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UNIVERSIDADE FERERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

PATRÍCIA VITÓRIA DIAS SANTOS

O RAPTO DE AMÉLIA:

Do Panorama dos crimes consentidos contra mulheres

(século XIX) a uma história particular

Cidade Universitária Prof. José Aloísio campos

São Cristóvão

Agosto/2008.

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PATRÍCIA VITÓRIA DIAS SANTOS

O RAPTO DE AMÉLIA:

Do Panorama dos crimes consentidos contra mulheres

(século XIX) a uma história particular

Monografia apresentada ao Departamento de História


como requisito para obtenção do grau de Licenciatura
em História.

Orientadora: Profa. Dra. Sharyse Piroupo do Amaral

Co-orientador: Prof. Dr. Antonio Lindivaldo Souza.

São Cristóvão

2008.

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AGRADECIMENTOS

Ao Deus inexplicável à História, mas que para mim é mais real que qualquer evidência
palpável. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois,
quem jamais conheceu a mente do Senhor? Ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem
lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para
ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente”. (Rm 1:33-36)”

Àqueles que me instruíram, educaram, me mostraram o caminho em que deveria andar,


e até hoje são meus guias: Anilma Dias Santos e José Vicente dos Santos (meus pais). A
pequena e cheia de graça “irmã”, Ana Paula; e também a alguém especial que
representa toda minha família, a matriarca, mãe, mulher, vó, que sempre acreditou
muito em mim, Maria Alaide Dias dos Santos.

Aos Professores Sharyse Amaral (orientadora, e Antonio Lindivaldo Souza (co-


orientador), que me emprestaram um pouco de seus conhecimentos para a feitura desta
monografia, do qual me responsabilizo inteiramente pela autoria do conteudo, e aos
quais previamente deixo aqui impresso, não pagarei esta dívida.

Também não poderia deixar de agradecer o apoio daquele que encontrei no caminhar
por terras do coração, e que estará comigo até que mais uma página da minha história
seja virada.

Minhas Companheiras de acadêmia, de vida, de tudo Gisla(y)ne, Leilane, Carla e Josi,


citando Sheakespeare, repito que, “os amigos são a Família que nos permitiram
escolher”.

E aos meus amigos dos quais sempre ouvi “ECOS”, que também são amigos de Deus,
Aline, Danilo, Denise, Elma, Felipe, Madson, Poliana, Thamyres.

A todos aqueles que me perguntaram se seria possível, e a todos aqueles que


perceberam que foi possível.

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................vi

INTRODUÇÃO......................................................................................7

CAPITULO I

1. HISTÓRIAS E MULHERES....................................................9

1.1. MÉTODO INDÍCIARIO: HISTÓRIAS PARTICULARES...............9

1.2. HISTÓRIAS DAS MULHERES..........................................................14

CAPITULO II

2. A MULHER NA SOCIEDADE HIERARQUICA DO SÉCULO XIX.........21

2.1. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS...........................................................21

2.2. O PORQUÊ DE CASAR – SE................................................................24

2.3. CRIMES E RAPTOS..............................................................................28

2.4. PANORAMA DOS CRIMES CONTRA MULHERES NO XIX.......32

2.5. CORPO DE DELITO, CORPO EM DELITO........................................34

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CAPITULO III

MARIA AMÉLIA DIZ SIM: ANÁLISE DO PROCESSO DE RAPTO E

DEFLORAMENTO...........................................................................................41

3.1. O

PROCESSO..........................................................................................41

3.2. UMA TAL MARIA AMÉLIA...............................................................46

3.3. ALGUM OUTRO CASO DE RAPTO...................................................49

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................51

4. TRANSCRIÇÃO DO PROCESSO..................................................................53

5. REFERÊNCIAS..............................................................................................201

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RESUMO

No final do século XIX, sob denuncia, o pai de Maria Amélia Sant’Anna queixa-se à

justiça do rapto e defloramento de sua filha, que em 1879 era menor. Através da

transcrição deste documento referenciamos sucintamente alguns aspectos do universo

feminino à época citada, tais como, casamento, sexualidade, crime e educação da

mulher, baseando-nos na historiografia que predispõe este gênero enquanto sujeito da

história.

Palavras – Chave: História Das Mulheres, Raptos, Defloramento, Processo - Crime

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INTRODUÇÃO

“No teatro da memória as mulheres são uma leve sombra.” 1

O assunto que trataremos aqui surgiu de um caro interesse em estudar a História


das Mulheres. Não as mulheres da norma, mas as que viveram histórias marginais, fora
dos padrões. Aquelas que, em pleno século XIX, eram sinônimos de exclusão social.

A abordagem da História das Mulheres será enfocada através da metodologia da


micro-história. A partir de um processo-crime de rapto, buscaremos analisar o panorama
da sociedade nas ambiências do universo feminino, no que concerne a questão da
educação, do casamento e da sexualidade.

Analisaremos um único processo para, a partir dele, apreender os indícios,


mesmo que esparsos, do lugar atribuído à mulher pela sociedade brasileira do século
XIX. Especificamente, a menina-mulher, a que se prepara para casar, àquela da qual a
sociedade espera exemplos de honradez, e que por vezes, surpreende com uma atitude
de ousadia.

O processo que será pesquisado nesta monografia se encontra na caixa 2543, no


Arquivo do Judiciário de Sergipe, e pode auxiliar a remontar a história da participação
das mulheres sergipanas na sociedade, e da capacidade dessas de determinar os rumos
de suas vidas, apesar da sociedade patriarcal à qual pertenciam.

Referimo-nos ao processo de rapto e defloramento da menor Maria Amélia de


Sant`Anna, 12 anos, moradora da estrada de Santo Antônio de Aracaju. O evento em
questão se passa no ano de 1879, quando da denúncia do pai da menor contra o seu
raptor.

1
PERROT, Michelle. As Mulheres ou Os Silêncios da História. Tradução: Viviane Ribeiro. São Paulo:
Edusc, 2005, p. 33.

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José Bernardino das Neves, 23 anos, pedreiro, intencionava casar com a jovem,
no entanto, ao ver seu desejo negado, fugiu com a mesma. Ressalva-se que não é um
caso tão singular na história, como podemos observar através da consulta à bibliografia
sobre o tema. Raptos e defloramentos não eram tão incomuns, o que pode ser explicado
por uma série de parâmetros sociais impostos pela sociedade.

Creio que um processo como este não se resume apenas ao fato de um rapto,
mas traz em si uma série de outras posturas e análises sociais implícitas, como, por
exemplo, regras de conduta, conceitos historicamente construídos.

No campo da historiografia nos reportaremos àquela que nos auxiliará na análise


do processo escolhido, e que concerne à história da mulher enquanto agente ativo e
sujeito da história, como nos escritos de Michelle Perrot, Mary Del Priore, Sandra
Graham, dentre outros autores.

Em três capítulos registramos o processo crime já citado, assim sendo como um


panorama das leis, e ocorrências já aludidas na historiografia sobre crimes cometidos
contra mulheres. Além de breve histórico do universo feminino nos oitocentos, formas
de educar, o corpo da mulher, a funcionalidade do casamento e o rapto.

Evidenciamos, principalmente, a oportunidade de registrar na história o ato de


uma mulher que contrariou os meios sociais que sempre a constrangeu. Já que Maria
Amélia era apenas uma menina/mulher, buscando a “sua vontade” na vida, ousando o
próprio fazer da sua história, independente do querer social, ou do seu pai, que
anteriormente impedira o matrimônio com o seu raptor.

Esta história de mulher do século XIX, mulher sujeito da história, permite que,
mesmo séculos depois, a palavra História também seja referenciada no feminino.

CAPÍTULO I - MULHERES E HISTÓRIAS

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1.1. MÉTODO INDICIÁRIO: HISTÓRIAS PARTICULARES

A micro-história aqui é a história de um único sujeito, que não necessariamente


precisa ser ilustre ou conhecido, mas tornar-se-á conhecido a partir do relato
historiográfico, a partir dele, único, particular, sui-generis.

A história de um indivíduo esta imbuída do macrocosmo de sua vida social;


hábitos, educação, visão de mundo, interiorização de pensamentos. Há uma espécie de
reciprocidade social, em que o indivíduo coopera e é influenciado pelo meio.

Nas referências historiográficas encontramos autores, tais como Carlo Ginzburg


e Natalie Zemon Davis, que provam que este método por agora não é invenção na
história, e sim um prática já bastante difundida nos meios acadêmicos.

Em Mitos, Emblemas, Sinais: Morfologia e História, Ginzburg reafirma


metodologicamente a sua prática já demonstrada em O Queijo e os Vermes, o moleiro
condenado pela inquisição. Mais uma análise de “um” caso através do qual se busca
entender a lógica social.

A origem do método indiciário remonta a uma literatura bem anterior a


Ginzburg, muito embora tenha sido este o introdutor deste método na história. No
primeiro livro de Ginzburg citado temos a explicação do método indiciário, do qual se
encontram registros desde o século XIX, nesta época era pautado na lógica de
“examinar os pormenores mais negligenciáveis” 2. Os prenúncios de um método tal
como era esse propunha: “um método interpretativo centrado sobre os resíduos, sobre
dados marginais, considerados reveladores”.3

2
GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas e Sinais: Morfologia e História. Tradução Frederico Carotti. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 144.

3
Ibid., p. 149.

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A decifração dos dados quase inegáveis, contudo encobertos. Onde estarão os


indícios e provas encobertas em um processo? Esse é o método: decifrar os códigos. Na
linguagem da história, interpretar os dados.

E se esses dados confrontarem o geral? Tudo o que se conhece, por ser ao menos
no caso da história numa perspectiva individualizadora por demais? Mas este é um risco
que se corre quando se pretende fazer uma micro-história, as individualidades humanas
compõem uma complexidade que varia em forma, e não pode ser teorizada por
completo.

A sociedade tem seus padrões que estão para ser desfeitos, por vezes a micro-
história possa confirmar toda uma tendência social, ou contrariá-la totalmente. Micro-
histórias são exemplos incomuns ou não, que compõem a própria feitura da história, que
nem sempre é lógica ou linear. Escreveu o autor no qual nos baseamos, que o paradigma
indiciário:
“Pode se converter em névoas da ideologia que, cada vez mais,
obscurecem a estrutura social (...) se a realidade é opaca, existem
zonas privilegiadas – sinais, indícios – que permitem decifrá-la”.4

Por fim, e para comprovação de que este método indiciário, ou da micro história
é bastante reafirmado na historiografia, nos reportamos ao O Retorno de Martin Guerre.
Neste, Natalie Zemon Davis, compreende o universo narrativo e interpretativo do
protestantismo, os aldeões, as cortes criminais, os veredictos dos juízes, a vida
camponesa. A partir de um singular processo-crime contra o impostor de Martin Guerre.
Esse contexto está imbuído da história de um homem que durante a idade média se fez
passar por outro, até que fora desmascarado pelo retorno daquele que deveria ser o
personagem principal. Uma história que talvez não tivesse sido contada fossem as
contundentes fontes judiciais.

Sugestiva sua introdução na qual a autora diz que: “o que ofereço ao leitor é em
parte uma invenção minha, mas uma invenção construída pela atenta escuta das vozes do
passado”. 5

4
Ibid, p.177

10

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Isso devido às fontes “inevitavelmente insuficientes”. O historiador precisa


reincidentemente de fontes similares, ou mais gerais dos conceitos de um período para
preencher os espaços de um todo, que o processo não revela. É como se as
possibilidades da história incontínua também se transformassem em história, numa
forma de quase consolo tanto aquele que escreve como ao leitor.

A falta de preenchimento da história pela escassez das fontes, também pode ser
completa pela história em volta, a história social e cultural do que se sabe de outros
homens e mulheres que viveram em período simultâneo.

Sem contar que como afirmou Ginzburg em A Micro História e Outros Ensaios,
ao referir-se ao O Retorno de Martin Guerre: “a biografia das personagens de Davis
torna-se de vez em quando a biografia de outros homens e mulheres do mesmo tempo e
lugar”.6

Esse evidente fato, não se reporta apenas ao caso de Davis em seu trabalho
indiciário, mas é assim nas micro-histórias, as formas de apreensão dos indivíduos são
particulares, contudo os espaços e a maioria das opções sociais são quase que
inevitavelmente coletivas. Ou seja, preenche-se a lacuna com a história alheia.

No tocante ao método são a estes autores que nos referendamos, todavia


sabemos que a disseminação deste método, já se tornou há tempos um dos paradigmas
da história. Não queremos também esgotar a possibilidades desse estilo de fazer história
em outros autores. No Brasil também este método há tempos já ganhou respaldo, e tem
sido referência tanto em trabalhos monográficos, como é o caso deste, como também
em obras de expressiva notoriedade.

Assim é que já ficou conhecida, enquanto “tipo”, ou “método” da história a


micro-história, das quais podemos citar outros historiadores. Para a historiografia das
mulheres brasileiras nos reportamos ao exemplo de Sandra Lauderdale Graham, no livro
que a esta pesquisa foi de muita influência. Em Caetana Diz Não Graham conta duas
5
DAVIS, Natalie Zemon. O Retorno de Martin Guerre. Tradução: Denise Bootman. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1986, p.21.

6
GINZBURG, Carlo. A Micro História e Outros Ensaios. Rio de Janeiro: Bertrand, 1998, p.183.

11

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micro- histórias de gênero, baseando-se em fontes judiciais, a primeira, de uma escrava


que se negou a consumar o casamento, e outra de uma rica solteira que deixa a herança
em testamento para os escravos.

Nas histórias das duas personagens encontramos a nítida análise do século XIX,
principalmente na compreensão das relações sociais. O patriarcado, a escravidão, as
relações senhoriais, a situação da mulher, os paradigmas e padrões de uma época se
confirmam na vida de cada um dos indivíduos.

Ainda encontramos nessas histórias uma interferência não direta e quase


necessária de imaginação. Seria possível analisar ou fazer, refazer, estas histórias, sem
imaginação? A mente do historiador reconstrói as lacunas, não aleatoriamente, contudo
por onde as fontes não respondem não se pode deixar sempre vazio ao leitor as
perguntas que o mesmo possa se fazer.

Disse Ginzburg que: “Quando as causas não são reproduzíveis só nos resta
inferi-las a partir dos efeitos”. 7 Isto é, empenhar-se em fazer com que as fontes não só
apareçam, mas revelem o passado através do método dos indícios.

Não se induz, segue-se uma seqüência, baseia-se até onde vão as fontes, e,
possivelmente, em alguma parte do fio da meada, a história é do historiador. Depois de
esgotar a análise das fontes com que trabalhou a autora Graham, diz que, pouco se
vislumbrou “das origens e conseqüências das ações”.8
E, ainda completa:
“Por mais sorte que tenhamos, em ter acesso a elas, as fontes, por
sua natureza são implacáveis silenciosas sobre as questões mais
profundas ou perturbadoras da motivação (...). Temos que nos
contentar com conclusões não claramente persuasivas, mas com

7
GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas e Sinais: Morfologia e História. Tradução: Frederico Carotti. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.144.

8
GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não. Tradução: Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia
das Letras, 2005.

12

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o processo incerto de juntar possibilidades historicamente


fundadas, mas ambíguas (...)”.9

Todavia, as dificuldades e os questionamentos que as fontes não respondem tão


claramente ao pesquisador devem ser minimizados ao máximo. Deve-se explorar à
exaustão as fontes. Sobre suas histórias, Graham comenta: “Estas são histórias pequenas
sobre eventos vistos de perto, tão perto quanto seria possível chegar”.10

E são sempre entre conflitos e disputas que encontramos nestas micro-histórias;


obviamente porque elas geralmente se revelam aos historiadores através de registros
oficiais. No caso das fontes judiciais isso se aplica à sua própria essência, pois essas são
conflituosas por natureza.

Diríamos então conflituosas e imaginativas, por onde se exime o documento: “as


ações vistas de perto são mais irregulares e confusas. Elas especificam confundem e
mostram o inesperado.” 11

O livro de Graham não só nos indica um método como também nos transporta à
história das mulheres, ele nos serve aos dois tipos de referência. Outros livros, mesmo
que não imbuídos diretamente na micro-história também serviram como importantes
interlocutores da história das mulheres.

Nas alusões sobre a história das mulheres nos baseamos numa historiografia em
que este gênero é sujeito, tem interesses em conflito, e revelam um poder mesmo que
aparentemente oculto na sociedade.

1.2. HISTÓRIAS DAS MULHERES


9
Ibid., p. 13.

10
Ibid., p. 13.

11
GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não. Tradução: Pedro Maia Soares. São Paulo:
Companhia, p. 213.

13

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Ultimamente vem sendo muito comum ao prefácio dos livros, que se reportam
de alguma forma à história das mulheres, colocá-las como um sujeito histórico
plenamente ativo. A exemplo de Minha História das Mulheres, organizado por Mary
Del Priore e os livros de Michelle Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História, Os
Excluídos da História: Mulheres, Operários e prisioneiros.

O primeiro destacando o gênero através de temas pela história, os demais


trazendo à tona a história dos excluídos e dentre eles a francesa medieval, ou mulheres
que em outros períodos viveram reprimidas e encontraram formas paralelas de
subterfúgios.

História das Mulheres no Brasil traz uma mescla de vários artigos organizados
por Mary Del Priore, a visão das mulheres, a visão sobre as mulheres, os casos de
mulheres desde a “Eva Tupinambá” brasileira à compreensão de uma lógica mais atual.
De acordo com o texto quase epílogo no fim da coletânea, por Lygia Fagundes Teles:
“mulheres com desenvoltura ocupando espaços” 12, que inicialmente só eram delegados
ao primeiro sexo.

Não só aos prefácios, estes livros são inteiramente dedicados a uma feitura da
terceirizada história das mulheres colocando as mesmas em uma situação de paridade
frente ao outro sexo, não num sentido concorrente, mas de entendimento lógico do valor
do outro, por assim dizer, da outra.

Ou ainda outros títulos que em ao menos um dos capítulos, ou mesmo imiscuído


nos preâmbulos, se reportam ao gênero “frágil” enquanto participante ativo do conteúdo
de qualquer historicidade. História da Vida Privada no Brasil é um exemplo. Nestes
volumes a história de homens e mulheres, são mais trabalhadas não enquanto gênero,
mas para a construção de uma história independente dos padrões masculinizantes da
mesma.

Por exemplo, o capítulo “Recônditos da Alma Feminina”, contido no terceiro


volume da coleção, traz análise da cotidianidade das mulheres e sua visão perante a
sociedade do início do século XX, mais uma vez o ideal de mulher para o lar e para o
casamento.

12
DEL PRIORE, Mary. (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto. 2007, p.669.

14

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“as psiques do homem e da mulher são vistas como “meros


reflexos de suas posições físicas no amor: um procura, domina,
penetra, possui; a outra, atrai, abre-se, capitula, recebe.” 13

Já em Domínios da História (organizado por Ciro Flamarion e Ronaldo


Vainfas), um capítulo deste livro escrito por Rachel Soihet é dedicado à “História das
Mulheres”. Escrito em 1997, nele a autora diz que há algumas décadas esta história tem
ganhado destaque: “pluralizam-se os objetos da investigação histórica, e, e nesse bojo,
as mulheres são alçadas à condição de objeto e sujeito da história”.14

Um breve esboço das referências historiográficas às mulheres, desde Michelet


aos idos dos anos de 1960, impulsionados pelo feminismo; não esquecendo seu quase
total deslembrar na história positivista, ou sua condição secundária no marxismo ou até
nos Annales (ambos tinham outras preocupações). A partir de 1970, a mulher é mais
particularizada,“ a postura inicial em que se acreditava na possível identidade única
das mulheres, passou a uma outra em que se afirmou a certeza na existência de
múltiplas identidades”.15

Neste capítulo vê-se também a mulher em suas múltiplas facetas


historiográficas: a mulher da biografia de exaltação e oposição à figura masculina; e
também a visão mais recente, a mulher da história social ou cultural, que preza pelo
cotidiano, situações “comuns” de história, que poderia ser a de qualquer mulher.

Há bem pouco, os olhares para a constituição de uma história das mulheres vem
se aguçando, principalmente no que concerne a seus microcosmos, suas esfera privadas,
suas particularidades cotidianas. Pois, se os homens sempre angariaram dominar a
esfera total, a história então, prefere perceber a mulher em sua singularidade comum ou
ocasional.

13
NOVAIS, Fernando A. & SEVCENKO.,Nicolau. (orgs). História da Vida Privada no Brasil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 386.

14
FLAMARION, Ciro & VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História. Rio de Janeiro. Campus. 1997.
Pág. 275.

15
Ibid., p. 227.

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No geral, pelo menos no que concerne às fontes históricas, e mesmo, nos


documentos mais específicos, os relatos sobre gênero sempre são fragmentados,
incompletos, e também, principalmente, elas mulheres dificilmente são protagonistas.

Há sempre um narrador-observador, que lhe dá o parecer, lhe inclui num


contexto. A mulher está por origem dissertada em terceira pessoa, pelo sexo que
supunha portar de seus direitos, e lhes impor a conduta social típica, ou
“correspondente” ao sexo frágil.

Se não fora observador, o narrador também era personagem, e contava a “sua”


história, e nesse meio termo, incluía-se (a) mulher, ou para ser mais indefinido, (uma)
mulher, não específica, sempre inferior, contada de modo a parecer que não faria falta à
narração.

Elas já foram consideradas como inferiores ou irracionais16, algumas vezes,


contudo, só foram consideradas na figura de heroínas; quem não sabe da existência de
Joana D’arc, da Princesa Isabel, e de uma ou outra Baronesa? Lembramos que só
àquelas que fazem algo incomum, ou tem origens não comuns, são importantes aos
índices dos livros. São os termos aos quais Soihet se referiu, sobre a importância de se
superar a dicotomia que por vezes parecia ser uma constante na história, entre a
“vitimização ou os sucessos do feminino”. Para aparecer nas entremeações da história, o
gênero deveria angariar ser vítima ou rebelde. 17

Todavia, por agora, temos uma tendência mais popular da história, relativa à
história cultural, que se estendem a todas as perspectivas: tudo é história. História de
tudo, todos e todas. As mulheres aparecem em macro-história, numa perspectiva
comportamental ou social, ou em micro-histórias, nas quais anônimas ganham nomes.

Mas, quando nos reportamos à mulher, em tese, “comum”, cada mulher pode se
ver mesmo em suas normalidades, como um sujeito, viva e diária, não necessariamente
extraordinária, mas relevante em sua cotidianidade. Como tudo que é passível da
observação de um historiador/a é história, Maria(s), Joana(s), anônimas, neste caso

16
Ver Michele Perrot em “Minha História das Mulheres. Pág. 11.

17
FLAMARION. Ciro & VAINFAS. Ronaldo. Domínios da História. Rio de Janeiro. Campus. 1997.

Pág.278.

16

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“Amélia”, fazem parte da construção de um universo, que não tende a ser paralelo e sim
congruente a todas as demais histórias.

Ainda encontramos alguns artigos que reafirmam a tendência dos livros no que
concerne à história das mulheres. Como é o caso de “As mulheres de Misael” &–
corrupção de menores, atentados ao pudor e atos libidinosos na Comarca de Ribeirão
Preto, 1871 a 1942. Nesse artigo, escrito por Rafael De Tilio e Regina Helena Lima
Caldana, vemos alguns exemplos de “crimes”, consentidos ou não; afirmam os autores
que a efetivação de casamentos poderia estar relacionado a determinadas situações de
criminalidade sexual.

Esse é um aspecto não desconhecido, se referindo ao artigo 276 de 1890


poderiam ser solução de defloramento, estupro e rapto. Mas também, uma mostra clara
da condição da mulher, pois após a prática de um desses crimes acima citados, sendo ele
consentido ou não, estava na mão do praticante, a figura masculina, a decisão da
efetivação do casamento.

Uma mostra clara de que a virgindade “pré-nupcial”, a “continência dos desejos”


estavam colocados às mulheres como forma de cumprimento dos deveres sociais,
padrões impostos como símbolo de honradez e moralização.

Foi ensinado a elas a constante submissão à vontade masculina, no que já era


indistintamente comum, pai ou marido, e, neste último inclui-se até um violentador,
como nos casos acima citados, principalmente nos referindo a estupro. A mulher fora
sempre podada pela vontade do sexo oposto.

Ressaltamos que práticas como raptos consentidos, a que abordaremos aqui


neste trabalho, ou defloramento, são incluídos em criminalidades sexuais, pelo fato de
constar na não virgindade ante-casamento da mulher.

Outro artigo que muito nos referendou foi “Questões de honra: sexualidade
feminina e sociedade na virada do século XIX em São Luís”, escrito por Veracley Lima
Moreira. Embora estes artigos correspondam a localizações diferentes; por se tratarem
de “crimes” sexuais, a legislação que os rege é a mesma.

17

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E, além disso, mostram que a situação da mulher não era incomum em diferentes
lugares do território brasileiro, as sociedades buscavam claramente seguir o que estava
em voga e conformidade com os moldes do país, era como se assim, se conseguisse
chegar mais perto de uma sociedade ideal.

O objeto de estudo deste se tratando de práticas sexuais socialmente condenáveis


basicamente por desconsertarem a honra feminina expõe também que essas formas que
iam de encontro às “normas” do contexto era a demonstração que “nem sempre a forma
feminina acatou este padrão” 18.

“a sociedade patriarcal (que), legitimou o pensamento social da


dominação masculina, pelo viés informal, ou de maneira
institucional através, da igreja, ou da família, da educação, dos
códigos jurídicos, estabelecendo discursos e valores
aparentemente tidos como ‘naturais’, ou indiscutíveis
influenciando o ir e vir dos sexos e seus locais de sociabilidade.”
E, principalmente, “pela fala dos homens foi estabelecido às
mulheres, um comportamento submisso, uma sexualidade
assexuada, (...), as mulheres são convencidas a aceitar sua
subserviência, e os homens se mostram como senhores do
mundo”.19

Em Sergipe os estudos sobre a mulher são poucos, alguns deles estão


diretamente intitulados, outros trazem o tema em sua conjuntura.

A constancia dos trabalhos e monografias que abordam a história de gênero,


geralmente são sobre a ligação entre a mulher e o trabalho, alguns outros se referem a

18
MOREIRA.Veracley Lima. Questão de Honra: Sexualidade Feminina e Sociedade na virada do Século
XIX, em São Luís. UEMA.

19
Ibid, 2.

18

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uma história de mulheres padrão, a exemplo dos estudos de mulheres que participaram
efetivamente da educação ou religião.

Fora dos padrões encontramos as referências ao gênero feminino na política ou


até na imprensa abolicionista, que compreendem estudos de mulheres que fugiram “as
normas” tradicionais de “mulher exemplo”. Mulheres que com seus comportamentos
abstraíram para si as práticas até então masculinas.

Dos temas marginais, que marcam o âmbito da sexualidade, e que de certa forma
tem um texto que se predispõe ao nosso, destacamos de Hermelido Góis dos Santos. O
sexo da norma: Processos de defloramento em Aracaju (1901 – 1930).

E, embora, compreenda um espaço temporal de um século a frente do nosso


estudo, esse estudo é abastado de citações de fontes não só bibliográficas como
judiciais, e faz a análise de diversos casos de defloramento na capital de Sergipe, sendo
que a maioria deles é a do defloramento consentido.

Encontramos neste trabalho a versão dos médicos junto ao seu parecer técnico;
como são feitos os interrogatórios jurídicos, ou o modo pelo qual ele pretende obter
respostas, indícios, e ainda a visão da sociedade sobre “a mulher deflorada”, família,
pessoas em volta, enfim, o que se deveria compreender das “mulheres que cediam”.

Resume-se em como distinguir o universo das mulheres desviantes, e de tudo


que se pensava popularmente e cientificamente sobre elas. Para tanto se utiliza de
processos judiciais diversos, chegando à compreensão de que a preservação da “coroa
de virgindade”, era um êxito também na sociedade do inicio do século XX.

19

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Em outro estudo, não menos importante à nossa pesquisa nos reportamos à


20
“Inocência Deflorada em Sergipe” , de Ana Iara de Jesus, sobre o período que
corresponde ao da nossa pesquisa, 1865 a 1888.

CAPÍTULO II – A MULHER NA SOCIEDADE


HIERARQUICA DO SÉCULO XIX

2.1. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS

É certo que o fato de ser analfabeto não era incomum à população do século XIX
no Brasil, e no que se refere às mulheres, temos um caso bem mais abrangente. A

20
A monografia da graduanda acima citada foi imiscuída deste trabalho. A obra citada deveria ser
encontrada na BICEN (Biblioteca Central da UFS), ou no PDPH (Programa de Documentação e Pesquisa
Histórica) pertencentes ao Departamento de História da UFS. Contudo não pudemos encontrá-la em
ambos os locais citados.

20

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sociedade dos homens, também lhes poupava este direito. A idéia era baseada na falta
de necessidade de que esse sexo, considerado “frágil” e “inoperante” socialmente,
tivesse as mesmas oportunidades que os homens.

Não por acaso encontramos no processo que será foco de nossa análise a
seguinte referência: “assina o juramento auto pela Respondente que não sabe ler nem
escrever o cidadão Antonio de Cassarara”21. Antonio Cassarara era um homem, suas
oportunidades eram bem diferentes das de Amélia, Antonio sabia ler e escrever, Amélia
não.

Norma Telles em seu artigo “Escritoras, escritas e escrituras”, publicado no livro


História das Mulheres no Brasil, confirma:

“A situação de ignorância em que se pretende manter a mulher é


responsável pelas dificuldades que se encontra na vida e cria um
circulo vicioso: como não tem instrução não esta apta a
participar da vida pública, e não recebe instrução porque não
participa dela”.22

Geralmente a instrução feminina, quando ocorria, passava por outros âmbitos,


como tantos autores já afirmam, a exemplo de Perrot em As Mulheres ou os Silêncios
da História, no qual afirma que:

“Fazer mulheres adaptadas a suas tarefas “naturais – esposas,


mães, donas de casa – é o papel de uma educação que continuou
por muito tempo privada, questão familiar e maternal, questão
das igrejas”.23

21
Citação retirada apartir do processo crime aqui referenciado. Pág. 7.

22
DEL PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p. 406.

23
PERROT, Michele. As Mulheres ou Os Silêncios da História. Tradução: Viviane Ribeiro. São Paulo:
Edusc, 2005, p. 271.

21

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Ou seja, a educação feminina era voltada para, o ofício que a sociedade


predispunha que estas realizassem: educação para o lar; regente de filhos; executora das
tarefas domésticas; cumpridora da satisfação do pai, ou marido.

Ao analisar os romances de Manuel Macedo e as formas como ele se reporta à


mulher, Sharyse Amaral mostra que durante o período colonial a educação feminina era
direcionada para fazê-las internalizar as tarefas relativas ao lar : “(...) até a década de
1830, o analfabetismo entre as mulheres era considerado sinal de nobreza e moralidade”.24

No entanto, no que se refere às mulheres ricas, ou da capital do Brasil, após a


década de trinta do século XIX a preocupação com a educação passou a modificar-se, os
aspectos apontados são: a urbanização, o crescimento do mercado editorial, e o
crescente envolvimento com a vida social.

Desta forma, nos oitocentos as mulheres haviam ganhado da sociedade o aval


para se instruírem, ou seja, alfabetizar-se. Saber ler e escrever significaria, a partir de
então, uma participação mais efetiva nos meios sociais que a modernidade trouxera.

Contudo, a funcionalidade desta educação, não se difere em muito da anterior.


Com a transformação social, isto é, a oportunização das mulheres a se instruírem a
partir de 1830, elas teriam bem mais facilidades para o estudo das primeiras letras,
muito embora a finalidade tivesse uma característica bem similar: “a aceitação do próprio
papel social voltado para a família e para o engrandecimento da pátria”.25

Seja só para o lar, no que concerne às tarefas domesticas, seja para a melhor
educação dos filhos e representatividade social, o fato é que desde muito cedo as
meninas/mulheres preparavam-se para o casamento.

24
AMARAL, Sharyse P. do. Uma Nação por fazer: escravos, mulheres e educação nos romances de
Manoel Macedo. Dissertação de Mestrado em História. UNICAMP, 2001, p. 97.

25
Citação de citação. , Sharyse P. do. Uma Nação por fazer: escravos, mulheres e educação nos
romances de Manoel Macedo. Dissertação de Mestrado em História. UNICAMP, 200. Pág.105.

22

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Assim, desde bem jovens, “tão logo passadas as primeiras regras (menstruação),
os pais começavam a se preocupar com o futuro encaminhamento da jovem para o
matrimônio”. 26 E daí por diante este seria o motivo e a finalidade da sua educação.

Como apontou Miridan Knox Falci, in História das Mulheres no Brasil


referindo-se à idade dos casamentos “(...) a confecção de enxovais iniciada aos 12 anos
27
de idade das meninas”. Então, não nos assombra o fato de que aos 12 Amélia fora
raptada com o seu consentimento, também não é inovação para época que nesta idade
seu raptor já havia procurado o pai da moça para oferecer-se como marido.

A síntese é que educadas para o “lar”, algumas ações foram naturalizadas no


percurso das vidas das mulheres do século passado, a exemplo de casar-se e ser mãe. Se
esta era a finalidade de suas vidas, era para isso que deveriam ser educadas. Ao
contrário, os homens que tinham posses ou da “boa sociedade”, como eram chamados,
deveriam ser educados para a vida pública.

Pouquíssimas mulheres ousaram, ou tiveram oportunidade, de trilhar um


caminho diferente. Como afirmou Telles: “As mulheres estavam sujeitas a
autoridade/autoria masculina (...)para se tornar criadora, a mulher teria que matar o anjo
do lar”.28

“Matar o anjo do lar” se refere ao desestruturar da construção social


mulher/esposa/mãe. Contudo, no geral, a tendência feminina fora seguir o curso que a
história lhes proporcionava. Se questionássemos Maria Amélia, qual seria sua resposta?
A sua fuga seria apenas uma busca de alternativa para além dos recônditos da sua casa
paternal? Ou seu desejo era se tornar anjo do lar junto a seu companheiro?

2.2. O PORQUÊ DE CASAR-SE

26
DEL PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p. 256.

27
Ibid, 256.

28
PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007. Pág. 408.

23

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O exemplo de Caetana foi incomum, como havíamos tratado de resumir no


capítulo anterior; o caso da escrava que se negou ao casamento, mesmo tendo tudo a sua
disposição para tal.

Ter “tudo à sua disposição” não é algo comum em se tratando de enlaces


matrimoniais no século XIX, principalmente no que concerne a escravos. Todavia,
entravam também neste rol de dificuldades as mulheres pobres.

Graham cita resumidamente, o motivo desta dificuldade: “nas semanas


precedentes ao casamento, fizeram-se os preparativos católicos usuais: assinaram-se os
papéis, pagaram-se as taxas, publicaram os banhos”. 29 A resposta para a dificuldade em
se efetivar os enlaces eram, principalmente, “as taxas”.

Essas taxas, ou preços ritualísticos que se faziam necessários a um casamento


formal e legalmente aceito pela religião vigente, impediam que muitos casais entrassem
nas normas cristãs. Assim, ao contrário do que se prepondera pensar o casamento não
era tão freqüente em séculos anteriores.

Percebemos então a existência de uma forma paralela e concomitante, não


indistinta em meio à sociedade: o amasiamento. Viver junto serviu de opção àqueles
que ansiando uma união, ou sendo induzido a ela, não adquiriram condições
econômicas para obtê-la, devido aos percalços que se deveria cumprir até que se
chegasse ao altar.

Desse modo, a igreja sendo a célula matriz das intenções de que o casamento
fosse um vínculo sacralizado, de certa forma impedia o livre fluir destas uniões devido
aos “impostos para casar”. Luciano Figueiredo em “Mulheres das Minas Gerais”,
publicado em História das Mulheres no Brasil, demonstra a representatividade sagrada
do matrimônio:

“Nesse sentido o casamento (re) aparece como o lugar da


concupiscência onde o desejo e a carne poderiam viver devidamente
domesticados pela finalidade suprema e sagrada da propagação da

29
GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não. Tradução: Pedro Maia Soares. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005, p.23.

24

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espécie. O vinculo conjugal e sua indissolubilidade e estabilidade


afastariam a luxuria dos casais, vivendo estes relações de obrigação
recíproca de uma sexualidade disciplinada sob a vigilância dos padres
e da ordem cristã..”30

O casamento era o legitimador de uma união perante toda a esfera social; além
disso, era o vínculo indissolúvel, estável, mantenedor de ordem, no sentido de que
apaziguava os instintos sexuais, os restringindo, ao menos em tese, ao leito conjugal, e
garantindo a continuidade de heranças, sejam de bens ou de filhos.

Ao contrário de Maria Amélia, Caetana ousara dizer não ao casamento, vemos


desta forma que enquanto a primeira quebrou as regras para obter o vínculo do
casamento, a outra resolveu desfazê-lo transgredindo as moralidades sociais de maneira
avessa.

Em contextos diferentes, Amélia em Aracaju, Caetana em São Paulo, sendo a


primeira livre e de classe popular, e a segunda escrava, ambas ousaram infringir
padrões, a favor de suas decisões individuais: casar e descasar.

Em “Mulheres Pobres e Violência no Brasil Urbano”, publicado em História das


Mulheres no Brasil. A autora Rachel Soihet nos traz um panorama desse aspecto, em se
tratando de mulheres das classes populares. Não subtraindo que evidentemente seria o
sonho de muitas a contração do laço matrimonial, algumas destas podiam fugir à regra.

Fugir à regra poderia indicar o que sugeriu Luciano Figueiredo em Mulher e


Família na América Portuguesa:

“esse afastamento entre a norma e a realidade derivada em grande


parte da dinâmica dos grupos sociais e das deficiências da
estrutura administrativa colonial: alguns costumes matrimoniais
europeus ganharam aqui novo fôlego, em razão da fragilidade da
estrutura eclesiástica”.31

30
PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007. Pág. 171.

31
FIGUEIREDO, Luciano. Mulher e Família na América Portuguesa. São Paulo: Atual, 2004, p.23.

25

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Como mostrou Del Priore, devido ao referido fato do custo dos casamentos e de
toda a burocracia legal: “era proporcionalmente pequeno o número de pessoas casa das
em relação à população total”. Mesmo para as pessoas brancas: “as moças brancas, mas
pobres, abandonavam os nomes das famílias para viverem em concubinatos discretos.” 32

A autora também fez referência às mulheres de outros grupos sociais, como as moças
mestiças e negras: “quanto àquelas dos segmentos mais baixos, mestiças negras e mesmo
brancas, viviam menos protegidas à exploração sexual.33 Elas tinham “outro padrão de
moralidade”, que não chegava a influenciar na sociedade preponderante católica e de padrões
burgueses, era uma moralidade paralela.

O padrão para estas mulheres comuns geralmente variava entre a aspiração de um


casamento formal, dependendo do caso, inatingível. Ou ainda a possibilidade de:

“as mulheres das classes baixas, ou sem tantos recursos, teve


maior possibilidades de amar pessoas de sua condição social,
uma vez que o amor, ou expressão da sexualidade, caso não
levasse a uma união, não comprometeria as pressões de
interesses políticos e econômicos”.34

A literatura realista também nos mostra outras mulheres que se negaram ao


casamento, como a negra Rita Baiana, personagem de O Cortiço, romance de Aluísio de
Azevedo, de 1890, que em sua fala no romance confirma:

“- Casar? Protestou a Rita. Nessa não cai a filha de meu pai! Casar?
Livra! Pra quê? Para arranjar cativeiro? Um marido é pior que o

32
DEL PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p. 368.

33
Ibid., p. 367.

34
Ibid, 234.

26

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diabo; pensa logo que a gente é escrava! Nada! Qual! Deus te livre!
Não há como viver cada um senhor e dono do que é seu!”. 35

Entre as moças brancas pobres, as mestiças e negras, Maria Amélia está descrita no
primeiro padrão, moça branca e de família não abastada, que abandona a família, mesmo que
por um curto período para aventurar-se numa fuga permissiva, intitulada segundo a queixa de
seu pai, como rapto. Este era o seu protesto, uma forma de dizer “sim” ao casamento informal,
indo de encontro à vontade da família.

Temos então dois âmbitos dispares. De um lado a sacralidade eclesiástica que


conduzia às pessoas ao vínculo do casamento, e de outro a burocracia que junto à maior
liberdade das classes populares e as brechas da própria religião, inventavam novas
“legalidades” ou, em outros casos, liberalidades.

Não obstante as mulheres das camadas mais populares ousassem de uma certa
“liberdade” quanto à vigilância matrimonial, a questão era bem mais grave no que se refere à
burguesia, pois para esta classe:“ o casamento para as famílias ricas e burguesas era usado
como um degrau de ascensão social ou forma de manutenção de status”.36

A escolha de um pretendente pela família estava ligada à classe social a que


pertenciam os cônjuges. A Igreja a elite podavam as formas paralelas de
relacionamentos conjugais. Era a idéia de que não poderia haver felicidade fora do
casamento. No capítulo sobre os “Recônditos do Mundo Feminino”, publicado na
História da Vida Privada, Marina Maluf e Maria L. Mott refletem sobre a contraposição
entre as idéias de alegria serena do lar em oposição às paixões cegas:

“ao sentenciar que o amor ao próximo a família a pátria a humanidade


são metamorfoses ou sublimações do amor inicialmente sexual isto é
domesticação das paixões e dos desejos pecaminosos (...) e, em nome
da salvaguarda da família, condenar os desvios da norma”.37

35
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Citação referente ao diálogo do romance na qual a personagem Rita
baiana expressa a sua opinião contrária ao casamento. Pág. 58.

36
DEL PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p. 229.

37
NOVAIS, Fernando & SEVCENKO, Nicolau. (orgs.). História da Vida Privada no Brasil. Vol.3. São
Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 386.

27

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A união sagrada entre homem e mulher era então a solução, o remédio às paixões
abrasadoras, o reparador dos males, fossem eles cometidos ou pensados. Nos romances do
século XIX, a cura para as donzelas que amavam demais era o tão conhecido final feliz, o
casamento.

Casar por quê? Casar se constituiu enquanto solução que restringia os impulsos
sexuais garantia a continuidade da população, perpetuava um ordenamento social, e
resolvia alguns “males”. A exemplo dos crimes cometido contra mulheres, dentre eles
os RAPTOS.

2.3. CRIMES E RAPTOS (sobre os raptos consentidos e não consentidos)

Por hora informamos que Maria Amélia fora raptada por José Bernardino, e este
fora um rapto permitido, planejado. Programaram-se a fugir pelos matos, no silêncio da
noite, e é esta uma característica bem peculiar.

Nem a sociedade mais estratificada da história estava livre da contravenção dos


seus paradigmas, o rapto no século XIX, foi uma dessa formas. As infringências da “lei”
familiar e da lei social chegavam também aos âmbitos mais peculiares das famílias.

A não permissão de um namoro poderia ocasionar um rapto, em duas


ambiências, os abusivos/ não consentidos, e os que em tese teriam uma direta e positiva
participação daquela que era considerada a vítima.

Sobre raptos não consentidos, estes eram os raptos violentos, e ocorriam por
forma de subtração da mulher do seu meio doméstico e convívio familiar, sem a
permissão da mesma. Cujo intuito era basicamente tornar a raptada uma subordinada
sexual para fins estritamente libidinosos.

Contudo, como já foi dito, não fora incomum o rapto como “desculpa” para
forçar um casamento. O indivíduo que fazia de tal forma tinha o consentimento da
raptada. Em alguns casos, a intenção inicial era que as relações mais intímas entre os
“fujões” não ocorressem imediatamente, pois ao dia seguinte o pai da moça deveria ser

28

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avisado, e assim providenciasse de modo urgente para o casamento que ele inicialmente
não aprovara.

Este matrimônio, depois do rapto não seria apenas uma questão de aprovação ou
não, mas em prol de evitar os falatórios que logicamente ocorreriam, e também, os
prejuízos da moralidade, que isto acarretaria à raptada e sua família.

Enquanto a espera das providências ocorriam, a moça poderia ser depositada em


casa de algum parente ou conhecido do raptor, juiz ou autoridade da cidade. Tendo o
salvaguardar de sua honra teoricamente “protegido”. Assim, é que geralmente depois do
acontecido, e ciente dos fatos, o pai da raptada a mandaria buscar. E se iniciariam as
“negociações”.

Acontecia que estes casos deveriam ser resolvidos de qualquer maneira para não
manchar a integridade da família. Como mostrou Miridan Falci:

“O rapto ou sedução (...) trazia contrariedades à família, e cabia ao


poder masculino, patriarcal, caso não houvesse casamento, resolver o
problema: interpelar o sedutor e obrigá-lo a casar” 38.

Além disso, os problemas gerados não se restringiam à reputação de um lar,


mas também da moça: “moça raptada que não casou vira mulher perdida.” 39
O indivíduo
que também cometera a imprudência de raptar uma moça de família, e não cassasse, o
roubador de honra, “estaria sujeito às punições que a sociedade lhe impunha, tais como morrer
ou ser capado”.40

Ao menos era o que constava nos relatos de raptos consentidos, em Mulheres do


Sertão Nordestino.Miridan Falci, inda acrescenta que esses casos costumavam virar
anedotas populares, motivos constantes de falatório, caíam na “boca do povo”.

38
DEL PRIORE, Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p.267.

39
Ibid, 267.

40
Ibid, 267.

29

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Como vimos, ao menos nos códigos criminais a punição era somente masculina,
nos referimos aqui à legislação que determinava ao homem nesta época a reclusão da
sociedade caso não fosse reparador do seu erro.

No entanto, vemos que a punição à mulher embora não fosse oficial era
evidente. À medida que se tornava conhecida por seu ato sexualmente não permitido,
mesmo considerado na condição de vítima pela Justiça, a mulher recebia outro tipo de
punição.

Esta não era uma punição escrita, e sim respaldada na lógica social, se o homem
corria o risco da castração, caso não cumprisse sua obrigação, a mulher era castrada
num sentido psicológico, ou social. O constrangimento que a sociedade iria lhe impor, a
puniria de uma forma diferente, entretanto tão cruel quanto o réu.

Em o Sexo da Norma, lemos que “percebe-se então que existiam na verdade dois
julgamentos, que em muitos aspectos coincidiam: o da justiça e o da sociedade” .41 O
segundo podia ser mais severo que o primeiro.

Mas de quem partiria a idéia? Como percebemos a culpa na forma da lei recaía
sobre o raptor, o que não impedia a mulher de ser punida numa atmosfera subliminar
pela sociedade, e talvez muito provavelmente pela família, além do constrangimento
que lhe causariam os processos recorrentes de queixa, julgamento, exames.

Era usual que oficialmente a “idéia” da fuga recaísse sobre o homem; o homem
enquanto ser pensante, ativo e, para a época, bem mais capaz em seu físico e intelecto.
Portanto, para a Justiça, o homem costumava ser o mentor do rapto.

Qual seria a parcela de culpa da mulher neste planejamento, tida como a parte
mais frágil, sensível, receptora? O pré-julgamento que se fazia era de que a mulher fora
sempre persuadida a tal acontecimento. Cito aqui a petição de abertura do processo:
“Maria Amélia de Sant’Anna raptada por meio de afagos e promessas de casamento”. 42

41
SANTOS, Hermelido Góis dos. O sexo da Norma: Processos de Defloramento (1901-1930), pág. 24.

42
Citação do processo, AJES, cx. 2543, p. 69, que justifica o motivo pelo qual a menor Maria Amélia de
Sant’Anna foi raptada.

30

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O juízo que se faz é este: a mulher é que se deixa levar, “a mulher iludida”,
embora isso não exclua sua parcela de culpa ou os falatórios. Parece que é sempre o
gênero tido como fraco que é induzido pelo sexo oposto, em uma tentativa social de
demonstrar a incapacidade desta.

Essa incapacidade intelectual é justificada pelo excesso de sentimentalismo, a


idéia era que nascida para o amor, só sabendo amar, e se entregar, não usava a mulher
de razão. Mais uma vez subjugada. Referindo-se ao contexto social, o autor de O Sexo
da Norma: “Fazia parte de sua personalidade, esperava-se, a ingenuidade beirando à
tolice, qual a tornava presa fácil das mentiras de um homem.” 43

Uma vez “iludida”, mesmo que de maneira consentida, “tanto a sociedade quanto
as autoridades da lei pareciam concordar em um ponto. Uma vez tendo deflorado a moça o
rapaz devia a ela sua honra.” 44

A honra deveria ser preservada, porque logicamente as mulheres que não eram
mais virgens e também não constituíam um enlace matrimonial poderiam até ser
consideradas como “mulheres livres”, quase como prostitutas; elas fariam a constante
oposição à idealidade de mulher, seria o símbolo do desregramento social tão temido no
que concerne à falta de estrutura familiar padrão.

2.4. DOS CRIMES CONTRA MULHERES NO SÉCULO XIX

Entramos em um universo de crimes. Vimos que crimes referentes à


sexualidade, no que concerne ao século XIX e mesmo em temporalidades anteriores,
não necessariamente implicavam em uma forma de violência.

Relembrando que a moralidade e honradez, questões estritamente ligadas à


virgindade eram levadas muito a sério pela sociedade, família e Igreja, e se estendia à

43
SANTOS, Hermelido Góis dos. O sexo da Norma: Processos de Defloramento (1901-1930), pág.50.

44
Ibid, 23.

31

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legislação. Encontramos então, enquanto crime, a transposição dos limites sexuais da


mulher mesmo que de uma forma permissiva pela mesma.

No artigo “As Mulheres de Misael:“ vemos a criminalização das sexualidades


em desvio, das quais, com base neste texto citaremos alguns exemplos.
Para tanto citamos então, o crime de Corrupção de Menores, que se referia à

“prática de atos desonestos (anais, orais ou quaisquer outros, sem haver


penetração vaginal) contra pessoa de um ou outro sexo por meio de
violências ou ameaças contra as vítimas, com idade inferior a 16
anos”.
“Atos Libidinosos era definido como práticas repetidas de atos
desonestos e diferentes da conjunção carnal, contra menores de idade
entre 16 e 21 anos, de um ou outro sexo, e era punido com reclusão
celular de dois a quatro anos; o crime de Atentado ao Pudor era
similar ao anterior (práticas desonestas contra vítimas de 16 a 21 anos,
com reclusão de um a três anos), mas supunha a prática isolada dos
atos sexuais.
Defloramento, que seria a perda de virgindade de mulheres menores
de 21 anos, empregando sedução, engano ou fraude (promessas de
casamento ou de dinheiro entre tantas outras formas).
Rapto: retirada do lar de mulher honesta, maior ou menor, solteira ou
viúva, por meio de sedução, emboscada ou violência, sem que
houvesse, necessariamente, a prática sexual. “Além do tão conhecido
estupro, ou seja, prática de relação sexual forçada, ou ainda, mesmo se
a ofendida consentisse com a prática sexual, mas tivesse dezesseis
anos ou menos, a violência era considerada presumida e o crime de
estupro cometido.” 45

45
DE TILIO, Rafael. & CALDANA, Regina Helena Lima. “As Mulheres de Misael. Corrupção de
menores, Atentados ao Puder e Atos Libidinosos na comarca de RibeirãoPpreto, 1871 a 1942”. A citação
refere-se de maneira integral a que está no artigo já citado sobre os crimes sexuais contra mulheres e suas
respectivas punições, p. 8.

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Os crimes por assim dizer aqui citados no geral são mais severos quando as
práticas se referem a menores, ou na intensidade de quanto ferem uma reputação ou a
honra de moça de família.

Para o caso que discorremos, dois destes crimes serão importantes, os cometidos
contra Maria Amélia, Rapto seguido de Defloramento. As penas para estes crimes
seriam:

“A punição estipulada era de prisão celular de um a quatro anos; mas


se a raptada fosse maior de 16 anos (pois, se menor, haveria presunção
de violência e, conseqüentemente, o crime seria de Estupro) e menor
de 21 e prestasse seu consentimento com a fuga, a punição seria de
reclusão celular de um a três anos; se o rapto se seguisse de
defloramento ou estupro, o raptor incorreria na pena correspondente a
qualquer desses crimes que houvesse cometido, com o aumento da
sexta parte.” 46

A punição de rapto variava de acordo com a condição da mulher de ser casada


ou não, de sua virgindade e ainda de sua idade. Contudo, fosse ele consentido ou
forçado, as obrigações referiam-se ao raptor, este era considerado em quaisquer das
hipóteses o culpado.

O código criminal do Brasil império, de 1830, punia o raptor violento com pena
de dois a dez anos de prisão, e a obrigação de dotar (reparar o mal de maneira
indenizatória); já no caso de rapto por sedução, o sedutor era obrigado a cumprir pena
que variava de um a três anos.

O novo código brasileiro que vigorou a partir de 1890, equiparou as punições


aos raptores de ambos os casos, fosse um crime violento, ou através de sedução, a nova
penalidade variava entre um e quatro anos de reclusão.

2.5. CORPO DE DELITO, CORPO EM DELITO


46
Ibid, p. 9.

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Naturalmente, depois da ocorrência de um crime de violação do corpo, tem-se


um exame de corpo de delito. Em O Sexo da Norma, Santos descreve como esse exame
era realizado:

“A examinada era deitada de costas, tendo as pernas flexionadas e


separadas para a melhor observação do hímen. Eram procurados
indícios de desvirginamento, com o estado de cicatrização genital,
além de marcas de violência” 47.

A avaliação feita a partir desse exame vai além de uma apreciação física ou
material, constitui a análise de uma moralidade incluída no fato ou não da existência de
um hímen.

Se moça fosse solteira, isto seria o quesito determinante de sua futura


constituição de familiar. Poderia uma mulher violada em seu bem mais precioso, seu
hímen/sua honra, obter o privilégio de casar-se tal como uma mulher que havia sido
preservada?

A culpa que acompanhava a violada poderia ser uma questão de justiça para com
as demais mulheres consideradas puras. Pelos padrões, a violada, apenas poderia manter
uma união estável e sadia socialmente, se fosse com aquele que a desvirginara.

Embora as implicações de um exame de corpo de delito fossem psico-sociais, e


acarretadora de uma série de constrangimentos, o parecer do mesmo seria estritamente
técnico para a época. Formado por uma junta de doutores que em conjunto
compreenderiam “o mal causado a vítima”.

As perguntas citadas àqueles que aplicavam o exame são de modo a eliminar as


dúvidas que se insurgem durante a apuração do processo. São elas: “se houve
47
SANTOS, Hermelido Goís dos. O Sexo da Norma: Processos de Defloramento em Aracaju (1901-
1930), p. 14.

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defloramento; qual o meio empregado; a ocorrência de cópula carnal; se houve


violência para fim libidinoso; que tipo de violência; o período do defloramento”. 48

E o último questionamento que teria por finalidade saber qual o valor do dano
causado. As respostas aos itens anteriores são tão técnicas quanto à natureza das
perguntas; nesta última, porém, encontramos um teor de subjetividade. O que uma junta
de doutores avaliaria sobre o “mal” que fora feito à jovem?

A resposta é sucinta: “que o valor é incalculável” 49, mas acarreta um peso de


moralidade tomado pela sociedade como realmente importante. Não quisera Maria
Amélia fugir? Não se permitira raptar? A opinião da mesma sobre o referido dano não
se sabe.
Incalculável porque, de certa forma Amélia deixara o recato típico do “ser
mulher” do “tipo ideal”, para dar margem aos impulsos não típicos do gênero. Mesmo
considerada como vítima, vimos no início do processo que fora seduzida por promessas
de casamento.

O fato de serem vãs as promessas de matrimônio, não omite a nossa personagem


a vontade própria de querer, ir, permitir-se roubar, deflorar. O que acontecera com
Maria Amélia foi um excesso por ela também consentido, que escapavam aos hábitos de
boas maneiras de seu gênero.

Geralmente esta permissividade ou convencimento à sedução,

“também costumavam misturar pedidos carinhosos a ameaças e


agressões (...) muitos aproveitavam algum passeio das companheiras
longe da vigilância da mãe, para reiterar as promessas de casamento e
conseguir previamente as caricias conjugais.”50

48
Baseado nos questionamentos do auto do exame de corpo de delito. Processo citado, cx. 2543(Rapto e
Defloramento), p. 17.

49
Referente à frase retirado do processo de Maria Amélia, cx. 2543(Rapto e Defloramento). Pág.17.

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Em “Mulheres pobres e violência no Brasil urbano”, publicado em História das


Mulheres no Brasil, Rachel Soihet mostra a expressividade destes valores para a
sociedade dos oitocentos. Estes passavam tanto pelo âmbito da Justiça como da
medicina legal.

“as imposições da nova ordem tinham o respaldo da ciência, o


paradigma do momento. A medicina social assegurava como
características femininas por razoes biológicas: a fragilidade, o recato,
o predomínio das faculdades afetivas sobre as intelectuais, a
subordinação da sexualidade à vocação maternal.” 51

Por mais que estivesse no papel de vítima, como foi dito, a jovem citada estava
fora da conformidade padrão, muito provavelmente o parecer sobre ela seria: “Aquelas
dotadas de erotismo intenso e forte inteligência, seriam despidas do sentimento de maternidade,
característica inata da mulher normal, e consideradas extremamente perigosas”. 52

Amélia tinha um corpo marcado, por isso a necessidade do exame de corpo de


delito. Ela não foi forçada, mas a sua relação sexual díspare em tempo e lugar, fez dela
uma transgressora. Não existiu violência, como confirmou a menor e o auto do exame
de corpo de delito. Mas, a violação dos padrões, trouxe dela a existência de um corpo
em delito.

Em oposição à figura cândida que deveria ser seguida pela mulher, encontramos
no mesmo texto a referência feita ao papel do homem: “o homem conjugava a sua força
física, a natureza autoritária, empreendedora, racional e uma sexualidade sem freios.”53

50
SANTOS, Hermelido Goís dos. O Sexo da Norma: Processos de Defloramento em Aracaju (1901-
1930), p. 69.

51
DEL PRIORE. Mary (org). História das Mulheres no Brasil. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007, p. 363.

52
Ibid, p. 363.

53
Ibid, p. 363.

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O sexo masculino poderia sim, dotar-se de todas as facilidades da sexualidade, a


exaltação desse padrão como uma virtude ao homem era notória, mas como exercer essa
sexualidade se ao seu oposto e co-habitante não era permitido? Para isso estavam
designadas as “loucas” as desenfreadas, citadas acima com “sexualidade sem freios”.

Enquanto aos homens o exercício da sexualidade era livre, as mulheres estavam


impedidas destas práticas: “As características atribuídas às mulheres eram suficientes para
justificar que se exigisse delas uma atitude de submissão, um comportamento que não
maculasse sua honra.”54

A honra do homem já estava franqueada à posição de sua família, de sua mulher.


Seus lapsos sexuais, quase sempre encobertos não incorreriam em processo, em
vitimização, mas na maioria das vezes e ao contrário do sexo oposto, em reafirmação da
masculinidade.

Ainda neste assunto em falar da normatização cultural, da discriminação e


submissão feminina, a autora continua: “Quanto aos homens, estimulou-se o livre exercício
de sua sexualidade, símbolo de virilidade, na mulher tal atitude era condenada, cabendo-lhe
reprimir todos os desejos e impulsos da natureza”. 55

A mulher então sempre estivera complicada em sua situação sexual, sempre


protegida pelo pai, ou marido, e em constante oposição social a figura da virilidade
masculina, deveria sempre poupar-se dos contatos com o outro, (o homem) estava
sempre em busca de uma “presa”.

Percebemos então que o homem ao mesmo tempo em que assume o papel de


protetor machista da honra feminina, no que se refere a um parente seu mais próximo
(pai, marido), é também em termos generalizantes àquele que sempre poderá ofendê-la
fora dos âmbitos de resguardo familiar.

O primeiro aspecto de proteção familiar constitui por assim dizer um tipo de


violência psicológica, que molda e regula a postura feminina; o segundo, e que se
54
Ibid, p. 363.

55
Ibid, p. 390.

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expande das vivências familiares, chega até a corresponder a uma violência física.
Algumas mulheres estiveram submetidas aos dois tipos de violência. De qualquer
forma, “todas” elas estavam submetidas à primeira violência, que de tudo as poupava, e
aos homens tudo permitia.

A autora, Rachel Soithe, intitula estes como termos de “violência simbólica” e


“violência física”: “o homem é o legitimador, uma vez que a honra é atribuída pela ausência
do homem, através da virgindade, ou pela presença masculina no casamento”. 56

A mulher acastelada pelo homem, vitimada pelo homem, do que deveria


defender-se nesta sociedade reguladora? Do próprio homem, evitando ao máximo as
aproximações e as permissividades. Pois a “sociedade que via agressão sexual como própria
ao homem, ao mesmo tempo desconfiava da mulher que se deixava possuir pela força.” 57

Essa atribuição masculina a certa agressividade, poderia sim os impelir a prática


da virilidade exacerbada, todavia não quer dizer para isto a isenção de punições, como
visto anteriormente, havia uma série de crimes e enquadramentos legais seguido de
punições.

Poder-se-ia arriscar supor que entre rapto e defloramento, este último era o crime
mais grave. Pois este se reportava muito mais diretamente ao hímen, neste caso igual
honra, era uma representação da entrega por sedução aos desejos sexuais do rapaz que
lhe jurara casamento.

Para os casos de defloramento, encontramos similaridades nos casos da defesa


do acusado, no caso de Maria Amélia a afirmativa de defesa de seu vitimador é a
seguinte: que tendo relações ilícitas com Maria Amélia “a encontrou imperfeita”.

Isto significa dizer que a moça já não era mais virgem, e assim esta não o sendo,
ele deveria ser livre da culpa de defloramento, ou parcialmente abonado em sua pena, já
que seu crime teria sido apenas o rapto.

56
Ibid, p. 389.

57
Ibid, p. 393.

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“o acusado mostrava-se como vítima. De acordo com a sua versão, a


moça já não era mais virgem quando “se serviu” dela. Em alguns
casos, o rapaz dizia ter tido “relações” com a namorada para se
certificar de alguma suspeita levantada por qualquer boato sobre a
honra da moça (...) “58.

José Bernardino não chega a afirmar com contundência que deflorou Amélia
para tal verificação de honra, mas informa com todas as letras, que esta moça já teria
sido violada anteriormente, ele também não informa que se certificara da violação após
a prática do ato sexual, ao contrário disse que soubera por meio da mesma, que
confessou isso não só a ele, mas a outras pessoas.

O cuidado com a mulher como se vê não parte só do pressuposto sobre aquilo


que ela faz em relação ao sexo oposto, mas também ao respaldo de suas atitudes
mediante aos que estão em seu entorno. A mulher deveria ter bastante cuidado para que
seu corpo, objeto de cobiça e desejo entre o sexo oposto, por um mínimo deslize não se
transformasse num corpo em delito.

58
SANTOS, Hermelido Góis dos. O sexo da Norma: Processos de Defloramento (1901-1930), p. 73.

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CAPITULO III – MARIA AMÉLIA DIZ SIM: ANÁLISE DO


PROCESSO DE RAPTO E DEFLORAMENTO

São diversos percalços até que se chegue aos deferimentos finais em um


processo. As repetições das falas, o entendimento dos depoimentos, ou o quanto se
demora a encontrar todas as testemunhas! Os entraves de um processo podem fazê-lo
longo e difícil.

Como fogem, se omitem, desaparecem os inquéritos! Fora da mesma forma no


processo que concerne ao rapto e defloramento de Maria Amélia de Sant’Anna. Em
comparação aos demais processos, as 117 páginas deste não o tornaram muito extenso,
seu início e desfecho se deu entre 18 de fevereiro e 25 de novembro do ano de 1879.

O que não evitou os gastos públicos, os constrangimentos das falas de terceiros.


E o culminar em conclusões que incriminassem o réu, sendo este posto em liberdade a
partir do compromisso de contrair o vínculo matrimonial.

3.1. O PROCESSO

O Processo (que consta na caixa 2543 do arquivo do judiciário. Rapto e


defloramento).

A denúncia que partira da promotoria, do Juízo Municipal da Cidade de Aracaju,


refere-se à abertura de processo crime contra José Bernardino das Neves, morador da
Estrada do Porto das Redes.

Consta que este réu tinha pretensões de casar-se com a menor Maria Amélia de
Sant’Anna; como o pai da mesma se opusera devido à sua pouca idade, 12 anos, a
solução vista pelo réu para objetivar suas intenções foi a de rapto da mesma. Por este
fato foi José Bernardino acusado por Agostinho Nunes dos Santos, pai da menor.

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O réu também foi acusado de violação da honra da menor (defloramento), muito


embora, a mesma tenha se “deixado raptar”, como consta no processo, fora “seduzida
com promessas de casamento”.

No auto de perguntas feitas à Maria Amélia, pode-se encontrar algumas


informações, tais como: seu nome completo, Maria Amélia de Sant’Anna, sua
naturalidade, a cidade de Aracaju, e a informação de que morava em companhia de seus
pais.

Relata o promotor, Gonçalo Vieira de Melo, ao Chefe de polícia que Maria


Amélia conhecera seu raptor de pouco tempo, porque algumas vezes aquele passara a
porta da casa do pai dela, embora nunca tivesse encontrado oportunidade para
conversar. Seu contato com o raptor se deu através das várias cartas recebidas por
intermédio de sua vizinha, que soube do interesse desse em “casar-se” com ela, caso a
mesma tivesse disposta a deixar a casa dos pais.

Assim foi, que segundo o promotor, no domingo dia 2 de fevereiro de 1879,


Maria Amélia recebeu um recado através de sua vizinha, Magdalena, de que José
Bernardino das Neves a estava esperando na casa desta; a referida “moça” se conduziu
até a casa da vizinha, e de lá partiram ambos pela estrada do Porto das Redes (na hora
da Ave Maria).

Durante a noite, conta a moça, teve lugar à “violação de sua honra”, não fora por
violência, e sim por sedução e promessa de casamento. E, em conseguinte, seguiram
para a ilha de Santo Amaro, lá Maria Amélia ficou depositada em casa de uma tal
Maria, que vivia amasiada com um certo José Januário, até que seu pai a tivesse
mandado buscar por uma tia de nome Mathildes.

O Corpo de Delito

No decorrer do processo fora feito o exame de corpo de delito para comprovação da


acusação sobre “a honra” da menor. O intuito do mesmo foi saber se realmente havia

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ocorrido defloramento; e caso tivesse ocorrido, se fora usada a violência; e se era ou não
de pouco tempo a referida relação sexual, e por fim, a natureza do dano causado.

Segundo as análises dos autos dos exames e corpo de delito, foi constatado
defloramento num período próximo passado, contudo não se utilizou de violência.
Como já vimos no capítulo anterior, para a junta de doutores que avaliaram a menor, a
natureza do dano causado era incalculável, devido ao fato de que a reputação da mesma
fora violada.

E, ainda para este processo, acrescentam que embora a menina tivesse apenas
12 anos, a sua constituição física era correspondente a 14 anos, não obstante já tivesse
sido comprovada sua idade anteriormente no processo através de sua certidão de
batismo.

Os testemunhos

Na notificação de testemunhas encontramos: Maria Josefa, Maria Archangela,


Anna Batista, Inês Baptista, Maria Ramos do Nascimento. As duas primeiras
testemunhas, Maria Archangela, Maria José da Purificação confirmaram saber do rapto
da menor e o fato de que esta fora conduzida à Villa de Santo Amaro, referindo-se a
menina enquanto a “ofendida” no processo; a terceira testemunha Maria Ramos do
Nascimento acrescentou a estas informações o fato de saber que a menina ficara
depositada na casa do delegado de polícia e que sua tia a fora buscar.

Ressalta-se aqui que, as primeiras testemunhas convocadas para a deposição no


processo eram todas mulheres. São elas, “as vizinhas”, as responsáveis pela descrição
dos detalhes pormenorizados da fuga de ambos.

“Outras pessoas” nitidamente fazem parte deste processo. Além do réu, vítima e
demais familiares interessados, terceiros sempre se imbuem na história de um processo
tal como é este. “os terceiros”, são aqueles que convivem de perto e tornam-se a par de
cada detalhe, às vezes antes mesmo que os mais interessados.

As demais testemunhas não foram encontradas, e no lugar das mesmas foram


convocados Belizário José dos Santos e Serafim de tal, como este último não fora

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encontrado, em seu lugar foi convocado José Elias. Após longos mandados, idas e
vindas do oficial de justiça, as mesmas depuseram e confirmaram os fatos já citados:
que ouviram falar que a “menina do José Agostinho” foi raptada e conduzida pela
estrada do Porto das Redes.

Em seu testemunho Belizário afirmou que ouvira dizer que ele (José Bernardino)
a tinha tirado e levado com sua canoa para Santo Amaro, e ainda respondendo aos
questionamentos do promotor, disse que conhecia a menor Amélia há pouco tempo,
então não sabia se ela costumava agir dessa forma, contudo, nunca ouvira falar mal de
sua honra.

Por fim, a última testemunha, José Elias dos Santos dissera que vira quando a
menina Amélia saiu pelo quintal correndo pelos matos e, posteriormente, escutou um
choro na casa de Agostinho Nunes. Só depois soubera que era por causa da fuga da
menor.

Assim sendo, a promotoria pediu a condenação em grau máximo para o réu por
ter deflorado a virgem Maria Amélia, argumentando que mesmo que a menor não fosse
(virgem) era respeitada como tal.

É interessante perceber no argumento da promotoria que a honra de Maria


Amélia é tão respeitada quanto a sua própria virgindade. Era “voz pública” que ela sabia
guardar a sua honra, e que fora maculada por José Bernardino, o suposto ofensor.

O Réu

No auto de qualificação do réu encontramos alguns dados sobre José


Bernardino, natural da província de Sergipe, filho de Manoel Francisco das Neves,
solteiro, 23 anos de idade, que tinha como ofìcio ser pedreiro. O réu afirmava ter plena
consciência pelo que era chamado à Justiça, pelo rapto de Maria Amélia.

Contudo não se intitulava culpado, dizendo que conheçera a moça porque às


vezes passava pela estrada de Santo Antonio, perto da casa da lavadeira de nome Maria
Lúcia, residente quase defronte a casa dos pais de Maria Amélia; e outras vezes se

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comunicava através do próprio Belizário ou a própria vizinha “porta-recado” Maria


Magdalena.

Afirmou o réu que tinha intenções de casar, todavia soubera que Maria Amélia
era posta para fora de casa pelo pai, pois não encontrava um rapaz para casar-se com
ela. Diz ainda o réu que após seu encontro com Amélia, eles foram pela estrada do
Porto das Redes até Santo Amaro, onde ele a deixou em casa de uma prostituta, até que
seu pai a mandara buscar.

Sobre a menina, Bernardino disse que ao ter relações sexuais com ela, “a
encontrou imperfeita”, ou seja, já deflorada em sua honra. E acrescentou que a dita
“vítima” disse por ela mesma, na casa de tal de Moura Matos, que seu ofensor fora um
soldado de nome Olegário. Este teria ido ao Rio de Janeiro acerca de um ano.

Embora o exame de corpo de delito relatasse que Amélia deixara de ser virgem
há pouco tempo, o acusado reafirmou tal posição e concluiu dizendo que Agostinho (o
pai da moça) fizera a ele esta acusação por vingança.

O Julgamento

Na votação dos quesitos, os doze homens que compunham o júri chegaram à


seguinte conclusão: por unanimidade de votos José Bernardino das Neves seduziu
Maria Amélia para fins libidinosos através de afagos e promessas de casamento; por
oito votos a vítima foi considerada virgem quando fora tirada da casa de seus pais;
portanto a mesma foi prejudicada; por dez votos o réu cometeu o crime com o agravante
da noite; e por oito votos não existe nenhum fator a favor do réu.

As tentativas de justificação de Bernardino não foram levadas em consideração,


muito embora ele tenha procurado comprovantes de vingança por parte do pai da moça,
ou na afirmação de que a mesma já não era virgem. Seus argumentos não receberam
crédito. A maioria dos jurados não conseguira enxergar nenhuma situação a favor do
acusado, talvez pelo agravante de sua fuga após o ocorrido.

A noite representa, com nitidez, a questão da fuga, a escuridão facilitaria o


processo da saída de Amélia da casa dos pais. Fazer algo escondido com o subterfúgio

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da falta de iluminação comum as noites do século XIX fora algo levado em


consideração até no julgamento deste processo.

E tendo em vista a decisão do júri, José Bernardino das Neves foi condenado ao
grau máximo para este tipo de crime, três anos de reclusão segundo o artigo 227 do
código criminal, na cadeia da capital.

Por fim, o pai da moça, Agostinho Luis dos Santos, fez uma solicitação para que
se retirasse a pena do incriminado, desistindo da ação que lhe facultava contra o referido
raptor, pois o mesmo estava disposto “reparar o mal que fizera”, casando-se com sua
filha.

3.2. UMA TAL MARIA AMÉLIA

Um nome comum, Amélia, uma personagem comum, apenas mais uma mulher.
Do século XIX, quem se lembraria de uma moça de 12 anos, que ousara a definição de
seu destino ao ser raptada.

Essa é a nossa personagem, Maria Amélia de Santa’Anna, natural de Aracaju,


raptada por José Bernardino das Neves em 18 de fevereiro de 1879, causa “sedução e
vãs promessas de casamento.

Como se faz conhecida à sua história? A partir do processo – crime (rapto e


defloramento), cuja queixa, foi notória aos anais da justiça, através do processo que fora
aberto por seu pai Agostinho Nunes dos Santos, informando que alguém interferira na
honra de sua filha.

Honra esta moldada por uma sociedade patriarcal, machista, que impõe a mulher
o silêncio, a sujeição e a abnegação, do que ela é, e de tudo que pensa. Limita-se até a
construção de um pensamento próprio.

Maria Amélia é alguém que de certa forma contrapõe o ideal de feminilidade


pureza e piedade. Ao se permitir uma fuga ela acaba por demonstrar uma disparidade
entre as mulheres padrão, ou seja, foge ao padrão de sexualidade inibida e de total

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acordo com a moralidade social, e passa a assemelhar-se muito mais com as mulheres
de vida desregrada.

Pudera assim estivesse implícito que mulher não pode ousar, e sim, apenas,
reproduzir os modelos do contexto social que a conformam, ou melhor, que a
constrangem a seguir os protótipos previstos, impostos. E que por supressão abafam
cada história de mulher, das mulheres.

Embora as primeiras testemunhas convocadas durante o processo fossem todas


mulheres, no que concerne a vizinhança de Amélia, “aquelas que poderiam falar de sua
conduta”. São os homens que detém o poder do julgamento. O juiz, o promotor, o pai, o
réu, num processo que é sobre uma mulher. O julgamento é masculino. Eles predispõem
seu discurso na lógica social, anterior a ela, e que se sobrepõe a ela. Maria Amélia é
simplesmente “uma mulher” no século XIX.

Principalmente nos séculos anteriores, ou quanto mais distante se constituiu o


passado, menos vozes e expressão tinham as mulheres. Ao falar de suas personagens,
mulheres do XIX, citadas por meio de fontes judiciais, Sandra Graham em Caetana Diz
Não afirmou que: “Nenhuma das histórias nos foi deixada por completo e nenhuma delas é
contada por protagonistas” .59

Protagonismos é o que sempre faltou às mulheres, não querendo se referir a


criação de ícones, ou a figuras idealizadas, e sim a atribuição ao papel que lhe é devido,
mas nunca lhe fora outorgado.

Geralmente não temos registros em primeira pessoa das mulheres em séculos


passados, porém podemos afirmar que muito se pode conhecer através das fontes
judiciais, nas quais aparecem ainda que secundariamente.

O que se pode conhecer através de um processo tal como o que relata a história
de Maria Amélia de Sant’Anna é ad infinito. Com todas as restrições que o documento
mesmo nos impõe, compreendemos que ele está imerso na lógica da sociedade que o
produziu.

59
GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não. Tradução:Pedro Maia Soares. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005, p. 11.

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Os crimes de rapto e defloramento não eram novidades para a sociedade, sobre


eles já existiam descrições na lei. Vimos o exemplo do código criminal que, desde 1830,
trazia punições diferenciadas aos raptos considerados violentos dos raptos consentidos.

O que se pode conhecer com um processo como este é a soma dos elementos
implícitos, notórios e até subliminares, a exemplos das autoridades familiares,
representadas no discurso pelo pai, enquanto o tal que devia preservar a honra familiar.

E que por conseqüência acaba por reproduzir o paradigma sócio - religioso sobre
a questão do casamento, da educação da mulher, preponderantes no XIX. E ainda a
diferenciação entre o tratamento ou a conduta exigida à mulher tanto de classe popular
quanto de uma classe mais abastada.

Reportamo-nos ao exemplo de outro rapto que se deu em Sergipe, em 1864, que


ao contrário do rapto de Amélia, uma moça de classe popular, este ocorrera
forçosamente a uma moça de família rica e dona de engenho em Laranjeiras.

Joana Ladislau de Faro Jurema é citada em Vida Patriarcal em Sergipe60. O


autor Orlando Dantas, mostra o documento escrito pelo Padre Filadelfo Jonatas de
Oliveira de relato sobre tal rapto.

A partir dele percebemos que este tipo de Crime era comum nas classes
populares ou não, sendo que a repercussão de um crime assim seria bem maior caso a
família possuísse bens e respaldo social. Como fora neste caso do rapto da Jurema.

60
DANTAS, Orlando Vieira. Vida Patriarcal em Sergipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. Na parte

referente aos documentos Dantas cita o Rapto da Jureminha do Engenho Massapê. O tal rapto ocorrera

pelo fim da tarde, 28 homens armados sob ordens de Braz Maciel invadiram o engenho e levaram Joana

Jurema a força, ao que tudo indica o motivo fora uma briga política entre as famílias. Cerca de 1 mês

depois a vítima foi resgatada, o réu condenado, muito embora, cumpriu muito pouco de sua pena pois

fugira para Paris.

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Embora os recursos desta última fossem bem maiores, percebemos a partir da


leitura documento citado a preocupação familiar, no que concerne as providências
imediatamente tomadas. “Mandar buscar a menina” fosse com tropas interestaduais,
como no caso dos donos de engenho, ou através de uma tia no caso de Amélia.

O status de uma filha moça e de honra resguardada ultrapassava as barreiras


sociais produzindo um controle familiar e patriarcal para além das classes. “Juremas” ou
“Amélias” resguardadas pela lógica social deveriam manter a reputação com bastante
zelo.

3.3. ALGUM OUTRO CASO DE RAPTO

Como participamos casos de raptos não eram totalmente incomuns no que se


refere ao século XIX. Em “Mulheres do Sertão”, in História das Mulheres no Brasil,
Miriam Knox, faz referência à estes casos nos sertões nordestinos.

Há diversos casos no já citado trabalho O Sexo da Norma, Também O Rapto da


Jureminha, e ainda, um caso citado de rapto no sertão do Ceará. A não permissão dos
pais, a fuga à noite, a procura de abrigo em outra cidade, o requerimento da filha pela
família, o envolvimento de diversas testemunhas, os casos que “se contam” sobre o
ocorrido, parecem ter a ordem sucessiva dos fatos bastante recorrentes.

Comumente, o principal motivo é do namoro não consentido, como a família se


opusera à relação entre dois geralmente jovens, o rapto é a solução encontrada. É na
verdade a disponibilidade de quebrar as regras de uma união não consentida.

A família com opinião oposta ao relacionamento aqui representa a opinião do


pai, o chefe da família, a cabeça pensante, que é arbitro das situações que possa
favorecer ou não a estrutura do lar. Este representa o discernimento, entre o que se pode
ou não, seja nas decisões domésticas mais simples a um caso de escolha conjugal, de
um dos membros mais frágeis da família.

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A moça, para a família é quase um objeto de valor, sua pureza é cobiçada, quase
colocada a prêmio, ela em si, reporta o nome da família, e a qualidade de pai que
preserva pelos seus entes. Guarda, protege dos perigos da sociedade.

Ao mesmo tempo, esta moça é desqualificada pela falta de valoração do seu


querer, sem poder de decisão, pois é apenas, filha e mulher, cabe aos seus, que lhe
indiquem qual o rumo que deve tomar, ou melhor, a direção em que lhe direcionarão
rumo ao enlace matrimonial. Não lhe cabe questionar, infringir os conceitos pré -
determinados em sua casa.

Moças raptadas podiam/podem ser moças faladas, mal faladas, muito embora
sejam o símbolo de uma atitude livre, de uma representação de vontade própria. Não
que estas sejam símbolo de liberdade da mulher, no entanto foram ao menos
impulsionadas a uma ação que propõe a emancipação.

Os exemplos de raptos são variadissimos, livros, artigos não é raro encontrar


casos assim sendo que a muitos deles consentidos. São inúmeras as “Marias Amélias”,
principalmente àquelas que acreditaram que os casamentos jamais iriam a se
concretizar, caso não forçassem uma fuga que provocasse falatórios e assim obrigasse a
família a apoiar o casamento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, não poderia deixar de citar a benevolência, por assim dizer, das fontes
judiciais para com o trabalho de historiador (a). Segundo Flamarion e Vainfas61:

“constituem-se numa fonte privilegiada de acesso ao


universo feminino dos segmentos populares, inclusive através
de seus próprios depoimentos” .

Principalmente no que concerne ao trabalhar do com o universo feminino dos


séculos passados, que foi tão silenciado, podado, exíguo. Continua citando que62:

“as dificuldades de penetrar no passado feminino têm


revelado os historiadores alcançarem mão da criatividade, na
busca de pistas que lhe permitiam transpor o silêncio e a
invisibilidade que perdurou por tão longo tempo neste terreno”.

Através deles, os arquivos podem referenciar algumas histórias de mulheres,


mesmo que por demais escassas. Já que, no geral, esse gênero também é eximido das
práticas transgressoras, como mostrou Perrot em um de seus trabalhos como “coisas de
homem.”63

61
FLAMARION, Ciro. & VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia.
Rio de Janeiro: Campos, 1997, p. 295.

62
Ibid, p. 296.

63
PERROT, Michelle. As Mulheres ou Os Silêncios da História. Tradução: Viviane Ribeiro. São Paulo:
Edusc, 2005, p. 34. Ao refereir-se à criminologia como mas referendada no universo masculino.

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“Coisas de homem” referem-se a quase tudo no século XIX, e a todos os séculos


passados que foram substantivados no masculino. Todavia é nos arquivos que podemos
também encontrar uma ponta do iceberg que é o mundo feminino.

Diários, cartas, romances são por onde o historiador está sempre por “caçar” a
apreensão do feminino. Da mesma maneira os arquivos judiciais também oferecem um
manancial de fontes para a história das mulheres.

De qualquer maneira é o que temos, o que podemos fazer é interrogar as fontes


ao máximo para que elas falem; muito embora saibamos que, por vezes as fontes
judiciais também silenciam, o que permite novos questionamentos daquele que escreve
a história.

Como expressou Graham, no livro aqui bem citado: “A justiça tenta ser
conclusiva, a história nunca o é. Os historiadores buscam expandir as fronteiras das
histórias que contam.64”

TRANSCRIÇÃO DO PROCESSO

18-02-1879

64
GRAHAM, Sandra Lauderdale. Caetana Diz Não. Tradução: Pedro Maia Soares. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005, p. 221.

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Juízo municipal

Aracaju

A justiça publica

José Bernardino das Neves

Processo crime

Escrivão

Ezequiel B. Santos

Ano do nascimento

do Nosso Senhor Jesus Crhisto

de mil oito centos e setenta e no

vê, aos vinte dias do (mez) de

fevereiro do dito anno, nesta

cidade de Aracaju, em um

cartório authoriza a petição de

denuncia, e mais documentos

incluindo o inquérito policial

e corpo de delicto adiante juntos

e Ezequiel Baptista Bastos, Es

crivão servindo in(...)

to da actual(...)

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PÁG. 01

O escrivão

o promotor público desta comarca

usando da faculdade que lhe concede

o artigo 73 do código do processo criminal

vem juntamente queixar-se de

Jose Bernardino das Neves, residente

no Porto das Redes, pelo fato delitoso

Que passa a expor:

tendo pretendido José Bernardino das

Neves casar-se com a menor de nome

Maria Amélia de Sant`Anna, filha de

Agostinho Nunes dos Santos, morador

na estrada de santo antonio, e como

o pai da referida menor se opusesse

ao casamento, em virtude da pouca

idade da sua filha venda a que(...)

frustrados os seus planos efetivamente

raptou-a, no dia 2 do corrente mês

às 8 horas da noite pouco mais ou

menos, conduzindo-a para o lugar

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de sua residência, e com promessas

de casamento que de nenhum modo

quis cumprir, violou-a em sua

honra, como fora provado pelo

auto do exame “Junto”. Ora

PÁG. 02

2° parágrafo

como o que(...) em vista de dar

procedimento, se tinha tornado cri-

ninoso, e para que seja ele punido

com penas do artigo 227 do código criminal

vem o promotor publico a presente

queixa, e oferecer para testemunho

Maria Josefa, Maria Archangela,

Anna Batista e Ignes Baptista,

moradores na estrada de Santo Antonio

e Maria Ramos do Nascimento

(...) assuntos formais

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PÁG. 03

Passo as mãos de V.S o esclarecimento das

perguntas feitas a menor Maria Amelia

de Sant’Anna filha de Agostinho Nunes

dos Santos morador nesta capital e mais

papeis relativos ao rapto e desfloramento

da mesma menor afim de que v. s.

proceda como semelhante facto como

determina a lei

são testemunhas dos factos as se

guintes pessoas: Maria Gomes, Maria

Archangela, Anna Baptista, Ignes

Baptista.

Deus Guarde V. S.

Senhor Doutor Promotor Publico

Da Capital.

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PÁG. 04

1879

Secretaria da Policia de

Sergipe

Auto de Perguntas a menor

Maria Amélia de Sant’Anna

servindo de Escrivão V. B.

de Rezende

aos dez dias de fevereiro do Na

no de Nascimento de Nosso Senhor Jesus

Christo de mil oitocentos e setenta e nove

nesta secretaria de policia da pro

vincia de Sergipe Faço autuação do

auto de perguntas feitas a Maria

Amelia de Sant’Anna e da certi

dão passada pelo vigário dest’a

freguesia como adiante a vê

de que para constar lavro o presente

termo.

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eu Virginio Barrosso de Rezende, A

mando dest’a secretaria que o escreveu

PÁG. 05

Aos oito dias do mês de fevereiro do na

no de nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo

de mil oitocentos e setenta e

nove, nesta cidade do Aracaju, na.

secretaria e policia de policia interino

ali presente Maria Amélia de Sant’Anna

comigo anunciante desta secretaria

abaixo nomeado

pelo doutor chefe de policia

foram feitas referida

Maria Amélia as perguntas:

perguntado qual seu nome idade, idade, esta-

do, filiação, naturalidade,profissão?

respondeu, chamar-se Maria Amélia de Sant’Anna,

natural desta cidade de Aracaju

vive em companhia de seus pais

P: se conhece Jose das Neves, que segundo uma

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denuncia tirara a respondente da casa de seus pa

is e conduzira para o Porto das Redes

No dia dois do corrente mês?

R. Ela conhece o seu raptor de nome Jose

Bernardino da Neves de pouco tempo

que ele passara algumas vezes pela

PÁG. 06

Porta da casa de seu pai, mas que nunca

Teve ocasião de conversar com ele.

P. Se recebeu recado de Jose das Neves?

R. em cartas nunca recebeu, mas que

recebia do mesmo por intermédio

de uma vizinha, mandando lhe dizer que

prometia casar-se com ela se porventura

ela se resolvesse a sair

com ele da casa de seus pais, sendo que

esses recados lhe foram dados por muitas vezes

P: como se deu o fato da saída da casa de

seu pai?

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R. em no domingo dois do corrente rece-

beo um recado de Jose das Neves, pela

dita magdalena, dizendo-lhe que ele

estava em casa desta, esperando por ela

respondente para saírem e que

efetivamente segundo companhia de mês

na mulher em cuja casa chegando

encontrou o mesmo Jose das Neves que

imediatamente a conduziu para o Por

to das Redes em um saveiro depositando-

a ali em casa de uma mulher que

e dali seguiu com ela

respondente para a ilha de santo amaro, onde

a depositou em casa de uma mulher de nome maria que vive

amasiada com um individuo de nome

Jose Januário. Disse mais a respondente

que hão no saveiro desta cidade

PÁG. 07

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cidade

Até o Porto das Redes , ela

e seu condutor sós.

P. a que horas teve lugar a saída e

que horas chegaram no porto das redes?

R. em saiu as Ave Maria e passarão

a noite em viagem chegando ao porto das

redes já pela manha, sem companhia de ninguém

P. se ela respondente se achava viola

da e sua honra e por quem?

R. em achava-se violada em sua honra pe-

lo seu raptor dito Jose das Neves, e que este

teve lugar durante a noite quando

viajavam desta cidade para o porto das redes

P. se foi violentada para este fim libi

dinoso?

R. Em isto teve lugar pela sedução e

Promessa de casamento.

disse mais a respondente que atualmente

se acha em companhia de seu pai que a

mandou buscar por uma tia de

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Nome Mathildes.

como nada mais foi perguntado nem

respondido assigna o juramento auto pela

respondente que não sabe ler nem ES

crever o cidadão Antonio de Cassarara

depois de ser lido e achar confor

me; qual vai também assignado pelo

Senhor doutor chefe de policia e Ru

bricado pelo mesmo de que tudo dou

Eu Virginio Barrosso de Rezende, Ass

PÁG. 08

Assigno que escrevi.

(Assinatura)

PÁG. 09

ILM. Sr. dr. Chefe de policia

Agostinho das Neves dos Santos, vindo,

na estrada de S. Antonio, subúrbio

D’esta cidade, vem a respeitável presença

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A V. Sr. queixar-se cintir Jose das Neves

residente no Porto das Redes, pelo

facto criminoso que passa a expor

tendo, alem a outros filhos

uma cujo nome Maria, de idade de 12 na

nos, foi-lhe pedida em casamento

aquelle neves, com o que não conseguiu

o, attenta a pouca idade de sua filha

vendo jose neves frustrados

os seus planos, tratou e effectivamente

raptou a referida menor no dia 2 do

corrente as 8 horas da noite, empregan

do para isto meios seductores, e conduzindo-a

a lugar de sua residencia,onde, cons

ta ao, ainda se achão

e como se ache provado que se

melhante crime fora perpetuado pelo

indicado neves, em vista das circuns.

PÁG. 10

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tanscias que revestem alem de por

voz publica, vem o.apresentar

como testemunha a Belisario S. dos Santos

Jose Elias Serafim de tal, Maria

Magdalena e Maria Archangela, mo

radores na estrada de S. Antonio

jurando o que allega

P.a (símbolo) que receber esta, a

(....) em auto a lias e proceder

mesmo for de lei, independente de

sello, (símbolo) o (......), pessoa mise

ravel, como para o (....) junto,

(....) ordenar appela

ção da menor affin de ser em

tregue .

ASS.

Aracaju, 5 de fevereiro 1897

Agostinho Nunes dos Santos

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PÁG. 11

ILM. Sr. dr. Delegado de policia

Agostinho das Neves dos Santos re

sidente nesta cidade, requer a V.S.

se (afim?) attestar a o e ou

não propor pobre e no estado de

Miserabilidadde

Atesta affirmativamente .

Aracaju, 5 de fevereiro Assinaturas

1897

Agostino Nunes dos Santos.

PÁG. 12

N.43

Província de Sergipe, Secretaria da Policia

Aracaju, 17 de fevereiro 1879.

ILM (Exl)

Em vista da requisição que V. S. dirigiu-me em

data de 13 do corrente procede à exame na me

nor maria amélia de santa anna e remetto a

v.e. o respectivo auto, para fins convinientes

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Deus Guarde a V. E.

Ilm. Ex. Dr. Promotr Publico da Capital

E Chefe de Policia Int.

(Assinatura)

PÁG. 13

Jose Luiz Azevedo Presbítero secular

vigário (colado) desta freguesia de Nossa

Senhora da Conceição de Aracaju, etc.

Certifico que (recebeu) um li

vro sendo de baptismo desta freguesia,

nelle a 126 encontrei o assentamento se

guinte = aos dezoite de março de mil oi

tocentos secenta seis baptisou solone

mente A Maria, por dia, com idade de cinco

meses, filha legitima de Agostinho Nunes

dos Santos e (Angelica da Silva), foi pa

drinho Jose Pinto da Cruz e Anna, Angeli

ca daLapa Pinto, todas nesta Freguesia

para constar mandei fazer este, que assigna,

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O vigário cônego José Alberto de Santos As

sina = nada mais se continha nem decla

rar em dita assentamento o livro, donde

extrahi esta e cias própria me reporto. da

da e passada nesta cidade Aracaju e

Freguesia da Nossoa Senhora da Conceição

do Aracaju aos desde fevereiro de mil

oitocentos e setenta e nove. E ou o vigário

Jose Luis Azevedo, que o escrivão assignou.

Aracajú 10 fevereiro 1897

vigário José Luiz de Azevedo.

PÁG. 14

Ilm. Sr. Dr. Chefe de Policia

como requer, e (nos...) (pe....) a V. S. Dr.

Salustiano José Pereira e João Teles de Nunes,

para o dia da amanha à 11 horas nesta repar

tição. Secretaria da Policia de Sergipe, 3 de fev.

De 1897.

(Ass. José Leandro)

Tendo recebido o oficio de V. S. acompanha

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do o auto de perguntas feitas menos

Maria Amélia de Santa Anna, e mais

papeis relativos do rapto e desfloramento

da menor, além doa interesses

da justiça venho requerer a v.s. para

que se digne mandar proceder a

um exame na referida menor, e

também auto de perguntas do seu

offensor

assim(pois)

PÁG. 15

P.a V. S. deferimento

(Assinatura)E.RM.

Aracaju 13 de fevereiro de 1897

O promotor publico

Gonçalo Vieira de Mello.

Auto do exame

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Aos quatorze dias do mez de

Fevereiro

do anno do nascimento do Nosso Senhor Jesus Crhisto de

mil oitocentos e setenta e novembro nesta cidade de Aracajú, capital

da província de Sergipe, e na

Secretaria de policia, presente o Senhor

Doutor Chefe de policia meritíssimo

Jose Leandro Martins Soares, co

migo ass(arrecusse?) da mesma

repartição, abaixo nomeado e os

quesitos doutores Sallustiano

José Pereira e João Telles de Mene

sés, moradores nesta capital, o Doutor

Chefe de policia defesso aos mês

mos doutores o juramento aos Au

tos evangelhos, de bem e fielmente

desempenharem a sua missão

declarando como verdade o que dês

cobrirem e encontrarem, e o que

em suas conveniências entendessem;

e encarregam-lhes de procederem

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o exame na menor Maria

Amélia de Sant’Anna, e que res

pondessem aos quesitos seguintes:

1° se houve defloramento;2° qual

o meio empregado; 3° se houve co

púla carnal; 4° se houve violên

cia para fim libidinoso; 5° quais

elles sejão; 6° se o desfloramento

PÁG. 16

é recente ou se apronte atrasada; 7° se é possível

determinar a (pacho?) atrasada digo a (pancha)

de desfloramento ao (....) aproximadamnete; 8°

finalmente qual o valor do da

no cauzado: em conseqüência

passarem os mesmos peritos

(médicos) a fazer exames e

investigação, concluin

do as quais declaram a se

guinte. ter-lhes apresenta

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do a menos Maria Amélia

de Sant’ Anna, acima referida

a qual (......) tivesse a quator

zé annos de idade, de constituição

forte, estatura regular , de conformidade com a idade; e que pro

sendo a examinar as partes per

(guntadas) encontram o púbis pou

co cabusto, a nubra um pouco

tuni(....) feita, os pequenos lábios

pouco de escoriações

ao lado do orifício vaginal,

carniculos multiformes, demos

trando ser resto de membranas

hymem, que se acham solta, vê

rificando não só pela vista, co

mo também pela introdução

do dedo: encontraram mais ec

chy.....em(....) do meto

orinario e siso(...)idadde nas pa

redes da vagina

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PÁG. 17

e portanto supor deram ao 1°

quezito que houve desfloramento;

ao 2° que o meio empregado foi

o penis; ao 3°, affirmativamen

te; 4°negativamente; ao 5° que foi prejudicado pelo 4°;

ao 6° que o desfloramento é recen

te; ao 7° que é calculado de dês

o quinze dias, aproximadamente, que o valor é incauculavel.

e são estas declarações

que tem a fazer em suas cons

ciências e debaixo de juramento

prestado. e por nada

mais haver, deo-se por findo

o exame e de tudo se

lavrando o presente auto, que

por mim escripto, e rubricado pelo Senhor Doutor che

fe de policia, assignado pelos mês

mos peritos e testemunhas, comigo, conta

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Jose de Maria

Anunciase que escrevi e dou fé.

(Assinaturas)

PÁG. 18

Junta

Aos vinte quatro do mês de

Fevereiro de mil e cento e seten

Ta e nove, nesta cidade de

Aracaju, em um cartório junto

A este (mês?) o mandado au

To a certidão ao(...)mesmo

Eu Ezequiel Baptista Bastos

(Assinaturas)

PÁG. 19

Mandado notificar

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Para as testemunhas a

Maria Josefa, Maria

Archangela, Anna Ba

Tista, Innes Baptista

Maria Ramos do Nasci

Mento, como abaixo de

O Doutor Promotor, Mauricio Lo

Bo, juiz municipal, nesta cidade

Do Aracajú e seu termo, em forma

Da lei.

Mando a quais

quer official de justiça, a quem

este for apresentado, indo por

mim rubricado por seu cumpri

mento a este officio notifiquem as

testemunhas acima mencionadas

para que possam no dia 24

do corrente ao meio dia na casa

da câmara, acerca do processo

que instaura contra Jose Ber

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nardino das Neves pelo crime de

rapto da menor Maria Amélia de

Sant’Anna, sob passo da lei

cujo cumpro, Aracaju 20 de

Fevereiro de 1879, Eu Ezequiel Bap

tista Bastos. (Assinatura)

PÁG. 20

Certifico que notifiquei as testemunhas

Archangela Maria, Maria Jose

E Maria Ramos, deixando de notificar

as demais por não serem encontradas

e nem tão pouco tive noticia

De Inges Baptista por não he co

nhecido o lugar: a referida

verdade e dou fé aracajú

24 de fevereiro de 1879.

official de justiça

(Assinaturas)

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Dou fé ter notificado ao Pro

motor público gonçalo vieira

de mello para fazer jurar teste

munhas dia 24 do corrente

processo ao meio dia na

casa da câmara, certifico

e dou fé, Aracaju 22 de feve.

De 1879.

Ezequiel Baptista Bastos

PÁG. 21

Ajuntar

Aos vinte e quatro dias do mez

de fevereiro de mil oito centos

e setenta e nove, nesta cidade

de Aracajú na casa

Câmara municipal, onde

Mais o Doutor Juiz municipal

Rosendo Mauricio Lobo, com

sigo o escrivão de seu cargo ao

cumprimento de preparatório

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e presente Doutor Pro

motor publico Gonçalo Vieira de

mello, as testemunhas aos quais

já foram juramentadas e de

pois inquiridas na forma da

lei. Dos quais no constar faço

este termo eu Ezequiel Bap

tista Bastos, (ASS).

1° testemunha

Maria Archangela dos Anjos,

Solteira, com idade de trin

ta e oito anos, natural dês

ta cidade onde mora virão

suas testemunhas juradas aos Santos Evan

gelhos na forma de (....)pro

meteo dizer a verdade de que

souber quando for pergun

tada idos costumes nada

(dizer?). Em seguida acerca da

queixa que estando em casa

do pai da offendida disse lhe

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PÁG. 22

PÁG. 23

Sob as formas da lei, as quais

Certifico e dou fé: Aracaju

24 de fevereiro de 1879.

Ezequiel Baptista Bastos

2° Testemunha

Maria José da Purificação

solteira, maior de trinta na

nos, natural deste cidade

onde mora, virão sua agen

cias?) testemunha juradas aos

santos evangelhos na forma

de estilo prometeo dizer a verdade

quando for pergun

tada idos costumes nada (disse?)

em seguida acerca da denun

cia ou quiser que lhe foi

lida e declarada. disse que

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soube de suas vizinhas que

a menor, Maria Amélia

de San’Anna tinha sido

raptada (ouvi) –lhe de Maria

magdalena que tinha

sido o raptor Jose Bernar

dino das Neves, residente

no Porto das Redes, que este

facto se dera na noite de

um dos dias desta semana

e raptor conduziu a me

nor para a Villa de de Santo Ama

ro d’onde fora conduzido

aqui por sua tia

PÁG.24

Disse mais que tem ouvido

que a referida Maria Ame

lia fora offendida pelo seu rap

tor. Em (...) se isso não lhe

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for perguntado e lido no

juramento se achar em forma

com o que houver dito

na câmara publica que(...)

são ou san/tas por não saber(...)

(escrever?) a tantas( ...)o Doutor

Promotor Publico (...)

Ezequiel Baptista Bastos

Escrivão.

(Assinaturas)

Certifico que (...)a

Testemunha supra para que ca

so tenha de mandasse de sua

actualizasse L(... )no para

(...) anno, a contar desta data,

Fazer uma a esta queixa

O lugar de dia (...)

denuncia, (...)da lei

Certifico e dou fé: Aracaju

24 de fevereiro de 1879.

Ezequiel Baptista Bastos

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3° testemunha

Maria Ramos do nasci

mento, solteira com idade

de cincuenta annos, na

PÀG. 25

Natural desta freguesia aqui

virão, as suas Testemunhas juradas

aos Santos evangelhos na forma

prometeo dizer a verdade

quando for perguntada

idos costumes nada em

seguida acerca da denun

cia ou quiser que lhe foi

lida e declarada. Disse

que soube que a menor MariaAmélia,

tinha de Agostinho Nunes dos Santos,

Foi raptada por Jose Ber

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Nardino das Neves, uma

(...)Porto das Redes,

E que este o conduziu para

Santo Antonio, donde voltava com

Sua tia que a fora

Buscar, e de presente s’acha

Depusitado em A casa do dele

gado de policia, (...)

que tem acusado??dizer que

acha-se offendida da

(...) quiser (...) (...)

(...) se acha por juramen

tado hido seu julgamen

to conforme assi

nga por sua mão por não saber ler

(...) a (...)

(...) Herculano Pereira da S

por o Doutor Promotor

público. Eu EZequiel Ba

ptista Bastos. Secretario(...)

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PÀG. 26

ILM. SR.

Gonçalo Vieira de Mello

Certifico que até (...)

Testemunha para que com

Tinha de um mandado de sua ac

tual residência a participar

a este, juízo o lugar onde tem

a residir sob as penas da

lei foram feitas e dou fé

Aracaju, 24 de fevereiro de 1879.

Assinatura

Elego

faço conclusos ao Dou

tor Juiz municipal. Eu este

Escrivão a escrevi.

Assinatura

Designo o dia 3 do mez, vindouro, ao

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meio dia, na casa de minha re

sidencia para inquirição das tes

temunhas que faltam depor, intimad

as, mesmo ao Promotor público

Aracaju, 27 de fev. de 1879.

ASS.

No mesmo o dia assigna pelo juiz

me foi dado cito autos como

seu despacho supra lei dato

escrivão escrevi???

passo hoje assinado

notificado.

PÀG. 27

Ao oficial Estevão

Antonio dos Santos, Aracajú

27 de fevereiro de 1879.

Certifico que notifiquei as testemunhas

Ao Doutor Promotor para inqui

Rição dia 3 (......)

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(....) a casa da (.....) do juiz

ao seu dia. Acima certifico e

dou fé. Aracajú 27

de fevereiro de 1879.

(ASS)

PÀG. 28

Juntada

Aos treze dias do mês de fevereiro

de mil oito centos de setenta e no

vê nesta cidade de aracaju, no

cartório jurado a estes

autos o mandado de que segui

sse. Ezequiel Baptista Bastos

PÀG. 29

Manda notificar as

Testemunhas Anna Batista

E Ignez Batista, como

Abaixo de declara.

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O Dr. Rozensdo Mauricio Lobo, Juiz

municipal nesta cidade do araçá

ju, e seu termo de ilm. sr....siglas

mando a quais quer

oficial de justiça a quem este for pre-

sente, indo por mim rubricado em

seu cumprimento notifiquem as

testemunhas a cima, para comparese-

em, pelas 12 horas do dia 2 do mês vin-

douro, em casa da residência do mesmo

juiz, a fim de dispor do processo cri-

me, contra o seu jose bernardino das

neves, pelo rapto por este feito na me

nor Maria Amélia de S’tAnna.

sob pena da lei aqui cumprão.sigla

e passado nesta cidade do Aracajú, aos

27 de fevereiro de 1879. Eu Ezequiel Bap-

tista Bastos. Escrivão nesta

Assinatura

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PÀG. 30

Certifico que em virtude do manda-

Do, supra não encontrei a testemunha

anna baptista por residir fora do ter

mo e nem ignez baptista por não,

ser conhecida no lugar, e dou fé.

Aracajú 28 de fevereiro de 1879.

Assinatura

Aos treze dias do mez de Março

de mil oitocentos e setenta e no

vê, nesta cidade de Ara

caju, em cujo cartório faço

estes atos conclusos, ao Doutor

Rozendo Mauricio Lobo, Juiz.

Municipal. Eu Ezequiel Baptista

Bastos. Escrivão neste.

Vê se vista promotor público

Aracaju, 3 de Março de 1879.

Assinatura

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PÀG. 31

Neste

Neste oficio data(...)

(...) Promotor pu

Blico. Eu Ezequiel Baptista

Bastos. Escrivão (...)

Nesta.

Em lugar das testemunhas Anna

Batista e Ignez Baptista que não

que não foram encontradas, uma por não

ser encontrada, no lugar como

não se da conta ao oficial de

justiça, a..............indiciou?)

Belizário Jose dos Santos e Serafim

de tal, moradores da estrada de

Santo Antonio.

Aracaju, 4 de Março de 1879.

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O promotor público

Gonçalo Vieira de Mello.

Data.

Elego pelo juiz me foi entre

Gue estes autos com suas su...pra

Cho depor.

(...) Doutor promotor

Público(...)

Nesta(...)

Eu Ezequiel Batistas Bastos,

Escrivão nesta.

Aos vinte dias do mez de Ma

Rço de mil oitocentos e setenta

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PÀG. 32

Setenta e nove annos, nesta ci

Dade de Aracajú, em cujo cartório faço

Estes atos conclusos, ao Doutor

Rozendo Mauricio Lobo, Juiz.

Municipal. Eu Ezequiel Baptista

Bastos. Escrivão neste.

Digno ao dia 7. do corrente. Ao meio

Dia na casa da minha residência

Faça inquisição das testemunhas

A mando do Doutor promotor

Público. Aracajú 5 de março de 1879.

Data

No mesmo dia acima(...)

Do(...)juiz(...)faço(...)tragam

Ta ainda com (...) de su-

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Pra. Eu Ezequiel Baptista Bastos

Escrivão Nesta.

Juntada

Aos sete dias do mez de março.

De mil oitocentos e setenta e

Nove, nesta cidade do Ara

Caju, em ((...)...)

To a este auto mandado

Que ei antes seguido com

cettivo as pré ...eu Ezequiel

Batista bastos, escrivão

Nesta.

PÀG. 33

Mando notificar as

Testemunhas, Belizário

José dos Santos, e Serafim

De Tal, como abaixo se decla

ra.

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O Doutor Rozendo Mauricio

Lobo, nesta cida

de Aracaju, e seu termo por

siglas.

Mando a quais quer

Oficial de justiça a quem este for

presente, indo por mim rubricada

em seu cumprimento dirigir-se-á

estrada de Santo Antonio, e Ahi

notifiquem as testemunhas a ci

ma, para comparecerem no dia

7 do corr e ao meio dia, em casa

Da minha residência, a fim de de-

Porem no processo crime contra o

reo josé Bernardino das Neves, pe

lo rapto feito por este, na menor Ma-

ria Amélia d Sant’Anna, sob pena

da lei= o que cumprão. D

Passado nesta cidade do Ara

caju aos 5 dias do mez de março

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De 1879. Eu Ezequiel Baptista Bastos

Escrivão nesta.

Assinatura

Certifico que foi na estrada de (facto?)

Tório e la encontrei a testemunha

Serafim de tal, deixando de encontara a tes

Testemunha Belizário José dos Santos por este

(...)veste a (...) assina José Jannes

PÀG. 34

Pinto como de uma (...)

A referida verdade e dou fé trago.

6 de Março de 1879.

(ASS).

PÀG. 35

92

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Aos sete dias do mez de Março

de mil oitocentos e setenta

enove, nesta cidade de Ara

caju. Em cujo cartório faço

estes atos conclusos, ao Doutor

Rozendo Mauricio Lobo, Juiz.

Municipal. Eu Ezequiel Baptista

Bastos. Escrivão neste.

Em vista da informação (digo certidão?)

a fé, de para mandado para mim

debaixo d (...)a testemunha Serafim

de tal, notifica-se a testemunha

Belizário Jose dos Santos, para de

porem no dia 12 do corrent ao meio dia

no caso da câmara municipal,

suscita o Dr. Promotor público.

Aracajú, 8 de Março de 1879.

(Assinatura).

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Data

Elego pelo juiz me foi entre

gue estes autos com suas su...pra

cho depor. Eu Ezequiel Bap

tista Bastos. Escrivão no cumpri

mento de (...) (...)

Possui mandado

e dei ao oficial Esteve hoje.

10 de Março de 1879.

Assinatura

PÀG. 36

Juntada

Aos doze dias do mez de Março.

de mil oitocentos e se

tenta e nove, anos nesta

cidade do Aracaju, em

no Cartório, juntada

a estes autos mandado

ao d’antes pronto.Eu Ezequiel

Batista bastos, escrivão

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Nesta.

PÀG. 37

Mandado de notificação à

testemunha Belizário

José dos Santos, de trago de

Baixo do (...) testemunha

Serafim de Tal, como abaixo

Declara.

O Doutor Rozendo Mauricio

Lobo, juiz municipal nesta cida

de Aracajú e seo termo por

Siglas.

Mando a qualquer

Oficial de justiça a quem este for

presente, indo por mim rubricado

em seo, cumprimento notifico

a testemunha Belizário Jose dos

Santos para depor no dia 12

Do correte ao meio dia, na casa da mi

nhá residência, e intimo a tes

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temunha Lourenço de tal para cu

continente vir à minha pré

sença, já que não o fez, apesar de

ser intimado anteriormente a,

fim de depor no processo

instaurado, contra Jose Bernardi

no Santos, digo José Bernardi

no das Neves, e caso não faça

o referedo official o traga debaixo

de voga na forma da lei. Of. Em

Aracajú, 8 de março de 1897. Eu

Ezequiel Baptista Bastos. Escrivão

(...)

Assinatura

PÀG. 38

Certifico que em cumprimento do manda

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Do fui ao lugar (...)de

Santos?) de (...), e em casa das testemunhas

de facta o mesmo manda

do, não encontrando nenhuma delas,

por serem (amigas?) vida é ao

foram? o referido

Certifico e dou fé, Aracajú 12 de

Março de 1879.

(ASS).

PÀG. 39

Aos quatorze dias do mês de

março de mil oito

centos e setenta e nove

nesta cidade de Ara

Caju em cujo cartório faço

estes atos conclusos, ao Doutor

Rozendo Mauricio Lobo, Juiz.

Municipal. Eu Ezequiel Baptista

Bastos. Escrivão neste.

Assinatura

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Dê-se nesta o Doutor promotor

público. 14 de Março

de 1879.

Assinatura

Aos vinte dias do mês de

Março, nesta cidade de

Aracaju, no seu cartório

O juiz municipal Rozendo Mau

ricio lobo, em foi A(...)

(...) antes ou(...)depo

Is eu Ezequiel Bap

tista Bastos. Escrivão

Nesta.

Aos vinte e quatro dias do mês

e Março, num cartó

rio, faço antes votos(...)

O doutor promotor públi

co. Eu Ezequiel Baptista Bastos.

Escrivão nesta.

Assinatura

PÀG. 40

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Em substituição a testemunha

Belizário Jose dos Santos que

Que não foi encontrado, descrê

vê-se da certidão(...)

(...) oficial da (...)

(...) José Elias, mo

rador da estrada de S. Antonio

Quanto a testemunha

Serafim de tal, insisto

Pela notificação della.

Aracaju 24 de Março

De 1879.

O promotor

Gonçalo de Melo Vieira

Data.

Elego pelo Doutor Promotor

me foi entre

gue estes autos com seus suposto

supra? Eu Ezequiel Bap

tista Bastos. Escrivão.

Assinatura

99

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Aos vinte dias do mez

de março de mil

oitocentos e setenta e

nove, em um cartório

faço saber estes autos conclusos

ao doutor juiz munici

pal. Em cujo(...)

Assinatura

Em vista do suposto do Dr.

Promotor público designa o dia 2

do mês vindouro, na casa da câmara

PÀG. 41

Municipal, a 1 hora da tarde, pare ter

lugar, o inquérito das testemunhas intimadas,

a(vitima?) e o promotor publico, deseja

e mandado para mi debaixo a mão as tes

temunhas sempre por não ter aparecido

uas inderteminada. Aracaju 27 de março

De 1897.

Assinatura

100

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Aos vinte e sete dia do mez

de março acima

jugo doutor juia munici

pal além fora multa?) que es

tes autos com seos dês

pachos supra. Eu Ezequiel Bap

tista Bastos. Escrivão....

Assinatura

Informação

Informo a V.S. que foi entregue

O respectivo mandado motife?motivo?

cartório com achansela de

vim debaixo de (...) outra tes

temunha ao official de justi

ça, Estevão Antonio dos San

tos, isso no dia 28 de Março

até a presente não se colheu

o officio mando como são

assim as delegacias fartas?) em

vista do que V.S

(linha ilegível)

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PÀG. 42

Justas.

Aracajú, 2 de abril de 1879.

Assinatura

No mesmo dia do anno acima

Faço estes autos Com....S

Tos Rozendo Mauricio Lobo. Juiz

Municipal. Eu Ezequiel Baptis

Ta Bastos. Escrivão......

Assinatura

Em vista da informação designa

Dia 24 do corrente para ter lugar

O inquérito das testemunhas intima

Das as mesmas e o promotor publico.

A inquirição terá lugar ao meio dia

Na casa da minha residência.

Algum official de justiça, Estevão

Antonio dos Santos que seja mais

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disinto no cumprimento de suas or

dens sob pena de irresponsabilidade,

Aracaju 5 de Abril de 1879.

elego pelo juiz me for dado estes

autos cujo seo despacho supra.

em dito escrivão (ASS)

PÀG. 43

Mandado de notificação a

testemunha Jose Elias,

de trago debaixo do v....a testemunha

Serafim de Tal, como abaixo

Declara.

O Doutor Rozendo Mauricio

Lobo, juiz municipal nesta cida

De de Aracajú e seo termo por

Siglas.

Mando a qualquer

Oficial de justiça a quem este for

presente, indo por mim rubricado

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em seo, cumprimento notifico

a testemunha José

Elias, para depor a 1 hora da tar

De do dia 2 de abril na casa

da câmara, e as testemunha serafim

de tal, para anteriormente a

minha presença, já que não o for

apurado de intimado anterior

mente afim de por no

pro (...) intimado contra o

seo Jose Bernardino dos Santos

digo das Neves, e caso não faça

cumprir o official traga debaixo

(da forma da lei?), se cumpra

Aracaju, 28 de março de

1879. eu ezequiel Bapti

Ta Bastos. Escrivão...

Assinatura

PÀG. 44

104

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Certifico que notifiquei também

Acima nomeados na,,,,do dia

O mandado que não foi encontrado

para no dia marcado aos ter

Zé dias que pó...e foram

juntadas aos escrivão para tomar

É que o ...e dou fé.

Aracaju 14 de Abril de 1879.

Assinatura

PÀG. 45

Juntada

Aos dezesseis dis do mez de agosto de mil

oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em cartório junta estes

autos a junta (...) compareceo

entregue pelo doutor promotor publico

Gonçalo vieira de Mello por ter sido

entregue este processo pelo escrivão

companheiro. Em que (...) lavro este

eu Luiz Gonçalves Nunes?) de França

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Escrivão que(...)

PÀG. 46

ILM. SR. DR. Juiz Municipal

Como requer 9 de julho de 1879

Assinatura

O promotor publico desta comarca

a bem entraves públicos, requer

a V.S se digne ordenar ao escrivão

Severiano Alexandrino da Silveira, que

se acha em juízo de sua função

que entregue ao escrivão Pereira

França, seu substituto legal, a

o processo crime que tem em seu

poder, instaurado contra Jose

Bernardino das Neves, para que

tenha devido andamento.

P. V.S deferimento.

Assinatura

106

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Aracaju 29 de julho de 1879.

O promotor publico.

Gonçalo Vieira de Mello.

PÀG. 47

Aos ...dia do me de agosto de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de

Aracajú, tendo em vista

estes autos ao promotor Gonçalo Vieira de

Mello, promotor publico da comarca que

(...) Eu Luiz Gonçalo

Pereira de França que pelo com

Panheiro.

Assinatura

Requeiro que(...)

(...) as duas testemunhas que faltão

depois presente procuro José

Elias e Serafim de tal(...)

(...) para o meio dia(...)

Aracaju 18 de agosto de

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1879.

O promotor publico

Gonçalo Vieira de Mello.

Data.

Aos vinte e oito dias do me de agosto de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de A

racajú, em cartório por parte do Doutor Pro

motor publico em que for entregue

.suportecorrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Conclusão

Aos dezoito dias do mês de agosto de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade do

PÀG. 48

Cidade do Aracaju, em seu cartório faço

estes autos conclusos apreciou.....

te o juiz mudicipal cidadão Francis

co José Martins Pereira.

Eu Luiz Gonçalves Pereira

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França. Escrivão

Assinatura

Passe de um mandado para intimado

A testemunha, José Elias, Serafim de Tal

Afim de no dia 22 de

As onze horas da manha na casa

da câmara. Intimação do Promotor público.

Aracaju 18 de agosto de 1879.

Data.

Aos vinte e oito dias do me de agosto de mil

Oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de A

racajú, em cartório por parte do Doutor Pro

motor publico em que for entregue

suporte corrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Juntada

Aos vinte e oito dias do mez de agosto de mil

Oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em um cartório junta estes

109

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Junta este processo mandado

Em que (...) Eu Luiz

Gonçalves Pereira de França. Escrivão

PÀG. 49

Mando este oficio(...)

as testemunhas abaixo

denominadas.

O cidadão

Fabrício José Martins Pereira juiz

Municipal de Aracaju

Mando à

Oficial de justiça que

Apresenta por mim

promotor publico para

Cumprimento (...) estrada do

Santo Antonio (...)fizeram as

Testemunhas, José Elias, Serafim de

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Tal para comparecerem dia 23

Do corrente pela manha

na câmara municipal afim de depor

No processo crime contra José

Bernardino pelo

Rapto da menor Maria Amélia

De Sant’anna sob pena da lei

se cumpra. Aracaju 19 de agosto

de1879. Eu Luiz Gonçalves Pereira

de França. Escrivão

Assinatura

PÀG. 50

Certifico que em cumprimento

Ao mando (...) entremeei nesta

cidade a testemunha José Elias em

sua própria pessoa a qual ficam

sciente deixando de intimar a

Serafim de tal, por não encontra lo

o referido é verdade e dou fé. Aracaju

22 de agosto de 1879.

111

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Assinatura

ILM. Juiz Municipal.

Cumpro este tal lugar a diligencia

(...) de (...) por não

Ter encontrado as testemunhas

A outra não compareceu por não

Conta da certidão que requer do official

A justiça...levou a convalecimento

V.S que deliberou o que for descrito

Aracaju 22 de Agosto de 1879.

(ASS)

Conclusão

Aos vinte dias do mês de agosto

De mi setecentos e noventa nesta

Cidade do Aracaju, em meu cartório

Faz estes autos conclusos ao juiz

Municipal (...) Francisco Jose Martins

(ASS)

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PÀG. 51

O que contar lavro este termo.

Luiz Gonçalo Pereira França. Escrivão

Passe de um mandado para intimado

Para que notifique as testemunhas no dia 29

Do corrente As onze horas da manha na casa

Da câmara. Intimação do Promotor público.

Aracaju 25 de agosto de 1879.

Data

Aos vinte e cinco dias do me de agosto de mil

Oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de A

Racajú, em cartório por parte do Doutor Pro

motor publico em que for entregue

suporte corrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Certifico (...)

Que em própria(...)intimação

despacho, que o Doutor Promotor

público Gonçalo Vieira de Mello

113

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a elle ficou........Aracaju

26 de agosto de 1879.

Assinatura

PÀG. 52

Juntada

Aos vinte e oito de agosto de mim oito

Centos e setenta e nove nesta cidade de

Aracaju, em um cartório junta estes na

Tecendentes, o seguinte mandado à

Cumprir. Espera constar Eu Luiz

Gonçalves Pereira de França.

escrivão

PÀG. 53

Certifico que em cumprimento ao

Mandado retro foi a estada de Santo

Antonio e li encontrei as teste

munhas José Elias e a Serafim de Tal

Agora a ficarão

Do que dou fé Aracaju 28 de

114

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Agosto de 1879.

Assinatura

Aos vinte e nove dias do mês de agosto

De mil oitocentos e setenta e nove, nesta cidade

De Aracaju na casa da câmara municipal

juiz municipal principio com

pleta em pleno exercício. Francisco José

Martins Pereira em cujo escrivão de

De cargo não impede de (...) de (...)

o Doutor Gonçalo Vieira de

Mello Promotor Público da comarca

testemunhas as quais forem ajura

mentadas depois de argüidas na for

ma da lei, como adianta recolhendo

As (...) as sua(...) .todos

Para não (...) (...)como

Outra de que(...) lhe contar(...)

(...) certificoEu Luiz Gonçalves

Pereira de França. Escrivão

PÀG. 54

115

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Serafim Castro dos Santos, com quarenta

Annos de idade, natural da cidade de

Laranjeiras, vive do mar, testemunha já

Casdos/aos Santos Pereira?) e cha(...) livre

delles, paramão direito, prometto

dizer a verdade de que proceder, lhe for pergun

tado (...) ciado. Eu(...) (...)

abre a denuncia de folhas depor

Que (...) pois do facto, que(...)

Testemunhas já que (...) a tudo ou viu

Parte se encontrara com aquellas Jo

Se Bernardino das Neves que estava conversar

Com Belizário de Tal, próximo, chegaram as

Testemunhas, perguntados a respeito

de que conversaram, e que o dito Belizario

lhe ouviu ser a respeito da menina do Jose

Agostinho, e que o

mesmo queria ella lhe ouvir ter sido elle

que a havia tirado da casa do pai e

perguntado elle testemunha o que

fazia elle, que ella de se (...) mão, elle

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elle respondeu que não casava por ter

cido como receber de sua o que disse

Belizário, que, elle devia, que se casasse

Ou, não deverião (...) cassasse; outros

disse, que aquelle se lhe ouviu que

elle a tinha tirado e levado com sua canoa

para santo amaro.em.....disse?) e pediu

a palavra o doutor promotor

publico, estes foram as perguntas inci

antes. Perguntado (...)

Assinatura

PÀG. 55

Maria Amélia quando estava em casa de

seu Pai, vivia honestamente ou lhe apron

tava? Com validade em sua honra? Cor

respondeu que sempre ouviu falar que ella

estava digo ella vivia honestamente

nunca ouviu falar de sua honra. pergun

tado o que ella tem por costume

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a pratica destes fatos? respoondeu que

a conhece a pouco tempo e não sabe se

é costume obrar assim. Perguntado

qual foi para que trocou aquella do

(...) da casa do pai. Respondeu que

não sabe que ele a raptou por

procurado (...) Em (...)

e lhe foi perguntado, pelo que se houve

o juiz profundo este depoimento em que

vieram com Agostinho Jose .

que (...) testemunho, assignou que

declara ella não saber ler nem escrever.

Como doutor promotor depois de lido

Fez Luiz Gonçalves Pereira de França.

Escrivão

Assinatura

certifico eu escrivão abaixo assginado

que interrogou a testemunha que

declara para que caso tenha de um

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dar de seo actual residência dentro do

prazo de um anno a contar desta

data comunique a este juiz de

baixo das penas da lei, de que ficou

certifico, e dou fé Aracaju

29 de Agosto de 1879.

PÀG. 56

5° Testemunho

Jose Elias dos Santos (...) onde

, idade solteiro, natural desta cidade

(...)de oficial de (...) testemunha

Jurada aos Santos Evangelhos(...)

depor a sua(...) prometteu

dizer a verdade de que proceder, lhe for

perguntado. Eras costume disse era E

(...)inquirido sobre a denuncia disse

Lhes, duas disse, juntando em sua casa

Pelas sete? horas de noite viu passar aquellas

Em direção a casa de seu pai delle

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Que viu quando a (...) saio pelo

Quintal correndo por dentro dos mattos

E que ouvindo o choro em casa do ai de

(...) que ahi souberam que o motivo

(...) sahido a (...) da casa, e que nada

mais vira. porque ouvia disser que ele

sahira com o que aquella do. e diser

e dou a palavra ao doutor promotor

publico estes foram as perguntas (...)

perguntado se sabe afim de quesahio a

menina da casa do pai? respondeo que

sabe que ela sahio da casa do pai o que ella do(...)

da (...) prometteo casar-se com ella?

respondeu que se não sabe. perguntado

se sabe se a menina voltou para casa de

seo pai? respondeo que não voltou

para casa do pai porque quis saber

de casa a quarta?) e dahi em

PÀG. 57

120

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E ahí em diante vive como mulher publica

e mais não disse, e lhe foi perguntado

pelo juiz que houve se referido este depoi

mento em que se assignou com a teste

munha e por declarar a mesma que não sabe

ler nem escrever, assignou

Agostinho José Rodrigues com o Doutor

Promotor depois de lido dpor forma das leis.

Luis Gonçalo Pereira França.

Escrivão

Assinatura

Assinatura

Certifico eu escrivão abaixo assginado

que interrogou a testemunha que

declara para que caso tenha de um

dar de seo atctual residência dentro do

prazo de um anno a contar desta

data comunique a este juiz de

baixo das penas da lei, de que ficou

Certifico, e dou fé Aracaju

29 de Agosto de 1879.

121

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Assinatura

Conclusão

Aos dois dias de setembro do anno

supra fiz estes autos(...)

ao juiz municipal primeiro

supplentte em exercício fran

cisco jose martins pessoa

deferido este termo

PÀG. 58

Eu Jose Manoel Machado

Do Araújo intimo(...)

Data

Elego pelo Juiz municipal

Em exercício que me foi em

tregues estes autos com o despacho

supra. E fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

Assinatura

V. S. a vista

Aos treze dias do mês de setembro do anno

supra fez estes autos com

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vistas ao visitar o promotor

publico da comarca. Gonçalo

Vieira de Mello. E fez

Este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

(Assinatura)

PÀG. 59

Em vista das pennas dos autos

Sugiro a promuncia de

Seu José Bernardino das Neves

Como inciso do art. 227.

do artigo criminal.

Aracaju 5 de setembro de

1879.

O promotor público

Gonçalo Vieira de Mello.

Elego o doutor promotor publi

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co que me foi emtregues estes autos com

o despacho supra. E fez este

termo: José Maonel Machado

de Araújo, escrivão (...)

Assinatura

Aos dois dias de setembro do anno

supra fiz estes autos

ao juiz municipal primeiro

supplentte em exercício Fran

cisco Jose Martins Pessoa

deferido este termo

Confrontando-se este processo com a legis

Lação que o deve regular verifica-se

Que o mesmo processo apresenta

Seguintes irregularidades:

“ Falta da rubrica da autoridade de que

Procedeo ao anno de 112?)

2° (...) ficado averiguar as seguintes peças

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PÀG. 60

Que alias devião ser incorporadas ao pro

cesso do inquérito porque devião ao

as partes integrantes dele: as queixa do

17 apresentado pelo pai da referida

o alto(...)de 18 de juizes abeli

dades, e parte do corpo de delicto do

112, que não foram como deviao ano

tadas, mas foram de simplesmente cober

tas pelo oficio de(...)

3° Não ter feito autuação de testes as

Peças do requisito, mas a deficiente

Auto cão de 14, que somente emcorpo

Porou e cobriu o auto de perguntas do

15 e a certidão da idade da referida da

De 11°

4° falta de inquirição de testemunhas que

Soubessem ou tivesse ocasião de saber

Do facto.

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5°Falta de investigação e diligencia pa

ra descobrimento de cumplicar do reo

investigação e diligigencia que se tive

ssem mais razoáveis e essenciais não

presunção do auto de perguntas afim

na qual a referida indica uma

pessoa que atendeu a cumplicidade

No crime.

6° Falta de despacho de apresentação

dos esclarecimentos obtidos referido

pelas autoridades que processaram o in

querito com a indicação das testemu

nhás mas colocadas a ordem da semana

do inquérito ao promotor publico que a

instituiu?) ao juiz municipal.

PÀG. 61

Officio de 13 não preencheu..................

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Porque nele não se guardou a forma

Prescrita na lei.

7° Falta do mesmo inquérito ao juiz

municipal, para enviar ao promotor

publicodepois de ter tornado compare

cimento, e verficou se ressaltaram delle

indícios de crime inafiançável e a com

veniencia da prisão previa do in

ciado.o officio 13 e 19 não satisfizerão

as exigências na forma da lei.porque

cobrirão sinceros feitos directamente

ao promotor publico que alias devião

sujeitarao juiz munici

pal que assim foi privado de

contribuições relativas ao conhecimen

to Que lhe compatia tomar do inque

rito.

8° Falta do despacho por parte do juiz muni

cipal tomando conhecimento do inquérito

ordenando a transmissão dele ao Promotor

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Público.

9°referenciado da petição inicial de 12

que apresentou-se desacompanhada

do inquérito, isto é acompa

nhada de um inquérito deficiente

e nullo, e acoitação de tal queixa não

despida dos inquéritos legais como um

facção dos requisitos legais como in

fração determinante da prohibição do asst.

50 do reg.n°4824 de 22 de abril de

1871.

Considerando tais irregularidades

PÀG. 62

Importão (...).que (...)

deveo seu(...) antes que (...)

zão seja submetido a julgamento

final.

Considerando que atribhuição de

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sanar as sensibilidades conferidas ao juiz

de direito pela lei de 3 de abril de

1841, e respectivo regulamento não lhe

de dispor também caber ao juiz

municipal dos autos do processo

da formação da culpa principalmen

dade de razão interesse social.

por taes fundamentos e por sanar

as debilidades apontadas ordeno ao es

crivão que faç estes autos como tra

ta. ao doutor promotor publico para

que este funcionário (...)

desentranhamento das peças do in

querito e com eles habilitam para

requerer a autoridade policial o

que for preciso no intuito de organi

zar um inquérito(...) do

das irregularidades; como o inquerito

legal para remediar as debilidades referidas.

Aracaju 11 de setembro de 1879.

(ASS).

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Elego pelo Juiz municipal

Em exercício que me foi em

Tregues estes autos com o despacho

Supra. E fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

Assinatura

PÀG. 63

Mandado do (...) em este termo

no mesmo dia fiz estes au

tos com vista ao doutor pro

motor publico gonçalo vieira

de Mello. E fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão .....

Assinatura

No presente processo não

existe inquérito policial

por não ter cumprido

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com seu dever a auto

ridade policial.

por esta falta a promotoria

publica não devia ficar

inpossibilitada de dar queixa

visto puder começar-se

um processo independen

te de inquérito policial

em vista da disposição

do art. 42 7(parg.) do regulamento

4824 de 22 de Novembro de

1871. Que deram estas as dili

gencias relativas ao inquérito

PÀG. 64

Sessão feitas no juízo (...)

De cinco dias, nada tem esta

Promotoria a requerer, estando

Por tanto nos autos do juiz

Municipal, para que conhecendo

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Do seu merecimento, julgue

A queixa procedente em

(...)

Aracaju 13 de setembro de

1879.

O promotor publico

Gonçalo Vieira de Mello.

aos treze de setembro do anno

supra foi entregue estes au

tos pelo doutor promotor pu

blico com a p....enf...

e supra. E fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

Assinatura

elego pelo juiz municipal

em exercício que me foi em

tregues estes autos com o despacho

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supra. E fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

Assinatura

Visto estes autos que julgo procedente a juizo off

cial de 12 contra José Bernardino das

Neves em face do próximo of.12, documento.

PÀG. 65

De 1° testemunha de(...)

Por tanto o pronuncio como do artigo

227 do código criminal sujeito a posição da lei

cumprimento e arbitro a uma fiança ao (...)

To autos das leis. O escrivão para man

dado de prisão contra o reo e lança o seu(...)

(...) dos culpados, e pague o semelhante reo as contas

Que o concedeu/condenou. Recorro deste despacho

Para (...) estes acima.Eu juiz de direito da

Comarca do Aracaju. 15 de setembro de 1879.

Assinatura

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Aos dois dias de setembro do anno

supra em casa do juiz muni

cipal Supplentte em exercício

Francisco Jose Martins Pessoa

deferido este termo(ASS)

Remetto

Aos dezoito de setembro de mil oito

centos e setenta e nove faço remes

as des’tes autos ao cartorio do juiz

e fez este termo: José Maonel

Machado de Araújo, escrivão

(ASS).

Remettido.

Recebimento

Aos dezoito de setembro de mil oito

centos e setenta e nove, neta cidade hoje.

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PÀG. 66

Aracaju substituiu por parte do escrivão

Companheiro em for entregue este processo para

Para devido andamento de que para conter

Este termo. Eu Luiz Gonçalo Pereira França.

Escrivão

Certifico na lei abaixo assinado que são

Primeiros os cuidados da lei, em apreciação

A posição alguma do referido, é verdade e dou

Fé, Aracaju 22 de setembro de 1879.

Assinatura

Conclusão

Aos vinte dias do mês de setembro

de mi setecentos e noventa nesta

cidade do aracaju, em meu cartório

faz estes autos conclusos ao juiz

de direito (...)

135

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do que para constar. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França

Vistos estes autos nego provi

mento do recurso oficial,

para sustentar como citados

os despachos decorridos, pe

lo qual foi providenciado o

réu no artigo 227 do cód.

criminal, e pague as suas

contas. Deve levar-se a processo

Ao juiz municipal de Aracaju 22

de setembro de 1879.

Assinatura.

PÀG. 67.

Data

Aos vinte e tres dias do me de setembro de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de

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Aracajú, em cartório por parte do Doutor

Juiz de direito da comarca em que for

entregue este processo com o

corrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão (...)

Conclusão

Aos vinte e quatro dias do mês de setembro

do anno de mil setecentos e noventa nesta

cidade do Aracaju, em meu cartório

faz estes autos conclusos ao juiz

de direito (...)

do que para constar. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França

Cumpra-se Aracaju, 24 de Abril, 24

de setembro de 1879.

Data

Aos vinte e tres dias do me de setembro de mil

otocentos e setenta e nove, nesta cidade de

Aracajú, em cartório por parte do Doutor

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Juiz municipal da comarca em que for

Entregue este processo com a.

corrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Conclusão

Aos vinte e quatro dias do mês de setembro

do anno de mil setecentos e noventa nesta

cidade do Aracaju, em meu cartório

faz estes autos conclusos ao juiz

Muncipal

PÀG. 68.

Supplente em exercício Francisco Jose

Martins Pereira. E para constar este ..

Eu Luis Gonçalo Pereira França. Escrivão

Cumpra-se em vista do Doutor Promotor

Publico. Aracaju 30 de setembro de 1879.

Assinatura

138

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Aos trinta dias do me de setembro de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de

Aracajú, em cartório por parte do Doutor

Juiz municipal da comarca em que for

Entregue este processo com o

corrente termo. Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Vista

Aos trinta dias do mês de setembro de mil

oitocentos e setenta e nove, nesta cidade de

Aracajú, em cartório continua vista deste au

tos ao Doutor Gonçalo Vieira de Mello

promotor Publico da Comarca Especial

faço este termo. Eu Luiz Gonçalo Pe

reira França. Escrivão

Data

Aos dois dias do mês de outubro de mil oito

centos, corrente nesta cidade do Aracaju em

um cartório por parte do doutor promotor pu

blico foi entregue este processo com o dês

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pacho ou (libero?) Adiante junto. E para constar

o autor deste termo.Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Assinatura

PÀG. 69.

Por (libero?) crime acontecido

(...), a justiça publica

como autora, por seu

promotor contra o seu

Jose Bernardino das Neves

por esta ou melhor

forma de direito.

Assinatura.

Pr. Que no dia 2 de fevereiro do

corrente ano as 8 horas da noite

mais ou menos o seu

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o seu Jose Bernardino das Neves tem

por meio de afagos e promessas

de casamento a menor Maria

Amélia de Sant’Anna da casa

de seu pai, para fim libidinoso.

Pr. Que a menor Maria Amélia

em casa de seu pai era virgem

ou quando não a fosse, era respeitada

Como tal.

Pr. Que é seu cometteu o facto

Criminoso a noite.

Neste caso pede-se a condena

ção em seu grau maximo

do art. 227 do cód. Criminal, por

se dar circunstancia aggravante

do art. 16 (parágrafo)1 do citado cód..

PÀG. 70

141

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E para que assim se julgue se

ofereceu o presente (libero?) que se

espera seja recebida?) afinal

julgada aprovado.

Assinatura.

que tinhão lugar as diligencias

legais, e especialmente que sejão

notificadas as testemunhas abaixo

arroladas, para comparecerem

a sessão do juiz, a fim de jurarem

o que soubessem e lhe for per

guntado acerca da presente causa.

Testemunhas

Archengela Maria dos Santos,

Maria Jose da Purificação,

Maria Ramos do Nascimento,

142

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Serafim Cardoso dos Santos,

José Elias dos Santos,

Moradores da estrada de

S. Antonio

Aracaju 1° de outubro de 1879.

O Promotor Publico

Gonçalo Vieira de Mello.

PÀG. 71

Certifico, em (...) (ouviu?) Jose Ber

Nardino das Neves moral dos culpados

(...) lei componente n°4 o referido

É verdade e dou fé, Aracaju 2 de out.

De 1879.

Assinatura.

Conclusão

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Aos treze dias do mês de outubro

De mil setecentos e noventa nesta

Cidade do Aracaju, em meu cartório

Faz estes autos conclusos ao juiz

Municipal supplente Jose Martins

Do que para constar. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Recibo o (libero?) entregue a copia de

lê, e do rol das testemunhas ao reo, quan

do preso/ou preço?) da fiança aos procura

dores, se appareceu para recebe-la ate

que fique – lhes ao mesmo tempo o ...pos

to no art. 342 no regulamento de n°120

de 31 de janeiro de 1842 e também para

responder na próxima sessão do juiz

que houver de convocar a logo que

constar o dia da reunião do referido

senão exposição dos indícios ..an

dados, afim de que na forma da lei, a

a fim de requerer no final do libello, sejão

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notificados, as testemunhas, aracaju

3 de outubro de 1879.

Assinatura.

PÀG. 72

Data

aos três dias do mês de outubro de mil oito

centos, corrente nesta cidade do aracaju em

um cartório por parte do Juiz municipal su

plente foi entregue este processo com o dês

pacho Adiante junto. E para constar

o autordeste termo.Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Assinatura.

Juntada

Aos tres dias do mez de outubro de mil

oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em um cartório junta estes

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junta este processo mandado

em que (...) Eu Luiz

Gonçalves Pereira de França. Escrivão

PÀG. 73

edital. o cidadão josé mar

tins pereira juiz municial supplente

em pleno exercício nesta cidade de Araca

ju, e seo termo em forma da lei faço

saber Gouveia Campello

Pires Ferreira, Juiz de direito da comar

Ca nos foi comunicado haver

As onze horas da manha do dia 4 de novem

bro para abrir a 4° sessão ju

diciaria, deste termo que trabalhara, pelas

vias consecutivas e que havendo procedido

ao(...) artigo 48. (...) que tem

de (...) era (...) em referida sessão em confor

midade dos art.326, 327 e 328 do reg.

N° 120 de 31 de fevereiro de 1842 forão

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dos designando os cidadãos seguintes:

1. Ângelo Lopes de Siaão. 2. Ramiro

2. Caccho Neves. 3. Jose Guilherme da Silva

Martins. 4. Major João Baptista Lemos

5. Joaquim Coutinho Lira. 6.Theodorico

Freire de Andrade. 7. Felisbelo Paes Mello.

8. Germiniano Paes de Azevedo. 9. Manoel

Antonio Carneiro Leão. 10. Adino

Ângelo dos Reis. 11. Jose Olegário de Souza

12. Jose Soterro de Oliveira. 13. Luiz Francis

co Chagas. 14. Jose Antonio Peixoto

15. José Alves da Costa. 16. Odorico

Pereira Barreto. 17. Aurélio Fernandes

da silva.18. Aurélio Eufracio Trindade

19. Manoel Araújo Porto.

20. Leonel Fernandes Carvalho. 21. João

Campello Telles de Mauricio. 22. João Pinto

De Mendonça. 23. Manoel Dias do

PÀG. 74

24. Manoel Francisco

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Santos Bile. 25. Com. Candido

Prado Pinto. 26 José (...) Barros

Lima. 27. Francisco Lucindo da Cunha

28. Major Polido Pereira Gomes. 29. (ilegível)

Ernesto Araújo Gomes. 30. Pedro Pereira de

Andrade. 31. Manoel Ângelo Ramos.

32. Alferes Januário Jose Góis. 33. Tho

Mas Diogo Leopoldo. 34. Antonio Alves

Raposo. 35. Domingos Martins Carva

Lho Fontes. 36. Antonio Ribeiro Leal.

37. Antonio Correa Dantas. 38. Pedro

Francisco Almeida. 39. Ten. Salvador

De Góis Souza Brandão. 40. Tito Augusto

Santos de Andrade. 41. Jose Antonio Ramos.

42. Pedro Antonio (...)43. Jose

Pereira Coelho. 44 Alferes Alfredo

Montes. 45. Jose Baptista da

Silva. 46. João Barros Pimentel Filho.

47. Antonio Matta Rabello. 48.....

Jandir Fontes. Outrossim for mais

fazer que na referida sessão hão de

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julgar o seo Jose Bernardino das

Neves, Manoel Antonio da silva, e

Lourenço Alves dos Santos que achão

ausentes em proveniência das acusações

Que diante fiança a todos os queira

(...) que.com (...) que todos os

(...) em qual, (...) de para

Comparecer a casa da câmara

Municipal desta cidade, na

sessão do juiz também referido

dia, hora, e como mais dias seguintes

PÀG. 75

Seguintes enquanto durar a sessão

sob pena da çei faltarem. Que

que chegue a noticia a todos mandei

so para aproveitar o edital, que (...)

nos e afixado nos lugares mais publi

cos como publica de (...)

(...)para faze

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rem as notificações aos

jurados, culpados e testemunhas.

Cidade de Aracaju, 2 de outubro de

1879. Eu Luiz Gonçalves Pereira

França Escrivão.

Francisco José Martins.

Esta conforme

Encaminhou o Juiz.

Assinatura.

Juntada

Aos treze dias do mez de outubro de mil

oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em um cartório junta estes

autos junta este processo mandado

Ao oficial de Justiça Estevão

Antonio dos Santos. E para constarlavro

Certifico. Eu Luiz Gonçalves Pereira

de França. Escrivão

Assinatura.

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PÀG. 76

Mandado de intimação

A testemunha abaixo

Declara.

O cidadão Francisco Jose Martins Pereira Juiz

Municipal 1° suplente em pleno

exercício, nesta cidade de Aracaju, no

termo da forma da lei mando

qualquer oficial de justiça deste Mu

nicipio que vendo a presente por mim

Rubricado no cumprimento da notificação

A Archengela Maria dos Santos, Maria

Jose da Purificação, Maria Ramos do

Nascimento, Serafim Cardoso dos

Santos, José Elias dos Santos,

Moradores da estrada de Santo

Antonio, para testemunhar

no processo que é reo Jose Ber

nardino das Neves, comparecerem na 4°

sessão judicial do Juiz deste termo

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que iniciará as 11 horas do dia

4 de novembro a casa da

Câmara municipal, isto consecutiva

Mente se julga o dito sob

as penas da lei: o que cumpro, Aracaju

4 de outubro de 1879. Eu Luiz Goncal

ves Pereira França. Escrivão do Juiz

Assinatura.

PÀG. 77

Certifico que em virtude do

mandado fui a estrada de S. Antonio Desta ci

dade e ahi notifiquei todas as

testemunhas com estradas?) da mês

ma pratica?) digo do mesmo

mandado em suas próprias

que ficaram cientes, deixando

de notificar o reo Jose Ber

nardino por este não estar

neste termo, do que eu certifico

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e dou fé. Aracaju 13 de outubro de

1879

Assinatura.

Aos dezesseis dias do mês de outubro

De mil setecentos e noventa nesta

Cidade do Aracaju, em meu cartório

Faz estes autos conclusos ao juiz

Municipal supplente Jose Martins

do que para constar. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Assinatura.

Data

Aos dezesseis dias do mês de outubro de

PÀG. 78

Data

de mil oitocentos, corrente nesta cidade do

Aracaju em um cartório por parte do Juiz

Municipal suplente foi entregue este processo com

o despacho Adiante junto. E para constar

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o autor deste termo.Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Assinatura.

Juntada

Aos trinta e um dias do mez de outubro de mil

oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em cartório do José Bernar

dino das Neves foi entregue o segin

te despacho e

recibo do qual junto

este autos e para constar lavro e

certifico. Eu Luiz Gonçalves Pereira de

França. Escrivão

PÀG. 79

Ilustríssima Juiz Municipal Suplente

Jose Bernardino das Neves tendo sido por este juiz pro

nunciado no suposto crime de estupro da pessoa de

Maria Amélia de Sant’anna, e tendo de responder na próxima se

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ssão do juiz que se acha na comarca, por isso requer

que se mande passar guia para recolhera ses

são visto como espontaneamente se vem apresentando

de poder tratar dos direitos de sua defesa.

como requer P. V.S deferimento. Ara

caju 31 de Out. de 1879.

(Assinatura)

Aracajú 31 de Outubro de 1879.

José Bernardino das Neves.

Recebi a prazo frente da petição

Qual achou recolhido. Em Aracaju

31 de Outubro de 1879.

PÀG. 80

Assinatura.

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Certifico Abaixo Assinado que

fui a casa de posse ou trabalho, e

algum própria(...) (...) senten

ça do reo Jose Bernardino

das Neves e dexo do reo tudo ficou bem

sciente. O referido é verdade e dou

fé. Aracaju 31 de outubro de (mil oito

centos e setenta e nove) 1879.

Assinatura.

Certifico que entreguei ao reo

Jose Bernardino das Neves a copia do (Libero?)

a qual ante testemunhas lendo-lhe o artigo

342 do regulamento n°120, de 31 de Janeiro de 1842, e

Despachado notifiquei para (...)

(...) for escrito queren

do responde-lo na próxima sessão da sequen

cia achou convocado do dia 4 de novembro

como as 11 horas da manha cer

tifico e dou fé. Aracaju.31 de

Outubro de 1879.

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Assinatura.

Juntada

Aos trinta e um dias do mez de outubro de mil

Oitocentos e setenta e nove na cidade do

Aracajú, em cartório do José Bernar

dino das Neves foi entregue o segin

te despacho e

recibo do qual junto

este autos e para constar lavro e

certifico. Eu Luiz Gonçalves Pereira de

França. Escrivão

PÀG. 81

Recebi do Escrivão Pedro

De França a Cópia do (Libero?)

e (Oral?) das testemunhas do pro

cesso contra mim instaurado.

Aracaju 31 de outubro de

1879.

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José Bernardino da Neves

Assinatura.

Conclusão

Aos trinta e um dias do mês de outubro

de mil setecentos e noventa nesta

cidade do Aracaju, em meu cartório

faz estes autos conclusos ao Juiz

Municipal supplente Jose Martins

do que para constar. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Estando devidamente preparado este processo

seja em tempo apresentado ao Juiz. Ara

caju 31 de outubro de 1879.

Assinatura.

Data

Aos dezesseis dias do mês de outubro de

de mil oitocentos, corrente nesta cidade do Aracaju

PÀG. 82

158

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em um cartório por parte do Juiz

Municipal suplente foi entregue este processo com

o despacho Adiante junto. E para constar

o autor deste termo. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

Assinatura.

Certifico que uma sessão do Ju

iz reo dia 4 de novembro do corrente anno

foi este processo apresentado pelo juiz

municipal primeiro suplente a ci

tada, fiança Jose Martins Pereira pela

suspensão do actual Doutor juiz munici

pal pelo Doutor Juiz de direito da como

marca presidente do dito

Tribunal da comarca Gervais Campe

llo Pinto Ferreira que os de

nuncia escrivão do juiz abaixo assignado

afim de lhe fazer conclusos como

consta da imperativa acta do tribunal

no livro para qualquer

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Constar (farei?) apresentar pela pesso

a do juiz 4 de novembro de 1879.

Eu Luiz Gonçalo Pereira

França. Escrivão

Conclusão

Aos trinta e um dias do mês de outubro

De mil setecentos e noventa nesta

Cidade do Aracaju, na casa da ca

mara municipal cuja destinado para

PÀG. 83

a sessão do juiz faço estes autos

conclusos ao juiz de direito da

comarca e presidente do tribunal

do juízo da comarca Gervais Cam

pello Pinto Ferreira. Eu Luiz Gonçalo

Pereira França. Escrivão

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Estando regular e preparando

Este processoseja julgado reo no

dia, que for assingnada (falta?) (...)

do jury de Aracaju 4 de outubro

De 1879.

Data

Aos quatro dias do mês de novembro de

de mil oitoCentos e noventa

nesta cidade do Aracaju comarca muni

cipal lugar destinado para sua se

ssão tribunal do juiz mando ahi presente

o Doutor juiz de direito da comarca

e presidente do tribunal da comarca

Gervais Campello Pinto

Ferreira pelo que me foi entregue

processo como o seo despacho. E

para constar lavro e certifico.Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

Termo da reunião do juiz

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Aos sete dias do mês de novembro

De mil oitocentos e noventa e sete nesta

Assinatura.

PÀG. 84

Nesta cidade do Aracaju casa da câmara

Municipal lugar destinado para se

ssão do tribunal do juiz de direito da co

marca Presidente do supra tribunal

Gervais Campello Pinto

Ferreira pelo que me foi entregue

processo como o seo despacho. E

para constar lavro e certifico.Eu Luiz

Gonçalo Pereira França. Escrivão

pelo respectivo edital e o posto aberto

o principio da sessão, tocando a com

Panhia official (...)

dos Santos, por tanto (...)

(...) Do que constar neste

Termo. Eu Luiz Gonçalo Pereira

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França. Escrivão

por modificação das (cédulas?)

em seguida o Doutor juiz de direito a bem

do acusado quanto auto das cédulas

já continham os nomes dos jurados. E

tirando para fora de (...) (...)

acham constar a quantia oito cédulas

qual contou em(...) (...)

todos (...) os quais forão

recolhidas a (...) (...) estas

ficha em forma da lei(...) do que (...) juiz

Do que constar este termo. .Eu Luiz

Gonçalo

PÀG. 85

Pereira França. Escrivão do juiz

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Assinatura.

Faço aberta a sessão do julgamento

Imediatamente escrivão abaixo

nomeado fiz a chamada dos quarenta

e oito jurados que se achão sortiados

para servir como nomes escritos

na salla dos escritos nas cédulas au

feridor e averiguação estarem

presentes quarentas jurados pelo

que o Doutor juiz de direito proferindo o termo

e o reconhecimento das faltas escusadas

jurados que tinhão deixado de compa

recer anunciou as multas que

reo como consta descripto

na ata do tribunal do livro para (...) cer

ticado e a qualquer (posto?) em o (...)

pelo cartório depois publicado

o numero averiguado dos jurados e dos pre

sentes declarou aberta a sessão. Os

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que para constar lavrou este termo. Eu

Luis Gonçalo de Pereira França. Escri

Vão do juiz

PÀG. 86

Faço chamada a partir da tes

temunha.

em seguida apresentado a julgamen

to este processo, eu escrivão abaixo no

meado fis a chamada dos autos das

testemunhas (...) que

tinhão sido notificadas e o (...),

interno do jury, dados os (...)

resentou a certidão que adiante

vai junta. Do que constar la

vrei este termo. . Eu Luis Gonçalo

de Pereira França. Escrivão do

PÀG. 87

Certifico eu porteiro interino do

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jury abaixo assignado ter apre

sentada a porta do tribunal do

jury, em altas vozes o reo jose ber

nardino das neves as testemu

nhas de acusação Archangela

Maria dos Santos, Maria Jose da

Purificação,Maria Ramos do Nas

cimento,Serafim Cardoso dos San

tos, José Elias dos Santos, que

todas compareceram menos Ma

ria Ramos do Nascimento e Se

rafim Cardoso dos Santos. E para cons

tar, mandei passar a presente cer

tidão que vai tão somente por mim

assignada. Salla das sessões do jury

4 de novembro de 1879.

Assinatura.

Termo de comparecimento das partes

e testemunhas.

dado os ....pelo porteiro interino

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do jury vierão a presença do tribunal

do jury o reo jose bernardino das neves

tendo por advogado Alferes Jose

Francisco de Almeida Santos e as tes

Temunhas Archangela

Maria dos Santos, Maria Jose da

Purificação,Maria Ramos do Nas

cimento,Serafim Cardoso dos San

tos, José Elias dos Santos, as quais forão

Assinatura.

PÀG. 88

Forão escolhidas a diferentes sallas, afim

de não poderem ouvir os debates, nem

as propostas uma das outras, do que

para constar lavrei o presente termo.

Eu Luis Gonçalo de Pereira França.

Termo do Sorteio do jury de sentença

Pelo termo do comparecimento das

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partes, havendo as (...) tomado

por respectivos lugares, o doutor juiz

declarou que se ia proceder

do sorteio dos juris de fato que

tinhão de fato o jury da sentença, leo

os artigos discutos setenta e cinco e su

jeito este (...) codigo de processo

criminal de (...) acordo.

quanto oito cédulas mandou as

o menor João Ferreira Meneses, que

tirasse as cédula do sorteio a fim

de abrir (...) e (...)

menor, lendo o dito juiz as cédu

las as referiu (...) que não extra

sortiados para com

parecerem ao nomeado juiz de jus

tiça na ordem em que se achão

ss jurados seguintes: João Cam

pello Teles de Menezes, Alferico

Eugenio de Trindade Compaço,

Antonio Correa Dantas Domingos,

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PÀG. 89

Domingos Martins de Carvalho

Fontes, Francisco de (...),

Leonel Fernandes de Carvalho, Ger

Miniano Paes de Azevedo, João Pin

To de Mendonça, Manoel Antonio

Carneiro, Leo Januário Jose de Góis

Jose Antonio Ramos, Alfredo

De Figueira Montes, os quais havião

Tomado por componente lugares reser

vados do publico a medida que não

aprovados durante o sorteio forão

recusados pela defesa os jurados

seguintes: Theodorico Freire de Aze

vedo, Pedro Jose Pereira Espinheira, Jo

se Pereira Coelho, Ângelo Lopes de

Leão, Manoel Francisco dos Santos

Bile, Luis Francisco da Chagas, An

tonio Matto Rabelo,Antonio

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Alves Ramos, Candido de P......

Pinto, Ramiro Coelho Torres, João

Baptista da Silva, Manoel de Arau

jo porto, e pela promotoria fora recu

sados os jurados seguintes: Manoel

Dias Ramos Junior, Tito Na

tonio Souto de Andrade, Pedro Fran

Cisco de Almeida, Jose Santeiro de Me

llo, Jose Antonio Peixoto, Jose

Olegarrio de Sousa, Jose Alves da Cos

ta, Jose Guilherme da Silva Mar

tins, Antonio Fernandes da Silva

Jose Baptista Lima, (...) Jose

(...) Fontes, e o Doutor Thomas

PÀG. 90

Thomas Dias Leopoldo. Do seu

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promotor lavrei o presente termo.

Eu Luis Gonçalo de Pereira França.

Escrivão do juiz

PÀG. 91

Termo do Julgamento do juiz da sentença

concluído o sorteio o doutor juiz

de direito levantamento-se a par delle

todos os jurados e mais como

tantos deferio o ajuntamento aos (...)

juizes de (...) mencionadas no

(...) no (retho?), lendo o primeiro estes,

como presidente interino do jury

de sentenças com a mão direita o se

guinte forma = juro pronunciar

com seus a (...) neste causa

Haver seu com franquesa e ver

dade só tenho adiantados meus autos

d’cos da lei, e possuir meus votos

seguido a minha consciência, de

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pois discuto sucessivamente os

mais juízo o facto, com mão

(...) livro e um

Altar(...) (vozes?) (...) a (...)

que o dito juiz em ou lavrar

(...) terceiro (...), em que assignou

se (...) dos juizes de facto. Eu

Luis Gonçalo de Pereira França.

Escrivão do juiz

(Assinaturas)

Diversas

PÀG. 92

(Assinaturas)

Diversas

PÀG. 93

Auto de qualificação

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Deferido ajuntamento do jury da sentença

se achou representado Jose Bernardino

das Neves o juiz lhe fes as perguntas

Seguintes:

Perguntado qual nome, filiação, idade

Cidade, profissão? E citado, a nacionalidade?

Lugar de nascimento e sebe ler e escrever?

Respondeu chamar-se Jose Bernardino das

Neves, filho de Manoel Francisco

das Neves, já falecido com vinte e três

annos de idade, solteiro, pedreiro, brasi

leiro, natural desta província, sabe ler

escrever, e como nada respondeu e réu... lhe

foi perguntado, mandou o juiz lavrar

o presente auto de qualificação que assig

nou, com o seo depois de ter lido

se acha conforme do que au..... eu Luis

Gonçalo de Pereira França.Escrivão

do juiz

(Assinaturas)

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PÀG. 94

Respondeo chamar-se Jose Bernardi

no das Neves, natura desta Província,

com vinte e três annos de idade solteiro

morador nesta cidade desde o anno pás

sado, pedreiro, sabe ler e escrever.

Perguntado se sabia porque era chamado?

Respondeo que sabia.

Perguntado como deo a sahida da menor

Maria Amélia de Sant’Anna da casa de

seos paes, se foi ele quem a tirou?

Respondeo que alguém as vezes pairava

pela estrada de Santo Antonio por casa

de cima da lavadeira por nome Maria Lucia, com juro

tinha relações residente quase defronte

da casa dos paes de Maria Amélia, e outras

vezes para casa do próprio Belizário um

poço acima e (...) (...) via por

duas vezes a menor Maria Amélia

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(sair do quarto?) de Maria Magdalena sou

(...) em qual Maria Amélia vivia em casa do

por (...) (miseravelmente?) dêshonra da que

que já não tinha ido pois o pai era o

próprio que a lançava de casa para fora

porque não tinha achado um rapaz

que a tomasse a cargo em vista do que

elle reo pedio-lhe que fugisse (contar?)

A Maria Amélia que estava a sua disposição

que ella soube por intermédio do (...)

maria magdalena e uma tarde

ahi em cima noite indo elle reo a

casa de seo Primo Belizário, Maria

Amélia com uma trouxa o veio em

PÀG. 95

veio encontrar na entrada e elle a (conde?)

pois na referida noite (...) para

a villa de Santo Amaro onde depositou

Em casa de uma prostituta não tendo

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(Hido no saveiro?) outra pessoa allem delle

e Maria Amélia tendo esta manda

do buscar na casa daquela prostituta

por seo pai com auxilio da policia declara

que tendo relações ilícitas com Maria

Amélia a encontrou imperfeita

perguntado com fas semelhante

declaração à honra de Maria

Amélia quando tendo dado (...)

to della no dia dois de fevereiro do corren

te anno sendo ella examinada por

dois médicos no dia cartoze do mês de

(...) estes declarão que ella

tinha sido desflorada a poucos dias?

respondeo que está prometeu a (...)

em juramento, sobre o livro dos santos

evangelhos, em como não foi elle que

Offendeo Maria Amélia.

Perguntado se conhecia as testemunhas

que juraram em processo e se tinha alguma

coisa a propor-lhes?

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respondeu que conheceu algumas e outras

não e diz que opor contra algumas.

Perguntado se tinha algum motivo par

ticular a que atribuhiu a acusação?

Respondeo que no processo a

vingança de algumas pessoas ante

capital inclusive o pai de Maria A

Melia. Perguntado se tem factos a

PÀG. 96

factos a allegar ou provas que justi

fiquem ou mostre sua inocência?

Respondeo que a própria Maria A

melia em casa do Senhor Moura Mattos

perante o ajudante da ordem do presi

dente da província, outras pessoas, decla

declarou que não tinha sido elle o seu de

florador e seria um soldado de nome

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Olegário que a um anno e pouco mais

ou menos foi para o Rio de Janeiro de

clarando na referida ocasião a dita Maria

Amélia que seo pai foi quem a obri

gou sob pena de (...)(e ou (...), a declarar que

Elle reo tinha sido seo ofensor com

Duzida em perfeita forma o presente intero

(...) só foi elle entregue ao dito

reo a fim de ler e rubricar a (...)

Próprias como opprotunamente lido

Pó mim escrivão abaixo nomeado em

(...) declarou o reo que João Campello. Trai

dor declarou à concedido Fiel Carneiro

Leão, e a nemeou de tal, que elle o reo tina

relações ilícitas com Maria Amélia.

em nada mais sendo declarado mandou

o dito juiz em...este termo. Em que ru

bricou ....as duas folhas assignou

como interrrogado. Eu Luis Gonçalo

Pereira de França.Escrivão que

(Assinaturas)

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PÀG. 97

Termo de leitura do processo

Interrogado o reo jose Bernardino

das Neves, eu escrivão abaixo no

meado do dito processo de for

mação de culpa nas ultimas res

postas do reo. Do que para constar

lavrei este termo. Eu Luis Gonçalo

Pereira de França escrivão do juiz

Auto de acusação

Feito leitura

de o processo, dada ao palavra ao

Promotor adjunto este desenvolvemos

a acusação, mostrou os artigos da

lei o grau da pena em que fi

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car as circunstancias (...) dia

cita o reo.....leo outra vês

O (libero?) e as provas do processo, ex

por os factos razoes em que se sustenta

va a culpabilidade do reo. De

que para constar lavrei o presen

te Termo. Eu Luis Gonçalo Pe

reira França. Escrivão do juiz que

PÀG. 98

Declaração de defesa

Terminado acusação, transmitido

O processo e dada a palavra ao

Advogado do reo

A defesa mostrando a lei provão o

facto razão que sustentavam que

inocência apresentando em

seguida um documento reque

rindo que fosse junto ao processo

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o qual é o que adiante se segue. do

que para constar eu lavro este termo.

Eu Luis Gonçalo Pereira Fran

Ça. Escrivão do juiz

PÀG. 99

ILM. Sr. Adm. Da Casa de Prisão d’esta Capital

Jose Bernardino das Neves a bem de seu

direito necessita que V.S. lhe dê por cer

tidão, em vista do respectivo livro de em

trada de prezos, o dia mez e anno em que

d’ordem do doutor chefe de policia foi

o suspeito recolhido nesse estabelecimento

bem como o dia em que por portaria

do mesmo Doutor foi posto em liberdade

nestes termos.

P. V. S

Despacho

(Iniciais)

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Aracajú (5?) de novembro de 1879.

(Assinaturas)

Certifico que revendo a caderneta dia

ria de entrada e sahida de pra

zos recolhidos neste estabelecimento, destas fo

PÀG. 100

lhas 38 e 39 consta que

o Supp. Petição de (...), foi

reo recolhido prso por porta

ria do Exc. Sr. Dr. Chefe de po

licia José Leandro Mar

Tins (Lemos?), em 6 de fevereiro

Do corrente anno, e posto em

liberdade por portaria do mesmo

Exc. Sr. em 10 do mesmo mês

E anno. Casa de prizão de com

(Trabalhador?). 5 de fevereiro

De 1879.

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O Administrador.

(Assinatura)

Reconheço afirmar por verdadeira.

E dou fé. Aracaju, 6 de novembro

De 1879.

(Assinatura)

PÀG. 101

Resumo de debates

Finda acusação e defesa tendo o juiz de

Direito, perguntado ao jury de sentença

se estava suficiente claro para julgar a cau

as e como se pronunciou de modo affirmativa

dito juiz se (...) a matéria de acusação

e defesa escreveo as questões de facto proposta.

Ao jury da sentença as leo em altz vozes. Do

Que para constar eu lavro este termo. Eu Luis

Gonçalo Pereira França. Escrivão do jury

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Termo de retirado do jury da salla pu

blica para sala de (...)

lidas as questões de facto e entregue estas ao jury

deu este termo do jury de sentença como apro

vados e juizes de facto que compunhao o dito

jury director axão as sallas auto das conferencias

(...) à pauta se collocarão os dois officiais

de justiça Carcinio Polycarpo dos Santos, e Agosto

tinho José Rodrigues, que para os (...) o juiz

de direito, havião acompanhado os referidos

juizes se tinhão portado a mencionada porta

a fim de não consentirem qualquer comu

nicação. Do que para constar fiz este termo.

Eu Luis Gonçalo Pereira França. Escrivão

do jury

PÁG. 102

Parecer de volta do jury da sentença de salla publica

e leituras de suas respostas.

recolhido o jury da sentença da salla secreta ali

esteve até que batendo a porta esteve

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para (...) o Doutor juiz de direito

voltou acompanhado pellos dois oficiais

de justiça a salla publica ou dando os di

tos officiais de justiça apressen

tando a certidão de sua comunicabilidade

do referido jury da sentença o presidente deste

leo em altas vozes a resposta do dito do

referido jury as questões de facto propostas

terminada esta leitura certificou escri

vão ter dito o Doutor juiz de recebi

do processo das (questões?) de facto com a

resposta do jury escreveo sua sentença

ressaltando a leo. A certidão apresen

tada pelos officiais de justiça as ques

toes de facto proposta pelo jury da senten

ça digo propostas pelo referido juiz as res

postas dadas a proposta proferida são

as que diante se seguem. Eu Luis Gonça

lo Pereira França. Escrivão do jury

PÁG. 103.

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Nos officiais de justiça abaixo

certificamos que não

houve comunicação por qual

quer maneira com a dos jui

zes de facto que compunhão o jury

da sentença assim no transito destes

da salla publica a salla secreta

como enquanto nesta se conserva

rão. E para constar manda nos pas

sar a presente, que vai tão somente

por nós assignada salla das sessões

do jury. 9 de novembro de 1879.

(Assinatura)

PÀG. 104

Quesitos

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O seo Jose Bernardino das Neves

dia 2 de fevereiro do corrente anno

tirou para fim libinosos por meio

de affagos, e promessas de casamento de

casa de seos pais a menor Maria

Amélia de Sant’Anna?

A menor Maria Amélia quando foi

tirada da casa de seos pais era vir

gem?

A menor Maria Amélia (no caso for

negativo o 2° quesito) quando foi

tirada da casa de seos pais

era julgada virgem?

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O reo cometteu o crime com a cir

cunstancia aggravante da (noite?)

Existem circunstancias alternantes

em favor do reo?

Salla do jury 7 de novembro

De 1879.

(Assinatura)

PÀG. 105

O jury depois de haver no

meado entre si, por

secreto, e por (...) saber

de votos. O seo presidente

e secretario da leitura recom

mendaram pela lei e mais for

malidades desta respondeo os

quesitos pela maneira seguinte:

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1° quesito

sim, por unanimidade, o reo

Jose Bernardino das Neves, no

dia 2 de fevereiro do corrente

anno, tirou para fim libidi

nosso, por meio de afago e

promessa de casamento de

casa de seos pais a menor

Maria Amélia de Sant’Anna.

2° quesito

sim, por oito votos a menor

Maria Amélia quando foi

Tirada da casa de seos pais

era virgem.

3° quesito.

Fica prejudicada com a res

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posta dada ao segundo.

4°quesito

Sim, por dez votos o reo com

etteo o crime com a cirscuns

Tancia aggravante da noite.

5°quesito

Não, por oito votos não exis

tem circunstancia attenuan

tes em favor do reo. Salla

PÀG. 106

secreta do jury, 7 de

novembro de 1879.

(Assinatura) diversas.

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Em vista da decisão do jury con

dena o reo José Bernar

dino das Neves a pena de

três annos de prisão e dotar

a offendida, grau maximo do art.

227 do código crim.,

e nas custas, pena que cum

prirá na cadeia desta ca

pital. Salla do jury no

Aracaju, 7 de novembro de 1879

(Assinatura)

Publicação e Recurso

Aos vinte dias do mês de novembro

De mil oitocentos e setenta e nove nesta

Cidade de Aracaju, a casa da câmara.

PÁG. 108

Assignou depois de lido (...). Eu Luis

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Gonçalo Pereira de França. Escrivão do

Jury

(Assinatura)

Certifico exelentissimo abaixo assignado com

própria propõe este o termo supõe

o promotor adjunto (ramiro?)

de carta elle ficou (...) do qual dou

fé. Aracaju 8 de novembro de 1879.

(Assinatura)

Juntada

Aos treze dias do mês de novembro de mil

oitocentos e setenta e nove. Nesta cidade

do Aracajú em um cartório junto

estes autos ajunte de petição de des

pachos. Certifico por porte de Agostinho

Nunes dos Santos. E para constar eu lavro

Este termo. Eu Luiz Gonçalves Pereira de França

Escrivão do jury

PÁG. 109

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Ilm. Sr. Dr. Juiz de Direito

Nos autos diga o

Promotor publico

Aracaju, 13 de novembro

De 1879.

Agostinho Luis dos Santos residente nesta cidade

pai da menor Maria Amélia dos Santos, vem por

meio V. S. desistir da ação que lhe faculta abrio com

tra o raptor de sua filha menor Maria Amélia

dos Santos, e que foi culminado pelo tribunal do juiz

A 3 annos de prizão, por que ante o mesmo raptor

José Bernardino das Neves, esta disposto a reparar

O mal que fisera, casando-se com a mesma sua

Filha, p que a supra trata de requerer as (precisas?)

(...) (...) (...) a fim do dia e lugar mesmo o casa

mento, por isto requer a V. S. que forme autos

a sua conclusão os respectivos autos

digam julgar por sua sentença a desistencia

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ordenando as diligencias precisas na forma da lei.

para lugar o referido casamento.

(Assinatura)

Aracaju 13 de novembro de 1879.

aos quatorze dias do mês de novembro

PÁG. 110

De mil oitocentos e setenta e

nove, nesta cidade de Aracaju, em seo

cartório, contendo visto este processo

Solicita (...) (referida?) (carta?)

Promotor adjunto (...) (...)

do que para constar lavro este termo.

Eu Luis Gonçalves pereira França. Es

crivão do juiz

(Assinatura)

nada tendo a oppor

Aracaju 15 de novembro de 1879.

Adjunto Promotor Publico

(Assinatura)

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Data

Aos quinze dias do mês de novembro de

mil oitocentos e setenta e nove nesta cidade

de Aracaju, em um cartório por parte

por parte do promotor publico me foi entregue

processo com a resposta supra. E para

constar lavro este termo. Eu Luis Gonçalves

Pereira de França. Escrivão

Conclusão

Aos dezessete dias do mês de novembro de

mil oitocentos e setenta e nove nesta cidade

Aracaju, em meo cartório faço estes au

tos conclusos ao Doutor Juiz de direito

da comarca o (...) Gervais

Campello Pires Ferreira. Do que para constar

Lavro este termo. Eu Luis Gonçalves Pereira

França escrivão

PÁG. 111

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Tomado por termo a desistência

selados e aprovados visto

Aracaju 17 de novembro de 1879.

(Assinatura)

Data

Aos dezessete dias do mês de novembro

de mil oitocentos e setenta e nove

nesta cidade Aracaju, em seo carto

ria por parte do Doutor Juiz de Direito

de comarca e foi entregue estes autos

processo com o seo despacho. E para

constar lavro este termo. Eu Luis Gonçal

vês Pereira França. Escrivão

Termo de Desistência

Aos quinze dias do mês de novembro

de mil oitocentos e setenta e nove nesta ci

dade de Aracaju, em seo escripto com

pareceu Agostinho Luis dos Santos, que

reconheço pelo próprio, por elle me foi di

to que na forma de sua petiçao de fazer

representado desistiu de hoje para sempre

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da ação que lhe faculta a lei contra o

raptor de sua filha a menor Maria A

Mélia dos Santos que ante o juiz se mo

via contra José Bernardino das Neves

tudo na forma do processo se refere a petição

que fica sendo parte deste termo que assi

gnou como testemunha (...) A

Mancio Portela Emiliano Soares d’

Andrade, que tudo presenciou e (...)

PÁG. 112

Este . Eu Luis Gonçalves Perei

ra de França escrivão

(Assinatura)

Diversas

Aracaju 25 de novembro de 1879.

Conclusão

Aos vinte e cinco dias do mês de novembro

de mil oitocentos e setenta e nove nesta cidade

de Aracaju, em meo cartório faço estes au

tos conclusos ao Doutor Juiz de direito

Da comarca o (...) Gervais

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Campello Pires Ferreira. Do que para constar

lavro este termo. Eu Luis Gonçalves Pereira

França escrivão

(Assinatura)

julgo por sentença a desistência

requerida a 63 tomada por

termos a 64 para que procedesse

seos feitor pagar os custos

(...) (...) propor-se alvará

de soltura em..... do reo, ves

tindo-se seo mesmo de (...) de

PÁG. 113

Culpados. Aracaju 25 de novembro

de 1879.

(Assinatura)

Data

Aos vinte e cinco dias do mês de no

vembro nesta cidade Aracaju, em

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seo cartório por parte do Doutor Juiz

de Direito de comarca e foi entregue estes

processo com seu despacho a justi

ça que. E para constar la

vro .Eu Luis Gonçalves Pereira França.

Escrivão

PÁG. 114, 115, 116 e 117: Trabalho de contas65

REFERÊNCIAS

Arquivo Geral Do Judiciário De Sergipe

Processo Crime Rapto e Defloramento (1879) – cx. 2543.

65
As páginas 114, 115, 116 e 117 do processo correspondem aos números, contas e gastos do mesmo.

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