. Roma passou a nomear procuradores, desde o não 6 até 70 d.C..
Quando se decretou um censo para reorganizar a administração e o pagamento do tributo,
novas revoltas eclodiram. E Roma, sob o comando de Vespasiano, decidiu destruir de
Jerusalém.
Desde a chegada dos romanos à Palestina, no ano 63 a.C., sempre houve revolta
popular. De forma especial na Galileia, foram muitos os movimentos, agindo ora como
“guerrilheiros ou cangaceiros”, ora com “proféticos e messiânicos”. Vejamos alguns
exlemplos.
Em 54 a.C. Pitolau, um agricultor, chegou a ocupar a cidade de Tariquea (Magdala).
O galileu Ezequias liderou uma revolta contra latifundiários e romanos. Em função disso
Herodes, filho de Antípater, “varreu” a Galileia, chegando a incendiar as grotas onde
estariam escondidos os rebeldes.
Mais tarde, quando Herodes instalou a águia romana na fachada do Templo, os
doutores da Lei Matias e Judas e seus alunos, se rebelaram. Herodes mandou queima-los.
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Os fariseus: Seu nome deve vir de farás que quer dizer “separados”. Há diferentes
opiniões sobre suas origens:
- Fariam parte dos “homens da grande Assembleia”, do tribunal criado por Esdras e
Neemias.
- Ou do grupo de hassidim reagrupados em torno de Matatias por motivos religiosos
e não políticos.
Ainda que divididos em vários grupos, se caracterizavam pela fé e observância da Lei. Pela
sua fidelidade aos rituais da pureza. Eram organizados em haburot ou irmandades.
Realmente foram os divulgadores das sinagogas como assembleias populares. Esperavam o
Messias e acreditavam na outra vida e na ressurreição.
No tempo de Jesus, segundo alguns estudiosos seriam uns 6.000. Deles se separariam os
zelotas organizados lá pelo ano 56 d.C. É o grupo dos sábios que continuaram a tradição
farisaica depois do 70 d.C.
Os samaritanos: Eram os descendentes dos remanescentes do tempo do Exílio na
Babilônia. Povo pobre proveniente da mistura racial nesta época. Não acreditavam que o
Messias era descendente de Davi. No exílio, sofreram influências de outras culturas. Os
samaritanos eram solidários e acolhedores.
Os batistas: Seguidores de João Batista desapareceram em pouco tempo.
Os zelotas ou sicários: Foram grupos violentos que se revoltaram e mantiveram
pela violência até o seu fim, quando Simão Bar-Kokba os levou até sua destruição,
dominados pelas armas romanas.
Existem dados de situações extremas: Quando Roma interferiu e requisitou o
dinheiro do Templo, em 66 d.C., os grupos se uniram, apesar de suas divergências internas
e a revolta popular se transformou na Guerra Judaica que durou 7-8 anos. Só os judeus
fariseus e os judeus cristãos não assumiram a guerra. Para eles, a revolta contra Roma não
era expressão da chegada do Dia de YHWH.
Conta Flavio Josefo que durante o cerco de Jerusalém o respeitável Iohanan Ben-
Zakai, líder dos fariseus, se fez carregar ostensivamente num esquife para fora da cidade
em sinal de desacordo. Como esses fariseus e escribas já estavam estruturados em volta da
sinagoga, nesse momento trágico, foram apoio para muitos outros judeus e assim se
reorganizaram com certa facilidade em Jâmnia como judaísmo formativo (precursor do
judaísmo rabínico normativo) que assumiu a função teológica de ensinar e interpretar a Lei.
Para eles, a libertação do povo só aconteceria quando a Lei fosse rigorosamente
observada. Quem não cumpria a Lei (pobre, doente, ignorante) era maldito porque atrasava
a vinda do messias.
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Gamaliel II, sucessor de Zakai foi bem mais rigoroso. Do seu tempo é o cânon
bíblico judaico e uma série de atividades religiosas para substituir o culto e sacrifício do
Templo. Entre elas a prática das 18 orações, três vezes ao dia. Uma das 18 benções é
maldição aos hereges: “Para os apóstatas que não haja esperança [...] e deixa os nazareus
e os minim perecerem em um momento. Deixa-os ser apagados do livro da vida. E que não
sejam escritos junto com os justos”.
Os cristãos, que já antes da destruição de Jerusalém, se reuniam nas casas e pouco
a pouco se tinham distanciado do Templo, saíram também de Jerusalém para o além do
Jordão, o norte da Galileia e a Síria. No confronto com os judeus foram também expulsos
das sinagogas.
Pixley (1990) sintetiza o fim de Israel dizendo que sobreviveu à hecatombe somente
a “diáspora”, uma grande comunidade religiosa dispersa pelo mundo todo, desarraigada do
seu solo e da natureza camponesa que em parte constituía a essência do projeto israelita.
Também sobreviveu outra comunidade religiosa, a igreja cristã. Durante os duzentos anos
do domínio romano sobre Israel até seu desaparecimento definitivo, houve muita troca na
administração da região. Uma das preocupações dos romanos foi a defesa da fronteira
oriental do império. Que impunha controle sobre o território e a população da Palestina para
obter riquezas através do complexo sistema de tributos e impostos. Assim, o império extraia
riqueza da Palestina por três vias: 1) diretamente, mediante os cobradores de impostos que
arrecadavam tributo de toda a população; 2) mediante os conselhos das cidades, que eram
obrigados a contribuir para vários serviços que lhes prestava o Estado; 3) mediante o
templo, por cujos rendimentos as autoridades sempre mantiveram um especial interesse.
Ao longo dos anos 6-135 d.C. devemos entender
os muitos conflitos havidos como expressões de um
provável movimento popular que não conseguiu
articular-se atrás de uma liderança senão nos últimos
anos, quando Simão Bar-Kokba (Bar Coshiba) o dirigiu
até sua destruição pela força das armas romanas.
Por volta do ano 30 d.C surgiu na Galileia um
movimento em torno de um mestre de Nazaré chamado
Jesus. O conhecemos graças aos escritos de quatro
Evangelhos redigidos por seguidores interessados em
Jesus não como líder popular e sim como fundador de Fonte: http://migre.me/jFtbQ
um novo caminho rumo a Deus e à salvação aberta
para todos/as, judeus e gentios.
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Síntese do estudo:
Olhando pelo retrovisor tdo
nosso estudo:
Olhando pelo retrovisor
Síntese do nosso estudo:
Fonte: http://migre.me/jFtbQ
Olhando pelo
- Domínio do Império Romano.
retrovisor
- Sua brutalidade e loucuras por manter o poder.
- A teimosia e organização do povo por manter sua cultura e sua fé.
- O movimento popular.
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REFERÊNCIAS
CORDEIRO, Ana Luisa A. Onde estão as deusas? Asherah, a deusa proibida, nas linhas e
entrelinhas da Bíblia. São Leopoldo: CEBI, 2011.
DONNER, Herbert. História de Israel e dos Povos Vizinhos. Vol 1 e 2. São Leopoldo:
Sinodal/EST. 5 ed, 2010.
GASS, Ildo Bohn (Org.). Formação do Povo de Israel. 7 ed. São Leopoldo: CEBI; São
Paulo: Paulus, 2005. [Coleção Uma Introdução à Bíblia, Volume 2]
_____. Formação do Império de Davi e Salomão. São Leopoldo: CEBI; São Paulo:
Paulus, 2005. [Coleção Uma Introdução à Bíblia, Volume 3]
_____. Reino Dividido. Coleção São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2004. [Coleção
Uma Introdução à Bíblia, Volume 4]
_____. Período Grego e Vida de Jesus. São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2005.
[Coleção Uma Introdução à Bíblia, Volume 5]
PIXLEY, Jorge. A história de Israel a partir dos pobres. Petrópolis: Vozes, 1990.
SILVA, Valmor. Leituras do Êxodo na América Latina. In: REIMER, Haroldo; SILVA,
Valmor (Org.). Libertação – Liberdade. Novos Olhares. São Leopoldo: OIKOS; Goiânia: UCG,
2008.
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ATIVIDADES
ATIVIDADE 1.1
ATIVIDADE 2.1
3. Leia 2Sm 13,1-22 que relata a história de Tamar, violentada por Amnon e
responda:
Quais são as atitudes dos homens nessa narrativa: Amnon, Jonadab, Davi e
Absalão? Como Tamar viveu esses acontecimentos?
O que é possível e necessário fazer para diminuir a violência contra as
mulheres atualmente?
ATIVIDADE 3.1
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ATIVIDADE 4.1
A Deusa Mãe
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pátio exterior do templo havia outro altar onde foram encontrados vasilhas
sacerdotais com cinzas de animais a partir do que se supõe tratar-se de um lugar de
culto. Além disso, sob a base do templo foi encontrado um leão de bronze, tendo-se
em conta que Asherá se associava a figura do leão.
Muitos arqueólogos e estudiosos do tema pensam que os interesses políticos e
econômicos determinaram a eliminação do culto a Asherá.
ATIVIDADE 5.1
1. Você estudou a situação de exílio. Leia a visão do vale dos ossos secos
em Ez 37,1-14. Reflita sobre a situação dos/as deportados/as e responda:
1.1 Como e por meio de quem os ossos revivem?
1.2 Que luzes traz essa visão para nossa caminhada?
ATIVIDADE 6.1
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ATIVIDADE 7.1
ATIVIDADE 7.2
a) Para manter-se no poder, Herodes Magno controlou possíveis revoltas, matou seus
inimigos e seleciona seus herdeiros e destruiu todas as marcas do helenismo, cultura
do império grego, anterior à chegada dos romanos.
c) Uma das medidas adotadas por Herodes para assegurar a Paz Romana foi proibir a
venda de escravos. Desta forma, conseguiu diminuir as revoltas populares.
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