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Sócrates nunca escreveu nada. Não há livros ou discursos elaborados escritos pelo
filósofo grego que iniciou a racionalidade desmitificando os deuses e discutindo
o logos em vez da phisis. Tudo que há sobre Sócrates foi divulgado
por Platão ou Xenofonte. No texto a ser resenhado hoje, temos um discurso excelente
sobre como Sócrates trabalhava a questão de ética e verdade para ele. O que o
condena, mesmo quando amigos pedem para que ele pense na vida e não somente em
ser justo.
O grande filósofo sempre deixou claro que a busca pelo conhecimento deveria ser
direito de todos. Ele discutia com qualquer um que quisesse saborear um pouco de sua
sabedoria e isso muitas vezes incomodava os poderosos (o que não é diferente hoje
em dia). Em praça pública – Ágora -, ele passava os dias conversando e debatendo
sobre quaisquer assunto com qualquer pessoa, sem preconceito ou arrogância. Muito
que era observado em sua filosofia era a questão da sua fala ser direcionada
pela Ironia e Maieutica, conduzindo a conversa entre questionamentos até o
interlocutor conferir o parto de uma ideia mais correta e racional. Mas sua conduta
não era bem vista, pois instigava a juventude a argumentar, questionar, analisar,
refletir e, acima de tudo, pensar. Além de incitar os jovens na discussão filosófica,
Sócrates também questionava os velhos deuses e isso o fez pagar um caro preço. Seu
julgamento foi pautado em cima dessas questões e a sentença foi a de beber cicuta.
O livro segue como forma de diálogo entre Sócrates e seus acusadores, Meleto em
especial. O começo é constituído de sua defesa e podemos acompanhar o filósofo e
Meleto discutindo sobre o que foi feito de errado e pelo réu, enquanto esse tenta
argumentar de forma contrária, expondo a contradição de seus acusadores. A escolha
de Sócrates é sempre pela verdade e pelo discurso ético. Sem aceitar renunciar tudo o
que já ensinou e deixando claro o quanto seus interlocutores estão equivocados,
aceita a morte no lugar de desvirtuar seus conceitos e viver conforme as leis
corrompidas que insistem em o punir