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Monografia submetida à
Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE,
como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Direito.
Eduardo Couture
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
RESUMO................................................................................................xi
INTRODUÇÃO.......................................................................................1
Capítulo 1
OS PRINCÍPIOS JURÍDICOS E SUA NORMATIVIDADE
Capítulo 2
ESTRUTURA DAS NORMAS JURÍDICAS
Capítulo 3
A JUDICIALIZAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE
1
PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico, volume IV.
4
2
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, p. 1393.
3
NEVES, Iêdo Batista. Vocabulário prático de tecnologia jurídica e de brocardos latinos.
4
FIUZA, César. Direito civil, curso completo, p. 03
5
MELO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo, p. 230.
5
Para Alexy “os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado
na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes; são
mandados de optimização que podem ser cumpridos em diferentes graus.”7
Mister se faz a colação do conceito de princípios dada por Crisafulli, cuja
extração se faz da obra de Bonavides:
6
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, p. 92.
7
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais, p. 86-87.
8
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 230.
9
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, pg. 230.
10
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 230.
6
6. Por fim, elucida, “os juristas se valem da expressão princípio para designar
normas (ou disposições que exprimem normas) dirigidas aos órgãos de aplicação,
cuja específica função é fazer a escolha dos dispositivos ou de normas aplicáveis
nos diversos casos.”14
Em todas as conceituações de princípios de Guastini é ressaltado o seu
caráter normativo, configurando-se, desse modo, como normas jurídicas. Nos dias
de hoje não é crível a compreensão dos princípios senão pelo aspecto da
normatividade.
A seguir ver-se-ão os caracteres dos princípios jurídicos, com o objetivo de
melhor compreendê-los em sua individualidade.
15
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de direito público, p. 134.
16
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de direito público, p. 134.
8
17
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1131.
18
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1128.
19
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1128.
20
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1129.
21
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1130.
9
1.2.2. Natureza
22
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1130.
23
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1130.
24
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1130.
25
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1131.
10
1.2.3. Características
26
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de princípios constitucionais, p. 81.
27
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1125.
28
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, tomo II, p. 228.
11
29
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 29.
30
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 33-34.
31
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 37.
32
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 38.
12
33
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 39.
34
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 39.
35
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 40.
36
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 41.
37
ROCHA, Carmem Lúcia. Princípios constitucionais da administração pública, p. 41.
13
38
BARROSO e BARCELOS. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito
brasileiro. Disponível em: <http://www.buscalegis/index.php/ buscalegis/article/.../30571>.
39
BARROSO e BARCELOS. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito
brasileiro. Disponível em: <http://www.buscalegis/index.php/ buscalegis/article/.../30571>.
14
40
BARROSO e BARCELOS. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito
brasileiro. Disponível em: <http://www.buscalegis/index.php/ buscalegis/article/.../30571>.
41
BARROSO e BARCELOS. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito
brasileiro. Disponível em: <http://www.buscalegis/index.php/ buscalegis/article/.../30571>.
42
BARROSO e BARCELOS. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito
brasileiro. Disponível em: <http://www.buscalegis/index.php/buscalegis/article/.../30571>.
15
1.2.5. Densificação
43
LIMA, George Marmelstein. A força normativa dos princípios constitucionais. Disponível em:
<http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto38.doc>.
44
LIMA, George Marmelstein. A força normativa dos princípios constitucionais. Disponível em:
http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto38.doc.
16
45
LIMA, George Marmelstein. A força normativa dos princípios constitucionais. Disponível em:
<http://www.mundojuridico.adv.br/cgi-bin/upload/texto38.doc.
46
MENDES, COELHO e BRANCO. Curso de direito constitucional, p. 52.
17
47
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 560.
48
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.125.
49
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.125.
50
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.121.
51
BOBBIO, Norberto – A era dos direitos, p. 06.
18
52
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.113.
19
53
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, p. 15.
54
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.105.
55
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.105.
56
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 562-563.
20
57
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, p. 04.
58
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 563-564.
59
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.110.
21
60
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.110.
61
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 564.
62
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 564.
63
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 564.
64
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p.569.
22
Cumpre insistir que esse rol não é taxativo, podendo haver outros na medida
em que a sociedade se desenvolve.
65
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.111.
66
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 569.
67
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 570-571.
68
BONAVIDES, Paulo – Curso de direito constitucional, p. 572.
23
69
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.104.
70
MENDES, COELHO E BRANCO – Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais, p.113.
71
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 571-572.
24
Bobbio positivismo “é aquela doutrina segundo a qual não existe outro direito senão
o positivo.”74 Nítida é sua posição oposta ao jusnaturalismo.
Durante a fase positivista, os princípios jurídicos equivaliam aos princípios
que informam o direito positivo, ou seja, nessa fase os princípios eram encarados
como direito.
Bonavides, em citação extraída da obra de J. Arce y Flórez Valdés,
acrescenta:
74
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito, p. 26.
75
BONAVIDES, PAULO. Curso de direito constitucional, p. 263.
76
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 182-183.
26
77
BRASIL. Decreto-Lei nº 4.707, 04 de setembro de 1942. Dispõe sobre a vigência da Lei de
Introdução ao Código Civil
78
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 264.
27
79
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
80
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
81
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 294.
28
82
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 48.
29
83
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 47.
84
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 49.
85
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 51.
30
Pois bem, as implicações disso decorrem que o Estado deve ser o principal
garantidor da dignidade da pessoa humana, principalmente diante de sua
configuração como Estado social. As políticas públicas, os tributos arrecadados, a
atuação de seus agentes públicos devem ter como fim o ser humano. O que vem
ocorrendo atualmente, em amplitude mundial, é o que o Estado vem favorecendo as
corporações econômicas em detrimento à pessoa humana, ou o que é pior – essas
corporações vêm influindo no modo de ser dos Estados para verem atendidos seus
próprios interesses.
86
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 52.
87
ROCHA, Carmem Lúcia – O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Artigo
publicado na Revista do instituto brasileiro de direitos humanos, volume II, p. 54.
31
caráter de direito social, exigível frente ao Estado. Deve-se equacionar esse mínimo
de forma a revelar a aptidão de se cumprir os desideratos do Estado Democrático de
Direito.
Outra questão referente ao mínimo existencial diz respeito a qual seriam os
direitos mínimos a serem providos para garantir a proteção da dignidade da pessoa
humana. Vencida essa questão, ainda cumpre perquirir e extensão desses direitos a
serem satisfeitos.
Essa discussão tem como pano de fundo a escassez dos recursos do Estado
ante as inúmeras necessidades humanas pendentes de satisfação.
A doutrina normalmente elenca como direitos essenciais ao mínimo
existencial o salário mínimo, a assistência social aos necessitados, a educação, a
previdência social e a saúde básica.
Neste ponto, a especificação do mínimo existencial da dignidade humana não
pode ser um conceito estático, devendo ser objeto de constante evolução conforme
as mudanças da própria sociedade. Porém, não deve ficar apenas na dependência
do que ocorre no seio da sociedade, razão por que a ação estatal deve se conformar
ao desenvolvimento social. Na dignidade da pessoa humana vale o princípio da
vedação do retrocesso social.
Capítulo 2
ESTRUTURA DAS NORMAS JURÍDICAS
88
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 4.
33
Como se vê, a maioria dos estudos que tratam das espécies normativas
carecem de maior aprofundamento, tendo em consideração a relevância do
problema em questão, fundamental para a interpretação e aplicação do direito. A má
apreciação dos princípios leva a conseqüências graves, como a inefetividade dos
direitos ditos fundamentais e também a um retrocesso do direito.
Sobre a banalização da distinção entre princípios e regras, Ávila expõe que:
Outro motivo que torna imperiosa a análise das estruturas das normas
jurídicas é o que diz respeito às normas de direitos fundamentais. Observa-se que
tais normas possuem um alto grau de indeterminação, o que é contraditório com a
máxima importância dessas normas. Normalmente, as normas infraconstituionais
são determinadas e precisas, de fácil visualização, ao contrário das normas
89
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 23.
90
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 26.
34
Completa o citado autor dizendo que “talvez seja possível afirmar que a
garantia dos direitos fundamentais é uma questão de princípio, porém ao mesmo
tempo imprópria de princípios.”92
Essas constatações colocam em dúvida, de certa forma, a eficácia dos
princípios na proteção dos direitos garantidos pela constituição, bem como a sua
prevalência em detrimento das regras.
A doutrina e jurisprudência, em geral, também costumam fazer confusão a
respeito dos conceitos de princípios e valores. De efeito, as normas constitucionais
são impregnadas de valores, na medida em que a constituição alberga os principais
valores aceitos na sociedade. Isso acrescenta uma dificuldade extra na
determinação das normas constitucionais.
O paradoxo ganha contornos claros quando traduzido na tensão figurante
entre o aspecto estrutural-normativo e o aspecto político dos direitos constitucionais.
Considerando a estrutura deficiente e a forte carga axiológica das normas
fundamentais do Estado, tem-se que fatores vários penetram na seara da
argumentação jurídica, envolvendo muitas vezes a moral no jurídico, emprestando à
atividade judicial um caráter inevitavelmente criador. As conseqüências disso quem
lembra é Rufino:
91
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 1.
92
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 1.
35
95
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, p. 95.
96
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1.107.
97
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, p. 95.
37
98
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 30.
99
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 18-20.
38
Desta forma, Esser sustenta que os princípios eram conteúdo valorativo a ser
captado pela jurisprudência, a fonte a inspirá-la, não lhe atribuindo destaque além do
meramente argumentativo.
Karl Larenz102, inspirado pela teoria de Esser, considera a existência de
princípios que subjazem a uma determinada regulação jurídica e que são aplicados
pela jurisprudência, ainda que com freqüência sejam desconhecidos ou estejam
ocultos sob uma fundamentação obscura. Em sua definição, os princípios
100
ESSER, Josef. Princípio e norma na elaboração jurisprudencial do direito privado.
101
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 46-47.
102
LARENZ, Karl. Direito justo, fundamentos da ética jurídica.
39
Roscoe Pound106 foi outro autor que procurou proceder à distinção entre
princípios e regras, servindo suas teses como um prefácio do pensamento do jurista
norte-americano Ronald Dworkin, principalmente no que se refere às críticas ao
modelo estrito de regras do positivismo.
De acordo com o ideário desse jurista, “o direito seria formado por regras em
sentido estrito, princípios, preceitos que definem concepções e preceitos que
prescrevem critérios (standards).”107
Assim, as regras em sentido estrito “são preceitos que atribuem uma
conseqüência jurídica definida e detalhada a uma situação de fato ou a um estado
de coisas (state of facts) igualmente definido e detalhado.”108
103
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 50.
104
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 52.
105
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 55
106
POUND, ROSCOE. Minha filosofia do direito.
107
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 59
108
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 59.
40
Por outro lado, os princípios são úteis para: servir de ponto de partida para o
raciocínio e fundamentação jurídica, caracterizando-se por não atribuir nenhuma
conseqüência definida e detalhada a um estado de coisas ou situação de fato; não
tendo a regra contemplado uma solução para um caso específico, os princípios
proporcionam a base para o raciocínio e fundamentação jurídica, indicando a
solução a ser tomada; atuar como fonte de reconciliação no caso de conflito entre
regras, fornecendo os meios de sua interpretação.109
Enfim, ultrapassados os antecedentes históricos e menos abordados sobre a
distinção entre princípios e regras, Ronald Dworkin110 e Robert Alexy111 foram os
autores que então disseminaram o estudo sobre os princípios como umas das
estruturas normativas em oposição às regras.
Suas teses se basearam na distinção forte entre princípios e regras, que será
abordada logo a seguir.
109
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 59-60.
110
DWORKIN, Ronald. O modelo das regras e Levando os direitos a sério.
111
ALEXY, Robert. Sobre o conceito de princípios jurídicos. Teoria dos direitos fundamentais.
41
ela fornece deve ser aceita, ou não é válida, e neste caso em nada
contribui para a decisão.112
112
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério, p. 39.
113
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério, p. 42-43.
114
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. A distinção entre princípios e regras como espécies de
normas na obra Teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy, p. 6. Disponível em:
<www2.uel.br/revistas/direitopub/pdfs/VOLUME_4/num_2>.
115
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. A distinção entre princípios e regras como espécies de
normas na obra Teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy, p. 6. Disponível no sítio
<www2.uel.br/revistas/direitopub/pdfs/VOLUME_4/num_2>.
42
116
CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. A distinção entre princípios e regras como espécies de
normas na obra Teoria dos direitos fundamentais de Robert Alexy, p. 6. Disponível em:
<www2.uel.br/revistas/direitopub/pdfs/VOLUME_4/num_2>.
117
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 70.
118
ALEXY, ROBERT. Teoria dos direitos fundamentais, p. 298.
119
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 71-72.
43
120
ATIENZA E MANERO. Sobre princípios e regras.
121
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 72-73.
122
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 76.
44
123
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 78.
124
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 79.
125
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 78.
126
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 90.
45
127
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 90.
128
AARNIO, Aulis. Las reglas en serio.
129
GUNTHER, Klaus. Teoria da argumentação no direito e na moral.
130
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 83.
131
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 83.
132
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 84
46
133
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 85
134
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 85.
135
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 88
136
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 88.
47
137
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 88.
138
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 88.
139
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 90.
48
140
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 90.
49
141
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 108-109.
142
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 112.
143
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 113.
50
Para Luis Pietro Sanches145 regras e princípios não constituem duas classes
de normas, mas dois tipos de estratégias interpretativas. As idéias de dimensão de
peso, da aplicação tudo ou nada e dos mandatos de otimização não são
propriedades exclusivas de um tipo de normas, mas técnicas de interpretação
estimuladas, não necessariamente, pela estruturas de certas normas.146
A ideia de derrotabilidade das normas implica que ela está sujeita a exceções
(implícitas) que não podem ser exaustivamente identificadas previamente, não
sendo possível antecipar quais as circunstâncias que serão determinantes e
suficientes para a sua aplicação.147
Para a distinção dúctil, todas as normas, regras ou princípios são derrotáveis.
A tese da demarcação forte marca a ideia de que os princípios seriam derrotáveis e
as regras inderrotáveis.
Isto significa que o fato de uma norma ser dotada de uma determinada
estrutura não significa que ela deve ser aplicada de uma determinada forma. A
144
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 115.
145
Sanches, Luis Pietro. Sobre princípios y normas.
146
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 115.
147
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 117.
148
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 119.
51
149
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 119.
150
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras e princípios, p. 122.
151
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, p. 209.
52
152
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 124.
153
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 124.
53
154
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 144.
155
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 145.
156
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 145.
157
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 147.
158
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 148.
54
159
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 152-
153.
160
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 185.
161
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 163-
164.
55
2.5. VALORES
162
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 137.
163
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 137.
56
Diante disso, os valores, quando não realizados, determinam algo como deve
ser, gerando normas de comportamento. Neste ponto também pode haver confusão
entre as idéias de valor e de normatividade. O que o direito prega não é mais do que
o dever ser, uma vez que por si só não se realiza.
Assim, “o Direito não é um valor ou um conjunto de valores, antes constitui o
“veículo de realização de valores”, “algo que funciona como meio de realização de
valores”.164 Por isso, o direito constantemente faz referência a valores, não havendo
a correspondência perfeita entre o direito e um valor específico. O principal valor que
nutre a ideia de direito é a justiça, sem dúvidas.
Desta feita, constata-se que as normas de direitos fundamentais são
normalmente impregnadas de muitos valores. Na verdade, essas normas possuem
tanto uma dimensão deontológica como uma dimensão axiológica. Conforme visto,
todas as normas jurídicas de certa forma fazem referência a algum valor, mas as
normas de direitos fundamentais, haja vista encerrarem os principais direitos
humanos reconhecidos na ordem jurídica, possuem uma alta carga valorativa.
Rufino afirma que “os direitos fundamentais são a projeção normativa dos valores
incorporados pela Constituição, isto é, constituem o sistema axiológico positivado
pela Constituição.”165
Em função de sua dimensão axiológica, os direitos fundamentais não devem
ser confundidos com os enunciados deônticos que estabelecem sua projeção
normativa, vez que compreendê-los dessa forma seria reduzi-los à linguagem
normativa de seus enunciados. Os direitos fundamentais também constituem
valores, de modo que incompreensíveis se desvinculados desses valores que
pretendem proteger ou realizar. A dimensão valorativa justifica a dimensão
deontológica, por este motivo tais normas se diferenciam das outras. 166
Feitas essas considerações, avança-se à formulação da distinção entre
valores e princípios.
164
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 139.
165
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 241.
166
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 241.
57
167
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 140.
168
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 141.
169
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 142.
58
Pode-se dizer então que as normas apresentam uma dupla face: por
um lado, determinam o que é devido (elemento normativo, diretivo,
imperativo, isto é, deontológico); por outro, contêm um juízo de valor
ou critério de valor (de justificação ou de crítica) sobre o que é devido
(elemento valorativo ou axiológico). Os elementos deontológico e
axiológico representam, por assim dizer, as duas faces de uma
mesma norma.171
170
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 146.
171
RUFINO, André do Vale. Estrutura das normas de direitos fundamentais – repensando a distinção
entre regras, princípios e valores, p. 160.
59
172
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais, p. 300.
173
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais, p. 272.
174
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais, p. 273.
60
175
BRASIL. Lei nº 8.078/90. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
176
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 54.
Capítulo 3
A JUDICIALIZAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE
177
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 28.
62
marco primeiro da definição de que o que é ter saúde.”178 Hipócrates foi o grande
nome dessa medicina que afastava a religião das doenças, isso graças ao seu poder
de observação empírica, o que levou-o a conclusões ainda válidas atualmente.
Uma das teorias de Hipócrates era que a cidade e o tipo de vida
influenciavam a saúde dos habitantes. Para ele, as doenças deveriam ser tratadas
de acordo com as particularidades locais. Baseadas em essas noções, pode-se
afirmar que um dos motivos pelos quais a saúde brasileira é descentralizada tem
como origem remota o pensamento hipocrático.179
Veio a Idade Média, e com ela houve um retrocesso no que tange à saúde.
Insta ressaltar que o retrocesso operou-se na Europa Ocidental, principalmente,
sendo que os árabes e judeus nessa época obtiveram grandes avanços científicos
na área da medicina.
A ascendência do regime feudalista, a influência de práticas supersticiosas e
a Igreja tiveram influência nesse processo. Segundo os cristãos, a doença era
purificação de algum pecado, e a cura viria somente se fosse merecida.
178
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 29.
179
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 30.
180
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 32.
181
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 33.
182
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 34.
63
183
BRASIL. Decreto nº 26.042, de 17 de dezembro de 1948. Promulga os atos firmados em Nova
York a 22 de julho de 1946, por ocasião da Conferência Internacional de Saúde.
184
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 36-37.
185
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 37-38.
186
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 39.
187
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 39.
64
188
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 43-44.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
189
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências.
190
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde e dá outras providências.
65
191
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 51.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
192
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 51.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
193
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 56.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
194
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 65.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
66
Sendo a saúde um direito social, tem-se que ela deve ser implementada por
meio de políticas públicas, estas dependentes de recursos orçamentários. A
Constituição Federal, portanto, não apenas estabeleceu o dever do Estado em
prover a saúde, como também indicou as chamadas fontes de custeio.
O objetivo do controle sobre os recursos aplicados na saúde é a conquista de
um Sistema Único de Saúde de qualidade. O professor Gilson Carvalho ensina que:
“Controle por controle, controle para punir, se perdem no processo e não cumprem
com a sua finalidade. Em última análise deve-se controlar para conquistar a boa
qualidade, a maior eficiência e eficácia. Controlar não é castigar, mas eficientizar.”195
Com a Emenda Constitucional nº 29/2000, fixou-se a estrutura mínima do
financiamento da saúde.
O §1º do art. 198 da Constituição Federal prevê que a saúde será financiada
com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Vê-se que todos os entes
federativos contribuem para o financiamento da saúde, bem como é reservada para
a saúde parte dos recursos oriundos da seguridade social.
No §2º do art. 198 da Constituição Federal, estipulou-se sobre quais impostos
devem ser retirados os recursos mínimos destinados à saúde. Ainda, o §3º do art.
198 define que Lei Complementar, que será reavaliada a cada cinco anos,
estabelecerá sobre os percentuais dos impostos aplicados na saúde; os critérios de
rateio dos recursos da União destinados aos outros entes federativos e dos Estados
destinados aos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades
regionais; normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas
esferas federal, estadual, distrital e municipal; por derradeiro, as normas de cálculo
do montante a ser aplicado pela União.
195
CARVALHO, Gilson. Financiamento público da saúde no bloco de constitucionalidade, p. 38.
Disponível em: <http://pfdc.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/saude>.
67
196
BRASIL. Ato das disposições constitucionais transitórias
68
197
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL – PFDC. Financiamento da saúde, p. 62-65. Disponível em:
<http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/pfdc/institucional/grupos-de-trabalho/saude/manuais-de-atuacao>.
198
BRASIL. Código Penal. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
199
BRASIL. Lei nº 9.797, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei nº 6.360, de 23 de setembro de
1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a
utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
200
MACHADO, Clara Cardoso. Propugnando um conceito jurídico-metodológico de políticas públicas
para concretização de direitos fundamentais. Disponível em:
<http://www.portalciclo.com.br/downloads/artigo/direito/conceito_juridico_de_politicas_publicas_clara_
cardoso.pdf>.
69
201
BERNARDES, Elexandra Helena. Princípios do Sistema Único de Saúde: concepção dos
enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família, de uma cidade do Estado de Minas Gerais, p. 63.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-21122005-1411317>.
202
BRASIL. Portaria nº 3.916/GM, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de
Medicamentos.
70
203
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 3. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
204
HESSE, Konrad. A força normativa da constituição, p. 25.
72
como parâmetro o núcleo essencial dos direitos fundamentais, pois deve ser
convocado a atuar sempre que um direito for malbaratado além de seu núcleo
essencial. Mendes, Coelho e Branco afirmam que o núcleo essencial “destina-se a
evitar o esvaziamento do conteúdo do direito fundamental decorrente de restrições
descabidas, desmesuradas ou desproporcionais.”205
Não obstante, uma gigantesca demanda tem assolado o Poder Judiciário em
relação à distribuição de medicamentos por parte do Poder Público. Isso, de certa
forma, afeta o sistema, considerando que o Estado não se mostra preparado para
assumi-la, bem como a jurisprudência até agora não adotou um critério para a
concessão dos medicamentos, ora proferindo decisões extravagantes condenando a
Administração a custear tratamentos caros, ora determinando a concessão de
medicamentos de eficácia duvidosa. Ademais, não se definiu ainda qual entidade
estatal – União, Estados e Municípios – devem ser responsabilizada para entrega de
cada tipo de medicamento.206
Essas demandas judiciais envidam uma superposição de esforços e defesas,
envolvendo várias entidades federativas e mobilizando uma grande quantidade de
agentes públicos, servidores e procuradores, acarretando um enorme dispêndio de
recursos públicos, imprevisibilidade e desfuncionalidade na atividade jurisdicional.207
A interferência do Judiciário em questões políticas do Estado é outro ponto
que tem gerado controvérsias na comunidade jurídica.
Quando o Judiciário determina que o SUS forneça algum medicamento ou
tratamento a um paciente, ele interfere em toda a política estatal de ações e serviços
de saúde. O excesso de demandas judiciais que têm por objeto a saúde provoca
uma interferência ainda maior nas políticas públicas.
A partir disso surge a indagação acerca da legitimidade do Judiciário para
interferir em políticas públicas e dos limites de uma possível intervenção.
205
MENDES, COELHO e BRANCO. Curso de direito constitucional, p. 351.
206
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 3. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
207
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 3. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
73
208
MENDES, COELHO e BRANCO. Curso de direito constitucional, p. 550.
209
SCHWARTZ, Germano. Direito à saúde: efetivação de uma perspectiva sistêmica, p. 163.
210
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 21. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
74
214
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1231.
215
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1232.
216
CANOTILHO, Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição, p. 1232.
217
BUSTAMANTE, Thomas. Princípios, regras e a fórmula de ponderação de Alexy: um modelo
funcional para a argumentação jurídica? Artigo publicado na Revista de direito constitucional e
internacional, volume 54, p. 85.
218
BUSTAMANTE, Thomas. Princípios, regras e a fórmula de ponderação de Alexy: um modelo
funcional para a argumentação jurídica? Artigo publicado na Revista de direito constitucional e
internacional, volume 54, p. 87-88.
219
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, p. 163-
164.
76
não apenas individualmente, motivo pelo qual é temerário que o Judiciário, ante a
sua visão estrita de um caso individual, assuma o papel de protagonista na
implementação de políticas públicas de saúde.222
Na verdade, a colisão entre o direito fundamental à vida e à saúde dos
postulantes judiciais em detrimento da universalização da saúde é apenas aparente,
porque não é necessário que a saúde pública, garantida igualitariamente,
universalmente e coletivamente, sucumba frente às necessidades daqueles que
recorrem às vias judiciais para concretizarem seu direito à saúde.
Deve haver nesse caso uma harmonização entre direitos, de forma que a
necessidade de uns não prejudique as políticas coletivas de saúde. Não se deve
esperar que o Estado forneça qualquer tipo de tratamento, porque ele é obrigado a
cuidar daquilo considerado essencial em caráter coletivo, como as políticas
preventivas e o saneamento básico. Concessões devem ser feitas, nesse caso.
Mendes, Coelho e Branco explicam que “tem-se, pois, autêntica colisão de
direitos apenas quando um direito individual afeta o âmbito de proteção de outro
direito individual.”223
Discute-se aqui uma suposta colisão entre o bem jurídico saúde pública, que
decorre do próprio direito à saúde, e o direito individual à saúde. Logo, não é correto
que se fale em colisão, pois não há nenhuma invasão do âmbito de proteção do
direito individual, ocorrendo justamente o oposto, em que a saúde pública é um meio
importante para a concretização do direito individual à saúde.
Os problemas que existem são originários da má gestão da saúde por parte
dos administradores públicos que são responsáveis pelo sucateamento do SUS,
gerando, consequentemente, um aumento na demanda judicial na busca pela
saúde, como também pelos excessos da jurisprudência, que, por falta de critérios,
até agora não se revelou capaz de enfrentar adequadamente as demandas oriundas
da saúde pública.
222
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 24. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
223
MENDES, COELHO e BRANCO. Curso de direito constitucional, p. 375.
78
224
MENDES, COELHO e BRANCO. Curso de direito constitucional, p. 974
225
ROSA, Alexandre Morais da. O que é garantismo jurídico?, p. 80-81.
226
NEVES, Iêdo Batista. Vocabulário prático de tecnologia jurídica e de brocardos latinos.
227
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 10. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
79
indecidível, ou seja, nem mesmo pela maioria poder-se-á violar ou negar os direitos
fundamentais.228
Dessa forma, os direitos fundamentais deverão prevalecer mesmo que contra
a vontade da maioria, isso por conta da ideia de democracia substancial em que se
funda o Estado Democrático de Direito.
O Estado Constitucional de Direito gravita em torno da dignidade da pessoa
humana e na centralidade dos direitos humanos. A dignidade da pessoa humana é o
centro de irradiação dos direitos fundamentais, conhecido também como o núcleo
essencial de tais direitos. Cabe, assim, ao Legislativo, Executivo e Judiciário realizar
os direitos fundamentais, na maior extensão possível, tendo como limite mínimo o
núcleo essencial desses direitos.229
No que tange às três funções estatais, o embate entre a democracia e o
constitucionalismo se dá quando o Poder Judiciário interfere nas deliberações
oriundas do Legislativo e do Executivo, representados pela maioria. Essa
interferência só é possível quando algum direito fundamental é vulnerado para além
do seu mínimo essencial, qual seja, a dignidade da pessoa humana.
É inviável que os direitos fundamentais, especificamente os prestacionais,
sejam promovidos indiscriminadamente, não sendo rara a necessidade de se
efetuarem ponderações e escolhas nem sempre agradáveis, devendo o Judiciário
ser deferente para com essas opções políticas, em respeito ao princípio
democrático.230
Conclui-se, portanto, que não é vocação do Poder Judiciário formular políticas
públicas, mas sim tutelar os direitos fundamentais.
Em relação à concessão gratuita de medicamentos pelo Estado, quais seriam
os parâmetros para uma atuação judicial adequada?
Barroso propôs certos critérios para a concessão de medicamentos pelo
Estado via judicial, tanto nas ações individuais como nas ações coletivas.
228
ROSA, Alexandre Morais da. O que é garantismo jurídico?, p. 21.
229
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 10. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
230
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 12. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
80
233
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 34. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
234
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 31. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
235
BARROSO, Luís Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde,
fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial, p. 32. Disponível em:
<http://www.lrbarroso.com.br/pt/casos/direito/artigo_prof_luis_barroso_da_falta_de_efetividade_a_judi
cializacao_efetiva.pdf>.
82
evitando o excesso de demandas que são prejudiciais tanto ao Judiciário quanto aos
outros poderes.
Contudo, não se pode deixar aqui de afirmar que uma conscienciosa atuação
por parte do Judiciário não basta para evitar o excesso de demandas ou a
inefetividade do direito à saúde. É preciso mais. Uma participação mais ativa da
população e uma maior responsabilidade dos administradores públicos são os
caminhos para que a saúde se torne efetivamente igualitária e universal, conforme
prega a constituição.
CONCLUSÃO
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
2004.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FIUZA, César. Direito civil, curso completo. 12. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, tomo II. 3. ed. Coimbra: Coimbra,
2000.
PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico, volume IV. Rio de Janeiro: Forense, 2001.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 3. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 23. ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.