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MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL

QUARTA PROCURADORIA

EXCELENTÍSSIMA SENHORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


CONTAS DO DISTRITO FEDERAL

Representação nº 1/2020-G4P1

O Ministério Público de Contas, no exercício de seu mister, com fulcro no art.


85 da Lei Orgânica do Distrito Federal – LODF, nos arts. 1º, XIV e 76 da Lei Complementar
nº 1/1994 e no art. 54, I, do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Distrito Federal,
vem oferecer a seguinte

REPRESENTAÇÃO,

para que o Plenário determine a apuração dos fatos a seguir descritos.

ML4
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL
QUARTA PROCURADORIA

I – DOS FATOS

O Ministério Público de Contas tomou conhecimento, por meio de notícia


veiculada pela mídia local2, acerca dos elevados custos despendidos pelo Distrito Federal na
realização dos projetos “Réveillon Brasília 2020” e “Réveillon da Prainha 2020”.

Segundo o reportado, a montagem da festividade de final de ano teria custado


mais do que o triplo do valor previsto na licitação incialmente deflagrada pelo Governo
para a realização das festas na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Orixás. In casu,
difundiu-se que o montante gasto alcançou a cifra de R$ 2,48 milhões, valor significativamente
superior aos R$ 798 mil obtidos no Pregão Eletrônico nº 14/2019-SECEC, cancelado em
20/12/2019, conforme extrato publicado no DODF nº 244, de 24/12/2019, página 69.

Ainda consoante apurado pela imprensa, após o cancelamento da licitação,


Deputados Distritais teriam oferecido emendas parlamentares para custear as despesas
relacionadas ao fornecimento de infraestrutura para os eventos em comento, culminando na
celebração de Termos de Fomento, previstos na Lei nº 13.019/2014, com duas instituições
escolhidas pelos próprios parlamentares para o recebimento dos recursos e execução da
montagem da celebração, quais sejam: o Grêmio Recreativo Carnavalesco Unidos de Vicente
Pires e o Instituto Desponta Brasil.

Ciente de tais fatos, mediante o Ofício nº 10/2020-GPG (anexo), este Órgão


Ministerial requisitou3 à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito
Federal – SECEC o envio de cópias do Processo nº 00150-00006333/2019-38, que abrigou o
PE nº 14/2019-SECEC, bem como dos Processos nºs 150.00007833/2019-97 e 00150-
00007954/2019-39, que resultaram na celebração dos Termos de Fomento referentes aos
Projetos “Réveillon Brasília 2020” e “Réveillon da Prainha 2020".

Consequentemente, em atenção ao expediente emanado deste MP, o Órgão


distrital remeteu o Ofício nº 22/2020 – SECEC/GAB (e-DOC 96ECCD5E-c), que foi
acompanhado de cópias (anexas) dos Processos Administrativos requeridos pelo Parquet de
Contas.

Ao compulsar os documentos remetidos pela Pasta da Cultura, verificou-se que


a disputa relativa ao Pregão nº 14/2019, deflagrado para contratação de empresas
especializadas para fornecimento de estruturas para celebração do Réveillon 2020 na
Esplanada dos Ministérios e na Prainha dos Orixás - Brasília/DF4, dia 31 de dezembro de
2019, ocorreu em 19/12/2019, consoante informado em aviso de licitação publicado no DODF
nº 233, de 9/12/2019, p. 515.

2
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2020/01/06/reveillon-2020-no-df-custou-tres-vezes-valor-
previsto-em-licitacao.ghtml e https://www.metropoles.com/distrito-federal/reveillon-do-df-foi-de-r-15-milhao-
para-r-34-milhoes-entenda
3
STJ, RHC nº 35.556/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Felix Fisher, DJe de 28/11/2014.
4
Edital às fls. 1.751/1.821 do Processo nº 150-0000633/2019-38.
5
Aviso de Licitação à fl. 1750 do Processo nº 150-0000633/2019-38.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL
QUARTA PROCURADORIA

Informações disponibilizadas na plataforma onde foi realizada a disputa


(www.licitações–e.com.br) indicam que, com a realização da fase competitiva do certame, o
custo do aparato destinado aos eventos que marcaram a passagem de 2019 para 2020 no
Distrito Federal, inicialmente estimado em R$ 1.430.374,316, passou a totalizar o importe
de R$ 1.185.108,03, sendo R$ 712.363,45 para os lotes relativos à Esplanada dos
Ministérios e R$ 472.744,58 para aqueles concernentes à Prainha dos Orixás (planilhas
anexas).

Vale salientar que o valor indicado como resultado do Pregão nº 14/2019


considera as melhores propostas relativas a todos os lotes, inclusive os de nº 69, 70, 71, 72, 73
e 74, os quais restaram fracassados em razão da desclassificação da arrematante, a Time Evento
Produções Ltda., não sendo convocados os demais competidores do certame, quando
possível.

Com arrimo na comparação entre o somatório das melhores propostas


apresentadas no Pregão nº 14/2019, que totalizaram R$ 1.185.108,03, e a cifra de R$
2.480.892,63 despendida nas parcerias firmadas com organizações da sociedade civil, parece
razoável formar convicção quanto à pertinência da suspeita de prejuízo levantada nas matérias
jornalísticas mencionadas alhures. Esses fatos, per se, constituem indícios bastantes para
provocar a atuação da Corte de Contas do Distrito Federal.

Não bastasse, vale pontuar que a licitação aberta pelo Governo para a realização
das festas na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Orixás seguiu seu percurso normal até
19/12/2019, data da competição pública do Pregão.

Ocorre que, no dia subsequente à disputa, por meio de Despacho exarado em


20/12/20197, o Secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, a
despeito da manifestação da Diretora de Planejamento e Finanças do órgão indicando
disponibilidade orçamentária no valor de R$ 1.430.374,31 para atender ao projeto Réveillon
20208, determinou o cancelamento do Aviso de Licitação – Pregão Eletrônico nº 14/2019,
publicado no DODF nº 233, de 9/12/2019, sob a alegação de necessidade de readequações
orçamentárias para a realização do evento.

Ato contínuo, o Pregoeiro da Pasta encaminhou o aviso de cancelamento para


publicação no Diário Oficial do Distrito Federal9. Diversamente do Secretário de Estado, o
responsável pela condução da licitação invocou como justificativa para o não prosseguimento
do procedimento de contratação a existência de “determinação para atender necessidades de
correção no projeto”. Assim, nesses termos o aviso de cancelamento do pregão foi publicado
no DODF nº 244, de 24/12/201910.

6
Planilha Comparativa de Preços e Despacho com o valor estimado às fls. 1630-1632 do Processo nº 150-
00006333/2019-38.
7
Fl. 1.824 do Processo nº 150-00006333/2019-38.
8
Fl. 1.634 do Processo nº 150-00006333/2019-38.
9
Fl. 1.825 do Processo nº 150-00006333/2019-38.
10
Fl. 1.832 do Processo nº 150-00006333/2019-38.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL
QUARTA PROCURADORIA

As manifestações do Secretário de Estado e do pregoeiro da SECEC carecem de


maior detalhamento quanto aos motivos que obstaram a conclusão do Pregão nº 14/2019. In
casu, este Órgão Ministerial não logrou identificar no processo documento contendo o
detalhamento das adequações orçamentárias que se fizeram necessárias e tampouco as
justificativas para eventuais ajustes no projeto, em desacordo com o disposto no art. 49
da Lei nº 8.666/199311, o que, por si só, indicaria violação ao princípio da legalidade.

Apesar da parca fundamentação, certo é que o aludido Pregão não chegou ao seu
deslinde, dando lugar à firmatura de parcerias que, aparentemente, teriam gerado maior
gasto de recursos públicos.

Como já informado, paralelamente ao procedimento licitatório mencionado


anteriormente, tramitaram os Processos nºs 150-00007833/2019-97 e 150-00007954/2019-39.
O primeiro foi iniciado em 17/12/2019, por solicitação do Instituto Desponta Brasil, para
formalização de parceria visando à realização da festa de Réveillon Brasília 201912. Chama a
atenção a data mencionada, uma vez que, até aquele momento, não havia sido cancelado
o procedimento licitatório em curso. O segundo, por seu turno, foi constituído em 23/12/2019,
em virtude de requerimento do Grêmio Recreativo Carnavalescos Unidos de Vicente Pires para
ajuste envolvendo o Réveillon da Prainha13.

Impende dizer que, como consequência do Processo nº 150-00007833/2019-97,


foi entabulado entre o Distrito Federal e o Instituto Desponta Brasil o Termo de Fomento nº
122/2019, cujo objeto consistiu na realização do “Réveillon Brasília 2020”. Para concretização
das metas definidas no Plano de Trabalho apresentado pela proponente14, o instrumento firmado
entre o Poder Público e a OSC estipulou a necessidade de transferência de recursos da
Administração Pública para o parceiro privado, da ordem de R$ 1.616.460,67, apenas para o
Réveillon na Esplanada dos Ministérios.

Por oportuno, este Órgão Ministerial sublinha que a verificação da


compatibilidade do valor da proposta da Organização da Sociedade Civil com os praticados no
mercado foi realizada pelo Coordenador de Projetos e Eventos Especiais da Secretaria15.

11
“Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por
razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente
para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante
parecer escrito e devidamente fundamentado.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar,
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
59 desta Lei.
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
de licitação.”
12
Fl. 1 do Processo nº 150-00007833/2019-97.
13
Fls. 1/4 do Processo nº 150-00007954/2019-39.
14
Fls. 1.311/1.370 do Processo nº 150-00007833/2019-97.
15
Fls. 320/321 do Processo nº 150-00007833/2019-97.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL
QUARTA PROCURADORIA

Os recursos para o Projeto foram provenientes de emendas parlamentares,


conforme se depreende da especificação apresentada na análise de disponibilidade orçamentária
engendrada pela Gerente de Orçamento, Finanças e Estatística – GOFE da SECEC16. Ademais,
a par de dados do SIGGO (2020PP00063 e 2020OB03419), verifica-se que o montante
indicado foi integralmente repassado à entidade solicitante.

Já o Processo nº 150-0007954/2019-39 deu azo à celebração do Termo de


Fomento nº 115/2019. Trata-se de parceria firmada entre o Distrito Federal e o Grêmio
Recreativo Carnavalesco Unidos do Vicente Pires para concretização do projeto “Réveillon da
Prainha 2020”, o qual envolveu a transferência de recursos públicos ao parceiro privado no
importe de R$ 864.431,96. Vale registrar que esses recursos também foram garantidos por
emenda parlamentar17.

Semelhante ao verificado em relação ao Processo nº 150-00007833/2019-97,


também existe no Processo nº 150-00007954/2019-39 manifestação apontando a adequação do
montante necessário à consecução dos objetivos da parceria com os valores praticados pela
Administração Pública e no mercado, desta feita firmada pela Coordenadora de Promoção
Cultura da SECEC18.

Este Órgão Ministerial, malgrado reconheça ser salutar o fomento estatal aos
eventuais culturais realizado no âmbito do Distrito Federal, sublinha que as parcerias firmadas
pelo Poder Público distrital também estão jungidas aos princípios da eficiência e da
economicidade nos gastos públicos, em razão da dimensão objetiva dos arts. 37 e 70 da
Constituição Federal.

Contudo, ao compulsar os documentos encaminhados pela SECEC, esta Quarta


Procuradoria identificou elementos com o condão de suscitar dúvida razoável quanto à
observância dos preceitos indicados, considerando o possível sobrepreço nos valores unitários
indicados nos Planos de Trabalho dos Termos de Fomento celebrados. Essa constatação vai
ao encontro do indício de prejuízo apresentado pela mídia local.

Ao perquirir os valores aprovados pela Pasta, o Parquet identificou elementos


que apontam para a existência de prejuízo aos Cofres Públicos.

Nesse sentido, de modo exemplificativo, cumpre frisar que a sociedade


empresária Blaster Comércio de Material de Limpeza e Fogos Ltda. venceu o lote 111 do
Pregão Eletrônico nº 14/2019 com proposta no valor de R$ 74.900,00. Por outro lado, o serviço
indicado foi orçado no item 2.1.8 do Plano de Trabalho apresentado pelo Instituto Desponta
Brasil no valor de R$ 300.000,00, mesmo não havendo qualquer distinção entre as
especificações apresentadas no Edital do Pregão nº 14/2019 e no Plano de Trabalho relacionado
ao Termo de Fomento nº 122/2019.

16
Fls. 1.472/1.475 do Processo nº 150-00007833/2019-97.
17
Conforme detalhamento contido no Despacho presente às fls. 1.069/1.070 do Processo nº 150-00007954/2019-
39.
18
Fls. 552 do Processo nº 150-00007954/2019-39.
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QUARTA PROCURADORIA

Nessa perspectiva, o comparativo entre o preço estipulado para metas que


integram o Cronograma Físico Financeiro do Termo de Fomento nº 122/201919 e o valor
arrematado nos itens do Pregão nº 14/2019 corrobora o indicativo de que os valores
praticados na parceria não teriam se mostrado consentâneos com aqueles praticados no
mercado. A título exemplificativo, salienta-se que o confronto de 11 itens sugere prejuízo ao
Erário da ordem de R$ 519.983,44 (planilha anexa).

Incompatibilidade análoga pode ser verificada mediante o cotejo das propostas


do Pregão nº 14/2019 e dos custos apresentados no cronograma físico do Termo de Fomento
nº 115/201920. Em relação ao evento ocorrido na Prainha, afora o prejuízo decorrente do
sobrepreço dos insumos, o MPC/DF identificou a majoração expressiva dos quantitativos
demandados, especialmente no que se refere ao piso chapeado, aos brigadistas e ao serviço
de catering (planilha anexa). Quanto ao Termo de Fomento nº 115/2019, o exame dos itens
que integram a amostra avaliada pelo MPC/DF indica, no mínimo, indício de prejuízo no
montante de R$ 130.090,56.

Nesse sentido, o dano aproximado gerado pela substituição do Pregão nº


14/2019 por Termos de Fomento entabulados com Organizações da Sociedade Civil pode ser
estimado em R$ 650.074,00, apenas no que pertine à estrutura logística para realização do
Réveillon de 2019.

Ainda acerca do exame do processo que abrigou o Termo de Fomento nº


122/2019, um outro fato despertou a atenção do Parquet. O valor de itens da proposta
apresentada pelo Instituto Desponta Brasil, inclusive o relacionado à queima de fogos, foi
fundamentado em orçamento elaborado pela Art Estrutura Soluções em Eventos Eireli.
Nesse ponto, não é despiciendo dizer que o empresário individual responsável pela referida
pessoa jurídica é o Sr. Rafael Jo Vasconcelos Carneiro, que ocupa, desde janeiro de 2019,
cargo de natureza especial no Gabinete da Vice-Governadoria do Distrito Federal21.

Desse modo, considerando o exercício concomitante de cargo público e de


atividade empresarial, tem-se, no mínimo, a configuração de infração funcional grave
estabelecida no art. 193, X, da Lei Complementar nº 840/2011.

Desta feita, com arrimo no aparente sobrepreço dos itens que integram as
parcerias celebradas pela SECEC para concretização do Réveillon 2019, há indicativo de que
os fatos narrados na presente Peça afrontam os princípios da legalidade, da economicidade
e da eficiência dos gastos públicos. Como dito alhures, esses postulados devem ser observados
em todos os ajustes firmados entre o Poder Público e particulares, inclusive naqueles regidos
pela Lei nº 13.019/2014, sobretudo em razão do disposto no caput do art. 37 da CF/1988,
quando faz referência aos princípios da eficiência e da moralidade.

Ademais, impende ressaltar que o Decreto nº 37.843/2016, que regulamenta a


aplicação da Lei nacional nº 13.019/2014, para dispor sobre o regime jurídico das parcerias
19
Fls. 1.320/1.370 do Processo nº 150-00007833/2019-97.
20
Fls. 1.006/1.018 do Processo nº 150-00007954/2019-39.
21
Nomeação publicada no DODF nº 4, de 14/1/2019, p. 6, e pesquisa realizada no sistema SIGRH anexas.
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QUARTA PROCURADORIA

celebradas entre a administração pública distrital e as organizações da sociedade civil no âmbito


do Distrito Federal, deixa assente, em seu art. 37, caput, que a aquisição de bens e serviços
pelo parceiro privado com recursos transferidos pela Administração Público deve observar,
entre outros, os princípios da economicidade e da eficiência22. Sem laivo de dúvida, trata-se
de previsão que se compatibiliza com os princípios constitucionais mencionados anteriormente.

Nesse particular, vale salientar que a forma de garantir a observância de tais


princípios, conforme se depreende do art. 28, § 3º, I23, e do art. 41, III24, do ato regulamentar
mencionado, não destoa da essência aplicável às licitações públicas, sendo imperiosa para
celebração da parceria e para pagamento das despesas dela decorrentes a comprovação de que
os preços estabelecidos no plano de trabalho são compatíveis com os valores praticados no
mercado. Vale pontuar que essa aferição deve considerar preços públicos referentes a
contratações similares em sistemas públicos de compras, a teor do art. art. 28, § 3º, I, do Decreto
que regulamenta o MROSC no âmbito do Distrito Federal.

In casu, parece não ter sido realizada a contento esta avaliação de


compatibilidade, considerando os indicativos de que o Pregão nº 14/2019 logrou alcançar
preços mais vantajosos para o Poder Público.

Desse modo, este Órgão Ministerial entende que há elementos que indicam a
necessidade de atuação do TCDF, a fim de que sejam apurados os fortes indícios de prejuízo
aos cofres públicos decorrentes da execução de parcerias firmadas pela SECEC, ante a
existência de valores públicos aparentemente mais vantajosos do que aqueles adotados nos
cronogramas físico-financeiros dos Planos de Trabalho que deram azo à firmatura dos
Termos de Fomento nºs 115/2019 e 122/2019.

II – DO PEDIDO

Ante todo o exposto e considerando que esta Corte de Contas é competente para
apreciar a questão em comento, uma vez que a ela compete apurar denúncias sobre
irregularidade e ilegalidade de atos praticados pela Administração Pública, consoante o disposto
no art. 1º, § 3º e 76 da Lei Complementar nº 1/1994, bem como zelar pela correta aplicação da
22
“Art. 37. As compras e contratações de bens e serviços pela organização da sociedade civil com recursos
transferidos pela administração pública distrital deverão adotar métodos usualmente utilizados pelo setor
privado, garantida a observância dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
da economicidade e da eficiência.”
23
“Art. 28. A administração pública distrital convocará a organização da sociedade civil classificada e habilitada
para apresentar o plano de trabalho, do qual deverão constar os seguintes elementos:
(...)
§ 3º O exame da compatibilidade dos custos indicados no plano de trabalho com os valores praticados no mercado
será realizado pela administração pública, por meio de pesquisa que poderá considerar:
I - preços públicos referentes a contratações similares em sistemas públicos de compras;”
24
“Art. 41. O pagamento de despesas com equipes de trabalho somente poderá ser autorizado quando
demonstrado que tais valores:
(...)
III - são compatíveis com o valor de mercado da região onde atua a organização da sociedade civil e não
ultrapassem o teto da remuneração do Poder Executivo distrital;”
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QUARTA PROCURADORIA

Lei e dos recursos públicos, o Parquet requer ao Plenário que:

I – conheça da presente Representação e determine seu processamento em autos


específicos, uma vez que estão presentes os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 230, § 2º, do RITCDF;

II – conceda prazo de 30 dias à Secretaria de Estado de Cultura e Economia


Criativa e ao Sr. Rafael Jo Vasconcelos Carneiro, servidor do Gabinete da Vice-
Governadoria do Distrito Federal, para que apresentem esclarecimentos a
respeito dos fatos narrados, com fundamento no art. 230, § 7º, do RI/TCDF; e

III – encaminhe o processo à percuciente Unidade Técnica para promover a


instrução dos autos, sobretudo no que tange ao exame dos valores praticados nos
Termos de Fomento celebrados pela jurisdicionada no exercício de 2019 para
realização do Réveillon de 2019 e à existência de falta funcional possivelmente
praticada pelo servidor mencionado no parágrafo anterior.

Brasília, 18 de fevereiro de 2020.

Marcos Felipe Pinheiro Lima


Procurador-Geral

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