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6.1- INTRODUÇÃO.
Em projeto no estado último de vigas sujeitas à flexão simples calculam-se, para as seções
críticas, o momento e o esforço cortante resistente de projeto para compará-los aos respectivos esforços
solicitantes de projeto.
A flambagem local afeta a resistência à flexão das vigas que é a perda de estabilidade das
chapas comprimidas componentes do perfil, a qual reduz o momento resistente da seção.
A flambagem lateral também afeta a resistência à flexão das vigas que é a perda do equilíbrio
no plano principal de flexão e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção.
Os tipos de seções transversais mais adequados para o trabalho à flexão são aqueles com
maior inércia no plano da flexão, isto é, com as massas mais afastadas do eixo neutro. O ideal,
portanto, é concentrar as massas em duas chapas, uma superior e uma inferior, ligando-as por uma
chapa fina. Concluímos assim que as vigas em forma de I são as mais funcionais devendo,
entretanto, seu emprego obedecer às limitações de flambagem.
As vigas com muita massa próxima ao eixo neutro, por exemplo, peças maciças de seção
quadrada ou circular, trabalham com menor eficiência na flexão, isto é, para o mesmo peso de viga,
têm menor capacidade de carga.
Na Fig. 6.1 indicamos os tipos de perfis mais utilizados para vigas. Os perfis (a), (c), (d) são
laminados, porém no Brasil só se dispõem de laminadores de perfis I e H até 152 mm (6").
Os perfis IP, de abas com espessura constante (Fig. 6.1d), são muito utilizados na Europa e
nos Estados Unidos, onde são laminados com alturas até 100 cm e 36".
As Fig. 6.1b, 6.1e e 6.1f mostram seções de vigas formadas por associação de perfis
laminados simples.
A Fig. 6.1g mostra um perfil I formado por chapas soldadas. Com o progresso das
tecnologias de corte com chama oxi-acetileno e solda com arco voltaico submerso ou com eletrodo
manual, tornou-se econômica a fabricação de perfis I soldados.
Para obras de grandes vãos, como pontes, usam-se vigas de alma cheia fabricadas em forma
de I ou de caixão. No final do século XIX e até a metade do século XX, as vigas fabricadas eram
rebitadas fazendo-se a ligação da alma com as mesas através de cantoneiras. Com o desenvolvimento
da solda, as vigas rebitadas tornaram-se antieconômicas, caindo em obsolescência.
As vigas fabricadas, soldadas e de grandes dimensões (Fig. 6.2), têm o mesmo aspecto da
Fig. 6.1g. Por simplicidade construtiva e para evitar grandes tensões residuais, as mesas são
formadas, cada uma, por uma única chapa de dimensões convenientes. A alma é formada por uma
chapa fina, em geral com enrijecedores, para evitar flambagem. Tanto as chapas das mesas como a da
alma são emendadas em oficina com solda de entalhe, na posição de topo.
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Uma viga de seção retangular sujeita à flexão pura é mostrada nas Figs. 6.3a e 6.3b. O
momento de início da plastificação My é o esforço resultante das tensões do diagrama da Fig. 6.3c. A
equação de equilíbrio de forças horizontais fornece a posição da linha neutra, que neste caso passa
pelo centróide G, já que não há esforço normal aplicado.
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Figura 6.3- Momento de Início de Plastificação (My) e Momento de Plastificação Total (Mp).
As vigas com contenção lateral contínua não estão sujeitas ao fenômeno de flambagem
lateral, que será examinado, em seguida.
A resistência das vigas a flexão pode ser reduzida por efeito de flambagem local das chapas
que constituem o perfil.
As seções das vigas podem ser divididas em quatro classes quanto ao efeito de flambagem
local, com as propriedades descritas na Tabela 6.2.
Na Fig. 6.4 estão representadas curvas momento x rotação de vigas metálicas, com seções de
classes 1 a 4, sujeitas a carregamento crescente, mostrando a influencia da flambagem local sobre o
momento resistente das vigas e sobre as suas deformações.
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Figura 6.5- Notações Utilizadas para Efeito de Flambagem Local sobre a Resistência
a Flexão de Vigas I ou H com um ou Dois Eixos de Simetria.
As categorias da Tab. 6.2 são definidas por valores limites das relações largura – espessura
b das chapas componentes do perfil, como podemos observar na Fig. 6.5:
Para perfis I fletidos no plano da alma, os limites bp e br são obtidos na Tabela 6.3.
Classe da Seção
Aço Supercompacta Compacta Não-compacta
Classe 1 Classe 2 Classe 3
Flambagem Geral 0,30 E/ fy bp= 0,38 E/ fy br= k E/ (fy – fr)
Local da Mesa MR250 8,5 11 39 k
b = (1/2) (bf / tf) AR345 7 9 30 k
A relação (1/2) / (bf / tf) em vigas de classe 2 é inferior à relação correspondente em colunas
(Tab. 5.6) porque nas vigas a plastificação geral exige rotação adicional da seção, enquanto nas
colunas, cujas seções encontram-se em compressão, o início da plastificação coincide com a
plastificação total.
As considerações de seções supercompactas (classe 1) só têm interesse quando se deseja
analisar estruturas hiperestáticas em regime inelástico, levando-se em conta a redistribuição dos
momentos provocada pelas rótulas plásticas.
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Na situação limite entre seções não-compactas (classe 3) e seções esbeltas (classe 4), isto é,
para b = br, o momento resistente nominal denomina-se Mr. Para perfis I ou H, com um ou dois
eixos de simetria, Mr é dado pelas expressões:
flambagem local da mesa: Mr = Wc (fy - fr) Wt fy
onde: fr = tensão residual em perfis laminados ou soldados, considerada igual a 115 MPa.
Wc e Wt = módulos da se seção referidos às fibras mais comprimidas e mais tracionada.
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Quando a determinação dos esforços solicitantes, deslocamentos, flechas, etc. é feita com
base no comportamento elástico, o momento resistente de projeto fica limitado a:
Md (res) 1,25 b W fy
Nas vigas I com alma atendendo ao limite para classe 3, porém com mesas esbeltas, o
momento resistente pode ser calculado com a tensão resistente no flange reduzida pelo valor Q, de
flambagem local elástica de placas não-enrijecidas. Deste modo temos:
Mn = Qs fy Wc
porém cujos flanges atendam os limites do Tab 6.3 para classe 2, o momento resistente de projeto
pode ser calculado com:
b Mn, sendo b = 0,90 e Mn o menor valor entre os valores obtidos com as expressões:
Mn = Wt fy
Mn = Wc fy k
onde: k = coeficiente de redução decorrente de flambagem da alma sob tensões normais de flexão.
k = 1 – {[0,0005 (ho to) / (bf tf)] [(ho / to) – 5,6 (E / fy)1/2
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Nas seções com alma e mesa esbeltas, o momento resistente pode ser calculado com
fórmulas complexas, que consideram a iteração das flambagens locais das duas chapas.
6.2.3 - Resistência a Flexão de Vigas sem Contenção Lateral Contínua. Flambagem Lateral.
6.2.3.1- Conceitos gerais.
A mesa comprimida de uma viga funciona como uma coluna entre pontos de apoio laterais,
podendo flambar no seu próprio plano. Como a mesa tracionada é estabilizada pelas tensões de
tração, ela combate o deslocamento lateral da mesa comprimida, de modo que o fenômeno se
processa com torção da viga. Na prática, a flambagem lateral se considera utilizando-se tensões
resistentes a compressão na flexão dadas por formulações semi-empíricas.
As tensões resistentes de compressão dependem da esbeltez da mesa comprimida no seu
próprio plano (a flambagem da mesa no plano da alma é impedida por esta). São de grande
importância as disposições construtivas de contenção lateral, de que existem dois tipos bem
definidos:
a) embebimento da mesa comprimida em laje de concreto; neste caso, tem-se contenção lateral
contínua;
b) apoios laterais formados por quadros transversais, treliças de contraventamento etc., com rigidez
suficiente; neste caso, a contenção lateral atua nos pontos de contato do flange comprimido com
os quadros transversais; a distância entre esses pontos de contato constitui o comprimento de
flambagem lateral lb da viga.
Nos pontos de apoio vertical das vigas, admite-se sempre existência de contenção lateral,
que impede o tombamento do perfil.
As vigas sem contenção lateral contínua podem ser divididas em três categorias,
dependendo da distância entre os pontos de apoio lateral.
Nas vigas curtas: o efeito de flambagem lateral pode ser desprezado. A viga
atinge o momento definido por escoamento ou flambagem local.
As vigas longas: atingem o estado limite de flambagem lateral em regime
elástico, com o momento Mcr.
As vigas intermediárias: apresentam ruptura por flambagem lateral
inelástica, a qual é muito influenciada por imperfeições geométricas da peça e
pelas tensões residuais embutidas durante processo de fabricação da viga.
Trata-se de uma viga I duplamente simétrica, biapoiada com contenção lateral e torcional
nos extremos e sujeita a um momento fletor constante no plano da alma. Nos apoios, a viga não tem
restrições a empenamento da seção transversal.
Neste caso, a solução exata da equação diferencial de equilíbrio na posição deformada
fornece o valor do momento fletor crítico:
Mcr = π/l [E Iy G J + (π²/l²) E Iy E Cw]1/2
onde: l = comprimento da viga;
Iy = momento de inércia em torno do eixo y;
J = constante de torção pura (Saint-Venant);
Cw = constante de empenamento.
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6.2.3.3- Resistência à Flexão de Vigas I com Dois Eixos de Simetria, Fletidas no Plano da Alma.
Mn = Mp = Z fy
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onde: β1 = π (E A G J)1/2
β2 = π²/4 (E A/G J) (h – tf)²
Cb = coeficiente que leva em conta o efeito favorável de o momento não ser uniforme no
segmento lb. Em qualquer caso, pode-se tomar Cb = 1, que estará correto ou a favor
da segurança.
De acordo com a NB 14/86, a resistência à flexão de vigas I com um eixo de simetria (Fig.
6.8) fletidas no plano da alma é dada por b Mn com b = 0,90. O momento resistente nominal
depende do comprimento sem contenção lateral lb.
Apresentam-se, a seguir, os limites de cada categoria (ver a Fig. 6.7) e as expressões do
momento nominal.
a) Vigas curtas.
Mn = Mp = Z fy
Condição para se ter viga curta:
lb < lbp = 1, 5 bfc / 121/2 (E / fy)1/2, onde: bfc = largura do flange comprimido.
b) Vigas longas.
O momento crítico é dado por:
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Cw = [d'² Ifc (Iy – Ifc)] / Iy , onde: Ifc = momento de inércia, em torno do eixo y, da mesa
comprimida;
d' = distancia entre os centros das mesas.
Figura 6.8- Notação Utilizada para o Cálculo do Momento Crítico de Flambagem Lateral em
Perfil com Um Eixo de Simetria (Eixo y).
Neste caso, Mn é obtido por interpolação linear entre Mp e Mr, com a equação:
Mn =Mp – (Mp –Mr)[(lb – lbp) / (lbr – lbp)]
Quando forem usadas chapas sobrepostas à mesas, com comprimento inferior ao vão da
viga, elas devem ser prolongadas além da seção onde seriam teoricamente desnecessárias (seção de
transição), com as soldas do prolongamento dimensionadas para absorver as tensões normais na
chapa sobreposta, causadas pelo momento de cálculo que atua na seção de transição.
O prolongamento de chapas soldadas obedece ainda a comprimentos construtivos mínimos,
indicados na Fig. 6.9.
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6.3.1- Conceitos.
A alma das vigas metálicas serve principalmente para ligar os flanges e absorver os esforços
cortantes. Por razões econômicas procura-se concentrar massas nos flanges, para obter maior inércia,
reduzindo a espessura da alma. A alma das vigas é dimensionada basicamente para duas condições:
a) flambagem sob ação de tensões cisalhantes;
b) flambagem sob ação de tensões normais e de cisalhamento.
Nos perfis laminados, as almas são pouco esbeltas (ho / to moderado), tendo geralmente
resistência à flambagem suficiente para atender aos esforços solicitantes, de modo que a resistência é
determinada pelo escoamento a cisalhamento do material (fv ≈ 0,6 fy).
Nos perfis fabricados, as almas são geralmente mais esbeltas (ho / to elevado), de modo que a
resistência da viga fica limitada pela flambagem da alma. Nestes casos, para aumentar a resistência à
flambagem, utilizam-se enrijecedores transversais, que dividem a alma em painéis retangulares (Fig.
6.2).
A tensão crítica de flambagem local elástica por cisalhamento de um painel de alma é dada
por:
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onde: k = fator que considera as condições de contorno da placa, e é uma função do espaçamento a
entre enrijecedores transversais.
=VS/tI
No caso particular de perfil I, simples ou composto, a aplicação da fórmula mostra que quase
a totalidade do esforço cortante é absorvido pela alma, com tensões variando pouco ao longo da alma
(Fig. 6.10).
Para o cálculo das tensões solicitantes de cisalhamento no estado limite de projeto, utiliza-se
a relação:
d = V d / Aw
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Para vigas I com alma pouco esbelta (valores baixos de ho/to), a flambagem da alma por
cisalhamento não é determinante (O material entra em escoamento para cargas inferiores à carga
critica de flambagem). Os valores limites de ho / to, acima referidos são dados pela expressão.
ho / to 2,50 (E / fy)1/2
O esforço cortante resistente de projeto para vigas atendendo a condição, acima, é dado por:
Os perfis laminados em geral, e os perfis soldados de pequena altura têm relações ho/to
atendendo a condição, acima, de modo que a flambagem da alma por cisalhamento não é
determinante no dimensionamento desses perfis, nos quais podem ser dispensados os enrijecedores
transversais intermediários.
Em vigas I com valores ho/to superiores ao limite de vigas com valores moderados, a
resistência ao cisalhamento é reduzida por efeito de flambagem da alma. Este fato é levado em
conta multiplicando-se a expressão, do esforço cortante resistente de projeto, por um coeficiente
de redução Cv.
Em vigas I com valores ho/to superiores a este limite, pode-se ainda dispensar os
enrijecedores transversais intermediários nos trechos onde o esforço solicitante Vd for inferior ao
esforço resistente de cálculo, dado pela expressão:
Para valores de ho/to maiores que 3,23 (E/fy)1/2 o coeficiente Cv é a razão entre a tensão
crítica de flambagem elástica ( cr) e a tensão de escoamento a cisalhamento (fv).
Cv = cr / fv cr / 0,6 fy
Nas vigas I sem enrijecedores intermediários, o coeficiente Cv, pode ser obtido com as
seguintes expressões:
flambagem elástica:
para ho/to > 3,23 (E/fy)1/2 Cv = 7,97 E / fy (ho/to)²
flambagem inelástica:
para: 2,50 (E/ fy)1/2 ho / to 3,23 (E/fy)1/2 Cv = 2,49 / (ho / to)] (E/fy)1/2
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Em vigas com alma extremamente esbelta pode ocorrer flambagem, no plano vertical, do
flange comprimido pelo momento fletor. O limite superior de ho / to, correspondente a essa
condição, é dado pela fórmula, com tensões em MPa:
Nas vigas I sem efeito de flambagem da alma (Cv > 1), o esforço cortante resistente de
cálculo é dado pela Fórmula:
Vd (res) = v Aw (0,6 fy) , com v = 0,9
Para vigas com enrijecedores intermediários, o valor limite da razão ho / to nesta condição é
dado por:
ho / to p
Nas vigas I com efeito de flambagem da alma, o esforço cortante resistente de cálculo é
dado pela Fórmula:
Vd (res) = v Aw (0,6 fy) Cv , com v = 0,9
Nas vigas I com enrijecedores intermediários, o coeficiente Cv pode ser obtido com as
expressões seguintes:
Para: p ho / to r Cv = p / (ho / to)
Para: ho / to r Cv = 1,28 [ p / (ho / to)]²
onde: r = 1,4 (k E / fy)1/2
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Nas vigas com enrijecedores intermediários, a ocorrência de flambagem local não representa
o colapso da viga. Após a flambagem da alma por cisalhamento, a viga transforma-se em um
sistema treliçado, com diagonais tracionadas constituídas pelas almas flambadas. Este sistema
treliçado, denominado campo de tração produz um acréscimo no esforço cortante resistente, obtido
com a expressão:
O campo de tração não é utilizado nas vigas com altura variável e nos painéis de
extremidade das vigas de altura constante. Essas restrições estão relacionadas com a inclinação das
diagonais tracionadas, e com o esforço horizontal unilateral aplicado na parte superior do
enrijecedor de apoio.
Nas vigas I com enrijecedores transversais, cuja resistência dependa do carnpo de tração e
que não atendem a condição do valor moderado de ho / to, é necessário verificar a interação de
momentos fletores com esforços cortantes, com a seguinte relação:
onde: b = v = 0,9 , Md b Mn , Vd v Vn
Os enrijecedores transversais intermediários podem ser dispensados nas vigas com lo/to
inferior ao limite do Item 6.3.3.1; e ainda quando holto < 260 e o esforço cortante solicitante Vd, for
menor que Vd(res.) dado pela Fórmula do Item 6.3.3.2. Se essas condições não forem atendidas, os
enrijecedores deverão ser colocados.
Os enrijecedores transversais intermediários são em geral constituídos de chapas soldadas
na alma (Fig. 6.2). Eles podem ser colocados em pares, um de cada lado da alma.
As relações b/t dos elementos constituintes dos enrijecedores não devem ultrapassar os
valores limites b2 / t da Tabela 5.2 , a fim de eliminar o eleito de flambagem local. Para aço MR250,
b2 / t < 16.
Segundo as normas AISC e NB 14, o momento de inércia da seção do enrijecedor singelo ou
de um par de enrijecedores (um de cada lado da alma), em relação ao eixo no plano médio da alma,
não pode ser inferior a (ho / 50)4.
Segundo a norma AASHTO e AISC o momento de inércia do enrijecedor deve
atender a relação:
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I = momento de inércia do enrijecedor, tomado em relação à face de contato com a alma, no caso de
enrijecedores unilaterais, ou em relação ao eixo da alma, no caso de enrijecedores em pares, um
de cada lado da alma;
a = espaçamento entre enrijecedores intermediários.
Nas vigas com enrijecedores intermediários, o espaçamento (a) entre enrijecedores deverá
atender a condição:
Rn = la t0 fy
la = extensão da alma carregada, admitindo distribuição das tensões com um gradiente de 2,5:1
(Fig 6.11).
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Rn = ( 5 c + a' ) fy t0
Rn , com = 0,75 e Rn em kN
K = 110, para cargas intermediárias, quando aplicadas a uma distância da extremidade da viga
maior que h/2;
K = 55, para cargas de extremidade, quando aplicada a uma distancia menor que h/2 do extremo da
viga.
to em cm e fy em kN/cm²
Para carga de extremidade, a equação acima é válida para a' / h ≤ 0,2. Em caso contrário
utiliza-se:
6.3.7.3- Flambagem da Alma sob Ação de Cargas Concentradas nos Dois Flanges.
Rn , com = 0,75 e Rn em kN
onde: hc = altura da alma, exclusive trechos de transição dos flanges para a alma;
to e hc dados em cm e fy em MPa.
Quando o par de cargas concentradas for aplicado a uma distancia da extremidade da viga
menor que h/2, a resistência deve ser reduzida em 50%.
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A seção de contato do enrijecedor com a mesa onde atua a carga será verificada a
esmagamento local, considerando-se a resistência da ligação soldada, ou, no caso de superfícies
usinadas, a tensão resistente de projeto é dada por:
Rn = Ac (1,5 fy)
Nos pontos de apoio, as vigas laminadas ou fabricadas deverão ter contenção lateral, que
impeça rotação da viga em tomo do eixo longitudinal. Essa contenção é necessária para impedir o
tombamento da viga, ou, no caso de vigas esbeltas, o colapso por deslocamento transversal relativo
dos flanges.
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6.5.1- Verificar a classe dos perfis laminados seguintes: I 254(10") x 37,7; I 508(20") x 121,2; U
254(10") x 22,7; U 381(15") x 50,4.
6.5.2- Verificar a classe dos perfis soldados seguintes: CS 250 x 52; CS 650 x 305; VS 400 x 49; VS 1
400 x 260.
6.5.3- Calcular o momento resistente de projeto de um perfil I 305(12") x 60,6 em aço MR250, com
contenção lateral contínua.
6.5.4- Calcular o momento resistente de projeto de um perfil soldado V S 400 x 49, com contenção
lateral contínua.
6.5.5- Calcular o momento resistente de projeto de um perfil soldado VS 1400 X 260. Aço MR250,
com contenção lateral contínua.
6.5.1- Comparar os momentos resistentes de projeto de uma viga I 457(18") X 89,3 com uma viga
soldada VS 500 x 86, supondo as vigas contidas lateralmente. Aço MR250.
6.5.2- Verificar o perfil I 254(10") x 37,7 kg/m em aço MR250, dado na figura abaixo, para um
momento fletor solicitante em serviço de 55 kN.m (carga variável de utilização, normal). O
perfil encontra-se contido lateralmente.
6.5.3- Dado um perfil I 508(20") x 121,2 kg/m com chapas de reforço 15 cm x 1" nos flanges,
determinar qual a carga distribuída máxima (carga variável) que o perfil suporta, para um vão
livre de 10 m. Para este carregamento, a partir de que ponto não se necessita mais a chapa de
reforço? Supor a viga apoiada lateralmente, portanto sem efeito de flambagem lateral.
Determinar o comprimento da placa de apoio da viga sem enrijecedor de apoio. Material: Aço
MR250.
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