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Contexto histórico
A palavra empirismo é usada para classificar as propostas surgidas no
período da filosofia moderna (meados do século XV ao século XVIII)
que defendeu a construção de conhecimento com base na experiência.
A origem etimológica do nome dessa corrente de pensamento é a
palavra grega empeiria, que tem sentido muito próximo ao de
“experiência” em nossa língua.
Já entre os gregos antigos, havia uma forma de tratamento
chamada medicina empírica, que consistia em raciocínios sobre
a observação de casos semelhantes. Esses médicos evitavam, nesse
sentido, teorizar sobre as causas das doenças.
As propostas que adotaram a experiência como critério ou guia para a
verdade, no período moderno, estiveram próximas dessa perspectiva,
por isso a importância da evidência e da confirmação. Os principais
pensadores viveram na Inglaterra (John Locke, David Hume e George
Berkeley), com alguns defensores franceses, como Étienne Bonnot de
Condillac.
David Hume
David Hume, em Investigação sobre o entendimento humano (1748),
teve como objetivo estudar a mente. De acordo com sua teoria, os
conteúdos da mente, chamados de percepções, são adquiridos
apenas em contato com a realidade. O que nomeia como impressões
são a via pela qual os conteúdos adentram a mente e não se restringem
apenas ao que resulta diretamente de nossas experiências, mas
incluem as emoções e os desejos.
O que nossa mente retém dessas experiências são as ideias. Trata-se
de uma representação da vivacidade experienciada em
determinado momento, de modo que qualquer ideia que existe na
mente tenha também uma impressão equivalente. O filósofo desafia-
nos a tentar encontrar alguma ideia para a qual seja impossível
encontrar equivalência na experiência.
“Todos admitirão prontamente que há uma considerável diferença entre as percepções da
mente quando um homem sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de uma tepidez
moderada, e quando traz mais tarde essa sensação à sua memória, ou a antecipa pela sua
imaginação. Essas faculdades podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos, mas jamais
podem atingir toda a força e vivacidade da experiência original.” |1|
Empirismo e racionalismo
A disputa entre empiristas e defensores do racionalismo é sobre a
origem do conhecimento. Enquanto os racionalistas buscam um
conhecimento que possa ser universalmente válido, empiristas
enfatizam a investigação da realidade que se apresenta ao ser humano.
O primeiro grupo de filósofos implementou diversas análises
conceituais e argumentos baseados em deduções, enquanto esses
últimos dependeram em geral de raciocínios indutivos.
A ênfase na experiência não indica um abandono da razão. O que
esteve sob suspeita é seu uso como único meio de alcançar
conhecimentos. Todas as propostas dos filósofos desse período, sejam
racionalistas ou não, já foram criticadas, modificadas ou abandonadas;
apresentaram, certamente, noções e teorias que foram influentes não
apenas para a continuação da reflexão filosófica mas também para as
ciências que se desenvolviam nesse período e para as teorias
científicas que surgiram depois. Um filósofo que notavelmente
esforçou-se por resolver os problemas indicados pelos filósofos
modernos é Immanuel Kant.
Notas
|1| HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral.
Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 2004.