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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP

AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO


Prof. Lauro Escobar

DIREITO CIVIL

AULA 03

= BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO =

Professor: Lauro Escobar

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
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Aula 03
Dos Bens

Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →


BENS. Classificação. Bens considerados em si considerados. Bens
reciprocamente considerados. Bens públicos e privados: regime jurídico. Bem
de família legal e convencional.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 79 até 103. Lei n°


8.009/90: da impenhorabilidade do bem de família.

Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 03
A problemática da conceituação .......................................................... 03
Classificação Supralegal: bens corpóreos e incorpóreos .......................... 04
CLASSIFICAÇÃO LEGAL ............................................................................ 05
Bens considerados em si mesmos ........................................................ 06
Bens reciprocamente considerados ...................................................... 18
Bens considerados em relação ao titular do domínio ........................... 23
Bens considerados em relação à possibilidade de negociação .............. 28
Bens de família .................................................................................... 29
Bens gravados com cláusula de inalienabilidade .................................. 35
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ............................................................ 35
Bibliografia Básica ................................................................................... 40
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ............................................................ 40

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INTRODUÇÃO
Como já sabemos, uma relação jurídica envolve três elementos: as
pessoas, os bens e o vínculo. Enquanto no tema “pessoas” nós estudamos os
sujeitos de direito, ou seja, quem pode ser considerado sujeito de direitos e
deveres na ordem civil, no tema de hoje analisaremos o quê pode ser objeto
do Direito. Assim, a relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto os bens
sobre os quais recaem direitos e obrigações.

Atenção Divergência Doutrinária


Há muita divergência doutrinária acerca da utilização das expressões
coisa e bem.
Alguns autores conceituam coisa como tudo o que existe
objetivamente no Universo (com a exclusão das pessoas humanas) e que pode
satisfazer a uma necessidade humana. Já bem é designado para a conceituação
de uma coisa útil ao homem, economicamente apreciável ou valorável,
suscetível de apropriação e que pode ser objeto de direito. Desta forma coisa
seria o gênero (qualquer elemento da natureza, com exceção das pessoas) e
bem a espécie.
Outros autores fornecem conceitos completamente inversos de bem e
coisa. Para eles bem seria um gênero (qualquer objeto que satisfaz o ser
humano, seja de expressão econômica ou não). Alguns bens são amparados
pelo Direito e chamados de bens jurídicos, enquanto outros são bens apenas
na acepção gramatical da palavra. Dos bens jurídicos somente os que se
comportam de forma material é que são considerados como coisas (casas
veículos, joias, etc.), enquanto os bens englobariam também os objetos
abstratos ou imateriais (direitos autorais, honra, imagem, privacidade, etc.).
Assim, coisas seriam espécie de bens materiais, suscetíveis de apropriação.
Uma terceira corrente entende que entre bens e coisas há uma
sinonímia. De fato, a legislação brasileira acaba por utilizar as duas expressões
indistintamente, sem diferenciá-las. O próprio Código Civil não é uniforme, pois
utiliza a expressão “bem” na Parte Geral e passa a utilizar “coisa” na Parte
Especial, quando trata da propriedade.

Atenção! Isso já caiu em concurso Apesar de toda essa discussão


doutrinária, a ESAF, na prova para MDIC (Analista de Comércio Exterior),
realizada em 2012, considerou como correta a seguinte afirmação: “Coisas e
bens são conceitos que não se confundem, embora a coisa represente espécie
da qual o bem é gênero. A honra, a liberdade, a vida, entre outros, representam
bens sem, no entanto, serem considerados coisas”. Houve recurso, porém a
questão não foi anulada... No meu entendimento, questões como essas
deveriam ser evitadas... caindo, deveriam ser anuladas. Mas como já caiu e não
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foi anulada, é prudente seguir o que as bancas estão pedindo: “bem é gênero;
coisa é espécie de bem” (particularmente eu discordo... mas enfim...). Outras
bancas como a FCC, VUNESP e CESPE ainda não se posicionaram sobre o tema
(o que fizeram muito bem... até agora). Acompanhando a doutrina majoritária,
vamos fornecer um conceito, tentando harmonizar os conteúdos das correntes
jurídicas.

BENS são objetos (materiais ou imateriais) que compõem o


patrimônio das pessoas (naturais ou jurídicas) podendo fazer
parte componente das relações jurídicas.

CLASSIFICAÇÃO
Definida a expressão que vamos usar e o seu conceito, vamos agora falar
sobre a classificação dos bens, que é feita segundo critérios de importância
científica, pois a inclusão de um bem de determinada categoria implica a
aplicação de regras próprias e específicas, uma que não se pode aplicar as
mesmas regras a todos os bens.

CLASSIFICAÇÃO SUPRALEGAL (doutrinária)


A primeira classificação que é feita não está prevista expressamente no
Código Civil, mas é plenamente aceita pela doutrina (e também tem grande
incidência em concursos). Vejamos.
Bens Corpóreos (sinônimos: materiais, tangíveis ou concretos): são
aqueles que possuem existência física ou material; podem ser tocados
e são visíveis, percebidos pelos sentidos (ex.: terrenos, edificações, joias,
veículos, dinheiro, livros, etc.).
Bens Incorpóreos (sinônimos: imateriais, intangíveis ou abstratos):
aqueles que não existem fisicamente, pois possuem uma existência
abstrata. No entanto podem ser traduzidos em dinheiro, possuindo valor
econômico e sendo objeto de direito. Ex.: no caso de um programa de
computador (software), o importante não é o CD ou o meio que o contém,
mas sim a produção intelectual de quem elaborou o programa. Outro
exemplo: ainda que dois produtos sejam idênticos, um consumidor pode
decidir comprar de acordo com a marca do produto, pois esta pode lhe
transmitir maior sensação de confiança. Muitas vezes o importante não é a
característica material ou física do produto, mas sim a própria marca. Por
isso é que as empresas investem na criação e desenvolvimento de uma
marca, que pode ajudá-la a conquistar o consumidor e aumentar seus
lucros. O mesmo ocorre com o nome de uma empresa. Outros exemplos:
propriedade literária e/ou científica, direitos autorais, propriedade industrial
(marcas de propaganda, logotipos, patentes de fabricação), concessões

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obtidas para a exploração de serviços públicos, fundo de comércio (ponto
comercial), etc.
Na prática os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e
venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão
(transferência a outrem). Mas ambos podem integrar o patrimônio de uma
pessoa.

PATRIMÔNIO JURÍDICO
Anteriormente dizia-se que patrimônio era a representação econômica da
pessoa. Atualmente afirma-se que é uma universalidade de direitos e
obrigações (cada pessoa possui apenas um patrimônio). Trata-se, portanto, do
conjunto das relações jurídicas ativas e passivas (abrange bens, direitos e
obrigações) de uma pessoa (natural ou jurídica), apreciável economicamente.
Não se incluem aqui as qualidades pessoais, como a capacidade física ou
técnica, conhecimento ou a força de trabalho, porque estes são considerados
simples fatores de obtenção de receitas. No entanto, incluem-se a posse, os
direitos reais, as obrigações e as ações correspondentes. O patrimônio é
composto de elementos ativos ou positivos (bens e direitos) e passivos ou
negativos (obrigações).
Patrimônio positivo é aquele em que o ativo é maior que passivo
(falamos em solvente). O patrimônio do devedor responde por suas dívidas e
constitui garantia geral dos credores. Patrimônio negativo (insolvente) é
aquele em que as dívidas superam os bens e direitos.

PATRIMÔNIO

Bens e Direitos (a receber) Obrigações (a serem pagas)

Só para completar o tema: alguns autores admitem a existência do


chamado “patrimônio moral”, que seria o conjunto de direitos da personalidade.
Outros se referem ao chamado “patrimônio mínimo”, que, em respeito ao
princípio da dignidade, cada pessoa deve ter resguardado pela lei civil um
mínimo de patrimônio para sobreviver de forma efetiva e digna (art. 1°, III,
CF/88).

CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS

Bens considerados em si mesmos: móveis ou imóveis; fungíveis ou


infungíveis; consumíveis ou inconsumíveis; divisíveis ou indivisíveis;
singulares ou coletivos.

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Bens reciprocamente considerados: principais ou acessórios (frutos,
produtos, pertenças e benfeitorias).
Bens considerados em relação ao titular do domínio: públicos (uso
comum do povo, uso especial e dominicais), particulares e res nullius.
Bens considerados quanto à possibilidade de alienação: bens que
estão fora do comércio. O atual Código não prevê expressamente essa
modalidade da classificação em uma seção específica. No entanto ela
existe esparsa pelo Código, ainda é mencionada pela doutrina e cai em
concursos!

Vejamos agora cada uma dessas espécies de forma minuciosa.

I. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

I.1 – BENS QUANTO À MOBILIDADE (arts. 79/84, CC)


A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81, CC)
São aqueles que não podem ser removidos ou transportados de um lugar
para o outro sem a sua destruição ou alteração em sua substância. Ocorre que
com avanço da engenharia e da ciência em geral esse conceito perdeu parte de
sua força. Atualmente há modalidades de imóveis que não se amoldam
perfeitamente a este conceito (ex.: edificações que, separadas do solo,
conservam sua unidade, podendo ser removida para outro local – arts. 81, I e
83, CC). Os bens imóveis também são chamados de “bens de raiz” e podem ser
divididos em:
1. Por Natureza (ou por essência): é o solo (terreno) e tudo quanto
se lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes, etc.), mais
adjacências (espaço aéreo e subsolo). Alguns autores entendem que apenas o
solo seria bem imóvel por natureza. Os acessórios e as adjacências seriam bens
imóveis por acessão natural.
O art. 1.229, CC dispõe que a propriedade do solo abrange a do espaço
aéreo e a do subsolo correspondente em altura e profundidade úteis ao seu
exercício. Quem compra um sítio é o proprietário do subsolo? Resposta para o
Direito Civil: SIM!! O proprietário do solo é também proprietário do subsolo (e
do espaço aéreo), especialmente para construção de passagens, garagens
subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas
limitações. Pelo art. 176, CF/88, as jazidas, os recursos minerais e hídricos,
embora sejam considerados como bens imóveis, constituem propriedade distinta
da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio
(propriedade) da União. Lógico que é difícil alguém comprar um terreno e nele

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“achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou mesmo um lençol petrolífero. No
entanto se isso ocorrer, esta pessoa não será o “dono” deste recurso mineral.
2. Por Acessão: acessão quer dizer aumento, acréscimo ou aderência
de uma coisa a outra. Assim, passam a ser considerados imóveis, tudo quanto
se incorporar natural ou artificialmente ao solo, seja por ação natural ou
humana.
a) Natural: é o acréscimo que ocorre ao solo sem o concurso da ação
humana, como a aluvião, avulsão a formação de ilhas, etc.
b) Física, industrial ou artificial: trata-se de tudo quanto o homem
incorporar permanentemente (o que não significa eternamente) ao solo, não
podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano. Abrange os bens
móveis que, incorporados ao solo pelo trabalho do homem, passam a ser bens
imóveis. Exemplos clássicos genéricos: construções e plantações.
Exemplo: um caminhão de tijolos, cimento, caibros, etc. são considerados bens
móveis. No entanto quando esses bens são usados para se realizar uma
construção qualquer (casa, edifício, ponte, viaduto, etc.), esses bens são
incorporados ao solo pela aderência física, passando a ser imóveis, pois não
podem ser retirados sem causar dano à construção onde estão. Da mesma
forma os seus acessórios (garagem, piscina, etc.). Outro exemplo: sementes
lançadas ao solo ou as plantações (café, cana, etc.). Cuidado apenas com
exemplo que já vi cair: uma árvore geralmente é um bem imóvel; no entanto se
ela for destinada ao corte será considerada móvel por antecipação (veremos
isso logo adiante) e se plantada em um vaso (ex.: bonsai) também será
considerada bem móvel, porque é removível.
c) Intelectual (ou por destinação do proprietário): são os bens móveis
que aderem a um bem imóvel pela vontade do dono, para dar maior utilidade
ao imóvel (a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa).
Trata-se de uma ficção jurídica. Ex.: um trator destinado a uma melhor
exploração de propriedade agrícola, máquinas de uma fábrica têxtil, para
aumentar a produtividade da empresa, veículos, animais e até objetos de
decoração de uma residência. Observação: o atual Código Civil atual não
acolhe mais essa classificação em relação a bens imóveis. Seguindo a doutrina
moderna sobre o tema, o Código qualifica esses bens como pertenças, onde a
coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, constituindo,
portanto, a categoria de bens acessórios (que veremos mais adiante). Vejam
que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá voltar a ser móvel,
por mera declaração de vontade quando não for mais usá-lo para fim a que se
destinava.

Atenção Embora o atual Código não use mais o termo acessão intelectual
(mas sim pertença) o aluno deve ficar “ligado” na forma como foi redigida a
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questão. Como alguns autores ainda a mencionam, é possível que essa
expressão ainda caia em concursos.
3. Por Determinação Legal: são bens que são considerados imóveis
somente porque o legislador assim resolveu enquadrá-los (ficção jurídica),
possibilitando, como regra, receber maior segurança e proteção jurídica nas
relações que os envolve. São eles:
• Direito à sucessão aberta. Falecendo uma pessoa, mesmo que a herança
seja formada apenas por bens móveis, o direito à sucessão (ou seja, o
direito de receber uma herança) será considerado como bem imóvel, com
todas as suas consequências. Ex.: uma pessoa faleceu e deixou um carro,
uma joia e dez mil reais em uma conta-poupança. É aberto o processo de
inventário. O conjunto dos bens deixados pelo falecido (de cujus) é
chamado de espólio. E este tem a natureza de bem imóvel por força de lei.
Assim, o que se considera imóvel não é o direito aos bens que compõe a
herança, mas sim o direito à herança como uma unidade. Somente
após a partilha é que os bens serão considerados de forma individual.
Assim, se o herdeiro quiser renunciar à herança, somente poderá fazê-lo de
modo expresso, por instrumento público ou termo judicial (art. 1.806, CC);
se quiser ceder sua quota de direitos hereditários dependerá de escritura
pública.
• Direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de usufruto,
uso, superfície, habitação, servidão predial, enfiteuse, hipoteca, etc.). A lei,
para dar maior segurança às relações jurídicas, trata os direitos reais sobre
bens imóveis com se imóveis fossem. Encaixam aqui também as ações que
asseguram os bens imóveis, como uma ação reivindicatória da propriedade,
hipotecária, etc.
• Penhor agrícola e as ações que o asseguram.
• Jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica
são consideradas bens distintos do solo onde se encontram (arts. 20, inciso
IX e 176, CF/88).
4. Regras Especiais: nos termos do art. 81, CC, não perdem o
caráter de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis):
• Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local (ex.: “casa pré-fabricada” transportada de uma
localidade para outra).
• Materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se
reempregarem (ex.: telhas retiradas de uma casa para reforma do telhado,
sendo nele reempregadas posteriormente).

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B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84, CC)
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar para
outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social. Podemos classificá-los em:
1) Móveis por Natureza: são os bens que podem ser transportados de
um local para outro sem a sua destruição por força alheia ou que possuem
movimento próprio. Força alheia: são os bens móveis propriamente ditos (carro,
cadeira, livro, joias, etc.). Força própria (suscetíveis de movimento próprio; sem
necessidade da ação humana): são os semoventes, ou seja, os animais de
uma forma geral (bois, cavalos, carneiros, etc.).
2) Móveis por Antecipação: são bens que, ainda que estejam
naturalmente imobilizados (estão incorporados ao solo), destinam-se à
mobilidade por manifestação da vontade, em função da sua finalidade
econômica. Ex.: uma árvore é um bem imóvel; no entanto ela pode ser
plantada especialmente para corte futuro (fábrica de papel, transformação em
lenha, etc.). Portanto, embora seja fisicamente um imóvel ela tem uma
finalidade última como bem móvel. Outros exemplos: os frutos de um pomar
que ainda estão no pé são considerados bem imóveis, mas se destinados à
venda (safra futura) tornam-se bens móveis. O mesmo ocorre em relação aos
minérios destinados à extração e venda.
3) Móveis por Determinação Legal (art. 83, CC): consideram-se bens
móveis para efeitos legais:
a) as energias que tenham valor econômico: a energia elétrica, embora
não seja um bem corpóreo, é considerada pela lei como sendo um bem
móvel. Observem que o art. 155, §3° do Código Penal também a equipara
com um bem móvel, podendo ser objeto do crime de furto (ex.: desvio do
medidor, quando a corrente passa do fornecedor ao consumidor – trata-se do
famoso “gato” ou “gambiarra”). Notem que a lei menciona “energias”, pois
não existe apenas a energia elétrica, sendo que a doutrina fornece outros
exemplos: sinal de telefonia, de TV a cabo, de internet, gás encanado, etc.
Cita a doutrina a hipótese do sêmen de um touro reprodutor premiado como
“energia biológica”.
b) direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes: são
os direitos de propriedade, usufruto, penhor sobre bens móveis.
c) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações: são
os direitos de crédito, isto é, os direitos que um credor tem contra seu
devedor.
d) ainda incluem-se: direitos autorais (art. 3°, da Lei n° 9.610/98),
propriedade industrial (art. 5°, da Lei 9.279/96: direitos oriundos do poder

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de criação e invenção da pessoa), quotas e ações de capital em sociedades,
etc.
4) Regra Especial (art. 84, CC): os materiais destinados à construção
enquanto não forem empregados nesta construção, ainda são considerados
como bens móveis. Materiais provenientes de demolição e que não serão
reempregados, perdem a qualidade de imóvel e passam a ser bens móveis. Ex.:
comprei um “milheiro de tijolos”; enquanto eu não empregar estes tijolos na
obra eles são bens móveis. Após a construção passam a ser imóveis. Caso
ocorra uma demolição e eles não sejam reempregados em outra construção
voltam a ser móveis. Se a intenção é reempregá-los a seguir em outra
construção, não perdem o caráter de imóveis.

Atenção Os navios e aeronaves são bens móveis ou imóveis? A


doutrina os classifica como bens móveis especiais ou sui generis. Apesar de
pela sua natureza e essência serem fisicamente bens móveis (pois podem ser
transportados de um local para outro), são tratados pela lei como se fossem
imóveis, pois necessitam de registro especial e admitem hipoteca. O navio
tem nome e o avião marca, possuindo identificação e individualização próprias.
Ambos têm nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar
(território ficto). Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no
sentido de se constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem
sujeitos de direitos, embora não tenham personalidade jurídica. Portanto,
cuidado com a forma como a questão foi elaborada.

Importância prática na distinção entre Imóveis X Móveis


Os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição da
propriedade, necessidade ou não de outorga, prazos de usucapião e os direitos
reais. Vejamos:
1) Formas de aquisição da propriedade
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a
tradição. Ou seja, em uma compra e venda de bens móveis, somente com a
entrega destes é que se adquire a sua propriedade. Já os bens imóveis são
adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no
Registro de Imóveis (art. 1.245, CC). Enquanto não houver o registro do título,
o vendedor continua sendo o proprietário do imóvel.
2) Outorga
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por
pessoa casada sem a outorga do outro cônjuge, exceto se o regime de bens
escolhido pelo casal for o da separação absoluta de bens (art. 1.647, CC). Já os
bens móveis não necessitam dessa outorga. A outorga pode ser:

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• Marital: o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à mulher e
o marido assina também os documentos anuindo na venda do imóvel.
• Uxória: a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor – em
latim quer dizer mulher casada).

Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? –Sim!


Trata-se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação total
de bens? –Sim! Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (ou vênia)
conjugal (uxória ou marital).
3) Usucapião
Tanto os bens imóveis quanto os móveis podem ser objeto de usucapião.
O que vai diferenciar é o prazo para que isso ocorra. Os prazos para se adquirir
a propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. Exemplificando:
A) Bens Imóveis
1) Usucapião Extraordinária
• 15 anos: sem justo título, sem boa-fé.
• 10 anos: sem justo título, desde que resida no local ou tenha
realizado obras produtivas.
2) Usucapião Ordinária
• 10 anos: com justo título e boa-fé.
• 05 anos: com justo título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde
que resida no local ou tenha realizado investimento de interesse social e
econômico.
• 02 anos: propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar.
B) Bens Móveis
1) Usucapião Extraordinária: sem justo título → 05 anos.
2) Usucapião Ordinária: com justo título e boa-fé → 03 anos.
Lembrando que justo título é definido como sendo o ato jurídico
destinado a habilitar uma pessoa a adquirir o domínio de uma coisa, mas que
por algum motivo acabou não produzindo efeito. Na boa-fé o possuidor está
convicto que a sua posse não prejudica ninguém e desconhece eventuais vícios
que lhe impedem a aquisição do domínio. A Constituição Federal (e o próprio
Código Civil) estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis.
Confiram: arts. 183 e 191, CF/88.

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4) Direitos Reais sobre coisa alheia
• Bens imóveis. Regra → hipoteca (ex.: você recebe uma quantia em
dinheiro emprestada e oferece um bem imóvel como garantia desse
empréstimo, não havendo a entrega do bem).
• Bens móveis. Regra → penhor (ex.: você recebe uma quantia dinheiro
em empréstimo e entrega um bem móvel como garantia deste
empréstimo).
5) Contratos
• Comodato. Regra → imóveis.
• Mútuo. Regra → móveis.
• Locação. Imóveis ou móveis.

IMÓVEIS MÓVEIS

Solo e tudo quanto se lhe incorporar Suscetíveis de movimento próprio, ou


natural ou artificialmente (art. 79, CC). de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da
destinação econômico-social (art. 82,
CC).
• Direitos reais sobre imóveis e as • Energias que tenham valor econômico.
ações que os asseguram. • Direitos reais sobre objetos móveis e
• Direito à sucessão aberta (direito as ações correspondentes.
hereditário). • Direitos pessoais de caráter
• Edificações que, separadas do solo, patrimonial e respectivas ações.
mas conservando a sua unidade, • Materiais destinados a construção,
forem removidas para outro local. enquanto não forme empregados.
• Materiais provisoriamente • Materiais de demolição de um prédio.
separados de um prédio para nele
se reempregarem.
Adquiridos por escritura pública e Adquiridos por tradição, sem
registro e dependem de outorga. necessidade de outorga conjugal.
Objeto de Hipoteca. Usucapião de Objeto de Penhor. Usucapião de 03 e
02, 05, 10 e 15 anos. 05 anos.

I.2 – BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85, CC)


A) INFUNGÍVEIS
São os bens que possuem alguma característica especial, que os tornam
distintos dos demais, não podendo ser substituídos por outros, mesmo que
da mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens considerados em sua
específica individualidade, pois, de alguma forma, estão devidamente
personalizados. Ex.: imóveis de uma forma geral, veículos, um quadro famoso,
etc.

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B) FUNGÍVEIS
São os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade. São as coisas que se contam, se medem ou se
pesam e não se consideram objetivamente como individualidades. Ex.: uma
saca de arroz, uma resma de papel, gêneros alimentícios de uma forma geral,
etc. Lembrando que o dinheiro é o bem fungível por excelência. Trata-se do
mais constante objeto nas obrigações de dar.

Atenção
- Os bens imóveis são infungíveis.
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis.
Explicando. Os bens imóveis são personalizados (há uma escritura, possuem
um registro, um número, etc.), daí serem eles infungíveis, pois estão
individualizados. Excepcionalmente é possível que sejam tratados como
fungíveis. Ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de
terreno, sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não
integra o negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico.
Já os bens móveis, como regra, são fungíveis, mas em alguns casos
podem ser considerados como infungíveis. Ex.: um selo de carta, como regra é
fungível. Mas um “selo raro” é infungível, pois se destina a colecionadores.
Outros: uma moeda rara, o cavalo de corrida Furacão, um quadro pintado por
Renoir, etc. Um veículo automotor é considerado como um bem infungível, pois
possui número de chassis, número de motor, etc., personalizando e
diferenciando dos demais.
A fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade
manifestada pelas partes. Portanto, um bem fungível pode se tornar infungível
por ato de vontade. Ex.: uma cesta de frutas é um bem fungível, mas pode se
tornar infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa
(chamamos esta hipótese de: comodatum ad pompam vel ostentationem) para
ser devolvida posteriormente, intacta. Outro: como regra um livro pode ser um
bem fungível. Mas se nele contiver uma dedicatória ou estiver autografado pelo
autor, este fato faz com que ele se torne único.
Uma obrigação de fazer também pode ser infungível ou fungível. Ex.:
contrato o famoso pintor “Z”, para pintar um quadro; percebam que a atuação
de “Z”, neste caso, é personalíssima, pois ele foi contratado tendo-se em vista
suas habilidades especiais. Portanto trata-se de uma obrigação infungível. Já a
pintura de um muro que foi pichado, ou a troca da resistência de um chuveiro
elétrico são exemplos de obrigações fungíveis, pois não requer uma habilidade
excepcional para o seu cumprimento, podendo ser realizada por qualquer
pessoa.

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Consequências práticas da fungibilidade
• A diferença básica entre a locação, o comodato e o mútuo (que são
espécies de contratos de empréstimo) está na sua fungibilidade. Enquanto o
mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis,
ou seja, o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual, o
comodato é um contrato de empréstimo (gratuito) de coisas infungíveis. E a
locação também é um empréstimo de bens infungíveis, só que oneroso. Nestes
dois últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem.
• Outra consequência: o credor de coisa infungível não pode ser obrigado
a receber outra coisa, mesmo que esta seja mais valiosa (art. 313, CC). Isto é o
credor tem o direito de receber a coisa exata que foi pactuada.
• Outro efeito: a compensação legal (isto é, “A” deve para “B”, mas “B”
também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis entre si. Ou seja, dinheiro se compensa com dinheiro; café se
compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc.

I.3 – BENS QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86, CC)


A) CONSUMÍVEIS
São bens móveis, cujo uso normal importa na destruição imediata da
própria coisa. Admitem um uso apenas. Ex.: gêneros alimentícios, bebidas,
lenha, cigarro, giz, dinheiro, gasolina, etc.

Observação. Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que o


homem lhes dá. Ex.: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois
permitem usos reiterados. Mas expostos numa livraria são considerados como
consumíveis, pois a destinação é a venda (e o vendedor não pode vender a
mesma coisa para duas pessoas). Observem que o art. 86, CC possui a seguinte
redação: são consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata
da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à
alienação (consumíveis de direito).

B) INCONSUMÍVEIS
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire
toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade. Ex.: roupas de uma forma
geral, automóvel, casa, etc., ainda que haja possibilidade de sua destruição em
decorrência do tempo.
Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, devendo
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a
doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem). A consuntibilidade não
decorre propriamente da natureza do bem, mas sim da sua destinação

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econômico-jurídica. Assim, o usufruto somente pode recair sobre bens
inconsumíveis. Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina
de quase-usufruto ou usufruto impróprio.

Não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Em geral um bem


fungível é também consumível (ex.: gêneros alimentícios). No entanto um bem
pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura de um
compositor famoso colocada à venda; uma garrafa de um vinho famoso e raro).
Por outro lado, um bem pode ser também inconsumível e fungível (ex.: uma
ferramenta ou um talher).

I.4 – BENS QUANTO À SUA DIVISIBILIDADE (arts. 87/88, CC)


A) DIVISÍVEIS
São os bens que podem se fracionar em porções reais e distintas,
formando cada qual um todo perfeito: a) sem alteração em sua substância; b)
sem diminuição considerável de valor; c) sem prejuízo do uso a que se
destinam. Ex.: uma folha de papel, uma quantidade de arroz, milho, etc. Se
repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará as mesmas qualidades
do produto. Quanto à expressão “diminuição considerável de valor” é
interessante notar o seguinte exemplo: 05 pessoas herdaram um diamante de
50 quilates. Esta pedra preciosa pode ser dividida em 05 partes iguais (05
diamantes de 10 quilates cada). No entanto esta divisão fará com que haja uma
diminuição considerável no valor do bem, ou seja, o brilhante inteiro terá muito
mais valor do que os cinco pedaços reunidos. Por isso esse bem é considerado
indivisível (ao menos em tese).
B) INDIVISÍVEIS
São os bens que não podem ser fracionados em porções, pois deixariam
de formar um todo perfeito. Ex.: uma joia, um anel, um relógio, um par de
sapatos, etc. No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada em:
• por natureza  se o bem for dividido perde a característica do todo. Ex.:
um cavalo, um relógio, um quadro, etc.
• por determinação legal  alguns bens podem ser divididos fisicamente. No
entanto a lei que os torna indivisíveis. O exemplo clássico é o da herança.
Antes da partilha ela é indivisível por determinação legal. O art. 1.791, CC
determina que a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários
sejam os herdeiros. E continua o parágrafo único: até a partilha, o direito dos
coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Outros exemplos: o
módulo rural (art. 65 do Estatuto da Terra), os lotes urbanos, a hipoteca, etc.
• por vontade das partes (convencional)  um bem fisicamente é divisível,
mas pode se tornar indivisível por força de um contrato. Ex.: entregar 100
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sacas de café. Em tese é uma obrigação divisível (eu poderia entregar 50
sacas hoje e 50 na semana que vem). Mas pode ser pactuado no contrato a
indivisibilidade da prestação: ou seja, todas as 100 sacas devem ser
entregues hoje.

I.5 – BENS QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91, CC)


A) BENS SINGULARES
São singulares (ou individuais) os bens que, embora possam estar
reunidos, são considerados de modo individual, independentemente dos demais.
Ex.: um cavalo, uma casa, um carro, uma joia, um livro, etc. Os bens singulares
podem ser classificados em: a) singulares simples formam um todo
homogêneo, cujas partes componentes estão unidas em virtude da própria
natureza ou da ação humana, sem que seja necessária qualquer
regulamentação (pedra, cavalo, árvore, folha de papel, etc.); b) singulares
compostos são os que as partes heterogêneas estão ligadas artificialmente
pelo engenho humano; na realidade são vários objetos independentes que se
unem em um só todo, sem que desapareça a condição jurídica de cada uma das
partes. Ex.: materiais de construção. Uma porta ou uma janela, embora estejam
ligados à edificação de uma casa, continuarão assim a ser chamados. Quando
vendemos a casa é obvio que está subentendido que a porta e a janela
acompanharão a venda. Outros exemplos: navio ou avião, carro, relógio,
computador, etc.
B) BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS
Universalidade é a pluralidade de bens singulares autônomos que,
embora ainda conservem sua identidade, são consideradas em seu conjunto,
formando um todo único (universitas rerum), passando a ter individualidade
própria, distinta da dos seus objetos componentes. Trata-se de um gênero e que
tem como espécies:
a) Universalidade de Fato (art. 90, CC)  é a pluralidade de bens
singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana,
para um determinado fim. Devem pertencer à mesma pessoa e ter destinação
unitária (fim específico). Ex.: biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho
(bovino, ovino, suíno, caprino, etc.), hemeroteca (jornais e revistas), alcateia
(lobos), cáfila (camelos), panapaná (borboletas), cambada (porção de objetos
enfiados; por extensão passou a significar o coletivo de caranguejos), etc.

Observação. Os bens reunidos para a formação da universalidade de fato


não perdem a sua autonomia e podem ser objeto de relações jurídicas
próprias. Ou seja, cada bem pode ser objeto de relação jurídica individualizada
ou, a critério do proprietário, ser negociado coletivamente. Ex.: pode-se vender
uma vaca do rebanho ou o rebanho inteiro.
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b) Universalidade de Direito (art. 91, CC)  é a pluralidade de bens
singulares, corpóreos (ou incorpóreos) e heterogêneos, a que a norma
jurídica dá unidade, com o intuito de produzir certos efeitos; é o complexo
de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Ex.:
patrimônio, que é o conjunto de relações ativas e passivas (bens, direitos,
obrigações) de uma pessoa (natural ou jurídica), incluindo a posse, os direitos
reais, as obrigações e as ações correspondentes. Outros exemplos: herança (ou
espólio) que é uma universalidade de bens que passa do falecido aos seus
sucessores no exato momento de sua morte, massa falida, etc.

Observações
01) Na universalidade de fato a destinação é dada pela vontade humana; na
universalidade de direito a destinação é dada pela norma jurídica.
02) Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os indivíduos,
menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que
sobrou.

Atenção ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL


O art. 1.142, CC conceitua estabelecimento como sendo “todo complexo
de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária”. A doutrina amplia e melhora o conceito afirmando ser
um conjunto de bens corpóreos e/ou incorpóreos organizado de forma racional
para exercício da empresa, entendida esta como atividade economicamente
organizada para a produção de bens e serviços, visando torná-la mais eficiente
para a obtenção de lucros. Alguns autores também o chamam de fundo de
comércio, azienda, negócio empresarial, fundo de empresa, etc. Possui valor
patrimonial e pode ser realizado em dinheiro. Seus elementos podem ser
vendidos em conjunto ou isoladamente. Possui as seguintes características:
conjunto de bens; ligados por força da vontade humana; pertencentes à mesma
pessoa; destinação unitária, que é o exercício da empresa (atividade
empresarial).
A doutrina majoritária entende que:
A) Para fins de alienação, o estabelecimento é considerado um bem
móvel. Isso já caiu em algumas provas (principalmente na FGV)!! Pode ser
transferido por escritura pública ou particular, não se exigindo outorga conjugal
(art. 978, CC). O estabelecimento não é sujeito de direitos e não tem
personalidade jurídica.
B) O estabelecimento empresarial é exemplo de universalidade de
fato (e não de direito), na medida em que o complexo constituído pelos bens
que o compõem permite tratá-lo de forma unitária (pode ser alienado como
um todo), o que o distingue dos bens individuais que o integram. Além disso,
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sua unidade não decorre da lei (como ocorre na massa falida e na herança),
mas da vontade do empresário para uma finalidade específica, que também
teria liberdade para reduzir ou aumentar o estabelecimento, alterar o seu
destino, etc., não se confundindo com o patrimônio pessoal do empresário.
Recentemente a Fundação Carlos Chagas, em um concurso para o ISS/SP
elaborou uma questão assim: “O estabelecimento é definido como o complexo
de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária. A partir dessa definição, extrai-se que a natureza jurídica
do estabelecimento é a de: (resposta dada como correta): (A) universalidade
de fato, entendida como conjunto de bens pertencentes à mesma pessoa, com
destinação unitária”. No entanto a professora Maria Helena Diniz, muito
consultada para elaboração de questões concursos, entende que se trata de
uma universalidade de direito, em face do art. 1.143, CC: “Pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua natureza” (Curso
de Direito Civil Brasileiro, Vol. 1, pág. 387, Ed. Saraiva, 35ª edição, 2015).

II. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os


bens (arts. 92/97, CC). O que um bem é em relação a outro bem. Segundo esta
classificação os bens podem ser principais ou acessórios.
A) PRINCIPAIS
São os que existem por si, abstrata ou concretamente,
independentemente de outros; exercem função e finalidades autônomas. Ex.: o
solo, um crédito, uma joia, etc.
B) ACESSÓRIOS
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de outro bem; sua
existência e finalidade dependem de um bem principal. Ex.: um fruto em relação
à árvore, uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, os
juros, etc.

Regra → o bem acessório segue o principal (salvo disposição


especial em contrário): acessorium sequitur suum principale.

Observações
01) Esta regra estava prevista no art. 59 do Código anterior e não foi
reproduzida no atual. Trata-se de um princípio geral do Direito Civil,
reconhecido de forma unânime pela doutrina, tendo aplicação direta em nosso

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ordenamento, retirada de forma presumida da análise de vários dispositivos da
atual codificação (ex.: art. 92, CC). A regra é conhecida como princípio da
gravitação jurídica (um bem atrai o outro para sua órbita, comunicando-lhe
seu próprio regime jurídico: o principal atrai o acessório; o acessório segue o
principal). Por essa razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será
também o do acessório. Outro efeito: a natureza do principal será também a do
acessório. Ex.: se o solo é imóvel, a árvore nele plantada também o será.
02) Esta regra também se aplica aos contratos. Ex.: a fiança somente existe
como forma de garantia se houver outro contrato principal, como a locação.
Desta forma, se o contrato principal (locação) for considerado nulo, nula
também será considerado acessório (fiança); já o inverso não é verdadeiro, ou
seja, se a fiança for considerada nula, o contrato principal pode continuar a
produzir efeitos. Outro exemplo: multa contratual em relação ao contrato em si.

São bens acessórios:


1) Frutos  são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente;
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do
bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em:
a) Naturais: são os que se renovam periodicamente pela própria força
orgânica da coisa (ex.: frutas, crias de animais, ovos, etc.).
b) Industriais: são os que surgem em razão da atividade humana (ex.:
produção de uma fábrica).
c) Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude sua
utilização por outrem que não o proprietário; é a cessão remunerada da
coisa (ex.: juros de caderneta de poupança, aluguéis, dividendos ou
bonificações de ações, etc.).
Os frutos ainda podem ser classificados, quanto ao seu estado em:
pendentes (ainda estão ligados fisicamente à coisa que os produziu, mas podem
ser destacados, sem nenhum risco para a inteireza da coisa); percebidos ou
colhidos (são os já separados ou destacados da coisa principal da qual se
origina); estantes (colhidos e armazenados em depósitos; acondicionados para
a venda); percipiendos (já deveriam ter sido colhidos ao tempo da safra, mas
ainda não o foram) e consumidos (já colhidos e que não existem mais:
utilizados ou alienados).
2) Produtos  são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a sua
substância, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento. E isto é
assim porque eles não se reproduzem. Ex.: pedras de uma pedreira, minerais de
uma jazida, carvão mineral, lençol petrolífero, etc.

Atenção Os frutos e os produtos, ainda que não separados do bem


principal, já podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95, CC). Ex.: posso
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vender uma possível safra de laranjas que ainda estão ligadas ao principal, por
ser prematura a sua colheita no momento do contrato.

Frutos X Produtos
Os frutos se renovam quando são utilizados ou separados da coisa,
não alterando a substância da coisa principal. Ex.: colhendo as frutas de um
pomar, as árvores não diminuem e continuam produzindo nas próximas
safras. Já os produtos se exaurem com o uso, sendo que a extração do
produto determina a progressiva diminuição da coisa principal. Ex.: a
extração do minério de ferro de uma mina faz com que a mesma vá
diminuindo a produção, até o seu esgotamento.
3) Rendimentos  na verdade eles são os próprios frutos civis ou
prestações periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de
um bem (ex.: aluguel).
4) Produtos orgânicos da superfície da terra (ex.: vegetais, animais, etc.).
5) Obras de aderência  obras que são realizadas acima ou abaixo da
superfície da terra (ex.: uma casa, um prédio de apartamentos, o metrô,
pontes, túneis, viadutos, etc.).
6) Pertenças  segundo o art. 93, CC, são os bens que, não constituindo
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Exemplos
que costumam cair nas provas: moldura de um quadro que ornamenta uma
casa de eventos, máquinas agrícolas (trator), animais ou materiais destinados a
melhor explorar o cultivo de uma propriedade agrícola, máquinas e instalações
de uma fábrica, geradores de energia, escadas de emergência e outros
equipamentos contra incêndio, aparelho de ar-condicionado em um escritório,
órgão de uma igreja, etc.

ATENÇÃO!! Esse tema é muito exigido em concursos, dada a sua


peculiaridade. Vamos então aprofundá-lo.
PERTENÇA vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). Apesar
de ser considerada como bem acessório (pois depende economicamente de
outro bem), conserva sua individualidade e autonomia, tendo com o principal
apenas uma subordinação econômico-jurídica. Para a caracterização da pertença
é necessário o vínculo intencional duradouro (estável), estabelecido por
quem faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a
regra do art. 94, CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade
das partes. Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio
de que “o acessório segue o principal”. Por isso, quando se tratar de negócio
que envolva transferência de propriedade que contenha uma pertença é

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conveniente que as partes se manifestem expressamente sobre os acessórios
(se eles acompanham ou não o bem principal), evitando situações dúbias
posteriores. Ex.: quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o
equipamento de som está incluso ou não no negócio; quando se vende uma
casa, os bens móveis não acompanham, salvo disposição em contrário. Só são
pertenças os bens que não forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se
forem retirados do principal não afetam a sua estrutura. Ex.: uma casa é
composta por diversas partes integrantes. Uma porta ou uma janela são
fundamentais para a existência desta casa, portanto são consideradas como
partes integrantes. Já o ar-condicionado ou um quadro desta casa podem ser
considerados como pertenças (eles pertencem a casa, mas não são partes
integrantes). Quando se vende uma casa, as portas e as janelas (partes
integrantes) acompanham a venda. Já o ar-condicionado e o quadro (pertenças)
podem ser vendidos juntos ou podem ser retirados da casa pelo vendedor, não
fazendo parte do negócio. Tudo vai depender do que for estabelecido no
contrato. Da mesma forma os instrumentos agrícolas e os animais em relação a
uma fazenda.
7) Acessões (de forma implícita)  aumento do valor ou do volume da
propriedade devido a forças externas (fatos fortuitos, como formação de ilhas,
aluvião, avulsão, abandono de álveo, além das construções e plantações). Em
regra não são indenizáveis.

ATENÇÃO O tema a seguir também é muito exigido em concursos!

8) BENFEITORIAS  são obras ou despesas que se fazem em um bem


móvel ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. As benfeitorias
são bens acessórios introduzidos no principal pelo homem. Se for realizado pela
natureza não é considerado como benfeitoria. O art. 97, CC prevê que não se
consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindo ao bem
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Dividem-se as
benfeitorias em (art. 96, CC):
a) Necessárias: são as que têm por finalidade conservar ou evitar que o
bem se deteriore (art. 96, §3°, CC); se não forem feitas a coisa pode perecer.
Ex.: reforços em alicerces, reforma de telhados, substituição de vigamento
podre, desinfecção de pomar, etc.
b) Úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (art. 96, §2°,
CC); não são indispensáveis, mas se forem feitas darão um maior
aproveitamento à coisa. Ex.: construção de uma garagem, de um lavabo dentro
da casa, instalação de aparelho hidráulico moderno, etc.
c) Voluptuárias: são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que
não aumentam o uso habitual do bem, mas o torna mais agradável,

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aumentando o seu valor comercial (art. 96, §1°, CC). Ex.: construção de uma
piscina, uma churrasqueira, uma pintura artística, um jardim com flores
exóticas, etc.

Atenção A classificação acima não é absoluta, pois uma mesma


benfeitoria pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo de uma
circunstância concreta. Ex.: uma pintura pode ser necessária em uma casa de
praia para evitar uma infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la.

Relevância jurídica da distinção das benfeitorias


Se o possuidor estiver de boa-fé (isto é, desconhecia eventuais vícios
que esta posse tinha) ele tem direito à indenização das benfeitorias necessárias
e úteis. Caso elas não sejam indenizadas, o possuidor tem o direito de
retenção pelo valor das mesmas. Isto é, ele pode reter o bem até que seja
indenizado pelas benfeitorias feitas. Já as benfeitorias voluptuárias não serão
indenizadas, mas elas poderão ser levantadas (isto é, retiradas do bem – a
doutrina chama isso de jus tollendi), desde que não haja danificação da coisa.
Tais direitos estão previstos no art. 1.219, CC.
Por outro lado, se o possuidor estiver de má-fé (ele sabia que aquele
bem não era seu; conhecia os defeitos de sua posse) serão ressarcidas somente
as benfeitorias necessárias. Este possuidor não será indenizado pelas
benfeitorias úteis e nem pelas voluptuárias. Além disso, não poderá levantar
nenhuma das benfeitorias realizadas e também não terá direito de retenção
sobre nenhuma delas. Nem mesmo sobre as necessárias. Isto está previsto no
art. 1.220, CC. É o preço que se paga por estar de má-fé. Vejam o quadrinho
abaixo que retrata bem o que foi dito agora sobre as indenizações das
benfeitorias.

Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé

Necessárias Indeniza Indeniza

Úteis Indeniza Não indeniza

Voluptuárias Não indeniza, mas podem ser Não indeniza


levantadas

É interessante acrescentar que a Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91),


dispõe de forma um pouco diferente, pois permite disposições contratuais em
contrário. Vejamos:
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não

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autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão
indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo
ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não
afete a estrutura e a substância do imóvel.

Acessão artificial X Benfeitoria


• Acessão artificial: obra que cria uma coisa nova, como as construções
e plantações (ex.: edificação de uma casa em um terreno).
• Benfeitoria: obra ou despesa realizada em bem já existente, sem
modificar a sua substância. É apenas uma reforma levada a efeito pelo
homem (artificial) na coisa e que não aumenta o volume.

Benfeitoria X Pertença
• Benfeitorias: obras realizadas diretamente no bem para conservá-lo
(necessária), melhorá-lo (útil) ou embelezá-lo (voluptuária). Assim que
realizadas, estas obras se tornam parte do próprio bem; elas se
incorporam ao principal. Por isso, como regra, elas não possuem
autonomia e existência própria. Quando se vende uma casa e o contrato
nada fala, a piscina e a garagem (benfeitorias) acompanham o negócio.
• Pertenças: bens que se destinam de modo duradouro ao uso, ao serviço
ou ao aformoseamento de outro bem, sem perder a sua autonomia. O
bem está a serviço da finalidade econômica de outro bem, não havendo
incorporação. Quando se vende uma fazenda e o contrato nada fala, o
trator (pertença) não acompanha o negócio.
Atenção Alguns bens deixam de ser acessórios e passam a ser principais.
Estas exceções se justificam para valorizar um trabalho artístico, daí a inversão.
Ex.: a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a
escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, etc.

III. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO

Na realidade esta classificação é feita não sob o ponto de vista dos


proprietários, mas sim pelo modo como se exerce o domínio sobre os bens.
Neste sentido eles podem ser divididos em particulares, públicos ou coisas de
ninguém. Vejamos:

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A) BENS PARTICULARES (ou privados)
São os que pertencem às pessoas naturais ou jurídicas de direito
privado. Não vemos necessidade de aprofundar o tema.

B) RES NULLIUS
São as chamadas “coisas de ninguém”. Existem no universo, mas não
são públicas nem particulares, pois não têm dono. Ex.: animais selvagens
em liberdade, pérolas de ostras que estão no fundo do mar, peixes no mar,
conchas na praia, etc. As coisas abandonadas (também chamadas de res
derelictae) são espécies do gênero ‘coisas de ninguém’; elas já pertenceram a
alguém, mas foram abandonadas.

C) BENS PÚBLICOS (res publicae)


Estabelece o art. 98, CC que são públicos os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno
(União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias e Fundações
de Direito Público). Os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a
que pertencerem. No entanto é interessante ressaltar o Enunciado 287 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF: “O critério da classificação de bens indicado no
art. 98, CC não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser
classificado como tal o bem pertencente à pessoa jurídica de direito privado que
esteja afetado à prestação de serviços públicos”.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS


Quanto à titularidade (natureza da pessoa titular) os bens públicos
podem ser federais, estaduais, distritais ou municipais, conforme pertençam,
respectivamente, à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios, ou
as suas autarquias ou fundações de direito público.
Quanto à disponibilidade eles se classificam em: a) indisponíveis por
natureza: são os que sequer possuem natureza patrimonial, e, por tal motivo,
não podem ser alienados ou onerados pelas entidades a que pertencem (ex.:
mares, rios, etc.); b) patrimoniais indisponíveis: apesar de terem natureza
patrimonial não podem ser alienados, pois são utilizados pelo Estado para uma
finalidade pública (ex.: escolas, hospitais, etc.); c) patrimoniais disponíveis: são
os que possuem natureza patrimonial e como não estão afetados a determinada
finalidade pública, podem ser alienados (ex.: bens dominicais, que veremos
mais adiante).
Para o Direito Civil, a classificação mais importante é quanto à sua
destinação. Vejamos:
1. USO COMUM (OU GERAL) DO POVO: são os destinados à utilização
do público em geral; podem ser usados sem restrições e em igualdade de

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condições por todos, sem necessidade de permissão especial. Também são
chamados de bens de domínio público. O Código Civil fornece uma enumeração
exemplificativa (art. 99, I, CC): praças, jardins, ruas, estradas, mares, rios
navegáveis, praias, etc. Não perdem a característica de uso comum se o Estado
regulamentar seu uso, restringi-lo (ex.: fechamento de uma praça à noite por
questão de segurança) ou exigir uma contraprestação (ex.: pedágio nas
rodovias). Art. 103, CC: O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja
administração pertencerem. É franqueado o uso e não a propriedade, pois esta
pertence à entidade de Direito Público, estando presente o poder de polícia do
Estado, enquanto o povo é o usuário do bem.
2. USO ESPECIAL: são bens destinados ao funcionamento e
aprimoramento dos serviços realizados pelo Estado; em regra são os edifícios ou
terrenos utilizados pelo próprio poder público para a execução de serviço público
(federal, estadual, territorial ou municipal). Ex.: Prefeituras, Secretarias,
Ministérios, prédios onde funcionam Tribunais, Assembleias Legislativas,
Quartéis, Escolas Públicas, Hospitais Públicos, Bibliotecas, Museus, etc. Podem
também ser móveis, como os veículos oficiais. Incluem-se, também, os bens
das autarquias. O Direito Administrativo se refere a todos estes bens públicos
como sendo afetados.
Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem
público. Isto é, indica ou determina que um bem está sendo utilizado para uma
determinada finalidade pública. Assim, uma praça (uso comum do povo) que
estiver sendo usada pela população como tal, é um bem afetado; da mesma
forma um prédio em que funcione uma repartição pública (uso especial). De
forma contrária, um bem que não esteja sendo utilizado para qualquer
finalidade pública é considerado desafetado.
3. DOMINICAIS (ou dominiais – do latim: dominus  relativo ao
domínio, senhorio): são os bens que constituem o patrimônio disponível da
pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens imóveis e também os
móveis. Na verdade, são os demais bens públicos, por exclusão (ou residual),
pois eles não são de uso comum do povo e nem têm uma destinação pública
especial definida; não possuem afetação. São eles (apenas
exemplificativamente):
• Mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas de largura, de
propriedade da União. Além disso, há a zona econômica exclusiva (de 12 a
200 milhas), onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para fins de
exploração econômica, preservação ambiental e investigação científica.
• Terrenos de marinha (e acrescidos): terrenos banhados por mar, lagoas e
rios (públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão compreendidos

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na faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha de preamar média
(mediação realizada em 1831 e até hoje válida). Pertencem à União, por
questão de segurança nacional (art. 20, VII, CF/88).
Observação: Decreto-lei n° 9.760/46. Art. 2º São terrenos de marinha, em
uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a
parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os situados no
continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça
sentir a influência das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde
se faça sentir a influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a
influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros
pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. Art. 3º São
terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou
artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos
de marinha. Art. 4° São terrenos marginais os que banhados pelas correntes
navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 (quinze) metros,
medidos horizontalmente para a parte da terra, contados dêsde a linha média das
enchentes ordinárias.
• Terras devolutas: são terras que, embora não destinadas a um uso público
específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não
aproveitadas. As terras devolutas se forem indispensáveis à segurança nacional
(fronteiras, fortificações militares, preservação ambiental) são consideradas da
União (art. 20, II, CF/88). As demais pertencem aos Estados-membros (art. 26,
IV, CF/88), sendo que podem ser transferidas aos Municípios.
• Herança: bens que o Município recebeu em razão de herança vacante (pessoa
morreu sem deixar herdeiros) e que permanecem sem destinação.
• Outros bens considerados (pela doutrina) como dominicais: prédios
públicos desativados, móveis inservíveis, estradas de ferro (se forem públicas,
pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; quedas d’água, jazidas e
minérios; sítios arqueológicos, etc. Quanto às ilhas, há uma divisão: em regra
as marítimas pertencem à União. Já as fluviais e lacustres pertencem aos
Estados-membros, exceto se localizadas na fronteira com outro País ou em rios
que banham mais de um Estado. Quanto às terras indígenas (arts. 231, §1° e
20, XI, CF/88), há quem diga que são bens de uso especial (corrente
majoritária, pois há uma afetação) e outros que são dominicais.

Questão interessante Meio Ambiente. Para alguns autores o art. 225,


CF/88 criou uma nova espécie de bem, que foge da tradicional classificação
público/particular: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações”.

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O bem ambiental, assim, seria um bem de uso comum do povo, essencial
à sadia qualidade de vida. No entanto tal bem não é classificado como público,
propriamente dito e muito menos como particular, posto que não se refere a
uma pessoa (física ou jurídica, de direito público ou privado), mas sim a toda
uma coletividade de pessoas. Portanto é chamado de bem coletivo. Este direito
ganhou definição legal infraconstitucional com o advento da Lei n° 8.078/90
(Código de Defesa do Consumidor), que estabeleceu em seu art. 81, parágrafo
único, inciso I que são interesses difusos os direitos transindividuais (isto é,
que transcendem, ultrapassam a figura do indivíduo), de natureza indivisível,
pertencendo a toda uma coletividade simultaneamente (pessoas
indeterminadas) e não a esta ou aquela pessoa ou um grupo específico de
pessoas.

Características dos Bens Públicos


• Inalienabilidade  os bens públicos não podem ser vendidos, doados
ou trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou
seja, enquanto tiverem afetação pública (art. 100, CC: Os bens públicos de
uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar). Já os bens
públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências legais
previstas para a alienação de bens da administração (art. 101, CC). Conclusão:
a inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta.
• Impenhorabilidade  penhora é um instituto de Direito Processual
Civil; trata-se de um ato judicial pelo qual se apreendem os bens de um
devedor para saldar uma dívida que não foi paga. Geralmente o bem penhorado
é vendido judicialmente e com o produto da venda paga-se o credor,
satisfazendo seu crédito. No entanto isso não é possível em relação aos bens
públicos, posto que estes não se sujeitam ao regime da penhora. Isso porque a
Constituição Federal estabeleceu regra diferenciada para a satisfação dos
créditos de terceiros, chamada de “precatórios” (art. 100, CF/88). Impede-se,
assim, que um bem público passe do devedor ao credor, ou seja, vendido,
mesmo que por força de uma execução judicial. A doutrina costuma citar apenas
uma exceção prevista na Constituição Federal (art. 100, §6°), uma vez que
nesta hipótese admite-se o sequestro (ou seja, a apreensão) de dinheiro para
assegurar o pagamento do precatório em caso de ser preterido o seu direito.
• Imprescritibilidade  trata-se da impossibilidade total de aquisição da
propriedade dos bens públicos por usucapião (também chamada de prescrição
aquisitiva). A Constituição Federal proíbe a aquisição da propriedade, por
usucapião de bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 191, parágrafo único
da CF/88). Estabelece o art. 102, CC: Os bens públicos não estão sujeitos
a usucapião. Prevê a Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal: “Desde a

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vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não
podem ser adquiridos por usucapião”. Assim, ainda que uma pessoa tenha a
posse de um imóvel por tempo muito além do que o necessário para a sua
aquisição por usucapião, não nascerá para ele qualquer direito diante da
expressa vedação constitucional. Interessante acrescentar que a Constituição
somente faz menção aos bens imóveis, mas há unanimidade no sentido de que
o dispositivo também se aplica também aos bens móveis. Até porque o art. 102,
CC foi genérico, não fazendo qualquer distinção entre os bens.
• Não-onerabilidade  onerar um bem significa deixá-lo em garantia,
caso haja o descumprimento de uma obrigação (ex.: penhor e hipoteca). Os
bens públicos não podem ser gravados com qualquer tipo de garantia em favor
de terceiros.
• Conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidos em
bens de uso comum ou de uso especial. Por meio da afetação o bem passa da
categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do
domínio público. Já a desafetação permite que um bem de uso comum do povo
ou de uso especial seja reclassificado como sendo um bem dominical; retira-se
do bem a finalidade pública à qual ele se liga. Esta classificação
afetação/desafetação tem vital importância para se possibilitar a alienação do
bem. Isso porque os bens afetados, enquanto permanecerem nesta situação,
não podem ser alienados.

IV. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO À NEGOCIAÇÃO

O atual Código Civil não trata mais desta categoria de bens de forma
explícita. No entanto ela continua existindo e a doutrina se refere a ela
normalmente. Ela é relativa à possibilidade de comercialização dos bens.
Lembrando que comércio (em sentido técnico) é possibilidade de compra e
venda, doação, ou seja, é liberdade de circulação e transferência de bens.
Vejamos:
1. Bens que integram o comércio: são os negociáveis, disponíveis;
podem ser adquiridos e alienados. Estão livres de quaisquer restrições que
impossibilitem sua apropriação ou transferência, podendo passar, gratuita ou
onerosamente de um patrimônio para outro.
2. Bens que estão fora do comércio: são os que não podem ser
transferidos de um acervo patrimonial a outro. Espécies:
a) insuscetíveis de apropriação (inalienáveis por natureza): são bens
de uso inexaurível (ex.: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.); como não são
raros, não despertam interesse econômico. São também chamados de “coisas
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comuns a todos” (res communes omnium). No entanto, se atender a
determinadas finalidades, pode ser objeto de comércio (captação do ar ou da
água do mar para a extração de determinados elementos).
b) personalíssimos: são os preservados em respeito à dignidade
humana (ex.: vida, honra, liberdade, nome, órgãos do corpo humano, cuja
comercialização é expressamente proibida pela lei, etc.).
c) legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, têm
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-
sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Só excepcionalmente podem
ser alienados, exigindo uma lei específica ou uma decisão judicial (alvará).
Alguns exemplos:
• bens públicos (uso comum do povo e uso especial: art. 100, CC).
• bens das fundações (arts. 62 a 69, CC).
• terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4°, CF).
• bens de menores (art. 1.691, CC).
• terreno onde foi construído edifício de condomínio por andares, enquanto
persistir o regime condominial (art. 1.331, §2°, CC).
• usufruto (art. 1.393, CC: Não se pode transferir o usufruto por alienação;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso),
excetuando a possibilidade de sua alienação unicamente para o nu-
proprietário (art. 1.410, VI, CC).
• bens de família (veremos melhor adiante).
• bens gravados com cláusula de inalienabilidade (veremos melhor adiante).

BEM DE FAMÍLIA
(Arts. 1.711 a 1.722, CC)

No Brasil a regra é que o devedor, para o cumprimento de suas


obrigações, responde com todos os seus bens, presentes ou futuros (art. 391,
CC). Uma das exceções é o bem de família, que teve origem nos EUA. O
governo da então República do Texas promulgou um ato em 1839, garantindo a
cada cidadão determinada área de terra, isentas de penhora (Homestead
Exemption Act). O objetivo era incentivar o povoamento do vasto oeste
americano, concedendo o benefício e lá fixando as famílias, sob a condição de
nela residir, cultivar o solo ou usá-la como um meio de se sustentar.
No Brasil é o instituto pelo qual se vincula o destino de um prédio para
ser domicílio ou residência de sua família, sendo mais uma forma de se

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proteger a família (em sentido amplo) reforçando o art. 6°, CF/88, que
determina: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. Como veremos,
há duas espécies de bem de família: voluntária (Código Civil) e legal (Lei n°
8.009/90).

No concurso como eu faço? Se no cabeçalho da questão o examinador


não se referir expressamente a uma das modalidades, o candidato deve optar
pela forma voluntária, pois foi essa a estabelecida pelo Código Civil.
Vejamos.

A) CÓDIGO CIVIL: Forma Voluntária


Nos termos do art. 1.711, CC podem os cônjuges (entidade familiar) ou
terceiros, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu
patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido) para
instituir o bem de família. Completa o art. 1.712, CC prevendo que o bem de
família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças
e acessórios, destinando-se a domicílio familiar. No entanto o próprio dispositivo
prevê que pode abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família. Lógico que só pode instituir o
bem de família voluntário quem for solvente.
Como a lei fala em “entidade familiar”, é interessante aprofundar um
pouco mais o tema. A doutrina a conceitua como “toda e qualquer espécie de
união capaz de servir de acolhedouro das emoções e das afeições dos seres
humanos”, estando expressamente prevista no art. 226, §3° e §4°, CF/88.
Portanto, entende-se como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, bem como a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes (familia monoparental). E recentemente o Supremo Tribunal
Federal estendeu a expressão também para as uniões homoafetivas.
Vale acrescentar que terceiros também podem ser instituidores do bem
de família, por doação ou testamento, contanto que esse ato seja devidamente
aceito pela entidade familiar beneficiada (art. 1.711, parágrafo único, CC).
Consequências. Com a instituição do bem de família, surgem, basicamente,
dois efeitos:
a) Impenhorabilidade limitada. Isso porque o bem se torna isento de
dívidas futuras à instituição, salvo as tributárias referentes ao bem (ex.:
IPTU) e despesas de condomínio (se for prédio de apartamento), nos termos
do art. 1.715, CC. Portanto, impostos como o Imposto de Renda, ISS, etc., não
autorizam a Fazenda Pública solicitar a penhora do bem de família.

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b) Inalienabilidade relativa. Isso porque uma vez instituído só poderá
ser alienado com a autorização de todos os interessados, cabendo ao Ministério
Público intervir quando houver a participação de incapaz (art. 1.717, CC).
Para se constituir um bem de família, é necessária a escritura pública ou
testamento (art. 1.711, CC) e o seu respectivo registro no Registro de
Imóveis (art. 1.714, CC), além de publicação na imprensa local, para ciência de
terceiros. A condição para que se faça esta instituição é que inexistam ônus
(dívidas) sobre o imóvel bem como dívidas anteriores. Não terá validade a
instituição se for feita com fraude contra credores (trata-se de um vício do
negócio jurídico que veremos em aula mais adiante).
A duração da instituição é até que ambos os cônjuges faleçam, sendo
que, se restarem filhos menores de 18 anos, mesmo falecendo os pais, a
instituição perdura até que todos os filhos atinjam a maioridade. Falecendo um
dos consortes o imóvel não entrará em inventário e nem será partilhado
enquanto viver o outro. Se este também falecer, deve-se esperar a maioridade
de todos os filhos. O prédio entrará em inventário para ser partilhado somente
quando a cláusula for eliminada. Desta forma, a dissolução da sociedade
conjugal (separação judicial ou divórcio), por si só, não extingue o bem de
família. No entanto o art. 1.721, CC faz a ressalva de que dissolvida a
sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá
pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Somente haverá a alienação (venda, doação, etc.) do bem de família
instituído quando houver anuência dos dois consortes e de seus filhos, quando
houver. Havendo a participação de incapazes o Juiz irá designar um curador
especial e irá consultar o Ministério Público. A cláusula somente poderá ser
levantada por mandado judicial (também chamado de mandado de liberação),
justificado o motivo relevante. Se foi solenemente instituído pela família como
domicílio desta, não pode ter outro destino.
Se houver menores impúberes (menores de 16 anos) a situação ainda
fica mais complicada: a cláusula não poderá ser eliminada, salvo se houver sub-
rogação (substituição da coisa por outra; transferência das qualidades de uma
coisa para outra) em outro imóvel para a moradia da família.

B) LEI Nº 8.009/90: Forma Legal


Atualmente a Lei n° 8.009/90 dispõe sobre a impenhorabilidade
(observem que a lei não fala em inalienabilidade) do bem de família, que passou
a ser o imóvel residencial (rural ou urbano) próprio do casal ou da entidade
familiar, independentemente de inscrição no Registro de Imóveis. A
impenhorabilidade compreende, além do imóvel em si, as construções,
plantações, benfeitorias de qualquer natureza, equipamentos de uso
profissional, mas também os bens móveis que guarnecem a casa. Não só

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aqueles indispensáveis à habitabilidade de uma residência, mas também aqueles
usualmente mantidos em um lar comum (necessários para uma vida sem luxos,
porém digna). Excluem-se os veículos de transporte, obras de arte e adornos
suntuosos (art. 2°). Essa lei especial não revogou as regras do bem de família
voluntário e vice-versa. Ou seja, o Código Civil e a Lei n° 8.009/90 coexistem de
forma paralela e em harmonia.

Observações
01) O STJ firmou os seguintes entendimentos (Recurso Especial nº
1.178.469-SP: a) É possível a penhora de parte do imóvel, caracterizado como
bem de família, quando for possível o desmembramento sem sua
descaracterização; b) A avaliação da natureza do bem de família, amparado
pela Lei n° 8.009⁄90, por ser questão de ordem pública e não se sujeitar à
preclusão, comporta juízo dinâmico. E essa circunstância é moldada pelos
princípios basilares dos direitos humanos, dentre eles, o da dignidade da pessoa
humana, um dos fundamentos do nosso Estado Democrático, nos termos do art.
1°, inciso III, da Constituição da República; c) Para que seja reconhecida a
impenhorabilidade do bem de família, de acordo com o art. 1°, da Lei n°
8.009⁄90, basta que o imóvel sirva de residência para a família do devedor,
sendo irrelevante o seu valor.
02) O STJ tem admitido, para efeito de bem de família, que a renda
proveniente de imóvel locado também seja considerada impenhorável.
Exemplo clássico: um casal possui uma casa muito grande. No entanto, devido
às altas despesas que esta casa exige, resolve alugá-la, sendo que com o
dinheiro alugam um apartamento pequeno. Como ainda sobra um “dinheirinho”,
para a jurisprudência esta sobra também é impenhorável, pois mesmo não
morando na casa, esta é o único bem residencial de propriedade da família.
03) O STJ considera possível que a impenhorabilidade do bem de família
atinja simultaneamente dois imóveis do devedor: aquele onde ele mora
com sua esposa e outro no qual vivem suas filhas menores (e a mãe delas),
nascidas de relação extraconjugal. Isso porque, a impenhorabilidade do bem de
família visa resguardar não somente o casal, mas o sentido amplo de entidade
familiar. Portanto, a jurisprudência do STJ vem reforçando o entendimento de
que a impenhorabilidade prevista na lei 8.009/90 não se destina a proteger
somente a família em sentido estrito, mas, sim, a resguardar o direito
fundamental à moradia, com base no princípio da dignidade da pessoa
humana.
04) No caso da pessoa não ter imóvel próprio (ex.: locação, usufruto), a
impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados que guarneçam a
residência e que sejam da propriedade do locatário (geladeira, fogão,
televisão, etc.). Se o casal ou entidade familiar for possuidor de vários imóveis

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utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor
(art. 5°), salvo se outro tiver sido registrado (bem de família voluntário).

EXCEÇÕES
Vimos que o bem de família do Código Civil (voluntário) só pode ser
penhorado em duas hipóteses: tributos devidos em relação ao próprio bem
imóvel ou condomínio.
Já os bens de que trata a Lei n° 8.009/90 tem um número maior de
exceções, ou seja, de hipóteses em que o bem será vendido para pagar a
dívida. Assim esses bens (apontados na lei especial), não responderão por
dívidas civis, mercantis, fiscais trabalhistas, etc., salvo se o processo de
execução for movido em razão de (art. 3°):
• execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia.
• crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição
do imóvel.
• cobrança de impostos (ex.: IPTU ou ITR) taxas e contribuições devidas em
função do imóvel.
• dívidas de condomínio também referente ao próprio imóvel.
• credor de pensão alimentícia (resguardados os direitos, sobre o bem, do
seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal,
observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida).
• bem adquirido com produto de crime.
• obrigação decorrente de fiança nos contratos de locação.

Observação
Esse dispositivo possuía mais uma hipótese: créditos de trabalhadores da
própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias. No entanto o
inciso foi expressamente revogado pela Lei Complementar n° 150/2015 (que
dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico).

Cuidado com o item “fiança nos contratos de locação”


Atualmente, tanto a lei, como a jurisprudência assim dispõem: se uma
pessoa é proprietária de um imóvel e quiser alugá-lo vai desejar que o locatário
(inquilino) apresente um fiador. Este fiador precisa ser proprietário de um bem
imóvel, para garantir a fiança. Ou seja, se o locatário (inquilino) não pagar o
aluguel o proprietário (locador) irá acioná-lo. E se ele não conseguir pagar a
dívida, o locador acionará o fiador, ficando este responsável pela dívida.
Pergunto: pode o fiador alegar que aquele é o único bem de que dispõe e
alegar a escusa do “bem de família” para não pagar a dívida? Resposta:
atualmente não (depois de várias idas e vindas de nossos Tribunais). Ou seja,

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se uma pessoa se dispuser a ser fiador, neste momento está abrindo mão do
chamado bem de família. Não poderá invocar esse benefício para deixar de
pagar a dívida do inquilino. Nos últimos anos essa posição já foi alterada
diversas vezes. Atualmente é essa a posição que está vigorando, inclusive com
decisão do Supremo Tribunal Federal (o direito social à moradia incluído na
EC 26/2000, não se confunde necessariamente com o direito de propriedade
imobiliária). Devemos estar bem conscientes de que ao assumirmos o risco de
sermos fiador de alguém, estaremos abrindo mão do bem de família da Lei n°
8.009/90. Mas é evidente que esta situação não se aplica àquele bem de família
previsto no Código Civil, pois neste caso o bem foi registrado e se tornou, além
de impenhorável, também inalienável.

Súmulas do STJ sobre Bem de Família


01. Súmula 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família
abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e
viúvas (isso porque o STJ entende que na realidade a base da proteção do bem
de família, apesar do nome, não é a família, mas a proteção constitucional da
dignidade humana, que se traduz no direito à moradia).
02. Súmula 449: A vaga de garagem que possui matrícula própria no
registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.
03. É interessante mencionar que quando se tratar de pessoas casadas, a
fiança deve ser prestada por ambos, sob pena de anulação. Neste sentido é a
Súmula 332 (nova redação): A fiança prestada sem autorização de um dos
cônjuges implica a ineficácia total da garantia.
Quadro Comparativo

CÓDIGO CIVIL – VOLUNTÁRIO LEI ESPECIAL – LEGAL

1. Arts. 1.711 a 1.722, CC. 1. Lei n° 8.009/90.

2. Ato voluntário. Necessita de 2. Instituído por lei. Não depende de


registro. Máximo 1/3 do patrimônio qualquer ato. Efeitos automáticos e
líquido. imediatos. Único imóvel para residência
da família.

3. Acarreta inalienabilidade e 3. Acarreta somente a


impenhorabilidade. impenhorabilidade.

4. Exceções: dívidas decorrentes do 4. Exceções previstas no art. 3°:


condomínio e dívidas tributárias que hipoteca, financiamento, impostos,
recaem sobre o próprio imóvel. condomínio, pensão alimentícia, produto
de crime e fiança nos contratos de
locação.

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BENS GRAVADOS COM CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE
São aqueles que se tornam inalienáveis pela vontade humana, por meio
de uma cláusula temporária ou vitalícia, nos casos previstos em lei, por ato
inter vivos (ex.: doação) ou causa mortis (ex.: testamento). Ex.: um pai,
percebendo que seu filho irá dilapidar o patrimônio, faz um testamento, com
essa cláusula especial, a fim de que os bens não saiam do patrimônio do filho,
protegendo esses bens do próprio filho, impedindo que os atos de
irresponsabilidade ou má administração possam levar o filho à insolvência -
dívidas superiores aos créditos. O art. 1.911, CC determina que “a cláusula de
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade”. Atualmente essa cláusula tem valor
limitado, pois o testador deve apontar expressamente a justa causa para
tornar o bem inalienável (art. 1.848, CC), ou seja, deverá justificar o porquê
desta medida. Um caso justificável, como vimos, é a prodigalidade do filho.

Resumo Esquemático da Aula

I. CONCEITO
Bens são valores materiais ou imateriais, que satisfazem uma necessidade
humana (úteis), economicamente valoráveis e suscetíveis de apropriação, que podem
ser objeto de uma relação de direito. Toda relação jurídica entre dois sujeitos tem
por objeto um bem sobre o qual recaem direitos e obrigações. Obs.: há divergência
doutrinária acerca da utilização das expressões “coisa” e “bem”.

II. CLASSIFICAÇÃO SUPRALEGAL (DOUTRINÁRIA)


1. Corpóreos (materiais, tangíveis ou concretos): são os que têm existência
física; podem ser tocados (ex.: terreno, casa, carro, livro, joia).
2. Incorpóreos (imateriais, intangíveis ou abstratos): são os que não podem ser
percebidos pelos sentidos, mas possuem valor econômico, podendo ser objeto de
direito (ex.: direitos autorais, propriedade industrial).
Obs.: ambos integram o patrimônio de uma pessoa; os primeiros podem ser
objeto de compra e venda e os segundos apenas de cessão.

III. CLASSIFICAÇÃO LEGAL


• Bens considerados em si mesmos: móveis ou imóveis; fungíveis ou infungíveis,
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis; singulares ou coletivos.
• Bens reciprocamente considerados: principais ou acessórios (frutos, produtos,
pertenças e benfeitorias).
• Bens considerados em relação ao titular do domínio: públicos (uso comum
do povo, uso especial e dominicais), particulares e res nullius.
• Bens considerados quanto à possibilidade de alienação: bens que estão fora
do comércio. Não há previsão expressa desse item no atual Código.

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A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (arts. 79/91, CC)
1. Quanto à Mobilidade
1.1. Imóveis: são os que não podem ser removidos ou transportados de
um lugar para o outro sem a sua destruição e os assim considerados pela lei
(arts. 79 e 80, CC). Subdividem-se em: a) imóveis por natureza (ex.: solo,
subsolo e espaço aéreo); b) acessão física ou artificial (ex.: plantações e
construções); c) acessão intelectual (expressão não acolhida pelo atual código
que prefere chamá-la de pertença); d) disposição legal (ex.: direito à sucessão
aberta, ainda que a herança seja formada apenas por bens móveis); e) regra
especial (não perdem o caráter de imóvel): as edificações que, separadas do
solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se
reempregarem.
1.2. Móveis: são os que podem ser transportados de um lugar para outro,
por força própria ou estranha, sem alteração da sua substância ou da
destinação econômico-social. Subdividem-se em: a) móveis por natureza: são
os que podem ser transportados por força alheia (carro, joia) ou que possuem
movimento próprio (semoventes – gado de uma forma geral: bovino, equino,
ovino, caprino, etc.); b) móveis por antecipação (árvore plantada para corte
ou frutos de um pomar que ainda estão no pé, mas destinados à venda - safra
futura); c) móveis por determinação legal (energias que tenham valor
econômico, direitos autorais).
1.3. Observações: a) os materiais de construção enquanto não forem
empregados nesta construção, ainda são considerados como bens móveis; b)
as árvores, enquanto ligadas ao solo, são bens imóveis por natureza, exceto
se se destinam ao corte. Quando isso ocorre, elas se convertem em móveis
por antecipação.
1.4. Importância prática na distinção entre Imóveis e Móveis: forma de
aquisição da propriedade (tradição para móveis e registro para os imóveis),
necessidade de outorga uxória ou marital em casos de bens imóveis (sendo
dispensada tal providência se for bem móvel), prazos de usucapião
(geralmente maiores para os bens imóveis) e os direitos reais (como regra
hipoteca para imóveis e penhor para os móveis).
1.5. Navios e Aeronaves: fisicamente são bens móveis, mas possuem
uma disciplina jurídica como se imóveis fossem.
2. Quanto à Fungibilidade
2.1. Infungíveis: não podem ser substituídos por outros do mesmo
gênero, qualidade e quantidade (ex.: um apartamento, um veículo, um quadro
famoso). Os imóveis só podem ser infungíveis.
2.2. Fungíveis: podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (ex.: gêneros alimentícios, dinheiro, etc.).
3. Quanto à Consuntibilidade
3.1. Inconsumíveis: proporcionam reiterados usos, permitindo que se
retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: imóveis, veículos,
roupas, livros, etc.).
3.2. Consumíveis: são bens móveis, cujo uso importa na destruição
imediata da própria coisa (consumíveis de fato); admitem apenas um uso
(gêneros alimentícios, bebidas, dinheiro, etc.). Há bens que são consumíveis
conforme a destinação que o homem lhe dá (consumíveis de direito): os
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livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois permitem usos reiterados.
Mas expostos numa livraria são considerados como consumíveis, pois a
destinação é a venda.
4. Quanto à divisibilidade
4.1. Divisíveis: podem ser fracionados em porções reais e distintas,
formando cada qual um todo perfeito, sem alteração de sua substância,
diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam.
4.2. Indivisíveis: não podem ser fracionados em porções, pois deixariam
de formar um todo perfeito. A indivisibilidade pode ser: por natureza (um
cavalo), por determinação legal (herança, hipoteca, módulo rural, lotes
urbanos) ou pela vontade das partes (contrato).
5. Quanto à Individualidade
5.1. Singulares: são os que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.
5.2. Coletivos (ou universais): são as coisas que se encerram agregadas
em um todo. Universalidade de fato: pluralidade de bens singulares,
corpóreos e homogêneos, que, pertinentes à mesma pessoa, tenham
destinação unitária pela vontade humana (biblioteca, pinacoteca, rebanho,
etc.). Cada um dos bens pode se objeto de relação jurídica própria.
Universalidade de direito: pluralidade de bens singulares, corpóreos,
dotadas de valor econômico, ligadas pela norma jurídica (patrimônio, herança,
massa falida, etc.).

B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (arts. 92/97, CC)


1. Principais: existem por si mesmos, exercendo função e finalidade
independentemente de qualquer outro bem (terrenos, joias, etc.).
2. Acessórios: sua existência depende da existência do principal. Regras →
a) o bem acessório segue o destino do principal, salvo disposição em contrário; b)
proprietário do principal também é proprietário do acessório; c) a natureza do
acessório é a mesma do principal.
2.1. Frutos: são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente;
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do
bem que as gera (frutas, aluguéis, etc.).
2.2. Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a
substância da coisa, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento.
2.3. Pertenças: são os bens que, não constituindo partes integrantes
(como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de modo duradouro,
ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex.: acessórios de um
veículo, ornamentos de uma residência, máquinas (trator) para exploração da
propriedade agrícola, etc. Apesar de serem acessórios, mantém sua
individualidade (ou seja, em relação a elas não se aplica a regra de que o
acessório segue o principal).
2.4. Benfeitorias: são acréscimos, melhoramentos ou despesas que são
feitas em um bem já existente (móvel ou imóvel), para conservá-lo, melhorá-
lo ou embelezá-lo. Espécies: a) necessárias (realizada para a conservação do
bem: alicerce da casa), úteis (são as que aumentam ou facilitam o uso da
coisa: garagem) e voluptuárias (mero embelezamento, recreio ou deleite:
piscina, troca de piso com mármore).

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2.5. Indenização das Benfeitorias: a) possuidor de boa-fé: direito à
indenização das benfeitorias necessárias e úteis. Caso elas não sejam
indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo valor das mesmas. Já
as benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas poderão ser
levantadas (art. 1.219, CC). b) possuidor de má-fé: são ressarcidas
somente as benfeitorias necessárias. Não há indenização pelas benfeitorias
úteis e voluptuárias. Não pode levantar nenhuma das benfeitorias realizadas e
não tem direito de retenção sobre nenhuma delas (art. 1.220, CC).
2.6. Deixam de ser bens acessórios e passam a ser principais: a pintura
em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a escritura ou
qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, qualquer trabalho
gráfico em relação ao papel utilizado.

C) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO (arts. 98/103,


CC)
1. Particulares: são os que pertencem às pessoas naturais (físicas) ou às
pessoas jurídicas de direito privado.
2. Res Nullius: são as coisas de ninguém (ex.: um peixe no fundo do mar; as
coisas abandonadas, conhecidas como res derelictae). Não confundir coisa
abandonada, onde há um ato voluntário (o abandono) com a coisa perdida, em
que o ato foi involuntário e a coisa continua a pertencer (ao menos em tese) ao
patrimônio do titular.
3. Públicos: são os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno.
3.1. Uso comum do povo: destinados à utilização do público em geral
(rios, mares, estradas, ruas, etc.). O uso comum dos bens públicos pode ser
gratuito ou retribuído (art. 103, CC).
3.2. Uso especial: utilizados pelo próprio poder público para a execução
de serviço público (hospitais e escolas públicas, secretarias, ministérios, etc.).
Imóveis (prédios) ou móveis (veículos). Incluem-se os bens das autarquias.
3.3. Dominicais: constituem o patrimônio disponível das pessoas de
direito público: terras devolutas, terrenos de marinha, herança vacante, etc.
Não estão afetados a qualquer finalidade pública.
3.4. Características dos bens públicos: inalienáveis, pois como regra
não podem ser vendidos (os bens dominicais e os desafetados podem ser
alienados, observadas as exigências legais); impenhoráveis (não recai
execução judicial ou penhora); imprescritíveis (não podem ser objeto de
usucapião, qualquer que seja a sua natureza: art. 191, parágrafo único,
CF/88, art. 102, CC e Súmula 340 STF).
3.5. Observação: os bens públicos de uso comum do povo e os de uso
especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação (art. 100,
CC). Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei (art. 101, CC).
3.6. Conversão: os bens públicos dominicais podem ser convertidos em
bens de uso comum ou de uso especial (afetação). Já pela desafetação
permite-se que um bem de uso comum do povo ou de uso especial seja
reclassificado como sendo um bem dominical.

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D) BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO À NEGOCIAÇÃO
1. Bens que integram o comércio: são os negociáveis, disponíveis; podem
ser apropriados e transferidos, passando, gratuita ou onerosamente, de um
patrimônio para outro.
2. Bens que estão fora do comércio: são os que não podem ser
transferidos de um acervo patrimonial para outro.
2.1. Insuscetíveis de apropriação: coisas de uso inexaurível (ar, luz
solar, água do alto-mar, etc.).
2.2. Personalíssimos: são os preservados em respeito à dignidade
humana (ex.: vida, honra, liberdade, nome, bens como os órgãos do corpo
humano, cuja comercialização é expressamente proibida pela lei, etc.).
2.3. Legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, têm
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-
sociais, defesa social e proteção de certas pessoas. Estes bens somente podem
ser alienados de forma excepcional. Ex.: bens públicos (uso comum do povo e
especial – art. 100, CC), bens das fundações (arts. 62 a 69, CC), terras
ocupadas pelos índios (art. 231, §4°, CF), bens de menores (art. 1.691, CC),
usufruto (art. 1.393, CC), bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art.
1.911, CC), bens de família (1.711, CC).
2.4. Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (art. 1.911,
CC): tornam-se inalienáveis por vontade humana inter vivos (ex.: doação) ou
causa mortis (testamento), de forma vitalícia ou temporária. A pessoa deve
apontar a “justa causa” para tornar o bem inalienável (art. 1.848, CC).
2.5. Bem de Família (arts. 1.711 a 1.722, CC): cônjuges ou entidade
familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinam parte de seu
patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido).
Consiste em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, destinando-se a domicílio familiar. Pode recair sobre valores
mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento
da família.
2.6. Não confundir: Código Civil X Lei n° 8.009/90. Diferenças. Bem
de Família Voluntário (arts. 1.711 a 1.722, CC): a) ato voluntário (deve
ser registrado); b) deve representar no máximo um terço do patrimônio
líquido da pessoa que está registrando; c) acarreta inalienabilidade e
impenhorabilidade do bem; d) admitem-se apenas duas exceções: dívidas
decorrentes de condomínio e as dívidas tributárias que recaem sobre o bem.
Bem de Família Legal (Lei n° 8.009/90): a) na realidade não torna a coisa
propriamente em “bem de família”; esta coisa fica apenas impenhorável, ou
seja, não pode recair penhora sobre ele; b) aplica-se a famílias que possuem
apenas um único imóvel para sua residência (este bem, de forma
automática, é considerado bem de família; decorre da lei); c) acarreta
somente a impenhorabilidade (e não a inalienabilidade, ou seja, o bem não
pode ser penhorado por terceiros, mas se o proprietário quiser, poderá vendê-
lo); d) possui um número maior de exceções (art. 3° da lei especial). Ex.:
dívidas que recaem sobre o imóvel (hipoteca, financiamento, impostos,
condomínio), pensão alimentícia, produto de crime. Cuidado com a fiança
nos contratos de locação: se a pessoa se dispuser ser fiador, estará abrindo
mão do bem de família legal, não podendo mais invocar o benefício para
deixar de pagar a dívida do inquilino.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito
Civil. Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de
Direito Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora
Freitas Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado.
Editora Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora
Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas
Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) Em relação


aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) os melhoramentos sobrevindos ao bem consideram-se benfeitorias, mesmo
que sem a intervenção do proprietário, do possuidor ou do detentor.
(B) os negócios atinentes ao principal sempre abrangem as pertenças.
(C) os bens públicos dominicais podem ser alienados, atendidas as exigências
da lei.
(D) os bens públicos estão sujeitos à usucapião.

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(E) as energias que tiverem valor econômico consideram-se imóveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 97, CC prescreve que não
se consideram benfeitorias os melhoramentos e acréscimos sobrevindos ao bem
sem intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. A letra “b” está errada,
pois segundo o art. 94, CC, os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem
principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. A letra “c” está correta
nos termos exatos do art. 101, CC. A letra “d” está errada, pois nos termos do
art. 102, CC os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Finalmente a letra
“e” está errada, pois segundo o art. 83, CC, as energias que tenham valor
econômico são consideradas móveis para efeitos legais. Gabarito: “C”.

02) (FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça – 2013) Nos termos do


Código Civil brasileiro, considera-se bem imóvel:
(A) a energia que tenha valor econômico.
(B) o direito à sucessão aberta.
(C) material de construção proveniente de demolição.
(D) direito pessoal de caráter patrimonial.
(E) aeronave.
COMENTÁRIOS. Direito à sucessão aberta, nos termos do art. 80, II, CC. Em
relação a esse item não há dúvida alguma. As demais situações são bens
móveis. Observem que a letra “e” é polêmica, pois trata da aeronave (avião).
Como os navios e aeronaves podem ser transportados de um local para outro
sem a sua destruição (aliás, foram feitos para isso), eles se encaixam no
conceito de bens móveis. A doutrina os considera como “bens móveis especiais
ou sui generis”, pois apesar de pela sua natureza e essência serem fisicamente
bens móveis, são tratados pela lei como fossem imóveis, pois necessitam de um
registro especial (a exemplo de uma casa, que é um bem imóvel) e admitem
hipoteca (que recai, em regra, sobre bens imóveis). No entanto não há qualquer
dispositivo afirmando que são equiparados a bens imóveis. Gabarito: “B”.

03) (TJ/GO – Oficial de Justiça Avaliador – Serranópolis – 2013) O


direito à sucessão aberta considera-se, para os efeitos legais como
sendo bem:
(A) consumível.
(B) imóvel.
(C) semovente.
(D) fungível.
(E) pertença.
COMENTÁRIOS. Art. 80, II, CC: bem imóvel. Gabarito: “B”.

04) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


No tocante aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) perdem o caráter de imóveis as edificações separadas do solo e removidas
para outro local, ainda que conservando sua unidade.
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(B) consideram-se imóveis, para efeitos legais, os direitos reais sobre imóveis
e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.
(C) tornam-se móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio,
para nele se reempregarem.
(D) são bens consumíveis aqueles cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, salvo se destinados à alienação.
(E) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois dispõe o art. 81, I CC que não
perdem o caráter de imóveis as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local. A letra “b” está
correta nos termos do art. 80, CC. A letra “c” está errada, pois dispõe o art. 81,
II, CC, que não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele se reempregarem. A letra “d” está errada,
pois prevê o art. 86, CC que são consumíveis os bens móveis cujo uso importa
destruição imediata da própria substância, sendo também considerados os
destinados à alienação. Finalmente a letra “e” também está errada nos termos
do art. 90, CC: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares
que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Gabarito: “B”.

05) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Consideram-


se bens móveis para os efeitos legais:
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
(C) as energias que tenham valor econômico.
(D) tudo quanto se incorporar ao solo artificialmente.
(E) as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade,
forem removidas para outro local.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o direito à sucessão aberta é
considerado como bem imóvel (art. 80, II, CC). A letra “b” está errada, pois os
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem
não perdem o caráter de imóveis (art. 81, II, CC). A letra “c” está correta nos
termos do art. 83, I, CC. A letra “d” está errada, pois “tudo quanto se incorporar
ao solo artificialmente” é considerado bem imóvel (art. 79, caput, CC). A letra
“e” está errada, pois as edificações que, separadas do solo, mas conservando
sua unidade, forem removidas para outro local também são bens imóveis (art.
81, I, CC). Gabarito: “C”.

06) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Árvore


frutífera incorporada artificialmente ao solo é um bem
(A) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados
à árvore.

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(B) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(C) imóvel, se considerado em si mesmo, e acessório, em relação aos frutos,
os quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam
separados da árvore.
(D) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(E) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados
ao principal.
COMENTÁRIOS. Um mesmo bem pode ser classificado de várias maneiras,
dependendo da ótica que se analisa. As principais classificações são: a) bens
considerados em si mesmos (móveis ou imóveis, fungíveis ou infungíveis,
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis, etc.); b) bens
reciprocamente considerados (principais e acessórios). A questão exige a
classificação de uma árvore frutífera incorporada artificialmente ao solo. Quanto
à primeira classificação (considerados em si mesmos), podemos dizer que a
árvore incorporada ao solo (não tendo destinação ao corte) é considerada como
bem imóvel, pois se encaixa no sentido do art. 79, CC: “São bens imóveis o
solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. Com isso
descartamos as alternativas “a” e “d”, pois nelas afirma-se que são bens
móveis. Quanto à classificação reciprocamente considerados, temos que cotejar
a árvore com outro bem (no caso com seus frutos). Assim, a árvore em relação
aos frutos é considerada principal (e os frutos acessórios). Isso porque se
encaixa no sentido do art. 92, CC: “Principal é o bem que existe sobre si,
abstrata ou concretamente, acessório, aquele cuja existência supõe a do
principal” (nesse sentido um fruto somente existe por causa da árvore). Assim
descartamos a letra “c” que afirma que a árvore é acessória em relação aos
frutos. Restam as letras “b” e “e”. Finalmente descartamos a letra “e”, pois
estabelece o art. 95, CC: “Apesar de ainda não separados do bem principal, os
frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico”. Ou seja, eu posso
vender toda a minha produção de mangas, embora elas ainda se encontrem
pendentes na árvore. Gabarito: “B”.

07) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) Em


relação aos bens, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
(B) são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro.

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(C) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertencentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
(D) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
(E) consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis
e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 84, CC. A letra “b”
está correta de acordo com o que prevê o art. 93, CC. A letra “c” está errada,
pois o examinador misturou os conceitos de universalidade de fato e de direito.
Segundo o art. 90, CC, constitui universalidade de fato a pluralidade de bens
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. E
segundo o art. 91, CC, constitui universalidade de direito o complexo de
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. A letra “d” está
correta conforme dispõe o art. 88. Finalmente a letra “e” está certa, pois retrata
o disposto no art. 80, I e II, CC. Gabarito: “C”.

08) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –


HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Considere:
I. Direito à sucessão aberta.
II. Energias que tenham valor econômico.
III. Um cavalo.
IV. Uma floresta.
V. Direitos pessoais de caráter patrimonial.
São bens imóveis os indicados APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) II, III e V.
(C) I, II e V.
(D) IV e V.
(E) I e IV.
COMENTÁRIOS. O item I é um bem imóvel nos termos do art. 80, II, CC. O
item II é um bem móvel nos termos do art. 83, I, CC. O item III é um bem
móvel (semovente), nos termos do art. 82, CC. O item IV é um bem imóvel nos
termos do art. 79, CC (solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente). Finalmente o item V é um bem móvel nos termos do art. 83,
III, CC. Gabarito: “E” (são bens imóveis os itens I e IV).

09) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) A colheita de uma plantação é
considerada bem
(A) imóvel por destinação legal.
(B) móvel por antecipação.
(C) imóvel por natureza.

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(D) móvel por natureza ou essência.
(E) móvel por destinação legal.
COMENTÁRIOS. A vontade humana pode mobilizar bens imóveis em função da
sua finalidade econômica. Assim, uma plantação de café é considerada como
bem imóvel. No entanto como ela foi plantada especialmente para uma colheita
futura ela tem uma finalidade última como bem móvel. É o que a doutrina
chama de bens móveis por antecipação. O mesmo ocorre com a plantação de
árvores para corte, pedras e metais aderentes ao imóvel, etc. Gabarito: “B”.

10) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Em relação


aos bens:
(A) pertenças são bens que constituem partes integrantes de outros bens
móveis ou imóveis, para incremento de sua utilidade.
(B) são móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para
nele se reempregarem.
(C) infungíveis são os bens móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade.
(D) não perdem o caráter de bens imóveis as edificações que, separadas do
solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local.
(E) as benfeitorias podem ser principais, acessórias, singulares e coletivas.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 93, CC, são
pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. A letra “b”
está errada, pois estabelece o art. 81, II, CC que não perdem o caráter de
imóveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. A letra “c” está errada, pois o art. 85, CC dispõe que são
fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade. A letra “d” está correta nos exatos termos do art. 81, I,
CC. A letra “e” está errada, uma vez que estabelece o art. 96, CC que as
benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Gabarito: “D”.

11) (FCC – TRT 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Livro


contendo dedicatória de um de seus autores é um bem
(A) móvel, infungível, indivisível e singular.
(B) imóvel por equiparação, fungível, indivisível e singular.
(C) móvel, infungível, divisível e coletivo.
(D) móvel, fungível, divisível e singular.
(E) imóvel por equiparação, infungível, indivisível e coletivo.
COMENTÁRIOS. O livro em questão é um bem móvel, pois pode ser
transportado de um local para outro sem alteração de sua substância (art. 82,
CC); é infungível tendo-se em vista a dedicatória nele contida, personalizando-o
e impossibilitando a sua substituição por outro da mesma espécie, qualidade e
quantidade (art. 85, CC); é indivisível, já que não pode ser fracionado, pois se

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isso ocorresse perderia o uso a que se destina (art. 87, CC) e é singular, porque
pode ser considerado de forma isolada, independentemente de outros livros
(art. 89, CC). Gabarito: “A”.

12) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Os bens públicos destinados a estabelecimento de administração
federal e a serviço de autarquia da administração municipal são
considerados bens
(A) de uso especial.
(B) de uso comum do povo e bens de uso especial, respectivamente.
(C) de uso especial e bens dominicais, respectivamente.
(D) de uso comum do povo.
(E) dominicais.
COMENTÁRIOS. Dispõe o art. 99, II, CC: São bens públicos: os de uso
especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias. Gabarito: “A”.

13) (FCC – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do


Estado do Ceará – Analista – 2013) Considere:
I. São bens públicos de uso especial do povo os rios, mares, estradas, ruas e
praças.
II. O uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, conforme estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
III. Ao Ministério Público cabe, em regra, elaborar o estatuto das fundações.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estes bens são de uso comum do
povo (art. 99, I, CC). O item II está correto, pois o art. 104, CC estabelece que
o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou oneroso. Gabarito: “B”.

14) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Podem os cônjuges ou a entidade familiar destinar parte de seu
patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um
terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição,
(A) mediante escritura pública ou testamento, que apenas consistirá do imóvel
de menor valor, entre os de propriedade do instituidor, compatível com o
padrão de vida da família, e esse bem ficará livre de penhora, salvo em
execuções por dívidas de alimento, débitos trabalhistas, indenização por

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responsabilidade civil e para saldar hipoteca ou satisfazer obrigação decorrente
de fiança locatícia.
(B) apenas por escritura pública, e consistirá em prédio residencial urbano ou
rural, com suas pertenças e acessórios, e poderá abranger valores mobiliários,
cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
(C) mediante escritura pública ou instrumento particular, sem prejuízo das
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei
especial, que consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será
aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
(D) mediante escritura pública ou testamento, sem prejuízo das regras sobre a
impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial, que
consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família.
(E) somente por testamento que consistirá em prédio residencial urbano ou
rural, com suas pertenças e acessórios, mas não poderá abranger quaisquer
bens móveis de elevado valor, nem aplicações financeiras, exceto para, com
sua renda, conservar o imóvel.
COMENTÁRIOS. A letra “d” é a única correta nos exatos termos do art. 1.711,
CC. As letras “a” e “b” contém erroneamente a expressão “apenas”. A letra “c”
está errada por causa da expressão “instrumento particular”. Finalmente a letra
“e” está errada pela expressão “somente”. Gabarito: “D”.

15) (FCC – TRE/PR – Analista Judiciário – 2013) Considera-se imóvel


para efeitos legais
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) apenas a ação que assegura os direitos reais sobre imóveis.
(C) tudo o que se incorporar natural ou artificialmente ao solo.
(D) somente o que se incorporar artificialmente ao solo.
(E) somente o direito real sobre os imóveis alheios.
COMENTÁRIOS. Observem que o examinador está se referindo aos bens
considerados imóveis para efeitos legais, previsto no art. 80, CC. A letra “a” está
correta. Nas letras “b” e “d” o erro está nas expressões apenas e somente. As
letras “c” e “d” referem-se a bens imóveis por acessão artificial. Gabarito: “A”.

16) (FCC – TRT/14ª Região/RO e AC – Analista Judiciário – 2013) A


respeito dos bens públicos, considere:
I. Bens de uso comum do povo.
II. Bens de uso especial.
III. Bens dominicais.
São inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, os bens
públicos indicados APENAS em
(A) I.
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(B) I e II.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) III.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 100, CC, os bens públicos de uso comum do
povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
qualificação, na forma que a lei determinar. Gabarito: “B”.

17) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – 2013) Os bens públicos


podem ser classificados, de acordo com a sua destinação, como bens
(A) de uso especial aqueles de domínio privado do Estado e que não podem ser
gravados com qualquer espécie de afetação.
(B) de uso especial aqueles utilizados por particular mediante concessão ou
permissão de uso.
(C) de uso comum do povo aqueles afetados a determinado serviço público,
tais como os edifícios onde se situam os órgãos públicos.
(D) dominicais aqueles destinados à fruição de toda a coletividade e que não
podem ser alienados ou afetados à atividade específica.
(E) dominicais aqueles de domínio privado do Estado, não afetados a uma
finalidade pública e passíveis de alienação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 101, CC, os bens públicos dominicais podem
ser alienados, observadas as exigências legais. As letras “a” e “b” estão erradas,
pois os bens públicos de uso especial são os destinados ao serviço ou ao
estabelecimento da administração, sendo os mesmos, por tal motivo, afetados
(art. 99, II, CC). A letra “c” está errada, pois o conceito se refere aos bens
públicos de uso especial e não aos de uso comum do povo, previsto no art. 99,
I, CC. Finalmente a letra “d” está errada, pois os bens dominicais, como visto,
podem ser alienados e, além disso, não se destinam à fruição de toda a
coletividade. Gabarito: “E”.

18) (FCC – TRF/2ª Região – Analista Judiciário – 2013) No tocante à


classificação de bens, segundo o código Civil brasileiro, considere as seguintes
benfeitorias realizadas em um apartamento tipo cobertura com trinta anos de
construção visando a habitação de um casal de meia idade, sem filhos:
I. Impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e colocação de
pisos novos.
II. Substituição da fiação elétrica do apartamento.
III. Colocação de telas nas varandas.
IV. Criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do
apartamento visando diferenciá-la do vizinho.
V. Construção de um lavabo em parte da sala de almoço.
Com relação aos bens reciprocamente considerados são benfeitorias
úteis as indicadas APENAS em:
(A) IV e V.

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(B) I, II, III e V.
(C) I, III, e V.
(D) III e V.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. Esta questão foi alvo de questionamentos, mas não foi
anulada. Benfeitorias são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel
ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. São suas espécies: a)
necessárias (realizada para a conservação do bem), úteis (são as que
aumentam ou facilitam o uso da coisa) e voluptuárias (mero embelezamento,
recreio ou deleite). A impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e
a colocação de pisos novos (o prédio tinha 30 anos) são benfeitorias necessárias
(item I), pois se destinam à conservação da integridade do apartamento. O
mesmo ocorre com a substituição da fiação elétrica deste apartamento (item II).
A criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do apartamento
(item IV), ainda que visando diferenciá-la do vizinho, tem por fim o
embelezamento do bem, possuindo caráter estético (isso não se destina a só
melhorar o uso do bem). A construção de um lavabo em parte da sala de
almoço (V), visa melhorar a utilização do bem. Sem dúvida alguma trata-se de
uma benfeitoria útil. Poderia haver dúvidas em relação ao item III. No entanto
podemos afirmar que essa tela não é necessária (trata-se de um casal de meia
idade, sem filhos) e também não é voluptuária (a tela não iria embelezar... ao
contrário). Portanto, por exclusão, trata-se de benfeitoria útil, com a intenção
de tornar o bem mais seguro. Gabarito: “D”.

19) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2013) Sobre a instituição de bem


de família é CORRETO afirmar:
(A) pode ser instituído como bem de família o imóvel comercial desde que seja
o único bem do casal e que sua renda seja a única fonte de sustento da
família.
(B) a instituição voluntária prescinde de escritura pública ou testamento, bem
como registro, porque a Lei no 8.009/90 produz os mesmos efeitos.
(C) o bem de família fica isento de qualquer tipo de execução.
(D) não se admite a instituição de bem de família abrangendo valores
mobiliários.
(E) se for instituído por terceiro mediante liberalidade exige a aceitação do
casal.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 1.712, CC determina que o
bem de família consistirá em prédio residencial (e não comercial), urbano ou
rural, destinando-se a domicílio familiar A letra “b” está errada, pois o art.
1.711, CC exige escritura pública ou testamento para a instituição do bem de
família voluntário, sendo indispensável o seu registro, nos termos do art. 1.714,
CC; já o bem de família legal (Lei n° 8.009/90) tais formalidades não são
necessárias. A letra “c” está errada, pois o bem de família fica isento de
execuções, salvo as provierem de tributos relativos ao prédio ou despesas de
condomínio. A letra “d” está errada, pois o bem de família poderá a abranger
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valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família, nos termos do art. 1.712, CC. A letra “e” está correta nos
termos do parágrafo único do art. 1.711, CC. Gabarito: “E”.

20) (FCC – TRT/4ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) De


acordo com a Lei n° 8.009/90,
(A) inclui-se na impenhorabilidade do bem de família o veículo utilizado pelos
integrantes da entidade familiar.
(B) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem
de família do maior cotista da sociedade empresária.
(C) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem
de família do sócio que administre a sociedade empresária.
(D) considera-se bem de família o único imóvel da entidade familiar e o
pequeno comércio de seus integrantes.
(E) o bem de família pode ser penhorado para execução de sentença penal
condenatória.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 2° da Lei n°
8.009/90, excluem-se da impenhorabilidade do bem de família os veículos de
transporte. As letras “b” e “c” estão erradas, pois não é em qualquer dívida
trabalhista que o bem de família pode ser penhorado, mas sim dos créditos dos
trabalhadores da própria residência (art. 3°, I). A letra “d” está errada, pois a lei
especial não trata do pequeno comércio como bem de família. A letra “e” está
correta, nos termos do art. 3°, inciso VI, da Lei n° 8.009/90. Gabarito: “E”.

21) (TRT/8ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Em relação aos


bens, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) a impenhorabilidade do bem de família legal abrange as pertenças.
(B) não perdem o caráter de imóveis as telhas, provisoriamente separadas de
um prédio, para nele se reempregarem.
(C) consideram-se móveis para os efeitos legais, as energias que tenham valor
econômico.
(D) são consumíveis os bens móveis cujo uso importe destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
(E) os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, desde que
separados do bem principal.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está correta nos termos do art. 1.712, CC: "O
bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar,
e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação
do imóvel e no sustento da família. A letra "b" está correta nos termos do art.
81, II, CC: Não perdem o caráter de imóveis: (...) II - os materiais
provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. A letra
"c" está correta nos termos do art. 83, CC: Consideram-se móveis para os
efeitos legais: I. as energias que tenham valor econômico. A letra "d" está

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correta nos termos do art. 86, CC: São consumíveis os bens móveis cujo uso
importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados
tais os destinados à alienação. A letra "e" está errada, pois estabelece o art. 95,
CC que apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e
produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Gabarito: “E”.

22) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Por ocasião


da morte de Benedita, um de seus herdeiros, Bento, propõe que seu
anel de noivado, que compõe um dos bens da herança, seja dividido
entre ele e o irmão, Sebastião, com o derretimento do ouro e o
fracionamento de um grande diamante que o ornamenta. Sebastião se
opõe, no que
(A) não está certo, pois os bens móveis são divisíveis por natureza.
(B) está certo, pois os bens infungíveis não podem ser alienados.
(C) não está certo, pois, com o emprego da técnica correta, este anel pode ser
dividido em partes iguais.
(D) está certo, pois este anel é um bem indivisível, vez que o fracionamento
causaria diminuição considerável de seu valor.
(E) não está certo, pois, com a morte de Benedita, este anel passou a ser um
bem fungível.
COMENTÁRIOS. Sebastião está correto. Fisicamente poderíamos dividir o
referido anel em duas partes, dividindo o ouro e o diamante que o ornamenta.
No entanto ao se dividir o anel como proposto por Bento, evidentemente que o
anel perderia o uso a que se destina (deixaria de ser um anel). Além disso, a
divisão do grande diamante faria que o mesmo perdesse excessivamente o seu
valor. E, finalmente, como se trata de uma joia, também seria perdido todo o
trabalho do ourives. Assim, de acordo com o art. 87, CC, o anel como um todo
deve ser considerado como bem indivisível (bens divisíveis são os que se podem
fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou
prejuízo do uso a que se destinam). Gabarito: “D”.

23) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as


seguintes hipóteses:
I. Mario removeu sua casa pré-fabricada para outro local, retirando-a do solo
e colocando-a em veículo especial.
II. Maria possui direito real sobre o veículo marca X, modelo Y, ano 2012.
III. Carmelita possui direito à sucessão aberta.
IV. Marta removeu as janelas de sua moradia e colocou-as, durante a
realização de outros serviços, em um depósito para posterior recolocação no
local em que se encontravam.
Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, são exemplos de
bens imóveis os indicados APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) II e IV.
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(C) I e II.
(D) II, III e IV.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. Os itens I e IV continuam sendo bens imóveis nos termos do
art. 81, CC: Não perdem o caráter de imóveis: I. as edificações que, separadas
do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II.
os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. O item III também está correto, pois estabelece o art. 80, II,
CC: Consideram-se imóveis para os efeitos legais: o direito à sucessão aberta. O
item II está errado, pois este é um exemplo de bem móvel (art. 83, II, CC).
Gabarito: “A” (estão corretos os itens I, III e IV).

24) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2014)


Considere as seguintes hipóteses:
I. Na reforma da residência de Otávio, foi retirada toda a lareira da sala para
pintura das paredes e teto para posterior recolocação.
II. Márcia comprou sementes e as plantou para fins de cultivo.
Nestes casos, a lareira
(A) é considerada bem móvel e as sementes bens imóveis.
(B) e as sementes são considerados bens imóveis.
(C) e as sementes são considerados bens móveis.
(D) é considerada bem imóvel e as sementes bens móveis.
(E) e as sementes são considerados bens insuscetíveis de classificação
momentânea.
COMENTÁRIOS. Se o material de uma casa (na hipótese a lareira) é
provisoriamente separado para nela ser reempregado posteriormente, ele não
perde o caráter de imóvel. Um punhado de sementes na minha mão é
considerado como bem móvel; no entanto lançado ao solo passa a ser bem
imóvel por acessão física. Gabarito: “B”.

25) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Analista Judiciário – 2014)


Podem ser considerados bens imóveis para os efeitos legais,
(A) as cisternas e as energias que tenham valor econômico.
(B) os direitos pessoais de caráter patrimonial e as energias que tenham valor
econômico.
(C) o direito à sucessão aberta e os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) os direitos reais sobre imóveis, as máquinas de uma indústria e o direito à
sucessão aberta.
(E) os direitos personalíssimos e o carvão.
COMENTÁRIOS. Quanto aos direitos reais sobre imóveis e o direito à sucessão
aberta, não há dúvidas, nos termos do art. 80, I e II, CC. Se a expressão
“máquinas” estivesse sozinha, seriam bens móveis, mas pertencendo estas a
uma indústria, pode-se afirmar que elas foram imobilizadas (ficção jurídica). Ou
seja, são bens móveis que aderiram a um imóvel pela vontade do dono, para
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dar maior utilidade ao imóvel (a coisa é colocada a serviço do imóvel e não da
pessoa). A doutrina chama isso de bem imóvel por acessão intelectual. Porém o
atual Código Civil atual não faz mais essa classificação, qualificando estes bens
como pertenças. Gabarito: “D”.

26) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) Em relação aos bens,


considere as afirmativas:
I. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
II. Consideram-se bens imóveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão
aberta, bem como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram.
III. Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, as energias que
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes, bem como os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I e III, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 79, CC: “São bens
imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente”. O
item II está correto nos exatos termos do art. 80, CC: Consideram-se imóveis
para os efeitos legais: I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram; II - o direito à sucessão aberta. O item III está correto nos termos
do art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que
tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
ações. Gabarito: “E” (estão corretos os itens I, II e III).

27) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) De acordo


com o Código Civil,
(A) é considerado imóvel o direito à sucessão aberta.
(B) são considerados imóveis as energias que tenham valor econômico.
(C) são considerados imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) são considerados imóveis os direitos reais sobre objetos móveis.
(E) são consideradas imóveis as ações correspondentes a direitos reais sobre
objetos móveis ou imóveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 80, II, CC. As
energias que tenham valor econômico (letra “b”), os direitos pessoais de caráter
patrimonial (letra “c”), os direitos reais sobre objetos móveis (letra “d”) e as
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ações correspondentes a direitos reais sobre objetos móveis ou imóveis (letra
“e”), são considerados bens móveis (art. 83, CC). Gabarito: “A”.

28) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) Quanto aos bens
(A) materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
(B) naturalmente divisíveis, podem tornar-se indivisíveis somente por
determinação da lei.
(C) imóveis, adquirem esta qualidade as energias que tenham valor econômico
para os efeitos legais.
(D) móveis ou imóveis, são fungíveis os que podem ser substituídos por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade.
(E) imóveis, perdem este caráter as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 84, CC. A
letra “b” está errada. Art. 88, CC: Os bens naturalmente divisíveis podem
tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. A letra
“c” está errada. As energias que têm valor econômico são bens móveis (art. 83,
I, CC). A letra “d” está errada. Art. 85, CC: São fungíveis os móveis que podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. A letra “e”
está errada. Art. 81, I, CC: Não perdem o caráter de imóveis as edificações que,
separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro
local. Gabarito: “A”.

29) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) No tocante as


diferentes classes de bens, considere:
I. Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações são
considerados bens imóveis para os efeitos legais.
II. As energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis
para os efeitos legais.
III. Os títulos de dívida pública e de dívida particular são considerados bens
móveis para os efeitos legais.
IV. As árvores e os frutos pendentes não destinados ao corte são
considerados bens imóveis por acessão natural.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma
APENAS em
(A) I e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e IV.
(D) I, II e IV.
(E) II e III.
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COMENTÁRIOS. Item I, errado. Art. 83, CC: Consideram-se móveis para os
efeitos legais: (...) III. os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas
ações. Item II, correto. Art. 83, CC: Consideram-se móveis para os efeitos
legais: I. as energias que tenham valor econômico. Item III, correto. Bens
móveis propriamente ditos são os que admitem remoção por força alheia, sem
dano, como os objetos inanimados, não imobilizados por sua destinação
econômico-social. Aponta a doutrina como exemplos de bens móveis
propriamente ditos por força de lei: moedas, títulos da dívida pública e de dívida
particular, mercadorias, ações de companhias, alfaias, objetos de uso, etc. Item
IV, correto. Observem que a afirmação foi bem clara “as árvores e os frutos
pendentes não destinados ao corte”. Nesse caso aplica-se o art. 79, CC: “São
bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural (árvores e frutos) ou
artificialmente”. Se a árvore tivesse sido plantada com a destinação ao corte ou
os frutos pendentes com a destinação para venda, esses bens seriam chamados
de bens móveis por antecipação (o bem está naturalmente imobilizado, mas por
manifestação de vontade, em função de sua finalidade econômica, o bem é
considerado móvel). Resumindo. Uma árvore e seus frutos pendentes
normalmente são considerados como bens imóveis por acessão natural. No
entanto, se destinados ao corte ou à venda futura tornam-se bens móveis por
antecipação. Gabarito: “B”.

30) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Já sabendo estar insolvente,


Cristiano transferiu sua residência para imóvel mais valioso, decorando-
a com obras de arte. Não se desfez do imóvel anterior, que ficou
desocupado. Executado, alegou impenhorabilidade do imóvel e também
das obras de arte, invocando proteção legal conferida ao bem de
família. De acordo com a Lei no 8.009/1990, esta proteção
(A) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja
ambos os imóveis, as obras de arte são penhoráveis.
(B) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque as obras de arte são
penhoráveis e porque a impenhorabilidade do bem de família pode ser
transferida para o imóvel anterior, liberando-se o mais valioso para execução.
(C) beneficiará Cristiano, porque o direito à moradia deve ser interpretado da
maneira mais ampla possível, abrangendo o imóvel de maior valor e as obras
de arte, liberando-se para penhora apenas o imóvel anterior.
(D) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja o
imóvel de maior valor, as obras de arte são penhoráveis, assim como o imóvel
anterior.
(E) em nada beneficiará Cristiano, porque as obras de arte são penhoráveis e
porque, em caso de má-fé, devem ser excutidos todos os bens do devedor.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 2°, da Lei n° 8.009/90, “Excluem-se da
impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos
suntuosos”. Completa o parágrafo único, do art. 5°, da mencionada lei, que “Na
hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis
utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor,
salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na
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forma do art. 70 do Código Civil” (que trata da impenhorabilidade voluntária).
Gabarito: “B”.

31) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016) Sobre


os bens reciprocamente considerados, e de acordo com o que
estabelece o Código Civil, considere:
I. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro.
II. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as
pertenças de acordo com as circunstâncias do caso.
III. As benfeitorias úteis são aquelas que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
IV. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos
sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou
detentor.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) I, II e III.
(E) I, II e IV.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 93, CC: São pertenças os bens que, não
constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
serviço ou ao aformoseamento de outro. Item II, incorreto. Art. 94, CC: Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou
das circunstâncias do caso. Item III, incorreto. Art. 96, CC: As benfeitorias
podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. §1° São voluptuárias as de mero
deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o
tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. §2° São úteis as que
aumentam ou facilitam o uso do bem. §3° São necessárias as que têm por
fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Item IV, correto. Art. 97, CC:
Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos
ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Gabarito: C.

32) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Caio


estabeleceu-se, com animus domini, em praça pública abandonada pelo
Município. Decorridos mais de 20 anos, sem oposição das pessoas que
frequentavam o local, requereu fosse declarada usucapida a área. Tal
praça constitui bem
(A) de uso comum do povo, suscetível de usucapião, em caso de abandono
pelo poder público.

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(B) de uso especial, insuscetível de usucapião, assim como os de uso comum
do povo e os dominicais.
(C) dominical, suscetível de usucapião, ainda que conserve tal qualificação.
(D) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, diferentemente dos
bens de uso especial e dos dominicais.
(E) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, assim como os de uso
especial e os dominicais.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 99, CC: São bens públicos: I. os de uso
comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. A
Constituição Federal proíbe a aquisição da propriedade, por usucapião de
bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 191, parágrafo único, da CF/88).
Estabelece o art. 102, CC: Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Prevê a Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do Código
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião”. Gabarito: E.

33) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) João é


marceneiro e reside com sua família em imóvel de sua propriedade, no
qual possui equipamentos profissionais, móveis que guarnecem a
residência e um veículo de transporte, e onde edificou benfeitorias
diversas, incluindo voluptuárias, tudo devidamente quitado. De acordo
com a Lei no 8.009/90, se executado em razão do inadimplemento de
nota promissória, João poderá se valer da impenhorabilidade do bem de
família, a qual compreende
(A) apenas os móveis que guarnecem a casa.
(B) os móveis que guarnecem a casa e os equipamentos profissionais, bem
como benfeitorias, incluindo as voluptuárias, salvo adornos suntuosos.
(C) os móveis que guarnecem a casa e benfeitorias, exceto as voluptuárias.
(D) os móveis que guarnecem a casa, o veículo de transporte e benfeitorias,
exceto as voluptuárias.
(E) apenas as benfeitorias.
COMENTÁRIOS. Lei 8.009/90. Art. 1°. O imóvel residencial próprio do casal, ou
da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída
pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele
residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A
impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção,
as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos,
inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que
quitados. Art. 2°. Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte,
obras de arte e adornos suntuosos. Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a
impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a
residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste
artigo. Gabarito: “B”.

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LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS = FCC
01) (FCC – TCE/SP – Auditor do Tribunal de Contas – 2013) Em relação
aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) os melhoramentos sobrevindos ao bem consideram-se benfeitorias, mesmo
que sem a intervenção do proprietário, do possuidor ou do detentor.
(B) os negócios atinentes ao principal sempre abrangem as pertenças.
(C) os bens públicos dominicais podem ser alienados, atendidas as exigências
da lei.
(D) os bens públicos estão sujeitos à usucapião.
(E) as energias que tiverem valor econômico consideram-se imóveis.

02) (FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça – 2013) Nos termos do


Código Civil brasileiro, considera-se bem imóvel:
(A) a energia que tenha valor econômico.
(B) o direito à sucessão aberta.
(C) material de construção proveniente de demolição.
(D) direito pessoal de caráter patrimonial.
(E) aeronave.

03) (TJ/GO – Oficial de Justiça Avaliador – Serranópolis – 2013) O


direito à sucessão aberta considera-se, para os efeitos legais como
sendo bem:
(A) consumível.
(B) imóvel.
(C) semovente.
(D) fungível.
(E) pertença.

04) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


No tocante aos bens, é CORRETO afirmar:
(A) perdem o caráter de imóveis as edificações separadas do solo e removidas
para outro local, ainda que conservando sua unidade.
(B) consideram-se imóveis, para efeitos legais, os direitos reais sobre imóveis
e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.
(C) tornam-se móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio,
para nele se reempregarem.
(D) são bens consumíveis aqueles cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, salvo se destinados à alienação.
(E) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.

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05) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – Direito – 2013) Consideram-
se bens móveis para os efeitos legais:
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
(C) as energias que tenham valor econômico.
(D) tudo quanto se incorporar ao solo artificialmente.
(E) as edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade,
forem removidas para outro local.

06) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Árvore


frutífera incorporada artificialmente ao solo é um bem
(A) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados
à árvore.
(B) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(C) imóvel, se considerado em si mesmo, e acessório, em relação aos frutos,
os quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam
separados da árvore.
(D) móvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais podem ser objeto de negócio jurídico mesmo que não estejam separados
da árvore.
(E) imóvel, se considerado em si mesmo, e principal, em relação aos frutos, os
quais não podem ser objeto de negócio jurídico enquanto estiverem agregados
ao principal.

07) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) Em


relação aos bens, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
(B) são pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro.
(C) constitui universalidade de direito a pluralidade de bens singulares que,
pertencentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
(D) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
(E) consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis
e as ações que os asseguram, bem como o direito à sucessão aberta.

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08) (FCC – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia –
HEMOBRÁS – Analista Jurídico – 2013) Considere:
I. Direito à sucessão aberta.
II. Energias que tenham valor econômico.
III. Um cavalo.
IV. Uma floresta.
V. Direitos pessoais de caráter patrimonial.
São bens imóveis os indicados APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) II, III e V.
(C) I, II e V.
(D) IV e V.
(E) I e IV.

09) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –


Analista de Contas – Direito – 2013) A colheita de uma plantação é
considerada bem
(A) imóvel por destinação legal.
(B) móvel por antecipação.
(C) imóvel por natureza.
(D) móvel por natureza ou essência.
(E) móvel por destinação legal.

10) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Em relação


aos bens:
(A) pertenças são bens que constituem partes integrantes de outros bens
móveis ou imóveis, para incremento de sua utilidade.
(B) são móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para
nele se reempregarem.
(C) infungíveis são os bens móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade.
(D) não perdem o caráter de bens imóveis as edificações que, separadas do
solo, mas conservando sua unidade, forem removidas para outro local.
(E) as benfeitorias podem ser principais, acessórias, singulares e coletivas.

11) (FCC – TRT 18ª Região/GO – Analista Judiciário – 2013) Livro


contendo dedicatória de um de seus autores é um bem
(A) móvel, infungível, indivisível e singular.
(B) imóvel por equiparação, fungível, indivisível e singular.
(C) móvel, infungível, divisível e coletivo.
(D) móvel, fungível, divisível e singular.

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(E) imóvel por equiparação, infungível, indivisível e coletivo.

12) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Os bens públicos destinados a estabelecimento de administração
federal e a serviço de autarquia da administração municipal são
considerados bens
(A) de uso especial.
(B) de uso comum do povo e bens de uso especial, respectivamente.
(C) de uso especial e bens dominicais, respectivamente.
(D) de uso comum do povo.
(E) dominicais.

13) (FCC – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do


Estado do Ceará – Analista – 2013) Considere:
I. São bens públicos de uso especial do povo os rios, mares, estradas, ruas e
praças.
II. O uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, conforme estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
III. Ao Ministério Público cabe, em regra, elaborar o estatuto das fundações.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

14) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Podem os cônjuges ou a entidade familiar destinar parte de seu
patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um
terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição,
(A) mediante escritura pública ou testamento, que apenas consistirá do imóvel
de menor valor, entre os de propriedade do instituidor, compatível com o
padrão de vida da família, e esse bem ficará livre de penhora, salvo em
execuções por dívidas de alimento, débitos trabalhistas, indenização por
responsabilidade civil e para saldar hipoteca ou satisfazer obrigação decorrente
de fiança locatícia.
(B) apenas por escritura pública, e consistirá em prédio residencial urbano ou
rural, com suas pertenças e acessórios, e poderá abranger valores mobiliários,
cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
(C) mediante escritura pública ou instrumento particular, sem prejuízo das
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei
especial, que consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será
aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.

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(D) mediante escritura pública ou testamento, sem prejuízo das regras sobre a
impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial, que
consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e
acessórios, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na
conservação do imóvel e no sustento da família.
(E) somente por testamento que consistirá em prédio residencial urbano ou
rural, com suas pertenças e acessórios, mas não poderá abranger quaisquer
bens móveis de elevado valor, nem aplicações financeiras, exceto para, com
sua renda, conservar o imóvel.

15) (FCC – TRE/PR – Analista Judiciário – 2013) Considera-se imóvel


para efeitos legais
(A) o direito à sucessão aberta.
(B) apenas a ação que assegura os direitos reais sobre imóveis.
(C) tudo o que se incorporar natural ou artificialmente ao solo.
(D) somente o que se incorporar artificialmente ao solo.
(E) somente o direito real sobre os imóveis alheios.

16) (FCC – TRT/14ª Região/RO e AC – Analista Judiciário – 2013) A


respeito dos bens públicos, considere:
I. Bens de uso comum do povo.
II. Bens de uso especial.
III. Bens dominicais.
São inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, os bens
públicos indicados APENAS em
(A) I.
(B) I e II.
(C) I e III.
(D) II e III.
(E) III.

17) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – 2013) Os bens públicos


podem ser classificados, de acordo com a sua destinação, como bens
(A) de uso especial aqueles de domínio privado do Estado e que não podem ser
gravados com qualquer espécie de afetação.
(B) de uso especial aqueles utilizados por particular mediante concessão ou
permissão de uso.
(C) de uso comum do povo aqueles afetados a determinado serviço público,
tais como os edifícios onde se situam os órgãos públicos.
(D) dominicais aqueles destinados à fruição de toda a coletividade e que não
podem ser alienados ou afetados à atividade específica.
(E) dominicais aqueles de domínio privado do Estado, não afetados a uma
finalidade pública e passíveis de alienação.

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18) (FCC – TRF/2ª Região – Analista Judiciário – 2013) No tocante à
classificação de bens, segundo o código Civil brasileiro, considere as seguintes
benfeitorias realizadas em um apartamento tipo cobertura com trinta anos de
construção visando a habitação de um casal de meia idade, sem filhos:
I. Impermeabilização do terraço com a aplicação de manta e colocação de
pisos novos.
II. Substituição da fiação elétrica do apartamento.
III. Colocação de telas nas varandas.
IV. Criação de painel de pastilhas azuis com mosaico na entrada do
apartamento visando diferenciá-la do vizinho.
V. Construção de um lavabo em parte da sala de almoço.
Com relação aos bens reciprocamente considerados são benfeitorias
úteis as indicadas APENAS em:
(A) IV e V.
(B) I, II, III e V.
(C) I, III, e V.
(D) III e V.
(E) I, II e III.

19) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2013) Sobre a instituição de bem


de família é CORRETO afirmar:
(A) pode ser instituído como bem de família o imóvel comercial desde que seja
o único bem do casal e que sua renda seja a única fonte de sustento da
família.
(B) a instituição voluntária prescinde de escritura pública ou testamento, bem
como registro, porque a Lei no 8.009/90 produz os mesmos efeitos.
(C) o bem de família fica isento de qualquer tipo de execução.
(D) não se admite a instituição de bem de família abrangendo valores
mobiliários.
(E) se for instituído por terceiro mediante liberalidade exige a aceitação do
casal.

20) (FCC – TRT/4ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) De


acordo com a Lei n° 8.009/90,
(A) inclui-se na impenhorabilidade do bem de família o veículo utilizado pelos
integrantes da entidade familiar.
(B) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem
de família do maior cotista da sociedade empresária.
(C) pode ser penhorado, para pagamento de qualquer dívida trabalhista, bem
de família do sócio que administre a sociedade empresária.
(D) considera-se bem de família o único imóvel da entidade familiar e o
pequeno comércio de seus integrantes.

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(E) o bem de família pode ser penhorado para execução de sentença penal
condenatória.

21) (TRT/8ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Em relação aos


bens, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) a impenhorabilidade do bem de família legal abrange as pertenças.
(B) não perdem o caráter de imóveis as telhas, provisoriamente separadas de
um prédio, para nele se reempregarem.
(C) consideram-se móveis para os efeitos legais, as energias que tenham valor
econômico.
(D) são consumíveis os bens móveis cujo uso importe destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
(E) os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, desde que
separados do bem principal.

22) (FCC – TRT/19ª Região/AL – Analista Judiciário – 2014) Por ocasião


da morte de Benedita, um de seus herdeiros, Bento, propõe que seu
anel de noivado, que compõe um dos bens da herança, seja dividido
entre ele e o irmão, Sebastião, com o derretimento do ouro e o
fracionamento de um grande diamante que o ornamenta. Sebastião se
opõe, no que
(A) não está certo, pois os bens móveis são divisíveis por natureza.
(B) está certo, pois os bens infungíveis não podem ser alienados.
(C) não está certo, pois, com o emprego da técnica correta, este anel pode ser
dividido em partes iguais.
(D) está certo, pois este anel é um bem indivisível, vez que o fracionamento
causaria diminuição considerável de seu valor.
(E) não está certo, pois, com a morte de Benedita, este anel passou a ser um
bem fungível.

23) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as


seguintes hipóteses:
I. Mario removeu sua casa pré-fabricada para outro local, retirando-a do solo
e colocando-a em veículo especial.
II. Maria possui direito real sobre o veículo marca X, modelo Y, ano 2012.
III. Carmelita possui direito à sucessão aberta.
IV. Marta removeu as janelas de sua moradia e colocou-as, durante a
realização de outros serviços, em um depósito para posterior recolocação no
local em que se encontravam.
Nestes casos, de acordo com o Código Civil brasileiro, são exemplos de
bens imóveis os indicados APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) II e IV.
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(E) I e III.

24) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Técnico Judiciário – 2014)


Considere as seguintes hipóteses:
I. Na reforma da residência de Otávio, foi retirada toda a lareira da sala para
pintura das paredes e teto para posterior recolocação.
II. Márcia comprou sementes e as plantou para fins de cultivo.
Nestes casos, a lareira
(A) é considerada bem móvel e as sementes bens imóveis.
(B) e as sementes são considerados bens imóveis.
(C) e as sementes são considerados bens móveis.
(D) é considerada bem imóvel e as sementes bens móveis.
(E) e as sementes são considerados bens insuscetíveis de classificação
momentânea.

25) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Analista Judiciário – 2014)


Podem ser considerados bens imóveis para os efeitos legais,
(A) as cisternas e as energias que tenham valor econômico.
(B) os direitos pessoais de caráter patrimonial e as energias que tenham valor
econômico.
(C) o direito à sucessão aberta e os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) os direitos reais sobre imóveis, as máquinas de uma indústria e o direito à
sucessão aberta.
(E) os direitos personalíssimos e o carvão.
26) (FCC – TCM/GO – Auditor Conselheiro – 2015) Em relação aos bens,
considere as afirmativas:
I. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
II. Consideram-se bens imóveis, para os efeitos legais, o direito à sucessão
aberta, bem como os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram.
III. Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, as energias que
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações
correspondentes, bem como os direitos pessoais de caráter patrimonial e
respectivas ações.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I e III, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I, apenas.
(D) I e II, apenas.

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(E) I, II e III.

27) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) De acordo


com o Código Civil,
(A) é considerado imóvel o direito à sucessão aberta.
(B) são considerados imóveis as energias que tenham valor econômico.
(C) são considerados imóveis os direitos pessoais de caráter patrimonial.
(D) são considerados imóveis os direitos reais sobre objetos móveis.
(E) são consideradas imóveis as ações correspondentes a direitos reais sobre
objetos móveis ou imóveis.

28) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) Quanto aos bens
(A) materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
(B) naturalmente divisíveis, podem tornar-se indivisíveis somente por
determinação da lei.
(C) imóveis, adquirem esta qualidade as energias que tenham valor econômico
para os efeitos legais.
(D) móveis ou imóveis, são fungíveis os que podem ser substituídos por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade.
(E) imóveis, perdem este caráter as edificações que, separadas do solo, mas
conservando a sua unidade, forem removidas para outro local.

29) (FCC – TRE/SE – Analista Judiciário – 2015) No tocante as


diferentes classes de bens, considere:
I. Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações são
considerados bens imóveis para os efeitos legais.
II. As energias que possuam valor econômico são consideradas bens móveis
para os efeitos legais.
III. Os títulos de dívida pública e de dívida particular são considerados bens
móveis para os efeitos legais.
IV. As árvores e os frutos pendentes não destinados ao corte são
considerados bens imóveis por acessão natural.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está correto o que se afirma
APENAS em
(A) I e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e IV.
(D) I, II e IV.

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
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(E) II e III.

30) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Já sabendo estar insolvente,


Cristiano transferiu sua residência para imóvel mais valioso, decorando-
a com obras de arte. Não se desfez do imóvel anterior, que ficou
desocupado. Executado, alegou impenhorabilidade do imóvel e também
das obras de arte, invocando proteção legal conferida ao bem de
família. De acordo com a Lei no 8.009/1990, esta proteção
(A) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja
ambos os imóveis, as obras de arte são penhoráveis.
(B) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque as obras de arte são
penhoráveis e porque a impenhorabilidade do bem de família pode ser
transferida para o imóvel anterior, liberando-se o mais valioso para execução.
(C) beneficiará Cristiano, porque o direito à moradia deve ser interpretado da
maneira mais ampla possível, abrangendo o imóvel de maior valor e as obras
de arte, liberando-se para penhora apenas o imóvel anterior.
(D) não terá o alcance pretendido por Cristiano, porque, embora abranja o
imóvel de maior valor, as obras de arte são penhoráveis, assim como o imóvel
anterior.
(E) em nada beneficiará Cristiano, porque as obras de arte são penhoráveis e
porque, em caso de má-fé, devem ser excutidos todos os bens do devedor.

31) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016) Sobre


os bens reciprocamente considerados, e de acordo com o que
estabelece o Código Civil, considere:
I. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se
destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de
outro.
II. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal abrangem as
pertenças de acordo com as circunstâncias do caso.
III. As benfeitorias úteis são aquelas que não aumentam o uso habitual do
bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
IV. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos
sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou
detentor.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) I, II e III.
(E) I, II e IV.

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
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32) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Caio
estabeleceu-se, com animus domini, em praça pública abandonada pelo
Município. Decorridos mais de 20 anos, sem oposição das pessoas que
frequentavam o local, requereu fosse declarada usucapida a área. Tal
praça constitui bem
(A) de uso comum do povo, suscetível de usucapião, em caso de abandono
pelo poder público.
(B) de uso especial, insuscetível de usucapião, assim como os de uso comum
do povo e os dominicais.
(C) dominical, suscetível de usucapião, ainda que conserve tal qualificação.
(D) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, diferentemente dos
bens de uso especial e dos dominicais.
(E) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, assim como os de uso
especial e os dominicais.

33) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) João é


marceneiro e reside com sua família em imóvel de sua propriedade, no
qual possui equipamentos profissionais, móveis que guarnecem a
residência e um veículo de transporte, e onde edificou benfeitorias
diversas, incluindo voluptuárias, tudo devidamente quitado. De acordo
com a Lei no 8.009/90, se executado em razão do inadimplemento de
nota promissória, João poderá se valer da impenhorabilidade do bem de
família, a qual compreende
(A) apenas os móveis que guarnecem a casa.
(B) os móveis que guarnecem a casa e os equipamentos profissionais, bem
como benfeitorias, incluindo as voluptuárias, salvo adornos suntuosos.
(C) os móveis que guarnecem a casa e benfeitorias, exceto as voluptuárias.
(D) os móveis que guarnecem a casa, o veículo de transporte e benfeitorias,
exceto as voluptuárias.
(E) apenas as benfeitorias.

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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO
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GABARITO SECO = FCC


01) C 12) A 23) A
02) B 13) B 24) B
03) B 14) D 25) D
04) B 15) A 26) E
05) C 16) B 27) A
06) B 17) E 28) A
07) C 18) D 29) B
08) E 19) E 30) B
09) B 20) E 31) C
10) D 21) E 32) E
11) A 22) D 33) B

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