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Livro a 04
Gramática e Interpretação de
Texto para FUVEST 2020 –
Segunda Fase
Sumário
Introdução ............................................................................................................................................ 3
1 – Questões sobre a aula 00 ....................................................................................................... 5
1.1 Gabarito/Comentários - Aula 00 .............................................................................................. 12
2 – Questões sobre a aula 01 ..................................................................................................... 14
2.1 Gabarito/Comentários - Aula 01 .............................................................................................. 29
3 – Questões sobre a aula 02 ..................................................................................................... 33
3.1 Gabarito/Comentários - Aula 02 .............................................................................................. 45
4 – Questões sobre a aula 03 ..................................................................................................... 33
3.1 Gabarito/Comentários - Aula 03 .............................................................................................. 45
5 – Questões sobre a aula 04 ..................................................................................................... 33
3.1 Gabarito/Comentários - Aula 04 .............................................................................................. 45
6 – Referências Bibliográficas .................................................................................................... 49
7 – Considerações Finais............................................................................................................ 49
INTRODUÇÃO
Olá, vestibulandos.
Vamos dar continuidade à nossa programação de estudo de Gramática e Interpretação de
Texto para FUVEST 2020, agora dessa vez resolvendo questões da Segunda Fase. Lembrem-se
sempre de nosso lema:
Lembrando do nosso cronograma do curso para a Primeira Fase, uma vez que os temas
respectivos à numeração das aulas poderão ser retomados:
8. Estratégias de articulação do
Texto: Coesão e Modos de combinar temas: coesão texto: 8.1. coesão lexical,
Coerência lexical, referencial e articulação de referencial e articulação de
enunciados de qualquer extensão. enunciados de qualquer extensão;
Coesão e coerência. 8.2. paragrafação.
Lembrando também que na FUVEST cai repertório obrigatório de obras literárias. Então,
vamos lá, não percamos tempo!
Qual o sentido das palavras “cravou” e “planilhar” destacadas no texto e qual o efeito que elas
produzem?
Texto I
Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o capitalismo preparava o
caminho para a libertação humana se tivesse olhado sua história do ponto de vista das mulheres.
Essa história ensina que, mesmo quando os homens alcançaram certo grau de liberdade formal, as
mulheres sempre foram tratadas como seres socialmente inferiores, exploradas de modo similar às
formas de escravidão. “Mulheres”, então, no contexto deste livro, significa não somente uma
história oculta que necessita se fazer visível, mas também uma forma particular de exploração e,
portanto, uma perspectiva especial a partir da qual se deve reconsiderar a história das relações
capitalistas.
FEDERICI, Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. S.l.: Elefante, 2017.
Texto II
Em todas as épocas sociais, o tempo necessário para produzir os meios de subsistência
interessou necessariamente aos homens, embora de modo desigual, de acordo com o estádio de
desenvolvimento da civilização.
MARX, Karl, O capital. São Paulo: Boitempo, 2017.
Existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em cada um dos textos? Justifique.
Nós vivemos aqui que nem gado. Tem a cerca e nós não podemos sair dessa cerca. Tem que
viver só do que tem dentro da cerca. É, nós vivemos que nem boi no curral.
Paulo A. M. Isaac, Drama da educação escolar indígena Bóe-Bororo.
Nos trechos “Tem a cerca...” e “Tem que viver...”, o verbo “ter” assume sentidos diferentes?
Justifique.
Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir (...). Todos fazem coisas
engraçadas”, substituindo o verbo “fazer” por sinônimos adequados ao contexto em duas de suas
três ocorrências.
Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que precisam também simular
cenários, com uma ampla gama de variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia
também se beneficiam do poder computacional desse tipo de equipamento.
www.techtudo.com.br, 24.06.2016.
A palavra “cenários” (sublinhada no texto) foi empregada com o mesmo sentido em suas duas
ocorrências? Justifique sua resposta.
6. (FUVEST/2015/2ª fase)
Leia o seguinte texto:
Mal traçadas
Canadá planeja extinguir os carteiros
No mundo inteiro, os serviços de correio tentam se adaptar à disseminação do e-mail, do
Facebook, do SMS e do Skype, que golpearam quase até a morte os hábitos tradicionais de
correspondência, mas em nenhum lugar se chegou tão longe quanto no Canadá. Em dezembro, o
Canada Post anunciou nada menos que a extinção do carteiro tal como o conhecemos. A meta é
acabar com o andarilho uniformizado que, faça chuva ou faça sol, distribui envelopes de porta em
porta e, às vezes, até conhece os rostos por trás dos nomes dos destinatários. Os adultos de amanhã
se lembrarão dele tanto quanto os de hoje se recordam dos leiteiros, profetizou o blog de assuntos
metropolitanos do jornal Toronto Star, conformado à marcha inelutável da modernidade
tecnológica.
Claudia Antunes, http://revistapiaui.estadao.com.br. Adaptado.
a) Qual é a relação de sentido existente entre o título “Mal traçadas” e o assunto do texto?
b) Sem alterar o sentido, reescreva o trecho “conformado à marcha inelutável da modernidade
tecnológica”, substituindo a palavra “conformado” por um sinônimo e o adjetivo “inelutável” pelo
verbo lutar, fazendo as modificações necessárias. Exemplo: “marcha inevitável da modernidade
tecnológica” = marcha da modernidade tecnológica que não se pode evitar.
7. (FUVEST/2012/2ª fase)
Leia com atenção o seguinte texto:
1A onipresença do olho mágico da televisão no centro da vida doméstica dos brasileiros, com
o 2poder (imaginário) de tudo mostrar e tudo ver que os espectadores lhe atribuem, vem
provocando 3curiosas alterações nas relações entre o público e o privado. Durante pelo menos dois
séculos, o bom 4gosto burguês nos ensinou que algumas coisas não se dizem, não se mostram e não
se fazem em 5público. Essas mesmas coisas, até então reservadas ao espaço da privacidade, hoje
ocupam o 6centro da cena televisiva. Não que o bom gosto burguês deva ser tomado como
referência 7indiscutível da ética que regula a vida em qualquer sociedade. Mas a inversão de
padrões que 8pareciam tão convenientemente estabelecidos nos países do Ocidente dá o que
pensar. No mínimo, 9podemos concluir que a burguesia do terceiro milênio já não é a mesma que
ditou o bom 10comportamento dos dois séculos passados. No máximo, supõe-se que os
fundamentos do contrato 11que ordenava a vida social entre os séculos XIX e XX estão
profundamente abalados, e já vivemos, 12sem nos dar conta, em uma sociedade pós-burguesa, num
sentido semelhante ao do que chamamos 13uma sociedade pós-moderna.
Maria R. Kehl, in Bucci e Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão.
a) O que a autora do texto quer dizer, quando se refere ao “poder de tudo mostrar e tudo ver” (ref.
2), atribuído à televisão, como “imaginário”?
b) Indique a palavra do primeiro período que tem o mesmo significado do prefixo que entra na
formação da palavra “onipresença” (ref. 1).
c) Indique uma palavra ou expressão do texto que corresponda ao sentido da palavra “ética” (ref.
7).
8. (FUVEST/2009/2ª fase)
Leia o trecho de abertura de Memórias de um sargento de milícias e responda ao que se pede.
a) A frase “Era no tempo do rei” refere-se a um período histórico determinado e possui, também,
uma conotação marcada pela indeterminação temporal. Identifique tanto o período histórico a que
se refere a frase quanto a mencionada conotação que ela também apresenta.
b) No trecho aqui reproduzido, o narrador compara duas épocas diferentes: o seu próprio tempo e
o tempo do rei. Esse procedimento é raro ou frequente no livro? Com que objetivos o narrador o
adota?
9. (FUVEST/2010/2ª fase)
Leia este texto.
1O ano nem sempre foi como nós o conhecemos agora. Por exemplo: no antigo calendário
2romano, abril era o segundo mês do ano. E na França, até meados do século XVI, abril era o primeiro
3mês. Como havia o hábito de dar presentes no começo de cada ano, o primeiro dia de abril era,
para 4os franceses da época, o que o Natal é para nós hoje, um dia de alegrias, salvo para quem
ganhava 5meias ou uma água-de-colônia barata. Com a introdução do calendário gregoriano, no
século XVI, 6primeiro de janeiro passou a ser o primeiro dia do ano e, portanto, o dia dos presentes.
E primeiro de 7abril passou ser um falso Natal _ o dia de não se ganhar mais nada. Por extensão, o
dia de ser 8iludido. Por extensão, o Dia da Mentira.
Luís F. Veríssimo, As mentiras que os homens contam. Adaptado.
a) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que o trecho “meias ou uma água-de-colônia barata”
deve ser entendido apenas em seu sentido literal? Justifique sua resposta.
b) Crie uma frase que contenha um sinônimo da palavra “salvo” (ref. 4), mantendo o sentido que
ela tem no texto.
a) É correto afirmar que, segundo o texto, uma nota diplomática se parece com o “exemplar não
correto nem aumentado da edição da mulher”? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista o trecho “para tocar a ideia capital e a intenção que lhe dá origem”, indique um
sinônimo da palavra “capital” que seja adequado ao contexto e identifique o referente do pronome
“lhe”.
Sim, existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em cada um dos textos citados.
No primeiro, a palavra refere-se ao gênero masculino, ao passo que no segundo alude à
Humanidade.
6. (FUVEST/2015/2ª fase)
a) A expressão “essas mal traçadas linhas” tornou-se um clichê do universo epistolar já em extinção
no Canadá. O título, de certa forma, ironiza essa mudança que se aponta e mais uma profissão que
se vê substituída pela tecnologia.
b) Resignado à marcha da modernidade tecnológica contra a qual não se pode lutar.
7. (FUVEST/2012/2ª fase)
a) O uso dos parênteses destaca o termo “imaginário” no contexto da frase, de forma a enfatizar
que a televisão produz o efeito ilusório de que as imagens transmitidas ao espectador passivo
apresentam a realidade.
b) O prefixo “oni-“ significa “tudo”, termo que é repetido na frase “tudo mostrar e tudo ver”. “Omni”
ou “oni” é um radical latino que significa justamente “tudo”.
c) Define-se ética como o conjunto de princípios, normas e regras que visem a um comportamento
moral exemplar, o que é sugerido na expressão “bom comportamento”.
8. (FUVEST/2009/2ª fase)
a) O período histórico a que se refere a frase é o que se inicia com a chegada da família real
portuguesa no Brasil (1808), sendo D. João VI o rei. Esta frase (“Era uma vez...”) lembra a abertura
dos contos de fadas e de gêneros textuais semelhantes e, nesse sentido, conota tempo e espaço
indefinidos, sendo responsável por tornar tênue a linha entre ficção e história.
b) Esse procedimento é frequente no livro, pois um dos objetivos do narrador é confrontar duas
épocas. Dessa forma, Manuel Antônio de Almeida é reconhecido por estabelecer a transição do
movimento literário do Romantismo para o Realismo.
Linguagem
Vários sentidos,
Conotativa Coração Figurativa
inclusive todos
9. (FUVEST/2010/2ª fase)
a) Não, a referência a “meias ou uma água-de-colônia barata” é usada ironicamente em sentido
figurado, aludindo a um presente banal, adquirido sem grande envolvimento ou preocupação em
causar satisfação à pessoa a quem vai ser oferecido.
b) Qualquer frase que contivesse os termos “exceto”, “à exceção de” ou “afora” manteria a noção
de exclusão que a palavra “salvo” expressa no terceiro período do texto, como, por exemplo: “Todos
os países da América Latina possuem faixa litorânea, exceto Bolívia e Paraguai”.
nafórico: nterior
atafórico: onsecutivo
2. (FUVEST/2019/2ª fase)
a) Explique a relação de sentido entre os trechos (I) “Escravidão no Brasil não é analogia” e (II)
“Reduzir alguém a condição análoga à de escravo”.
b) Qual a relação entre o uso da imagem sobre um fundo escuro e o texto do anúncio?
3. (FUVEST/2017/2ª fase)
4. (FUVEST/2016/2ª fase –
adaptada)
Examine este anúncio de uma
instituição financeira.
Com base na parte escrita do anúncio, responda: qual é a relação temporal que se estabelece entre
os verbos “conhecer”, “oferecer”, “proporcionar” e “alcançar”? Explique.
5. (FUVEST/2015/2ª fase)
Examine a tirinha.
a) De acordo com o contexto, o que explica o modo de falar das personagens representadas pelas
duas traças?
b) Mantendo o contexto em que se dá o diálogo, reescreva as duas falas do primeiro quadrinho,
empregando o português usual e gramaticalmente correto.
6. (FUVEST/2015/2ª fase)
Examine a seguinte matéria jornalística:
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela
embaixo, então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos
duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da estrutura. No dia,
entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”.
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que
dá”), ele varia o local de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana.
Mas é sempre nos pontos, porque eu não vou dormir na rua”.
www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado.
a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes
na imagem acima? Explique.
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua
falada corrente e informal. Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma
característica, também presentes nessas declarações.
7. (FUVEST/2013/2ª fase)
Qual é a relação de sentido existente entre a imagem de uma folha de árvore e as expressões
“Mapeamento logístico” e “caminho”, empregadas no texto, que compõem o anúncio acima
reproduzido?
Na segunda estrofe, substitua a palavra “viu” por outra que cumpra a mesma função comunicativa
que ela tem no texto.
Considerando os elementos visuais e verbais que constituem este anúncio, identifique no texto:
a) a palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entre patrocinado e patrocinador.
Justifique sua resposta.
b) duas possíveis leituras da frase E você tem um papel muito importante nesta história.
Meio ambiente – adotar uma cadeia produtiva amiga do meio ambiente pode fazer muito tanto a
sua pessoa física quanto a sua pessoa jurídica.
(Adaptado de campanha publicitária – Instituto Ethos).
1. (FUVEST/2019/2ª fase)
a) O último quadrinho retoma o fundo negro dos dois primeiros, em que aparece a palavra
“protocolo”. Essa palavra será ressignificada por meio da onomatopeia “pocotó”, imitando o som
do cavalo.
A onomatopeia é uma figura de linguagem que ocorre quando há a o emprego de
palavras que imitam sons ou ruídos.
b) As centrais de atendimento eletrônico promovem serviços virtuais, procedimento por meio dos
quais costumam gerar protocolos. É a isso que se refere a frase: “se quiser que repita, tecle 2”.
Porém, trata-se de um serviço mecânico, sendo que o marchar do cavalo se associa justamente a
esse automatismo do serviço prestado.
2. (FUVEST/2019/2ª fase)
a) Ao contrapor a frase “Escravidão no Brasil não é analogia” ao segmento “é realidade”, subentende-
se que a palavra “analogia” traduz um conceito abstrato, utópico, ou teórico. Já no texto II, o adjetivo
adquire noção de “semelhante”, “igual”, abrangendo todos os que são sujeitos a trabalhos forçados,
jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho ou restrição de locomoção por dívidas
contraídas com a entidade patronal.
b) A imagem de duas mãos amarradas sobre fundo escuro sugere que o conceito sobre a condição
de escravatura abrange setores sociais que, na sociedade contemporânea, são excluídos de direitos
de cidadania, constituídos por indivíduos de qualquer raça, ou seja, por todos os que são vítimas de
um sistema opressor que os marginaliza.
3. (FUVEST/2017/2ª fase)
a) Para o personagem da tirinha, a escrita de uma carta, gênero epistolar, que deveria ser algo
pessoal e verídico, é usada como criação imaginária, uma vez que difere do que ele fala. “É escrever
uma coisa enquanto falo outra”. Dessa forma, o gênero epistolar se assemelha a gêneros
tradicionalmente ficcionais como o romance e o conto. Segundo Hênio Tavares (2002), “epistolar”
é uma espécie literária.
b) As falas dos quadrinhos privilegiam a modalidade escrita da Língua Portuguesa, porém
apresentam algumas expressões coloquiais como “você sabe”, “com toda essa coisa de internet”,
“é escrever uma coisa”.
5. (FUVEST/2015/2ª fase)
a) A segunda pessoa do plural (vós) e a expressão “Em verdade vos digo”, empregadas na tirinha de
Fernando Gonsales, são marcas típicas do discurso formal religioso, como comprova, no último
quadrinho, a fala de Níquel Náusea, segundo o qual as traças estavam roendo a Bíblia.
Vale observar que o efeito de humor da tirinha fundamenta-se também no uso equivocado dessa
pessoa do discurso, como se vê em “Queria-vos que fostes melhordes” (quadrinho 1). Isso porque
“melhor” não é sequer um verbo para flexionar na segunda pessoa do plural (“melhor” é um
adjetivo, superlativo de “bom”).
b) Uma possível reelaboração das falas do primeiro quadrinho, empregando o português usual e
gramaticalmente correto, seria:
– Como foi o seu dia?
– Queria que fosse melhor!
É importante ressaltar que o uso da segunda pessoa do plural não é usual no português
contemporâneo, como é a terceira pessoa, ainda que o contexto do discurso formal religioso –
destacado no terceiro quadrinho – explique o emprego dessa forma gramatical na tirinha.
6. (FUVEST/2015/2ª fase)
a) Estamos diante de uma contradição e, por conseguinte, de uma ironia. Diante desta imagem,
nossos olhos sentem um estranhamento imediato fruto do contraste produzido pela palavra escrita
em letras garrafais e tomando boa parte do anúncio: CONFORTO. Em cima, com custo, percebemos
a existência de um homem deitado. Abaixo do homem um anúncio imenso. O efeito de sentido é
produzido pelo contraste gerador da ironia presente entre a palavra CONFORTO e um homem
dormindo ao relento, em um lugar que não foi feito para isso. A posição toda torta do homem
enquanto dorme colide com a segurança e a beleza escritas também no anúncio, outro contraste
que levará à ironia.
Refletido pelo vidro, no canto à esquerda, há um outro homem, que também parece maltrapilho, e
que parece estar se penteando e utilizando o vidro do ponto de ônibus para sua toalete, o que
também remete à beleza expressa na mensagem escrita do anúncio. Uma ironia produzida pela
própria realidade.
b) “(...) ninguém te incomoda (...)”: o pronome te usado com o sentido de você ou do oblíquo o faz
parte do coloquial brasileiro.
“(...) por causa do calor de matar (...)”: expressão hiperbólica usada informalmente.
7. (FUVEST/2013/2ª fase)
As nervuras da folha assemelham-se a desenhos de rotas e caminhos traçados em mapas,
relacionando-se, dessa forma, com a expressão “mapeamento logístico”, no sentido de
planejamento estratégico para desenvolvimento de uma indústria competitiva na região da
Amazônia.
Sim, a afirmação se aplica ao anúncio. A ironia decorre de que “isso tudo”, em vez de indicar os bens
a serem herdados, indica os males da devastação ambiental que a atual geração está legando à
próxima.
→ Lembrem-se: ironia é um efeito de texto que significa dizer o contrário do que se quer dizer.
O texto que compõe as falas dos quadrinhos pertence inteiramente à modalidade escrita da língua
portuguesa? Justifique sua resposta, com base em elementos presentes no texto.
2. (FUVEST/2016/2ª fase)
Um restaurante, cujo nome foi substituído por Y, divulgou, no ano de 2015, os seguintes anúncios
a) Na redação do anúncio II, evitou-se um erro gramatical que aparece no anúncio I. De que erro se
trata? Explique.
b) Tendo em vista o caráter publicitário dos textos, com que finalidade foi usada, em ambos os
anúncios, a forma “pra”, em lugar de “para”?
3. (FUVEST/2016/2ª fase)
Leia estes dois excertos das obras indicadas e responda ao que se pede.
(...) Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que
passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé
direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-
lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma
declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao
anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um
pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que
pareciam sê-lo de muitos anos.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
Na ocasião em que Léonie partia pelo braço do amante, acompanhada até o portão por um
séquito de lavadeiras, a Rita, no pátio, beliscou a coxa de Jerônimo e soprou-lhe à meia voz:
– Não lhe caia o queixo! ...
O cavouqueiro teve um desdenhoso sacudir d’ombros.
– Aquela pra cá nem pintada!
E, para deixar bem patente as suas preferências, virou o pé do lado e bateu com o tamanco
na canela da mulata.
– Olha o bruto! ... queixou-se esta, levando a mão ao lugar da pancada. Sempre há de mostrar
que é galego!
Aluísio Azevedo, O cortiço.
4. (FUVEST/2012/2ª fase)
Leia este texto:
a) Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se concluir corretamente que a língua falada é
desprovida de regras? Explique sucintamente.
b) Entre a palavra “episcopalmente” e as expressões “meter o bico” e “de orelhas murchas”, dá-se
um contraste de variedades linguísticas. Substitua as expressões coloquiais, que aí aparecem, por
outras equivalentes, que pertençam à variedade padrão.
5. (FUVEST/2011/2ª fase)
Entre as variedades de preconceito enumeradas a seguir, aponte aquelas que o grupo dos “capitães
da areia” (do romance homônimo) rejeita e aquelas que acata e reforça: preconceito de raça e cor;
de religião; de gênero (homem e mulher); de orientação sexual. Justifique suas respostas.
6. (FUVEST/2010/2ª fase)
Leia o seguinte excerto de um artigo sobre o teólogo João Calvino.
Foi preciso o destemor conceitual de um teólogo exigente feito ele para dar o passo racional
necessário. Ousou: para salvar a onipotência de Deus, não dá para não sacrificar pelo menos um quê
da bondade divina.
Antônio Flávio Pierucci, Folha de S. Paulo, 12/07/2009.
a) O excerto está redigido em linguagem que apresenta traços de informalidade. Identifique dois
exemplos dessa informalidade.
b) Mantendo o seu sentido, reescreva o trecho “não dá para não sacrificar pelo menos um quê da
bondade divina”, sem empregar duas vezes a palavra “não”.
7. (FUVEST/2008/2ª fase)
O autoclismo da retrete
RIO DE JANEIRO – Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa.
Logo no primeiro dia, tive uma amostra das deliciosas diferenças que nos separavam, a nós e
aos portugueses, em matéria de língua. Houve um problema no banheiro da redação e eu disse à
secretária: “Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada.” Isabel
franziu a testa e só entendeu as quatro primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que
chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros para dar um concerto particular de marchas e dobrados
na redação.
Por sorte, um colega brasileiro, em Lisboa havia algum tempo e já escolado nos meandros da
língua, traduziu o recado: “Isabel, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete.” E só
então o belo rosto de Isabel se iluminou.
Ruy Castro, Folha de S. Paulo.
a) Em São Paulo, entende-se por “encanador” o que no Rio de Janeiro se entende por “bombeiro”
e, em Lisboa, por “canalizador”. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um
uso equivocado da língua portuguesa? Justifique sua resposta.
b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da língua portuguesa em todos os países que
a utilizam evitaria o problema de comunicação ocorrido entre o jornalista e a secretária. Você
concorda com essa afirmação? Justifique.
8. (FUVEST/2000/2ª fase)
QUERO ME CASAR
Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.
COLOQUIAL, FAMILIAR
O registro é o espaço social de comunicação entre um falante e outro. Os registros variam de
acordo com os contextos de comunicação: falar à vontade com a nossa família e com os nossos
amigos ou mais formalmente com pessoas desconhecidas; escrever um bilhete para o namorado ou
se dirigir a um superior, por exemplo.
2. (FUVEST/2016/2ª fase)
a) A expressão “A 10 anos” do primeiro anúncio é incorreta, pois, na indicação de tempo decorrido,
deve usar-se o verbo “haver”. Para atender aos requisitos da norma culta da língua, deveria ser
substituído por “Há dez anos”. Na realidade, a escrita de numeral por extenso ou em arábico é
opcional; o problema verdadeiro reside no uso errado do verbo.
b) “Pra” aparece em dicionários, inclusive no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP)
desenvolvido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), como sendo a forma reduzida da preposição
“para”. Pode ser utilizada na linguagem falada e em alguns tipos de textos informais, como recurso
de frases publicitárias em que se pretende enfatizar a aproximação do emissor com o receptor da
mensagem.
3. (FUVEST/2016/2ª fase)
a) A similaridade no modo de representar as relações de caráter erótico nos excertos apresentados
das obras Memórias de um sargento de milícias e O Cortiço é pontual. Nos dois casos, as sugestões
se relacionam com pequenos ataques, realizados em tom de brincadeira, entre as personagens
envolvidas. As referências a sexo presentes no livro romântico de Manuel Antônio de Almeida são
sempre metafóricas, sem se concretizarem em descrições pormenorizadas, como se nota, por
exemplo, no encontro fortuito entre Leonardo e a namorada do toma-largura. No Naturalismo de
Aluísio Azevedo, ao contrário, as narrativas de encontros sexuais são frequentes e explicitadas, tanto
entre Rita e Jerônimo, como entre Henrique e Leocádia, ou ainda entre Pombinha e Léonie.
b) Nas duas obras, as personagens de origem portuguesa são, muitas vezes, retratadas como pouco
educadas ou até mesmo grosseiras. Em Memórias de um sargento de milícias, a aproximação entre
Maria e Leonardo no navio que os traz de Portugal é um exemplo disso. No excerto de O Cortiço,
Jerônimo é, inclusive, chamado de “bruto” por Rita, por ter batido com o tamanco na canela da
mulata. Essa tendência se relacionava a determinada corrente de opinião, particularmente
favorecida pela independência de 1822, que buscava reafirmar as peculiaridades brasileiras. A partir
desse contexto ideológico, essa corrente desdobrou-se no antilusitanismo, que passou a ser
frequente nas representações artísticas, o que ocorre tanto em Memórias de um sargento de
milícias quanto em O Cortiço.
4. (FUVEST/2012/2ª fase)
a) Não. Quando Monteiro Lobato se refere a “gramática” nesse contexto, está se referindo,
evidentemente, à gramática da norma-padrão. A referida “correção da língua” significa, no caso, a
obediência às regras dessa norma específica. Mas isso não significa que a língua falada (geralmente
coloquial), por oposição à língua escrita (em geral regida pelo padrão culto), não tenha regras. Só
que se trata de regras diferentes — menos prestigiadas socialmente, é verdade —, às quais, porém,
o falante costuma obedecer nas situações de comunicação. Aliás, generalizando, não se pode
conceber uma língua ou variedade linguística desprovida de regras.
b) Na variedade padrão, a expressão “meter o bico” pode ser convenientemente substituída por
“intrometer-se”; já a expressão “de orelhas murchas” pode ser substituída por “humilhada” ou
“acovardada”.
5. (FUVEST/2011/2ª fase)
Raça e cor: Não se pode afirmar que exista preconceito de raça e cor entre os Capitães da Areia. O
grupo não faz distinção entre meninos brancos, como Pedro Bala e Gato, negros, como João Grande
e Barandão, e mulatos, como Boa-Vida e Volta Seca.
Religião: A religião também não é motivo de preconceito entre os Capitães da Areia. Há os que
praticam o catolicismo, como Pirulito, os que seguem o candomblé, como João Grande, e os que são
indiferentes às questões religiosas, como Pedro Bala e Professor.
Gênero: Há preconceito de gênero entre os Capitães da Areia. Quando Dora chega ao bando, é
rechaçada e hostilizada pela maioria dos menores abandonados, por ser menina. Contudo, ela é
lentamente aceita pelo grupo, não exatamente pela superação do preconceito, mas sim porque se
atribui a ela o papel que, tradicionalmente, é associado às mulheres: o de mãe e de irmã, para a
maioria do grupo, e de noiva e mulher, para Pedro Bala. Depois, Dora encarnará também a bravura
e a coragem, assumindo papéis semelhantes aos de seus companheiros, chegando a usar roupas de
menino e a participar das ações transgressoras do grupo.
Orientação sexual: Esse é certamente o preconceito mais arraigado entre os Capitães da Areia. O
narrador chega a afirmar que “uma das leis do grupo era que não se admitiriam pederastas
passivos”. Essa postura pode ser notada em relação a Almiro, que tinha de manter em segredo suas
relações homossexuais com Barandão.
6. (FUVEST/2010/2ª fase)
a) A informalidade está presente no uso do termo “feio”, equivalente à conjunção “como” para
estabelecer relação de comparação e no emprego das expressões “não dá para” e “um quê”, as
quais significam respectivamente “não é possível” e “alguma coisa”.
b) É impossível não se sacrificar pelo menos um quê da bondade divina.
7. (FUVEST/2008/2ª fase)
a) O uso das palavras “encanador”, “bombeiro” e “canalizador”, para designar o mesmo profissional,
é um bom exemplo de variantes léxicas regionais: empregam-se vocábulos diferentes, em diferentes
lugares, para designar a mesma realidade, em função da variada gama de possibilidades de
apreensão de um mesmo fenômeno por variados grupos humanos. Isso não é visto como violação
de nenhuma das normas admissíveis dentro do sistema da língua em si, nem compromete a sua
unidade.
8. (FUVEST/2000/2ª fase)
a) A concepção de amor é idealizada pelo "eu-lírico" do poeta. Ele aceita qualquer tipo de noiva -
loura, morena - mas é preciso concretizar o desejo em alguma mulher.
b) Tanto neste poema modernista como no romântico, a concepção ideal de amor é vista de forma
platônica. No entanto, quando a figura da mulher, no modernismo, não é idealizada, enquanto no
romântico há que ser perfeita, harmônica e de beleza absoluta.
I. Há no Rio de Janeiro, entre os que não trabalham e conseguem sem base pecuniária fazer pecúlio
e até enriquecer, um tipo digno de estudo – é o “dono de casa de cômodos”; mais curioso e mais
completo no gênero que o “dono de casa de jogo”, pois este ao menos representa o capital da sua
banca, suscetível de ir à glória, ao passo que o outro nenhum capital representa, nem arrisca,
ficando, além de tudo, isento da pecha de mal procedido.
Quase sempre forasteiro, exercia dantes um ofício na pátria que deixou para vir tentar fortuna no
Brasil; mas, percebendo que aqui a especulação velhaca produz muito mais do que o trabalho
honesto, tratou logo de esconder as ferramentas do ofício e de fariscar os meios de, sem nada fazer,
fazer dinheiro.
II. (...) há sempre uma quitandeira de quem o dono da casa de cômodos, começando por merecer a
simpatia, acaba por conquistar a confiança e o amor. Juntam-se e, quando ela dá por si, está
cozinhando e lavando para todos os hóspedes do eleito do seu coração, sem outros vencimentos
além das carícias, que lhe dá o amado sócio.
Assim chega a empresa ao seu completo desenvolvimento, e o dono da casa de pensão começa a
ganhar em grosso, acumulando forte, sem trabalhar nunca, nem empregar capital próprio, até que
um dia, farto de aturar o Brasil, passa com luvas o estabelecimento e retira-se para a pátria,
deixando, naturalmente também com luvas, a preciosa quitandeira ao seu substituto.
Aluísio Azevedo, Casas de cômodos.
a) Que recurso da estética naturalista surge já no início das notas, feitas em razão do cotidiano
nacional da época? Justifique.
b) Para o leitor de O Cortiço, salta à vista o aproveitamento que Aluísio Azevedo fez de parte dessas
impressões ao conceber a relação entre João Romão e Bertoleza. Há também, contudo, diferenças
relevantes. Qual o fator que, central na sociedade brasileira do século XIX, acentua o tom perverso
do final do romance? Justifique com base no enredo.
Da idade
Não posso aprovar a maneira por que entendemos a duração da vida. Vejo que os filósofos
lhe assinam* um limite bem menor do que o fazemos comumente. (...) Os [homens] que falam de
uma certa duração normal da vida, estabelecem-na pouco além. Tais ideias seriam admissíveis se
existisse algum privilégio capaz de os colocar fora do alcance dos acidentes, tão numerosos, a que
estamos todos expostos e que podem interromper essa duração com que nos acenam. E é pura
fantasia imaginar que podemos morrer de esgotamento em virtude de uma extrema velhice, e assim
fixar a duração da vida, pois esse gênero de morte é o mais raro de todos. E a isso chamamos morte
natural como se fosse contrário à natureza um homem quebrar a cabeça numa queda, afogar-se em
algum naufrágio, morrer de peste ou de pleurisia; como se na vida comum não esbarrássemos a
todo instante com esses acidentes. Não nos iludamos com belas palavras; não denominemos natural
o que é apenas exceção e guardemos o qualificativo para o comum, o geral, o universal.
No texto, o autor retifica o que corriqueiramente se entende por “morte natural”? Justifique.
4. (FUVEST/2018/2ª fase)
Leia o texto e atenda ao que se pede.
A MÁQUINA DOMUNDO
(...)
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
*carpir-se: lamentar-se.
5. (FUVEST/2010/2ª fase)
Leia este trecho do poema de Vinícius de Moraes.
MENSAGEM À POESIA
Não posso
Não é possível
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens: contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida.
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Vinícius de Moraes, Antologia poética.
a) No trecho, o poeta expõe alguns dos motivos que o impedem de ir ao encontro da poesia. A partir
da observação desses motivos, procure deduzir a concepção dessa poesia ao encontro da qual o
poeta não poderá ir: como se define essa poesia? quais suas características principais? Explique
sucintamente.
b) Na “Advertência”, que abre sua Antologia poética, Vinícius de Moraes declarou haver “dois
períodos distintos”, ou duas fases, em sua obra. Considerando-se as características dominantes do
trecho, a qual desses períodos ele pertence? Justifique sua resposta.
6. (FUVEST/2010/2ª fase)
Gente que mamou leite romântico pode meter o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe
cheirando a teta gótica e oriental, deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da
infância. Oh! meu doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.
*Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente e sangrante na parte central,
servido em fatias.
a) A imagem do “rosbife naturalista” _ empregada, com humor, por Machado de Assis, para evocar
determinadas características do Naturalismo _ poderia ser utilizada também para se referir a certos
aspectos do romance O cortiço? Justifique sua resposta.
b) A imagem do “doce leite romântico”, que se refere a certos traços do Romantismo, pode remeter
também a alguns aspectos do romance Iracema? Justifique sua resposta.
7. (FUVEST/2008/2ª fase)
Considere os dois trechos de Machado de Assis relacionados a Iracema, publicados na época em que
apareceu esse romance de Alencar, e responda ao que se pede.
a) A poesia americana está completamente nobilitada; os maus poetas já não podem conseguir o
descrédito desse movimento, que venceu com o autor de “I - Juca Pirama”, e acaba de vencer com
o autor de Iracema.
Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.
Machado de Assis refere-se, nesse trecho, a um movimento literário chamado, na época, de “poesia
americana” ou “escola americana”. Sob que outro nome veio a ser conhecido esse movimento?
Quais eram seus principais objetivos?
b) Tudo em Iracema nos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem,
tudo, até a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma história
de bardo* indígena, contada aos irmãos, à porta da cabana, aos últimos raios do sol que se
entristece.
Adaptado de Machado de Assis, Crítica literária.
*bardo: poeta heroico, entre os celtas e gálios; por extensão, qualquer poeta, trovador etc.
No trecho, Machado de Assis afirma que a narração de Iracema não parece ter sido feita por um
“poeta moderno”, mas, sim, por um “bardo indígena”. Essa afirmação se justifica? Explique
sucintamente.
8. (FUVEST/2008/2ª fase)
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta* das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Alberto Caeiro, Poesia.
*Argonauta: tripulante lendário da nau mitológica Argo; por extensão, navegador ousado.
Nos versos acima, Alberto Caeiro define-se a si mesmo de um modo que tanto indica sua semelhança
como sua diferença em relação a um tipo de personagem de grande importância na História de
Portugal.
a) Em sua definição de si mesmo, a que tipo de personagem da História portuguesa assemelha-se o
poeta? Explique brevemente.
b) Considerados no contexto geral da poesia de Alberto Caeiro, que diferença esses versos assinalam
entre o poeta e o referido tipo de personagem histórica de Portugal? Explique sucintamente.
9. (FUVEST/2001/2ª fase)
POLÍTICA LITERÁRIA
O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta
[federal.
ANEDOTA BÚLGARA
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se
[caçam borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.
(Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia)
1. (FUVEST/2019/2ª fase)
a) No início do texto, a expressão “um tipo digno de estudo” estabelece intertextualidade com o
cientificismo, concepção filosófica que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras
formas de compreensão da realidade e do mundo. Ao analisar a sociedade da época, em que era
comum o enriquecimento de indivíduos afetos à malandragem, em contraste com a exploração e
privação de condições dignas a que era sujeito o trabalhador honesto, Aluísio de Azevedo dá
enfoque coletivo aos problemas sociais da pobreza, da exploração e da discriminação racial, como
descritas em “Casa de cômodos”.
b) O fator central que, na sociedade brasileira do século XIX, acentua o tom perverso do final do
romance “O cortiço”, é a situação da escravidão de Bertoleza. Convencida de ter sido alforriada por
João Romão, trabalhará de sol a sol como forma de gratidão ao seu benfeitor que, de forma
perversa, envia carta anônima à polícia, informando o paradeiro da escrava fugida. Ao perceber o
engano e para não ser conduzida pela polícia à sua antiga condição, Bertoleza comete suicídio, ao
mesmo tempo que João Romão recebe homenagem pelo contributo em dinheiro que doou à causa
abolicionista.
4. (FUVEST/2018/2ª fase)
a) Sim, nas três primeiras estrofes de “A máquina do mundo”, o eu lírico ilustra as principais
características de Claro enigma, obra que inicia a sua terceira fase. Trata-se do momento em que o
poeta abandona as certezas e esperanças da fase anterior para expressar a opressão e o
esmagamento do ser face aos problemas sociais do final da Segunda Guerra Mundial. Versos como
“a estrada é pedregosa”, “o sino possui um som rouco”, “o som dos sapatos do poeta é seco”, “fecho
da tarde”, “céu de chumbo”, “escuridão maior” expressam a negatividade e o pessimismo do eu
poético até o momento em que a necessidade de abertura provoca a revelação.
b) O verso que sintetiza o evento sublime do poeta é: “a máquina do mundo se entreabriu”. A ideia
de Máquina do Mundo está associada ao sistema cósmico do mundo, ao modo como ele funciona e
a tudo o que ele rege e congrega.
5. (FUVEST/2010/2ª fase)
a) A poesia ao encontro da qual o poeta não poderá ir é a de características sentimentais. É recusada
aqui uma poesia composta por textos — como muitos de autoria do poeta — em que o mais
importante é a manifestação da sua subjetividade, das experiências afetivas que viveu ou desejou
viver, das impressões acerca do universo das emoções (fidelidade, amor total, separação,
intimidade), além do transcendentalismo religioso. No contexto apresentado, o poeta se declara
indisponível para esse tipo de poesia, optando por uma poética voltada para o tratamento da
situação caótica do mundo à sua volta.
b) O poema em questão pertence à segunda fase da obra de Vinícius de Moraes, caracterizada pelo
próprio poeta como aquela que contém poemas que buscam distanciar-se do transcendentalismo
da fase inicial. Além disso, as referências à destruição, à pobreza e à loucura das mulheres com
“saudade de seus homens” (nítidas referências à Segunda Guerra Mundial) são elementos que dão
ao poema uma conotação social, tendência mais forte na segunda fase da obra do autor.
6. (FUVEST/2010/2ª fase)
a) O trecho escolhido contrapõe o Naturalismo ao Romantismo associando-os, respectivamente, às
imagens do “rosbife naturalista” e do “doce leite romântico”. A primeira metáfora, que evoca um
tipo de filé tostado por fora e sangrante por dentro, remete a diversos aspectos da literatura
naturalista, como a necessidade de chocar o leitor por meio do feio e do repugnante, a recorrência
de assuntos extraídos da fisiologia e, por fim, a estratégia de denunciar as mazelas sociais mediante
o corte analítico da realidade. Tais características foram empregadas abundantemente em O cortiço.
O feio, por exemplo, está presente nas descrições físicas das personagens; a fisiologia manifesta-se
na menarca de Pombinha; e a denúncia social estrutura toda a matéria narrativa da obra — desde
o enriquecimento de João Romão até a dissolução da família de Jerônimo.
b) A metáfora “doce leite romântico”, associada à “teta gótica e oriental”, remete à fruição do prazer
estético e à exploração de elementos exóticos. Tais aspectos se encontram exemplarmente em
Iracema. A idealização da heroína e seu fim trágico, bem como o relacionamento excêntrico de uma
nativa com um europeu, captado em cenário de extrema exuberância natural, atendiam ao leitor da
época em seus anseios por uma literatura original, ao mesmo tempo em que cumpriam a função de
consolidar um projeto estético nacionalista.
7. (FUVEST/2008/2ª fase)
a) Indianismo romântico: buscou a exaltação dos valores nacionais a fim de se tentar criar uma
identidade nacional.
b) Sim, pois Machado de Assis refere-se ao profundo conhecimento do autor a respeito da cultura
indígena, permitindo-lhe fazer a narração como se ele estivesse no interior desse universo, daí a
ideia de narrativa feita por um "bardo indígena", o que confere sabor de autenticidade à obra.
8. (FUVEST/2008/2ª fase)
a) Aos navegantes dos séculos XV e XVI, porque ele também se considera um descobridor.
b) Enquanto os nautas descobriram novos mundos, Caeiro julga-se descobridor do "Universo ele-
próprio", ou seja, das coisas em si mesmas, despojadas de toda metafísica.
9. (FUVEST/2001/2ª fase)
a) Verso livre: versos sem rigor métrico como se pode observar pela irregularidade dos versos de
ambos os textos.
Concisão: textos reduzidos a pequena quantidade de versos; linguagem econômica e sintética que
estabelece comunicação imediata como leitor.
Ironia: como instrumento eficaz de crítica, no caso, a uma situação literária e a uma situação política.
b) Podem ser admitidas duas respostas:
"Política Literária" e "Anedota Búlgara" podem ser entendidos como textos datados ou
circunstanciais. O primeiro, dentro do contexto do Modernismo e da sua luta contra o
Parnasianismo. O segundo, dentro de um contexto de lutas antiditatoriais, que marcaram a década
de 20.
No entanto, é possível pensar que uma obra de arte não é somente circunstancial. Ela transcende
sua época e tem sua leitura constantemente atualizada. No primeiro texto, a ironia do "poeta" pode
perfeitamente ser expandida para outras épocas, como advertência ainda válida: a literatura não
deve ser burocratizada. No segundo texto, o discurso de Drummond pode ser muito adequado para
qualquer época em que governos autoritários suprimem a liberdade dos indivíduos.
"Odorico - Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para
receber a confirmação, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a sagração do povo que me
elegeu."
Dias Gomes. "O Bem-Amado: farsa sócio-político-patológica em 9 quadros".
a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos humorísticos. Aponte um exemplo que
comprove essa afirmação. Justifique sua escolha.
b) O que leva Odorico a empregar a expressão "por que não dizer", para introduzir o substantivo
"sagração"?
Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar
transferindo a sua ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela não entende por que
“eu vou estar transferindo” é errado e “ela está falando bonito” é certo.
Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo empregado na formação da palavra
"gerundismo". Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse mesmo sentido.
3. (FUVEST/2002/2ª fase)
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
(João Cabral de Melo Neto, "Morte e vida severina")
a) A fim de obter um efeito expressivo, o poeta utiliza, em "a fábrica" e "se fabrica", um substantivo
e um verbo que têm o mesmo radical.
Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso expressivo.
b) A expressividade dos seis últimos versos decorre, em parte, do jogo de oposições entre palavras.
Cite desse trecho um exemplo em que a oposição entre as palavras seja de natureza semântica.
4. (FUVEST/2000/2ª fase)
Cultivar amizades, semear empregos e preservar a cultura fazem parte da nossa natureza.
a) Explique o efeito expressivo que, por meio da seleção lexical, se obteve nesta frase.
b) Reescreva a frase, substituindo por substantivos cognatos os verbos CULTIVAR, SEMEAR e
PRESERVAR, fazendo também as adaptações necessárias.
5. (FUVEST/1995/2ª fase)
"(...) No fundo o imponente castelo. No primeiro plano a íngreme ladeira que conduz ao castelo.
Descendo a ladeira numa disparada louca o fogoso ginete. Montado no ginete o apaixonado caçula
do castelão inimigo de capacete prateado com plumas brancas. E atravessada no ginete a formosa
donzela desmaiada entregando ao vento os cabelos cor de carambola."
[A. DE ALCÂNTARA MACHADO, 'Carmela']
"(...) Íamos, se não me engano, pela rua das Mangueiras, quando voltando-nos, vimos um carro
elegante que levavam a trote largo dois fogosos cavalos. Uma encantadora menina, sentada ao lado
de uma senhora idosa, se recostava preguiçosamente sobre o macio estofo e deixava pender pela
cobertura derreada do carro a mão pequena que brincava com um leque de penas escarlates."
[JOSÉ DE ALENCAR, ' Lucíola']
Nesses excertos, observa-se que a maioria dos substantivos são modificados por adjetivos ou
expressões equivalentes. Comparando os dois textos,
a) Aponte em cada um deles o efeito produzido por tal recurso linguístico;
b) Justifique sua resposta.
1. (FUVEST/2009/2ª fase)
a) O emprego do neologismo “agoramente”, pois, ao acrescentar o sufixo "-mente" ao vocábulo
agora, Odorico cria outro advérbio, com a intenção de reforçar o tom persuasivo de seu discurso
pretensamente solene.
b) Já que a palavra sagração pode ser entendida como "ato ou efeito de sagrar rei, bispo etc., em
cerimônia religiosa", ao usar a expressão "por que não dizer" para introduzir tal substantivo, Odorico
intensifica sua pretensão de homem público que se julga digno de receber todas as honras de seu
povo.
3. (FUVEST/2002/2ª fase)
a) Nota-se o mesmo recurso em "fio" e "desfiar", ou seja, substantivo e verbo formados a partir de
um mesmo radical.
4. (FUVEST/2000/2ª fase)
a) Cultivar, semear e preservar são verbos que remetem ao universo da natureza agrícola. A escolha
lexical sugere que o homem aplique o mesmo processo da natureza em sua conduta social.
5. (FUVEST/1995/2ª fase)
a) No primeiro texto o efeito é cômico; no segundo, aumenta a expressividade da descrição.
b) Alcântara Machado é modernista e satiriza o romance romântico, enquanto Alencar é escritor
romântico.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira. Gramática – texto: análise e construção de
sentido. São Paulo: Moderna, 2006.
AULETE Dicionário Digital (versão para aplicativo/site). Disponível em: http://www.aulete.com.br/.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2005.
CUNHA, Celso Ferreira da; CINTRA, Luis Filipe Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.
DICIONÁRIO eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
FUVEST – FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA PARA VESTIBULAR. Manual do candidato. São Paulo: USP,
2019. Disponível em: https://tinyurl.com/y4gccljd. Acesso em: 1o mar. 2019.
FUVEST divulga listas de obras literárias para 2020, 2021 e 2022. Disponível em:
https://tinyurl.com/y6dsbmu3. Acesso em: 1o mar. 2019.
LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
2011.
MOISÉS, Massaud. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1974.
TAVARES, Hênio. Teoria literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002.
VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA – VOLP. Disponível em:
https://tinyurl.com/pdf637s. Acesso em: 18 mar. 2019.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Luana Signorelli