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Desenho

Técnico
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; MONTEIRO, Cláudio Vinicius Barbosa.
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Desenho Técnico. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro.
Maringá-PR.: Unicesumar, 2018.
256 p. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
“Graduação - EAD”.

Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
1. Desenho 2. Técnico . 3. Engenharia 4. EaD. I. Título. Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação
ISBN 978-85-459-1705-2 e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de
CDD - 22 ed. 604.2
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho,
Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros,
Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey,
Impresso por: Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi, Fotos Shutterstock.

Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues


Galan e Fabio Augusto Gentilin.
Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Revisão Textual Érica Fernanda Ortega e Cíntia
Prezoto Ferreira.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Bruna Stefane Martins Marconato e
Isabela Mezzaroba Belido.
Ilustração Marta Kakitani, Marcelo Goto e Mateus
Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
WILSON DE MATOS SILVA MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
WILLIAM DE MATOS SILVA dos celulares.
PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
Janes Fidélis Tomelin
PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Kátia Coelho
DIRETORIA DE GRADUAÇÃO
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- E PÓS-GRADUAÇÃO
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita Leonardo Spaine
DIRETORIA DE PERMANÊNCIA
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas Débora Leite
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) ao mundo do desenho técnico, matéria


primordial quando tratamos sobre a formação nas áreas de engenharia
e tecnologia! Nesta matéria, aprenderemos como um engenheiro deve
construir, ler e interpretar as representações de peças e edificações, pois
trataremos das formas de se representar os objetos ao nosso redor.
Em nossa jornada, iniciamos tratando de diferenciar os tipos de desenhos,
vamos falar sobre o desenho artístico e o desenho técnico, e vamos verificar
que, para as representações tecnológicas, nos é indicado a utilização do
desenho técnico, mas que para construí-lo cabe ao engenheiro utilizar-se
da Geometria e de Instrumentos de desenho para aplicar as técnicas que
irão traduzir os objetos para desenhos que possam ser compreendidos
enquanto linguagem por qualquer pessoa capaz de interpretá-las.
Na sequência, trataremos mais profundamente sobre essas técnicas, a pon-
to de subdividir nosso estudo em formas diferentes de projetos; quanto a
seu nível de acabamento e detalhamento, veremos ser possível construir
projetos utilizando todos os instrumentos de desenho ou apenas esboços
a mão livre que permitam a transmissão de uma ideia ou peça para que,
mais tarde, ela se torne um projeto completo.
No caminho para obtenção desse projeto, o livro explicará, de modo simples,
quais os cuidados necessários para obtenção de representações normaliza-
das para o desenho técnico, como as projeções ortogonais e as perspectivas
axonométricas. Apresentaremos, aqui, as técnicas para obtenção desses
desenhos e sua relação com os projetos. Veremos quais os cuidados devem
ser tomados para que os dados de dimensionamento e texto sejam expostos
de forma satisfatória.
Nesse ponto, nosso assunto se ramifica para explicar, de modo mais apro-
fundado, questões que afloram no desenrolar de alguns projetos, por exem-
plo, trataremos de normas que regem processos de construção em desenhos
técnicos de máquinas, processos para construção de projetos elétricos e
ainda para obtenção de plantas baixas e projetos civis de arquitetura, pois,
apesar de usarem as mesmas técnicas de desenho, eles possuem suas normas
específicas para cada caso e têm peculiaridades que devem ser obedecidas.
Todo o processo é tratado, até esse momento do livro, pela ótica do desenho
clássico, mas, como sabemos, esse tipo de desenho atualmente serve como
base para os desenhos computacionais. Tratamos nos capítulos finais deste
livro sobre os comandos e processos de tradução e obtenção desses proje-
tos por meios eletrônicos, que são feitos por meio de comandos e técnicas
utilizadas em um programa de desenho técnico assistido. Não por acaso,
em nosso livro, escolhemos o programa computacional mais utilizado por
engenheiros e arquitetos, o AutoCAD.
Acreditamos, dessa forma, munir você, caro(a) aluno(a), dos conhecimentos
necessários para utilizar o desenho técnico em sua profissão, mas lembre-se
que este livro é apenas o início de uma caminhada, em que o conhecimento
nessa área deve estar em constante aprimoramento. Bons estudos!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro


Mestre em Engenharia Química na área de Catálise pela UEM (2016), Especialista em Gestão
Ambiental pela UEM (2011) e Graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual
de Maringá (2008). Atuou como Engenheiro Químico em Indústria Sucroalcooleira no período
de 2009 a 2012. Atualmente, leciona no curso de Engenharia Química presencial em uma
Faculdade na cidade de Maringá/PR e presta serviço no ensino profissionalizante no Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI MARINGÁ, para as áreas de Produção Sucroal-
cooleira e Mecânica Automotiva. Atua como professor Formador produzindo material de
Desenho Técnico e ministrando aulas no curso de Engenharia de Produção e no curso Híbrido
de Engenharia da Unicesumar - EAD.
Para saber mais, acesse o Currículo Lattes, disponível em:
<http://lattes.cnpq.br/2268520626160453>.
Quando você encontrar este ícone no seu material de
estudo, fique atento(a), pois ele trará pontos de atenção
de fatos referentes ao conteúdo que está sendo discutido.

Quando você encontrar este ícone no seu material


de estudo, fique atento(a), pois ele trará explicações
de termos técnicos, a aplicação do conteúdo estudado
na prática ou de um conceito relacionado ao assunto.

Quando você encontrar este ícone no seu material


de estudo, fique atento(a), pois ele tratrá curiosidades
ou assuntos que estão ligados ao tema discutido.

Quando você encontrar este ícone no seu


material de estudo, esteja conectado(a) e inicie
o aplicativo Unicesumar Experience. Selecione
o ícone QRCode e aproxime seu dispositivo do
elemento com o código, pois ele trará vídeos
que complementam o assunto discutido.

Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo,


esteja conectado(a) e inicie o aplicativo Unicesumar Experience.
Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os
recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do
app para saber das possibilidades de interação de cada objeto.
Introdução ao
Desenho Técnico

13

Escalas e Cotagem

45

Teoria do Desenho
Projetivo

71
Desenho de
Perspectivas
Edificações

95 171

Sistemas de Software AutoCAD


Projeção Ortogonal (Interface Gráfica)

117 197

Software AutoCAD
Desenhos de
(Edição e
Projetos
Diagramação)

143 227
16 Planos de Projeção de Gaspard Monge
52 Padrão para a confecção de carimbo
87 Procedimento para construção de
circunferências em isométrica à mão livre
109 Construção de circunferências em vista
Cavaleira
134 Representação de peça em 3º diedro
157 Representação em vista explodida
Queimador AF – Tipo T
177 Construção de um desenho em planta baixa
217 Exemplo de projeto em camadas layers
239 Camadas de um projeto

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Introdução ao
Desenho Técnico

PLANO DE ESTUDOS

Normas básicas da ABNT


Geometria e Técnicas de
voltadas para o desenho
Desenho
técnico

A origem do Desenho
Materiais utilizados no
Técnico e sua utilização nas Símbolos e Convenções
Desenho Técnico
Engenharias

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Introduzir a importância do Desenho Técnico para as mais • Expor técnicas Geométricas de Desenho que facilitarão a
diversas áreas da Engenharia. construção e conferência de Desenhos Técnicos.
• Apresentar as normas mais usuais no processo de cons- • Visualizar e Compreender os símbolos e definições de
trução do Desenho Técnico. Desenho Técnico mais comuns.
• Descrever e praticar o uso adequado dos materiais de
Desenho Técnico.
A Origem do Desenho
Técnico e sua Utilização
nas Engenharias

Seja bem-vindo(a) ao mundo da representação


gráfica ou Desenho Técnico, a princípio parece-
rá uma matéria de média complexidade, mas a
prática irá indicar que se trata de uma aventura
instigante! É importante que você saiba que esse
conteúdo é imprescindível no dia a dia de qual-
quer Engenheiro, desde aqueles que utilizarão os
conceitos desta matéria apenas para entendimen-
to de vistas explodidas em manuais técnicos, até
aqueles que utilizarão as técnicas para construir os
mais diversos projetos de máquinas e edificações.
Para introduzir a unidade, iremos diferenciar
o Desenho Técnico de outras formas de repre-
sentação, como o Desenho Artístico. Já podemos
adiantar que uma das principais diferenças en-
contram-se na premissa de que o segundo não
utiliza conceitos algébricos e matemáticos para
sua construção. Além desses conceitos, veremos,
ainda, nesta unidade introdutória, que algumas
normas permeiam a construção do desenho e são
ditadas por uma associação de normas técnicas.
A princípio, conheceremos aqui as normas essen-
ciais para a construção de desenhos.
Ainda no caminhar de nossa jornada, iremos
conhecer, aprender como utilizar e quais cuidados
devemos ter com materiais de Desenho Técnico.
Nessa parte da unidade, construiremos as formas
convencionadas pela norma, como traços, circun-
ferências e hachuras. Na sequência, aprenderemos
as técnicas geométricas de construção de figuras,
que são aplicadas não apenas em desenho técnico,
mas no dia a dia de várias engenharias. Com a
prática, o aprimoramento dessas técnicas resul-
tará em um melhor entendimento do desenho
computacional.
Para encerrar, trataremos de conhecer os sím-
bolos e as convenções mais comuns em Desenho
Técnico e veremos a aplicação desses símbolos em
projetos de engenharia.
O primeiro passo já foi dado! O croqui do pro-
jeto de um novo engenheiro está na mesa, basta
que você, aluno(a) de Desenho Técnico, finalize
esse projeto. E então, vamos lá?
A necessidade de representar o que via ou as Figura 1 - Taça representada em vitral
ideias para ferramentas, máquinas e edificações,
por meio de figuras sempre foi uma constante na
raça humana. A essa técnica de representação por
meio de traços foi dado o nome de Desenho. Ela
veio se desenvolvendo e transformou-se em arte;
os objetos foram sendo representados conforme
eram percebidos pelos desenhistas. Entretanto,
isso ocasionou diferenças de percepções, o que
pode ser observado conforme as figuras ao lado.
Apesar das Figuras 1 e 2 representarem um
mesmo objeto, a taça, os desenhistas imprimiram,
em seus trabalhos, suas peculiaridades e especifi-
cidades; ambos poderiam estar observando uma
mesma mesa em que se encontrava uma taça, mas
cada um deles representou-a de maneiras distin-
tas, com cores e traços distintos. Figura 2 - Taça representada em natureza morta 

UNIDADE I 15
A representação gráfica desse objeto não per- O desenho técnico, tal como se conhece hoje,
mite que alguém que tenha posse dessas obras re- foi desenvolvido graças ao matemático francês
produza os objetos ali representados com suas reais Gaspard Monge (1746-1818). Os métodos de re-
dimensões. Isso resultou em dificuldade por um presentação gráfica que existiam até aquela época
longo período de tempo, pois não bastava apenas não possibilitavam transmitir a ideia dos objetos de
que o inventor ou construtor fizesse um desenho forma completa, correta e precisa (SENAI, 1997).
ou esboço de sua máquina ou peça, mas também O matemático imaginou uma forma de repre-
que ele desse detalhes falados sobre sua construção sentar todos os objetos em suas reais dimensões,
e funcionamento. Mais do que isso, nem sempre era comprimento, largura e profundidade, todas sobre
possível ao dono do projeto estar à disposição do uma mesma prancha de desenho que possui apenas
construtor em todo tempo e lhe passar todas as in- duas dimensões, a saber: comprimento e largura.
formações necessárias para a confecção do projeto. A ideia de Gaspard consistiu em representar as
Com o advento da Revolução Industrial, essa faces dos objetos por meio de linhas que as pro-
necessidade de definição de regras para desenhos jetavam nos planos, ou seja, uma peça com duas
de projetos tornou-se ainda mais evidente, então, faces deveria ter dois desenhos representativos,
os engenheiros e projetistas foram gradativamente uma com seis faces, seis desenhos representativos,
criando normas e regras para a confecção de de- e assim sucessivamente. Para a obtenção das pro-
senhos que pudessem exprimir orientações e téc- jeções dessas faces, ele procedia girando a peça em
nicas para construção e montagens de máquinas um plano perpendicular ao seu plano de referência
e edificações. A partir desse momento, passa-se a e fazia a nova projeção até que todas as faces da
diferenciar o desenho artístico do desenho técnico. peça estivessem representadas. Esse método ficou
Em nosso curso, trataremos apenas do Desenho conhecido como Geometria Descritiva ou Geome-
Técnico, pois é ele o responsável por indicar ordens tria Mongeana. Observe a Figura 3, que demonstra
claras para a produção de peças. o método utilizado por Monge:

Representação de um
Representação de um objeto de acordo
objeto
Figura 3 - Planos de Projeção de Gaspard de acordo com os princípios da
Monge
Fonte: SENAI (1997). com os princípios da geometria descritiva
geometria descritiva

16 Introdução ao Desenho Técnico


Esse método, que passou a ser conhecido como envolvidas para a produção do desenho. Logo,
Método Mongeano, é usado na Geometria Des- os desenhistas resultantes desses cursos estavam
critiva, e os princípios da Geometria Descritiva muito mais próximos de matemáticos do que de
constituem a base do desenho técnico. engenheiros. Na atual conjuntura, a situação mu-
Todo o processo de desenvolvimento e criação dou consideravelmente, pois, hoje, com o advento
dentro da engenharia está intimamente ligado dos programas de desenhos computacional, os
à expressão gráfica. O desenho técnico é uma desenhistas podem focar-se muito mais nas me-
ferramenta importante, trazendo, muitas vezes, lhorias tecnológicas de seus projetos ao invés de
soluções gráficas que podem substituir cálculos. focar-se nas técnicas para a obtenção de traçados.
Apesar da evolução tecnológica e dos meios São três os campos envolvidos no processo de
disponíveis pela computação gráfica, o ensino de leitura e produção de projetos, eles se complemen-
desenho técnico ainda é imprescindível na for- tam e, quando interagem de forma equilibrada,
mação de qualquer modalidade de engenharia e resultam em projetos de qualidade. Os campos são
afins, pois, além do aspecto da linguagem gráfica os seguintes: o código, as técnicas e a geometria,
que permite que as ideias concebidas por alguém sendo que o primeiro consiste nos desenhos de
sejam executadas por terceiros, o desenho técnico símbolos convencionados, como, por exemplo, o
desenvolve o raciocínio, o senso de rigor geomé- símbolo de diâmetro, que consiste na letra grega
trico, o espírito de iniciativa e de organização. ∅, que foi convencionada sendo o valor do diâ-
Para desenvolver trabalhos na área de orçamen- metro. O segundo campo compreende as técnicas
to e especificação de materiais, os profissionais das de desenho ortogonal desenvolvidas ao longo do
mais diversas áreas da Engenharia devem saber ler tempo, bem como os instrumentos e os programas
um projeto para compreendê-lo em seus detalhes de desenho desenvolvidos, tanto é que essas téc-
e, assim, quantificar com precisão os itens necessá- nicas são constantemente utilizadas e reutilizadas
rios para a sua viabilização. Por exemplo, se estiver desde a prancha de desenho até os programas
avaliando um fluxograma de produção, deverá ter computacionais. O terceiro campo compreende
condições de ler de forma acertada a posição dos as ideias matemáticas subentendidas no desenho
equipamentos e reconhecer o fluxo dos produtos técnico, elas auxiliam na construção dos desenhos
dentro da área produtiva, além de corrigir possíveis e na obtenção de novas técnicas.
cruzamentos de fluxo de produtos existentes. Se for Os três campos se comunicam durante o pro-
trabalhar na execução de obras, deverá saber ler o cesso de construção de projetos e se complemen-
projeto para poder realizá-lo de forma fidedigna, tam. Por exemplo, ao representar um cilindro visto
conforme indicam as especificações. pela lateral, utilizamos o símbolo convencionado
Antigamente, ao se propor um curso de Dese- da cota do diâmetro mas, para facilitar o entendi-
nho Técnico, os engenheiros aprendiam técnicas mento, vamos utilizar a técnica de projeção orto-
geométricas de como obter as figuras desejadas; gonal de uma segunda vista; durante essa técnica,
muito da parte de produção tecnológica era dei- utilizaremos os conhecimentos geométricos de
xada de lado em face das técnicas matemáticas construção de linhas paralelas.

UNIDADE I 17
Normas Básicas da ABNT
Voltadas para o
Desenho Técnico

Quando os primeiros equipamentos e edificações


foram sendo construídos, cada construtor, inven-
tor ou engenheiro prático, fazia seu projeto con-
forme sua vontade. Isso resultou em projetos das
mais diferentes formas e representações, muitos
deles utilizavam materiais de baixa resistência e
durabilidade, o que colocava em risco a vida dos
que utilizavam o imóvel ou máquina em ques-
tão. Para regular esse processo de modelagem e
construção é que os países viram a necessidade
da criação de normas que norteariam os projetos.
No Brasil, a norma regulamentadora é a ABNT
– Associação Brasileira de Normas Técnicas –,
outros países também criaram suas normas re-
gulamentadoras: os americanos seguem a ASA
(American Standart Association), e os alemães
fazem uso em seus projetos da DIN (Deutsch
Industrie Normen), mas todas essas normas uti-
lizam como fonte a norma ISO (International
System Organization).

18 Introdução ao Desenho Técnico


A Norma Brasileira que define os tipos de Os tipos de detalhamento estão classificados
Desenho Técnico possíveis é a NBR 10647, e por complexidade, sendo o componente o de me-
sua divisão encontra-se na Figura 4. Segundo o nor complexidade e o conjunto a união desses
organograma a seguir, os projetos diferem com componentes. O detalhe ficou definido como a
relação ao aspecto, projetivo ou não, bem como peculiaridade que precisa ser representada com
com relação à elaboração, que está organizada mais afinco em um componente. A norma ainda
daquela que requer menor cuidado com a norma regulamenta os tipos de material no qual um de-
(Esboço) até a que precisa segui-la rigorosamente senho pode ser feito, sua forma de elaboração e
(Desenho definitivo). de execução:

Quanto ao Aspecto Quanto à Quanto ao Quanto ao Material,


Geométrico Elaboração Detalhamento Execução e Obtenção

Desenho não-
Projetivo: Material:
Esboço; Croqui Componente giz, lápis,
• Diagramas tinta, carvão
• Esquemas
• Fluxogramas
• Nomogramas
Execução:
• Organogramas
à mão livre ou
• Gráficos Desenho preliminar Conjunto
computacional
(máquina)
Desenho
Projetivo: Obtenção:
original ou
• Projeções Desenho definitivo Detalhe reprodução
Ortogonais (cópia, redução
• Perspectivas ou ampliação)

Figura 4 - Organograma dos tipos de Desenho Técnico


Fonte: o autor.

UNIDADE I 19
Materiais Utilizados no
Desenho Técnico

Assim como em toda ocupação, no Desenho Téc-


nico, o material de trabalho e os cuidados que se
deve ter com ele são de extrema importância, isso
porque a qualidade do projeto resulta das técnicas
aplicadas e da habilidade que o projetista tem com
os equipamentos de desenho.
Os principais objetos e materiais a serem uti-
lizados durante esse tópico seguem ao final deste
parágrafo. Ao final dessa lista, nós veremos quais as
formas corretas de uso e os cuidados que devemos
ter com a manutenção e a limpeza de cada objeto:
• Mesa ou Prancheta de Desenho.
• Papel (Padrão A).
• Lápis ou Lapiseira.
• Grafites (H, HB, B).
• Borracha Macia.
• Régua T ou Régua Paralela.
• Régua Graduada.
• Escalímetro.
• Esquadros de 30, 45 e 60°.
• Compasso.
• Fita Crepe.
• Flanela e Álcool (Limpeza).

20 Introdução ao Desenho Técnico


Mesa ou Prancheta de Esses modelos são amplamente utilizados, pois
Desenho aceitam bem o grafite, o nanquim e tintas em ge-
ral. Atualmente, devido ao grande número de pro-
Nada mais é do que o lugar onde iremos colar jetos computacionais, grande parte dos projetos
nossa prancha de desenho, por esse motivo, deve feitos em padrão A4 são aceitos em papel sulfite.
possuir superfície plana e limpa. Há, no merca- Para a fixação do papel na prancheta utiliza-se
do, alguns modelos de prancheta que possuem a fita crepe. Devemos, primeiramente, cortar 4
inclinação variável, outros possuem gavetas para tiras de fitas de aproximadamente 10 cm e, na
guardar e organizar os materiais de desenho. O sequência, colar as bordas superiores para, então
tampo da mesa ou prancheta deve estar a, pelo finalizar, colando as inferiores.
menos, 70 cm do solo. É de grande valia para o Outra técnica consiste em apoiar a régua T
desenhista adquirir o modelo de prancheta com sobre a folha, fazendo com que o limite superior
régua paralela embutida, pois, assim, não haverá do papel fique paralelo à borda superior da régua.
a necessidade da utilização de Régua T na con- Em seguida, fixa-se o papel no canto superior es-
fecção de seus projetos. querdo e nos demais cantos.
Ao colar a fita, o desenhista precisa esticar o
papel na direção desejada, de forma que este fi-
que o mais encostado possível na prancheta, pois
isso evitará que o papel fique frouxo, dificultando,
assim, a utilização das réguas e esquadros e, por
consequência, o desenho de traçados.
O formato usado é o baseado na norma NBR
10068, denominado A0 – trata-se de uma folha
com 1 m². Todos os formatos seguintes são pro-
porcionais: o formato A1 tem metade da área do
formato A0, e assim sucessivamente. A Tabela 1
mostra o tamanho das pranchas de acordo com
o padrão A0.
Tabela 1 - Tamanhos das Pranchas

Figura 5 - Prancheta de Desenho Técnico Prancha Altura (mm) Largura (mm)


A0 841 1189
A1 594 841
Papel (Padrão A) e Fita Crepe
A2 420 594

O papel utilizado para a confecção dos projetos é A3 297 420

o sulfurize ou manteiga, eles são recomendados, A4 210 297


pois são opacos ou transparentes. O sulfurize é A5 148 210
vendido em rolos ou folhas de tamanho padrão.
Fonte: o autor.

UNIDADE I 21
Lápis, Lapiseiras e Grafites

O lápis e a lapiseira têm graus de dureza diferentes; por exemplo, caso


deseje uma ponta mais fina, deve-se trabalhar com grafite de maior
dureza, já para pontas mais rombudas, utiliza-se grafite mais macio.
Nós utilizaremos, em nosso curso, lápis com grafite de dureza
média, ou seja, HB, mas caso deseje realizar traçados mais finos,
comum nos esboços, pode-se utilizar um grafite H.
Para lapiseiras, recomenda-se usar grafites de diâmetro 0,5 ou
0,3 mm para traços finos e 0,7 mm para traços fortes. É importante
que a lapiseira tenha uma ponteira de aço, com a função de proteger
o grafite da quebra, quando pressionada ao esquadro, no momento
do desenho.
Os lápis são classificados em macios (B), médios (HB) e duros
(H), Os lápis devem estar sempre apontados, de preferência com
estilete (ARRUDA, 2004).
A classificação das durezas é dada de acordo com a Tabela 2.
Tabela 2 - Dureza dos lápis

Padrão Dureza Padrão Dureza Padrão Dureza

7B Macio B Médio 4H Duro


6B Macio HB Médio 5H Duro
5B Macio F Médio 6H Duro
4B Macio H Médio 7H Duro
3B Macio 2H Médio 8H Duro
2B Macio 3H Médio 9H Duro

Fonte: o autor.

Borracha

As borrachas utilizadas em projetos de desenho devem ser macias


para que não rasguem as pranchas quando utilizadas. A forma para
apagar traços é segurando o papel com a mão esquerda e fazer
movimentos com a borracha da esquerda para a direita.
As borrachas mais indicadas são as sintéticas, naturais brancas
ou as específicas. Evite o uso de borrachas para tinta, que geralmente
são mais abrasivas para a superfície de desenho e, por consequência,
podem levar a alguma rasura no trabalho.
Régua T ou Régua Paralela

A régua paralela é a régua que percorre a pran- A régua paralela surgiu depois da régua T, que era
cheta no sentido vertical (para cima e para bai- utilizada para a mesma finalidade. Ela é confeccio-
xo), destinada ao traçado de linhas horizontais nada em acrílico cristal, sendo fixada na prancheta
paralelas entre si no sentido do comprimento da por meio de parafusos e cordoamentos de nylon
prancheta. Serve, também, de base para o apoio especial. O comprimento da régua paralela deve ser
dos esquadros para traçar linhas verticais ou com um pouco menor do que o da prancheta. Enquanto
determinadas inclinações. a régua paralela é presa, a régua T é móvel.

Régua “T” Régua “Paralela”

Figura 6 - Exemplo de Régua T e Paralela


Fonte: UFES ([2018], on-line)1.

Régua Graduada

Tem a função de medir e auxiliar no desenho de Nos casos em que o projetista não tenha à
linhas retas, portanto, deve ser de boa qualidade disposição uma Régua T, ou mesa com Régua
e não ter deformações ou rebarbas em seus vérti- paralela, podemos utilizar um procedimento de
ces. É o principal instrumento para marcação das construção de retas paralelas, ao alinhá-la com a
medidas dos desenhos. margem do papel ou prancha.

Figura 7 - Régua Graduada

UNIDADE I 23
Esquadros Ao construir grandes circunferências, devemos
utilizar alongadores de compasso, ou esticarmos
Comumente usados para traçar linhas em ângulos. suas pernas por meio de articulações presente no
Quase sempre são pares de 2 esquadros, um isós- meio do material.
celes com 45° e outro esquadro escaleno 30°/60°. A Outros modelos de compasso podem ser en-
combinação de ambos permite obter vários ângu- contrados para venda, mas não são tão comuns
los comuns nos desenhos, bem como traçar retas quanto o que utilizaremos, são eles os compassos
paralelas e perpendiculares, quando utilizados em de mola, compasso bomba, utilizado em circun-
união com a Régua T ou Régua Paralela. ferências de pequenas dimensões e os compassos
de redução, que convertem escalas na construção
de suas circunferências.
Compasso Para a utilização de compassos em papel sul-
furize, recomenda-se colar um pequeno pedaço
Material muito comum para desenho técnico, é de fita crepe no centro da circunferência que se
composto por uma ponta seca metálica e outra deseja traçar, com o intuito de evitar que a ponta
ponta com grafite de média dureza, é utilizado seca do instrumento rasgue a folha e inutilize o
na construção de circunferências e para transpor projeto, ao final do traçado, retira se a fita sem
medidas lineares. maiores danos a sua representação.
Ao comprar um instrumento desse, devemos
verificar se ele está calibrado, para tanto, basta que
suas pontas se toquem ao fecharmos o compasso, a Escalímetro
ponta metálica é chamada de ponta seca, enquanto
a ponta com grafite, de úmida. Essa ponta deve ser O escalímetro é um instrumento na forma de um
lixada para manter o traço do instrumento. prisma triangular que possui 6 réguas com dife-
rentes escalas. Ele possibilita criar desenhos ou
representar objetos em uma escala maior ou me-
nor, dentro das medidas necessárias, conservando
a proporção entre a representação do objeto e o
seu tamanho real.
O tipo mais comum de escalímetro é o trian-
gular, com 6 escalas à disposição do desenhista.
Essas escalas são as mais utilizadas em desenho
técnico e, por esse motivo, os escalímetros faci-
litam a construção dos desenhos. A régua gra-
duada pode ser utilizada como escalímetro de
escala 1:100, e podemos verificar isso alinhando o
escalímetro com a graduação da régua. As outras
escalas são todas de redução e múltiplos de 5, a
Figura 8 - Exemplo de Compasso de pernas fixas e arti-
saber 1:20,1:25,1:50,1:75,1:100 e 1:125 .
culadas

24 Introdução ao Desenho Técnico


O escalímetro não deve ser utilizado no
traçado de linhas. Emprega-se apenas
para medições, evitando-se o desgaste das
marcações das escalas. As linhas devem
ser traçadas com o auxílio dos esquadros
ou da régua T.

Figura 9 - Escalímetro

UNIDADE I 25
Geometria e Técnicas
de Desenho

Para obter pranchas de qualidade e em tempo há-


bil, os projetistas desenvolveram técnicas de dese-
nho e utilizam relações geométricas que facilitam
a confecção de algumas formas. Munidos daquilo
que já aprendemos nos tópicos anteriores, iremos
ver, agora, algumas técnicas de desenho técnico e
de geometria que facilitarão a utilização dos ins-
trumentos de desenho para a obtenção de formas.

Noções de Geometria Básica


para Desenho Técnico

Muitas das formas geométricas utilizadas nos


projetos de desenho técnico podem ser obtidas
por meio de relações geométricas entre retas, se-
mirretas e curvas. Essas relações facilitam a vida
do projetista, que, se souber como utilizá-las, pode
economizar tempo na confecção de seu projeto
e evitar cálculos desnecessários, finalizando o
projeto em menor tempo. Na sequência, veremos
quais as principais relações geométricas utilizadas
em desenho técnico.

26 Introdução ao Desenho Técnico


Encontrar uma Linha que seja O motivo de a abertura do compasso ser maior
Equidistante aos Pontos A e B que a metade, deve-se ao fato de que, se fosse me-
nor, não haveria cruzamento entre as circunferên-
Primeiramente, deve-se colocar a ponta seca do cias e, se fosse igual, teríamos apenas um ponto e
compasso no ponto A, e com a abertura maior não seria possível construir a reta. Aqui, a Geome-
do que a metade da distância entre A e B, traçar tria Euclidiana confirma a Geometria Analítica,
uma circunferência; na sequência, com a mesma que diz ser necessário ao menos dois pontos para
abertura, traçar outra circunferência com centro definir uma reta.
em B. Para finalizar, ligar os pontos em que as Com a prática, verá que não é necessário traçar
circunferências se cruzarem. circunferências inteiras para encontrar os pontos.
Usa-se somente um traço onde, provavelmente, es-
tará o ponto. O cruzamento desses traços do com-
passo é chamado informalmente de “borboleta”.
Ao traçarmos uma linha ligando os pontos A
A e B e cruzando a linha resposta no ponto M, tere-
mos uma perpendicular e dividiremos o segmen-
to AB em 2 partes iguais, ou seja, os segmentos
AM e BM; o ponto que divide esse segmento em
2 partes iguais é chamado de ponto médio, e a reta
que o define é chamada de mediatriz.
Mais do que isso, é interessante observar que
esse procedimento também é válido para a cons-
trução de perpendiculares a retas nos desenhos.
B Veja a Figura 11.

Figura 10 - Procedimento para traçar uma linha equidis-


tante a dois pontos conhecidos
Fonte: Arruda (2004).
M
A linha demarcada na Figura 10 representa todos
os pontos em que há equidistância; isso ocorre,
pois, de acordo com a geometria, a circunferência é
o objeto em que todos os pontos externos possuem
a mesma distância do centro, ou seja, são equi-
B
distantes. Ao se traçar duas circunferências com
centro nos pontos de interesse e raio maior que a
metade da distância entre os pontos, encontrare- Figura 11 - Procedimento para dividir um segmento de reta
mos dois lugares geométricos que definirão uma em 2 partes iguais e encontrar a mediatriz (ponto médio)
reta – resposta dos pontos equidistantes a A e B. Fonte: o autor.

UNIDADE I 27
Traçar a Bissetriz de um
Ângulo Qualquer

Bissetriz nada mais é do que a linha que divide Além da bissetriz, outros tipos de linhas e pon-
um ângulo qualquer de valor 2α em dois ângu- tos são definidos com base nas relações entre os
los de mesmo valor α. Com abertura qualquer triângulos, dentre os quais podemos destacar:
do compasso e ponta seca no vértice do ângulo mediatriz, mediana, baricentro e encentro. Para
dado, traçar um arco que corte seus dois lados conhecer esses conceitos, acesse o link que segue:
nos pontos E e F. Na sequência, com ponta seca Disponível em: <http://objetoseducacionais2.
em E e depois em F, traçar outros dois arcos que mec.gov.br/bitstream/handle/mec/10396/
se cruzem no ponto G. geo0300.htm>.
A linha que liga o vértice B do ângulo com o
ponto G é a bissetriz. Observe o procedimento
conforme Figura 12.
Dividir um Ângulo Reto em 3
A Partes Iguais

Utilizaremos, aqui, o conceito matemático de que


F a soma dos ângulos internos de um triângulo
α equilátero é igual a 60°. Com um compasso em
uma abertura qualquer, deve ser traçado o arco
B DE com centro no ângulo reto; então, com a mes-
G
ma abertura, mas com centro em D, será marcado
α
o ponto H no arco, e repete-se o procedimento,
E mas com centro em E, e agora se obtém o ponto
G. Observe o procedimento na Figura 13.
C
A
Figura 12 - Procedimento para dividir um ângulo em 2
partes iguais e encontrar a bissetriz
Fonte: o autor.

Ao observar esse procedimento, o aluno pode D G


concluir que o procedimento anterior, para divi-
são de um segmento em 2 partes iguais, é também
H
um procedimento de encontro de bissetriz; no
caso em questão, a bissetriz do ângulo de 180°,
ou seja, a mediatriz, nada mais é do que um caso X B E C
específico de bissetriz, a bissetriz do ângulo reto. Figura 13 - Procedimento para dividir um ângulo reto em
Essa técnica é de grande valia, pois é válida para 3 partes
Fonte: SENAI (2005).
qualquer ângulo.

28 Introdução ao Desenho Técnico


Traçar uma Paralela a uma
Distância Conhecida da Reta AB

O procedimento a seguir, caro(a) aluno(a), pode Existem, hoje, aplicativos que ensinam de for-
ser utilizado para desenhos de edificações com ma lúdica e rápida os conceitos de desenhos
paredes paralelas, bem como para a confecção de geométrico, um deles é o Euclidea, que leva o
linhas paralelas de fluxogramas produtivos. Ob- usuário a testar seus conhecimentos geométri-
serva-se que esse procedimento é semelhante ao cos, desafiando-o a encontrar as mais variadas
procedimento de traçado de uma mediatriz, mas, soluções para os problemas euclidianos. Teste
neste caso, definimos um ponto definido para a seus conhecimentos instalando esse aplicativo
construção da linha e, no primeiro caso, cons- disponível em: <https://play.google.com/store/
truímos a linha em função dos pontos definidos. apps/details?id=com.hil_hk.euclidea&hl=pt_BR>.
O procedimento inicia-se com a marcação de
dois pontos equidistantes na semirreta AB, com
centros conhecidos, a saber: C e D. Encontrados
os pontos equidistantes, devemos centrar o com- Circunferência Tangente a
passo nesses pontos e, com aberturas maiores do Duas Retas (Concordância)
que o raio utilizado para marcação destes, marcar
um novo ponto acima de C e D. Esta representação aparece em muitos desenhos
Ao ligarmos esses pontos a C e D, teremos duas técnicos, por exemplo, onde uma peça tem seus
retas ortogonais, logo, para finalizar o procedi- cantos “aliviados” para minimizar os esforços me-
mento, abrimos o compasso com o tamanho de- cânicos. A concordância também surge em peças
sejado da distância entre as duas linhas paralelas fundidas, onde não se consegue cantos agudos
e marcamos os pontos E e F nas linhas ortogonais. sem haver um trabalho de usinagem. Em projetos
Ao ligar os pontos E e F, nós obteremos uma arquitetônicos, também é útil para a confecção de
reta paralela à semirreta AB, conforme mostra a esquinas em quadras de áreas de estoque ou pro-
Figura 14. dução, ou mesmo curvas onde passarão máquinas
Essa técnica confirma o teorema geométrico de movimentação.
que diz que, se temos duas retas, p e q, ortogonais
entre si, e q e r, ortogonais entre si, então p e r serão R
paralelas entre si.
R

E F
r
s

0 R
T
A B T’
C D

Figura 14 - Procedimento para traçar retas paralelas


Fonte: SENAI (2005). Figura 15 - Procedimento para traçar circunferência tan-
gente a 2 retas
Fonte: Arruda (2004).

UNIDADE I 29
O Procedimento para traçado de circunferência concordante é o
que segue:
• Dadas as retas “r” e “s”, trace uma paralela a “r” a uma distância
R, definindo um lugar geométrico de todas as circunferên-
cias de raio R tangentes a “r”. Faça o mesmo com a reta “s”. A
interseção das retas é definida como “O”.
• Com o compasso centrado em “O” e abertura de tamanho
R, determine os pontos de tangência T e T’.
• Apague as linhas que não serão necessárias ao projeto.

Construir um Hexágono Regular

O hexágono possui a propriedade de ter seus lados com o mesmo


tamanho do círculo que o inscreve.
O Procedimento para obtenção dele é o que segue:
• Trace uma circunferência cujo raio é o tamanho de um dos
lados do hexágono. Essa é a circunferência na qual o hexá-
gono estará inscrito.
• Trace a reta AB passando pelo centro do círculo e cruzando
a circunferência em dois pontos quaisquer.
• Defina a posição dos vértices do hexágono com o compasso
aberto no mesmo tamanho do raio e, com centro no ponto
A, encontre os vértices C e D; repita o procedimento para o
ponto B e encontre os vértices E e F.
• Ligue os vértices encontrando os lados do hexágono e apague
as linhas desnecessárias.

C E

A 1 B

D F
Figura 16 - Procedimento para a construção de hexágono regular
Fonte: SENAI (2005).

30
As linhas horizontais devem ser feitas com auxílio
da régua paralela ou régua T, sempre da esquerda
para a direita. Para as linhas verticais, dever-se-
-á utilizar o esquadro apoiado na régua paralela,
O procedimento feito anteriormente é muito útil formando um ângulo de 90° com esta. As linhas
na construção de desenhos de peças mecânicas deverão ser feitas sempre de cima para baixo.
com parafusos sextavados vistos de cima, basta
que o projetista saiba a medida de uma face do
parafuso para realizar sua representação.

Técnicas para construção de


Traçados com esquadros e
Réguas
Figura 17 - Direção indicada para o traçado de linhas
Fonte: o autor.
Para a aplicação dessas técnicas construtivas, é
necessária uma mínima destreza no manuseio Para a boa confecção de um desenho, os traços
dos instrumentos, por isso, a prática do desenho devem apresentar regularidade em toda sua ex-
tem início com trabalhos em traçado. No começo tensão. Assim, a uniformidade do traçado deve ser
desse trabalho, é importante ter conhecimento de minuciosamente observada, devendo ser mantida
que a lapiseira deve ser mantida entre os dedos a espessura escolhida, do início ao fim, sem que
polegar, indicador e médio, enquanto o anular e haja interrupções, como pedaços de traço apa-
o mínimo apoiam na folha. A pressão exercida gados ou não completados. As linhas contínuas
na lapiseira deve ser constante e firme, mas não não devem ultrapassar os cantos ou deixar de al-
excessiva, para evitar sulcos no papel. cançá-los; os diversos traços de uma linha trace-
jada devem ter comprimentos aproximadamente
iguais e ser equidistantes.
Para facilitar a confecção dos traços e dimi-
nuir, ao máximo, a necessidade de completar as
Tenha sua dose extra de linhas ou apagar as sobras, recomenda-se marcar
conhecimento assistindo ao a medida com a régua graduada no traço antes de
vídeo. Para acessar, use seu fazer o traço vertical. Observe a Figura 19 para
leitor de QR Code. entender o procedimento.

UNIDADE I 31
Figura 18 - Procedimento para obter linhas ortogonais com esquadro e régua (1ª parte)
Fonte: o autor.

Primeiro, traça-se a linha na horizontal; na se- Uso de Esquadro e Régua


quência, marca-se a distância com a régua gra- Paralela
duada e lápis.
A utilização correta dos esquadros em desenho
técnico é de fundamental importância para a ob-
tenção da precisão necessária. Esses instrumentos
são utilizados para o traçado de linhas horizontais
e verticais e podem servir, também, como apoio.
O traçado de retas paralelas ou perpendiculares à
determinada direção pode ser realizado moven-
do-se um esquadro apoiado sobre o outro que
permanece fixo.
Os esquadros podem ser utilizados, também,
para o traçado de linhas em ângulos determinados
Figura 19 - Procedimento para obter linhas ortogonais com
(30º, 45º, 60º e outros). Um recurso para o traçado
esquadro e régua (2ª parte)
Fonte: o autor. de linhas com ângulos diferentes é a combinação
dos esquadros, apoiados, como nos exemplos a
Apague a linha restante com a borracha e, na seguir (Figura 20). Quando dispomos de régua
sequência, utilize o esquadro para traçar a linha paralela, esta, além de apoiar o traçado de linhas
vertical faltante. horizontais, serve como apoio aos esquadros.

32 Introdução ao Desenho Técnico


90º

30º 45º

60º

15º

75º

Figura 20 - Posição dos esquadros de desenho


Fonte: o autor.

Divisão de uma reta utilizando Esquadros

Nesse processo, partimos de uma reta qualquer e a dividimos com base em uma outra conhecida,
construída e dividida com auxílio de régua graduada. Devemos, primeiro, partindo da extremidade
da reta AB, traçar uma outra reta BC de comprimento conhecido; depois disso, dividimos essa reta em
quantas partes desejarmos, no nosso exemplo, utilizou-se 5 partes iguais. Ligamos, então, os vértices
finais da reta AB e BC, formando o segmento AC, a partir daí, basta alinhar os esquadros com a reta
AC e ir construindo linhas paralelas a ela nos pontos anteriormente definidos, veja a figura:

UNIDADE I 33
C Tabela 3 - Polígonos Regulares e seus ângulos internos

Número Ângulo
Polígono de lados Interno

Triângulo Isósceles 3 60

Quadrado 4 90
A B
Hexágono 6 60

Figura 21 - Procedimento para a divisão de reta utilizando Octógono 8 45


esquadros
Fonte: Arruda (2004). Dodecágono 12 30

Fonte: o autor.

Construindo Polígonos • Trace o primeiro lado do polígono e mar-


Regulares com os Esquadros que seu comprimento com o compasso.
• Trace os lados adjacentes a esse polígono
Aproveitando os ângulos dos esquadros e sabendo com os esquadros, marcando o mesmo
dos ângulos de alguns polígonos regulares, pode- comprimento com o compasso.
mos construí-los com facilidade: • Continue até fechar o polígono.

Traçado de Arcos (À Mão Livre)

O melhor caminho para desenhar circunferências ou arcos à mão livre é marcar previamente, sobre
linhas perpendiculares entre si, as distâncias radiais e, a partir daí, fazer o traçado do arco, conforme
mostra a Figura 22 (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2003).

Figura 22 - Procedimento de confecção de arcos à mão livre


Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro. (2003).

34 Introdução ao Desenho Técnico


Símbolos e
Convenções

Os desenhos e projetos obedecem a algumas con-


venções e regras que têm como intuito facilitar o
entendimento e padronizar as formas de repre-
sentar determinadas formas geométricas, então
foram propostas convenções, entre as normas,
para determinados assuntos.
Agora, vamos introduzir alguns desses sím-
bolos e convenções, que serão revisitados em um
momento mais oportuno, mas que se fazem im-
portante verificar antes de entrarmos na unidade
que tratará do desenho técnico propriamente dito.

UNIDADE I 35
Linhas

O tipo e a espessura de linha indicam sua função no desenho.


Tabela 4 - Tipos e Funções de linhas

TIPO FUNÇÃO
Contínua larga – arestas e contornos visíveis de peças, caracteres,
indicação de corte ou vista.
Contínua estreita – hachuras, cotas.
Contínua à mão livre estreita (ou contínua e “zig-zag”, estreita) – linha
de ruptura.

Tracejada estreita – lados invisíveis.

Tracejada larga – planos de simetria.

Traço e ponto larga – planos de corte (extremidades e mudança de


plano).

Traço e ponto estreita – eixos, planos de corte.

Traço e dois pontos larga – peças adjacentes.

Fonte: o autor.

Cores Caracteres

Para as linhas representadas em desenhos técni- As letras, em desenho técnico, são definidas por
cos, deve-se prezar pela utilização de grafite ou meio de normas da ABNT e devem ser escritas em
tinta na cor preta. Esse tipo de definição não é caixa alta delimitada por linhas paralelas e verti-
regra, afinal de contas, para diferenciar as linhas, cais que formam ângulos retos entre si. Também
costumamos utilizar cores diferentes. podemos utilizar os normógrafos para construir
Caso utilize em seu projeto um padrão de co- as letras sem muitas variações; mas, atualmente,
res, esse padrão deve ser descrito em uma legenda, com a utilização de projetos computacionais, elas
próxima à região do carimbo: na frente de um são previamente digitadas.
quadrado pintado com a cor da linha, deverá vir A caligrafia deve ser legível e facilmente dese-
descrito qual o significado dela. nhável. Essa técnica consiste em desenhar letras
com inclinação de 75 graus à direita, conforme os
exemplos na Figura 23.

36 Introdução ao Desenho Técnico


4 1 2 3 3 2 1 2
1 2 1 1 1 1 1 2 1
3 4 3 3
5
3
3
2 2 2

2 3 3
1 1 1 1 21 2 1 2 1 1 2 1
3
3
2 3 2 2
3 4
2

2 1
1 1 2
3 1 21 2 3 4 1 2 1 2
1 3
3
2
3 2

1 2 2 1 4 1
1 2 2 1 1 2 1 2
1 1 1
2 2 2

3 3 4
2 3

Figura 23 - Procedimento de confecção de arcos à mão livre


Fonte: adaptada de Ferreira et al. (2008).

Cota • Para melhorar a interpretação da medida,


usam-se os seguintes símbolos:
A cota deve ser realizada da seguinte forma: • ∅ - Diâmetro.
• Acima e paralelamente às suas linhas de • R – Raio.
cota, preferivelmente no centro. • - Quadrado.
00
000

• Quando a linha de cota é vertical, colocar • ∅ ESF – Diâmetro esférico.


a cota preferencialmente no lado esquerdo. • R ESF – Raio esférico.
• Quando estiver cotando uma meia-vista,
colocar a cota no centro da peça (acima Os símbolos de diâmetro e quadrado podem ser
ou abaixo da linha de simetria). omitidos quando a forma for claramente indicada.
• Não repetir cotas, salvo em casos especiais. Chegamos ao final de nossa primeira unidade
• Não usar qualquer linha do desenho como e você já é capaz de fazer seus primeiros projetos
linha de cota. utilizando algumas das técnicas de desenho aqui
• Evitar que uma linha de cota corte uma apresentadas. Vimos, nesta unidade, um pouco
linha auxiliar. sobre o desenvolvimento e aprimoramento das
• Não esperar de quem for ler o desenho técnicas de desenho e seus ramos, como a divisão
que faça somas e subtrações: cotar todas do ramo em Desenho Artístico e Desenho Téc-
as medidas e as dimensões totais. nico. Vimos, ainda, que o Desenho Técnico pode
• Evitar cotar linhas ocultas. ser subdividido levando em conta seu grau de
• Evitar cotas dentro de hachuras. elaboração, se é ou não projetivo, além de outras
variáveis expostas na unidade.

UNIDADE I 37
Conhecemos quais os materiais essenciais na sua mesa de trabalho, fizemos propostas de cuidados
e utilização correta dos materiais de desenho, que são o cerne do desenho Clássico. Esses cuidados
devem ser tomados visando a correta confecção dos projetos que faremos na sequência.
Após conhecermos um pouco de nossas ferramentas enquanto engenheiros projetistas, aprendemos
técnicas que remontam à época da Grécia Antiga e se apoiam em técnicas matemáticas –tratam-se dos
processos geométricos; vimos que eles podem ser úteis não só na aplicação de desenho técnico, mas
também na engenharia aplicada no dia a dia.
Foi interessante aprender que nem sempre se faz necessária, ao bom projetista, a necessidade de
régua graduada, pois essas técnicas garantem, por igualdade matemática, que as divisões serão exatas.
Findamos nossa primeira caminhada, aprendendo um pouco sobre os principais sinais e conven-
ções utilizados no Desenho Técnico, quais os símbolos representativos de diâmetros, as técnicas para
construção de letras com tamanhos similares, os tipos de representação para raios, seções quadradas
e cotas. Esses assuntos foram introdutórios para a próxima unidade, em que veremos, mais a fundo,
os processos de cotagem.
Ao final dessa primeira caminhada, acreditamos ter construído o conhecimento de forma clara e
concisa, formando, assim, projetistas com uma base sólida de conhecimentos primordiais ao desen-
volvimento de projetos.

38 Introdução ao Desenho Técnico


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Complete as lacunas conforme seus conhecimentos de técnicas de projeção:


“Segundo o método de Gaspard Monge, os raios projetantes são _________ que
atingem a folha de forma _________ e representam as dimensões ______ de um
objeto”.
a) Retas - paralela - ampliadas.
b) Linhas - ortogonal - ampliadas.
c) Curvas - perpendicular - reais.
d) Retas - perpendicular - reais.
e) Linhas - ortogonal - reduzidas.

2. Dentre a lista de materiais a seguir, quais fazem parte do grupo de materiais


essenciais para construção de projetos à mão livre.
I) Lapiseira, Régua, Esquadros, Escalímetro, Esfuminho e Fita Crepe.
II) Lapiseira, Régua Graduada, Prancheta, Esquadros e Escalímetro.
III) Lápis, Borracha, Papel, Prancheta, Esquadro e Régua Graduada.
IV) Régua T, Régua Graduada, Curva Francesa, Esquadro, Escalímetro e Trans-
feridor.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

39
3. Os projetistas utilizam-se, muitas vezes, de técnicas de geometria para construir
projetos de peças e edificações. Dentre os projetos a seguir, assinale V para os
desenhos que podem ser obtidos pelos respectivos métodos geométricos e F
para os que não podem:
(( ) Construção de paredes a partir do procedimento de construção de linhas
paralelas.
(( ) Desenho de parafusos sextavados por meio do procedimento de construção
de bissetriz.
(( ) Construção de peças arredondadas pelo procedimento de circunferência
tangente a retas.
(( ) Construção de peças arredondadas pelo procedimento de divisão de reta em
2 partes iguais.
(( ) Desenho de parafusos sextavados por meio do procedimento de construção
de hexágono regular.
Assinale a alternativa correta:
a) V-V-V-V-V.
b) V-V-V-F-F.
c) F-F-F-F-F.
d) F-V-F-V-F.
e) V-F-V-F-V.

40
WEB

Quando tratamos sobre o principal responsável no desenvolvimento da técnica


de projeção ortogonal, não nos aprofundamos na importância e vida de Gaspard
Monge. Essa biografia encontra-se disponível no blog Matemática na veia.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

41
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10068. Folha de desenho – Leiaute e dimensões –
Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10647. Desenho Técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

ARRUDA, C. K. C. Apostila de Desenho Técnico Básico. Campos dos Goytacazes: UCAM, 2004.

FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho Técnico. Goiânia: UFG, 2008.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico. Lorena:
USP, 2003.

SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecâ-
nico. São Paulo: LTC, 1997.

______. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Traçados de Caldeiraria. Vitória: LTC, 2005.

REFERÊNCIA ON-LINE

¹Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeoccAH/apostila-desenho-tecnico>. Acesso em: 10 jul. 2018.

42
1. D.

2. B.

3. E.

43
44
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Escalas e Cotagem

PLANO DE ESTUDOS

Dimensionamento Tipos de cota

Escalas Regras para cotagem

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Trabalhar a transformação de escalas e calcular os valores • Apresentar as regras usuais de cotagem para os projetos
equivalentes para estas. em Desenho Técnico.
• Definir a melhor dimensão de representação de projetos • Visualizar os tipos de cotas possíveis e definir onde eles
em desenho por meio de escolha de escala. podem ser utilizados.
Escalas

Estimado projetista, as técnicas apresentadas até o


momento o tornaram capaz de construir projetos
de representações planas, com extrema fluidez,
ficando somente em aberto a questão da repre-
sentação das medidas desses objetos no desenho.
O assunto seguinte irá sedimentar nossa ideia
de representação geométrica, mostrando a for-
ma correta para a representação de objetos de
dimensões muito maiores ou muito menores que
a prancha. Calcularemos a escala de representa-
ção apropriada para o projeto e veremos como
calcular medidas reais a partir de um projeto de
escala conhecida.
Nesta unidade, iremos apresentar as regras
para cotagem, que são similares tanto para re-
presentações planares quanto para representações
tridimensionais. Na sequência, aprenderemos
conceitos que serão muito úteis na nossa próxima
unidade, na qual trataremos de representações em
programas computacionais de desenho.
Conforme já foi abordado em nosso curso,
desde muito cedo, houve a necessidade de re-
presentar de forma concisa os objetos que nos
rodeiam, mas, já nos primeiros projetos, os de-
senhistas esbarraram em um “pequeno” detalhe:
o tamanho.
Para resolver essa situação, foi pensado em realizar o desenho em
escala. A escala de um desenho é a relação entre as dimensões deste
e as dimensões da peça real que está sendo representada. O tipo de
escala mais comum é aquele que naturalmente ocorre quando se
trabalha com as medidas no sistema métrico. Observe a Tabela 1,
que relaciona as grandezas para a conversão do metro em unidades
maiores e menores.
Tabela 1 - Tabela para conversões de unidades lineares de comprimento
Quilômetro (Km) Metro (m) Centímetro (cm) Milímetro (mm)

1 1000 100 000 1 000 000


0,1 100 10 000 100 000
0,01 10 1 000 10 000
0,001 1 100 1 000
Fonte: o autor.

Observe que todas as medidas, quando relacionadas em centíme-


tros, aumentam em 100 vezes quando comparadas com o metro,
então, se desejarmos representar um metro em uma folha de 30
cm, seria mais apropriado dividir seu valor por 100 e representá-lo
como 0,01 m, ou 1 cm, ou em linguagem de escala 1:100.
Se realizamos um desenho na escala 1:100, significa que cada
dimensão representada no desenho será 100 vezes maior na rea-
lidade, ou seja, cada 1 (um) centímetro que medirmos no papel
corresponderá a 100 (cem) centímetros na realidade, ou um metro.
Muitas vezes não é interessante representar uma peça e reduzir
tanto o seu tamanho ou, ainda, existem algumas peças que possuem
dimensões muito menores que a da prancha de desenho, por esse
motivo, existem escalas que são mais usuais para o desenho, e elas
se dividem em:
• Escala de redução: utilizada quando se trata de objeto com
tamanho maior que a prancha de desenho. No caso das edi-
ficações, terrenos ou bairros residenciais, as escalas utilizadas
na sua representação são normalmente escalas de redução
devido a sua grandeza. Representação: 1/10 ou 1:10
• Escala de ampliação: usada para objetos de dimensão
muito menor que a prancha de representação, neste caso,
as dimensões da peça real são ampliadas para representá-la
no desenho. Imagine uma agulha ou mesmo um peque-
no parafuso de um celular que, para serem representados
e visualizados mais facilmente, precisam ser ampliados. A

UNIDADE II 47
representação é: 10:1 ou 10/1. Aqui, há uma inversão na ordem dos fatores de escala, isso porque
na fração escalar O NUMERADOR REPRESENTA A MEDIDA DO DESENHO, E O DENO-
MINADOR, A MEDIDA DO OBJETO.
• Escala natural: utilizada em objetos de tamanhos semelhante à prancha, aqui não há necessidade
de cálculos de conversão, pois a medida a ser desenhada é a mesma da peça. Representação 1:1.

Além dos possíveis valores de escala definidos por meio das transformações de unidades, existem al-
gumas escalas que são convencionadas e definidas para o desenho técnico, essas escalas são as mesmas
que se encontram em seu escalímetro e seguem a ordem da Tabela 2.
Tabela 2 - Tabela com as principais escalas de Conversão

Tipos de escala Escalas recomendadas


20:1 50:1 100:1
Ampliação
2:1 5:1 10:1
Real 1:1
1:2 1:5 1:10
1:20 1:50 1:100
Redução
1:200 1:500 1:1000
1:2000 1:5000 1:10000
Fonte: Francesconi (2010).
Para o cálculo das medidas a serem representadas nessas escalas, devemos utilizar a regra de três sim-
ples, conforme será demonstrado no exemplo a seguir:
Representar uma parede de 3 metros na escala de 1/50 em uma prancha com 297 mm x 211 mm.
Primeiramente, devemos colocar tanto a medida do objeto quanto a medida da página na mesma
unidade, logo (papel = 29,7 cm x 21,1 cm e parede = 300 cm), agora, utilizamos uma regra de três para
o fator de escala desejado:

1 cm no desenho ------------- 50 cm da peça


X cm no desenho ---------- 300 cm da peça
X= 6 cm no desenho

Então, cada 6 cm no desenho corresponde a 3 m de parede.


Também precisamos marcar, em nossos projetos, qual a escala em que a peça foi representada, nor-
malmente esse dado encontra-se no carimbo no canto inferior direito da prancha. Imagine, agora, que
você representou um desenho obedecendo a uma escala em sua prancha de A4, mas não se lembra em
qual escala foi desenhado o projeto. Existem duas formas de descobrir, em se tratando de uma escala
comum de ampliação ou redução. A primeira é medir com o escalímetro alguma linha de seu projeto
e, no local onde os valores do escalímetro e do comprimento coincidirem, coincidirá também a escala;
a outra forma é calculando de forma proporcional direta. Observe:

48 Escalas e Cotagem
Certo aluno de Engenharia projetou uma roda
com diâmetro de 5 cm em sua prancha. Para des-
cobrir a escala em que representou, ele mediu a
roda e descobriu que ela tinha 40 cm. Descubra Os ajustes de escala, normalmente, solicitam do
a escala do projeto: projetista uma atenção maior ao que se refere
à conversão de unidades; para facilitar o pro-
cesso, existem muitos aplicativos que o fazem
medida do desenho 5 automaticamente, dentre eles, podemos citar o
Escala = = = 1: 8
medida do objeto 40 Calckit que, além de unidades métricas, também
faz conversões de unidades de energia, calor,
Logo, a escala do projeto é 1/8, ou seja, uma escala viscosidade, dentre outras. O link para instalação
de redução. encontra-se na sequência:
Disponível em: <https://play.google.com/store/
apps/details?id=com.ivanGavrilov.CalcKit>
Dimensionamento

Cabe ao desenhista escolher o formato adequado,


no qual o desenho será visto com clareza. Todos os
formatos devem possuir margens: 25 mm no lado
esquerdo, 10 mm nos outros lados (formatos A0,
A1 e A2) ou 7 mm (formatos A3 e A4). Também
se costuma desenhar a legenda no canto inferior
direito, veja na Figura 1 (ARRUDA, 2004).

Carimbo (Legenda ou Selo)

O carimbo deve conter toda a identificação do dese-


nho: nome do proprietário ou empresa para o qual
o projeto será realizado; número de registro, título
e escala do desenho; nome dos responsáveis pelo
projeto e execução; assinaturas; e data e número da
prancha. A legenda deve ter comprimento 178 mm
nos formatos A4, A3, A2, e 175 mm nos formatos A1
e A0. A posição da legenda deve ser no canto inferior
tanto em folhas horizontais quanto verticais.
O padrão de dimensionamento do carimbo va-
ria de acordo com a empresa ou área de atuação,
mas para efeitos didáticos em nosso curso, utiliza-
remos o padrão que segue, apresentado na Figura 2,
em que todas as medidas são dadas em milímetros:

50 Escalas e Cotagem
Figura 1 - Padrão para a confecção de margens
Fonte: o autor.

Figura 2 - Padrão para a confecção de carimbo


Fonte: o autor.

UNIDADE II 51
Definição da escala de
Projeto na prancha:

Ao representar qualquer figura, peça ou edifica- escolhermos uma escala que extrapole os limites
ção em uma prancha, precisamos, primeiramente, da prancha, o desenho ficará incompleto, caso
definir qual a melhor escala de enquadramento, a escolha da escala esteja subdimensionada, os
ou seja, o melhor dimensionamento para que os detalhes importantes do projeto, bem como a
responsáveis pela execução tenham facilidade de visualização correta de suas dimensões, ficará
entendimento do projeto. prejudicado.
Aqui, é essencial possuir conhecimento se- Considere que você recebeu a peça a seguir
guro dos conceitos apresentados anteriormen- e que esta deverá ser representada em papel A3
te, sobre escala; caso ainda haja alguma dúvida, (29,7 cm x 42,0 cm), logo, devemos dimensionar
retome o tópico trabalhado anteriormente. Se nosso desenho conforme o croqui:

Figura 3 - Padrão para a confecção de carimbo


Fonte: o autor.

52 Escalas e Cotagem
Observando esse croqui, vemos que a altura máxima será definida
conforme a distância que desejarmos manter entre as vistas; con-
siderando a distribuição das cotas e do nome da vista, é satisfatório
manter uma distância de 5 cm entre as vistas ortogonais. Devemos,
ainda, descontar as distâncias das margens para calcular as distân-
cias nas direções verticais e horizontais. No exemplo que segue,
iremos propor um desenho na escala natural 1:1, portanto, os valores
das dimensões da peça serão mantidos sem que se multiplique por
um fator de escala:
• Direção Horizontal:
15+5+8 = 28 cm < (42 - 3) cm que é o equivalente a 28/39
ou 71% de aproveitamento.
• Direção Vertical:
8+5+8 = 21 cm < (29,7 - 1,4) cm que é o equivalente a 21/28,7
ou 74% de aproveitamento.

Isto é, um ótimo dimensionamento para essa prancha. Os melhores


dimensionamentos estão acima de 50% de aproveitamento da área
disponível.

Ao realizar os dimensionamentos, verifique sempre se a peça a


ser projetada não será atingida pela área do carimbo, caso isso
aconteça, o valor da altura ou comprimento do carimbo deverá
entrar no cálculo de aproveitamento.

Observe o que ocorre quando tentamos ajustar uma escala maior,


2:1 por exemplo, ou uma escala menor, 1:2.

Escala 2:1 (Ampliação)


• Direção Horizontal: 2 x 15+5+ 2 x 8 = 51 cm > (42 - 3)
cm que é o equivalente a 51/39 ou 130%, extrapolando o
dimensionamento. Propondo uma redução da escala.
• Direção Vertical: 2 x 8 + 5 + 2 x 8 = 37 cm > (29,7 - 1,4)
cm que é o equivalente a 37/28,7 ou 129%, extrapolando o
dimensionamento. Propondo uma redução da escala.

UNIDADE II 53
Escala 1:2 (Redução) Dobragem:

• Direção Horizontal: 1/2 x 15 + 5 + 1/2 Toda folha com formato acima do A4 possui uma
x 8 = 16,5 cm < (42 - 3) cm que é o equi- forma recomendada de dobragem. Essa forma
valente a 16,5/39 ou 42%, indicando que o visa que o desenho seja armazenado em uma pas-
dimensionamento está insuficiente. Pro- ta que possa ser consultada com facilidade, sem
pondo uma ampliação da escala. necessidade de retirá-lo da pasta, e que a legenda
• Direção Vertical: 1/2 x 8 + 5 + 1/2 x 8 = esteja visível com o desenho dobrado.
13 cm < (29,7 - 1,4) cm que é o equivalente As ilustrações (Figura 6) a seguir mostram a
a 13/28,7 ou 45%, indicando que o dimen- ordem das dobras. Primeiro dobra-se na horizon-
sionamento está insuficiente. Propondo tal (em “sanfona”), depois na vertical (para trás),
uma ampliação da escala. terminando a dobra com a parte da legenda na
frente. A dobra no canto superior esquerdo é para
evitar de furar a folha na dobra traseira, possibili-
tando desdobrar o desenho sem retirar do arquivo.

Figura 4 - Padrão para a dobragem de pranchas


Fonte: Arruda (2004).

54 Escalas e Cotagem
Regras para
Cotagem

Segundo Ribeiro, Peres e Izidoro (2003), o dese-


nho técnico, além de representar, dentro de uma
escala, a forma tridimensional, deve conter infor-
mações sobre as dimensões do objeto represen-
tado. As dimensões irão definir as características
geométricas do objeto, dando valores de tamanho
e posição aos diâmetros, aos comprimentos, aos
ângulos e a todos os outros detalhes que com-
põem sua forma espacial.
Na unidade inicial, nós vimos alguns dos sím-
bolos comumente utilizados para cotagem; agora,
aprenderemos os detalhes e as técnicas envolvidas
nas representações das medidas das peças. Ob-
serve a Figura 5.

UNIDADE II 55
30 15 20
Linha auxiliar 10
de chamada

50
30

As setas indicam o 80 50
limite da linha de cota

25

20

R10
55

Linha de O valor da cota indica o


cota tamanho real do objeto

Figura 5 - Projeto cotado, com indicações das linhas de chamada e de Cota


Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro et al. (2003).

5,33
As cotas possuem, na sua grande maioria, dois tipos distintos de 5,33
linhas, a saber, uma linha de chamada ou auxiliar – que sempre será
ortogonal à medida que se deseja cotar e possuir a menor espessura
possível no desenho, ela deve chegar o mais próximo possível da
5,33
peça, mas deve evitar de encostar no desenho, isso porque podem 5,33
ocorrer erros de leituras ou confusão entre quais são as linhas do
desenho e quais são as linhas auxiliares – e as linhas de cota. Tanto
as linhas auxiliares (linhas de chamada) como as linhas de cota são
linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem ultrapassar
5,33
levemente as linhas de cota.
Nos casos de cotas em ângulos inclinados, as linhas de chamada
deverão ser ortogonais a essa medida e paralelas entre si. As linhas
5,33 5,3
de cota, por sua vez, são ortogonais às linhas auxiliares e encon-
tram-se próximas das extremidades das linhas auxiliares, e nas suas
extremidades deverá haver marcadores, as conhecidas flechas. Os
marcadores não se restringem apenas às flechas convencionais.
5,33 5,3
Outros exemplos de marcadores veremos a seguir:
Figura 6 - Tipos de marcadores de cota
Fonte: o autor. 5,3
56 Escalas e Cotagem
Os marcadores mais utilizados nos projetos de • Evitar cotar desnecessariamente: cotar
modo geral são os que possuem flechas cheias ou em apenas uma das vistas ortogonais,
vazadas. Os modelos à direita são mais comuns já que a repetição trará mais linhas ao
em projetos arquitetônicos. desenho, dificultando, assim, o seu en-
O valor da medida da peça deve vir centralizado tendimento.
na cota. Quando isso não for possível, deverá vir • Para facilitar a leitura do desenho, de-
alinhado à direita ou à esquerda da linha de cota. ve-se evitar a colocação de cotas refe-
Podemos, ainda, inserir o valor em uma caixa de renciadas às linhas tracejadas; a forma
texto para facilitar a leitura, mas esse é um elemen- correta é cotar essas linhas em outra
to opcional. O valor que deve vir marcado na cota vista, em que elas sejam visíveis ou em
é o tamanho da medida real, ou seja, mesmo que o um corte.
desenho esteja em escala de ampliação ou redução, • Deve-se evitar colocar cotas dentro dos de-
o valor corresponderá à medida real do objeto. senhos e, principalmente, cotas alinhadas
As cotas deverão ser distribuídas de tal forma com outras linhas do desenho, esse proce-
a facilitar o entendimento e a compreensão do dimento evita prováveis erros de leitura;
projeto. Devem representar todas as dimensões outro cuidado que se deve ter para melho-
necessárias e devem seguir algumas regras para rar a interpretação do desenho é evitar o
melhor organização do desenho (as regras serão cruzamento de linha da cota com qualquer
vistas na sequência de nosso estudo). outra linha.

30

30
30

20 20 20

Certo Não recomendado Errado


Figura 7 - Exemplo de Cotagem interna de desenhos
Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).

UNIDADE II 57
• As cotas de menor valor devem ficar por dentro das cotas de maior valor e, sempre que possível,
as cotas devem ser colocadas alinhadas.

70 60
60 70

50 20 30 50 20 50 50 30

Certo Errado
Figura 8 - Projeto cotado com e sem cruzamento de linhas auxiliares
Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).

• Os números que indicam os valores das são. A cota de 15±0,05 significa que, no
cotas devem ter um tamanho que garanta processo de fabricação, a dimensão da peça
a legibilidade e não podem ser cortados ou poderá variar de 14,5 até 15,5.
separados por qualquer linha. • Na cotagem de raios, o limite da cota é defi-
• Todas as cotas de um desenho devem nido por somente uma seta, que pode estar
ter os valores expressos em uma mesma situada por dentro ou por fora da linha
unidade de medida, sem indicação do de contorno da curva. O mesmo vale para
símbolo da unidade de medida utilizada. diâmetros, mas, dessa vez, com duas setas,
Também precisam obedecer a escala do internas ou externas à curva. Vale lembrar
desenho, mas as medidas das cotas serão que, para o raio, o valor da medida deve
os valores da medida do objeto. Caso uma vir precedido da letra R, e para o diâme-
das medidas deva ser feita obrigatoria- tro, o símbolo convencionado ∅, se a vis-
mente em outro sistema de unidade, o ta escolhida para a cota não representar a
símbolo dele deve vir indicado ao lado circunferência.
do valor da cota.
• Na cota de peças e equipamentos de pre- A Figura 9 traz, além do exemplo de cotagem de
cisão, deverá constar a tolerância de erro raio, os exemplos de tolerância dimensional e as
admissível para uma determinada dimen- medidas em unidades diferentes.

58 Escalas e Cotagem
+0,1
30 15 20 -

50 10
30

8cm 2’’

25
3/
4’’

R10
55

Figura 9 - Projeto com exemplo de cotagem de raios, tolerância dimensional e unidades de medida diferentes
Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).

• Os elementos cilíndricos sempre são di- 60º


mensionados pelos seus diâmetros e lo- 123º
calizados pelas suas linhas de centro, da
30º
mesma forma que os elementos de seção
quadrada, que serão representados com 33º
cotas das duas dimensões. Ex.: 25 x 25.
• Nas linhas de cota horizontais, o número
deverá estar acima da linha de cota; nas 143º
linhas verticais, o número deverá estar à
esquerda da linha de cota; nas linhas incli- 37º
nadas, deve-se buscar a posição de leitura.
• Na cotagem de ângulos, é traçada em arco Figura 10 - Forma para cotagem de ângulos
cujo centro está no vértice do ângulo. Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).

Quando ocorrer a impossibilidade do cruzamento


Tenha sua dose extra de das linhas auxiliares com as linhas do contorno do
conhecimento assistindo ao desenho, as linhas de cota serão interrompidas e o
vídeo. Para acessar, use seu número será indicado no meio da metade maior
leitor de QR Code.
de linha de cota.

UNIDADE II 59
Tipos
de Cota

Cotas Lineares (Horizontal,


Vertical e Inclinadas)

São os modelos de cotas mais simples e foram


tratados no início da unidade. As diferenças que
se fazem necessárias pontuar aqui resultam das
formas que essas cotas podem ser conjugadas.

Cotagem em Série

Na cotagem em série, as medidas são colocadas


uma na sequência da outra, isto é, o ponto de re-
ferência da cota à esquerda é o ponto final da cota
à direita. Esse tipo de cota é comum em projetos
de edificações com pontos elétricos igualmen-
te espaçados, ou peças em que as furações estão
equidistantes. Observe o exemplo:
O maior problema nesse tipo de representa-
ção ocorre na produção da peça projetada, pois
irão ocorrer pequenos erros para cada medida;
esses erros são provenientes do responsável na
execução do projeto, ou da máquina que ele está
utilizando para a construção da peça.

60 Escalas e Cotagem
Isso ocorre exatamente porque o referencial da peça varia de
acordo com a construção, logo, os projetistas pensaram em um
processo onde não houvesse variação do ponto de referência, daí
surgiu a segunda forma de representação de cotas lineares.

Cotagem em Paralelo

A cotagem em paralelo, ou por elemento de referência, tem como


ponto inicial de suas cotas o mesmo ponto de referência. Inicia-se o
procedimento cotando as menores distâncias, ou as distâncias mais
próximas do ponto de referência, e deve-se incluir as outras cotas
sobre as menores até que toda a peça na direção escolhida tenha
sido cotada, finalizando sempre com a cota da medida total da peça.
Conforme já foi mencionado anteriormente, a escolha do tipo
de cotagem está diretamente vinculada à fabricação e à futura uti-
lização do objeto e, como em quase todos os objetos existem partes
que exigem uma maior precisão de fabricação e também existem
partes que admitem o somatório de erros sucessivos, na prática, é
muito comum a utilização combinada da cotagem em paralelo e em
série em um mesmo projeto (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2003).
123

56

30
123
15

20 15 12 20 15 15 26 20

32

47

67

Figura 11 - Exemplo de cota em série e em paralelo


Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).

UNIDADE II 61
Cotagem de Cordas e Arcos Cotagem de Elementos
Equidistantes e/ou Repetidos
Ao cotarmos arcos em um desenho, devemos
marcar a linha de cota, não mais paralela à me- Segundo Ribeiro, Peres e Izidoro (2003), a cota-
dida, e sim em uma linha de cota com curvatura gem de elementos equidistantes pode ser simpli-
maior que a curvatura do desenho, mas com cen- ficada porque não há necessidade de se colocar
tro coincidente ao do desenho. O procedimento todas as cotas. Os espaçamentos lineares podem
é feito com o auxílio do compasso; constroem-se ser cotados indicando o comprimento total e o
duas retas tangentes à superfície da peça; no pon- número de espaços.
to em que elas são tangentes, desenham-se retas
14 - 6 Furos
ortogonais e, no cruzamento dessas duas retas,
encontra-se o centro do raio de curvatura.
Com o compasso aberto em um raio maior
que o da curvatura da peça, desenha-se a linha de
cota e escreve-se o valor do arco da peça sobre o
22
arco maior da cota.
20 110 (5x22)
Para a cotagem da linha do arco, procede-se
como nas cotagens lineares.
Figura 12 - Exemplo de cota de elementos repetidos e
equidistantes
Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003).
Cotagem de Ângulos,
Chanfros e Escareados Para evitar problemas de interpretação, é conve-
niente cotar um dos espaços e informar a dimen-
A cota de um chanfro ou de um ângulo é feita de são e a quantidade de elementos. Os espaçamen-
duas formas distintas: a primeira consiste em defi- tos equidistantes angulares podem ser cotados
nir o tamanho dos dois lados que foram retirados indicando somente o valor do ângulo de um dos
para a confecção do chanfro e a segunda consiste espaços e da quantidade de elementos; quando os
em definir o ângulo do chanfro e a distância de espaçamentos não forem equidistantes, será feita a
um dos seus lados. cotagem dos espaços, indicando a quantidade de
elementos (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2003).
Estamos, agora, finalizando nosso segundo
passo em direção ao vasto universo do desenho
técnico, perceba, caro(a) amigo(a) e futuro(a)
Cordas, arcos, calotas e segmentos circulares engenheiro(a), que aprendemos, nesta unidade,
são elementos de uma figura ou objeto circular vários conceitos e formas sobre como representar
que se relacionam com a superfície por meio do nossos projetos em dimensões reais, ou aplicá-los
ângulo e raio do objeto em questão. Os conceitos a uma relação de escala. Você pode observar que
desses entes geométricos são melhor definidos essa relação pode ser maior (ou escala de amplia-
em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/ ção) ou menor, também chamada de escala de
bitstream/handle/mec/10396/geo0500.htm>. redução. Isso nos auxiliará, e muito, nos projetos
de peças ínfimas ou peças gigantescas.

62 Escalas e Cotagem
Ainda no decorrer da unidade, foram apresentados formas e tipos de cotas, que são as linhas res-
ponsáveis por descrever o tamanho do objeto. Aprendemos alguns cuidados que devem ser tomados
ao dimensionar uma peça, dentre os quais podemos citar o de não colocar as unidades de medida na
cota, mas sim no carimbo, na região própria para isso; também aprendemos que não se deve cruzar as
linhas de cota e suas auxiliares, isso visando a melhor compreensão do projeto e para evitar a confusão
visual, que pode ocorrer entre as linhas da peça e de dimensionamento.
Agora, podemos dizer que conhecemos a forma correta de representar uma peça em um sistema
ortogonal, nosso próximo passo será tratar na próxima unidade sobre outros tipos de representação
e suas formas de expressão.

UNIDADE II 63
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Um engenheiro eletricista está projetando um novo circuito para um sistema


de controle de nível de um tanque. Nesse processo, ele recebe um esboço de-
senhado em escala. Esse esboço possui o desenho de capacitor, com 15 mm de
altura. Ao medir o mesmo capacitor, o engenheiro verifica que sua altura é de
5 mm. Portanto, utilizando seus conhecimentos sobre escala, ele concluiu que
o esboço foi desenhado na escala de:
a) 2:1.
b) 1:1.
c) 3:1.
d) 1:2.
e) 1:3.

2. Um engenheiro civil deseja projetar um supermercado com estacionamento


próprio. O dono do mercado quer que a planta baixa de seu mercado seja feita
em um papel A2 (240 mm x 594 mm) em orientação de paisagem com margens
padrão e sem carimbo, sabendo que o conjunto mercado e estacionamento
tem largura de 28 m e comprimento de 70 m, qual das escalas a seguir melhor
se ajusta a esse projeto?
a) 1:150.
b) 1:15.
c) 150:1.
d) 300:1.
e) 15:1.

64
3. Observe a figura a seguir e defina quais os tipos de cota devem ser utilizados
para exprimir todos as dimensões apresentadas:

SAÍDA

SE
R 01 TO
R
SETO 02

65
FILME

A ponte do rio Kwai


Ano: 1957
Sinopse: depois de liquidar suas diferenças com o comandante de um campo
de prisioneiros japonês, um coronel britânico coopera para supervisionar seus
homens na construção de uma ponte ferroviária para os seus captores - en-
quanto permanece alheio aos planos dos Aliados para destruí-la.

66
ARRUDA, C. K. C. Apostila de Desenho Técnico Básico. Campos dos Goytacazes: UCAM, 2004.

FRANCESCONI, T. Apostila de Desenho Técnico Teórico. Curitiba: UNIFESP, 2010.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico. Lorena:
USP, 2003.

67
1. C.

2. A.

3. Solução: devemos utilizar cotas lineares inclinadas para definir as dimensões das linhas do setor 01 e 02,
também utilizaremos cotas lineares verticais para as linhas da saída. Quanto às cotas circulares, devemos
utilizar cotas de arcos para os cantos aliviados na rotatória, e uma cota de raio ou de diâmetro para a
rotatória central, exprimindo, assim, todas as dimensões do esboço.

68
69
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Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Teoria do Desenho
Projetivo

PLANO DE ESTUDOS

Elaboração Representação de
de esboços superfícies curvas

A Importância do Representação de
Desenho Projetivo superfícies inclinadas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar a importância do Desenho projetivo como • Aperfeiçoar técnicas para representação de superfícies
pré-requisito na elaboração de um desenho. com inclinação definida.
• Confeccionar esboços em desenho técnico que visam • Aprimorar técnicas para representação de superfícies com
esclarecer os detalhes para a elaboração de projetos. inclinação curva.
A Importância do
Desenho Projetivo

Olá! Seja bem-vindo(a) à nossa terceira unidade.


Imagine como seria se tivéssemos que explicar
oral e detalhadamente nossas ideias geométri-
cas sobre peças e construções? Isso demandaria
um esforço imenso, não é mesmo? Por isso, nos
projetos, foram criados os processos de esboço e
projeto final que utilizam as técnicas e conceitos
aprendidos nos capítulos anteriores. Ao propor
uma construção de um objeto ou edificação,
o engenheiro pode utilizar das mais diversas
formas para construí-los. Entretanto, existem
procedimentos que facilitam o processo de ob-
tenção desses desenhos, e muitos desses proce-
dimentos vão se utilizar de técnicas de desenho
geométrico e dos materiais de desenho técnico.
Vamos entender, aqui, quais os processos que
ocorrem na formação de uma representação em
um projeto e as principais diferenças entre o
Desenho projetivo e os esboços. Aprenderemos,
também, técnicas para representação de figuras
com faces planas e curvas, além dos procedimen-
tos de construção desses entes geométricos.
Logo, esse capítulo servirá para suprir esse Segundo Silva et al. (2016), as formas mais
problema de expressão de ideias, afinal, já co- comuns de representação em desenho técnico
nhecemos as técnicas geométricas, agora nos resta são as vistas em projeções ortogonais e as vistas
aplicá-las de modo efetivo, vamos lá? Como dis- em perspectivas. Todo o processo de representa-
cutido anteriormente em nossa matéria, com o ção em desenho técnico baseia-se em transmitir
passar do tempo, o desenho técnico foi se de- os objetos em estudos por meio dessas projeções.
sagregando dos conceitos do desenho artístico Esses dois tipos de projeção são os mais es-
e passando a apresentar características mais colhidos, pois, no caso do primeiro, expressa
geométricas e exatas. Atualmente, essa ciência de forma bem clara e didática as dimensões,
é indiscutivelmente essencial para o desenvol- detalhes e construções presentes em um objeto,
vimento da sociedade. para tanto, dividindo essa representação em três
Não se imagina, hoje, algum tipo de proces- vistas chamadas de frontal, lateral e superior. Já
so produtivo em que o desenho projetivo não as vistas em perspectivas unem essas três vistas
esteja envolvido. Por exemplo, uma indústria ortogonais em uma única representação gráfica,
de peças para navios irá precisar de desenhos exprimindo diretamente ao leitor a correlação
projetivos dessas peças, além disso, as máqui- entre os elementos dos desenhos separados na
nas que fabricam as peças possuem manuais de projeção ortogonal.
instruções repletos de desenhos projetivos, e até Entretanto, para construir máquinas e pro-
mesmo o edifício em que se encontra a fábrica jetos de forma concisa, é necessário que ocor-
foi representado por meio do desenho projetivo. ra alguma discussão, ou mesmo reuniões e
O engenheiro, pontua Cunha (2004), inde- brainstormings, que são a exposição de ideias
pendentemente da área que atue, precisa ter só- em grupo, para criar as melhores condições
lidos conhecimentos de desenho projetivo, pois na confecção do desenho. Ao tomar esse tipo
seus auxiliares e técnicos de profissão conhecem de atitude, a equipe de trabalho ou desenhista
bem esses princípios e seria uma situação muito consegue se precaver de futuros problemas, no
desagradável se esse engenheiro estivesse frente momento da execução do projeto, evitando os
a um projeto e não soubesse interpretá-lo. chamados erros de projeto.
Para Silva et al. (2016), o processo de discus-
são dos projetos é dividido em quatro fases, sen-
do a primeira fase do desenho projetivo, conhe-
cida como Identificação do problema. Nessa
Os desenhos projetivos são elaborados para fase, os responsáveis pelo desenho projetivo vão
serem utilizados nos processos de construção buscar subsídios no mercado para elaboração de
de implantação de projetos. Normalmente con- seu projeto; em se tratando de produto, aqui se
sistem de uma representação em perspectiva, avaliam os estudos de mercado, entrevistas com
seguida de outra representação em vista orto- usuários do produto de versão antiga ou similar
gonal, onde as dimensões são dispostas; podem ao que se pretende lançar, aqui é necessário estar
se apresentar na forma de esboços ou projetos atento a todas as questões expostas pelo grupo
finais. de usuários, se possível colocá-las em ordem de

UNIDADE III 73
prioridade. No processo de construção de uma após finalizado. Para evitar problemas posterio-
edificação, é nessa fase que o engenheiro precisa res, é necessário manter uma relação satisfatória
estar ciente das necessidades do cliente, e quais entre o custo do produto a ser desenvolvido
as suas prioridades para esse projeto, por esse e a margem de lucro para esse produto, pois
motivo a importância de se manter um contato acontece em alguns dos casos que, devido aos
prévio com os clientes antes da execução do mais variados problemas surgidos na primeira
projeto final. fase, os desenvolvedores tentem saná-los, tor-
A segunda fase de elaboração de um desenho nando o equipamento ou edificação muito cara
projetivo compreende a fase de Desenvolvimen- e inatingível ao cliente. Por isso é importante
to do produto. Esta é a fase criativa do processo; retornar ao cliente, nas fases anteriores, e definir
aqui, com base nos dados coletados na etapa an- outras prioridades ou critérios diferentes para
terior e com os materiais ou espaço disponíveis, modificar o custo final.
o engenheiro irá propor as melhorias e modifi- Para avaliar as mais diversas possibilidades de
cações necessárias para implementação. É aqui problemas no processo de fabricação, a equipe de
que ocorrem as brainstormings necessárias para engenharia produz o que chamamos de Mode-
a compreensão do projeto; por mais exaustivo lo ou Protótipo. Nessa fase, o engenheiro quer
que seja, quanto mais discussão houver sobre o testar como se comporta seu produto perante
produto, melhor será o resultado final, de modo condições adversas. O modelo é muito utiliza-
a atender o cliente de forma satisfatória. Não do, pois seu custo de produção é bem menor
se deve desprezar nenhuma ideia, elas irão ser do que o do projeto final, além de que, se forem
o combustível para a próxima fase do projeto; descobertos os erros nessa fase, as reclamações
caso não esteja ocorrendo, pode-se buscar no- de clientes no momento em que o produto esti-
vamente o cliente para que este apresente novos ver finalizado serão bem menores e ocasionarão
problemas que possam ser sanados. É nessa fase menos gastos à indústria.
que entra em cena o desenho projetivo, aqui ele
é chamado de esboço, e se trata de um desenho
com um mínimo rigor técnico, mas sem tanto
acabamento quanto o projeto final.
A terceira fase é a fase do Compromisso. O Artigo, publicado na revista “Gestão de Produ-
Nessa fase, as ideias sobre o produto vão sedi- ção, Operação e Sistemas”, discute a aplicação
mentando e os esboços, que são revistos regular- dos métodos de criação de modelos e prototi-
mente, vão ganhando mais elementos técnicos pagem, além das vantagens desse processo na
e diminuindo a quantidade de anotações que criação de um novo produto.
surgiram na fase anterior. É nessa fase que se Leia em o artigo, disponível em: <http://www.
define os materiais que serão utilizados e quais revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/
os processos de fabricação. Também aqui são viewFile/819/455>.
calculadas as forças e resistência do conjunto

74 Teoria do Desenho Projetivo


Perceba, caro(a) colega, que no desenvolvimento
de um desenho projetivo, as fases vão se com-
plementando e retroalimentam-se, o que, em
muitos casos, podem aumentar o tempo gasto
para o desenvolvimento de novos equipamentos.
Uma forma bem prática de explicitar as fases aqui
discutidas está apresentada na Figura que segue:

FASE 01 -
Identificação do
problema

FASE 02 -
Desenvolvimento
do produto

FASE 03 -
Compromissos

FASE 04 -
Modelos

FASE 05 -
Construção do
projeto final

Figura 1 - Fases de um desenho projetivo


Fonte: adaptado de Silva et al. (2016).

UNIDADE III 75
Elaboração de
Esboços

Em alguns momentos de nossa profissão, vamos


nos deparar com situações em que as orien-
tações deverão vir dotadas de representações
visuais; nesses momentos, nós, engenheiros pro-
jetistas, nos utilizaremos dos esboços.
Os esboços são desenhos construídos à mão
livre, ou seja, em traçado simples, mas seguindo
uma normativa de construção. Eles precisam ter
uma representatividade que apresente a realidade
de forma correta, mas diferentemente dos pro-
jetos finais, eles servem para orientar as ideias.
Além de servirem para confecção de um projeto,
esses desenhos podem transmitir informações
importantes e sanar dúvidas durante a execução
de um grande projeto. Por exemplo, ao montar um
equipamento com muitas peças móveis, o torneiro
mecânico pode se utilizar de um esboço para sa-
nar dúvidas com um engenheiro mecânico. Esse
esboço, apesar de não possuir a rigorosidade de
um projeto final, serve na construção da peça, pois
o auxilia no entendimento do trabalho a ser feito.

76 Teoria do Desenho Projetivo


primento e da largura. Por se tratar de
um esboço, esses retângulos não terão
as medidas exatas, mas a prática de cons-
As técnicas de desenho técnico, para construção trução levará o desenhista a construí-los
de vistas em perspectiva ou projeção ortogonal, com tamanhos e escalas similares, além
devem nortear a construção dos esboços. O que disso, utilizar-se do paralelismo para
se admite nesse padrão de representação é uma construção desses retângulos geradores
liberdade com relação aos materiais de desenho facilita, e muito, o processo.
utilizado e a veracidade e retilineidade das ares- • Para desenhos tridimensionais ou em
tas construídas. perspectiva deve-se construir um parale-
lepípedo gerador do sólido. Esse elemento
precisa conter as maiores medidas desse
sólido, no comprimento, na profundidade
e na altura, e o fechamento deve ser feito
No processo de construção de desenhos à mão seguindo o paralelismo proposto. Aqui,
livre, costuma-se utilizar de alguns cuidados que também é válida a premissa de escolher a
foram pontuados por Silva et al. (2016), dentre os vista que melhor representa a peça como
quais, citamos: sendo a frontal. Veja na figura a seguir
• Antes de iniciar o desenho, devemos como se iniciaria um esboço de uma peça.
observar as dimensões da peça ou obje-
to, e escolher qual orientação de papel é
mais indicada: se RETRATO, lado maior
na posição na vertical, ou PAISAGEM,
com o lado maior na horizontal. Nessa
orientação, escolhe-se para esse objeto a
vista que melhor o represente e define-a
como vista frontal. Também é preciso es-
tudar qual a ordem de construção de seu
desenho, quantas das vistas da projeção
ortogonal serão necessárias para o enten-
dimento do esboço e quais as posições
desses desenhos na folha.
• Na vista definida como frontal, para as
projeções ortogonais, deve-se marcar um
retângulo, com traçado bem leve, com as
maiores medidas do sólido para altura e
comprimento; na vista lateral, as maiores
medidas devem ser as da largura e altura,
enquanto, na vista superior, constrói-se Figura 2 - Definição dos retângulos geradores e sólido Gerador
Fonte: o autor.
um retângulo com as medidas do com-

UNIDADE III 77
• Definida as regiões, o desenhista passa a desenhar os elementos presentes na peça, utilizando
esse posicionamento como referência, e construindo os elementos, um a um, e os representan-
do simultaneamente em todas as vistas, lembrando-se de que as arestas visíveis da peça sejam
representadas de forma contínua e as não-visíveis com linhas tracejadas. Agora, imagine que a
peça do exemplo possui um furo quadrado no centro e recortes quadrados do canto. A ordem
de construção seria a apresentada na figura que se segue:

Figura 3 - Representação dos elementos da peça nas vistas


Fonte: o autor.

• Para finalizar o desenho, deve-se refor- letra, basta construir três linhas auxilia-
çar o traçado da peça e construir outras res. Para as cotas utilizamos as linhas
linhas, como linhas de simetria ou de tracejadas que serviram na transferência
centro, caso haja necessidade. Também dos pontos, para construir as linhas auxi-
é nesse ponto que construímos as linhas liares de cota, então, unimos essas linhas
de cota e escrevemos os nomes das vistas e construímos um marcador de seta, ou
da peça, para escrever esses nomes, deve- um marcador simples, com uma linha
-se, logo abaixo da vista, fazer duas linhas inclinada a, aproximadamente, 45º, con-
paralelas e, então, escrever os nomes da cluindo o processo, escrevendo no centro
vista, mantendo entre as letra um espa- da cota o valor da medida. Finalizamos,
çamento o mais constante possível. Caso assim, nosso esboço, obtendo o seguinte
se deseje escrever em dois tamanhos de resultado final.

78 Teoria do Desenho Projetivo


Figura 4 - Resultado final para um esboço cotado
Fonte: o autor.

Veja que, apesar das imperfeições, resultado de um traçado a mão livre, o esboço serve como represen-
tação de uma peça e expressa, por si só, muitos dos detalhes nela contidos. O processo de construção
de esboços segue sempre essa rotina, entretanto, podemos nos deparar com algumas situações nesse
processo que necessite conhecer técnicas de construção, e é sobre elas que trataremos agora.

UNIDADE III 79
Representação
de Superfícies
Inclinadas

Para representar as superfícies inclinadas em um


esboço, devemos primeiramente, conhecer téc-
nicas para as construções de arestas; os tipos de
traços são os mesmos utilizados no desenho com
instrumentos, mas aqui temos algumas técnicas
que auxiliam na confecção. O primeiro cuida-
do que auxilia na construção é o de demarcar os
pontos de início e fim da aresta, eles servirão para
direcionar o traço representativo da linha, dimi-
nuindo o erro proveniente do traçado a mão livre.
Para construir uma linha reta e contínua,
segundo Cunha (2004), deve-se apoiar a mão
no papel e deslocá-la na mesma velocidade de
seu antebraço; para que isso ocorra de modo
facilitado, mantenha seu pulso firme, entretanto
ele deve correr pelo papel. Ao se desenhar uma
linha com a mão levantada, sem apoiar sobre
o papel, essa linha ficará com muitas irregula-
ridades; já se fixarmos o pulso num único ponto
e fizermos o traçado, ocorre que o final da linha
pode ficar curvilíneo, um pouco mais baixo que
o ponto de seu início.

80 Teoria do Desenho Projetivo


O procedimento de construção dessas linhas define que o desenhista deve fixar o pulso no papel
e fazer um traço de 3 cm, depois mudar a posição e fazer um novo traço, até que cubra toda a aresta
que deseja construir (CUNHA, 2004). Veja na Figura os exemplos de traçado:

Traçado pelo procedimento


sem apoio do punho

Traçado pelo procedimento


do punho fixo em um ponto

Traçado pelo procedimento


do punho fixo a cada 3cm

Figura 5 - Tipos de traçado a mão livre


Fonte: adaptada de Cunha (2004).

Linhas no padrão tracejado, ou traço e ponto,


facilitam a construção, pois, no processo de
desenho, esses espaçamentos são demarcados
“saltando” um dos pontos de fixação do pulso.
Para os destros, as linhas verticais são dese- Traçados de linhas horizontais e
verticais
nhadas da esquerda para a direita, enquanto
os canhotos farão essas linhas da direita para
a esquerda; para linhas inclinadas mantém-se
essa mesma orientação, já as linhas verticais
são feitas de cima para baixo, esse cuidado é
tomado visando manter a limpeza do esboço,
já que se utilizarmos grafite em seu traçado,
Traçados de linhas inclinadas
ao realizar o procedimento de forma inversa, descendentes e ascendentes
nossa mão, ao fixar o ponto, pode esfregar o
grafite sobre a folha e sujar o desenho. Veja a Figura 6 - Procedimento para traçado a mão livre
Fonte: adaptada de Cunha (2004).
orientação de traçado na figura que segue:

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE III 81
Quando a inclinação da linha a ser feita for descendente, devemos
fazê-la de cima para baixo, já quando se tratar de linha ascendente
o traçado será de baixo para cima.
Para a representação das superfícies inclinadas das peças,
devemos utilizar as técnicas anteriormente discutidas na cons-
trução de linhas em vista ortogonal; já para as vistas isométricas, o
procedimento de construção de linhas inclinadas baseia-se nos
desenhos obtidos da vista ortogonal, o que se faz é desenhar as
linhas das vistas ortogonais nas faces do paralelepípedo gerador
e definir os pontos em que ocorre o encontro das arestas para,
então, ligar as linhas e obter as faces inclinadas; para facilitar
esse processo, os projetistas costumam enumerar os vértices das
vistas ortogonais e avaliar quais deles são os coincidentes. Veja
o esboço ortogonal numerado:

01 02
13/16 01/02

10 03 11/19 03/10
07 06
14/17 06/07

04 04/05/08/09
09 08 05 12/15/18/20

13/ 16/
11/12 19/20
14/15 17/18

01/ 02/
09/10 03/04
07/08 05/06

Figura 7 - Esboço ortogonal numerado


Fonte: o autor.

Esse tipo de construção facilita muito o entendimento do processo


de rebatimento de pontos, e de sua alocação no desenho em Pers-
pectiva; em se tratando de peças com muitos pontos costuma-se
trabalhar por região, definindo os pontos e depois representando
no sólido gerador.

82 Teoria do Desenho Projetivo


Segundo Cunha (2004), o processo se inicia por representar, no sólido, na face escolhida como
frontal, os pontos definidos, e traçar nele as linhas que ligam esses pontos, mas com traço leve;
depois, o procedimento é repetido para as vistas superior e lateral e, então, os pontos são ligados
conforme sua orientação no esboço ortogonal. Após a ligação dos pontos com traço fino, finalizamos
o esboço, construindo linhas grossas sobre a representação desejada. Veja a Figura 8 que exemplifica:

SU 01
PE
RIO
R 10 02

07
03 11
06 13
09
08 16
01
FRO 10
NT 05 02
AL
AL
ER 19
LAT 04 07
11
13 06 03
01 09
16
10 01 08 20
02 10 02
19 05
07 19
07 04
06 03
09 06 03
09
08 20 20
08
05
05
04
04

Figura 8 - Construção de superfícies inclinadas em esboços em perspectiva


Fonte: o autor.

Finalizamos, então, as formas de representação de arestas e superfícies à mão livre, entretanto, preci-
samos discutir como se constrói as linhas curvas à mão livre, e este será o assunto do próximo tópico.
Representação
de Superfícies
Curvas

No desenho com instrumentos, temos o compas-


so, que serve para a construção das linhas curvas
e circunferências. Essas linhas são comuns no de-
senho mecânico e arquitetônico na construção de
cantos aliviados e arcos de passagem.

O processo de construção de linhas curvas em


desenho técnico, ou desenho artístico à mão li-
vre, baseia-se em aproximar esse ente geomé-
trico de várias retas tangentes.
Observe a explicação da técnica dada em: <http://
www.amopintar.com/como-desenhar-curvas/>.

Como estamos tratando de um esboço de projeto,


onde o engenheiro normalmente tem, à sua dispo-
sição, lápis e papel, foi preciso propor uma forma

84 Teoria do Desenho Projetivo


para construir essas curvas de modo simplificado e que mantenha
uma relação aproximada de escala com a realidade da peça. Os
processos de construção de curvas em vistas ortogonais utilizam-se
de aproximações com outras figuras, por exemplo, o quadrado.
O procedimento descrito anteriormente é utilizado na cons-
trução de pequenas circunferências: primeiro define-se o centro
do círculo; depois marca-se nessas linhas o tamanho do raio
da circunferência; em seguida constrói-se nesses pontos linhas
horizontais e verticais, definindo o quadrado, então faz-se a
marcação das diagonais desse quadrado; que devem passar pelo
centro anteriormente definido; feito isso, traça-se à mão livre as
semicircunferências, a cada 90º, obtendo, assim, o círculo comple-
to; caso ainda exista dificuldade no traçado da circunferência,
pode-se marcar linhas inclinadas a 45º, passando pelos pontos
médios das metades das arestas e depois traçar a circunferência.
Outra forma de se fazer o mesmo círculo é marcar linhas incli-
nadas a 45º a partir do centro e definir nestas o tamanho do raio
(CUNHA, 2004). Veja:

Figura 9 - Procedimento para construção de pequenas circunferências à mão livre


Fonte: o autor.

UNIDADE III 85
Para círculos de dimensões
maiores, deve-se utilizar um
elemento reto que sirva como
guia para o lápis, definindo um
raio (pode ser uma linha, ou
uma tira de papel). Definido
o tamanho do raio, marca-se,
nessa tira, a distância e, a par-
tir do centro da circunferência,
coloca-se um dos pontos da
tira e, no outro ponto, coloca-
-se o lápis; ao movimentar a tira
mantendo o primeiro ponto na
origem, podemos definir pon-
tos externos que, após ligados,
resultarão na circunferência Figura 10 - Procedimento para construção de grandes circunferências à mão livre
desejada (CUNHA, 2004). Veja: Fonte: o autor.

Procedimento similar é feito


para construir curvas em Pers-
pectiva, entretanto, essas curvas
precisam ser antes definidas por
pontos nas vistas ortogonais, as-
sim como eram as linhas incli-
nadas. Veja o exemplo:

Figura 11 - Procedimento para construção de curvas à mão livre


Fonte: o autor.

86 Teoria do Desenho Projetivo


Para circunferências em isométrica, deve-se utilizar a técnica de subdividir um losango, onde a
circunferência estará inserida, e depois ligar os pontos médios da metade da aresta desses segmen-
tos, definindo 8 pontos que, após ligados, resultarão na elipse resposta para a circunferência. Veja:

Figura 12 - Procedimento para construção de circunferências em isométrica à mão livre


Fonte: o autor.

Assim, finalizamos os processos de obtenção de curvas para esboços


de desenho à mão livre, veremos outras técnicas de construção no de-
correr do nosso curso, mas essas se valerão de instrumentos de desenho.
Os esboços foram discutidos no decorrer desta unidade, e vimos
que eles são essenciais ao processo de construção de um projeto.
Nós aprendemos que é a partir dos esboços que o engenheiro e sua
equipe pode decidir qual as decisões devem ser tomadas, resultando
na obtenção mais rápida de um projeto final.
Também podemos aprender que, durante a vida profissional,
os engenheiros irão se deparar com situações em que seus co-
nhecimentos sobre desenho técnico e técnicas geométricas serão
cobrados, principalmente na forma de construção de esboços,
onde não há a facilidade de um programa de desenho técnico,
ou uma mesa de desenho à disposição, mas apenas lápis e pa-
pel. Por isso, tornou-se essencial conhecermos os métodos para
construção de linhas e curvas em esboços à mão livre.
Pudemos conhecer um pouco sobre as duas principais formas
de representação no desenho técnico, a projeção ortogonal e a
Perspectiva. No decorrer da nossa jornada, estudaremos mais
a fundo essas duas formas de representação, por enquanto, vá
construindo os esboços das peças que tiver a sua disposição,
afinal, a prática leva à perfeição!

UNIDADE III 87
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para construção de um desenho projetivo, o corpo de engenheiros utiliza de


reuniões e brainstormings até alcançar as ideias que trarão os melhores resul-
tados; dentre as fases do desenho projetivo estão:
a) A discussão das soluções, o desenvolvimento do modelo, a aplicação em campo
e a identificação do problema.
b) A identificação do problema, o desenvolvimento do produto, o compromisso
e a criação do Modelo.
c) O desenvolvimento do produto, as reuniões de cúpula, os testes sensoriais e
a discussão das soluções.
d) O projeto do Modelo, a produção em larga escala, o acompanhamento do
consumidor e a resolução do problema.
e) A criação do protótipo, o levantamento dos custos, a pesquisa com o público
alvo e o compromisso.

88
2. No processo de desenho de um projeto, a elaboração dos esboços é de grande
valia, pois eles não necessitam de todo rigor técnico proveniente de um projeto
final; entretanto, alguns cuidados devem ser tomados, por exemplo:
I) Os traços dos esboços iniciam-se com linhas de traçado grosso e, após térmi-
no do desenho da peça, são apagadas e substituídas por linhas de traçados
leves.
II) Deve-se escolher a orientação do papel, se retrato ou paisagem, e construir
os sólidos geradores obedecendo essa posição.
III) Ao construir o esboço, quando modificar algum elemento em uma das vistas
ortogonais, ele deve ser também modificado nas outras vistas e na perspec-
tiva.
IV) A vista que possui maior quantidade de detalhes deve ser escolhida como
sendo a vista principal da representação.

Está correto o que se afirma em:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

89
3. Existem técnicas utilizadas para construir linhas inclinadas e superfícies curvas
em desenho técnico. Muitas dessas técnicas são trabalhadas tanto em desenho
técnico à mão livre quanto no desenho técnico com instrumentos, dentre essas
técnicas, podemos pontuar as seguintes:

Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


(( ) Para construir uma linha ascendente, traçamos as linhas de cima para baixo
e de baixo para cima para linhas descendentes.
(( ) A técnica de construção de linhas é a seguinte: apoia-se a mão sobre o papel
e a movimenta em velocidade diferente do antebraço, de modo a manter o
pulso frouxo.
(( ) Para a construção de superfícies curvas, deve-se construir um quadrado do
tamanho da circunferência e linhas inclinadas a 30º passando pelos pontos
médios.

Assinale a alternativa correta:


a) V – V – V.
b) V – F – F.
c) F – F – F.
d) F – V – V.
e) V – F – V.

90
LIVRO

Desenho para leigos


Autor: Brenda Hoddinott, Jamie Combs
Editora: Alta Books
Sinopse: esse livro se concentra no básico sobre o desenho para artistas ini-
ciantes, com diversos desafios para os artistas mais experientes. Tenha você
9 ou 90 anos, esse livro inclui alguma coisa de seu interesse, apresentando os
prazeres de desenhar dentro de um formato informal e prazeroso.
Comentário: apesar de tratar sobre o desenho artístico, o livro ensina técnicas
que são válidas para construção de linhas retas, curvas e elementos utilizados
nos esboços.

91
CUNHA, L. V. Desenho Técnico. 13. ed. Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 2004.

SILVA, A., RIBEIRO, C. T., DIAS, J., SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

92
1. B.

2. D.

3. C.

93
94
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Perspectivas

PLANO DE ESTUDOS

Perspectivas Perspectivas
Cônicas Cilíndricas Oblíquas

Aplicações práticas dos Perspectivas Cilíndricas


Desenhos em Perspectivas Axonométricas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar as aplicações e utilizações dos desenhos em • Iniciar o aluno nas técnicas de construção de perspectivas
perspectiva nos projetos de engenharia. cilíndricas, apresentado os passos para construção em
• Introduzir as técnicas de obtenção de peças seguindo eixos axonométricos.
os padrões de desenho técnico de perspectivas Cônicas. • Aprimorar as técnicas de desenho em perspectiva axono-
métrica, ampliando as técnicas para construção de objetos
oblíquos.
Aplicações Práticas dos
Desenhos em Perspectivas

Olá, futuro(a) engenheiro(a)! Na unidade anterior,


aprendemos algumas formas para realizar a rápi-
da representação de nossas ideias, em dois tipos
de representação: o padrão ortogonal e a vista em
perspectiva. Entretanto, não nos aprofundamos
nos conceitos nelas envolvidos. Neste capítulo,
trataremos de como ocorre a representação em
Perspectiva e quais os tipos principais desse mé-
todo de representação.
A vista em Perspectiva é muito útil ao enge-
nheiro interessado em expor a construção de sua
peça, pois expressa de forma muito natural e en-
tendível, até mesmo àqueles que pouco conhecem
sobre desenho técnico, as três faces de uma peça,
todas representadas em um único desenho.
Ainda precisamos entender como ela se forma
e quais os conceitos geométricos envolvidos nesse
tipo de representação. Veremos aqui as perspecti-
vas dos tipos cônica e cilíndrica, sendo o segundo
tipo o mais usual para a representação. O padrão
cilíndrico possui vários elementos que precisam
ser obedecidos para a construção correta dessas
representações e é sobre eles que trataremos nesta
unidade.
Antes de adentrarmos no tema, devemos de- As perspectivas são muito utilizadas nos catá-
finir o que é perspectiva. Para Miceli e Ferreira logos de máquinas e folhetos de divulgação dos
(2008), a perspectiva é um tipo de representação produtos, bem como em manuais de instruções,
tridimensional que fornece, em um desenho que pois esses desenhos podem ser organizados após
une as três vistas ortogonais, a forma da peça que construção, seguindo uma ordem de posição, já
se deseja estudar. As perspectivas são utilizadas que nas perspectivas temos as três dimensões re-
quando o projeto, ao ser representado em vista presentadas. O tipo de perspectiva chamado de
ortogonal, torna-se de elevada complexidade para cavaleira é comumente visto em representações
o entendimento, então é preciso propor a união de catálogos de perfis, pois a seção principal é o
de todos os detalhes em uma única representação. elemento que se repete em toda a extensão da
Segundo Cunha (2004), esse tipo de representação peça; logo, ao apresentar esse elemento em uma
permite aquele que lê o projeto uma rápida per- vista em perspectiva, além de indicar o tipo e ca-
cepção dos objetos ou conjuntos representados. racterísticas do perfil, consegue-se expressar a
Ela é convenientemente usada para exempli- peça de forma rápida e concisa.
ficar em projetos ortogonais qual seria a peça de Para representar uma peça em perspectiva, bas-
que tratam as vistas, e é muito útil, pois a repre- ta que ela esteja entre o observador e um plano de
sentação em perspectiva tem a característica de projeção, essa peça precisa estar inclinada na dire-
exibir a peça como se esta tivesse sido fotografada. ção onde se encontra o observador. Veja a Figura:

Figura 1 - Exemplo de representação em perspectiva


Fonte: Miceli e Ferreira (2008).

A figura indica que o plano de projeção não é nem tam os tamanhos das arestas conforme a distorção
paralelo e nem ortogonal a nenhuma das faces, o sofrida; e perspectiva rápida que trabalha com
que resulta numa representação dos eixos da peça o tamanho da medida do objeto tal qual apresen-
em perspectiva, esses eixos são chamados de eixos tado em projeção ortogonal.
axonométricos e como as arestas do objeto estão Apesar de ser mais correta, a perspectiva ri-
inclinadas, elas serão representadas com uma leve gorosa é muito trabalhosa e, na maior parte das
distorção, dividindo, assim, as perspectivas em vezes, as representações em desenho são feitas por
duas classes: as perspectivas rigorosas que ajus- perspectivas rápidas.

UNIDADE IV 97
Atente para o fato de que as linhas que saem a realidade dos objetos em sua real grandeza. Se-
do observador e atingem o plano são paralelas gundo Silva et al. (2016), a perspectiva cônica é
entre si: Isto se deve ao fato de que considera-se a mais perfeita das representações, apesar de ser,
que o observador está vendo a peça de uma dis- também, a mais deformada quando comparada
tância praticamente infinita, o que torna as linhas às projeções paralelas e oblíquas.
paralelas. Esse tipo de perspectiva recebe o nome Nos projetos de desenho técnico, os tipos mais
de perspectiva paralela ou cilíndrica. comuns de perspectiva são a perspectivas para-
Temos dois tipos de perspectivas paralelas, a lelas, pois as perspectivas cônicas resultam em
primeira é aquela em que esses raios que saem objetos que refletem as mais variadas distorções,
do ponto de projeção atingem a folha ortogo- fato que dificultaria no entendimento para a pos-
nalmente, quando isso ocorre, estamos diante terior construção da peça.
de uma Perspectiva paralela ortogonal ou mais
comumente conhecida como Perspectiva axo-
nométrica. As axonométricas são subdivididas
com relação aos seus ângulos de representação
em trimétrica, dimétrica e isométrica.
Quando a perspectiva paralela ou cilíndrica for A história da Perspectiva tem seu início no
formada por raios que saíram do ponto de obser- Renascimento, tanto para a arte como para a
vação e atingiram o plano de forma não ortogonal, ciência. Sendo Brunelleschi o pioneiro no uso
mas ainda assim paralelos entre si, temos a Perspec- dessa técnica, depois dele vários outros se
tiva paralela oblíqua ou perspectiva em cavaleira. utilizaram da técnica em suas construções, por
Pode ocorrer de que o ponto de observação exemplo, Leonardo da Vinci e Eugène Delacroix.
não esteja em um local no infinito, mas sim a uma Para mais informações veja a obra disponível
distância definida; quando ocorre, dizemos tratar em: <http://www.educacaografica.inf.br/wp-
de uma Perspectiva Cônica. Nesse tipo de pers- content/uploads/2014/05/14_A-PERSPECTIVA-
pectiva, temos a representação de elementos tal NA-ARTE_169_182.pdf>.
qual uma fotografia, a perspectiva cônica reflete

98 Perspectivas
Perspectivas
Cônicas

Nos processos de perspectivas cônicas, temos


representado o objeto tal qual é visto na sua rea-
lidade. Diferencia-se da perspectiva cilíndrica,
pois não apresenta os objetos no tamanho de sua
construção, mas sim como eles são vistos por um
observador a partir de um ponto; veja a figura
proposta por Cunha (2004), em que uma repre-
sentação de uma rua ocorre por perspectiva Cô-
nica e Cilíndrica:

Figura 2 - Diferença entre as perspectivas cônicas e cilíndricas


Fonte: Cunha (2004).

Perceba na primeira projeção, que é a projeção


cônica, que os elementos das luminárias vão sen-
do representados em dimensões menores, até que
convergem todos para um mesmo ponto, enquan-
to que na projeção cilíndrica, o modelo se mantém
sempre com o mesmo tamanho.

UNIDADE IV 99
A construção de projeções cônicas leva em conta alguns elementos que não estão presentes nos outros
padrões de projeção. Segundo Cunha (2004), os elementos de uma perspectiva cônica são:

PONTOS DE VISTA QUADRO


É o local em que consideramos estar o ob- É o plano de projeção dos raios projetantes
servador do objeto ou construção. É ele que partem do ponto de vista; se o objeto esti-
que define o tamanho da imagem, poden- ver à frente desse plano, suas dimensões serão
do estar mais próximo ou mais distante do maiores que o objeto. Se uma aresta ou face do
objeto. Além disso, sua posição pode estar objeto coincidir com o quadro, esse elemento
superior, frontal ou inferior ao objeto. será representado na sua dimensão real. Para
Desse ponto saem raios projetantes que objetos colocados atrás do Quadro, teremos
atingem a peça, atravessando um plano dimensões reduzidas. O quadro se relaciona
que define os pontos que representam o com um plano que é ortogonal a ele, esse plano
objeto, esse plano é chamado de Quadro. é chamado de plano geometral.

PLANO GEOMETRAL LINHA DO HORIZONTE


Também chamado de plano horizontal ou Caracteriza-se por ser uma linha que
plano de referência, este plano é ortogonal ao atravessa todo o espaço de represen-
Quadro e, se o ponto de vista estiver contido tação, um exemplo claro é a linha do
nele, o plano passa a se chamar plano do ho- horizonte que ocorre quando estamos à
rizonte e a linha formada pelo encontro desse beira-mar e observamos o oceano. Essa
plano com o Quadro recebe o nome de linha linha serve de referência para colocação
do horizonte. Caso o ponto não esteja conti- dos pontos de fuga e do ponto principal
do nesse plano, a linha de encontro do plano que serão tratados no decorrer desse
Geometral e do Quadro passa a ser a linha tópico, é indicativo da altura em que o
de terra, que é paralela à linha do horizonte. observador está vendo o objeto.

LINHA DE TERRA PONTOS DE FUGA


É a linha formada pelo encontro do São os locais geométricos onde o campo de visão do obser-
Plano Geometral com o Quadro. vador atinge a linha do horizonte, definindo sobre ela dois
pontos chamados de pontos de fuga. Eles são definidos
pelo cruzamento de uma linha que sai de um ponto da
PONTO PRINCIPAL
figura e atinge o ponto de observação, para encontrá-los, o
É o ponto que representa o ponto
desenhista precisa definir um ponto de referência na peça
de vista na linha do horizonte, ele é
e ligar o ponto de observação a este, depois, partindo dessa
definido por uma reta que atraves-
reta criada, definir o ângulo de visão, que normalmente é de
sa esse plano, formando com ele
60º a 90º, e então, o prolongamento dessas linhas até a linha.
um ângulo ortogonal.

100 Perspectivas
É com base nos pontos de fuga e na premissa de que as retas paralelas possuem o mesmo ponto de fuga,
que as perspectivas cônicas são definidas como perspectivas de um ponto de fuga, de dois pontos
de fuga ou de três pontos de fuga. Veja:

Figura 3 - Exemplos de Perspectivas Cônicas


Fonte: o autor.

Para a construção desse tipo de aresta do objeto está tangenciando o plano L.Q., então represen-
perspectiva, precisamos definir tamos sua altura na real grandeza. Para finalizar o processo, basta
as linhas de terra L.T., a linha ligar os pontos F1 e F2 que foram transferidos para a L.H. para
por onde passa o plano do Qua- obter a representação da perspectiva, definido suas distâncias no
dro L.Q e a linha do plano do comprimento e profundidade. Veja a Figura:
horizonte L.H., além do ponto
onde está o observador. Primei-
ro escolhemos um ponto na
peça e traçamos uma linha que
liga esse ponto ao ponto do ob-
servador, então definimos ou-
tras duas linhas inclinadas em
relação a essa 30º e 60º, perfa-
zendo um total de 90º, que é o
plano de visão, esse plano de vi-
são: Esse pode ser definido com
outras inclinações, dependo do
interesse de quem representa a
peça; na sequência prolonga-
mos as linhas inclinadas e en-
contramos os pontos F1 e F2 na
linha L. Q., então construímos
linhas verticais que definirão Figura 4 - Exemplos de Construção de Perspectivas Cônicas com 2 pontos de fuga
os ponto na linha L.H. como a Fonte: o autor.

UNIDADE IV 101
Perspectivas
Cilíndricas Axonométricas

Para as perspectivas Cilíndricas, temos o ponto


de observação levado até o infinito, sendo assim,
as linhas que atingem o objeto tornam-se todas
paralelas, isso facilita na representação das peças
em medidas para a construção, evitando erros em
seu dimensionamento. Hoje, os programas com-
putacionais constroem esses elementos de modo
facilitado, mas nós precisamos conhecer quais
são os procedimentos para traçar esses elementos
utilizando instrumentos de desenho.
A perspectiva cilíndrica une as três vistas de
uma peça em uma única representação, resultan-
do em eixos chamados de axonométricos, que
partem de um mesmo ponto de origem; como
os eixos da profundidade e comprimento têm
inclinações previamente definidas, estes sofrem
distorções em sua representação, já o eixo que
representa a altura não o sofre. Por se tratar de
representação de perspectiva rápida, esse tipo de
distorção não é aplicado, sendo representada as
peças em sua dimensão real (CUNHA, 2004).
Os principais tipos de projeção cilíndricas axo-
nométrica são a perspectiva dimétrica com dois
eixos de inclinações diferentes e a altura represen-

102 Perspectivas
tada na direção vertical. Nesse
tipo de representação, temos a
aplicação do fator de correção
no eixo da profundidade, já a Uma definição de axonometria foi desenvolvida pelo Prof. Júlio
perspectiva trimétrica se asse- César Torres, da Politécnica da UFRJ, e diz que a axonometria é
melha à dimétrica com relação uma técnica utilizada para a construção de perspectivas a partir
aos seus ângulos, mas a diferença dos elementos que constituem um sistema projetivo.
reside no fato de que possui dois
coeficientes de ajuste nas dire-
ções dos eixos do comprimento
e profundidade, a perspectiva
isométrica, em que os ângulos
do comprimento e profundidade
são iguais quando comparados
com a altura, seu ajuste ocorre
em todos os eixos, mas para fa-
cilitar o processo de construção,
costuma-se não aplicar esse fator
(SILVA, RIBEIRO et al., 2016).
Veja que as perspectivas Tri-
Figura 5 - Exemplos de Perspectiva Trimétrica, Dimétrica e Isométrica
métrica e Dimétrica são muito Fonte: o autor.
similares, além do que a aplica-
ção dos fatores de correção di-
ficultam o processo de cotagem
e entendimento das dimensões
da peça. Então, com base nessas
condições, a projeção isométri-
ca foi a que mais se desenvolveu;
em desenho técnico, esse tipo
de projeção pode ser facilmente
construída com auxílio dos es-
quadros e réguas, apoiando-se
ISOMÉTRICA
ISOMÉTRICA
30º
30º ISOMÉTRICA
ISOMÉTRICA 45º
45º ISOMÉTRICA
ISOMÉTRI
os esquadros nas réguas sobre
a folha, de modo a construir as
linhas com as inclinações dese-
jadas. Devido a essa técnica de
construções com esquadros, os
tipos de perspectiva
ISOMÉTRICA 30º isométrica ISOMÉTRICA 45º ISOMÉTRICA 60º

que mais se desenvolvem são as Figura 6 - Isométricas de 30º, 45º e 60º


inclinadas a 30º, 45º e 60º. Fonte: Monteiro e Mantovani (2017).

UNIDADE IV 103
A Construção dessas peças se dá por meio da obtenção de sólidos
geradores, assim como fazíamos nos esboços, mas aqui utilizando
os esquadros.
Por exemplo, para construir uma isométrica de 30º, devemos
apoiar o esquadro com ângulo de 30º sobre a régua, após traçarmos
essa linha, devemos invertê-lo sem mudar a posição da régua, pois
ela serve como referência angular na construção do eixo axono-
métrico, então traçamos novamente com a inclinação para o lado
oposto, por fim, no ponto em que ocorreu o cruzamento, construí-
mos uma linha ortogonal, posicionando o esquadro apoiando o
ângulo reto sobre a régua fixa e traçamos o eixo da altura. Observe
o procedimento que se segue:

Figura 7 - Construção do eixo axonométrico para Isométricas de 30º


Fonte: o autor.

Para a construção dos outros eixos axonométricos para isométri-


cas, procedemos da mesma forma, diferenciando apenas o ângulo
inclinado que se apoia sobre a régua.
Para construir um sólido depois de pronto, no sistema de eixos
axonométricos, deve-se marcar suas maiores medidas no com-
primento, profundidade e altura, para, então, utilizar do esquadro
para transferir essas distâncias e ir traçando a partir dos pontos,
definidos os elementos.
De modo similar, os pontos internos da peça também são mar-
cados, assim como as arestas resultantes do processo de construção.
Podemos marcar os pontos nas arestas e depois, por meio de utili-
zação dos esquadros, transmiti-los para dentro da peça, daí então,
basta representar as arestas que fazem parte daquele ponto para
construir a representação isométrica da peça.

104 Perspectivas
Veja, na sequência, como se obtém o sólido gerador:

Figura 8 - Construção do sólido gerador


Fonte: o autor.

Para construir circunferências em vista isométrica, devemos seguir


o procedimento descrito na sequência:
• Construir, ao redor do centro da circunferência, um losango
em que esteja contido o círculo.
• Definir, nesse losango, os vértices A, B, C e D e os pontos
médios dos segmentos desse losango, como 1, 2, 3 e 4.
• Ligar os pontos B e D definindo a diagonal principal do
losango.
• Ligar o ponto A ao ponto médio 4 e o ponto C ao ponto
médio 1, definindo, dessa forma, os pontos A e C.
• Centrar o compasso no ponto A com abertura até 3 e traçar
uma semicircunferência até 4.
• Centrar o compasso no ponto C com abertura até 1 e traçar
uma semicircunferência até 2.
• Centrar o compasso no ponto a com abertura até 2 e traçar
uma semicircunferência até 4.
• Centrar o compasso no ponto C com abertura até 1 e traçar
uma semicircunferência até 3.

UNIDADE IV 105
Figura 9 - Procedimento para construção de circunferências em isométrica
Fonte: o autor.

Não é possível construir circunferências em vista


Tenha sua dose extra de isométricas, encontrando o centro pelo cruza-
conhecimento assistindo ao
mento das diagonais; ao utilizar o compasso para
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code. fazê-las, ocorrerá a extrapolação da curva, sendo
necessária a construção dessa circunferência por
meio do método de Stevens ou similar.

As representações em perspectivas cilíndricas são comumente utilizadas nos processos de construções


de catálogos e na obtenção de representações de peças cujo o entendimento por meio de um projeto
ortogonal seria dificultoso, pois esse tipo de perspectiva resulta em um modelo que mesmo aquele que
não tem vivência com o desenho técnico consegue entender.
O padrão de representação em vista isométrica só é substituído pela perspectiva cavaleira quando
temos um modelo em que a dimensão do comprimento é constante sobre um mesmo perfil, nesse
caso, utilizamos a perspectiva oblíqua, mais conhecida como cavaleira.

106 Perspectivas
Perspectivas
Cilíndricas Oblíquas

Para essa projeção, temos que a face do objeto se


apresenta na sua real dimensão; ocorre que, ao
atingir a peça, os raios projetantes são orientados
de tal forma que coincidem diretamente com a
face frontal da representação, detalhe esse que
auxilia no processo de construção da perspec-
tiva, pois, para esse tipo de projeção, as medidas
da altura e do comprimento coincidem com as
medidas da vista frontal.
Entretanto, as linhas que definem a profun-
didade do objeto nesse padrão de representação
sofrem uma distorção, o que ocorre para diminuir
os efeitos do aumento de medida.
Como os esquadros possuem três tipos dife-
rentes de angulação, que são os mais comuns para
representação em vistas oblíquas, foram definidos
três fatores de correção que contornam esse pro-
blema, esses fatores são apresentados na Tabela 1:

UNIDADE IV 107
Tabela 1 - Tabela com fatores de correção para os ângulos de Perspectivas oblíquas

Desenho representativo Ângulo de inclinação do desenho Fator de correção

30º 2/3

45º 1/2

60º 1/3

Fonte: o autor.

Observe que a peça parece rotacionar à medida Ao construir vistas em representação cava-
que modificamos a inclinação lateral, de modo a leira, devemos prezar por manter as vistas com
deixar mais evidentes detalhes da vista superior, detalhes circulares, na representação frontal, já
quando representada em Cavaleira 60º. Além dis- que, nesse plano, as medidas não sofrem distor-
so, o fator de correção diminui com o aumento ção; caso isso não seja possível, devemos utilizar
do ângulo de representação no intuito de manter o método de rebatimento de pontos de uma vista
a representatividade da peça. para outra.
Imagine que estivéssemos tratando de uma Esse método consiste em construir o círculo
peça em que o tamanho de sua largura fosse de desejado na vista sem distorção, ou em um pla-
60 mm: se essa peça estivesse representada em no sem distorção, ao plano da posição em que
Cavaleira de 30º, sua profundidade seria de 40 desejamos representar a circunferência, depois,
mm, já para a cavaleira de 45º esse valor seria 30 transferimos essas medidas para a vista com dis-
mm, enquanto que na cavaleira de 60º, teríamos torção, mas aplicando fator de correção a elas.
a medida de 20 mm. Veja a Figura 10 que exemplifica:

108 Perspectivas
Figura 10 - Construção de circunferências em vista Cavaleira
Fonte: Cunha (2004).

Podemos, também, com esse método, transferir mais de um ponto de modo a obter uma circunferência
mais precisa, basta que liguemos os vértices de onde saem a diagonal até os pontos médios dos quadrados,
definindo, dessa forma, outros dois pontos perfazendo um total de 16.

Existiram artistas que se utilizaram das técnicas de construção de perspectivas para construir
estruturas impossíveis, um deles foi M.C. Escher, desenhista holandês. Veja algumas de suas obras
no link: <http://notaterapia.com.br/2016/01/04/as-estruturas-impossiveis-de-escher-6-obras-que-
voce-precisa-conhecer/>.
Baseado nessas características, que as perspectivas podem trazer ao entendimento dos objetos,
foram criados quebra-cabeças que se baseiam nessa premissa. Veja um exemplo no App Hocus.
Disponível em: <https://play.google.com/store/apps/details?id=air.com.gamebrain.hocus&hl=pt_BR>.

UNIDADE IV 109
Chegamos ao final dessa unidade e pudemos co- Já para área mecânica, conhecemos as perspec-
nhecer todas as formas de representação de ele- tivas isométrica e cavaleira, que são padrões de re-
mentos sólidos, que unem as três dimensões em presentação em que o observador encontra-se no
apenas um desenho. Aprendemos que as perspecti- infinito e as arestas de suas representações tornam-se
vas se diferenciam com relação à posição do obser- paralelas, o que não ocorre na perspectiva oblíqua.
vador e o ângulo em que o raio projetante a atinge. Por fim, vimos que as perspectivas trazem con-
Vimos, ainda, um padrão de perspectiva que sigo uma distorção da medida em algumas de suas
mostra, ao leitor do desenho, como o objeto ou arestas, e por isso os projetos prezam por apre-
edificação é visto de forma real no espaço. Essa é a sentar as peças em projeções ortogonais, assunto
perspectiva oblíqua, que é utilizada nas representa- que abordaremos no nosso próximo encontro.
ções de edifícios e espaços interiores, nos projetos Espero você lá!
de arquitetura.

110 Perspectivas
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Dentre os tipos de perspectivas, a que representa os objetos com suas formas


reais nas dimensões da altura e do comprimento, possuindo distorção na dire-
ção da profundidade, é:
a) A perspectiva Cavaleira.
b) A perspectiva Isométrica.
c) A Perspectiva Cônica.
d) A Perspectiva Trimétrica.
e) A Perspectiva Dimétrica.

2. Dentre os tipos de perspectiva mais comuns, aquela que apresenta o objeto da


mesma forma como é percebido pelo ser humano é a perspectiva cônica, mas
para representá-la os desenhistas utilizam-se de algumas definições, dentre
elas podemos elencar:
a) O Quadro, que é a linha que atravessa todo o espaço de representação, na
altura da vista do observador.
b) A linha de terra que é formada pelo encontro do plano geometral e o Quadro
representa a base em que se encontra o objeto.
c) Os pontos de fuga que são os locais geométricos em que o campo de visão do
observador atinge a linha do horizonte.
d) O Plano Geometral, que é um plano paralelo ao Quadro e se o ponto de vista
estiver contido, este passa a ser chamado de plano do horizonte.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

111
3. Elton recebeu um esboço de uma peça, que deveria ser representada em um
catálogo, mas como não havia desenho em isométrica de 30º, ele foi incumbido
de desenhá-la nesse padrão. Seguindo o esboço recebido por Elton, desenhe a
peça em vista isométrica.

112
LIVRO

Desenho de Perspectiva
Autor: David Sanmiguel
Editora: Saraiva
Sinopse: a perspectiva linear é uma verdadeira abstração de nosso espaço vi-
sual, que tem como finalidade obter resultados claros e inequívocos. O mundo
da perspectiva é como um esqueleto transparente e cristalino, um diagrama
rico em detalhes com inúmeras aplicações práticas, mas que se revela seco e
insípido para muitos artistas. Por ser esse livro dirigido aos artistas, as explica-
ções puramente técnicas foram reduzidas a seus aspectos mais intuitivos, sem
por isso eliminar o rigor necessário. A abundância de exemplos práticos e de
sequências passo a passo leva à elucidação dos problemas mais comuns e mos-
tra interessantes soluções práticas de acordo com a estética de nosso tempo.

113
CUNHA, L. V. Desenho Técnico. 13. ed Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 2004.

MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho técnico básico. 2. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008.

MONTEIRO, C. V. B.; MANTOVANI, D.; Desenho Técnico. Maringá: UniCesumar, 2017.

SILVA, A., RIBEIRO, C. T., DIAS, J., SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. 4. ed Rio de Janeiro: LTC, 2016.

114
1. A.

2. B.

3.

115
116
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Sistemas de Projeção
Ortogonal

PLANO DE ESTUDOS

Projeção ortogonal pelo 3º diedro


Ângulos diedros
(Vista Frontal, Vista Superior e Lateral)

Definição de Projeção Projeção ortogonal pelo 1º diedro (Vista Comparação entre as


Ortogonal Frontal, Vista Superior e Lateral) projeções do 1º e 3º diedro

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Internalizar os conceitos sobre o espaço de projeção or- • Apresentar as formas de representações ortogonais e
togonal e suas formas geométricas e elementos. suas peculiaridades para o 3º diedro.
• Discutir a representação de sólidos em um modelo de • Comparar os tipos de vista e sua localização, no 1º e 3º
ângulos diedros e como representá-los. diedro, e suas aplicações nos projetos ao redor do mundo.
• Apresentar as formas de representações ortogonais e
suas peculiaridades para o 1º diedro.
Definição de
Projeção Ortogonal

Olá, até o momento, vimos algumas formas de


representação em desenho técnico e detalhes sobre
como representar peças e construções por meio de
esboços de projetos. Nesta unidade, estudaremos
mais a fundo o método de projeção ortogonal.
Esse método consiste, basicamente, em repre-
sentar de modo mais real possível as dimensões
da peça em todas as suas direções, mas, diferen-
temente do processo em perspectiva, em que to-
das as vistas estão unidas, neste processo, elas são
separadas visando uma maior clareza. Ao anali-
sarmos um projeto feito utilizando o método de
projeção ortogonal, nós percebemos que, apesar
de possuir vários desenhos, a separação desses ele-
mentos em vistas, resulta em projeto mais limpo
e de fácil compreensão, principalmente no que
condiz ao dimensionamento.
Por esse motivo, a grande maioria dos proje-
tos de peças e edificações é feita nesse padrão de
representação, também veremos qual a sua utili-
zação ao redor do mundo, como os projetos em
projeção ortogonal podem ser apresentados e as
técnicas e símbolos envolvidos nesse processo.
O sistema de projeção uti-
lizado no desenho técnico é o
sistema de projeção ortogonal,
pensado e idealizado por Gas-
par Monge, que foi um mate-
mático, desenhista e inventor
francês do século XVIII, consi-
derado um dos pais da Geome-
tria Descritiva (CRUZ; AMA-
RAL, 2012). Nesse sistema, os
elementos dos objetos são pro-
jetados sobre planos por meio
de raios projetivos que partem
de determinada posição e atin-
gem o plano de representação.
Imagine que nesta posição es-
teja um observador qualquer.
Os raios que partem desse
observador irão formar um
ângulo maior do que o reto, ao
tangenciarem os pontos extre-
mos desse objeto, e, então, va-
mos obter uma figura projetada
maior que o próprio objeto, isso
para os casos em que o observa-
dor esteja em uma posição cen-
tralizada com a face do objeto,
caso contrário, teremos uma
projeção oblíqua. Para sanar
esse problema, Monge conside-
rou que o observador estivesse
posicionado no infinito, logo os
raios projetantes que atingem a
peça estariam ortogonais a esses
pontos, o que resultaria numa
projeção com mesmo tamanho
do objeto, ou sua verdadeira Figura 1 – Elementos da projeção Ortogonal
grandeza (V.G.), observe os re- Fonte: o autor.
sultados descritos na Figura 1:

UNIDADE V 119
Também fica claro que, para
descrever esse objeto, seria ne-
cessário mais que um plano de
representação, pois se estivésse-
mos retratando outros elemen-
tos geométricos diferentes do
cubo, por exemplo, um plano
ou um paralelepípedo, a res-
posta de projeção poderia ser a
mesma, veja:

Figura 2 – Projeções de respostas similares


Fonte: o autor.

A solução, então, foi propor um


segundo plano de projeção e
modificar a posição do obser-
vador, mas Monge percebeu
que se esse ângulo fosse de um
valor qualquer, essa projeção re-
sultaria numa projeção do tipo
axonométrica, as perspectivas
paralelas e oblíquas estudadas
anteriormente, então o ângulo
de rotação da posição e, por
consequência, o formado com
o primeiro plano de projeção
devia ser de 90º, em outras pa-
lavras, um plano ortogonal ou
sistema de projeção ortogonal.
A criação desse segundo plano
resultou em duas projeções que,
combinadas, apresentavam as Figura 3 – Representação em dois planos de projeção
diferenças entre as peças. Con- Fonte: o autor.

forme mostrado na Figura 3:

120 Sistemas de Projeção Ortogonal


Esse tipo de sistema de representação apresenta a Terra (L. T.), e os planos do sistema mongeano
diferença entre os três elementos geométricos inde- recebem o nome de Plano Vertical (π’) e Pla-
pendentemente de sua posição, ficando conhecido no Horizontal (π). Esse encontro define quatro
como Método da Dupla Projeção de Monge ou regiões em que os objetos podem se localizar, a
Sistema Mongeano (CRUZ; AMARAL, 2012). elas damos o nome de diedros. Veja, na figura
Para que essa representação seja da medida apresentada a seguir, a indicação desses elementos.
em verdadeira grandeza, esses elementos deverão
sempre possuir faces paralelas aos planos de re-
presentação e, por consequência, serem atingidos Plano
vertical de
por raios projetantes ortogonais a esse mesmo projeção
plano. Segundo Silva et al. (2016), existe no plano
2º DIEDRO 1º DIEDRO
de referência apenas um ponto que é ortogonal ao (π’)

elemento representado, então a posição do objeto


deve estar sobre essa linha que liga esse ponto ao
ponto do observador, já que isso garante a orto- Plano
(π) horizontal de
gonalidade da representação. projeção
Linha de terra
3º DIEDRO 4º DIEDRO

Nas projeções ortogonais, nós utilizamos raios


projetantes que, ao atingir um plano paralelo, a Figura 4 – Planos de projeção perpendiculares e seus entes
superfície do objeto forma uma figura; entretan- geométricos
Fonte: Cruz e Amaral (2012, p. 08).
to, existe uma técnica que se utiliza da mesma
ideia, partindo de raios, para a formação de uma A principal característica desse modelo de repre-
representação do sólido por meio do cruzamento sentação é a qualidade de que os raios projetantes
desses raios, chama-se holografia e é discutida que atingem a peça nessas posições são sempre
no artigo disponível no link: <http://web.ist.utl. ortogonais; além disso, nesse sistema, temos a
pt/ist169881/CAV/files/Artigo.pdf>. vantagem de que os ângulos diedros são ângu-
los retos, dividindo os espaços de modo que as
projeções das peças não sejam diferentes de um
diedro para outro.
Quando temos o encontro de dois planos, for- No próximo tópico, veremos como transfor-
mamos uma linha. Para o sistema de representa- mar essas projeções espaciais em vistas indivi-
ção ortogonal, essa linha é chamada de Linha de duais e representadas em sistema bidimensionais.

UNIDADE V 121
Ângulos
Diedros

Um ângulo diedro é definido como sendo o ân-


gulo formado por dois planos não coincidentes,
que tenham uma mesma reta de origem (COSTA
et al., 2012), o exemplo mais usual são os planos
de projeção do Sistema Mongeano com a Linha
de terra como sua origem. Contudo, porque a
escolha por ângulos retos? Não poderíamos re-
presentar peças em sistemas com planos de outras
inclinações? A resposta para essa pergunta é sim,
poderíamos, entretanto, essas representações não
ocorreriam em sua verdadeira grandeza. Veja a
representação de um encontro de planos e a in-
dicação dos seus ângulos diedros.

Figura 5 – Exemplos de planos com ângulos diedros diferentes


Fonte: o autor.

122 Sistemas de Projeção Ortogonal


Atente para o fato de que os die-
dros opostos, possuem os mes-
mos ângulos diedros, logo, suas
representações serão similares.
Para facilitar o entendimento,
convencionou-se numerar as
regiões definidas pelos ângulos
diedros, da direita para a esquer-
da, no sentido anti-horário. Por-
tanto, o 1º diedro possui o mes-
mo ângulo de inclinação entre
os planos que o 3º diedro, e o 2º
diedro possui o mesmo ângulo
de inclinação que o 4º. Fica claro
que é muito vantajoso utilizar o
sistema mongeano de represen-
tação, pois nele todos os ângulos
diedros são iguais, o que acarreta
em mesmas representações para
qualquer local em que estiver a
peça, independentemente do
diedro em que foi construída, já
que para as representações para
planos com ângulos diedros
diferentes de 90º ocorrerá uma Figura 6 – Projeções em diferentes ângulos diedros
Fonte: o autor.
distorção das faces do objeto que
não forem paralelas ao plano,
veja o exemplo:

Veja como para os ângulos α e γ obtivemos re- togonais entre si, utiliza-se o plano ortogonal
presentações distorcidas no plano vertical, en- para sua representação; quando ocorre uma face
quanto que para β as representações ocorreram inclinada, nós a representamos com alguma dis-
em verdadeira grandeza (V.G.), observe, também, torção nos planos do sistema; para representar
que os pontos das arestas ortogonais aos planos, as medidas nas reais dimensões, utilizamos um
ao serem representados, sofrem sobreposição. plano de referência, que seja ortogonal à face
Como a maioria das peças possuem faces or- inclinada.

UNIDADE V 123
Para solucionar a sobreposição
dos pontos nesses planos e me-
lhor descrever a peça é que se
Ao realizar a síntese de moléculas orgânicas, os elementos quí- propôs a criação de um terceiro
micos sofrem arranjos devido à sua carga elétrica; esses arranjos plano, o plano lateral (P. L.), ob-
definem planos em que se encontram os entes químicos. Atual- serve a representação das peças
mente, farmacêuticos buscam métodos de definir novos ângulos a seguir. Assim como acontecia
diedros para esses arranjos, visando obter diferentes propriedades para as peças representadas em
para essas moléculas, leia mais no texto disponível em: <http:// um plano, aqui, apesar de termos
qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/modelag.pdf>. dois planos diferentes, não pode-
mos dizer sobre qual peça esta-
mos tratando (SILVA et al., 2016).

P. V. P. V.

P. H. P. H.

P. L. P. L.

P. V. P. V.

P. H. P. H.

Figura 7 – Adição do plano lateral


Fonte: o autor.

124 Sistemas de Projeção Ortogonal


Agora, observe o desenho do exemplo a seguir, Devemos definir, ainda, outras variáveis que são
esse objeto possui uma face que não é ortogonal essenciais para o estudo do sistema ortogonal; elas
a nenhum dos planos de projeção. Logo, suas são as coordenadas. Assim como em um sistema
arestas não serão representadas em V.G. em ne- cartesiano formado por x, y e z, o sistema ortogo-
nhum dos três planos anteriormente discutidos. nal define as suas coordenadas como sendo abscis-
Para resolver isso, foi proposta a criação de um sa, afastamento ou ordenada e cota. A abscissa é
plano, chamado plano de referência (P.R.), a distância equivalente de um ponto da peça até o
que nada mais é do que um plano que seja or- plano lateral; o afastamento é definido como sendo
togonal à face que se deseja representar. Veja a a distância de um ponto até o plano vertical; e a
figura como exemplo: cota é a distância de um ponto qualquer até o plano
horizontal (MICELI; FERREIRA, 2008).
Os desenhistas perceberam que a representa-
ção de uma peça resultava em três imagens, mas
P. L. P. R.
que essas três imagens representadas na forma tri-
dimensional não era prática de ser representada,
portanto, imaginaram realizar todo o processo de
construção dos desenhos utilizando as técnicas do
P. V.
sistema mongeano para depois utilizar o processo
de rebatimento de pontos. Por exemplo, imagi-
ne um ponto com medidas de cota, afastamento e
abcissa qualquer; após a definição das suas proje-
ções nos planos ortogonais,
PL
define-se umPL desses
PV PV
P. H. planos com a posição fixa e rotaciona-se os outros
dois em 90º até que ambos formem entre si um
Figura 8 – Projeção em plano de referência
ângulo de 180º, isto é, estejam os três sobrepostos,
Fonte: o autor. veja a figura que exemplifica:
PH
PH

PV PL
PL

PV PL PL
PV
PV

PH
PH
PH
PH

PV PL
L
P
Figura 9 – Representação da épura
Fonte: Senai (1997, p. 70-71).

PV

UNIDADE V 125
Ao rebatermos esses planos de projeção, obtemos Nas construções de projetos, não desenhamos
como resposta um elemento chamado de épura, a linha de terra, mas sabemos que está exatamente
que correlaciona os três planos ortogonais do siste- entre essas duas representações. Normalmente,
ma mongeano e os apresenta em um único plano. quem define a distância entre a projeção do plano
Note, estimado(a) aluno(a), que a distância entre o horizontal e vertical é o projetista, e a distância da
desenho na região do plano vertical (P.V.) e a linha vista no plano lateral será resultado do cruzamen-
de terra (L.T.) é a mesma distância do desenho da to das linhas das projeções dos outros planos, veja
região do plano horizontal (P.H.) até a linha de terra. no exemplo a seguir:

a a

b b

a a

b b

Figura 10 – Exemplo de rebatimento de pontos


Fonte: o autor.

126 Sistemas de Projeção Ortogonal


A Figura 10, item 1, indica que o desenhista esco- O segundo procedimento utiliza-se de esqua-
lheu aquela vista como representação principal; dro e régua, e está apresentado no item 5.2 e 5.3,
na projeção ortogonal, ela recebe o nome de vista basta que alinhemos a réguas com as arestas ho-
frontal e nada mais é do que a projeção do plano rizontais da vista superior e apoiemos o esquadro
vertical, então, com auxílio de uma régua e esqua- sobre a régua para traçar uma linha de inclinação
dro com seu ângulo reto, deve-se desenhar linhas 45º nos vértices dessa representação, de modo a
verticais à peça até uma distância a ser definida transferir esses pontos para, posteriormente, re-
por quem está desenhando. forçar as linhas visíveis e invisíveis, obtendo a vista
Todo vértice ou aresta a ser representado de- lateral. Por fim, apagamos as linhas do rebatimen-
verá ter sua linha; no caso de círculos, as linhas to, como indicado no item 7 e temos o resultado
deverão ser tangentes. Essas linhas são represen- da projeção ortogonal da peça.
tações dos raios projetantes. A linha de terra está As representações de planos de referência se-
à metade da distância da última aresta do desenho guem as mesmas orientações, entretanto, em vez
na vista frontal; a linha foi representada no item 2, de alinharmos o esquadro com as linhas verticais e
a título de conhecimento, mas normalmente não horizontais do desenho, vamos alinhá-lo com a face
o é, então, como as distâncias do comprimento da que desejamos representar; as projeções dos planos
peça já foram definidas, resta definir as alturas da de referência recebem o nome de vistas auxiliares.
peça e desenhar linhas de contorno visíveis para as
arestas visíveis, e linhas de contorno não visíveis
para as arestas internas e não visíveis, conforme
indicado no item 3, finalizando, assim, a obtenção
da vista no plano horizontal, que na projeção or-
togonal é chamada de vista superior.
Ainda na Figura 10, no item 4, repetimos o
procedimento com régua e esquadro para cons-
truir, agora, as linhas horizontais de cada vértice
e aresta da peça. Ao construí-las, encontramos o
cruzamento de linhas no ponto A. Perceba, caro(a)
aluno(a), que as linhas horizontais vão definir a
altura da peça no plano lateral, e a altura da peça
na vista superior define o comprimento da peça
no plano lateral. Então, para unirmos essas duas
medidas, existem dois métodos mais utilizados.
O primeiro consiste em centrar um compasso no
ponto A e com abertura até os pontos a e b da vista
superior, transmitir a distância para a vista lateral
esquerda, que é o nome dado para a representação
da projeção do plano lateral – esse procedimento
está apresentado no item 5.1 e 6.1. Ao reforçarmos
os traços das arestas visíveis e construir as arestas Figura 11 – Construção de vistas auxiliares
invisíveis, obtemos a vista lateral da peça. Fonte: o autor.

UNIDADE V 127
Vale lembrar que os cuidados ao se construir es-
boços também são válidos para as construções
de projeções ortogonais, dentre eles, destacamos
representar as arestas visíveis como linhas con-
tínuas e as não visíveis como linhas tracejadas
ou escolher a vista que melhor represente a peça;
tenha o cuidado de definir uma distância entre
as vistas que seja adequada, o que dependerá do
espaço que você tem à sua disposição na prancha.

Uma forma de definir o espaço entre as repre-


sentações é descontar seus tamanhos com com-
primento disponível e dividir o valor do resto em
três partes iguais.

É preciso lembrar que, ao desenhar detalhes em


uma vista, esses detalhes precisam ser represen-
tados nas outras, podendo utilizar o método de
rebatimento para tal. Figura 12 – Projeções no plano vertical para peças idênticas
Em peças de grande complexidade, pode ser em diedros diferentes
Fonte: o autor.
que ocorra a necessidade de mais planos de proje-
ção; esses planos são paralelos aos três planos orto- Duas peças idênticas, uma no primeiro diedro e
gonais que estudamos ( P.V., P.H. e P.L.) e definirão outra no terceiro diedro, apesar de possuírem a
outras três vistas, são elas: a vista posterior, que é mesma construção, após realizarmos o rebatimen-
resultado de um plano paralelo ao plano vertical; to dos raios projetantes no plano vertical, podem
a vista inferior, projeção de um plano paralelo resultar em imagens diferentes. Esse tipo de dife-
ao horizontal; e a vista lateral direita, resultado rença levou à criação de dois sistemas de projeção:
da projeção de um plano paralelo ao plano lateral. a projeção em 1º diedro ou norma europeia, e a
Temos, dessa forma, seis vistas de representação projeção em 3º diedro ou norma americana.
ortogonal, a saber: frontal, posterior, lateral di- Outros desenhos ortogonais podem ser feitos
reita, lateral esquerda, superior e inferior. no 2º e 4º diedro, entretanto, dizemos que não aten-
A posição em que essas vistas serão repre- dem as normas americanas e europeias, no segundo
sentadas derivará da localização do sólido no diedro, a representação das laterais é similar a do 3o
sistema ortogonal, e elas serão diferentes de- diedro, e a representação da superior e inferior segue
pendendo do diedro em que se deseja desenhar. o padrão do 1o diedro, enquanto que no 4o diedro
Veja a figura: ocorre o oposto da representação em 2o diedro.

128 Sistemas de Projeção Ortogonal


Projeção Ortogonal pelo
1º Diedro (Vista Frontal,
Vista Superior e Lateral)

Na projeção em 1º diedro, imaginamos que a peça


está sempre entre o observador e o plano de projeção,
logo, a projeção ocorre no plano posterior à peça;
a figura apresentada por Provenza (1991) elucida:

4 1
3

Figura 13 - Representação dos planos ortogonais do


primeiro diedro
Fonte: Provenza (1991. P. 21).

UNIDADE V 129
Nesse tipo de projeção, ocorre cialmente, os objetos no 1º diedro são representados pelas vistas
que a peça encontra-se localiza- frontal, superior e lateral esquerda. Veja o exemplo:
da antes do plano de projeção,
ou seja, como se estivesse contida
em uma caixa, e dentro dessa cai-
xa estivesse também o observa-
dor. No primeiro diedro, os raios
projetantes atingem primeiro a
peça e depois refletem a imagem
do objeto no plano logo após o
objeto. Por exemplo, o lado es-
querdo da peça sempre será
representado à direita da peça,
seguindo a ordem OBSERVA-
DOR-PEÇA-PLANO; por ser o
desenho da face esquerda, rece- Figura 14 - Representação de peça em 1º diedro
be o nome de VISTA LATERAL Fonte: o autor.
ESQUERDA e fica localizada à
direita da peça que é a esquerda Utilizaremos, em nosso curso, as representações em primeiro die-
de quem lê o desenho. dro, pois são elas as apresentadas pelas normas da ABNT, mas, em
A vista superior também muitas situações do dia a dia, o projetista se depara com pranchas
será representada no plano logo de equipamentos importados que virão representados em terceiro
abaixo da peça, resultando em diedro, daí a necessidade de conhecer as diferenças entre eles.
uma representação abaixo da
vista frontal.
Essa convecção para os raios
projetantes é chamada de pro-
jeção em primeiro diedro, ou Nem sempre se faz necessária a representação de todas as vistas
NORMA EUROPEIA, que é a de uma projeção ortogonal, isso ocorre principalmente quando a
mesma utilizada pela ABNT. De repetição de vistas não inclui mais informações à representação
acordo com essa norma, o obje- ortogonal; a grande maioria das peças pode ser representada por
to se localiza entre o observador três vistas, que são chamadas de vistas suficientes.
e o plano de projeção; preferen-

130 Sistemas de Projeção Ortogonal


Projeção Ortogonal pelo
3º Diedro (Vista Frontal,
Vista Superior e Lateral)

A projeção em 3º diedro é comumente utilizada em


países de língua inglesa. Nesses locais, utilizaram
como convenção assumir que o plano projetivo está
posicionado entre o observador e a peça; funciona
como se o observador estivesse fora de uma caixa e
a peça estivesse dentro dessa caixa, ou seja, a ordem
de posicionamento é OBSERVADOR-PLANO-PE-
ÇA, de tal forma que os raios projetantes partem
do observador, atravessam o plano, atingem a peça
e retornam no plano no mesmo ponto em que en-
traram, afinal, são ortogonais ao plano.

4 1

Figura 15 - Representação dos planos ortogonais do terceiro


diedro
Fonte: Provenza (1991, p. 30).

UNIDADE V 131
Neste caso, o lado da peça projetado no plano vertical sempre será considerado como sendo aquele
logo à frente do plano de projeção; a face da peça e sua imagem não é representada como se essa face
estivesse frente a um espelho que refletisse a sua imagem. Logo, o lado superior da peça sempre será
representado acima da vista frontal, e o lado esquerdo da peça aparecerá desenhado à esquerda da
vista frontal.

Figura 16 - Representação de peça em 3º diedro


Fonte: o autor.

Essa convecção para os raios projetantes é chamada, também, de NORMA AMERICANA, pois é
amplamente utilizada nos projetos de peças americanas. Logo, é de extrema importância que os en-
genheiros estejam habituados a observar um desenho e compreender, de modo natural, sobre qual
diedro a peça foi representada. Para tanto, trataremos, a seguir, de algumas considerações que podem
auxiliá-lo nesse processo.

132 Sistemas de Projeção Ortogonal


Comparação entre as
Projeções do 1º e 3º Diedro

A representação ortogonal dos diedros nas normas


Europeia e Americana deixou bem claro as princi-
pais diferenças entre eles, observe as Figuras 14 e
16 e veja como a posição das vistas diferem. Apesar
de se tratar da mesma peça e suas representações
ortogonais, e quando comparadas individualmente
serem iguais, as projeções mudam o posicionamen-
to dessas peças dentro da representação. Enquanto
a Frontal e a Posterior da peça mantiveram-se na
mesma posição, as vistas superior e Inferior per-
mutaram de posição, o mesmo aconteceu com a
vista lateral esquerda e lateral direita. Isso ocorre,
pois os diedros 1 e 3 são diedros opostos.
Uma forma simples para verificar se a peça
foi desenhada em primeiro ou terceiro diedro é
imaginar o giro de 90º que a vista frontal da peça
sofre para assumir a posição da representação. Ao
observar a Figura 14, percebemos que a frontal gira
90º na direção de cima para baixo, o que resulta na
representação da vista superior logo abaixo da fron-
tal. Isto é como se a peça estivesse saindo da página
para assumir a posição da vista superior. Na Figura
16 ocorre o oposto, para que a frontal assuma a vista
colocada logo abaixo, ela deve girar 90º, mas, dessa
vez, numa direção de baixo para cima, ou seja, como
se a peça estivesse entrando para dentro da página.
Conforme apresentado na Figura 17:

UNIDADE V 133
Figura 17 - Representa-
ção de peça em 3º diedro
Fonte: o autor.

A utilização do 1º e 3º diedro pelas normas segue tamos o desenho da vista superior logo abaixo da
a lógica de que um é o total oposto do outro, as- frontal. Também é utilizada essa mesma técnica
sim como ocorre com o 2º e 4º diedro, entretanto, para o desenho das outras vistas, por esse motivo,
nestes ocorre uma mistura das representações das o padrão em 1º diedro é amplamente utilizado em
vistas. Por exemplo, no 2º diedro, as vistas superior desenho técnico nos projetos nacionais.
e inferior coincidem com a representação para o A grande vantagem da representação em
1º diedro, mas a representação das vistas laterais 3º diedro consiste na condição de que, nesse
é similar à representação das vistas laterais do 3º método de projeção, a face projetada está mais
diedro. Para o 4º diedro, temos o total oposto do próxima das arestas que a geraram. Isso resulta
2º diedro, já que se tratam de diedros opostos. que não há necessidade de que os raios proje-
Observe que, em 1º diedro, o entendimento tantes atravessem todo o desenho da frontal
dos conceitos de raios projetantes fica mais claro, para que se desenhe a representação, por esse
pois se imaginarmos um observador acima da motivo, a norma de 3º diedro é assumida pelo
peça, utilizamos os raios projetantes e represen- padrão americano.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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134 Sistemas de Projeção Ortogonal


Após o estudo deste capítulo, podemos concluir que desenvolvemos ainda mais nosso conhe-
cimento no entendimento das formas de representação de peças tridimensionais em modelos
bidimensionais, diferente dos padrões de representação em perspectiva, as representações
ortogonais prezam pela real grandeza, por esse motivo, esse tipo de desenho é usado de forma
massiva para representar peças.
Os conceitos estudados nesta unidade facilitam, também, o entendimento de matérias em
que o sistema tridimensional é utilizado, pois verificamos de forma prática alguns conceitos
matemáticos sobre planos e retas, e quais as respostas dos encontros desses cruzamentos. A épura,
que é a rotação desses planos de representação, nos servirá durante toda nossa caminhada no
processo de aprendizagem não só no curso de desenho, mas também em outras disciplinas que
virão no decorrer.
Tão grande é a importância do sistema ortogonal que, no mundo atual, sua divisão nas
representações é feita principalmente em dois padrões: o de representação em 1º diedro, uti-
lizado por nós, e o de 3º diedro, utilizado na norma americana. Devido à sua derivação da
Geometria, os conceitos de representação ortogonal ecoam nas ciências exatas, nos processos
de representação de sólidos.

UNIDADE V 135
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. O Sistema de representação ortogonal baseia-se na premissa de que raios pro-


jetantes atingirão a peça e construirão sua imagem em um plano de projeção
à frente ou atrás da peça, entretanto, para ser fiel à real grandeza do objeto, o
ponto de observação deve:
a) Ser paralelo à superfície do objeto.
b) Estar posicionado no infinito, atingindo a peça numa inclinação de 45o.
c) Ser ortogonal à superfície do objeto.
d) Estar posicionado no infinito, atingindo a peça numa inclinação de 90o.
e) Estar posicionado a uma distância conhecida independente do ângulo que os
raios atingem a peça.

136
2. Na formação do sistema ortogonal de projeção, ocorre que os planos formam
entre si ângulos retos, resultando em um espaço cartesiano tridimensional.
Dizemos que os planos formados são diedros, pois possuem o mesmo ângulo
oposto, mesmo que seu encontro não seja ortogonal, duas dessas regiões
sempre terão o mesmo ângulo entre os planos. Sobre os planos de projeção
em sistemas de ângulos diedros, afirma-se:
I) A escolha pelo ângulo de 90o para o sistema de projeção Mongeano reside
na premissa de que nessa inclinação as superfícies serão representadas em
verdadeira grandeza.
II) Um ângulo diedro é aquele formado pelo encontro de dois planos não coin-
cidentes, no caso do Sistema Mongeano, o encontro entre o plano Horizontal
e o plano Lateral.
III) No sistema de projeção de espaços com diedros opostos, ocorre a inversão
total da posição das representações em espaços bidimensionais, como é o
caso do 1o e 3o Diedros, bem como do 2o e 4o Diedros.
IV) Para representar as projeções de um sólido, rotacionamos os planos vertical,
horizontal e lateral até que esteja todos definidos em uma única superfície,
caso haja alguma superfície fora da inclinação desses planos, não há técnica
que seja capaz de representá-la.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas II está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

137
3. Dois dos diedros ortogonais são amplamente utilizados nas formas de repre-
sentação em projetos, são eles o primeiro e terceiro diedro, entretanto guardam
entre si algumas diferenças e outras similaridades. Dentre as opções a seguir,
assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) O primeiro diedro de projeção indica a vista superior abaixo da vista frontal, e
é chamado de Norma Europeia de projeção, sendo o padrão de representação
utilizado, também, no Brasil.
(( ) Para obtenção das vistas em primeiro diedro, devemos girar a peça, da direita
para esquerda e de cima para baixo, já para as peças em 3 diedro, temos que
rotacionar da esquerda para a direita e de baixo para cima.
(( ) O terceiro diedro indica a vista superior acima da vista frontal e é chamado de
Norma Americana de projeção, sendo utilizado pelos países norte-americanos.

Assinale a alternativa correta:


a) V – V – V.
b) V – F – F.
c) F – F – F.
d) F – V – V.
e) V – F – V.

138
LIVRO

Desenho Técnico Básico


Autor: Maria Teresa Miceli e Patrícia Ferreira
Editora: Imperial Novo Milênio
Sinopse: esse livro foi desenvolvido para atender às necessidades da prática do
ensino de Desenho desde os cursos de nível técnico aos cursos de nível superior.
Nele, são fornecidos conceitos sobre a representação gráfica, de acordo com
as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), aplicáveis ao
aprendizado e à prática do desenho.
Comentário: trata de forma detalhada sobre o processo de construção de
projeções ortogonais, bem como sua relação com o sistema de épura.

139
COSTA, D. M. B.; TEIXEIRA, J. L.; SIQUEIRA, P. H.; SOUZA, L. V. Elementos de Geometria: Geometria plana
e espacial. 3. ed. Curitiba: UFPR, 2012.

CRUZ, D. C.; AMARAL, L. G. H. Apostila de Geometria Descritiva. Barreiras: UFBA, 2012.

MICELI, M. T.; FERREIRA, P. Desenho técnico básico. 2. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008.

PROVENZA, F. P. PROTEC – Desenhista de Máquinas. 4. ed. São Paulo: Escola PROTEC, 1991.

SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecâ-
nico. São Paulo: LTC, 1997.

SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

140
1. D.

2. B.

3. E.

141
142
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Desenhos de Projetos

PLANO DE ESTUDOS

Elementos de caráter Desenhos de projetos


permanente: desenho elétricos: representação
de soldas e rebites de diagrama unifilar

Elementos de caráter Desenhos de projetos


Desenhos de montagem
desmontável: desenho elétricos: representação
mecânica: vistas explodidas
de roscas e parafusos de diagrama multifilar

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Internalizar as técnicas de construção de peças de ca- • Construir representações de montagem mecânica uti-
ráter desmontável e tratar das normas que regem suas lizando perspectivas para obtenção de vista explodida.
representações. • Apresentar técnicas de desenhos para representações de
• Apresentar as técnicas de construção de elementos de diagramas Unifilar e Multifilar.
caráter permanente e tratar das normas que regem suas • Discutir e apresentar as diferenças e similaridades entre
representações. os projetos elétricos de diagrama Unifilar e Multifilar.
Elementos de Caráter
Desmontável: Desenho
de Roscas e Parafusos

Olá, seja bem-vindo(a) ao nosso sexto encontro!


Nesta unidade, trataremos sobre o desenho de
projetos mecânicos e elétricos e suas particula-
ridades, veremos que as formas como são repre-
sentados esses desenhos são pensadas de modo a
facilitar os processos de construção e montagem
dos projetos.
Iniciamos o nosso estudo discutindo sobre
os elementos de montagem em mecânica, os de
caráter desmontável, que permitem a sua reutili-
zação após a separação dos objetos que os ligam.
Dentro dessa classe, enquadram-se elementos que
possuem roscas, como as porcas e parafusos, e os
de caráter permanente, em que, caso o constru-
tor queira retirá-lo do projeto acabado, deverá
instalar outro novo, já que ao retirar esse tipo de
elemento ele perde sua usabilidade, um exemplo
desses elementos são os rebites e a solda.
Além dos projetos que envolvem elementos
de montagem, aprenderemos como representar a
ordem de montagem desses elementos por meio
da vista explodida. Veremos, também, como se
chama o desenho do diagrama que descreve o
sistema elétrico de um projeto, os chamados Dia-
gramas Unifilar e Multifilar.
Assim como discutido no início da nossa unidade, os elemen-
tos de caráter desmontável visam promover a união provisória de
elementos mecânicos, permitindo a retirada ou desmontagem de
peças para manutenção, limpeza ou lubrificação e, após realizado
esse tipo de serviço, permite a montagem que mantenha as mesmas
condições do equipamento. Esses elementos caracterizam-se por
serem separados sem que se destruam no processo. Os principais
representantes dessa classe são as roscas e os parafusos.
As roscas são barras formadas por pequenos ressaltos angulares,
chamados de filetes, todos geometricamente dispostos de tal modo
que percorrem todo o perímetro externo da circunferência. Ela pode
ocorrer de forma interna ou externa ao diâmetro, assim como pode
ser observado na Figura 1:

Rosca externa Rosca interna


Figura 1 – Exemplo de Rosca Externa e Interna
Fonte: Silva et al. (2016, p. 312).

Segundo Cunha (2010), as roscas que ocorrem na parte externa do


diâmetro são chamadas de roscas macho, por exemplo as presentes
em parafusos; as que ocorrem do lado interno do diâmetro são as
roscas fêmea, presente, principalmente, em porcas; ao conjunto de
roscas macho e fêmea, no qual é possível o enroscamento, damos o
nome de enroscamento conjugado.
Para Silva et al. (2016), a curva formada sobre a superfície do
cilindro recebe o nome de hélice e a distância vertical de uma
volta completa em um fio de rosca que entra na peça é chamado
de passo. A união de várias hélices com um mesmo passo recebe
o nome de rosca.
Os elementos presentes em uma rosca que podem definir sua
construção são chamados de elementos geométricos de uma ros-
ca, eles baseiam-se no perfil triangular, e para os outros tipos de
roscas utilizam-se de correspondência, esses elementos são os que
se seguem:

UNIDADE VI 145
• Diâmetro nominal: é o diâmetro medido na parte superior
dos filetes da rosca, ou a chamada crista da rosca; essa medida
coincide com o diâmetro externo.
• Diâmetro do núcleo da rosca: diâmetro definido como
aquele no ponto mais interno da rosca, ou sua raiz, também
conhecido como diâmetro interno.

Ângulo do filete: ângulo formado pelas superfícies que ligam as


cristas imediatamente posterior e anterior à raiz de uma rosca.
• Altura do perfil: distância ortogonal entre a crista da rosca
e a sua raiz.

crista

ângulo do filete raiz


altura

passo

diâmetro nominal
eixo da diâmetro do núcleo
rosca

Figura 2 – Elementos geométricos de uma rosca triangular


Fonte: o autor.

Outros elementos são definidos pela norma, mas escolhemos, aqui,


indicar os mais importantes, pois são a partir destes que faremos
as representações de roscas e parafusos e definiremos sobre qual
sistema de norma eles serão regidos.
Caso o cilindro seja atingido por outra ferramentas de corte de
geometria diferente da triangular, teríamos como resposta tipos
diferentes de rosca, conforme pode ser observado na Figura 3:

146 Desenhos de Projetos


Dentre os tipos apresentados, o mais comum é o triangular, pois é
o padrão de parafusos e porcas; o modelo trapezoidal é utilizado
em máquinas de movimento uniforme, como fusos e prensas; o
padrão quadrado é utilizado em peças sujeitas ao choque mecânico;
o padrão redondo é comum em luminárias e fusíveis; e o dente de
serra em máquinas que lidam com esforço unidirecional, como
Triangular Trapezoidal
tornos e fresas (FRANCESCHI; ANTOLENO, 2014).
As roscas podem, ainda, ser classificadas conforme a direção
em que avançam seus filetes, se à esquerda ou à direita, assim como
apresentado na Figura 4:

Triangular Trapezoidal
ar Trapezoidal
Quadrado Redondo Dente de serra

Triangular Trapezoidal
Quadrado Redondo Dente de serra
Redondo Dente de serra

Trapezoidal
adrado Redondo Dente de serra

À direita À esquerda

Figura 4 – Classificação de roscas quanto a direção dos filetes


Fonte: adaptada de Generoso (2009).

Podemos perceber que o processo de representação de uma rosca,


em desenho técnico, é uma técnica muito custosa que demanda
dondo Dente de serra
tempo e cuidado, como pode ser observado na Figura 5:
Figura 3 – Tipos de roscas
Fonte: adaptada de Generoso (2009).

UNIDADE VI 147
Figura 5 – Procedimento para desenho de roscas
Fonte: o autor.

Para facilitar a representação desses elementos em


desenho técnico, convencionou-se, para roscas
externas, desenhar dois traços contínuos externos,
representando o diâmetro do núcleo. Segundo
Cunha (2010), a diferença entre os diâmetros deve
ser da ordem de 80%. 45º

Nas extremidades da ponta roscada, o pro-


jetista deve construir um chanfro de 45º; caso a
rosca seja interna, seguem-se os mesmos padrões
de representação, diferenciando apenas que, ao
hachurar a área roscada, deve-se prolongar as Figura 6 – Representação simplificada de roscas
linhas até a linha do diâmetro do núcleo. Para Fonte: adaptada de Silva et al. (2016) e Cunha (2010).
representações na vista superior, constrói-se dois
círculos concêntricos, sendo o externo com o diâ- Com relação à medida dos seus diâmetros, as ros-
metro externo da rosca e o interno com o diâme- cas seguem três normas principais: o perfil ISO,
tro do núcleo, esse segundo não deve ser fechado que é utilizado nos países que seguem a norma no
completamente, deixando traçado apenas ¾ da sistema métrico, e o perfil Whitworth, utilizado
circunferência, conforme a Figura 6: nos países de língua inglesa.

148 Desenhos de Projetos


O perfil ISO possui ângulo de filete sempre Dos elementos roscados, talvez o mais usual seja
igual a 60º, logo, as roscas desse tipo de classifica- o parafuso; esse elemento consiste em uma rosca
ção são sempre com base em um perfil triangular que se prolonga até determinada posição na bar-
equilátero, daí temos a relação de que a altura do ra cilíndrica; a região sem rosca; recebe o nome
filete sempre será igual ao passo vezes (CUNHA, de espiga, ao final da espiga existe um elemento
2010). As medidas dos diâmetros, altura e passo responsável por promover a pressão sobre a peça
das roscas sempre é dada em milímetros. na forma de torção, ele é chamado de cabeça. Essa
Já no perfil Whitworth, o ângulo do filete é cabeça pode assumir diversas formas, como sex-
de 55º, o que resulta em um perfil de triângulo tavado, pentagonal, fenda, fenda cruzada, dentre
isósceles, e dessa configuração resulta um maior outros. Os parafusos são utilizados para unir de
contato entre a rosca interna e externa. duas peças por meio de uma união de sua rosca
No processo de cotagem dos elementos de ros- externa com a rosca externa de uma porca.
cas, devemos indicar o tipo de rosca, menos para Para classificar o tipo de um parafuso, se-
as roscas de passo grosso e para o padrão Whit- guimos a definição apresentada por Silva et al.
worth, diâmetro nominal e comprimento, passo (2016), que propõe o padrão “TIPO” “NORMA”
e sentido da rosca. Para as roscas no sistema ISO, – “ROSCA” x “COMPRIMENTO” – “CLAS-
os valores virão precedidos da letra “M”; já para o SE”. Seguindo essa definição, teríamos, por
sistema Whitworth, teremos a letra “W”. Podem exemplo, um Parafuso de cabeça Hexagonal
assumir, ainda, as condições de rosca retangular (Tipo) ISO 7412 (Norma) – M16 (rosca) x 80
(R), Trapezoidal (Tr), dente de Serra (S) e redonda (comprimento) – 8.8 (classe). Normalmente,
(Rd). Seguido da letra do tipo, deve vir demarcado esses dados vêm gravados em relevo nas cabeças
o diâmetro nominal e o passo da rosca, separados dos parafusos, normalizados com a marca de seu
por um “x” (SILVA et al., 2016). fabricante.

Os dados para definir classe e nomenclatura de


um parafuso são os mais variados, por esse motivo
é que propõe tabelas com as medidas usuais,
72

formas de cálculos, bem como instrumentos


de medida de roscas. Algumas dessas tabelas e
50

exemplos desses cálculos são apresentados no


link a seguir: <http://www.mundomecanico.com.
br/wp-content/uploads/2011/09/01-Parafusos-e-
roscas_2.pdf>.

M20

Figura 7 – Exemplo de cotagem de roscas


Fonte: Silva et al. (2016, p. 314).

UNIDADE VI 149
Os parafusos são fabricados em aço, e o tipo desse
aço dependerá da aplicação para a qual o parafu-
so foi pensado. Esses elementos são obtidos por
meio de usinagem ou forjamento e podem passar
por processos de acabamento superficial, como a
galvanização e cromagem (GENEROSO, 2009).
Devido à vasta gama de aplicações desse ele-
mento de fixação, outros materiais e métodos de
fabricação podem ser utilizados. Eles são escolhi-
dos levando em consideração o projeto a ser cons-
truído. Por exemplo, em um eletrodoméstico que
necessita de isolamento elétrico, pode-se utilizar
parafusos de plástico, em geral de PVC ou Teflon,
e podem ser fabricados por meio de conformação
mecânica em moldes.

150 Desenhos de Projetos


Elementos de Caráter
Permanente: Desenhos
de Soldas e Rebites

Em muitos casos na mecânica, ocorrem situações


onde as vibrações e interações entre as peças re-
sultam em esforços que acarretam em demasiado
desgaste nos elementos mecânicos. Nesses casos,
a utilização de elementos de caráter desmontável,
como as roscas, não é aconselhável. Outro motivo
pelo qual utiliza-se elementos de caráter perma-
nente é o de que em projetos mecânicos existem
uniões que não serão desfeitas para limpeza ou
manutenção, nestes casos, preza-se por utilizar
solda ou rebites. Quando ocorrem projetos em
que a vedação se faz imprescindível, como em
tanques para líquidos pressurizados e gases, utili-
zamos esses elementos de fixar e vedar o sistema.
A solda consiste na fusão de um elemento
metálico, normalmente um arame ou vareta, por
onde se transmite um tipo de energia, elétrica ou
térmica, de modo a elevar esse elemento até seu
ponto de fusão. Segundo Neris (2012), os três
grandes grupos de soldagem são a soldagem por
fusão, a soldagem por pressão e a Brasagem, sendo
que a mais utilizada para os serviços de montagem
é a soldagem por fusão.

UNIDADE VI 151
Por ser a mais usual nos processos de construção mecânica, a solda por fusão é a mais discutida,
entretanto, existem muitos processos de soldagem dentro dessa classe e sua aplicação varia conforme
o projeto. Veja mais no link: <https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2016/02/tipos-de-soldas-
e-suas-aplicacoes.html>.

As representações da solda em desenho técnico le- referência. Os dados, como o tipo de acabamento,
vam em conta quais os cuidados precisam ser toma- tamanho da solda e distância entre as soldas, são
dos para sua confecção. A norma NBR 7165 trata so- distribuídos acima ou abaixo dessa linha; a posição
bre alguns desses cuidados e apresenta as figuras que com relação a essa linha indica onde o trabalho de
precisam ser construídas para sua representação. De solda deve ser feito; se estiver acima da linha, sig-
modo geral, quando uma superfície recebe elemento nifica que o serviço deve ser feito no mesmo lado
de solda, ela é representada no desenho técnico por em que está indicado, caso o texto do serviço esteja
meio de um marcador com uma seta indicativa na abaixo da linha, ele deve ser feito no lado oposto da
extremidade de uma linha com inclinação aproxi- peça. A Figura 8 indica todos os elementos presentes
mada de 45º, essa linha recebe o nome de linha de em uma representação de soldagem:

Símbolo de contorno Símbolo de acabamento

Ângulo de chanfro Fresta

Símbolo básico
F Comp. da solda

Dimensão de solda em chanfro


A Dist. centro a centro
R (soldas intermintentes)
Dimensão de solda/prep.
Soldagem no campo
Lado
oposto

Especificação, S(E) L-P


processo ou outro T
Lado Lado da seta Lado oposto
da seta
Cauda

Linha de referência

Figura 8 – Simbologia para soldagem em desenho técnico


Fonte: Neris (2012, p. 32).

Para representação dos tipos de solda, costuma-se utilizar linhas com diversas inclinações, que signi-
ficam ao responsável pela soldagem o tipo de solda a ser feito. Veja na Figura 9:

152 Desenhos de Projetos


em I
em V ou X 1/2 V ou K U ou duplo U J ou duplo J V flangeado 12 V flangeado
(bordas paralelas)

Solda de Solda de Solda a Solda por Solda no Solda de


Soldas de aresta
filete tampão ponto costura reverso revestimento

Figura 9 – Tipos de solda e suas representações


Fonte: Neris (2012, p. 32).

Essas representações são indica-


tivos da forma que a solda deve
ser feita, entretanto há a neces-
sidade de inserir os valores que
indicam o tamanho dos cordões
de solda, esses valores são indi-
cados ao lado do símbolo do
tipo, quando não houver valor
junto ao símbolo, significa que o
cordão de solda deve percorrer
toda a aresta indicada.
Quando os símbolos apare-
cerem acima e abaixo da linha
4 4
de referência, deve-se realizar 2-4
o processo de solda em ambos 2-4

os lados da peça; caso eles este-


jam alinhados, isso indica que
os cordões de ambos os lados
coincidem se houver uma dife-
2 2 2
rença de posição entre eles; os
cordões devem ser soldados de
forma intercalada, e a distância
5 10
entre os cordões é definida por 3-10
valor que precede o tamanho 3-10
da solda. Veja a Figura 10 que
exemplifica:

3 3 3 3

Figura 10 – Dimensões e posições de soldagem


Fonte: adaptada de Neris (2012).

UNIDADE VI 153
Além dos símbolos indicativos do tipo de solda, contorno, ocorre a inserção de um desenho
temos outros elementos que indicam o tipo de específico, no ponto onde a linha de referên-
acabamento e o contorno dessa solda na peça. cia muda de inclinação. As letras representati-
Os acabamentos em solda são representados vas dos acabamentos, bem como os desenhos
por meio de letras maiúsculas que são escritas indicativos dos tipos de contorno, seguem na
sobre a linha de referência, já para o tipo de Tabela 1.

Tabela 1 – Representações de acabamento e contorno em solda

Representação de acabamentos e contorno em solda


C - Rebarbamento | G - Esmerilhamento | R - Laminação | M - Usinagem | H - Martelamento
Símbolo Descrição Símbolo Descrição

Todo o Contorno Contorno Plano

Solda de Campo Contorno Convexo

Fusão no Reverso Contorno Concavo

Fonte: adaptada de Neris (2012).

Sendo assim, apresentamos alguns dos tipos de propriedades aerodinâmicas do projeto (FRAN-
representação usuais de elementos do desenho CESCHI; ANTONELLO, 2014).
técnico para soldagem. O próximo elemento de O processo de rebitagem ocorre primeiro com
caráter permanente sobre o qual trataremos será a furação das chapas que se deseja unir, depois
sobre os rebites. devemos sobrepô-las alinhando os centros dos
Os rebites são peças cilíndricas em metal ma- furos, na sequência, introduz-se o rebite com o
leável, normalmente alumínio, latão ou cobre, uti- comprimento desejado nos furos previamente
lizado para fixar duas chapas metálicas de forma alinhados, então, no lado oposto das peças, uti-
permanente. É comum sua utilização em projetos liza-se uma pistola de rebitagem ou um alicate
de aeronaves e navios, pois diferentemente da sol- de rebite. Para dar acabamento, utiliza-se uma
da e dos parafusos, o acabamento externo de duas punção para conformar a contracabeça, que é a
peças rebitadas resulta em um menor coeficiente cabeça do lado oposto do rebite. Veja o exemplo
de atrito e, por consequência, em um ganho das de instalação na Figura 11:

154 Desenhos de Projetos


A forma de distribuição dos re-
bites será variada, conforme o
tipo de aplicação, a distribuição
dos rebites na chapa deve deri-
var do esforço ao qual elas se-
rão submetidas e em função da
largura das chapas. O tipo mais
comum de rebitagem é o de re-
a b cobrimento, em que as chapas
Figura 11 – Processo de Rebitagem são sobrepostas e rebitadas (SE-
Fonte: Cunha (2010, p. 421). NAI, 1996). Veja na Figura 12.

Figura 12 – Rebitagem por Recobrimento


Fonte: Senai (1996, p. 24).

A primeira parte da figura indica um recobrimento simples utilizado em vigas metálicas, já o segun-
do ocorre quando há necessidade de resistência e vedação, como é o caso de caldeiras e sistemas que
trabalhem com gás, sendo o padrão de recobrimento duplo.

UNIDADE VI 155
Desenhos de Montagem
Mecânica: Vistas Explodidas

A representação em perspectiva é, de forma ir-


refutável, a forma de representação cujo enten-
dimento é o mais natural, portanto, é plausível
que se propusesse, para um padrão de montagem
de equipamentos, a representação das peças em
perspectiva – esse tipo de desenho recebe o nome
de vista explodida.
A vista explodida é o conjunto de peças repre-
sentadas em perspectiva isométrica, em que todas
seguem um mesmo posicionamento referencial
para facilitar o entendimento do procedimento de
montagem; esses desenhos são ligados por linhas
tracejadas que seguem uma ordem e alinhamento
paralela aos eixos axonométricos. Na vista explodi-
da, todas as peças são numeradas e possuem, junto
à legenda, a descrição das peças.

Para iniciar o desenho de uma perspectiva ex-


plodida, deve-se sempre seguir um mesmo di-
recionamento, portanto, costuma-se desenhar
a maior peça do conjunto primeiro e depois as
outras representações isométricas seguem o po-
sicionamento em relação a essa peça.

156 Desenhos de Projetos


08
Nesse tipo de representação, os elementos de ca- 10
ráter desmontável, como parafusos, porcas e arruelas, 09

são representados e numerados todos com um mesmo


valor, já que o valor indica o tipo de peça; em alguns
casos, peças maiores, com detalhes internos, podem ser
07
representadas com cortes parciais. Vejamos na figura a
seguir como seria apresentado um diagrama de mon-
tagem em vista explodida (CUNHA, 2010).
Nota-se que esse tipo de de-
06
senho é essencial para explicar
o processo de montagem a lei-
tores sem muita prática no en-
tendimento de vistas ortogonais.
Isso porque o desenho, em vista
explodida, indica a exata locali- 04
zação das peças em sua monta-
gem, além disso, facilita no pro- 02
cesso de orçamento e aquisição
de peças entre consumidor e 01

fabricante, já que, munidos de


um esquema em vista explo- 03
dida, ambos podem entrar em
acordo sobre qual peça desejam
05
trocar em um equipamento.
02

04

01

Figura 13 – Representação em vista


explodida Queimador AF – Tipo T
Fonte: Riello ([2018], on-line)1.

UNIDADE VI 157
Desenhos de Projetos
Elétricos: Representação
de Diagrama Unifilar

Os diagramas elétricos são esquemas de desenho


que mostram como deve ser feito o projeto elétri-
co; para tanto, é necessário ao projetista ter cons-
truído previamente a planta baixa da edificação,
pois é a partir dela que, com símbolos normaliza-
dos, propostos pela NBR 5444, definimos quais as
condições e elementos necessários à construção
do sistema elétrico.
O padrão para as instalações mais simplifica-
das é o diagrama Unifilar. Nesse tipo de diagrama,
são definidas as posições das tomadas, a menor
distância das passagens dos eletrodutos e a po-
sição do quadro de distribuição. Para facilitar a
representação dos elementos elétricos, a norma
propõe a construção de uma linha única e contí-
nua que representa o eletroduto por onde passará
a fiação, o diâmetro desse duto deve ser anotado
ao lado da linha (WATANABE, 2010).

158 Desenhos de Projetos


Tabela 2 - Principais indicações de eletrodutos Tabela 3- Principais indicações de equipamentos elétricos
Símbolo Significado Símbolo Significado

Eletroduto na Quadro de força embutido


Ø 25 na parede
Ø 25 parede ou teto
Ø
Ø
Ø 25
25
Ø 25
25 a
a
a Interruptor de
Ø 25 a
Ø
a uma seção (a)
Ø 25
25 Eletroduto no piso
a
Ø
Ø
Ø 25
25
25 a
Ø
Ø 25
25 a b
a b Interruptor de
Ø 25 a ab
a
a b b duas seções (a e b)
Ø 25 a b
Eletroduto ascendente a
aa bb
a
a b b Interruptor de três
aa
a cabbb
a c b seções (a, b e c)
Eletroduto descendente aa cc bb
c
a2x100 Ponto de luz no teto,
c b W
2x100 W
W
a2x100b W
2x100 indicar a quantidade
Cx. pass.
Caixa de passagem c b W
a2x100
(200x200x100)
Cx.
Cx. pass.
pass.
W de lâmpadas e a potência
Cx.
Cx. pass.
(200x200x100)
Cx. pass.
pass.
(200x200x100)
(200x200x100)
(200x200x100)
na parede 2x100
c W
(200x200x100)
Cx. pass. a2x100
b W Tomada de energia
(200x200x100)
Cx. pass.
c W a 30 cm
(200x200x100)
Cx. pass. 2x100
(200x200x100)
Cx. pass.
Cx. pass. Caixa de passagem no teto
Tomada de energia
Cx. pass.
pass.
(200x200x100)
Cx.
Cx. pass.
(200x200x100)
(200x200x100)
(200x200x100)
(200x200x100)
Cx. pass. 2x100 W a 130 cm
(200x200x100)
Cx. pass.
(200x200x100)
Fio condutor tipo
Tomada de energia
fase em eletroduto
a 200 cm

Fio condutor tipo Saída de telefone


neutro em eletroduto (embutido na parede)

Chave secionadora
Fio condutor de (chave monopolar)
retorno em eletroduto

Fio condutor terra Chave reversora


em eletroduto
Fonte: adaptada de ABNT (1989).
Fonte: adaptada de ABNT (1989).
No processo de construção de um diagrama Unifilar,
Em um mesmo eletroduto ou calha, podem pas- o projetista deve indicar que os condutores fazem
sar vários fios condutores, então os sinais refe- parte de diferentes circuitos. Isso é feito numerando
rentes às fases, neutros, retorno e terra podem os circuitos e indicando nos elementos elétricos de
ser repetidos em um padrão de representação. qual circuito eles fazem parte. Os circuitos devem
Além dos condutores, a norma define alguns partir sempre do Quadro Geral e, para definir a
entes geométricos como sendo indicativos de quantidade de lâmpadas e tomadas em um projeto,
equipamentos elétricos, observe as figuras na o projetista precisa fazer uma previsão da quantidade
tabela 3 e seu significado: de tomadas e lâmpadas necessárias à edificação.

UNIDADE VI 159
Para definir a quantidade de iluminação, deve Perceba que, quanto mais circuitos tivermos,
seguir alguns cuidados propostos pela NBR 5410, maior será a quantidade de elementos para des-
dentre os quais citamos a necessidade de pelo me- crever, e que logo abaixo dos tipos de condutores
nos um ponto de luz por cômodo; ambientes com devemos descrever qual a bitola destes; no caso
menos de 6 m2 necessitam ter pelo menos uma do circuito 1, temos 1,5 mm2.
tomada; nos banheiros, as tomadas e pontos de luz Apesar de ser um modo mais simples de visua-
devem distar no mínimo 60 cm do box; os am- lizar as modificações elétricas, esse tipo de repre-
bientes com mais de 6 m2 devem ter uma tomada sentação demanda aplicação dos símbolos con-
a cada 5 metros de perímetro; em se tratando de vencionados para seu entendimento, bem como
cozinhas e banheiros, essa relação diminui para 1 pode causar alguma dificuldade na compreensão,
tomada a cada 3,5 metros de perímetro. principalmente no que tange aos condutores elé-
Feito isso, podemos representar no projeto de tricos; para sanar esse problema e apresentar de
planta baixa um diagrama unifiliar. Devemos dis- forma mais detalhada as instalações elétricas é que
por o Quadro Geral em local acessível e propor se pensou em uma forma de representação em que
circuitos cuja corrente não ultrapasse um limite todos os condutores fossem representados indi-
de 10 A (WATANABE, 2010). Veja o exemplo que vidualmente. A esse tipo de representação damos
segue, em que definimos o circuito 1, para ilumi- o nome de diagrama Multifilar, assunto que será
nação e o circuito 2 para tomadas: abordado em nosso próximo tópico.

Figura 14 – Exemplo de diagrama Unifilar


Fonte: o autor.

160 Desenhos de Projetos


O perímetro é a soma das distâncias lineares
das paredes de um cômodo, por exemplo: em
um quarto de 3 m por 4 m, teremos 12 m2 de
área e um perímetro de 14 m, o que resulta em
2 tomadas de força; se esse cômodo for uma
cozinha, serão 4 tomadas de força.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE VI 161
Desenhos de Projetos
Elétricos: Representação
de Diagrama Multifilar

Os diagramas multifilares prezam por indicar


de forma mais detalhada os elementos do sis-
tema elétrico. Nesse tipo de diagrama, as linhas
deixam de representar as calhas e eletrodutos
e passam a ser representações dos condutores.
Por esse motivo, o diagrama é muito mais efi-
ciente para entender o funcionamento de um
sistema elétrico e evita que o leitor do desenho
se confunda com relação ao tipo e quantidade
de circuitos, já que esses são individualizados.
Os condutores são representados por linhas
horizontais e recebem uma letra que represen-
tam o tipo de condutor R, S ou T para fase e N
para neutro, ambos representados por linhas
contínuas; o condutor terra será representado
por uma linha tracejada e precedida das letras
PE. Os circuitos são descritos como subíndices
dessas letras (CAVALIN; CERVELIN, 2009).

162 Desenhos de Projetos


Entretanto, a grande diferença está no fato de que esse diagrama não é representado sobre uma
planta baixa, mas sim em uma folha em separado, atuando como um fluxograma autônomo. Se todos
os condutores fossem desenhados, não haveria espaço disponível em uma planta, o que ocasionaria
maior dificuldade no entendimento, por isso, esses diagramas são individualizados. Veja, no exemplo,
um diagrama Multifilar do diagrama Unifilar representado na Figura 15:

Figura 15 – Exemplo de diagrama Multifilar


Fonte: o autor.

Os pontos do diagrama em que ocorre a ligação na rede devem ser destacados por pontos pintados de
preto. Esse padrão de representação é muito útil para descrever a instalação de motores e máquinas
industriais, onde temos alguns equipamentos para esses tipos de circuitos. Como podemos observar, a
simbologia é diferente para as representações de diagramas Multifilares, então se fez necessário definir
outros símbolos para essas representações, esses símbolos estão descritos na Tabela 4.

UNIDADE VI 163
Tabela 4- Indicações utilizadas nos diagramas Multifilares
Com base nos conceitos apresentados neste tópi-
Símbolo Significado co, temos o conhecimento necessário para iniciar
Interruptor simples a leitura e interpretação de diagramas elétricos,
mas vale lembrar que aqui estão apresentados
apenas alguns símbolos representativos, outros
Interruptor duplo
podem ser encontrados ao consultar as NBR´S
que regulam o assunto.
Nesta unidade, aprendemos várias formas de
Interruptor triplo se representar elementos comuns em projetos. Es-
ses elementos mecânicos e elétricos, devido a sua
repetição constante em projetos, costumam ser
definidos por meio de símbolos convencionados.
Tomada de corrente Esses símbolos auxiliam no entendimento de
projetos com vários elementos desmontáveis e
permanentes; no caso do segundo, eles também
indicam a forma na qual esses elementos devem
Ponto de luz
ser construídos. Dentro da classe de desenhos que
auxiliam no processo de montagem, estudamos a
representação de várias peças alinhadas em pers-
Fusível pectiva isométrica, a chamada vista explodida,
que apresenta, de forma prática, como ocorre a
Chave secionadora combinação das peças em um projeto mecânico.
(chave monopolar) Para finalizar, conhecemos como se representa
um sistema elétrico em um projeto, aprendemos
Motor trifásico sobre os diagramas unifilar e multifilar e reco-
M nhecemos suas diferenças, dentre as quais as mais
MM
M
MM
3~ aparentes são de que o primeiro é representado na
M
3~
3~
3~
3~
3~ planta baixa da representação, e o segundo preza
3~
por descrever de forma detalhada os condutores
Fonte: adaptada de Cavalin e Cervelin (2009). e sua relação com os componentes elétricos.

164 Desenhos de Projetos


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Dentre os tipos de representações mecânica, os de caráter desmontável repre-


senta os elementos que unem as peças mecânicas de modo provisório, sendo
possível sua retirada sem causar danos nem ao elemento de máquina nem à
peça unida. Sobre essas uniões, assinale a alternativa correta:
a) A rosca é o principal representante desses elementos, sendo a parte cilíndrica
denominada de espiga, e a partes com ressaltos triangulares, cabeça.
b) Os parafusos também fazem parte dessa classificação, e são definidos nas
normas internacionais ISO, sem norma regulamentadora dos padrões ingleses
de polegadas.
c) São várias as formas de classificação de uma rosca, dentre as quais podemos
citar: as roscas internas, ou roscas macho, e as roscas externas, também cha-
madas de roscas fêmeas.
d) Existem classificações de roscas tanto no Sistema Internacional quanto no Sis-
tema inglês de unidades; entretanto, o ângulo do filete para esses dois padrões
se mantém o mesmo, a saber 60o.
e) Nos projetos de máquinas, os elementos de caráter desmontável podem ser
representados de forma simplificada, devido ao nível de detalhe que essas
peças possuem.

165
2. A forma de representação de projetos mecânicos mais comuns nos manuais
de montagem são as perspectivas em vista explodida, método representativo
formado por várias vistas isométricas individualizadas das peças que formam
um equipamento mecânico. Dentre os cuidados que devem ser tomados da
construção desse tipo de representação, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) Para construção de uma vista explodida, devemos construir as peças em vista
isométrica, numerá-las e desenhar uma linha contínua fina que indique seu
posicionamento.
(( ) Para cada elemento de caráter desmontável, como porcas e parafusos, deve-
mos definir uma numeração diferente, o mesmo ocorre com peças iguais na
vista explodida.
(( ) A representação em vista explodida é de grande valia para consumidores que
não têm vivência com outras formas de representação em desenho técnico,
isso se deve a sua clareza quase intuitiva.

Assinale a alternativa correta:


a) V – V – V.
b) V – F – F.
c) F – F – V.
d) F – V – V.
e) V – F – V.

3. Após a construção de um projeto arquitetônico ou mecânico, costuma-se anexar


a este um projeto elétrico. Esse projeto elétrico assume a forma de diagrama, e
pode ser feito na forma Unifilar ou Multifilar. Pontue as diferenças entre essas
duas formas de representação.

166
WEB

No processo de construção de um projeto elétrico, os engenheiros deparam-


-se com muitas normativas e convenções, que causam dúvidas e dificuldades
no processo. O Blog Sala de Elétrica visa facilitar a vida desses engenheiros e
projetistas, explicando de forma acessível os conceitos de diagramas Unifilar
e Multifilar; também disponibiliza textos explicativos sobre as normativas que
regem o projeto elétrico brasileiro.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

167
ABNT. NBR 7165 – Símbolos gráficos de solda para construção naval e ferroviária. Rio de Janeiro: ABNT,
1982.

______. NBR 5444 – Simbolos gráficos para instalações prediais. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão. Rio
de Janeiro: ABNT, 2004.

CAVALIN, G.; CERVELIN, S.Instalações Elétricas Prediais. 20. ed. São Paulo: Érica, 2009.

CUNHA, L. V. Desenho Técnico. 13. ed. Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 2010.

FRANCESCHI, A.; ANTONELLO, M. G. Elementos de Máquinas. Santa Maria: UFSM, 2014.

GENEROSO, D. J. Apostila de elementos de máquinas – módulo 3. Araranguá: IFSC, 2009.

NERIS, M. M. Soldagem dos Metais. Santa Cecília: Unisanta, 2012.

SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Noções básicas de elementos de máquinas. Espírito
Santo, Vitória, 1996.

SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho Técnico Moderno. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

WATANABE, M. M. Apostila de Projeto de Instalações elétricas residenciais e prediais (III parte). Join-
ville: IFSC, 2010.

REFERÊNCIA ON-LINE

Em: <http://www.riello.com.br/anexos/M0104102%20VISTA%20EXPLODIDA.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.


1

168
1. E.

2. C.

3. Solução: no diagrama Unifilar, todos os elementos condutores são representados em uma única linha,
ele deve ser representado sobre uma planta baixa de uma edificação, é utilizado na representação de
projetos elétricos mais simples onde se trabalhe com sistemas monofásicos ou bifásicos. No diagrama
Multifilar, todos os condutores são representados por linhas diferentes, representa-se o esquema elétrico
em prancha individualizada da planta baixa, é comum em projetos industriais de alta complexidade, onde
utiliza-se vários sistemas elétricos.

169
170
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Desenho de Edificações

PLANO DE ESTUDOS

Planta baixa Planta de Cobertura

Planta de localização e situação Elevações, cortes e seções

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Possibilitar o desenvolvimento de técnicas utilizadas para • Desenhar, a partir dos conhecimentos de projeções orto-
definição da localização geográfica de uma edificação. gonais, as vistas laterais e os cortes usuais solicitados em
• Construir, por meio de técnicas de projeção ortogonal, a um desenho de edificação.
representação em planta baixa de uma edificação. • Internalizar as técnicas para construção de coberturas
em edificações.
Planta de Localização
e Situação

Chegamos ao ponto do nosso estudo em que


abordaremos como se representam as edificações
e quais as suas peculiaridades, vimos, anterior-
mente, técnicas de representações em perspectiva
e projeções ortogonais que, nesta unidade, serão
novamente solicitadas; portanto, caso haja alguma
dúvida, é importante revisitar esses conteúdos.
Em desenho de máquinas, temos símbolos
que padronizam o tipo de representação, o que
ocorre também na representação das edificações.
Elementos que se repetem com frequência, como
portas e janelas, são normalizados visando facili-
tar a representação.
Para melhor compreensão do projeto como
um todo, assim como nos desenhos de peças e
máquinas, podemos inserir cortes, vistas e repre-
sentações de detalhes tantos quanto necessário.
A diferença é que, nas edificações, esses desenhos
receberão nomes distintos dos apresentados nas
representações ortogonais de peças.
Nesta unidade, construiremos juntos um pro-
jeto de edificação e, além disso, sedimentaremos
ainda mais nossos conhecimentos nessa ciência
tão ampla que é o desenho técnico.
A forma mais usual de representação de uma ao seu posicionamento geográfico e em relação
edificação é a planta; esse tipo de representação é ao espaço disponível para a construção, são elas:
entendido como sendo uma projeção ortogonal, a planta de situação e a planta de localização
em que um plano secante paralelo ao piso atra- ou locação.
vessa a edificação a uma altura de aproximada- A planta de situação indica ao leitor a posi-
mente 1,5 m do piso de referência (ABNT, 1994). ção referencial a que a edificação se encontra.
Quando esse plano secante atravessa a peça Segundo a NBR 6492, essa planta deve conter o
de forma ortogonal a esse piso, temos cortes lon- norte indicado, as ruas que estão ao entorno da
gitudinais e transversais. As representações em edificação, o desenho da área do terreno a ser
planta e os cortes longitudinais e transversais são construído, dentre outros dados possíveis.
feitos no projeto arquitetônico, pois é com base Nesse sentido, Rezende e Gransotto (2007)
nesses elementos que os detalhes internos da orientam que devemos indicar o número do
construção podem ser visualizados e é a partir lote onde se construirá a edificação, e dos lotes
deles que se verifica se as normas de construção vizinhos, as distâncias até as esquinas e outros
foram obedecidas. dados que contribuam no auxílio da localização
Algumas dessas plantas servem para indicar do terreno. Veja um exemplo de planta de situa-
a localização da edificação, no que diz respeito ção na Figura 1:

Figura 1 – Planta de situação


Fonte: o autor.

UNIDADE VII 173


As plantas de situação devem ser representadas Nesse tipo de representação, deve-se indicar a dis-
nas escalas elevadas de redução, as mais comuns tância das edificações até os limites do terreno.
são 1:500, 1:1000 e 1:2000 (MONTENEGRO, Essas distâncias são chamadas de afastamentos
2001). A área do terreno deve vir hachurada com e devem ser medidas dos limites do terreno até a
linhas de inclinação 45º; caso haja edificações nos edificação. As distâncias variam também confor-
terrenos vizinhos, estas também podem ser dese- me a lei de ocupação de cada município. Brabo
nhadas. Em alguns municípios brasileiros, essa (2009) apresenta alguns valores que podem ser
planta deve vir acompanhada de um quadro que tomados com referência a título didático; para o
descreve quais as áreas do terreno (área construí- recuo frontal, o valor deve ser maior ou igual a 4
da, área do terreno e área livre) (FERREIRA, 2004). metros; já os recuos laterais para as edificações
Além dessa forma de localizar a edificação em com janelas nessas paredes devem ter medida de
relação ao seu entorno, temos, ainda, a planta de lo- 1,50 metros; o recuo posterior será resultado do
cação, que orienta os responsáveis pela construção, ajuste dos outros três recuos.
localizando a edificação dentro do lote em questão. A planta de locação deve conter, além das
10,50 distâncias dos afastamentos, as edificações que,
3,85 4,30 2,35
porventura, já estejam construídas no terreno,
elementos como rampas e vegetações já existentes
também devem ser representados.
Veja que essa representação baseia-se no terre-
7,85

no em que a edificação será construída e, normal-


mente, é utilizada para marcação da construção
no terreno. As distâncias dos afastamentos são
medidos sempre em relação à parede da edifi-
20,00

cação e não em relação à projeção do telhado,


isso porque as paredes são construídas antes da
7,45

cobertura, e a posição das telhas na cobertura va-


ria mais do que a posição da parede no terreno
(MONTENEGRO, 2001). As escalas mais usuais
2,70

para a representação desse tipo de planta são as de


1:200, 1:250 e 1:500. Para uma melhor represen-
2,00

tação, o desenho da edificação é feito como uma


6,15 2,00 2,35

RUA ITALIANO planta de cobertura e devido possuir escalas bem


PLANTA DE LOCAÇÃO
ESCALA 1:200
similares, em alguns casos, as plantas de situação e
locação são feitas em um mesmo desenho (MON-
Figura 2 – Planta de locação
Fonte: o autor. NERAT, 2013).

174 Desenho de Edificações


Planta
Baixa

A representação em planta baixa é o principal


tipo de desenho em um projeto arquitetônico.
Nesse desenho, um plano horizontal e paralelo ao
piso atinge a construção a uma altura que varia
entre 1,5 e 1,2 m (MONTENEGRO, 2001). Então,
ocorre que a parte superior de nosso desenho é
retirada para apresentar os detalhes internos da
edificação, assim como representado na Figura
3 a seguir.

UNIDADE VII 175


Figura 3 – Representação tridimensional de uma planta baixa
Fonte: Ching (2011, p. 53).

Nas representações em planta, podemos apre-


sentar os detalhes internos da residência, como
os detalhes do piso, como orientação e tamanho,
e indicamos qual a posição das esquadrias. Por
se tratar de representação interna da construção,
utiliza-se uma escala que apresente melhor esses
detalhes, no caso 1:50 ou 1:100, dependo do ta-
manho da edificação.
As plantas baixas mostram os detalhes de po-
sição dos pilares, as dimensões dos cômodos, di-
reção em que as portas e janelas abrir-se-ão e as
ligações da edificação entre os seus cômodos e a
área externa do terreno. De modo geral, todos os
detalhes que estiverem abaixo da altura de 1,2 m
serão representados (CHING, 2011).

176 Desenho de Edificações


Para desenhar uma planta baixa, iniciamos construindo as linhas verticais e horizontais que defi-
nem as posições das paredes principais, ou seja, aquelas que servirão como estrutura de sustentação
da edificação. (1) Essas paredes devem ter uma espessura que varie de 0,25 a 0,15 m de espessura;
(2) depois aumentamos a espessura das linhas que farão parte da edificação e apagamos aquelas que
não serão; (3) o terceiro passo consiste em desenhar os vãos onde serão posicionados os elementos
de esquadria, como portas e janelas; (4) e por fim finaliza-se com a colocação desses elementos e de
outros como a linha de piso.

Figura 4 – Construção de um desenho em planta baixa


Fonte: o autor.

No desenho da planta é muito importante utili-


zar traços e cores de traçados diferentes para que
o leitor seja capaz de compreender a altura do
posicionamento dos elementos; por esse motivo, É a partir da planta baixa que outros projetos,
as paredes atingidas pelo plano de corte devem como o hidráulico, elétrico e de sonorização de
possuir espessura de linhas maior que as outras. ambientes, são elaborados, por isso que esse tipo
Montenegro (2001) orienta que as paredes atin- de representação é de fundamental importância;
gidas pelo corte possuam a maior espessura de em peças mecânicas, a planta nada mais é do
traçado, seguidas das paredes à meia altura do que um plano de corte ortogonal à vista frontal.
corte, e finalizando com a linha de piso que deve
ter a menor espessura no desenho.

UNIDADE VII 177


Caso haja detalhes acima da
linha de corte e estes precisem
ser representados, eles o serão
por meio de linhas tracejadas.
(a) Outra forma de descrever
que uma parede de alvenaria foi
atingida por corte é por meio do
desenho de hachuras de linhas
inclinadas, (b) também aceita-se
a representação de hachura de
concreto, (c) ou conforme a NBR
6492, que propõe o desenho de Figura 5 – Preenchimento de
um retângulo interno à parede, parede em planta baixa
Fonte: o autor.
veja na figura os exemplos:

Para Ching (2011), a colocação


de hachuras estabelece uma
melhor diferenciação entre as
linhas de piso e as paredes atin-
gidas por corte. Os elementos,
como portas e janelas, devem
ser representados conforme a
altura que o plano de corte os
atinge, por exemplo, as portas
são representadas com linhas
contínuas largas, já as janelas,
que são atingidas pelo plano de
corte, são representadas com li-
nhas médias, que se diferenciam
das contínuas grossas usadas
nas paredes; quando a janela
encontra-se acima do plano de
corte, como as instaladas em
banheiros, sua representação Figura 6 – Representação de Esquadrias em planta baixa
Fonte: o autor.
é feita por meio de uma linha
tracejada, veja a Figura 6:

178 Desenho de Edificações


Além dos padrões de portas e janelas apresentados na Figura 6,
podemos representar esquadrias maiores e menores de formas
diferenciada. Alguns desses padrões são apresentados a seguir:
Tabela 1 – Tipos de Esquadrias em planta baixa

Tipo Porta Janela

Correr

Basculante

Pivotante

Fonte: Ferreira (2004).

As portas e janelas precisam ter suas dimensões definidas, tanto


para a altura quanto para comprimento. Caso o desenho tenha
muitos detalhes, podemos enumerar as portas e janelas como P1,
P2, … e J1, J2,... respectivamente, seus tamanhos são descritos em
uma tabela alocada no canto inferior direito da folha de desenho.
Fonte: ABNT (1994).

As portas internas são normalmente construídas com espessura de


0,02 m e comprimento de 0,80 m para a parte interna da residência,
podendo as portas dos banheiros ter 0,7 m de comprimento; as portas
que saem para o exterior têm comprimento de 0,90 m, os corredores
precisam ter, no mínimo, 0,90 m de passagem, mas esse número pode
variar conforme a circulação de pessoas (BRABO, 2009).
Os valores que são seguidos das descrições das esquadrias indi-
cam suas dimensões de altura e comprimento; no caso das portas,
o padrão é (comprimento x altura); para as janelas, temos duas
alturas a serem definidas, a altura da própria janela e a altura do
peitoril, que é a distância do piso até o início da janela; nelas, o
padrão de indicação é (comprimento x altura) x peitoril.

UNIDADE VII 179


Tabela 2 – Elementos de representação de elementos fixos
Nas passagens em que ocorre a mudança de em planta baixa
nível no piso, esta deve ser representada por uma
linha de piso que indique a posição dessa mudan- Objeto Representação em planta baixa
ça, além da linha de piso, temos um símbolo indi-
cativo de que ocorre um desnível naquela posição. Vaso
Esse símbolo consiste numa circunferência, colo- Sanitário
cada no meio do cômodo, subdividida com uma
aresta prolongada, em que escrevemos a altura do
nível do piso. Veja o símbolo na Figura 7 que segue: Pia
Banheiro

Pia
Cozinha

Chuveiro
Figura 7 – Marcador de nível de piso em planta baixa
Fonte: o autor.
Na região interna da planta, podemos representar os
móveis e elementos de construção de áreas específi- Tanque
cas, como os sanitários no banheiro, ou tanques nas
áreas de serviço e pias em cozinhas; os padrões de
representações são muitos, entretanto, aproveitamos
para demonstrar alguns desses na tabela que segue: Fonte: Monnerat (2013).

No estudo da planta baixa, percebemos que muitos dos detalhes da edificação são descritos nessa
representação e que, ao executar o projeto de um edifício, é muito comum os construtores basear-se
nesse tipo de desenho, entretanto nem todos os detalhes de uma construção estão presentes ou são
passíveis de visualização em plantas baixas, muitos deles necessitam de um plano de corte que seja
ortogonal à linha de piso. Ao buscar esse tipo de desenho, construiremos os cortes, assunto que será
abordado no nosso próximo tópico.

180 Desenho de Edificações


Elevações,
Cortes e Seções

Os cortes trabalham com a mesma ideia proposta


para a planta baixa, a ideia de apresentar os de-
talhes internos de um edifício, entretanto nesse
tipo de representação, o plano de corte atinge a
construção de forma ortogonal ao plano em que
esta foi edificada, para mostrar detalhes presen-
tes na direção da altura. No caso da planta baixa,
em que o plano é paralelo, basta que se defina
uma altura em relação ao piso de referência; já
nos cortes, temos que definir seu posicionamento
em relação à construção. Assim como no caso da
planta baixa, o interesse está na representação dos
detalhes internos, para os cortes, e nos detalhes
externos, para fachadas e elevações, logo, sua es-
cala para desenho é a mesma da planta, ou seja,
entre 1:50 a 1:100.
Quando esse plano não atinge a construção,
temos uma representação ortogonal simples; caso
ele esteja apresentando a vista frontal da edifi-
cação, recebe o nome de fachada, se apresentar
a vista lateral, seu nome será elevação. Perceba
que em ambos os casos, trata-se da vista frontal e
lateral da edificação, esta normalmente é feita vi-
sando mostrar os detalhes externos da residência,
conforme indicado pela Figura 8:

UNIDADE VII 181


Figura 8 – Exemplos de Fachada e Elevação
Fonte: o autor.

Tenha sua dose extra de Os termos longitudinal e transversal são utilizados


conhecimento assistindo ao para indicar cortes nas direções ortogonais à vista
vídeo. Para acessar, use seu frontal ou fachada (longitudinal) e ortogonais à
leitor de QR Code.
vista lateral ou elevação (transversal) da edificação.
Entenda melhor no blog, por meio do link:
<http://www.colegiodearquitetos.com.br/
Ao atingir a construção internamente e de modo dicionario/2013/02/o-que-e-corte/>
ortogonal ao plano do piso, o plano de projeção Fonte: adaptado de Pinhal (2013, on-line)1.
resulta em um corte longitudinal ou um cor-
te transversal. O desenhista costuma escolher
planos que sejam paralelos às paredes laterais ou Os exemplos desses tipos de corte são apresenta-
frontais do edifício, pois esses planos irão indi- dos na Figura 9, sendo que o Corte A representa
car, de forma mais efetiva, os detalhes internos um corte transversal, e o corte B representa o corte
da construção. longitudinal:

182 Desenho de Edificações


Co
rte
A

CORTE A

B
r te
Co

CORTE B

Figura 9 – Exemplos de Corte Transversal e Longitudinal


Fonte: Ferreira (2004).

A representação dos cortes deve ser feita nas plantas baixas por meio
de marcadores e uma linha traço e ponto de espessura suficiente
para indicar o plano onde o corte está localizado (ABNT, 1994);
essas linhas precisam ter, em suas extremidades, símbolos marca-
dores que indicam a direção em que o corte será representado. A
posição por onde passa os planos longitudinais e transversais varia
de acordo com o município, mas é comum que se proponha cortes
nas áreas úmidas da edificação, como banheiros e cozinhas, para
indicar a que altura o azulejo deve ser instalado.

UNIDADE VII 183


a localização das portas e janelas
atingidas, completando o dese-
nho com os elementos em vista,
feitos com linhas mais finas e os
atingidos pelo corte com linha
mais grossa (MONTENEGRO,
2001). Veja o procedimento na
Figura 11 e seu resultado final
na Figura 12.
Os cortes definem, ainda, pa-
drões de representação de esqua-
drias, elementos fixos e alturas
de piso, esses marcadores são
apresentados na Figura 12.
Veja que as portas e jane-
las são representadas como
se estivessem fechadas; já na
planta baixa, apenas as janelas
mantêm esse mesmo padrão de
representação, as portas são de-
Figura 10 – Símbolos e linhas de Corte em planta baixa senhadas abertas com as linhas
Fonte: o autor. de giro indicadas. Assim como
O padrão 1 é o padrão proposto pela NBR 6492, já o padrão 2 é um pa- na planta baixa, existe uma dife-
drão de uso comum nos projetos de vista em corte. Segundo a norma, renciação de espessura de linhas
os espaços definidos por (a) indicam a folha onde será representado para indicar os elementos atin-
o corte, já o espaço definido por (b) mostra a numeração do desenho gidos pelo corte daqueles repre-
nessa folha. No padrão 2, ocorre apenas uma letra indicativa abaixo sentados em vista. Os elementos
da seta, essa letra nos mostra a direção do corte na representação em fixos, como cerâmicas dos sani-
corte; por exemplo, o Corte A:B será aquele definido pela ligação das tários, são representados em sua
linhas de corte com os marcadores A e B em cada uma das extremida- vista conforme a disposição, e
des. Dependendo da direção em que a seta estiver indicando, leremos alocados nas distâncias em que
o corte como AB ou BA, sempre da esquerda para a direita, sendo AB serão realmente instalados,
a representação do lado desprezado na representação BA. já os marcadores de nível são
Para o desenho de cortes, utilizamos a mesma técnica de rebati- desenhados como triângulos
mento de pontos no plano ortogonal, desprezando os detalhes atrás equiláteros, cujo vértice atinge
da seta indicativa e representando os detalhes na direção que esta in- a linha de altura do piso, a aresta
dica; (1) esses detalhes definirão o comprimento dos elementos; (2) já superior é prolongada para que,
as alturas devem ser representadas pelo desenhista, iniciando sempre no seu final, seja adicionado o
pela linha do piso do terreno, e demarcando as alturas das paredes valor da altura, é preciso indicar
externas, seguida da altura do forro e da cobertura; depois construí- a cota da linha de nível zero da
mos os detalhes das paredes que são cortadas pelo plano marcando edificação.

184 Desenho de Edificações


1 2

Figura 11 – Processo de Construção de Cortes


Fonte: o autor.

As definições discutidas para o exemplo em corte transversal também são válidas para o corte lon-
gitudinal, terminando, assim, as formas de representação da parte interna de uma construção. Logo,
para finalizarmos o projeto, resta apenas indicarmos como será a cobertura deste, esse assunto será
tratado na sequência.

Figura 12 – Simbologia para esquadrias, elementos fixos e altura de piso.


Fonte: o autor.

UNIDADE VII 185


Planta de
Cobertura

As plantas de cobertura apresentam ao leitor do


projeto como estará disposta a cobertura da edi-
ficação; nessa representação, apresenta-se o tipo
de telha e a inclinação do telhado. É o equivalente
à vista superior do desenho. Veja a figura:

Figura 13 – Exemplo de planta de Cobertura


Fonte: o autor.

186 Desenho de Edificações


Ao observar o desenho, verifica-se que a linha tra- As superfícies dos telhados são chamadas de
cejada demarcada na parte interna representa as “águas”, se o telhado possui apenas uma inclina-
paredes externas da edificação e que os retângulos ção, dizemos que possui “uma água”, da mesma
vistos na cobertura são os telhados representados. forma para duas ou mais inclinações. Os beirais
Dentro desses retângulos, temos setas indicativas são a parte do telhado que avançam para fora das
da inclinação do telhado e um valor que indi- paredes da edificação. Segundo Brabo (2009), sua
ca a inclinação do telhado em percentual, e esse medida varia entre 60 cm e 1 m. Quando a co-
percentual é calculado como sendo o percentual bertura não é exposta, constrói-se uma parede de
linear de aumento da altura do telhado; no caso onde partirá a inclinação do telhado, a essa parede
do exemplo dado, para cada 1 metro na direção dá-se o nome de platibanda.
paralela à fachada, o telhado aumenta em 30% a Nas extremidades do telhado, temos as calhas
sua altura, isto é 0,3 m ou 30 cm. coletoras que funcionam na drenagem das águas
pluviais da cobertura. Quando dois telhados par-
tem de um mesmo ponto e formam uma linha
que é paralela a uma das paredes da edificação,
temos uma cumeeira, que é um dos pontos mais
Além do tamanho da fachada, outros elementos altos de uma cobertura. Partindo da cumeeira, as
devem ser considerados ao definir a inclinação inclinações sempre diminuirão até que as águas
de um telhado, como os reservatórios de água se encontrem, quando duas águas se encontram
e a altura útil que se deseja manter para a ma- em inclinação descendente, temos um rincão ou
nutenção da cobertura, alguns desses detalhes água furtada; já para o encontro de telhados onde
são apresentados no link a seguir. as águas se separam, damos o nome de espigão.
Disponível em: <http://44arquitetura.com. No espigão, a altura do telhado vai diminuindo ao
br/2014/03/inclinacao-do-telhado-calcular/> longo da linha, fato que não ocorre nas cumeeiras,
Fonte: adaptado de 44 arquitetura (2014, on-line)2. onde a altura é constante. Os elementos tratados
nesse parágrafo são apresentados na Figura 14:

UNIDADE VII 187


ES
PI

O

O
CUMEEIRA


PI
ES

ES
O PI


PI O

ÃO
ES

NC
CUMEEIRA

A)
RI

LH
O

A

(C
PI
ES
ES
PI

O

RI
CUMEEIRA

NC
ÃO
(C
A
LH
A)
RI

ES
NC HA
(C

PI
ÃO )

ÃO
AL


O PIG
ES ES
PI

O
CUMEEIRA
G ÃO
PI
ES

Figura 14 – Exemplo de planta de Cobertura


Fonte: Brabo (2009, p. 25).

Para marcar as cumeeiras, construa linhas que instrumento na construção de edificações, pois é
sejam paralela a uma das paredes e esteja per- a partir dela que a maioria dos detalhes construti-
pendicular à outra; a cumeeira deve passar mais vos são descritos. Aprendemos que a planta baixa
ao centro possível da edificação. Os rincões e es- nada mais é do que um corte paralelo ao piso da
pigões são resultado de linhas inclinadas a 45º, edificação, e também vimos algumas das formas
partindo dos encontros de águas propostos pela mais comuns para representação dos elementos,
projeção do beiral, a diferença está na condição como portas, janelas e sanitários.
de que os espigões partem de pontos internos da Quando os detalhes encontram-se dispostos
cobertura, enquanto os rincões originam-se de na parede, ou quando desejamos representar a
pontos externos (BRABO, 2009). diferença de altura entre os pisos nas edificações,
Ao chegar ao fim dessa unidade, podemos devemos propor um corte em outra direção, a estes
perceber que no processo de representação de damos os nomes de cortes longitudinais e trans-
edificações, as técnicas de projeção ortogonal e versais, eles são úteis para apresentar os detalhes
representação de cortes foram usadas de forma referentes à altura que se posicionam os elementos.
constante; isso porque aprendemos que, nesse tipo Por fim, podemos concluir que com os co-
de desenho, os detalhes internos são os que mais nhecimentos obtidos nesse capítulo, você, esti-
interessam ao leitor. mado(a) aluno(a), já é capaz de elaborar projetos
Com base nisso, tratamos sobre as representa- de edificações de baixa complexidade, bem como
ções em planta baixa e vimos que ela é o principal interpretá-los de forma correta.

188 Desenho de Edificações


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Em um projeto preliminar, dois tipos de representação são obrigatórios dentro


das diretrizes municipais nacionais, são elas a planta de situação e de localização.
Sobre elas, podemos afirmar que:
a) A planta de situação deve apresentar os detalhes internos de uma edificação,
como se um plano cisalhante atravessasse a casa a uma altura de 1,5 m.
b) A planta de locação indica seu posicionamento em relação aos terrenos vizi-
nhos, a distância da edificação até a fronteira do terreno, recebe o nome de
afastamento.
c) As plantas de situação e locação devem ser representadas em escala 1:25
impreterivelmente, sendo proibida a representação do contorno externo das
paredes na planta de locação.
d) A planta de situação deve vir com um desenho representativo do norte geomé-
trico, a área da edificação a ser construída e a rua logo a frente desse terreno.
e) As plantas de locação devem ser representadas nas escalas de 1:10000, 1:20000
e 1:5000, situação que não permite a reprodução dos dois desenhos em uma
única prancha.

189
2. Dentre os desenhos de edificação, a representação em planta baixa é a mais
usual e completa; nela, um plano paralelo à linha de piso atravessa a construção,
deixando visível ao leitor os detalhes internos dessa edificação. Na represen-
tação desses detalhes, alguns cuidados devem ser tomados, dentre os quais
pontuamos:
I) As paredes devem ser representadas por linhas paralelas de 0,15 cm de
espessura, sendo que as atingidas pelo plano são traçadas com linhas mais
grossas que as da linha do piso.
II) As portas e janelas atingidas pelo plano de corte são representadas por
linhas contínuas largas, e quando encontram-se acima do plano devem ser
representadas por linhas tracejadas.
III) As medidas para definição de uma porta são (comprimento x altura) e para
as janelas (comprimento x altura) x peitoril.
IV) A linha de piso deve ser disposta na passagem das portas, quando não houver
linha de piso utilizam-se marcadores de altura de nível de piso.

Assinale a alternativa que contém os cuidados corretos:


a) Apenas II e III estão corretas.
b) Apenas III e IV estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I e III estão corretas.
e) Apenas I e IV estão corretas.

190
3. Os elementos externos de uma edificação são representados por suas vistas
laterais, frontal e superior, que nas edificações são chamadas respectivamente
de elevações, fachada e cobertura. Sobre essas representações, foram feitas as
afirmações que seguem:
Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
(( ) As vista em fachada e elevações laterais são desenhos em planos paralelos às
paredes da construção, mas não a atingem, quando esses planos atingem a
construção são chamados de cortes.
(( ) Os cortes devem ser feitos seguindo os mesmo padrões de representações
das plantas baixas e, assim como na planta baixa, as portas são representadas
abertas e as janelas fechadas.
(( ) A representação de uma planta em cobertura é feita por meio da apresenta-
ção da projeção do beiral, e as águas dos telhados iniciam-se nas cumeeiras
e terminam em espigões e rincões.
(( ) A platibanda é uma parede que é construída visando esconder o telhado a
vista em fachada, e a inclinação do telhado é calculada por metro linear na
direção paralela às elevações.

Assinale a alternativa correta:


a) V – V – V – V.
b) V – F – F – V.
c) F – F – F – F.
d) F – V – V – F.
e) V – F – V – F.

191
LIVRO

Gestão do Processo de Projeto de Edificações


Autor: Roberto de Souza e Maria Angélica Covelo Silva
Editora: Saraiva
Sinopse: “Gestão do Processo de Projeto de Edificações” foi elaborado com o
objetivo de fornecer às empresas e profissionais um instrumento prático para
que o desenvolvimento do projeto de edificações de toda natureza seja dotado
de mecanismos que possam assegurar a qualidade global deste processo. As-
sim, essa publicação apresenta conceitos e mecanismos práticos de gestão da
qualidade do processo de concepção do produto e desenvolvimento do projeto
de edificações, coordenação e gerenciamento do projeto e sua interação com
o planejamento e execução da obra.

192
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6592 – Representação de projetos de arquitetura.
Rio de Janeiro: ABNT, 1994.

BRABO, R. Leitura e Interpretação de Projetos Arquitetônicos. Tucuruí: UFPA, 2009.

CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

FERREIRA, P. Desenho de Arquitetura. Ed. Ao Livro Técnico, Rio de Janeiro: CEFET-RJ, 2004.

MONNERAT, P. Desenho Técnico e Arquitetônico. Viçosa: UFV, 2013.

MONTENEGRO, G. A. Desenho Arquitetônico, 4. ed. São Paulo: Blucher, 2001.

REZENDE, A. S.; GRANSOTTO, L. R. Desenho de Projetos de Edificações. Porto Alegre: UFGRS, 2007.

REFERÊNCIAS ON-LINE

Em: <http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2013/02/o-que-e-corte/>. Acesso em: 02 jul. 2018.


1

Em: <http://44arquitetura.com.br/2014/03/inclinacao-do-telhado-calcular/>. Acesso em: 02 jul. 2018.


2

193
1. B.

2. D.

3. E.

194
195
196
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Software AutoCAD
(Interface Gráfica)

PLANO DE ESTUDOS

Comandos de edição: Comandos de formatação;


edição de objetos utilizando camadas de desenhos; tipo
métodos de seleção e espessura de linhas

Comandos de desenho:
criação de objetos utilizando Comando de visualização:
especificação e ferramentas aproximar, afastar e
de auxílio de desenhos arrastar a área de desenho

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Utilizar comandos de criação de desenhos e aplicá-los • Organizar, por meio dos comandos de visualização, a es-
em processos de criação de desenhos computacionais. cala e localização de um desenho computacional.
• Conhecer os casos possíveis de aplicação dos comandos • Compreender e utilizar comandos de formatação de obje-
de edição de objetos e quais os possíveis resultados finais. tos e de diferenciação dos objetos por grupos de camadas.
Comandos de Desenho:
Criação de Objetos
Utilizando Especificação
e Ferramentas de Auxílio
de Desenhos

Até o presente momento, tratamos, em nosso es-


tudo de desenho técnico, sobre as mais variadas
formas de representação de objetos e peças e, para
as construções desses desenhos, valemo-nos de
técnicas geométricas e de traçado com instru-
mentos de desenho ou à mão livre. Entretanto,
atualmente, o desenho técnico clássico com base
em instrumentos não é mais utilizado na rotina
de um escritório de engenharia, os desenhistas
passaram a representar seus projetos em progra-
mas do tipo CAD (Computer Aided Design), pois,
nesses programas, o resultado final sempre será
desenhos em melhor qualidade que aqueles feitos
a traçado por instrumentos.
Nesta área, o programa que mais se difundiu
entre os engenheiros é o AutoCAD. Esse progra-
ma se vale de conceitos geométricos de posicio-
namento para que o usuário crie linhas e traços
– aqui chamados de objetos – e permite que esses
sejam movimentados, copiados e modificados, si-
tuação que diminui consideravelmente o processo
de criação e modificação de projetos. Então, futu-
ro engenheiro, veremos, neste capítulo, comandos te, têm mantido iguais os comandos e aplicações
que retomarão os conceitos tratados nos capítu- principais. Ao acessar o AutoCAD 2015, o usuá-
los anteriores e realizaremos esses comandos no rio irá iniciar no Workspace de 2D Drafting &
programa para criar desenhos computacionais Annotation; como o interesse do presente livro é
similares àqueles dos projetos clássicos. focar nos métodos clássicos de construção, man-
Para trabalhar com AutoCAD, devemos, pri- teremos nossos comandos nessa área de trabalho,
meiramente, conhecer alguns dos componentes o programa ainda disponibiliza outras duas áreas
principais do programa, que, apesar de possuir de modelagem para desenhos em 3D, são elas: a
várias versões atualizadas, quase que anualmen- 3D Modeling e a 3D Basics.

Quick Acess Workspace Ribbon Cursor Navegação

Eixo de Espaço de Barra de


Coordenadas Barra de Status
Modelagem e Layout Comandos

Figura 1 – Tela inicial do AutoCAD 2015


Fonte: o autor.

Dentre esses elementos, podemos citar as guias no (BALDAM; COSTA; OLIVEIRA, 2012). Ainda nessa
canto superior esquerdo. Elas são chamadas de Quick barra, temos a opção Workspace, que define o espaço
Acess e servem para salvar o arquivo, ou imprimi-lo de modelagem para o desenhista, se em 3D ou em 2D.
e abrir novo arquivo, de modo rápido; caso queira Logo abaixo do Quick Acess, temos uma faixa
fazê-lo de outra forma, pode acessar as opções pelo horizontal, disposta na forma de pastas com abas.
símbolo vermelho no canto superior esquerdo, na Essas abas separam os comandos do programa em
barra Quick Acess; podemos, também, deixar dis- grupos como Draw, Modify, Anotation, Layers...,
ponível a barra de menu, basta clicar na seta ao final ela é chamada de Ribbon; os comandos podem ser
desse elemento e selecionar a opção Show Menu Bar acessados ao clicar com o mouse sobre as figuras

UNIDADE VIII 199


que aí aparecem ou ao digitar o mandos de zoom. No canto inferior direito, temos a barra de status,
nome do comando na linha de que define opções que não são comandos, mas auxiliam o usuário
comando. Não há necessidade na construção de desenhos.
de clicar sobre a área da linha Como já foi tratado anteriormente, os comandos do AutoCAD
de comando, basta que se digi- podem ser acionados por meio de mouse ou teclado; então, faz-se
te o nome do comando que no essencial conhecer, nesses periféricos, quais as formas de selecionar
cursor aparecerá uma caixa de objetos e acionar comandos, começaremos pelo mouse.
diálogo referente à linha de co-
mando. Para realizar os coman- Botão de scroll
dos de formas diferentes, por
exemplo construir um círculo
a partir do diâmetro e não do Botão direito
raio, basta que se clique na seta
logo ao lado da figura referente
ao comando, que o programa
irá expandir uma janela, apre-
sentando as possíveis opções Botão esquerdo
para o comando em questão.
No canto inferior direito,
Figura 2 – Mouse e suas funções
temos um sistema de eixos de
coordenadas x e y definidos e,
logo ao lado deles, guias como Os botões do mouse servem para selecionar objetos ou criar ob-
as de pastas indicando os espa- jetos, e acionar comando de zoom e navegação. O botão esquerdo
ços de modelação; o primeiro seleciona objetos e figuras a partir do clique simples ou por meio
é sempre o Model Space, onde de criação de janelas; quando criamos uma janela de baixo para
criaremos nossos projetos, e os cima da direita para a esquerda, basta que ela cruze o objeto para
outros são os Layouts que fa- selecioná-lo, já quando a janela de seleção é feita de cima para baixo
zem parte do Paper Space. Essas da esquerda para a direita, o objeto precisa estar todo dentro da
áreas de modelação serão dis- janela (MONTEIRO; MANTOVANI, 2016).
cutidas no próximo capítulo, Não há necessidade de manter os botões acionados enquanto mo-
quando trataremos de diagra- vimenta o mouse, basta o clique inicial para começar o comando e o
mação e impressão. final para terminá-lo. O botão direito é utilizado para cancelar a seleção
O Cursor é uma cruz que de um objeto, também pode ser utilizado para abrir janelas de opções
define, ao usuário, o ponto a dentro da área de modelação, basta clicar no botão sem antes ter sele-
partir do qual será inserido cionado nenhum objeto. Outra função é a de finalizar um comando
um novo objeto ou a partir de já iniciado, quando clicamos com o botão direito do mouse após o
onde selecionaremos o objeto comando ter sido iniciado, ele tem o mesmo valor da tecla ENTER.
visível. A guia de navegação à O Botão de Scroll permite ao usuário, acionar diretamente as funções
direita mostra ao desenhista as de ZOOM IN e ZOOM OUT, basta rolar para frente ou para trás, ao
possibilidades de visualização apertá-lo e segurá-lo acionamos o comando PAN, comando de posi-
do desenho, bem como os co- cionamento e navegação que movimenta toda a área de modelagem.

200 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


As funções e teclas mais utilizadas no tecla- tre outros. Ele funciona em conjunto com a tecla
do são o ENTER para finalizar um comando F11 ou função OTRACK, função que indica, por
e o ESC para sair desse comando; além disso, meio de uma projeção tracejada de linha, a posi-
temos as teclas de atalho para acesso às opções ção do ponto mais próximo (VENDITTI, 2010).
da barra de Status. Por exemplo: a tecla F7 acio-
na a opção de GRID, que é a definição de um
quadriculado com distâncias preestabelecidas
pelo usuário; para que o cursor se posicione ape- Apesar de terem nomes similares, os comandos
nas nesses pontos, apertamos a tecla F9 ou ação OSNAP e SNAP são diferentes. O primeiro serve
SNAP (VENDITTI, 2010). para deixar visíveis os pontos de precisão dos ob-
Outra tecla de atalho utilizada com muita fre- jetos, enquanto o segundo faz o cursor deslocar-
quência é o F8 ou comando ORTHO. Ele constrói -se apenas nos pontos preestabelecidos do GRID.
linhas ortogonais, verticais e horizontais, todas
seguindo a direção definida pelos eixos ortogo-
nais. Outra forma de construir linhas ortogonais Na guia de navegação, temos atalhos que facilitam
é por meio do comando POLAR acionado pela a visualização do projeto, eles permitem acionar
tecla F10; ele permite ao usuário construir linhas comandos de zoom de modo mais rápido. Todas
inclinadas sob ângulos previamente definidos. essas guias e ferramentas tratadas servem para
Um dos comandos muito utilizado nos processos auxiliar o usuário na construção dos desenhos.
de modelagem é o OSNAP; acionado pela tecla Para construí-los, utiliza-se, de modo geral, a guia
F3, essa opção abre uma janela que permite ao de desenho ou Draw, normalmente localizada na
usuário manter visível em seu desenho os pontos parte superior esquerda do Ribbon. Trataremos
principais dos objetos, como perpendiculares, ex- agora dos comandos mais comuns dessa Guia.
tremidades de linhas, quadrantes de círculos, den-

COMANDO LINE

Representado pela tecla LINE, também pode ser acionado pelo comando LINE ou sim-
plesmente L, que cria uma linha na direção que o usuário desejar; para tanto, deve-se
acionar o comando, depois definir o ponto onde a linha se inicia, clicando com o botão
esquerdo para, então, movimentar o mouse na direção desejada e clicar novamente
com o botão esquerdo para definir o final da linha. Caso queira construir outra linha, o
programa entende que o ponto final é também o inicial da nova linha, bastando definir
novo ponto final. Para linhas com ponto diferentes, finalizamos o comando com ENTER
ou ESC, ou o clique do botão direito, e repetimos o comando em outro ponto desejado.
Para construir linhas de tamanho definido, precisamos clicar no ponto de início, mo-
vimentar o mouse na direção desejada e depois digitar o valor do tamanho da linha,
finalizando com um ENTER.

UNIDADE VIII 201


COMANDO CIRCLE

Utilizado para criação de circunferências, está na guia Draw representado pelo atalho
CIRCLE, no teclado pode ser acionado pela digitação da palavra CIRCLE ou da letra C.
Para criar a circunferência, clique com o botão esquerdo para definir o centro da circun-
ferência, então defina o valor do raio; caso deseje definir o diâmetro, basta digitar a letra
D e acionar o botão Enter. Definido o raio ou diâmetro, aciona-se o Enter e finaliza-se
o comando (SILVEIRA, 2008).

COMANDO RECTANGLE COMANDO POLYGON

Utilizado para criação de quadriláteros, é Utilizado na criação de polígonos regu-


representado pela tecla de atalho RECTAN- lares que podem ser inscritos ou cir-
GLE e é acionado na linha de comando ao cunscritos a uma circunferência (RIBEI-
digitar a palavra RECTANGLE ou o atalho RO; PERES; IZIDORO, 2013). É acionado
REC. Ao acionar o comando, define-se o pela tecla de atalho POLYGON, dentro
ponto inicial do retângulo, movimenta-se o da guia do rectangle ou pela linha de
mouse e clica-se novamente com o botão comando ao digitar a palavra POLYGON
esquerdo para definir o fim do retângulo; ou o atalho POL; ao acionar o comando,
quando deseja-se construir um retângu- define-se quantos lados terá o polígono
lo de dimensões conhecidas, precisamos a ser construído (3, 4, 5, 6...); escolhido
definir para o programa os comprimentos, esse número, apertamos enter. Depois,
já que o AutoCAD é um programa de de- definimos o centro da circunferência em
senhos que se baseia em coordenadas. A que o polígono estará inscrito ou cir-
definição dos tamanhos nas direções da cunscrito; aperta-se enter. No terceiro
altura e comprimento se dá por meio do si- passo, escolhemos se o polígono será
nal de @, ele deve ser inserido logo após a inscrito ou circunscrito à circunferência;
definição do ponto inicial do retângulo. Ao apertamos enter. Por fim, definimos o
digitar o @, o usuário deve digitar o valor tamanho do raio da circunferência; ao
na direção do eixo x e inserir uma vírgula apertar enter, obtemos o polígono de-
no final do valor, para então definir o valor sejado como resposta. Caso não queira
da altura y e finalizar o comando com um criar um polígono inscrito ou circunscri-
Enter, obtendo como resultado um retân- to ao círculo, basta que, antes da defini-
gulo de tamanho definido. Dentro da guia ção do centro do círculo, o desenhista
do comando rectangle existe uma seta que digite E ou EDGE e aperte enter; depois,
permite acionar a possibilidade de criação defina um ponto de início da aresta, cli-
de polígonos diferentes dos quadriláteros, cando com o mouse e, então, digite o
trata-se do comando POLYGON. tamanho da aresta e aperte enter.

202 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


COMANDO POLYLINE

Utilizado na criação de linhas contínuas, pois, ao criarmos linhas pelo comando LINE, o
programa as entende como objetos individualizados; aqui, todas as linhas de um mesmo
comando são encaradas como um único objeto. A tecla de atalho é POLYLINE e está
logo ao lado do comando LINE, também pode ser acionada pela linha de comando por
meio do atalho PLINE. Para construí-la, o usuário aciona o comando, define o ponto de
início da linha e vai criando as linhas por definição dos pontos iniciais e finais; ao clicar
para definir os pontos iniciais e finais, surgirão na linha de comando as seguintes opções:
Arc que permite construir linhas curvas a partir da definição do ponto final e inicial;
Halfwidth, opção na qual o usuário pode criar uma seta no final da polilinha; Length,
onde o usuário consegue definir um comprimento específico para a linha; e Width que
permite ao desenhista definir nova espessura e preenchimento para a polilinha.

Dentro do AutoCAD existe a possibilidade de criar plantas baixas que são entendidas como objetos
únicos, basta trabalhar com o comando MLINE acionando na linha de comando e escolhendo a opção
Justification para definir a distância entre as linhas paralelas que serão criadas, esse comando pode
definir a espessura das paredes do projeto.

COMANDO ARC

Utilizado na criação de arcos de circunferência, não sendo necessária a construção da


circunferência por completo e depois a sua posterior edição. É acionado pela tecla ARC,
ou digitando ARC na linha de comando e apertando enter. Podemos criar um ARC de
várias formas, todas encontram-se expostas na seta logo abaixo do atalho e aparecem
disponíveis na linha de comando quando o chamamos, mas a principal forma de criação
é por meio da definição de três pontos.

UNIDADE VIII 203


Um exemplo de criação de objetos utilizando os comandos
até agora mencionados é o desenho de uma porta vista em
planta baixa, veja a figura que segue e os passos:

COMANDO ELIPSE

Utilizado na criação de
elipses por meio da de-
finição dos eixos longi-
tudinais e radiais, para
criá-las basta definir o
ponto de início, depois o
tamanho do eixo maior
e, por fim, o tamanho
do eixo menor. Existe
três opções de criação
de elipses, sendo a por
definição do centro a
mais comum, seu ata-
lho é a tecla CENTER, e
também é acionado na
linha de comando pelas Figura 2 – Passos para construção de uma porta em planta baixa
palavras ELIPSE ou EL. Fonte: o autor.

Primeiramente, construímos um retângulo uti-


lizando o comando RECTANG, definindo as O comando de criação HATCH é utilizado
dimensões da porta por meio da digitação na li- para definir hachuras e gradientes que serão
nha de comando de “@0.02,0.8”, lembre-se que o aplicados nas áreas dos desenhos. Essas ha-
AutoCAD utiliza ponto ao invés de vírgula como churas têm padrões já definidos pelo progra-
separador de unidades, depois construímos um ma e outros criados com base nas normas de
arco definindo três pontos – dois na parede e um desenho técnico nacionais e internacionais.
na porta – pelo comando ARC, e obtemos o de-
senho da porta em questão.
Outros comandos de criação de objetos exis-
tem, mas os principais são esses apresentados que,
juntamente com os comandos de edição, servirão Tenha sua dose extra de
para representar os desenhos que estão presentes conhecimento assistindo ao
nos processos de modelagem e projeto. vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

204 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


Comandos de Edição:
Edição de Objetos Utilizando
Métodos de Seleção

Os comandos de edição partem do pressuposto


que criamos objetos por meio dos comandos de Os comandos de edição partem do pressuposto
desenho e agora precisamos apenas de parte des- que criamos objetos por meio dos comandos de
ses objetos, ou seja, precisamos editá-los, mas no desenho e agora precisamos apenas de parte des-
AutoCAD, para editar um elemento, precisamos ses objetos, ou seja, precisamos editá-los, mas no
primeiro selecioná-lo e isso é feito por meio de AutoCAD, para editar um elemento, precisamos
janelas de seleção. primeiro selecioná-lo e isso é feito por meio de
Segundo Ribeiro et al. (2013), quando acio- janelas de seleção.
namos comandos de edição, o cursor muda sua Segundo Ribeiro, Peres e Izidoro (2013), quan-
forma de cruz para um pequeno “quadrado”, esse do acionamos comandos de edição, o cursor muda
quadrado recebe o nome de Pick Box. As formas sua forma de cruz para um pequeno “quadrado”,
de seleção mais usuais são as seguintes: esse quadrado recebe o nome de Pick Box. As for-
mas de seleção mais usuais são as seguintes:
Selecionados os objetos, cabe ao usuário utilizar
os comandos da guia Modify para aplicar a eles
os efeitos desejados, dentre os quais tratamos dos

1
mais usuais na sequência.

Outros comandos de edição existem, mas são


derivações dos que foram aqui apresentados e
utilizados com menor frequência, perceba que
esses comandos só fazem sentido se utilizados
Clicar diretamente sobre o objeto que se
em conjunto com os comandos de criação. Veja, deseja selecionar, ou ir clicando ente por
por exemplo, o desenho de um cômodo partindo ente nos objetos desejados, essa forma de
de um retângulo. seleção é a Seleção direta.

UNIDADE VIII 205


O Segundo método cria uma janela
clicando no primeiro ponto e movi-
mentando o mouse da esquerda para

2 a direita e de cima para baixo; essa


forma de seleção é chamada de Win-
dow. Nesse tipo de seleção apenas os
objetos situados internamente à janela
serão selecionados.

Já a Window Crossing captura as en-


tidades que encontram-se internas

3
à janela ou que cruzam as fronteiras
desta; para criá-la, o usuário clica defi-
nindo o ponto inicial da janela e arrasta
o mouse da direita para a esquerda e
de baixo para cima.

Selecionados os objetos, cabe ao usuário utilizar os comandos da guia Modify para aplicar a eles os
efeitos desejados, dentre os quais tratamos dos mais usuais na sequência.

COMANDO ERASE

Assim como o comando LINE é tido como o mais simples dos comandos de criação, o
comando ERASE, acionado pela atalho ou escrevendo a palavra ERASE ou E e apertando
Enter, serve para apagar objetos; para tanto, basta selecioná-los após o comando estar
em funcionamento. Além dessa possibilidade, podemos apagar objetos por meio da
tecla DELETE, clicando no objeto e depois apertando a tecla delete.

Para a realização do comando COPY ou MOVE, não é obrigatório que o ponto de referência esteja
contido dentro do desenho, o procedimento de definir a referência fora da imagem é utilizado quando
desejamos construir cópias igualmente espaçadas.

206 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


COMANDO MOVE COMANDO COPY

Este comando muda a posição de um É similar ao comando MOVE, mas em


objeto dentro de um desenho, sem a vez de apenas movimentar o objeto, ele
necessidade de apagar o ente e rede- cria cópias similares desses objetos, ele
senhá-lo na posição desejada. O ata- é acionado pelo atalho, mas também
lho referente a esse comando é pela pode ser realizado por meio da linha
tecla, mas também pode ser acionado de comando ao escrever COPY ou CP e
pelo comando M ou MOVE; por meio apertar o Enter. Feito isso, selecionamos
da linha de comando, após acioná-lo, o objeto que deseja-se copiar; depois,
selecione o objeto com o botão es- apertamos o enter e definimos um ponto
querdo do mouse; ao apertar enter, o de referência a partir do qual serão fei-
comando pede para o usuário definir tas as cópias, e assim como no comando
o ponto de referência, então, clica-se move, o usuário precisa escolhê-lo com
com o botão esquerdo sobre o ponto, base no resultado final desejado. Diferen-
daí movimenta-se o objeto para a po- temente do comando MOVE, no COPY,
sição desejada. É importante ter aten- após clicar com o botão esquerdo para
ção para o fato de que, ao escolher o criar a primeira cópia, o comando conti-
ponto de referência, o usuário pense nua acionado para que o desenhista faça
no ponto que ele deseja que esteja tantas cópias quantas queira. Para sair
exatamente sobre a posição final em do comando deve-se clicar com o botão
que ele quer manter o objeto. direito ou apertar a tecla Esc.

COMANDO STRETCH

Comando utilizado para prolongar objetos em uma direção desejada, normalmente é


utilizado em conjunto com a função ORTHO. O atalho para essa função é representado
pelo atalho, e ela pode ser acionada escrevendo a palavra STRETCH. Após chamar o co-
mando, o cursor torna-se uma Pick box, e para selecionar a região que desejamos que se
prolongue, utilizamos uma Crossing Window. Após selecionada, definimos o ponto inicial e
o ponto final do deslocamento e, por consequência, a direção em que esse deslocamento
ocorrerá (BALDAM; COSTA; OLIVEIRA, 2012). Para definir um tamanho exato, basta que,
em vez de definir o ponto final, movimentemos o mouse na direção desejada e, então,
digitamos o valor da distância entre os pontos.

UNIDADE VIII 207


COMANDO ROTATE

Comando utilizado para rotacionar objetos a partir de um ponto de referência ou com


base no eixo de coordenadas (VENDITTI, 2010). O atalho do comando na guia Modify é
por meio da tecla e, na linha de comando, chamamos o comando por meio do ROTATE ou
RO. Para rotacionar o objeto, primeiro selecionamos o objeto, depois definimos o ponto a
partir do qual ele sofrerá rotação, por fim, digitamos o valor do ângulo a ser rotacionado,
mas sem a indicação de “º”, já que o programa a entende automaticamente. Ao finalizar
o comando, obtemos o objeto na posição rotacionada. Existe, ainda, a possibilidade de
rotacionar e copiar ao mesmo tempo.
Segundo Silveira (2008), essa ação ocorre quando antes de definir o valor do ângulo, o
desenhista chama a função COPY por meio da linha de comando, digitando C e dando
enter, para então definir a rotação. O resultado, nesse caso, é a criação de um objeto
com a rotação definida e o objeto inicial.

COMANDO MIRROR COMANDO SCALE

Esse comando também é similar ao Comando utilizado para ampliar ou re-


COPY, mas não constrói cópias idên- duzir o tamanho de objetos dentro da
ticas dos entes em questão; as cópias, área de modelação; esse comando não
nesse caso, são espelhadas, isto é, apre- é utilizado para ajustar a escala de peças
sentam simetria com o objeto inicial do dentro dessa área, mas pode servir para
procedimento. Para chamar a função, ajustar pranchas de desenho aos proje-
utilizamos o atalho, ou escrevemos tos construídos, caso estas tenham sido
MIRROR ou MI na linha de comando. desenhadas no espaço de modelação.
Após a função estar em funcionamento, Ele é acionado pelo atalho e na linha de
selecionamos o objeto que será espe- comando, digitando as palavras SCALE ou
lhado, daí define-se o ponto inicial da SC. Após acionar o comando e selecionar
linha de espelhamento, que é a linha a o objeto que será ampliado ou reduzido,
partir da qual os pontos serão copiados o usuário define o ponto de referência a
simetricamente para a direção oposta, partir de onde ocorrerá a ampliação ou
depois definimos o ponto final. Feito redução; depois o programa solicita a de-
isso, o programa irá perguntar se dese- finição de um fator de escala dessa am-
ja apagar o objeto que será espelhado pliação, aqui o desenhista utilizar-se-á dos
ou se deseja mantê-lo, o usuário digita conhecimentos sobre escala, definindo
“y” para apagá-lo ou “n” para mantê-lo fatores de ampliação maiores que 1 ou de
e finaliza o comando com Enter. redução menores que 1 e maiores que 0.

208 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


COMANDO TRIM COMANDO
CHAMFER

Esse comando é utilizado para aparar arestas que por-


ventura tenham ultrapassado as fronteiras de um de- Assim como ocorre com os
senho, podemos acioná-lo pelo menu no botão ou pela comandos TRIM e EXTEND, o
linha de comando digitando TRIM ou TR. Após acionar o comando CHAMFER ou CH,
comando, o programa permite ao usuário a definição dos que são as formas que se pode
objetos que serão utilizados como referência na realiza- acioná-lo a partir da linha de
ção desse comando; se nenhum objeto for selecionado comando, guarda similaridade
e o usuário partir para outra definição dando enter, o com o comando FILLET, que
programa entende que todos os objetos visíveis são será tratado na sequência. O
fronteiras para o corte. Então, ao clicar sobre os objetos comando CHAMFER é repre-
que se deseja cortar, ele apaga as arestas até o ponto sentado pelo atalho na guia
de intersecção com outros objetos. Caso queira esten- Modify e é utilizado para cons-
der alguma aresta que foi retirada, basta que o usuário trução de cantos chanfrados,
aperte a tecla SHIFT e clique sobre o elemento, dessa elementos muito comuns em
forma, o programa permuta para o comando EXTEND peças mecânicas. Para realizar
(BALDAM; COSTA; OLIVEIRA, 2012). esse comando, o usuário se-
leciona o primeiro objeto que
será parte do chanfro, feito
COMANDO EXTEND isso, o usuário deve digitar a
letra “D” de distance para de-
Esse comando é utilizado para prolongar arestas que finir a que distância da extre-
não alcançaram o final do desenho ou o encontro com midade do objeto o chanfro
outro objeto; podemos acioná-lo pelo menu no botão deve iniciar, depois define a
ou pela linha de comando digitando EXTEND ou EX. distância a que segundo objeto
Após acionar o comando, o programa permite o usuário deve iniciar o chanfro, e aperta
a definição dos objetos que serão utilizados como refe- enter. Então, basta selecionar
rência na realização desse comando, se nenhum objeto o segundo objeto. Também
for selecionado e o usuário partir para outra definição podemos definir o ângulo que
dando enter, o programa entende que todos os objetos será feito o chanfro, basta di-
visíveis são fronteiras para estender o objeto. Então, gitar “A” de Angle ao invés de
ao clicar sobre os objetos que se deseja estender, as “D”, ao realizar essa ação, defi-
extremidades mais próximas desse objeto serão esten- nimos primeiro a distância até
didas até o objeto visível de referência que esteja mais a extremidade e depois o ân-
próximo. Caso queira cortar ou “trimar” alguma aresta gulo do chanfro. Esse coman-
que foi estendida indevidamente, basta que o usuário do serve para unir entes; para
aperte a tecla SHIFT e clique sobre o elemento, dessa tanto, o usuário define que as
forma, o programa permuta para o comando TRIM. distâncias são nulas.

UNIDADE VIII 209


Um chanfro é um corte em diagonal de parede ou superfície em peça, visando dar um melhor aca-
bamento a peças mecânicas; assim como nas peças de cantos arredondados, os chanfros podem
funcionar como diminuidores de tensões sobre as superfícies.

COMANDO FILLET COMANDO OFFSET

Esse comando é amplamente utilizado


O comando FILLET é representado pelo
nos processos de construção de proje-
atalho na guia Modify e é utilizado para
tos, principalmente para representação
construção de cantos arredondados.
de paredes, pois cria cópias paralelas das
Para realizar esse comando, o usuário
linhas do objeto a uma distância previa-
seleciona o primeiro objeto que será
mente definida. O comando é acionado
parte do canto arredondado, feito isso
pelo atalho ou ao digitar OFFSET ou O, na
o usuário deve digitar a letra “R” de
linha de comando e apertar Enter. Após
Radius para definir o raio do arredon-
acionar o comando, define-se a que dis-
damento, e apertar enter. Então basta
tância queremos a cópia paralela desse
selecionar o segundo objeto. Caso esse
objeto, depois clicamos no objeto a ser
raio seja muito grande e o comando não
copiado; ao movimentar o mouse, o pro-
seja possível, o programa retorna uma
grama mostra ao usuário a resposta final
mensagem avisando sobre o erro. Esse
do comando, caso seja a desejada, basta
comando serve, também, para unir en-
clicar com o botão esquerdo e finalizar
tes, para tanto, o usuário defina o raio
o comando, senão saímos do comando
como sendo zero (BALDAM; COSTA; OLI-
e definimos nova distância.
VEIRA, 2012).

COMANDO EXPLODE

No AutoCAD, ao criar um objeto, podemos ter objetos formados por outros de menor
complexidade, como é o caso dos polígonos, que são a união de arestas em inclinações
diferentes, assim como ocorre com as polylines, para desassociar esses elementos e
transformá-los em objetos mais simples, podemos utilizar o comando EXPLODE na linha
de comando, ou acionar o comando pelo atalho. Após acionar o comando, clicamos sobre
o elemento que desejamos desassociar e apertamos o enter, ao clicar novamente sobre
o objeto, os elementos estarão separados em elementos mais simples (RIBEIRO; PERES;
IZIDORO, 2013).

210 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


COMANDO ARRAY

Esse comando cria cópias ordenadas de elementos e pode ser ordenado de forma retan-
gular, Rectangular Array, ou de forma polar, Polar Array, sendo o mais comum o primei-
ro e podendo ser acionado pelo atalho na guia de modificação. No arranjo retangular, o
desenhista arranja as cópias organizando-as em linhas, colunas e níveis (BALDAM; COSTA;
OLIVEIRA, 2012). Ao acioná-lo, o usuário escolhe o objeto a ser arranjado, depois define
o tipo de arranjo, se retangular ou polar. No caso de arranjo retangular, aparecerá uma
janela para definição das quantidades de linhas, colunas e distâncias entre os objetos.
Para o arranjo polar, definimos objetos, depois o ponto a partir do qual teremos o centro
desse arranjo, e por fim surgirá uma tabela similar à do arranjo retangular, onde podemos
definir as linhas, o ângulo ou a distância entre os objetos.

Outros comandos de edição existem, mas são derivações dos que foram aqui apresentados e utilizados
com menor frequência; perceba que esses comandos só fazem sentido se utilizados em conjunto com
os comandos de criação. Veja, por exemplo, o desenho de um cômodo partindo de um retângulo.

Figura 3 – Passos para construção de um cômodo em planta baixa


Fonte: o autor.

UNIDADE VIII 211


Partimos de um comando de criação, definin-
do as maiores dimensões por meio do comando
RECTANG, depois definimos as espessuras das
paredes por meio do OFFSET. Para construção
de portas e janelas, podemos criar LINES nas
posições desejadas e depois realizar OFFSET
do comprimento dessas esquadrias, para finali-
zar realizamos o TRIM nas linhas das paredes.
O processo de construção da porta por meio de
RECTANG + ARC é feito de modo similar ao
apresentado na Figura 3.
O programa permite muitas formas de criação
de uma mesma figura, por exemplo, em vez de uti-
lizar o comando RECTANG para construção das
medidas iniciais do cômodo, o usuário poderia
ter utilizado o LINE ou POLYLINE várias vezes,
o mesmo ocorre com os comandos de edição que
podem ser substituídos por outros, por exemplo
ARC = CIRCLE+LINE+TRIM.
Agora, veremos como se navega nos de-
senhos que foram criados. Aprendemos an-
teriormente que os comandos de navegação
encontram-se dispostos no botão de Scroll do
mouse, mas eles também podem ser acessados
pela Guia de Zoom, assunto que será tratado
no próximo tópico.

212 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


Comando de Visualização:
Aproximar, Afastar e Arrastar
a Área de Desenho

Os comandos de zoom possuem seu acesso faci-


litado pela barra de navegação situada no canto
direito da área de modelação, mas também podem
ser acessados pelo mouse. Além dessas opções já
mencionadas, o desenhista pode navegar utili-
zando comandos digitados. Para facilitar o en-
tendimento, os comandos de zoom encontram-se
dispostos na Tabela 1:

UNIDADE VIII 213


Tabela 1 – Comandos da Guia Zoom

Comando Atalho Função Descrição

Retorna como resposta a maior janela disponível na


Zoom Na linha de comando:
área de modelagem, ou seja, toda a área definida
All Z+A
para desenho.

Zoom Na linha de comando:


Retorna a posição anterior de zoom.
Previous Z+P

Permite ao usuário definir um ponto central na


Zoom Na linha de comando: área de modelagem a partir do qual ocorrerá a
Center Z+C ampliação ou redução dos desenhos, para tanto,
há que se definir os fatores de escala.

O comando Extents calcula ao desenhista a me-


Zoom Na linha de comando: nor tela possível que contenha todos os desenhos
Extents Z+E construídos na área de modelagem, sem levar em
conta os limites da área de modelagem.

O comando serve para aproximar a tela de um ob-


jeto específico, o projetista deve selecionar o objeto
Zoom Na linha de comando: que deseja aproximar, depois acionar o comando
Object Z+O zoom objects, daí então o programa irá ajustar a
tela para a máxima representação do objeto em
questão.

No comando Z + SC, o usuário define um fator de


escala no qual o espaço de modelagem será ajus-
tado; ao apertar enter, o programa ajusta automa-
Zoom Na linha de comando:
ticamente para esse fator. É amplamente utilizado
Scale Z + SC
conjuntamente com o comando VPORTS, quando
o desenhista está preparando folhas de desenho
para plotagem.

O desenhista cria uma janela ao redor do elemento


Zoom Na linha de comando: ou elementos que deseja que estejam visíveis; ao
Window Z+W clicar para definir a janela, o programa irá ajustar a
tela para o tamanho da janela selecionada.

Esse comando se divide em ZOOM IN que aproxi-


ma o objeto da tela e ZOOM OUT que o afasta da
tela, para tanto, basta que o usuário escolha essa
Zoom Na linha de comando: opção e clique e segure o botão esquerdo. Feito
Realtime Z+R isso, ao movimentar para cima, a tela aproximará
as representações, e para baixo diminuirá. Tem seu
equivalente no mouse na tecla de Scroll, quando
rolada para cima ou para baixo.

Permite ao usuário manter a escala já previamente


definida, basta acioná-lo, clicar e segurar na área de
Na linha de comando: modelação, e arrastar para a posição desejada, o
Pan
PAN mesmo pode ser feito se acionarmos diretamente o
botão de scroll do mouse apertando-o e mantendo
pressionado para movimentar o mouse.

Fonte: o autor.

214 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


Os comandos de zoom ajustam os desenhos que Para diferenciar os objetos de desenho, é co-
foram construídos com comandos de criação e mum, no projeto computacional, trabalharmos
edição, e permitem uma melhor visualização dos com tipos, espessuras e cores diferentes de linhas,
detalhes, mas, ao modificar as escalas, pode ocor- ou mesmo construir vários projetos sobre um
rer distorções nas linhas, principalmente aquelas mesmo projeto base, como se camadas fossem
formadas por curvas; para redesenhá-las de forma sobrepostas a esse projeto. As questões referentes
mais curvilínea, podemos utilizar o comando RE- à diferenciação dos objetos no AutoCAD serão
GEN ou REDRAW, que o AutoCAD redesenhará tratadas no tópico a seguir.
automaticamente os objetos.

UNIDADE VIII 215


Comandos de Formatação;
Camadas de Desenhos; Tipo
e Espessura de Linhas

O AutoCAD permite o desenhista diferenciar os


objetos criados por meio de duas Guias presentes
no Ribbon, são elas a Guia Properties e a Guia
Layer. Outras formas de diferenciação dos objetos
e suas áreas pode ocorrer por meio da aplicação
do comando de HATCH, ou hachura. O comando
pode ser acionado pela guia de Draw ou pela linha
de comando ao escrever a palavra HATCH ou
apenas a letra H. Esse comando é muito utilizado
em desenhos mecânicos para demarcar áreas atin-
gidas pelos planos de corte. Para realizá-lo, após
acionar o comando, o usuário deve definir alguns
dados que aparecerão à sua disposição, onde fica
a guia de Ribbon, como o tipo de hachura, já que
o programa traz vários padrões definidos pelas
normas ANSI, a escala dessa hachura, bem como
a cor dela. Para definir uma área a ser hachurada,
deve-se clicar dentro dela, e é importante salientar
que essa área deve estar contida dentro de um
espaço definido por outros objetos.
A Guia Properties permite a modificação de
vários elementos já construídos, como linhas, cír-
culos e polilinhas. Para tanto, o usuário seleciona

216 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


o objeto, vai até a guia e pode modificar elemen- Por padrão, o layer 0 é aquele em que se dese-
tos, como cor, tipo e espessura de linha. Nessa nha quando não definimos nenhum novo layer, ele
guia existem duas opções chamadas de ByLayer não pode ser deletado, mas podemos criar outros
e ByBlock, na primeira, o programa mantém as layers acionando o comando LAYER pela linha de
configurações do layer para o objeto em questão; comando ou clicando no atalho Layer Properties
na segunda, ele mantém as configurações do bloco na Guia de Layers. Ao acionar esse comando, apa-
original em que o objeto foi criado. recerá uma janela com opções na parte superior de
Uma das novidades das versões recentes do criação, exclusão e seleção de layers. Ao criar um
AutoCAD é a possibilidade de aplicar, de modo novo Layer, o usuário pode definir nome (Name),
rápido é prático, as configurações de objetos já cor da linha (Color), espessura da linha (Line-
existentes em novos objetos por meio do comando weight) e tipo de linha (linetype). Para deletá-lo,
MATCHPROP ou Match Properties, presente na basta clicar sobre o ele e, em seguida, clicar no “x”
Ribbon, na guia de Properties. Ao utilizar esse co- vermelho ao lado da opção para criação de layer.
mando, modificamos as características individuais Já para selecionar um layer, basta clicar sobre ele
dos objetos; já nas layers, as características são apli- até que apareça um marcador verde. Um layer se-
cadas a todos os objetos presentes na camada. lecionado indica ao desenhista que todos os entes
A forma mais efetiva de se trabalhar por meio que serão incluídos já serão criados nessa layer.
de diferenciação de projetos é utilizando as layers, Além dessas opções, ele também pode de-
mas, afinal de contas, o que são as layers? Segundo finir se o layer ficará visível ou invisível, basta
Baldam, Costa e Oliveira, (2012), as layers são ca- clicar na opção On/Off na janela de layers, ela
madas utilizadas para agrupar objetos de desenhos é representada por uma lâmpada. Atenção! Se a
com as mesmas funções, por exemplo, objetos de layer a ser desligada for a layer selecionada, to-
um projeto elétrico agrupados em uma camada, dos os objetos criados no Model Space não serão
enquanto os de esquadria estão em outra, e os de visíveis até que se mude a condição dessa layer.
alvenaria em uma terceira camada. Veja a figura 4. Outra opção é a de congelar ou descongelar um

Figura 4 – Exemplo de projeto em camadas layers


Fonte: o autor.

UNIDADE VIII 217


layer, opção representada por um floco de neve; palmente quando o assunto trata sobre edição e
quando acionada, o programa não processa mais modificação de projetos e esboços.
os objetos presentes nessa layer. Por fim, temos Nós vimos, também, que o programa permite
a opção Lock, que bloqueia a edição de objetos que projetos sejam lidos e compreendidos mesmo
presentes na layer. Outra opção importante de ser sem terem sidos impressos, apenas por leitura no
citada é o Plot, logo após as definições dos objetos, próprio programa, o que mostra como ele é ver-
de acordo com essa opção, as camadas marcadas sátil nas aplicações de arquitetura e engenharia.
com a impressora bloqueada não serão impressas. Aprendemos comandos que concatenam os mais
Outras opções estão presentes na guia de la- diferentes projetos em um único arquivo, elimi-
yers, mas as principais para a elaboração de pro- nando a necessidade de várias e várias pranchas.
jetos são as que foram aqui discutidas. É claro que ainda nos falta entender como essa
Nesta unidade, aprendemos sobre os principais ferramenta pode nos auxiliar em projetos onde ele-
comandos de um dos softwares mais utilizados na mentos se repetem com muita frequência e quais as
engenharia, o AutoCAD. possibilidades para que não precisemos desenhar
Perceba como esses comandos guardam si- sempre as mesmas representações recorrentes. Esse
milaridade com as técnicas de desenho clássico, assunto veremos no nosso próximo encontro, assim
e mais do que isso, como o programa facilita o como os processos de ajuste de escala para impres-
processo de gerenciamento de projetos, princi- são de projetos acabados. Até a próxima!

218 Software AutoCAD (Interface Gráfica)


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Nos programas de desenho computacional, em especial o AutoCAD, muitos


dos comandos não são essencialmente para criação de figuras, mas facilitam o
processo de desenho, simulando condições do desenho clássico; parte desses
comandos encontram-se na barra de status e podem ser acionados por meio
do ícone dessa barra ou pela sua tecla de atalho. Dentre as opções a seguir,
avalie as afirmativas e assinale a opção que possui as funções e sua respectiva
tecla de atalho.
I) A função ORTHO serve para construção de linhas apenas nas direções verticais
e horizontais e sua tecla de atalho é o F8.
II) A função SNAP define um quadriculado com distâncias preestabelecidas, seu
atalho pelo teclado é a tecla F7.
III) A função OSNAP permite visualizar os principais pontos do objeto, o atalho
do teclado para essa função é o F3.
IV) O atalho F11 aciona a função OTRACK que indica por meio de projeção de
linha a projeção de um dos pontos principais.

a) Apenas I, III e IV estão corretas.


b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Apenas I e IV estão corretas.

219
2. Ao construir o objeto a seguir, o desenhista do AutoCAD utilizou alguns comandos de criação e
edição, observe a ordem de construção do objeto e defina os comandos utilizados para obtenção
da peça apresentada:

a) I - LINE, II - POLYGON e III - OFFSET.


b) I - RECTANG, II - POLYGON e III - ORTHO.
c) I - RECTANG, II - CIRCLE e III - OFFSET.
d) I - OFFSET, II - ARC e III - ORTHO.
e) I - LINE, II - OFFSET e III - CIRCLE.

220
3. Para visualizar o que se desenha, o AutoCAD permite que seu usuário utilize os comandos de
ZOOM. Esses comandos estão disponíveis de várias formas dentre as quais destacamos as se-
guintes:

Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):


(( ) O comando ZOOM, em sua versão SCALE, é utilizado para ajustar desenhos na folha dentro da
área de layout, neste caso, é comum utilizá-lo associado ao comando VPORTS.
(( ) O comando PAN é um comando de Zoom, em que o desenhista clica na figura de uma mão na
barra de navegação e clica com o botão esquerdo para movimentar a área de modelação na
posição desejada, não há outra forma de acioná-lo a não ser pela guia de navegação.
(( ) Existem duas formas de acionar os comando ZOOM IN e ZOOM OUT, sendo a primeira por meio
do ícone ZOOM REALTIME na guia de navegação, e a segunda pelo botão rolante do mouse,
ou Scroll.

Assinale a alternativa correta:


a) V – V – V.
b) V – F – F.
c) F – F – F.
d) F – V – V.
e) V – F – V.

221
LIVRO

Curso de Desenho Técnico e AutoCAD


Autor: Antonio Clélio Ribeiro, Mauro Pedro Peres, Nacir Izidoro
Editora: Pearson
Sinopse: definido como a linguagem gráfica universal da engenharia, o estudo
do desenho técnico desenvolve a habilidade de representar forma, dimensão e
detalhes construtivos de um objeto, em um desenho de duas ou três dimensões,
garantindo o funcionamento de uma determinada peça. Dessa forma, “Curso
de Desenho Técnico e AutoCAD” apresenta a teoria necessária para interpretar,
executar e avaliar o desenho técnico. Aplicada à prática na forma de exemplos,
tutoriais e exercícios e dividida em duas partes, a obra contempla o conteúdo
conceitual e um curso com as funcionalidades do software AutoCAD, voltada
para estudantes de engenharia, arquitetura e áreas afins.

222
BALDAM, R.; COSTA, L.; OLIVEIRA, A. AutoCAD 2013: utilizando totalmente. São Paulo: Érica, 2012.

MONTEIRO, C. V. B.; MANTOVANI, D. Desenho Técnico. Maringá: UniCesumar, 2016.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de Desenho Técnico e AutoCAD. São Paulo: Pearson, 2013.

SILVEIRA, S. J. Aprendendo AutoCAD 2008: Simples e Rápido. Florianópolis: Visual Books, 2008.

VENDITTI, M. V. R. Desenho Técnico sem prancheta com AutoCAD 2010. Florianópolis: Visual Books, 2010.

223
1. A.

2. C.

3. E.

224
225
226
Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro

Software AutoCAD
(Edição e Diagramação)

PLANO DE ESTUDOS

Inserção e Criação Impressão: geração do


de Blocos e blocos arquivo em formatos
com atributos *.pdf e *.dwg

Textos, cotas e hachuras: Impressão: diagramação


inserção e edição e escala gráfica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os comandos para inserção e edição de textos • Ajustar os projetos às folhas de desenho por meio de co-
e hachuras, bem como os comandos para colocação dos mandos de escala gráfica. Aplicar técnicas de diagramação
diversos tipos de cotas. em espaço de modelagem específico.
• Utilizar comandos para a criação de entes formados por • Compreender técnicas de impressão de arquivos no Au-
objetos simples ou blocos. Criar blocos modificáveis. os toCAD em formatos acessíveis por outros usuários de
chamados blocos com atributos. desenho (*.dwg) e por leigos (*.pdf).
Textos, Cotas e Hachuras:
Inserção e Edição

Na unidade anterior, aprendemos sobre como o


AutoCAD transcreveu, por meio de comandos,
os procedimentos do desenho técnico e com isso
proporcionou a possibilidade de criação e edi-
ção de projetos de forma mais eficiente e veloz;
entretanto, não tratamos anteriormente sobre os
elementos que dão suporte a essa representação.
Os comandos vistos anteriormente propor-
cionaram apenas a construção das figuras, mas
não nos permitiram expressar suas características,
materiais e dimensionais, detalhes estes que são
essenciais no processo de modelagem e criação
de um projeto. É claro que, com comandos como
o LINE e o TRIM, podemos construir elementos
que descrevem dimensões e dados, mas essa cons-
trução seria tão trabalhosa quanto a construção
clássica do desenho.
Visando facilitar esse processo, o AutoCAD
tem, dentro de sua gama de comandos, elemen-
tos que proporcionam definir tamanhos, áreas e
condições do desenho de forma rápida e prática
e são esses elementos que veremos no decorrer
deste capítulo. Aprenderemos, também, que o
programa permite ao desenhista que objetos que
se repetem frequentemente possam ser inseridos permitam a descrição dos elementos de desenho
rapidamente a partir de um banco de desenhos; ou mesmo a sua verificação e aferição; obviamen-
esses objetos são chamados de blocos. te, esses comandos existem e foram agrupados
Finalizamos o estudo de desenho técnico e do pelo programa em uma guia específica dentro do
software conhecendo as técnicas de impressão e Ribbon – essa guia recebe o nome de Annotation.
diagramação. Essas técnicas são aplicadas visando Antes de conhecermos os comandos mais
facilitar o processo de impressão nesse software, utilizados nela, trataremos de um comando na
possibilitando ao desenhista a produção de um Guia de Draw que, apesar de criar um elemento
projeto completo descrito em alguns Mbytes. repetitivo, por isso classifica-se como comando de
Prontos para conhecer essas funcionalidades? criação, exprime uma ideia e, portanto, é utilizado
Então vamos lá! para diferenciar as peças, principalmente quando
Ao verificar os comandos das Guias Draw e estas sofrem o processo de corte; estamos falando
Modify, percebemos que não há comandos que do comando HATCH.

COMANDO HATCH

Esse comando preenche áreas internas de um desenho como paredes de uma peça
atingidas por um plano de corte ou piso assentado em um cômodo de uma planta baixa.
O comando pode ser acionado ao clicar no atalho Hatch da guia Draw ou pela linha de
comando, digitando a palavra HATCH ou a letra H. Ao chamar o comando, o projetista
perceberá que, no local em que havia a Guia Ribbon, surgirá uma Aba específica do
comando chamada de Hatch Creation.

Dentro da Guia, destacamos


com um quadro vermelho as re-
giões que são as mais utilizadas
na definição de hachuras. Para
facilitar a visualização, amplia-
mos a imagem dos ícones que
estão à disposição do usuário na
região especificada. Figura 1 – Principais opções de comandos na guia Hatch
Fonte: o autor.

UNIDADE IX 229
A Guia Bondaries permite ao desenhista definir a propostos pelo programa e outros propostos por
área em que a hachura incidirá, basta que se clique normas internacionais, como a ANSI e a ISO.
com o botão esquerdo sobre a opção Pick Point, Dentro da Aba de Hatch Creation, temos uma
para depois clicar dentro da área que se deseja ha- guia de Properties que funciona de modo similar à
churar. Vale lembrar que, se essa área não estiver guia do Ribbon, a diferença é que essa define os pa-
completamente fechada, o programa retornará drões para a hachura de preenchimento, tanto em
uma mensagem de erro e indicará os pontos por relação à linha, quanto em relação a elementos que
onde não existe o cruzamento de linhas (RIBEIRO; preencham os espaços entre linhas nas hachuras.
PERES; IZIDORO, 2013). Ao lado, temos as opções Podemos, nessa guia, definir ainda a escala da Ha-
dos tipos de hachuras ou Guia Pattern, para definir chura, e o ângulo que esta será aplicada. Podemos
o tipo de hachura que será aplicada, basta sele- editar uma hachura já criada, basta que cliquemos
cionar um dos padrões propostos pelo programa. duas vezes sobre ela com o botão esquerdo que a
Segundo Venditti (2010), o programa possui mais guia de Hatch abrir-se-á na parte superior da área
de 70 padrões de hachuras pré-definidos, alguns de trabalho, permitindo, dessa forma, sua edição.

Os primeiros comandos a serem trabalhados aqui


COMANDO AREA são os comandos de inserção de texto. Para aces-
sá-los, basta clicar na seta abaixo da guia Text, e
são dois, a saber:
Esse comando, assim como o HATCH,
não está na guia Annotation, mas ajuda o
usuário do programa a estimar as áreas
COMANDO MTEXT
dos desenhos, para tanto, basta que se
escreva AREA na linha de comando e de-
pois clique sobre os vértices que definem O comando MTEXT ou Multiline Text é re-
a região; quando terminar de clicar nos presentado pelo ícone acima e é utilizado
pontos dos vértices, aperte a tecla Enter, como se o desenhista criasse uma caixa
e na linha de comando aparecerá o valor de texto como em um arquivo de edição
da área entre esses pontos. qualquer. Nessa caixa de texto, podemos
Voltando à Guia Annotation, percebe- utilizar palavras com as mais variadas fon-
mos que se trata de uma pequena re- tes e alinhamentos, modificar as cores e
gião entre as guias de Modify e Layer, tamanhos das letras dentro de uma mes-
mas que é de grande importância ao ma palavra, ou dar cores diferentes para
processo de desenhos porque possui as palavras, tudo isso é feito por meio de
comandos tanto para texto quanto para uma guia similar à de edição de textos
dimensionamento e inserção de dados. em programas, como o Word e o Excel.
Esse elemento é entendido com um único
objeto para o programa, sendo o mais uti-
lizado para inserção de textos, pois permi-
te a edição posterior e modificação parcial
Figura 2 – Guia Annotation dos padrões anteriormente definidos.
Fonte: o autor.

230 Software Autocad


COMANDO DTEXT

Também chamado de Single Text, o comando DTEXT é representado pelo ícone exposto.
Esse comando cria um texto inserindo, na posição em que clicamos, um cursor de digitação,
então, o programa pergunta ao usuário o tamanho da fonte dessa linha e a rotação que a
linha deve possuir; após definir essas condições, o usuário inicia a escrita. Ao finalizar, basta
que o desenhista clique em outro ponto para iniciar novamente a escrita. Procedimento que
pode ser repetido várias vezes (BALDAM; COSTA; OLIVEIRA, 2012).
No comando em pauta, não há a possibilidade de definir tipos e cores diferentes para os
caracteres, mas podemos, antes de definir o ponto de inserção, escolher o alinhamento dos
caracteres na linha, digitando J da opção Justify, ou modificar a fonte do texto digitando S de
Style, para, então, digitar o nome da fonte.
Podemos criar várias linhas cada uma com um padrão de fonte diferente, e essas serão
entendidas como objetos individualizados. Para modificar a cor dessa fonte, selecionamos a
linha e mudamos suas propriedades na guia de Ribbon.

No canto superior da Guia An-


notation, temos os elementos
As fontes de texto à disposição no AutoCAD são as mesmas que realizam a cotagem dos
presentes nos arquivos de edição de textos e planilhas do Word; desenhos; para visualização de
caso o usuário queira utilizar padrões diferentes de fontes, ele todas as possibilidades de co-
pode baixá-los em sites da internet, como o que segue no link de tagem que o programa oferece,
descrição: clicamos na seta ao lado do íco-
<http://www.aditivocad.com/utilidades.php?tipo=utilitarios_para_ ne para cotas lineares, represen-
autocad> tado como ou .
<https://totalcadsuporte.wordpress.com/como-adicionar-novas-fontes/>

UNIDADE IX 231
COMANDO DIML COMANDO DIMALI
Utilizado para cotar elementos na direção
vertical ou horizontal, o comando é aces- O comando é utilizado para construir
sado pelo ícone já exposto ou por meio da cotas de elementos de inclinação dife-
digitação do termo DIML na linha de co- rente da horizontal ou vertical. É aciona-
mando. Ao cotar um elemento utilizando do ao escrever o nome do comando na
esse comando, teremos sempre a medi- linha de comando ou ao clicar sobre o
da na direção vertical ou horizontal. Para ícone acima; funciona de forma similar
tanto, aciona-se o comando, clica-se no ao DIML, mas utiliza como referência
ponto de início da dimensão e depois no a inclinação entre os pontos finais e
ponto final da dimensão, por fim, clicamos iniciais, enquanto o comando anterior
para definir a posição da linha de cota. constrói apenas cotas nas inclinações
ortogonais.

COMANDO DIMANG

É similar ao comando anterior, mas a di-


COMANDO DIMARC ferença, aqui, consiste na apresentação
do ângulo entre dois objetos e não no
Comando utilizado para criar cotas de ar- comprimento do arco. Para acionar o
cos, ele retorna como resposta ao com- comando, basta clicar no ícone exposto
primento do arco, pode ser acionado pela ou digitar DIMANG na linha de coman-
linha de comando a partir da escrita de do; quando o comando for acionado, o
DIMARC ou pela Guia de Annotation no desenhista deve definir primeiro quem
ícone exposto. O comando é realizado é o primeiro objeto, depois quem é o
selecionando o arco que se deseja cotar segundo objeto, e finalizar o comando
e depois definindo a distância que a cota clicando para definir a distância da linha
deve se localizar do objeto. de cota. Para visualizar a diferença entre
os comandos trabalhados até aqui, temos
na Figura 3, exemplos das aplicações dos
comandos de cotas lineares e angulares.

232 Software Autocad


1

513

2
2
389

DIM LINEAR DIM ALIGN

1
3

61º
88,25

DIM ARC DIM ANGULAR


Figura 3 – Exemplos de cotagem linear e angular
Fonte: adaptada de Baldam et al. (2012, p. 192,193 e196).

COMANDO DIMRAD

COMANDO DIMDIA
O comando é representado pelo atalho
exposto acima, e consiste em deixar explí-
Comando em que definimos o diâmetro
cito o tamanho do raio de circunferências.
da circunferência, e ocorre de forma simi-
Para acionar o comando, podemos, além
lar ao anterior. Após acionado, clicamos
de clicar no atalho, digitar DIMRAD na li-
sobre o círculo e depois clicamos para
nha de comando e clicar sobre o círculo;
definir o posicionamento do valor na linha
depois, finalizamos clicando para definir
de cota; o comando pode ser acionado
a posição do valor sobre a linha de cota.
pelo atalho “Diameter” ou ao digitar DIM-
Esse comando também pode ser utilizado
DIA na linha de comando.
para cotagem de arcos e não apenas para
circunferências completas.

UNIDADE IX 233
Esses são os principais comandos para inserir cotas nos desenhos em AutoCAD, mas, para facilitar o
processo de cotagem e evitar que o projetista repita, muitas vezes, um mesmo comando, o programa
propôs alguns comandos que auxiliam e diminuem muito o tempo do processo de cotagem, os co-
mandos são os que seguem:

COMANDO QDIM COMANDO DIMCONTINUE

Serve para realizar cotagem de forma rá- Esse comando é semelhante ao anterior
pida, já que reconhece o tipo de forma e serve para realizar as cotas em série.
e propõe automaticamente a cota mais Para realizar esse comando, basta es-
indicada; o comando é acionado ao es- crever na linha de comando o nome do
crever QDIM na linha de comando. Se- comando DIMCONTINUE ou DCO, então,
gundo Baldam, Costa e Oliveira (2012), o a partir da posição final da última cota, o
comando se processa após o desenhista programa permite a inserção de tantas
selecionar os objetos que serão dimen- cotas quantas forem necessárias, todas
sionados, para acrescentar ou retirar ob- iniciando sempre do ponto final da última
jetos da seleção, o usuário deve digitar R cota inserida, resultando, então, em uma
de Remove ou A de Add. Feito isso, basta cota em série. Para finalizar o comando,
que se defina a posição da linha de cota. basta acionar a tecla Esc.

COMANDO DIMBASE

O comando em pauta realiza o proces-


so de cotagem em paralelo. Para realizar
esse comando, basta escrever na linha de
comando o nome do comando DIMBASE,
Os comandos DIMCONTINUE e DIMBASE devem
então, a partir da posição inicial da última
sempre ser realizado após ter sido inserida pelo
cota, o programa permite a inserção de
menos uma cota linear, já que não constroem
tantas cotas quantas forem necessárias,
por si só dimensionamentos, mas os repetem a
todas iniciando sempre deste ponto na
partir de um ponto referencial.
cota anterior, assim como é feito no pro-
cesso de cotagem em paralelo. Para fina-
lizar o comando, basta acionar a tecla Esc.

234 Software Autocad


COMANDO DIMBREAK

O comando soluciona um problema co-


mum no processo de cotagem de objetos
COMANDO DIMSTYLE
em AutoCAD, pois, ao cotar elementos
internos, como centros de circunferên- O último comando serve para modifi-
cias em placas perfuradas, a linha auxiliar car e criar novos padrões de cotas; ele é
atravessa as arestas da representação, si- amplamente utilizado para ajustar o ta-
tuação que não pode ocorrer. Então, para manho do texto e marcadores de cotas
resolver sem a necessidade de selecionar aos seus desenhos, basta que o usuário
cota por cota e reposicioná-las, o progra- digite o atalho DIMSTYLE ou DIMSTY na
ma permite o usuário escrever na linha de linha de comando para abrir-se a janela
comando DIMBREAK e acionar o comando. apresentada de Dimension Style Manager
Segundo Baldam, Costa e Oliveira (2012), na figura 4.
podemos inserir quebras de cotas em co-
tas lineares, cotas angulares, cotas radiais,
cotas de arcos e linhas de chamada.

Figura 4 – Janela de edição de cota


Fonte: o autor.

UNIDADE IX 235
Conforme Baldam, Costa e Oliveira (2012), os arquivos de cota
criados a partir desse comando seguem o padrão salvo no template
do programa. Esse template possui o nome de ISO-25 e é configu-
rado para medidas em milímetros. Para criar novos estilos de cota,
clica-se no botão New, então surgirá uma janela para definir o nome
do novo padrão de cota a ser criado e a partir de qual template você
deseja construir o novo padrão. Se desejamos editar um estilo de
cota já criado para aproveitar as definições anteriormente salvas,
clicamos em Modify, após a definição do nome do novo padrão, a
janela que se abrirá será a da Figura 5:

Figura 5 – Opções de edição de cota


Fonte: o autor.

236 Software Autocad


Dentre as possíveis opções de edição de cota, temos as seguintes abas:

• LINES: serve para definir cor, espessura lize sempre ao lado da cota de pequenas
e outras configurações para as extensões dimensões, devemos marcar nessa aba a
das linhas auxiliares e de cota. opção Beside the dimension line.
• SYMBOLS AND ARROWS: aba respon- • PRIMARY UNITS: aba responsável pela
sável pela definição do tipo de setas e mar- escolha das precisões das medidas, ou seja,
cadores, marcas de centro; também serve define-se aqui quantas casas decimais ha-
para escolher se o símbolo de representação verá nessa cota, também podemos inserir
arcos aparecerá no centro da cota ou não. prefixos ou sufixos a essa cota.
• TEXT: nessa aba, o desenhista escolhe • ALTERNATE UNITS: aqui, podemos
qual o padrão de texto será utilizado nas definir um segundo padrão para cota-
linhas e linhas de chamada, pode-se definir gem, isto é, utilizado para desenhos onde
a fonte, o tamanho da letra, cor e alinha- temos uma parte em milímetros e outra
mento de texto. em polegadas. Funciona de modo similar
• FIT: aqui, o projetista pode ajustar os ta- ao Primary Units.
manhos de texto com os tamanhos de seta • TOLERANCES: serve para controlar os
e definir para o programa que, conforme elementos que virão seguidos da unidade
a posição da cota se modifique, também primária, é nessa aba que defini-se os limi-
seja modificada a posição do texto, por tes e desvios para medida em peças com
exemplo, para que o valor da cota se loca- tolerância dimensional.

Os elementos que interessam ao projetista devem ser alterados conforme a necessidade do projeto, e o
resultado final pode ser verificado na imagem que aparece no canto superior dessa janela. Ao atingir
o resultado desejado, o desenhista clica em Ok e pode utilizar o padrão criado para cotar todos os
seus desenhos.
Além dessas funcionalidades que facilitam o processo de modelagem e projeto, o programa permite,
ainda, que o desenhista proponha objetos que sempre se repetem em seus projetos, por exemplo, um
engenheiro eletricista utilizará, muitas vezes, os símbolos de elementos de projeto elétrico em seus pro-
jetos, e não precisará desenhá-los se já estiverem desenhados; diferentemente de um arquiteto, que não
utilizará esses símbolos, mas utilizará outros, como o símbolo de nível de piso. Esses símbolos criados
e utilizados com frequência recebem o nome de Blocos e serão o assunto de nosso próximo tópico.

UNIDADE IX 237
Inserção e Criação
de Blocos e Blocos
com Atributos

Conforme explanado por Silveira (2008), o uso


de blocos deixa a execução de um desenho mais
rápida e diminui o tamanho final do arquivo do
AutoCAD, pois, ao criar um bloco, o programa
deixa de entender aquele conjunto de linhas, cur-
vas e circunferências como vários objetos indivi-
dualizados e passa a compreendê-lo como uma
única entidade. Ao inserirmos repetidas vezes um
mesmo bloco, o programa compreenderá que se
trata de cópias de um mesmo objeto, o que ocupa-
rá menos memória e tornará o arquivo mais leve.
Primeiro, precisamos criar um desenho para
utilizá-lo como exemplo. Para exemplificar, cria-
remos os seguintes blocos: lâmpada em projeto
elétrico e marcador de nível de piso em planta e
marcador de nível de piso em corte, assim como
apresentado nas Figuras 6 e 7.

238 Software Autocad


Figura 6 – Desenho de lâmpada para projetos elétricos Figura 7 – Desenho de marcador de nível de piso em
Fonte: o autor. planta e em corte para projetos arquitetônicos
Fonte: o autor.

Agora que temos os objetos desenhados, basta que os transforme-


mos em blocos; isso é feito acessando a aba Block da Guia Ribbon,
mais especificamente o atalho , ou digitando BLOCK na linha
de comando para chamar o comando; após acionado, aparecerá a
seguinte janela:

Figura 8 – Janela de criação de blocos (Block Definition)


Camadas de um projeto
Fonte: o autor.

A primeira opção permite definir um nome para o bloco, feito isso, nado; para escolhê-lo clicamos
deve-se escolher a opção central da janela definida por Objects; no botão Pick point
nela, o usuário seleciona os objetos que serão convertidos a bloco ao e definimos o ponto referencial;
clicar sobre o botão Select Objects ; a opção Convert ao finalizar, teremos dentro da
to Block deve estar marcada. Após a seleção dos objetos, devemos janela a seguinte configuração,
escolher a primeira opção da janela, o Base Point é o ponto a partir utilizamos como exemplo o
do qual o programa irá inserir o bloco toda vez que este for selecio- marcador de piso em planta:

UNIDADE IX 239
COMANDO INSERT

ao digitar INSERT na linha de comando


ou clicar no ícone, surgirá uma janela, em
que o usuário irá procurar pelo bloco que
foi criado ou clicar no botão de Browse
para carregar blocos baixados da internet,
ou provenientes de outras fontes; esse
botão permite procurar arquivos de blo-
cos em seu computador, com extensão
Figura 9 – Janela de criação de blocos – Marcador de nível *.dwg, e utilizá-los em seu projeto.
de piso em planta Para blocos onde elementos de texto são
Fonte: o autor.
inseridos, como é o caso das linhas de
Ao clicar em Ok, transformamos esses objetos em nível de piso, portas e janelas, devemos
um único ente que pode ser adicionado a qual- criar uma caixa de texto dentro do bloco.
Essa técnica especial é chamada criação
quer projeto que construiremos; para inserir esse
de bloco com atributo; ao inserir um atri-
elemento novamente, utilizamos o comando IN-
buto, toda vez que o bloco for inserido,
SERT, ou clicamos no atalho da Guia Block.
definiremos o texto do atributo. Primei-
ramente, inserimos o bloco normal sem
o atributo, depois digitamos o comando
ATT e surgirá a seguinte janela:
Tenha sua dose extra de
conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

Além da possibilidade de criar blocos para o Au-


toCAD, existem muitos blocos de objetos utiliza-
dos em projetos já prontos. Esses blocos podem
ser baixados e instalados no computador do pro-
jetista gratuitamente ou podem ser adquiridos
por pagamento de valor definido, veja alguns
Figura 10 – Janela para criação de atributo
exemplos de blocos gratuitos no link a seguir: Fonte: o autor.
<http://www.cadblocos.arq.br/blocos/>

240 Software Autocad


Como podemos observar, pode-se definir várias que o bloco inserido saia na forma desejada. Po-
condições para o texto a ser inserido junto com o demos editar os blocos que criamos por meio do
bloco, como seu tamanho e rotação, mas a parte im- atalho , representativo do comando BEDIT.
portante do atributo consiste na definição da Tag,
ou seja, a caixa onde aparecerá essa tag não pode
conter espaços entre as letras, por isso costuma-se COMANDO BEDIT
utilizar o símbolo “_” para separar os caracteres.
serve para editar definições anteriores do
No campo Prompt, surge o que deve apare-
bloco já criado, como mudar seu ponto
cer para o usuário digitar. Em resumo, é como
de referência ou tipo de linha e cor de
se criássemos um comando para construção de
alguns de seus objetos; ao acioná-lo, sur-
blocos que variam apenas o texto. Feito isso, cli-
girá para o usuário uma janela em que ele
camos em Ok e definimos no desenho do bloco
seleciona o bloco a ser editado; depois, o
a posição da Tag, podemos inserir quantas tags
programa cria uma área de edição à parte
desejarmos, o resultado final do nosso exemplo é:
do arquivo de desenho, nela, o usuário
edita o bloco, clica em save block, fecha
essa área no canto direito da guia e re-
torna ao seu arquivo original de desenho.

Vale lembrar que o atributo é entendido como Dessa forma, finalizamos os comandos mais
novo objeto, portanto, deve-se criar um novo blo- usuais utilizados em AutoCAD; veremos no pró-
co com o atributo embutido nele; então, ao inserir ximo tópico as técnicas para impressão e diagra-
esse bloco, o programa sempre acionará a Tag para mação de nossos projetos.

UNIDADE IX 241
Impressão:
Diagramação
e Escala Gráfica

Conforme tratado no capítulo anterior, temos, no


AutoCAD, dois espaços de trabalho. O primeiro e
mais comum é o espaço de modelação ou Model
Space, nele são criados os desenhos dos projetos
e é onde construímos nossos desenhos em escala
real (MONTEIRO; MANTOVANI, 2016).
Para realizar uma diagramação no Model Spa-
ce, devemos construir a folha de desenho seguin-
do a mesma escala utilizada em nosso desenho.
Por exemplo, se estamos desenhando uma peça e
a fizemos com medidas em milímetros, construi-
remos nossa prancha nessa área obedecendo essa
mesma unidade de medida, ou seja, uma folha A4,
em milímetros, será representada por um retân-
gulo de 210 x 297. Agora, se a representação do
projeto é de uma edificação e foi feita na escala
de metros, nossa folha A4 deve ser representada
como um retângulo de 21 x 29,7.

242 Software Autocad


O ajuste se dá da seguinte forma: primeiro lateral; depois realizamos os comandos OFFSE-
construímos o retângulo desejado; depois rea- T+TRIM+ERASE, o carimbo pode ser adicionado
lizamos o comando de OFFSET nesse retângulo por meio de BLOCK previamente construído ou
para construir as margens laterais; por fim, para BLOCK com atributos, que permite o preenchi-
obtenção da margem maior, utilizamos os coman- mento dos campos da legenda, processo este que é
dos LINE no vértice inferior esquerdo da página explicado detalhadamente por (RIBEIRO; PERES;
e construímos uma linha maior do que a margem IZIDORO, 2013). Veja a sequência proposta na
Figura 11:

Figura 11 – Desenho de folha no Model Space


Fonte: o autor.

Após a construção da prancha, o desenhista de-


verá ajustar o tamanho da folha por meio do
comando SCALE, considerando sempre que o
objeto desenhado possui as medidas que não
podem sofrer alteração de escala e que a folha
é que terá a escala ajustada. Após o ajuste, deve
utilizar o comando MOVE para movimentar a
folha e alocar a representação dentro desta. En-
tão, imprimimos o projeto digitando PLOT e
selecionando, por meio de uma Window, na Guia
What to Plot, a área a ser impressa, que deve
ser igual a área do retângulo referente à folha
de desenho.
Para acessar o Paper Space, o desenhista deve
clicar na guia no canto inferior esquerdo, que, por
padrão, recebe o nome de Layout. Esse nome
pode ser alterado clicando com o botão direito
do mouse sobre a guia; ao realizar essa ação, surge
a opção Page Setup Manager, e é a partir dela que
selecionamos o tipo de folha que será utilizada
em nosso projeto. Assim como apresentado na Figura 12 – Janela Page Setup Manager
figura a seguir: Fonte: o autor.

UNIDADE IX 243
Na área do Paper Space, também podemos criar Model. Na janela do Page Setup Manager, pode-
desenhos e todos os comandos utilizados no Mo- mos criar uma nova guia de layout ou modificar
del são válidos; entretanto, costuma-se utilizá-la as existentes; de qualquer forma, as opções mais
para configurar os projetos para impressão, pois importantes encontram-se após acionar o botão
podemos definir os tamanhos das páginas e verifi- de modificação. A janela que se abre é a mesma
car os resultados de forma mais efetiva do que no do comando PLOT.

Figura 13 – Janela Page Setup / Plot


Fonte: o autor.

Aqui, diferentemente do que ocorre no Model, Além dessas opções, temos as que estão na
podemos configurar Layout por Layout cada um sequência:
com um tipo diferente de folha, escolher plot- • Printer/Plotter – Guia que permite a es-
ters diferentes e orientações diferentes. É válido colha da impressora ou plotter que o de-
lembrar que a opção What to Plot a ser marcada senho será impresso.
é Layout, e o Paper Size deve seguir sempre o pa- • Paper Size – Utilizado para definição do
drão ISO full bleed. tamanho da folha de desenho.

244 Software Autocad


A Plot Area é uma opção dentro dessa • Plot Offset: define o posicionamento do
janela que permite escolher o que será eixo de coordenadas da área a ser impressa
impresso dentro da área de modelação, em relação à folha. A opção mais impor-
essa área varia conforme o local de onde tante é o Center the Plot que centraliza o
se produzirá a folha de desenho. Dentre as desenho na folha a ser impressa e imprime
possíveis opções, temos: todos os detalhes dentro da área de im-
• Display: imprime todo o conteúdo visí- pressão.
vel do zoom do AutoCAD no momento • Drawing Orientation: escolhe a orien-
de ativação do comando PLOT; é pouco tação do desenho: se em retrato ou pai-
utilizado no espaço da área de Model, já sagem.
que nós desenhamos todas as vistas e os
detalhamentos possíveis em um projeto Definida essas características, basta que rea-
nessa área, mas é comum utilizar para im- lizemos o mesmo processo de construção de
pressões na área de Layout ou Paper Space. prancha, assim como fizemos no Model. O
• Window: permite que o projetista crie que talvez tenhamos que realizar, nesse caso, é
uma janela para a seleção da área a ser o alinhamento com a área do papel no Paper
impressa. Para utilizar esse tipo de impres- Space. Isso é feito selecionando a prancha e a
são, recomenda-se desenhar a prancha ao movendo até um dos vértices da área branca
redor do projeto com a escala definida, do Paper Space. O comando principal do Paper
como é feito no Model Space. Space é o VPORTS.

COMANDO VPORTS

Utilizado para criar uma


janela de comunicação
entre a área de Layout
(Paper) e o espaço de
modelação (Model),
chamamos o comando
ao escrever VPORTS
na linha de comando
e acioná-lo, feito isso
surgirá a janela a seguir

Figura 14 – Janela Page Setup / Plot


Fonte: o autor.

UNIDADE IX 245
Nessa janela, podemos escolher quantas Vie-
wports serão inseridas no Paper, como essas jane-
las se comunicam com o Model; podemos definir
para cada uma delas uma escala diferente de dese-
nho, isso é feito após a inserção da janela, quando
clicamos duas vezes dentro da Viewport, que é o
nome dado a essa janela, e definimos dentro dela
o ZOOM por meio do comando ZOOM SCALE.

Podemos criar, em uma mesma folha, vários Vie-


wports e cada um em sua escala própria, para
que o contorno da janela Viewport não apareça
no processo de impressão; criamos um LAYER
normalmente nomeado como “Viewports” e cli-
camos na opção da lâmpada desligada, para que
o objeto da janela Viewport não apareça.

Após inserida a janela, ela poderá ser editada,


basta clicar fora dela e nos seus vértices para am-
pliar seu tamanho ou dentro dela para definir
uma posição do desenho do Model e uma escala.
Para imprimir o projeto, após a organização das
vistas na prancha, o procedimento é o mesmo que
o de impressão direta do Model, a diferença é que,
nesse caso, a opção da Guia What to plot mudará
automaticamente para Layout, em vez de Window.
A vantagem da impressão no Espaço de Paper
é que podemos desenhar livremente no espaço
Model sem a necessidade de ajustar escala, já que,
ao conjugarmos os espaços, definimos as escalas
em que estes deverão se apresentar (MONTEIRO;
MANTOVANI, 2016).
Atualmente, os projetos resultam em várias
pranchas, e para diminuir os custos, não são im-
pressos em formatos muito grandes, mas são cria-
dos arquivos de acesso facilitado, para leitura por
leigos. Esse será nosso assunto no tópico a seguir.

246 Software Autocad


Impressão: Geração do
Arquivo em Formatos
*.PDF e *.DWG

Os arquivos do AutoCAD podem ser salvos em


vários formatos, dentre os quais os mais comuns
são PDF e DWG. Para salvar um arquivo em
DWG, basta ir até o ícone vermelho no canto
superior da tela e escolher a opção de salvar o
arquivo. O formato DWG é o formato padrão de
salvamento dos arquivos do AutoCAD, este per-
mite a edição por outros usuários que trabalhem
com AutoCAD de mesma versão ou superior e
não se pode acessar esse arquivo se o destinatário
não tiver software de desenho instalado em seu
computador.

UNIDADE IX 247
Nesta unidade, aprendemos que o AutoCAD
propõe comandos para diminuir o tempo de cons-
trução de projetos. Dentre esses comandos estão
A extensão DWG se refere aos arquivos gerados os que incluem texto e cotas, elementos que seriam
no AutoCAD. São arquivos de desenhos de plan- feitos por meio de técnicas geométricas e deman-
tas, mapas, imagens e projetos de arquitetura em dariam muito tempo de desenhistas computacio-
geral, tanto em 2D quanto em 3D. Tal formato nais. A possibilidade de inserir esses elementos
é pertencente a empresa Autodesk, fabricante em vez de criá-los configura-se como uma das
oficial do software AutoCAD. principais vantagens do processo computacional
A sigla PDF vem do inglês e significa Portable de desenho em detrimento ao processo clássico.
Document Format (Formato Portátil de Docu- Outra forma utilizada para viabilizar e agilizar
mento). Idealizado pela empresa Adobe Sys- os processos de desenho computacional é a cria-
tems, é certamente um dos formatos mais po- ção de blocos. Nós aprendemos, neste capítulo,
pulares e utilizados no mundo para arquivos, que os blocos são representações que se repetem
tanto para visualização quanto para impressão. nos projetos com grande frequência, esse é um
Um arquivo transformado em PDF é visualizado comando muito utilizado em projetos de dia-
de maneira idêntica ao seu original, por exem- gramas elétricos. Alguns desses blocos possuem
plo, propiciando assim o benefício de se manter elementos de texto que se modificam conforme
a qualidade do projeto. o projeto ou diagrama, a esses blocos damos o
Fonte: Futura (2016, on-line)1. nome de blocos com atributos, assunto abordado
também nesse capítulo.
Para finalizar, aprendemos sobre os espaços
de criação (Model) e impressão (Paper), vimos
O arquivo em formato PDF é criado por meio que, apesar de serem utilizados mais em deter-
do processo de Impressão, basta que o usuário minada função, eles também aceitam a função do
selecione no Plotter a opção DWG to PDF e tenha outro como secundária, por exemplo, podemos
em seu computador um software de visualização imprimir a partir do Model Space se criarmos
de arquivos em PDF, como o Adobe Acrobat. uma janela sobre a área de modelação e podemos
A opção por esse tipo de impressão é o mais criar folhas de desenho no Paper Space com co-
comum quando deseja-se apresentar os projetos mando utilizados para criação no Model Space.
intermediários a leigos no programa computa- Aprendemos, também, sobre as duas principais
cional de desenho ou quando queremos enviar o formas de arquivos gerados pelo AutoCAD, os
arquivo apenas para consulta, já que o tamanho arquivos DWG editáveis e os arquivos em PDF,
do arquivo PDF é muito menor que arquivos de para consulta por leigos em desenho técnico e
desenho em DWG. computacional.

248 Software Autocad


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Dentre os possíveis elementos para a elaboração de projetos em desenho técnico


estão aqueles que dão suporte à representação, como as hachuras, os textos e
as cotas. Sobre esses elementos, é correto o que se afirma em:
a) O comando DTEXT é utilizado para inserção de texto; nesse comando, uma
caixa de texto é criada e nela define-se cor, tamanho e fonte diferentes para
palavras diferentes.
b) As hachuras são inseridas pelo comando ANOTT, esse comando preenche as
áreas internas definidas pelo cruzamento de objetos, pode-se definir escala,
cor e padrão das hachuras.
c) O comando DIMRAD é utilizado para dimensionar o tamanho do arco de cir-
cunferência, enquanto que o comando DIMANG retorna o ângulo formado
entre dois objetos.
d) Não há comando de dimensionamento que seja capaz de avaliar o tipo de geo-
metria e propor qual a melhor cota para ela, é o usuário que tem que definir.
e) O comando DIML é o comando utilizado para inserir cotas nas direções verticais
e horizontais; para inserir cotas inclinadas, usamos o comando DIMALI.

249
2. O processo de construção e impressão de arquivos em meio digital é um dos
diferenciais dos programas computacionais de desenho. O AutoCAD possui
duas áreas para realização desses processos, são elas: a Model Space e a Paper
Space. Sobre essas áreas e o processo de impressão, julgue se as afirmativas a
seguir são falsas (F) ou verdadeiras (V).
I) O Model space ou área de modelação é a área em que o engenheiro deve
construir seus projetos utilizando os comandos de criação e edição de sólidos,
bem como comandos de texto e dimensionamento.
II) O Paper Space é uma área similar ao Model Space, já que todos os comandos
também são válidos para essa área, mas aqui o usuário configura a impressão
de seus projetos por meio das guias de Layout, definido o tamanho de folha
dentre outras características.
III) O Comando VPORTS é utilizado no Model Space para interligá-lo com o Pa-
per Space; essa janela criada no Model permite que o desenhista imprima
desenhos em escalas específicas dentro do Paper Space.
IV) O AutoCAD só permite a impressão de arquivos em formatos DWG, sendo
que se um leigo quiser verificar o projeto, ele deve, obrigatoriamente, ter o
programa instalado.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Apenas III e IV estão corretas

3. O AutoCAD possui comandos que servem como suporte para que projetistas
e engenheiros finalizem de forma mais rápida seus projetos. Esses comandos
baseiam-se em diminuir as vezes que o usuário precisará repetir os comandos
de criação e edição no processo de desenho. Diga quais são esses comandos.

250
WEB

Muitas vezes, a dificuldade em criar um projeto no AutoCAD reside em pensar


na forma como os comandos irão se comunicar. Isso é alcançado por meio de
prática constante do desenho, mas pode ser facilitado quando buscamos dicas
sobre os comandos e suas interações. O site Qualificad apresenta de forma
simples post sobre as mais variadas situações que podem se apresentar no
processo de construção de um projeto, além de trazer dicas sobre as formas
mais apuradas de construir os desenhos.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

251
BALDAM, R.; COSTA, L.; OLIVEIRA, A. AutoCAD 2013: utilizando totalmente. São Paulo: Érica, 2012.

MONTEIRO, C. V. B.; MANTOVANI, D. Desenho Técnico. Maringá: UniCesumar, 2016.

RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de Desenho Técnico e AutoCAD. São Paulo: Pearson, 2013.

SILVEIRA, S. J. Aprendendo AutoCAD 2008: Simples e Rápido. Florianópolis: Visual Books, 2008.

VENDITTI, M. V. R. Desenho Técnico sem prancheta com AutoCAD 2010. Florianópolis: Visual Books, 2010.

REFERÊNCIA ON-LINE

Em: <https://www.futuraexpress.com.br/blog/dwg-ou-pdf-quando-usar/>. Acesso em: 03 jul. 2018.


1

252
1. E.

2. A.

3. Os comandos que permitem a finalização mais rápida de projetos são os comandos de inserção de hachu-
ras (HATCH), os comandos de inserção de cotas, que são aqueles que se iniciam com DIM (DIML, DIMRAD,
DIMARC, DIMCONTINUE, DIMBASE, QDIM…) e os comandos de inserção de blocos (MBLOCK ou BLOCK e
INSERT).

253
254
255
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa jornada no estudo do desenho


técnico e espero que tenha percebido como essa ciência é multifacetada
e se aplica a todos os campos da tecnologia e, assim como qualquer ramo
da ciência, ela continua a se desenvolver e promover a compreensão de
conceitos tecnológicos.
Nós estudamos, nestes capítulos, várias formas de representar objetos e
ideias sobre processos, peças e construções, todas utilizando as técnicas de
desenho, técnicas essas que podem ou não se valer de instrumentos; vimos
que conhecer e saber interpretar as representações do desenho técnico é
uma valiosa ferramenta em um projeto.
Após tratarmos de técnicas essenciais para os desenhos, como a representa-
ção ortogonal e as representações em perspectivas, bem como nos cuidados
para dimensionar e inserir dados nos projetos; nós nos aprofundamos em
representações específicas de cada área, como: os projetos de roscas, rebites,
parafusos e outros elementos mecânicos, como devem ser desenhados e
quais as normas que regem esse processo. Vimos os dois principais tipos de
desenhos de diagramas elétricos, a saber o unifilar e multifilar. Finalizamos
entendendo como se projeta uma edificação, desde a planta de localização
até sua planta de cobertura. Premiamos nosso estudo, finalizando-o com
a aplicação das técnicas clássicas de desenho em um sistema de desenho
computacional assistido, em que um programa traduziu na forma de co-
mandos essas técnicas, facilitando e agilizando o processo de construção
de representações.
Sendo assim, deixo o conselho de que continuem buscando mais conheci-
mento nessa área e não só nela, mas em outras correlatas para a engenharia.
Tenho certeza que nosso tempo debruçado sobre o estudo de desenho
técnico criou, em você, a consciência de que se trata de uma matéria viva
e imprescindível para o dia a dia de engenheiros e arquitetos.

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