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Graziella Rollemberg
Sociologia e
filosofia da educação
Sumário
CAPÍTULO 1 – A Sociologia e a Educação ........................................................................05
Introdução.....................................................................................................................05
Síntese...........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas.................................................................................................22
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Capítulo 1
A Sociologia e a Educação
Introdução
Olá! Estamos iniciando a disciplina “Sociologia e Filosofia da Educação”. Qual é o seu conheci-
mento sobre Sociologia? Você sabe quem foram os principais pensadores da história desta ciên-
cia? Sabe qual a importância do conhecimento sociológico para a compreensão da educação?
Entenda, desde já, que a Sociologia nasceu em meio à consolidação da sociedade capitalista,
possuindo raízes na Revolução Francesa e Revolução Industrial. Essa ciência encarregou-se de
investigar o cotidiano do ser humano como ser individual e coletivo, as políticas sociais, sua
cultura, economia, enfim, tudo que envolve questões sociais.
Já a Educação está em todos os momentos da vida humana, seja no sentido formal (escolar), não
formal (diversas relações sociais) ou extraescolar (instituições como a família, a religião, entre
outras). Historicamente falando, a Educação nunca esteve desvinculada dos aspectos políticos,
econômicos e sociais. A Sociologia e a Educação, portanto, se completam na disciplina Socio-
logia da Educação, a qual se preocupa com o contexto social e os seus impactos na educação,
seja em nível da prática diária, da gestão e da política educacional.
Este capítulo está dividido em três tópicos: contextualização histórica da Sociologia; abordagem
sociológica do fenômeno educacional; e, por fim, o processo socioeducacional. No primeiro
tópico, faremos uma contextualização histórica da Sociologia, com ênfase na contribuição de
pensadores como Durkheim, Weber, Max e Rousseau. Já na segunda parte, será abordado o en-
foque sociológico, através do qual veremos as ideias e os conceitos da relação entre Sociologia
e Educação. Por fim, no terceiro tópico, será discutido e apresentado o processo educacional
como parte de um contexto social, político e histórico.
Bom estudo!
Este tópico está dividido em três itens: o surgimento da Sociologia como ciência; os pensadores
de destaque no conhecimento sociológico; e, por fim, Jean Jacques Rousseau.
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Sociologia e filosofia da educação
Figura 1 – A imagem representa a mudança das atividades de produção após a Revolução Industrial.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Como já foi mencionado, a Sociologia teve origem em países europeus profundamente influen-
ciados pelo positivismo e pelas ideias do iluminismo, e não foi obra de um único pensador, mas
de vários indivíduos que sentiram a necessidade de compreender as novas situações e transfor-
mações da sociedade na qual estavam inseridos.
Entenda que o positivismo foi uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século
XIX. Os principais estudiosos e idealizadores dessa corrente filosófica foram Augusto Comte e
John Stuart Mill, os quais defendiam que a ciência deveria se basear em observação e compro-
A proposta de Comte sobre o positivismo se refere à existência humana com valores humanos,
afastando o conhecimento da Teologia e da Metafísica. Em outras palavras, temos que o positi-
vismo proposto por Comte considera a ciência como a única forma de conhecimento verdadeiro,
separando-o de conhecimentos ligados a crenças, superstições ou quaisquer fenômenos que não
pudessem ser comprovados por meio dos rigorosos métodos científicos.
É importante ressaltar que o positivismo defendido por Comte procurava a estabilização da nova
ordem econômica, ou seja, buscava estimular nos homens a aceitação da ordem existente, atra-
vés de um modo de pensamento mais racional. Por outro lado, a jovem Sociologia preocupava-
-se em compreender as questões geradas pelas transformações sociais e pelo modo de produção
capitalista, porém sofria bastante influência do pensamento positivista. Nesse primeiro momento,
portanto, a Sociologia não tinha como objetivo questionar a disparidade social e a exploração
dos trabalhadores (que passaram a ser conhecidos como proletariado) nas indústrias.
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Sociologia e filosofia da educação
Para Durkheim, a divisão do trabalho deveria provocar uma relação de cooperação e de solida-
riedade entre os homens. Porém, com a velocidade das transformações políticas e econômicas,
faltavam as ideias morais para proporcionar o bom funcionamento da coletividade.
De acordo com Durkheim, o indivíduo ao nascer já encontra a sociedade pronta, ou seja, todos
os costumes, as crenças, os direitos são transmitidos pelas gerações anteriores através da educa-
ção. Os sujeitos, nas obras de Durkheim, aparecem sempre como seres passivos, incapazes de
transformar a realidade histórica.
O conhecimento sociológico crítico da sociedade capitalista encontra-se nos estudos de Marx (1818-
1883) e Engels (1820-1903). Nos escritos desses autores, não há intenções de criar fronteiras com
os diferentes campos do saber; pelo contrário, encontra-se uma interligação com as áreas da Antro-
pologia, Ciência Política, Economia, entre outras, sempre com foco em explicar a sociedade como
um todo. Os trabalhos desses pensadores estão ligados a sua militância, ou seja, seu engajamento
na defesa dos diretos trabalhistas do proletariado e na análise da luta de classes.
Essas relações de exploração entre as classes sociais, que vão se consolidando juntamente com a
sociedade capitalista, levam alguns revolucionários a promoverem movimentos questionadores.
O encontro entre Marx e Engels se dá pela afinidade de pensamento e envolvimento com os mo-
vimentos do proletariado na França. Suas obras são construídas a partir desta parceria e surgem
a partir dos movimentos dos proletariados da Europa Ocidental. Entenda, portanto, que não se
tratava meramente de escritos intelectuais, mas também de acontecimentos sociopolíticos com
impacto global (MARX; ENGELS, 2007).
O caminho percorrido por Marx com relação à sua compreensão sobre a sociedade capitalista
possui dois momentos:
1. início dos estudos sobre a sociedade e suas críticas ao modelo do capitalismo vigente; e
2. p
arceria com Engels. Compreende a Política Econômica como a limitação impiedosa
entre os homens, consagrando a alienação das forças sociais no poder do capital (MARX;
ENGELS, 2007).
Para Marx e Engels, qualquer fenômeno social precisava ser investigado a partir da análise da
base econômica da sociedade em vigência, da luta de classes e do conceito de dominação.
A partir desta constatação, acontece o encontro de Marx e Engels com economistas da Escola
Clássica, como Adam Smith.
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Sociologia e filosofia da educação
Outro detalhe importante que deve ser considerado na teoria marxista é a importância dada ao
conhecimento da realidade social como instrumento político, o que promove a orientação das
classes sociais para a transformação da sociedade e a emancipação dos indivíduos. De acordo
com Martins (1994, p. 31):
No final do século XIX e início do século XX, a Sociologia contou com a contribuição do pensador
Max Weber. Weber se dedicou a manter a distinção entre o conhecimento científico e os julga-
mentos de valor sobre a sociedade, sendo influenciado pelo contexto intelectual alemão da sua
época. Um pensador cujas teorias tiveram impacto sobre sua obra foi Immanuel Kant, segundo
o qual todo indivíduo possui capacidade e vontade para assumir uma posição consciente diante
do mundo.
Weber recebeu também forte influência do pensamento marxista, porém, não concordava com o
princípio de que a economia dominasse as demais esferas da realidade social e nem considerava
o capitalismo um sistema injusto. Pelo contrário, considerava o capitalismo um sistema preciso e
eficiente (MARTINS, 1994).
VOCÊ O CONHECE?
Max Weber (Karl Emil Maximilian Weber) viveu no período entre 1864 e 1920. Foi um
intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da Sociologia.
Entre as suas obras, as que possuem destaque são: A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo (1904), Economia e Sociedade (1920), A ciência como vocação (1917) e
A política como vocação (1919).
Bem, entenda que Rousseau, apesar de ser um grande romancista do século XVI, escreveu tam-
bém sobre política, educação e religião. Rousseau viveu no período entre 1712 e 1778, e é
considerado um importante pensador que contribuiu para o início do pensamento sociológico.
Na obra Do Contrato Social, o autor defende a ideia de que o ser humano nasce bom, porém a
sociedade o conduz à degeneração. Afirma, também, que a propriedade privada seria a origem
da desigualdade entre os homens, destruindo a piedade natural e justiça, tornando os homens
maus. Daí a importância do contrato social, pois os homens, necessitando ganhar a liberdade,
aceitam algumas condições sociais impostas.
A Sociologia contemporânea teve grandes avanços como ciência, principalmente nas últimas
décadas no século XX. A função do sociólogo hoje é aplicar o conhecimento sociológico às
transformações sociais, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
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Sociologia e filosofia da educação
Nas obras de Marx e Engels, por exemplo, destaca-se a importância do pensamento crítico, da
ligação com todas as áreas sociais, principalmente a político-econômica, levando em conside-
ração o contexto de cada época, para compreensão do contexto social e de sua influência na
As obras de Weber, por outro lado, contribuíram de forma significativa para a pesquisa empírica
nas ciências sociais. Suas pesquisas sociais tiveram grande abrangência de temas, como o direi-
to, a economia, a história, a religião, a política, a arte e, de modo destacado, a música. Rous-
seau, por sua vez, na tentativa de compreender o ser humano, deixou muitas contribuições para
a reflexão das teorias educacionais contemporâneas, reforçando a capacidade do educador em
transformar o aluno, orientando-o.
Há como compreender a educação e sua história sem compreender o ser social? As ciências
sociais, ao investigar todos os aspectos que envolvem as relações entre os indivíduos, contribuem
para a compreensão das políticas educacionais no decorrer da história.
Através dos questionamentos promovidos pela Sociologia, é possível analisar de forma crítica
as práticas e intenções das classes sociais e de grupos dominantes; o tipo de cidadão que a
escola tem capacidade de formar; a necessidade de conscientização e emancipação do ser hu-
mano sempre, seja em qual momento social e histórico esteja; as diferenças sociais e culturais;
a educação não formal e extraescolar; a importância de algumas instituições na formação do
indivíduo, como a família e a religião.
Em A educação para além do capital, Mészáros ensina que pensar a sociedade tendo como
parâmetro o ser humano exige a superação da lógica desumanizadora do capital, que tem no
individualismo, no lucro e na competição seus fundamentos. Que educar é – citando Gramsci –
colocar fim à separação entre Homo faber e Homo sapiens; é resgatar o sentido estruturante da
educação e de sua relação com o trabalho, as suas possibilidades criativas e emancipatórias.
E recorda que transformar essas ideias e princípios em práticas concretas é uma tarefa a
exigir ações que vão muito além dos espaços das salas de aula, dos gabinetes e dos fóruns
acadêmicos. Que a educação não pode ser encerrada no terreno da pedagogia, mas tem de
sair às ruas, para os espaços públicos, e se abrir para o mundo. (JINKINGS, 2005)
É fato, entretanto, que a educação sempre foi dual, ou seja, sempre ofereceu um ensino de
caráter seletivo e antidemocrático. Em muitos momentos, ela foi utilizada como um instrumento
dos grupos dominantes para manter o poder. A prática educacional precisa, portanto, ser olhada
por várias áreas do conhecimento, inclusive a Sociologia, e com muita cautela, levando-se em
consideração todas as problemáticas políticas e econômicas envolvidas em seu desenvolvimento.
A Sociologia como ciência vem, ao longo dos anos, contribuindo de forma significativa para a
Educação com este olhar mais crítico, racional sobre a sociedade e tudo que a envolve.
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Sociologia e filosofia da educação
[...] em uma nação livre na qual não se permite a escravidão, a riqueza mais segura consiste
numa multidão de pobres laboriosos. Assim, para fazer feliz a sociedade e manter contentes
as pessoas, ainda que nas circunstâncias mais humildes, é indispensável que o maior número
delas sejam ao mesmo tempo pobres e totalmente ignorantes. (MANDEVILLE, 1982, p. 190,
apud LINS, 2003, p. 3).
Pensar a escola hoje nos impõe um desafio sociológico e, ao mesmo tempo, pedagógico.
Sociológico porque as mudanças estruturais da sociedade capitalista das últimas décadas
desencadearam uma crise global que afetou as instituições, levando-as a rupturas, conflitos e
reorganização no âmbito de suas relações sociais. Esse processo, muitas vezes, se apresenta
de modo "natural", aparentemente irreversível na sociedade, requerendo uma ação mais efetiva
para uma problematização. Nesse sentido, a Sociologia se apresenta como uma ferramenta
valiosa. Pedagógico porque também o processo de socialização do conhecimento escolar
se reveste dos elementos históricos globais das relações sociais, trazendo para esse espaço
a concretização de conflitos, crises e disputas concomitantes no cenário social maior, mas
guardando sua especificidade. (MENDONÇA, 2011, p. 5)
Temos duas vertentes da Sociologia na Educação, enquanto disciplina, que serão tratadas sepa-
radamente:
Somente em 2006 ela se tornou disciplina obrigatória, por meio da Resolução CNE n. 4/2006,
que altera o artigo 10 da Resolução CNE/CEB nº 3/98, o qual institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio. Tal prática ainda precisa de um enfoque e valorização maiores
por parte dos governantes e das políticas educacionais brasileiras. E quanto à disciplina Sociolo-
gia da Educação no curso de Pedagogia?
Bem, saiba que a Sociologia da Educação vem contribuindo na formação do pedagogo e pro-
movendo a compreensão acerca da realidade educacional no contexto brasileiro. Porém, ela
Desta forma, pensando nos diversos focos dos profissionais da educação, como professores,
especialistas da educação e da gestão educacional, a disciplina Sociologia da Educação preci-
sa contribuir para a reflexão relativa à profissão em si, à política educacional, ao exercício da
prática educativa e à legislação educacional. As ciências sociais podem dar essa contribuição
à medida que vão além das explicações imediatas, aprofundando-se nos princípios estruturais.
Olhando para a história da educação formal, vemos que ela sempre esteve atrelada aos interes-
ses políticos, econômicos e sociais de cada contexto. Sempre houve uma dualidade no sistema
educacional, no sentido de que havia uma educação direcionada à elite da sociedade e à classe
dominante, com maiores privilégios e oportunidades, e uma educação oferecida para a maioria
da população, de menor qualidade, restritiva, e, na maior parte dos casos, destinada à profissio-
nalização dos indivíduos para atender uma demanda imediata, ditada pelo mercado.
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Sociologia e filosofia da educação
Durante toda a história social, política e educacional é possível perceber a falta de interesse, por
parte das classes dominantes, em promover uma educação igualitária, democrática e emancipa-
dora. Até os dias atuais, é possível identificar, principalmente na educação pública, um interesse
de não mutação, de conformidade e acomodação por parte dos grupos dominantes.
Desde que a sociedade capitalista se consolidou no Brasil, a educação tem servido como um
instrumento para formar cidadãos para o trabalho de forma eficaz, ou seja, os indivíduos são
formados com as competências exigidas para atender o mercado. A parte negativa dessa prática
é que a educação destinada à grande maioria da população não vai além desse panorama, não
prepara um cidadão completo, crítico, consciente e capaz de tomar suas próprias decisões.
Há uma falta de interesse por parte dos educadores e da sociedade com relação à educação?
Ou podemos compreender isso como uma armadilha do sistema político e econômico, promo-
vendo alienação e conformidade com a situação? O estudo da Sociologia realmente contribui
para a educação? O estudo da Sociologia na educação promove garantias de uma evolução
para a educação? Sabemos que o conhecimento e a reflexão podem proporcionar à sociedade
possibilidades de melhorias e transformações. É esse direito que é preciso ser garantido aos
indivíduos.
Por fim, entenda que pensar e atuar na educação sem o conhecimento das ciências sociais se
torna impossível. Isso porque a educação e a escola encontram-se dentro de uma sociedade,
com sua cultura, intenções, valores e regras.
A educação que passa pelo período colonizador, e em seguida pelo Império, chega ao século XX,
no Brasil, sem muitos avanços com relação ao período anterior. No período de 1930 a 1937, o
Brasil passou por um processo de radicalização política, com bastante efervescência ideológica.
Esse momento propiciou muitos projetos para a sociedade brasileira e uma política educacional
a ela atrelada.
Neste momento histórico surgiram quatro diferentes pensamentos sobre a educação brasileira,
quais sejam: os liberais, os católicos, o governo e a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Os
liberais eram os intelectuais que defendiam a “pedagogia nova”, propondo uma educação re-
novada e a reformulação da política educacional, ao passo que os católicos defendiam uma
pedagogia tradicional. Diante disso, o governo adota uma posição de “neutralidade” com um
discurso de que era necessário ouvir as duas partes, enquanto a ANL envolveu grande parcela
das classes populares a fim de lutar contra a frente anti-imperialista e antifascista (ROLLEMBERG
et al., 2012).
Em 1931 foi criado, pelo governo de Getúlio Vargas, o Ministério da Educação e Saúde Pública
(MESP). A Constituição de 1934 traz alguns pequenos avanços no que tange a educação, como
o ensino primário obrigatório e totalmente gratuito; a obrigatoriedade do concurso público para
o provimento de cargos no magistério; a fixação que a União deveria reservar no mínimo 10% do
orçamento anual para a educação, e os Estados, 20%; o ensino religioso foi inserido na escola
pública (ROLLEMBERG et al., 2012).
Já no final do Estado Novo houve a adoção de uma nova Constituição, em 1946, que se definia
com um caráter liberal e democrático. Essa Constituição regulamentou o Ensino Primário e o
Ensino Normal e criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Em 1961 foi pro-
mulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, porém em 1964,
com o golpe militar, todas as iniciativas, mesmo que isoladas e levantadas por alguns intelectuais
e defensores da educação pública, democrática e gratuita, são impedidas, sob o discurso de que
eram comunistas e subversivas.
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Sociologia e filosofia da educação
O período ditatorial, ao longo de duas décadas que serviram de palco para o revezamento
de cinco generais na presidência da república, se pautou em termos educacionais pela
repressão, privatização de ensino, exclusão de boa parcela das classes populares do ensino
profissionalizante, tecnicismo pedagógico e desmobilização do magistério através de abundante
e confusa legislação educacional. Só uma visão otimista/ingênua poderia encontrar indícios de
saldo positivo na herança deixada pela ditadura militar. (ROLLEMBERG et al., 2012, p. 189).
A partir de 1985, o País passou por um período de redemocratização e, nesse momento histórico,
intelectuais voltaram a expressar suas ideias sobre uma educação democrática, justa e igualitá-
ria; movimentos sociais em todos os setores ganharam espaço, a liberdade de expressão volta
ao País com grande força.
Em 1988, foi promulgada a atual Constituição, a qual apresentou muitos avanços para a edu-
cação brasileira. Já em 1996, a Nova LDB no 9394 foi promulgada, seguindo as orientações da
Constituição de 1988, com muitos avanços para a Educação em todos os níveis e as modalida-
des educacionais.
A partir de 1990, o Brasil começa a passar por algumas mudanças sociais, políticas e econômi-
cas, em decorrência de um movimento global. O capitalismo, que estava em crise, ganha forças
com uma nova roupagem e, consequentemente, transformações sociais são iniciadas. No Brasil,
essas transformações chegam com mais ênfase a partir do século XXI.
Essas mudanças possuem grandes repercussões sobre as questões sociais e educacionais, pois
afetam os modelos de organização do trabalho e de formação do trabalhador. De acordo com
Frigotto e Ciavatta (2006 apud Pinto, 2011, p. 28), praticamente desaparecem nas reformas
educativas efetivadas pelo governo em vigor expressões como educação integral, omnilateral,
laica, unitária, politécnica ou tecnológica e emancipatória, ganhando espaço ideias como poli-
valência, qualidade total, competências, cidadão produtivo e empregabilidade.
A sociedade passa atualmente por muitas transformações tecnológicas que vêm alterando toda a
sua comunicação e busca pelo conhecimento de forma mundial. A escola que está inserida nesse
contexto, com foco na pública, não está conseguindo acompanhar todo o avanço tecnológico e
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Sociologia e filosofia da educação
de mudanças sociais. As políticas educacionais são alteradas cada vez menos com a participa-
ção democrática da sociedade.
CASO
Mariana trabalha para o Inep (<http://www.inep.gov.br/>) e ficou responsável por pesquisar
sobre a eficácia da Educação Básica no País. Através de visitas a escolas e muita análise de
documentação relativa aos testes de admissão ao ensino superior, Mariana chegou à conclusão
de que a prática educacional atual não está sendo eficaz para formar cidadãos que tenham as
competências mínimas para viver e conviver em sociedade de forma plena, ou seja, que deem
conta de ler e interpretar a sua realidade.
Quando chegam ao Ensino Superior, os indivíduos chegam com muitas deficiências de apren-
dizagem, o que compromete as condições para acompanhar os conhecimentos que devem ser
adquiridos nesse nível de ensino. Em outras palavras, temos que as políticas educacionais estão
ineficazes na sua elaboração e/ou implementação, o que nos remete a teoria de Marx sobre
como o capitalismo promove a desigualdade social, a marginalização dos trabalhadores e a
alienação dos indivíduos.
Como no pensamento de Paulo Freire (1996), o objetivo da ação educativa deve ser a produção
de conhecimentos, os quais, por sua vez, aumentarão a consciência e a capacidade de iniciativa
transformadora dos indivíduos. Há muitas considerações, porém, uma coisa é certa: mais do que
nunca, o papel da Sociologia e Educação é necessário como instrumento que permite ao indi-
víduo compreender a sociedade de forma crítica e consciente, buscando um modelo mais justo
democrático, sendo palco da emancipação dos indivíduos.
• No final do século XIX e início do século XX, a Sociologia contou com a contribuição do
pensador Max Weber, que se dedicou a manter a distinção entre o conhecimento científico
e os julgamentos de valor sobre a sociedade.
• A Sociologia, como ciência, vem ao longo dos anos contribuindo de forma significativa
para uma educação com um olhar mais crítico e racional sobre o contexto no qual está
inserida.
• Durante ambos os regimes ditatoriais (com Vargas, em 1937 a 1945; com os militares em
1964 a 1984), disciplinas como a Sociologia, consideradas subversivas, foram reprimidas
e excluídas do currículo escolar.
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Referências Bibliográficas
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