Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Sumário
Introdução......................................................................................................................1
1. Do Império Romano ao ano 1000 d.C......................................................................2
2. Da Europa Feudal à Renascença.............................................................................4
3. Da Renascença à Revolução Francesa...................................................................9
4. Da Revolução Francesa à Primeira Guerra............................................................11
5. Da Primeira Guerra aos dias atuais........................................................................12
Fontes de pesquisa.....................................................................................................13
1
Introdução
O papel essencial dos banhos públicos como ponto de reunião da vida cívica
clássica fazia da nudez, entre os pares e diante dos inferiores, uma experiência
cotidiana inevitável. A postura de um homem (nu ou vestido) é a verdadeira marca
de sua condição, uma marca tanto mais convincente quanto minimizada.
Yvain espreita a caça, come carne crua, deita diretamente na pedra. Durante a
anamnésia (isto é, o retorno à memória) aparece então como doma e domesticação.
6
Reflexo do corpo de Adão, mas invertido como que por um espelho, o corpo
feminino (mais permeável à corrupção por ser menos fechado) requer uma guarda
mais atenta e é ao homem que cabe a sua vigilância. A mulher não pode viver sem o
homem, deve estar sob seu poder. Anatomicamente, ela está destinada a ficar
encerrada, submetida em uma cerca suplementar, a permanecer no seio da casa, e
só sair dali escoltada, enterrada em um envólucro de vestiário mais opaco.
É preciso erguer diante do corpo um muro, o muro "vida privada". Por natureza,
ela é obrigada ao retiro, ao pudor, deve preservar-se. Deve sobretudo, ser colocada
sob o governo dos homens, desde o nascimento até a morte, porque seu corpo é
perigoso, em perigo e fonte de perigo: por ele, o homem perde sua honra, por ele
corre o risco de ser desencaminhado, por essa armadilha tanto mais perigosa
quanto está mais preparada para seduzir.
O corpo era objeto de uma moral e de uma prática que o historiador tinha
dificuldade em descobrir antes do final do século XIII, porque a arte, decididamente
realista, e os escritos sobre esse assunto mascaram quase tudo. O princípio era de
que é preciso respeitar seu corpo, pois que ele é o templo do espírito e ressuscitará,
cuidar dele, mas com prudência, amá-lo ternamente como, segundo São Paulo, os
maridos devem ter afeição por sua mulher: guardando a distância, desconfiando,
pois o corpo é tentador como o é a mulher, ele leva os outros aos desejos, leva a
desejar os outros. O mais aparente nos textos que nos informam é uma forte
tendência a temer seu corpo, e dele libertar-se, levando aos extremos do ascetismo
até a abandoná-los aos insetos.
O diálogo entre o homem e sua imagem, tal como refletem os artistas, participa
da consciência nova que os homens e as mulheres do fim da Idade Média tiveram
seu corpo revelado, sem se iludir sobre o corpo delicioso e pecador, do qual a alma
escapará no último suspiro para ir habitar na monotonia do corpo sofredor no
purgatório, diante do nu reconciliado no fim da Idade Média, que não se espere
conhecer o íntimo. A intimidade é bem o último círculo do privado, mas passa
necessariamente pelo corpo oferecido e despojado. A nudez supõem um olhar, um
olhar percebido, desde o apelo que ressoou no paraíso nesta etapa, o olhar que os
homens e mulheres do final da Idade Média lançaram sobre seu próprio corpo.
9
Mas tudo não passa de uma única teoria: "O julgamento moral está totalmente
integrado à experiência corporal". Ainda que se trate aqui de uma função
considerada vil e repulsiva, no entanto com relação aos gestos mais cotidianos,
progressivamente, se impõe uma distância que, do corpo ao corpo, tende a
intercalar o espaço neutro de uma tecnologia que governa a ameaçadora
espontaneidade da sensualidade. Assim como quando se está deitado, não se devia
deixar que as cobertas sugerissem a forma do corpo, assim como, "quando sair da
cama não se deve deixá-la descoberta, nem colocar a touca de dormir em algum
assento ou outro lugar onde outros possam vê-la. A vigilância se tornou tão estreita
que acabou proibindo toda relação imediata consigo mesmo: o decoro exige também
que, ao nos deitarmos, escondamos de nós mesmos o nosso corpo e evitemos
lançar-lhe até os menores olhares". Negação radical de qualquer intimidade.
A roupa foi usada com a função de esconder a superfície do corpo. Mas faz da
intimidade corporal o objeto de investimentos autônomos. A história do asseio não é
isolada, em todo caso, convida a reconhecer no mundo dos gestos reprovados a
outra forma silenciosa de intimidade.
11
No final do século XIX, o corpo já está mais livre. Os gestos e as posturas são
permitidos e o corpo deixa de ser percebido como exterior à pessoa. Os prazeres do
corpo nu em meio a fluidez de um banho de mar já não é tão julgado.
12
Fontes de pesquisa
Veyne, Paul. História da vida privada: do Império Romano ao ano Mil. Companhia
das letras, 1990, 14ª edição.
Duby, Georges, & Aries, Philippe. História da vida privada: da Revolução Francesa
à Primeira Guerra. Companhia das letras, 1995, 1ª edição.
Prost, Antoine, & Vincent, Gerard. História da vida privada: da Primeira Guerra aos
dias atuais. Companhia das letras, 1995, 1ª edição.